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1 F128 - Exercícios Resolvidos - Cap. 4 Exercício 1 Uma partícula se movimenta sobre um plano. Em um dado referencial, as coordenadas da partícula são dadas por: x = 2, 0t2 + 6, 0t(m) y = 1, 0t+ 3, 0(m) Estude o movimento da partícula, isto é: a) determine sua trajetória; A trajetória de uma partícula é a curva desenhada pela partícula com o passar do tempo. Podemos interpretar as expressões para x (t) e y (t) como sendo as equações paramétricas de uma curva no plano, onde t é o parametro que varia, desenhando a curva (vide Geometria Analítica: Equações Paramétricas). Observe que a trajetória de uma partícula não expressa completamente o comportamento temporal dela, ou seja, se ela avançou ou recuou, parou ou teve velocidade constante. A trajetória é apenas um desenho, o conjunto de pontos pela qual a partícula passa em um intervalo de tempo infinito. Para removermos t das equações, isolamos t na expressão de y (t) e substituímos na expressão para x1: y = t+ 3→ t = y − 3 Logo x = 2t2 + 6t = 2 (y − 3)2 + 6 (y − 3) 2y2 − 6y − x = 0 esta é conhecida como a equação geral de uma parábola no plano xy. Isolando x temos: x (y) = 2y2 − 6y Esta é a equação da trajetória da partícula. Como esboçar uma parábola (extra) Esta parábola tem eixo de simetria paralelo ao eixo x e cruza o eixo y nos pontos: 1Também pode-se fazer o oposto, isolar t na expressão de x e substituir na de y. Porém, neste caso em particular, iríamos obter duas respostas possíveis para t quando iniciamos com x (t) (ao extrair a raiz colocamos ±). Teríamos então que usar os dois valores e escrever duas equações complementares para a trajetória, uma para a parte de cima e outra para a parte de baixo (veja a figura). Isso acontece neste problema porque y (x) não é uma função, já que para um mesmo x temos dois y possíveis. Mas x (y) é uma função. c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 2 x (y′) = 0 2y′2 − 6y′ = (2y′ − 6) y′ = 0 y′1 = 0 ou y′2 = 3 A ordenada do vértice da parábola é a média dessas duas ordenadas: yv = 0 + 3 2 = 3 2 A abscissa do vértice está em: xv = x (3 2 ) = 297 − 9 = − 9 2 E esboçamos a parábola: -4 -2 2 4 6 8 x -1 1 2 3 4 y b) determine as componentes da velocidade em função do tempo; As componentes do vetor velocidade são obtidas através da derivação (em relação ao tempo) das componentes do vetor posição: ~v = vxiˆ+ vy jˆ = d~r dt = dx dt iˆ+ dy dt jˆ Portanto: vx (t) = dx dt = 4t+ 6 c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 3 vy (t) = dy dt = 1 Podemos escrever ainda: ~v (t) = (4t+ 6) iˆ+ jˆ c) determine as componentes da aceleração em função do tempo. Da mesma forma que no item anterior temos: ~a = axiˆ+ ay jˆ = d~v dt = dvx dt iˆ+ dvy dt jˆ Portanto: ax (t) = dvx dt = 4 ay (t) = dvy dt = 0 Ou ainda: ~a (t) = 4ˆi Exercício 2 Um caçador, localizado a uma distância de uma árvore, dispara contra um macaco que se encontra em um galho a uma altura h. No exato instante do disparo, o macaco se solta do galho. Sendo v0 a velocidade inicial da bala, mostre analiticamente que a bala atinge o macaco, e calcule o instante em que isto ocorre. O ângulo em que a bala sai é aquele e que o caçador ajustou, mirando no macaco. Pela figura abaixo temos: c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 4 cos θ = d√ d2 + h2 senθ = h√ d2 + h2 Vamos escrever as equações horárias para as posições horizontal e vertical da bala (trajetória azul) e do macaco: Bala xB (t) = v0 cos θt = v0d√ d2 + h2 t yB (t) = v0senθt− g2 t 2 = v0h√ d2 + h2 t− g2 t 2 Macaco xM (t) = d yM (t) = h− g2 t 2 Calculemos agora o instante tf em que a bala passa pela mesma posição horizontal que o macaco: xB (tf ) = xM (tf ) v0d√ d2 + h2 tf = d tf = √ d2 + h2 v0 E por fim calculemos as posições verticais da bala e do macaco neste instante de tempo: yBf = yB (tf ) = v0h√ d2 + h2 √ d2 + h2 v0 − g2 (√ d2 + h2 v0 )2 = h− g2 (d2 + h2) v20 yMf = yM (tf ) = h− g2 t 2 = h− g2 (d2 + h2) v20 c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 5 Notemos que as duas posições verticais coincidem, ou seja, de fato a bala colide com o macaco no instante de tempo tf = √ d2 + h2 v0 Dessa última expressão notamos que tudo se passa como se a bala tivesse mantido o seu movimento retilíneo. Este é o tempo que a bala levaria para percorrer a hipotenusa da figura na ausência de gravidade. Para um observador que está em queda livre simultaneamente com a bala e o macaco isto é exatamente o que ocorre. A velocidade relativa entre eles permanece a mesma pois a aceleração da gravidade é a mesma para todos os corpos que caem em queda livre na superfície da Terra.2 Exercício 3 Dois carros percorrem estradas retilíneas perpendiculares entre si. O carro (1) (ver figura) tem velocidade uniforme de 72km/h. O carro (2) arranca no instante t = 0 com aceleração constante de 2, 0m/s2. Qual é o movimento (velocidade e trajetória) do carro (2) em relação ao carro (1) ? Convertendo a velocidade do carro (1) para m/s (para uniformizar as unidades): v1 = 72 km h = 72(1000m)(3600s) = 72 1 3, 6m/s v1 = 20m/s Quem está no solo observa o carro (2) efetuar um movimento retilíneo acelerado para a direita. No referencial do carro (1), além da aceleração para a direita, o outro carro possui uma velocidade inicial perpendicular a essa aceleração, movimento análogo ao de um projétil (rodado em 90o). Essa velocidade inicial que o carro (2) possui no referencial do carro (1) aponta para baixo. 2A aceleração da gravidade é como um rio que arrasta todas as coisas com a mesma "velocidade". É como se o próprio espaço se movesse na direção do corpo massivo e o restante das coisas se movessem em relação a esse espaço. c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 6 O carro (1) observa o carro (2) com velocidade dada por: vx21 (t) = at = 2t vy21 (t) = −20m/s Ou seja, ~v21 (t) = 2tˆi− 20jˆ e este vetor tem módulo v21 (t) = √ 400 + 4t2. Para facilitar ao escrever as posições do carro (2) em relação ao carro (1) vamos adotar como origem do referencial do carro (1) a posição inicial do carro (2) neste referencial. Para obtermos a trajetória do carro (2) em relação ao carro (1) podemos partir da velocidade relativa e da posição inicial do carro (2). No referencial adotado a posição inicial do carro (2) é (0, 0). A posição relativa é dada por: x21 (t) = a 2 t 2 = t2 y21 (t) = −20t Separando t na segunda equação e usando na primeira obtemos: x21 (t) = ( y21 20 )2 Esta é a equação de uma parábola deitada. Na verdade estamos interessados em apenas um dos ramos da parábola para os quais t > 0, conforme a figura abaixo: Esta é a trajetória do carro (2) conforme vista a partir do carro (1). c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 7 Exercício 4 A posição de uma partícula em função do tempo é dada por: ~r = 4sen(ωt)ˆi + 4cos(ωt)jˆ onde r está em metros e t em segundos. a) descubra a trajetória desta partícula; Para encontrarmos a trajetória da partícula precisamos escrever uma equação que relacione as posições x e y sem dependência temporal. Os movimentos vertical e horizontal são: x (t) = 4sen (ωt) y (t) = 4 cos (ωt) Tomando o quadrado destas equações