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Cultivo do Sorgo

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Cultivo do Sorgo 
 
 
Importância econômica 
Introdução 
 
A moderna planta de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) ( Taxonomia ) é um 
produto da intervenção do homem, que domesticou a espécie e, ao longo de 
gerações, vem transformando-a para satisfazer as necessidades humanas. Sorgo é 
uma extraordinária fábrica de energia, de enorme utilidade em regiões muito 
quentes e muito secas, onde o homem não consegue boas produtividades de grãos 
Apresentação 
A cultura do sorgo, no Brasil, apresentou avanço significativo a partir da década de 
70. Nesses poucos mais de 30 anos, a área cultivada tem mostrado flutuações, em 
decorrência da política econômica, tendo a comercialização como principal fator 
limitante. Atualmente, a cultura tem apresentado grande expansão (20% ao ano, a 
partir de 1995), principalmente, em plantios de sucessão a culturas de verão, com 
destaque para o Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e região do 
Triângulo Mineiro, onde se concentram aproximadamente 85% do sorgo granífero 
plantado no país. Existe a expectativa de plantio de 850.000 ha, para a atual safra, 
com base na estimativa de sementes comercializadas e em vias de comercialização. 
Essa área poderá ser responsável pela produção de 1.700.000 t de grãos. Projeções 
feitas sobre o potencial de expansão da cultura indicam aumento de até seis vezes 
da área plantada, ainda nesta década, sem risco de excesso de oferta. 
Para o Brasil, é estrategicamente importante ter uma área ocupada com sorgo, 
para a garantia do abastecimento de grãos. A produção brasileira de grãos depende 
quase que exclusivamente da precipitação pluviométrica. Em anos com a ocorrência 
de condições desfavoráveis, normalmente há déficit na produção de grãos e o 
sorgo, sendo uma cultura de vocação para cultivo em condições adversas de clima 
e solo, poderia reduzir o impacto desse fator no abastecimento de grãos. O 
investimento na promoção da produção e utilização do sorgo no Brasil se justifica 
dentro da política estabelecida pelo governo, que seria o aumento da eficiência, 
qualidade e competitividade dos produtores, e pelo conceito mundialmente aceito 
de agricultura sustentada. O sorgo pode substituir parcialmente o milho nas rações 
para aves e suínos e totalmente, para ruminantes, com uma vantagem comparativa 
de menor custo de produção e valor de comercialização de 80% do preço do milho. 
Além disso, a cultura tem mostrado bom desempenho como alternativa para uso no 
sistema de integração lavoura/pecuária e para produção de massa, proporcionando 
maior proteção do solo contra a erosão, maior quantidade de matéria orgânica 
disponível e melhor capacidade de retenção de água no solo, além de propiciar 
condições para uso no plantio direto. 
 
