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DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIROS – 436/438 1. Conceito: - Hipótese legal de exceção ao princípio da relatividade dos efeitos de um contrato (não se pode participar terceiros, regra, os efeitos são interpartes); - No direito brasileiro, a estipulação em favor de terceiro somente teve lugar com o advento do Código Civil de 1916 (art.s 1.098 ao 1.100); - Tem-se, pois, um contrato formado por duas pessoas, sendo que uma delas se obriga a entregar uma vantagem ou proveito a uma terceira pessoas, a qual é completamente estranha à relação, não participando ou concordando na convenção; - Num contrato, faz-se um ajuste, uma promessa, ou inclui-se uma cláusula, onde se obriga a praticar um ato em favor de outra pessoa, a qual não está incluída no vínculo; - uma pessoa convenciona com outra que concederá uma vantagem ou benefício em favor de terceiro, que não é parte no contrato; - ocorre quando, no contrato celebrado entre duas pessoas, denominadas estipulante e promitente, convenciona-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceira pessoa, alheia à formação do vínculo contratual; - Exemplo: O contrato de seguro de vida, que já existia muito antes da edição do Código Civil atual, é um exemplo clássico de estipulação em favor de terceiro. O segurado estipula com a seguradora uma prestação que deve ser entregue a terceiro em caso de sua morte. O segurado figura como estipulante, a seguradora como promitente e o terceiro como beneficiário, podendo exigir o cumprimento do contrato. 2. Partes: a) estipulante ou promissário: é aquele que contrata com outra pessoa que prestará uma obrigação (benefício) em favor de um terceiro. Registre-se que o estipulante não é representante do beneficiário, mas age em nome próprio; b) promitente: é o contratante que se obriga à prestação, perante o promissário, em favor do terceiro; c) beneficiário – estranho à convenção, é o terceiro a quem o contrato favorece, ou a cujo favor a obrigação será prestada; - a capacidade só é exigida dos dois primeiros (a e b), pois qualquer um pode se beneficiar da estipulação. 3. Características: i) o beneficiário torna-se credor do promitente; ii) no momento da formação, e, por conseguinte, à criação de vantagens em seu proveito, não é necessário o consentimento do terceiro beneficiário; iii) o terceiro tem a faculdade de recusar a estipulação em seu favor, expressa e tacitamente; iv) validade x eficácia; v) vantagem patrimonial gratuita ao terceiro; vi) O beneficiário pode ser pessoa determinada ou determinável (não conhecida no momento do aperfeiçoamento do contrato, mas tornando-se certa após). Ex: seguro contra acidentes em favor de terceiros; 4. Natureza jurídica da estipulação em favor de terceiro: 4.1 Teoria da oferta: - a estipulação não passaria de mera proposta ou oferta, dependente de aceitação do terceiro beneficiário, ou seja, o contrato só surge com a anuência deste. Porém, o promitente não é mero proponente, mas verdadeiramente obrigado; 4.2 Gestão de negócios: - é espécie de ato unilateral pelo qual alguém, sem autorização do interessado, intervém na administração de negócio alheio, sem mandato, no interesse deste; - crítica: o estipulante e o promitente agem em seu próprio nome, e não em nome alheio; 4.3 Declaração unilateral da vontade: - a obrigatoriedade decorre da circunstância da vontade unilateral do promitente ser suficiente para vinculá-lo; - crítica: promessa unilateral é indeterminada e anônima, ao passo que a estipulação em favor de terceiro é contraída em benefício de pessoa certa e determinada. Além disso, requer esta o concurso de duas vontades para ter nascimento, sendo, portanto, ato tipicamente convencional. 4.4 Contrato: - Teoria mais aceita; - contrato sui generis pelo fato de a prestação não ser realizada em favor do próprio estipulante, como se dá normalmente, mas em benefício de outrem, que não participa da avença; - a existência e validade do contrato não dependem da vontade do beneficiário, mas somente a sua eficácia, que fica subordinada à sua aceitação. - Aceita expressamente pelo Código Civil nos arts. 436 a 438, valendo-se da expressão “contrato”. - Ex: Seguro, uma vez que o segurado (estipulante) convenciona com o segurador (promitente) pagar ao beneficiário (terceiro) o valor ajustado, em caso de sinistro. ex: separação judicial consensual, em que há promessa de transferência de bens para o nome do filho; DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO – 439/440 1. Art. 439 e 440: - Contrato por outrem; - Na promessa de fato de terceiro, a pessoa se obriga a conseguir que terceira pessoa preste uma obrigação, respondendo por perdas e danos se não conseguir o cumprimento; - Um contratante obriga-se perante outro a tornar um terceiro devedor da prestação inerente ao contrato; - O único vinculado é o que promete, assumindo obrigação de fazer que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos; isto porque ninguém pode vincular terceiro a uma obrigação; - Quanto ao terceiro, não fica preso ao vínculo; - Assemelha-se ao fiador;
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