e somando-as obtemos: x2 + y2 = 42 que é a equação de uma círcunferência de raio 4 e centro na origem. b) calcule o vetor velocidade da partícula; O velor velocidade é a variação temporaldo vetor posição: ~v (t) = d~r (t)dt = dx (t) dt iˆ+ dy (t) dt jˆ Derivando-se cada componente temos: vx (t) = d dt (4sen (ωt)) = 4ω cos (ωt) vy (t) = d dt (4 cos (ωt)) = −4ωsen (ωt) O vetor velocidade fica: ~v (t) = 4ω cos (ωt) iˆ− 4ωsen (ωt) jˆ c) calcule o vetor aceleração; Calculando-se a variação temporal da velocidade temos: ~a (t) = d~v (t)dt = dvx (t) dt iˆ+ dvy (t) dt jˆ ax (t) = d dt (4ω cos (ωt)) = −4ω 2sen (ωt) ay (t) = d dt (−4ωsen (ωt)) = −4ω 2 cos (ωt) c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 8 O vetor aceleração fica: ~a (t) = −4ω2sen (ωt) iˆ− 4ω2 cos (ωt) jˆ d) mostre que a direção da aceleração é radial e determine seu módulo. Um vetor é radial quando é paralelo a uma direção que passe pelo centro do movimento, ou seja, quando é paralelo ao vetor ~r (t). Para mostrarmos isso calculamos o ângulo entre eles através do produto escalar: cos θ = ~a · ~r|~a| |~r| Temos que |~a| = √ 16ω4sen2 (ωt) + 16ω4 cos2 (ωt) = 4ω2 e |~r| = 4, portanto: cos θ = ( −4ω2sen (ωt) iˆ− 4ω2 cos (ωt) jˆ ) · ( 4sen (ωt) iˆ+ 4 cos (ωt) jˆ ) 4ω24 = −16ω 2sen2 (ωt)− 16ω2 cos2 (ωt) 16ω2 = −1 Isso mostra que os vetores formam um ângulo de 180o, ou seja, são de fato paralelos. Note ainda que ~a aponta no sentido contrário de ~r em cada dado instante de tempo. e) mostre que os vetores ~v e ~a são perpendiculares. Se ~a e ~v são perpendiculares para cada instante de tempo t o ângulo entre eles deve ser sempre θ = 90o ou θ = 270o. Verifiquemos. O módulo de ~v é |~v (t)| = √ 16ω2 cos2 (ωt) + 16ω2sen2 (ωt) = 4ω Assim: cos θ = ~a · ~v|~a| |~v| = ( −4ω2sen (ωt) iˆ− 4ω2 cos (ωt) jˆ ) · ( 4ω cos (ωt) iˆ− 4ωsen (ωt) jˆ ) 4ω24ω = −16ω 3sen (ωt) cos (ωt) + 16ω3 cos (ωt) sen (ωt) 16ω3 = 0 Que implica em θ = 90o ou θ = 270o. c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 9 Exercício 5 No instante t= 0, e de um ponto de altura y0 = 5, 0m, lança-se horizontalmente uma pedra com velocidade de módulo v0 = 10m/s. Adote g ∼= 10m/s2 e a) escreva a equação da trajetória da pedra, tomando como origem o ponto do solo (horizontal) na vertical do ponto de lançamento; Podemos representar o instante de lançamento através da figura: Não há forças na horizontal, logo ax = 0m/s2 e vx = 10m/s é constante. Temos portanto: x (t) = 10t Na vertical temos a gravidade g = −10m/s2, assim: y (t) = y0 + g 2 t 2 = 5− 5t2 Isolando t na equação para x obtemos t = x10 , assim: y = 5− 5 ( x 10 )2 y (x) = 5− x 2 20 E esta é a equação da trajetória da pedra, uma parábola como seria de se esperar para o movimento de um projétil. b) ache o instante tf em que a pedra atinge o solo e a posição do ponto de impacto; A pedra atinge o solo quando y (tf ) = 0, assim: 5− 5t2f = 0→ tf = 1s a solução tf = −1s não pode ser usada, pois se refere a um tempo anterior ao lançamento da pedra. A posição do ponto de impacto é dada por: xf = x (tf ) = 10tf = 10m c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 10 c) represente os vetores velocidade no instante inicial e no instante tf (impacto com o solo). Qual é a expressão, em função do tempo t (0 ≤ t ≤ tf ) do módulo da velocidade da pedra? No instante inicial a velocidade da pedra é puramente horizontal ~v0 = 10ˆi+ 0jˆ Em qualquer instante de tempo o vetor velocidade é dado por3: ~v (t) = v0iˆ− gtjˆ ~v (t) = 10ˆi− 10tjˆ Ao atingir o solo a pedra tem velocidade: ~vf = 10ˆi− 10jˆ O módulo da velocidade em qualquer instante de tempo