As contribuições dos setores público e privado, no oferecimento de cultivares 
adaptadas às condições de plantio e de alto potencial de produção têm possibilitado 
incrementos significativos na produtividade média nacional, com reflexos no 
aumento da oferta de grãos, na competitividade e na geração de renda. 
Procurando atender à demanda por informações sobre essa cultura, elaborou-se 
este Sistema de Produção, que abrange os aspectos relevantes do seu manejo, de 
modo a propiciar ao usuário condições para familiarização com os seus 
fundamentos e para o planejamento e tomada de decisões no negócio do sorgo. 
Este Sistema de Produção renova-se periodicamente, tendo em vista a demanda 
dos produtores por informações atualizadas e o compromisso por um trabalho 
sistematicamente aliado à tecnologia. 
ou de forragem cultivando outras espécies, como o milho. A origem do sorgo está 
provavelmente na África, embora algumas evidências indiquem que possa ter 
havido duas regiões de dispersão independentes: África e Índia. A domesticação 
do sorgo, segundo registros arqueológicos, deve ter acontecido por volta de 3000 
AC, ao tempo em que a prática da domesticação e cultivo de outros cereais era 
introduzida no Egito Antigo à partir da Etiópia. Quando e como o sorgo se 
dispersou para fora da África é matéria de grande controvérsia. O Sorgo Durra, 
nome de um dos tipos raciais da espécie, é encontrado extensivamente desde a 
Etiópia, passando pelo Vale do Nilo até o Oriente Próximo, atingindo a Índia e a 
Tailândia. Os Durras provavelmente foram introduzidos no mundo árabe por volta 
de 1000 a 800 AC. As rotas comerciais terrestres ou marítimas da antiguidade que 
levavam ao Extremo Oriente (China, Coreia, Japão) certamente foram usadas para 
introduzir o sorgo na Índia. Registros indicam que seu cultivo na Índia (que hoje é 
a mais extensa área de cultivo de sorgo no mundo) ( Estatísticas Mundiais ) 
remonta o século I DC. O sorgo chegou ao Oriente Próximo um pouco mais tarde e 
ao mesmo tempo atingiu a Europa através da Itália, provavelmente com sementes 
trazidas da Índia por volta de 60 a 70 anos DC. Partindo, também da Índia, o 
sorgo chegou à China no século III DC. Antes disso ocorrer, no entanto, sorgos do 
tipo Durra já eram observados na Coreia a nas Províncias Chinesas adjacentes, 
provavelmente introduzidos através das chamadas "rotas da seda" que partiam da 
Ásia Menor em direção ao Extremo Oriente. Sorgo não é nativo do hemisfério 
ocidental e nas Américas é de introdução bem mais recente. As primeiras 
introduções ocorreram no Caribe, trazidas por escravos africanos, e desta região o 
sorgo atingiu o Sudoeste dos Estados Unidos por volta da metade do século XIX. 
Nos Estados Unidos, atualmente o maior produtor mundial de grãos de sorgo ( 
Estatísticas ), a primeira lavoura de sorgo plantada de que se tem notícia, data de 
1853, por William R. Prince de Nova Iorque. Quatro anos mais tarde, em 1857, o 
Departamento de Agricultura lançou o que pode ter sido a primeira cultivar 
comercial "moderna" de sorgo do mundo, fruto, já, da manipulação genética 
promovida pelo homem. À partir daí numerosos materiais genéticos foram 
introduzidos nos EUA pelo Departamento de Agricultura e outras agências, 
provenientes de diversas partes do mundo. Os Durras chegaram à Califórnia 
vindos do Egito em 1874. O tipo Shallu, da Índia em 1890; os Kafirs, da África do 
Sul em 1904 e alguns anos mais tarde os Milo, os Feterita e os Hegari, do Sudão. 
Na primeira década do século XX, sorgo foi extensivamente cultivado nos EUA para 
produção de xarope ou melaço. As cultivares eram de porte muito alto e tardias, 
com alguma semelhança fenotípica com os atuais sorgos forrageiros para silagem. 
O porte avantajado dessas cultivares não permitia sua utilização como plantas 
graníferas porque a colheita, mesmo que fosse por processo manual, era muito 
difícil. Além disso, o ciclo extremamente longo, limitava seu cultivo às regiões no 
sul do país mais próximas da linha do equador. Os primeiros colonizadores das 
Grandes Planícies do Oeste Americano, então, selecionaram plantas dos tipos Milo 
e Kafir mais adaptadas à agricultura que se modernizava e que eram muito mais 
tolerantes ao clima seco da região do que o milho. Com o advento da mecanização 
na segunda década do século XX, novas seleções foram sendo feitas a partir dos 
materiais originais, que acrescentaram mais valores às cultivares como 
precocidade e porte cada vez mais baixos. Mas foi a partir da década de 40, com o 
surgimento dos chamados "combine types" ou sorgos graníferos como conhecemos 
hoje, é que a cultura tomou um significativo incremento em várias regiões do 
Oeste dos EUA. Maiores progressos, no entanto estavam por vir, graças aos 
trabalhos de um grupo de cientistas como J.R.Quinby e J.C. Stephens, que 
viabilizaram os híbridos por volta do início dos anos 60. O sorgo híbrido tornou-se 
um incontestável sucesso nos EUA e a nova tecnologiarompeu suas fronteiras, 
tornando-se rapidamente uma cultura muito popular em diversos países como: 
Argentina; México; Austrália; China; Colómbia; Venezuela; Nigéria; Sudão; 
Etiópia. No Brasil, onde o sorgo foi mais recentemente introduzido, seu cultivo está 
se popularizando também e já somos um dos 10 maiores produtores mundiais ( 
Estatísticas ). Em todo o mundo a combinação de potencial genético e o uso de 
práticas de cultivo como fertilização adequada; controle de doenças, insetos e 
plantas daninhas; manejo da água de irrigação; zoneamento agroclimático e altas 
populações de plantas, tem propiciado altos rendimentos de grãos e forragem em 
regiões e condições ambientais desfavoráveis para a maioria dos cereais. 
 
Importância Econômica 
 
Sorgo é cultivado em áreas e situações ambientais muito secas e/ou muito 
quentes, onde a produtividade de outros cereais é anti econômica. Embora de 
orígem tropical, o sorgo vem sendo cultivado em latitudes de até 45 º norte ou 45 
º sul, e isso só foi possível graças aos trabalhos dos melhoristas de plantas, que 
desenvolveram cultivares com adaptação fora da zona tropical. Sorgo é cultivado 
principalmente onde a precipitação anual se situa entre 375 e 625 mm ou onde 
esteja disponível irrigação suplementar. Sorgo é, entre as espécies alimentares, 
uma das mais versáteis e mais eficientes, tanto do ponto de vista fotossintético, 
como em velocidade de maturação. Sua reconhecida versatilidade se estende 
desde o uso de seus grãos como alimento humano e animal; como matéria prima 
para produção de alcool anidro, bebidas alcoólicas, colas e tintas; o uso de suas 
panículas para produção de vassouras; extração de acúcar de seus colmos; até às 
inúmeras aplicações de sua forragem na nutrição de ruminantes. 
Agronomicamente os sorgos são classificados em 4 grupos: granífero; forrageiro 
para silagem e/ou sacarino; forrageiro para pastejo/corte verde/fenação/cobertura 
morta; vassoura. O primeiro grupo inclui tipos de porte baixo (híbridos e 
variedades) adaptados à colheita mecânica. O segundo grupo inclui tipos de porte 
alto (híbridos e variedades) apropriados para confecção de silagem e/ou produção 
de açúcar e álcool. O terceiro grupo inclui tipos utilizados principalmente para 
pastejo, corte verde, fenação e cobertura morta (variedades de capim sudão ou 
híbridos inter específicos de Sorghum bicolor x Sorghum sudanense) ( Taxonomia 
). O quarto grupo inclui tipos de cujas panículas são confeccionadas vassouras. 
Dos quatro grupos, o sorgo granífero é o que tem maior expressão econômica e 
está entre os cinco cereais mais cultivados em todo o mundo, ficando atrás do 
arroz, trigo, milho e cevada. A produção mundial de grãos de sorgo foi estimada 
em cerca de 58,9 milhões de toneladas métricas em julho de 2002 ( Estatísticas ). 
A área total cultivada com sorgo granífero é de cerca de 37 milhóes de ha, e deste 
total Asia e Africa participam com 82%. No entanto, a maior produção e 
produtividade estão na América do Norte. Estados Unidos e México juntos 
produzem 34% da produção mundial. Entre os maiores produtores de grãos de 
sorgo do mundo, a Índia detém a maior área plantada, com cerca de 11 milhões 
de ha. Mas os Estados Unidos lideram a produção mundial, com quase 14 milhões 
de t numa área de pouco mais de 3 milhões de ha. India, Nigéria, México, Sudão, 
China, Argentina, Austrália, Etiopia, Burkina, pela ordem , completam o grupo dos 
dez maiores produtores mundiais de grãos de sorgo. Na América do Sul, Argentina 
é o maior produtor, seguido pelo Brasil, que está muito próximo de fazer parte do 
grupo dos dez. A produção brasileira está crescendo rapidamente e poderá, ainda 
nesta década, se igualar ou superar a posição da Argentina no Continente. Em 
termos globais, sorgo é a base alimentar de mais de 500 milhões de pessoas em 
mais de 30 países. Somente arroz, trigo, milho e batata o superam em termos de 
quantidade de alimento consumido. Entretanto, a cultura de sorgo produz muito 
menos do que seu potencial oferece. O século XX foi o século do trigo, do arroz e 
do milho. O século XXI poderá ser o século do sorgo. 
 
Sorgo no Brasil 
 
O sorgo deve ter chegado ao Brasil da mesma forma como chegou na América do 
Norte e Central: através dos escravos africanos. Nomes como "Milho d' Angola" ou 
"Milho da Guiné", encontrados na literatura e até hoje no vocabulário do 
nordestino do sertão, sinalizam que possivelmente as primeiras sementes de sorgo 
trazidas ao Brasil entraram pelo Nordeste, no período de intenso tráfico de 
escravos para trabalhar na atividade açucareira. Mais recentemente, à partir da 
segunda década do século XX até fins dos anos 60, a cultura é reintroduzida de 
forma ordenada no país através dos institutos de pesquisa públicos e 
universidades. Deste período vamos encontrar registros de pesquisas com sorgo 
no Instituo Agronômico de Campinas, no Instituo Pernambucano de Pesquisas 
Agropecuárias, de Pernambuco, e no Instituto de Pesquisas Agropecuárias, do Rio 
Grande do Sul e em algumas Escolas de Agronomia, como a Esalq de Piracicaba, a 
Escola Superior de Agricultura de Lavras, a Escola Superior de Agronomia de 
Viçosa, a Escola de Agronomia de Pernambuco e outras. Coleções foram 
introduzidas da África e dos Estados Unidos e deram origem a cultivares 
forrageiras comerciais cujos nomes até hoje são lembrados pelos produtores, 
como as variedades Santa Eliza, Lavrense, Atlas e Sart. O sistema de produção e 
distribuição de sementes melhoradas, no entanto, só viria a se desenvolver mais 
tarde, entre fins dos anos 60 e começo dos 70. Foi quando o setor privado entrou 
no agronegócio do sorgo. E foi nesse momento que os híbridos de sorgo granífero 
de porte baixo recém lançados na Argentina (aqui chamados de "sorgo anão") 
chegaram ao Brasil através da fronteira gaúcha com os paises platinos. Neste 
período o Rio Grande do Sul tornou-se o maior produtor de grãos de sorgo do país. 
Somente o município de Bagé, na fronteira com o Uruguai, chegou a plantar entre 
20 e 25 mil hectares de sorgo. E do Rio Grande do Sul, os "modernos" híbridos 
desenvolvidos pelo trabalho dos melhoristas americanos e adaptados às condições 
da Pampa Argentina, chegaram a São Paulo. De São Paulo a cultura se expandiu 
para os estados centrais e durante os últimos 25 anos, o sorgo alternou 
crescimento e declínio de área plantada. Mas nos últimos 5 anos a cultura de sorgo 
granífero parece ter encontrado seu nicho de mercado, e com o esforço da 
pesquisa e das empresas sementeiras consolidou sua posição de cultura 
alternativa ao milho no sistema de sucessão de culturas. O Rio Grande do Sul 
continua sendo um estado produtor e consumidor de grãos de sorgo, mas não 
detém mais a liderança que tinha até os anos 70. O Centro Oeste é atualmente a 
área sorguera mais importante do país. 
 