é dado por: |~v (t)| = √ ~v (t) · ~v (t) = √ v0 + (gt)2 = √ 100 + 100t2 |~v (t)| = 10 √ 1 + t2 d) determine, em função do tempo, as expressões dos módulos da componente normal e tan- gencial da aceleração da pedra. O exercício pede as componentes normal e tangencial da aceleração em relação à trajetória. Primeiro notemos que o vetor velocidade é sempre tangencial à trajetória em qualquer ponto, em qualquer caso físico. Basta então calcular as componentes normal e tangencial da aceleração em relação ao vetor velocidade. Toda a aceleração que a pedra recebe é devida à gravidade ~g. Podemos decompor esta acelera- ção em uma componente tangencial à trajetória (responsável por alterar o módulo da velocidade) e uma componente perpendicular à trajetória (que altera a direção do vetor velocidade). Componente tangencial da aceleração Podemos calcular a componente tangencial da aceleração de duas formas: • Lembrando que ela é a variação temporal do módulo de ~v: aT (t) = d |~v (t)| dt = 10× 1 2 × 1√ 1 + t2 × 2t = 10t√ 1 + t2 3Note que ~v (t) = ~v0 + ~gt, onde ~g = −10jˆ de acordo com a nossa escolha de eixos. c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 11 • Fazendo a projeção do vetor gravidade na direção definida pelo vetor velocidade: Para isso calculamos o versor4 da direção de ~v (t) e a seguir fazemos o produto escalar: aT (t) = ~g · ~v (t)|~v (t)| = ( 0ˆi− 10jˆ ) · ( 10ˆi− 10tjˆ ) 10 √ 1 + t2 = 10t√ 1 + t2 Componente normal da aceleração A união das duas componentes (normal e tangencial, que são perpendiculares) deve resultar na aceleração da gravidade: Como ~aN ⊥ ~aT então ~aN · ~aT = 0. Como ~g = ~aN + ~aT , temos: |~g| = √ ~g · ~g = √ (~aN + ~aT ) · (~aN + ~aT ) = √ ~aN · ~aN + 2~aN · ~aT + ~aT · ~aT |~g (t)| = √ |~aN (t)|2 + |~aT (t)|2 Portanto, separando o módulo da componente normal: |~aN (t)| = √ |~g (t)|2 − |~aT (t)|2 = √ 100− 100t 2 1 + t2 = 10√ 1 + t2 Podemos verificar que em t = 0s temos: |~aT (0)| = 0 |~aN (0)| = 10m/s2 = g como seria de se esperar. 4vetor de tamanho 1. Pega-se o vetor e divide-se cada componente dele pelo seu módulo. c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 12 Exercício 6 Na rua, um esguicho de bombeiro dista 20m de um edifício em chamas. A velocidade da água, ao sair do esguicho é 20m/s. Qual é a altura máxima que a água pode atingir no edifício? Tome g ∼= 10m/s2. Vamos colocar a origem dos eixos sobre o esguicho dos bombeiros. Esquematicamente temos: O único parâmetro livre que os bombeiros podem ajustar é o ângulo θ em que o esquicho sejá posicionado. Nosso objetivo é ajustar este ângulo para que o ponto da parábola com abscissa x = 20m esteja na altura máxima (ou seja, a função y (x, θ) é tal que y (x = 20m, θMa´x) é máximo). O movimento de cada gota de água expelida é dado por: x (t) = v0 cos (θ) t = 20 cos (θ) t y (t) = v0sen (θ) t− g2 t 2 = 20sen (θ) t− 5t2 Para obtermos uma equação para a trajetória (que relacione x com y) isolamos t na primeira equação: t = x v0 cos (θ) E substituimo na segunda: y (x, θ) = tan (θ)x− g2v20 cos2 (θ) x2 Aqui escrevemos y (x, θ) para frisar que para um dado x o valor de y também depende de θ, conforme representado pelas trajetórias abaixo: 0 5 10 15 20 5 10 15 20 25 c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com 13 Ao atingir a parede do edifício a gota tem abscissa xf = 20m. Nesta abscissa a altura da gota é dada por: y (xf ) = tan (θ)xf − g2v20 cos2 (θ) x2f c©2015 Resolvido por Douglas D. Souza. Para aulas particulares na UNICAMP: delgadosouza@gmail.com
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