A expansão do sorgo nos anos 90 
 
A área cultivada com sorgo deu um salto extraordinário à partir do inicio dos anos 
90. O Centro Oeste é a principal região de cultivo de sorgo granífero, enquanto o 
Rio Grande do Sul e Minas Gerais lideram a área de sorgos forrageiros. O sorgo 
granífero é cultivado basicamente sob 3 sistemas de produção no Brasil: no Rio 
Grande do Sul planta-se sorgo na primavera e colhe-se no outono. No Brasil 
Central a semeadura é feita em sucessão às culturas de verão, principalmente a 
soja. E no Nordeste a cultura é plantado na estação das chuvas ou de "inverno". 
Mais recentemente tem sido observado o plantio de sorgo sob irrigação 
suplementar, tanto no Nordeste como no Centro Oeste. No segmento de sorgo 
forrageiro o sistema é de cultivo exclusivo de verão- outono e a maior área 
plantada ainda é para confecçãode silagem. Mas nos últimos 3 anos cresceu 
significativamente a área de sorgos para pastejo e/ou corte verde, que também se 
prestam para formação de palha para plantio direto. Esses modernos cultivares 
tem se adaptado muito bem a sistemas integrados de agricultura e pecuária. O 
maior uso de grãos de sorgo no Brasil está na avicultura e suinocultura. Bovinos, 
eqüinos e pequenos animais são também consumidores mas em menor proporção. 
Praticamente não há consumo de sorgo em alimentação humana. A silagem de 
sorgo e o pastejo são igualmente utilizados para rebanhos de corte e de leite. A 
agroindústria de carnes está cada vez mais interessada em aumentar o consumo 
de sorgo em dietas de monogástricos. Estima-se que a produção de grãos de 
sorgo poderá se elevar até 4-5 milhões de t nesta década sem risco de excesso de 
oferta, uma vez que o balanço demanda/oferta de milho está ajustado, e mais 
recentemente o país recomeçou a exportar este cereal com bons resultados 
financeiros para produtores e exportadores (link estatísticas /consumo). O sorgo 
passa a assumir cada vez mais um papel estratégico para a consolidação de uma 
política de exportação de milho, quer sob a forma direta ou agregada em carnes 
de aves e suínos. 
 
Clima 
Época de plantio 
 
Embora a época de plantio tenha relativamente pouco efeito no custo de 
produção, seguramente afeta o rendimento e o lucro do agricultor. A tomada de 
decisão quanto à época de plantio deve-se embasar nos fatores de riscos e nos 
objetivos propostos pelo agricultor, que tendem a ser minimizados quanto mais 
eficiente for o planejamento das atividades relacionadas à produção. 
A produtividade do sorgo é função de vários fatores integrados (interceptação de 
radiação pelo dossel, eficiência metabólica, eficiência de translocação de 
fotossintatos para os grãos, capacidade de dreno, entre outros). As relações de 
fonte e dreno são funções de condições ambientais e genéticas, e as plantas 
procuram se adaptar a essas condições. As respostas diferenciadas dos genótipos 
à variabilidade ambiental, ou seja, à interação genótipo x ambiente, significa que 
os efeitos genotípicos e ambientais não são independentes. Daí a importância de 
conhecer a época de plantio analisando todo o ciclo da cultura, procurando prever 
as condições ambientais em todas as suas fases fenológicas. A grande dificuldade 
que se encontra é com respeito às variações ambientais não previsíveis. Essas 
variações imprevisíveis correspondem aos fatores ambientais altamente variáveis, 
não só espacialmente como de forma temporal (precipitação, temperatura do ar, 
vento, radiação, etc.). Sabe-se que a interação genótipo x ambiente está 
associada a fatores simples e complexos. Os simples são proporcionados pela 
diferença de variabilidade entre genótipos nos ambientes e o complexos pela falta 
de correlação entre os desempenhos do genótipo nos ambientes. Como pode-se 
observar é uma tarefa difícil estabelecer a época de plantio para uma dada região 
sem um conhecimento prévio das cultivares a serem plantadas e das condições 
ambientais onde se pretende desenvolvê-las, embora a cultura do sorgo tenha 
uma ampla adaptação. No que se refere a resposta do sorgo a condições 
ambientais deve-se preocupar com temperatura do ar, precipitação e água no 
solo. A maioria da redução de produtividade esta relacionada ao decréscimo do 
número de sementes resultante da redução do período de desenvolvimento da 
panícula. No que se refere a temperatura do ar, a literatura tem mostrado que 
existem diferentes temperaturas ótimas, ou seja, a temperatura ótima varia com a 
cultivar e que 5 o C acima do valor da temperatura ótima noturna pode reduzir até 
33% a produtividade. Isso se deve ao aumento da taxa respiração noturna , 
chegando mesmo Eastin et al (1978) a concluir que para cada 1 o C de aumento a 
temperatura noturna há uma taxa de aumento de respiração em torno de 14%. 
Na literatura brasileira consultada a temperatura requerida para ótimo 
crescimento e desenvolvimento da cultura do sorgo não tem sido determinada 
para as diferentes cultivares de sorgo mas sabe-se que varia para cada cultivar. A 
literatura internacional tem mostrado que temperatura superior a 38 o C reduz a 
produtividade e que a maioria das cultivares não crescem bem em temperaturas 
inferiores a 16 o C. No que se refere a água, é vasta a literatura mostrando que 
diferentes genótipos apresentam diferente tolerância ao estresse hídrico. O sorgo 
tem habilidade de manter-se dormente durante o período de seca e retorna o 
crescimento tão logo o estresse desapareça, e possui relativamente boa 
resistencia à dessecação. O sorgo tem mostrado a capacidade de recuperar após 
prolongado período de murchamento. Bastam 5 dias de ritmo normal a abertura 
de estômato retorna às atividades fisiólogicas normais. As varias características 
xerofíticas da planta de sorgo é que o torna resistente a seca, porem a sua 
capacidade de recuperar após a seca é sua mais importante propriedade quando 
se pensa na predição de sua produtividade. Embora seja uma cultura resistente a 
estresse hídrico, ela também sofre efeito do déficit hídrico, chegando reduzir 
consideravelmente a produtividade Portanto, definir a época de semeadura, 
refere-se ao período em que a cultura tem maior probabilidade de desenvolver-se 
em condições edafoclimáticas favoráveis. 
No Brasil Central, mais especificamente na região dos Cerrados, embora o cultivo 
do sorgo seja feito em diversas condições climáticas por ser uma cultura de ampla 
adaptação, considerando a variabilidade temporal e espacial do clima, pode-se 
observar que durante todo o ciclo da cultura a temperatura é superior a 18 o C e 
raramente ocorrem geadas. A temperatura noturna em momento nenhum local 
ultrapassa valores superiores as 30 o C, inclusive, segundo a literatura apresenta 
valores abaixo da temperatura noturna otima. Pode, inclusive, ser em alguns 
locais onde a altitude é mais elevada, a temperatura noturna se baixa 
prejudicando o desempenho das plantas. 
De uma forma geral pode-se sugerir que, nessa região, a semeadura seja entre 
setembro e novembro, dependendo da época de início das chuvas da região 
considerada. A produtividade é, provavelmente, mais elevada quanto as condições 
do tempo permitem o plantio em outubro. Trabalhos de pesquisa no Brasil Central 
mostram que, o atraso do plantio a partir da época mais adequada (geralmente 
em outubro) pode não causar danos a cultura, como causaria a cultura do milho, 
considerando que a mesma suporta, sem muita perda de produtividade, a déficits 
hídricos prolongados. 
Excetuando-se as elevadas altitudes, onde quem determina a época de plantio é a 
temperatura, no Brasil Central quem define a época de plantio é a distribuição das 
chuvas. O uso consuntivo de água para o sorgo durante seu ciclo varia de 380 mm 
e 600mm dependendo das condições climáticas dominantes. A água é absorvida 
diferencialmente com o estádio de crescimento e desenvolvimento da cultura. Vale 
a pena ressaltar a importância da água, ou seja, o déficit hídrico tem influência 
direta na taxa fotossintética que está associada diretamente com a produção de 
grãos e, sua importância varia com o estádio fenológico em que se encontra a 
planta. Pesquisas mostram que até dias de estresse hídrico a cultura do sorgo 
recupera na sua quase totalidade de forma a reduzir muito pouco a produtividade. 
Em resumo, a época de semeadura é determinada em função das condições 
ambientais (temperatura, fotoperiodo e distribuição das chuvas e disponibilidade 
de água do solo) e da cultivar (ciclo, fases da cultura e necessidade térmicas das 
cultivares). Ainda com respeito ao clima deve-selevar em consideração a radiação 
solar e a intensidade e freqüência do veranico nas diferentes fases fenológicas da 
cultura. 
O sorgo safrinha que é plantado alem dos limites do Cerrado, não tem um período 
prefixado para seu plantio. É uma cultura desenvolvida de janeiro a abril, 
normalmente após a soja precoce e em alguns locais após milho de verão e feijão 
das águas. 
Por ser plantado no final da época recomendada, o sorgo safrinha era esperado ter 
sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes limitações 
de radiação solar e de temperatura do ar na fase final de seu ciclo. Além disso, 
como o sorgo safrinha é plantado após uma cultura de verão, a sua data de 
semeadura depende da época do plantio dessa cultura antecessora e de seu ciclo. 
Assim, o planejamento do sorgo safrinha começa com a cultura de verão, visando 
liberar a área o mais cedo possível. Quanto mais tarde for o plantio, menor será o 
potencial e maior o risco de perdas por adversidades climáticas ( temperatura do 
ar, fotoperiodismo e/ou geadas). 
Isso a torna uma cultura de maior risco uma vez que a temperatura do ar é 
bastante heterogênea nessa época, ocorrendo uma variabilidade espacial e 
temporal muito grande e como conseqüência uma variabilidade de produção muito 
grande, alem disso a probabilidade de estresses hídricos muito prolongados é 
grande. Na safrinha além do potencial de produção ser reduzido, é uma cultura de 
alto risco de frustação de safras e o produtor não investe, consequentemente, tem 
baixa produtividade e baixo lucro. 
Considerando a inviabilidade de antever a interação genótipo x ambiente, a 
variabilidade temporal do clima com inclusive viabilidade de influência da 
temperatura e radiação alterando o ciclo da cultura para plantio após o mês de 
fevereiro e o manejo diferencial da cultura, as épocas limites recomendadas 
preferencialmente para a semeadura, de acordo com vários trabalhos de pesquisa 
encontram-se na Tabela 1. 
Tabela 1. Limite das épocas de semeadura para a cultura do milho safrinha, por estado e 
região produtora. 
Estado Época 
Limite 
Altitude
(1)
 Região (cidades referência) 
Mato 
Grosso 
15 de 
março 
Alta Centro-Norte (Sapezal, Lucas do Rio Verde) 
Goiás e DF 15 de 
fevereiro 
Baixa Sudeste (Bom Jesus, Santa Helena) 
28 de 
fevereiro 
Alta Sudoeste (Rio Verde, Jataí e Montividiu) 
Minas 
Gerais 
28 de 
fevereiro 
Baixa Vale do Rio Grande (Conceição das Alagoas) 
Mato 
Grosso do 
Sul 
15 de 
março 
Baixa e 
Alta 
Centro-Norte (Campo Grande, São G. do 
Oeste, Chapadão do Sul) 
Baixa Centro-Sul (Dourados, Sidrolândia, Itaporã, 
Ponta Porã) 
São Paulo 28 de 
fevereiro 
Alta Alto Paranapanema (Taquarituba, Itapeva, 
Capão Bonito) 
15 de 
março 
Baixa Norte (Guaíra, Orlândia, Ituverava) 
Baixa Noroeste (Votuporanga, Araçatuba) 
30 de 
março 
Baixa Médio Vale do Paranapanema (Assis, 
Ourinhos) 
Paraná 30 de 
janeiro 
Alta Transição (Wenceslau Braz, Mauá da Serra, sul 
de Ivaiporã, Cascavel, sul de Toledo até 
Francisco Beltrão) 
15 de 
março 
Baixa Oeste e Vale do Iguaçu (Campo Mourão, sul de 
Palotina, Medianeira e Cruzeiro do Iguaçu) 
30 de 
março 
Baixa Norte (Cornélio Procópio, Londrina, Maringá, 
Apucarana) 
Baixa Noroeste (Paravaí, Umuarama) 
Fonte: Vários autores citados por Duarte (2001) 
1) Alta = altitude igual ou superior a 600 m e Baixa = altitude inferior a 600 m. 
 
 
 
Ecofisiologia 
Introdução 
O sorgo é uma planta C4, de dia curto e com altas taxas fotossintéticas. A grande 
maioria dos materiais genéticos de sorgo requerem temperaturas superiores a 21 o 
C para um bom crescimento e desenvolvimento. A planta de sorgo tolera mais, o 
déficit de água e o excesso de umidade no solo, do que a maioria dos outros 
cereais e pode ser cultivada numa ampla faixa de condições de solo. Durante a 
primeira fase de crescimento da cultura, que vai do plantio da germinação até a 
iniciação da panícula (EC1) é muito importante a rapidez da germinação, 
emergência e estabelecimento da plântula, uma vez que a planta é pequena, tem 
um crescimento inicial lento e um pobre controle de plantas daninhas nesta fase 
pode reduzir seriamente o rendimento de grãos. Embora não exista dados 
concretos disponíveis, acerca de como os estádios iniciais da cultura pode afetar o 
rendimento, é lógico pensar que um bom estande, com rápida formação de folhas e 
sistema radicular tornará aquela cultura apta a enfrentar possíveis estresses 
ambientais durante o seu ciclo. Os híbridos de maneira geral tem uma formação de 
folhas e sistema radicular mais rápidos do que linhagens ou variedades. Quando se 
compara materiais forrageiros, principalmente variedades, estas são mais lentas 
que os graníferos. 
Na fase seguinte (EC2) que compreende a iniciação da panícula até o florescimento, 
vários processos de crescimento, se afetados, poderão comprometer o rendimento. 
São eles: desenvolvimento da área foliar, sistema radicular, acumulação de matéria 
seca e o estabelecimento de um número potencial de sementes. Esse último é 
provavelmente o mais critico desde que maior número de grãos tem sido 
geralmente o mais importante componente de produção associado ao aumento de 
rendimento em sorgo. Na terceira fase de crescimento (EC3) que vai da floração a 
maturação fisiológica os fatores considerados mais importantes são aqueles 
relacionados ao enchimento de grãos. Durante as três etapas de crescimento, a 
fotossíntese, o particionamento de fotoassimilados e a divisão e expansão celular 
devem estar ajustados visando um bom rendimento da cultura. É lógico pensar que 
o rendimento final é função tanto da duração do período de enchimento de grãos 
como da taxa de acumulação de matéria seca diária. 
Altura da planta e desenvolvimento inicial das folhas 
Perfilhamento 
Sistema radicular 
Desenvolvimento da parte aérea 
Florescimento 
Aspectos gerais dos efeitos ambientais sobre o crescimento do sorgo 
Tanino no grão de sorgo 
 
Altura da planta e desenvolvimento inicial das folhas 
A altura da planta é importante para sua classificação relacionada ao seu porte. 
Pode variar desde 40 cm até 4 m. A altura do caule até o extremo da panícula varia 
segundo o número e a distância dos entrenós e também segundo o pedúnculo e a 
panícula. A quantidade de nós está determinada pelos genes da maturação e por 
sua reação ao fotoperíodo e a temperatura. A distância dos entrenós varia segundo 
as combinações de 4 ou mais fatores genéticos e segundo o ambiente. Por outro 
lado a distância do pedúnculo e da panícula com fregüência são independentes. 
A altura da planta portanto é controlada por quatro pares de gens principais (dw1, 
dw2, dw3 e dw4), os quais atuam de maneira independente e aditiva sem afetar o 
número de folhas e a duração do período de crescimento. As plantas com os gens 
recessivos nos quatro loci resultam em porte mais baixo (60-80 cm), caracterizadas 
pelo nanismo e são chamadas "anãs-4"; enquanto que as plantas com gens 
recessivos em três loci e dominante no outro locus são chamadas "anãs-3". 
Cultivares graníferos normalmente são "anãs-3 e cultivares forrageiras são "anãs-2 
ou "anãs-1", com gens recessivos em dois ou um loci respectivamente. A taxa de 
produção de matéria seca no sorgo é fortemente afetada pela área foliar no 
primeiro estádio de crescimento (germinação a iniciação da panícula). A área foliar 
final é determinada pelas taxas de produção e duração da expansão, pelo número 
de folhas produzidas e a taxa de senescência, os quais são fatores bastante 
afetados pelo ambiente. 
A temperatura,o déficit de água e as deficiências pelos nutrientes, afetam as taxas 
de expansão das folhas, altura da planta e duração da área foliar, sobretudo nos 
genótipos sensíveis ao fotoperíodo. Esses efeitos podem ser modificados por 
mudanças na duração do dia. A insuficiência de água é uma das causas mais 
comuns de redução de área foliar e está relacionada com a expansão das células. A 
temperatura noturna do ar baixa, geralmente atrasa o desenvolvimento dos 
estádios EC 2 e EC 3. 
 
Existem diferenças consideráveis das taxas diurnas de crescimento das folhas de 
sorgo, provavelmente como reflexo das diferenças ambientais. Tem-se observado 
taxas de expansão foliar de aproximadamente 60 cm2 planta-1 dia-1 o qual se traduz 
em taxa de crescimento relativo de 70% por dia. As folhas mais velhas mostram 
taxas de fotossíntese e de crescimento mais baixas, devido a mudanças causadas 
pela senescência. A quantidade e qualidade de luz também são importantes para a 
expansão foliar. Folhas que crescem em altas intensidade de luz, têm 
freqüentemente um maior número de células maiores que aquelas que crescem em 
intensidade de luz mais baixas. 
O estádio de três folhas completamente desenvolvidas é caracterizado pelo ponto 
de crescimento ainda abaixo da superfície do solo. Enquanto a taxa de crescimento 
da planta depende grandemente da temperatura, esse estádio usualmente ocorrerá 
cerca de 10 dias após a emergência. Como o ponto de crescimento ainda está 
abaixo da superfície do solo, caso aconteça algum problema com a parte aérea, 
como por exemplo chuva de granizo ou alguma outra intemperia da natureza, isto 
não matará a planta, ela terá condição de sobreviver. O sorgo no entanto não 
recupera tão vigorosamente como o milho. No estádio de 5 folhas, 
aproximadamente 3 semanas após a emergência o ponto de crescimento ainda está 
abaixo da superfície do solo. A perda das folhas igualmente não matará a planta. O 
crescimento nesse caso será mais vigoroso que no estádio anterior, porém ainda 
menos vigoroso que o milho. Nos estádios iniciais da planta de sorgo, ela entra no 
chamado período de crescimento rápido, acumulando matéria a taxas 
aproximadamente constantes até a maturação, desde que as condições sejam 
satisfatórias. 
Com cerca de 30 dias após a emergência ocorre a diferenciação do ponto de 
crescimento (muda de vegetativo, "produtor de folhas" para reprodutivo, "produtor 
de panícula"). O número total de folhas nesse estádio, já foi determinado e o 
tamanho potencial da panícula será brevemente determinado. Cerca de 1/3 da área 
total foliar está totalmente desenvolvida. Neste estádio a planta se encontra com 7 
a 10 folhas, dependendo do seu ciclo, sendo que 1 a 3 folhas baixeiras já foram 
perdidas. Crescimento do colmo aumenta rapidamente, absorção de nutrientes 
também é rápida. O tempo compreendido entre o plantio até a diferenciação do 
ponto de crescimento geralmente é cerca de 1/3 do tempo compreendido entre 
semeadura e maturidade fisiológica. 
 
Perfilhamento 
O perfilhamento no sorgo forrageiro é uma característica considerada vantajosa, ao 
passo que para o sorgo granífero pode não ser, sobretudo quando não há 
coincidência de maturação entre planta mãe e perfilhos. Neste caso o perfilhamento 
pode ter efeito negativo no rendimento por sombrear as folhas da planta mãe e 
pela competição do uso de água e nutrientes do solo. 
O perfilhamento é influenciado pelo grau de dominância apical, que é regulado por 
fatores hormonais, ambientais e genéticos. O perfilhamento pode ser basal ou 
axilar. O perfilhamento axilar é originado nas axilas das folhas, enquanto que o 
basal origina-se de gemas basais (1 º nó) logo após o início do desenvolvimento 
das raízes secundárias ou depois do florescimento. Todas as gemas dos nós são 
morfologicamente idênticas e possuem potencial para formar perfilho. No entanto 
são mantidos em "dormência" através do fenômeno da dominância apical. 
A dominância apical é uma característica herdável e pode ser modificada por 
fatores ambientais como: temperatura do ar, fotoperíodo e umidade do solo. 
Fatores de manejo da cultura igualmente afetam o perfilhamento, como por 
exemplo a população de plantas, quanto menor a população de plantas maior a 
possibilidade de perfilhamento. 
O sorgo geralmente produz mais perfilhos em dias curtos e a temperaturas do ar 
mais baixas. Os perfilhos naturalmente são mais sensíveis ao déficit hídrico que a 
planta mãe. Acredita-se que quanto maior a disponibilidade de fotoassimilados de 
reserva na planta maior será o grau de perfilhamento. Dentro deste contexto 
quando não há fotoassimilados suficientes para a planta mãe e perfilhos, esses 
ainda que iniciados, podem simplesmente não se desenvolverem. Qualquer dano no 
ápice de crescimento na planta pode iniciar o processo de perfilhamento, uma vez 
que a dominância apical será quebrada. Ex.: dano no ápice por insetos, estresse 
severo de água ou temperatura. Danos causados por insetos na panícula principal 
vai originar os perfilhos axilares, os quais se desenvolvem de gemas laterais. 
 
Sistema Radicular 
O crescimento das raízes de sorgo está relacionado com a temperatura do ar e é 
limitado pela falta de umidade no solo e disponibilidade de fotoassimilados oriundos 
das folhas. Um dos fatores mais importantes que afetam o uso de água e a 
tolerância a seca é um sistema radicular eficiente. 
Os tipos de raízes encontrados no sorgo são: primárias ou seminais, secundarias e 
adventícias. As primárias podem ser uma ou várias, são pouco ramificadas e 
morrem após o desenvolvimento das raízes secundarias. As secundarias 
desenvolvem no primeiro nó, são bastante ramificadas e formam o sistema 
radicular principal. Já as adventícias podem aparecer nos nós acima do solo. 
Geralmente aparecem como sinal de falta de adaptação. São ineficientes na 
absorção de água e nutrientes, sua função é mais de suporte. 
 
Se fizermos uma comparação entre raízes primárias de milho e sorgo será 
encontrado que ambas as culturas apresentam basicamente a mesma quantidade 
de massa radicular, porém as raízes secundarias do sorgo são no mínimo o dobro 
daquelas encontradas no milho. Além do mais o sistema radicular do sorgo é mais 
extenso, fibroso e com maior número de pêlos absorventes. A profundidade do 
sistema radicular chega até 1,5 m (sendo 80% até 30 cm de profundidade no solo), 
em extensão lateral alcança 2,0 m. O crescimento das raízes em geral termina 
antes do florescimento, nessa fase a planta passa a priorizar as partes reprodutivas 
(panículas) as quais apresentam grande demanda por fotoassimilados. Em solos 
ácidos com alta saturação de Al tóxico a formação do sistema radicular é reduzido. 
Plantas com gens para tolerância a Al tóxico desenvolvem um sistema radicular 
mais profundo e mais eficiente na aquisição de água e nutrientes. Geralmente 
variedades de sorgo resistentes a seca tem mais biomassa radicular e maior 
volume de raízes e também maior proporção raiz/caule que os materiais 
susceptíveis a seca. 
O estresse de fósforo, comum em solos dos Cerrados, pode ser corrigido através de 
adubações fosfatadas. Neste caso, os subsolos do cerrado geralmente aumentam a 
proporção raiz / parte aérea das plantas na tentativa de explorar um perfil maior do 
solo. 
 
Desenvolvimento da parte aérea 
 
A fotossíntese fornece cerca de 90% a 95% da matéria seca ao vegetal, assim 
como a energia metabólica requerida para o desenvolvimento da planta. Durante o 
ciclo, a planta de sorgo depende das folhas como os principais órgãos 
fotossintéticos, e a taxa de crescimento da planta depende tanto da taxa de 
expansão da área foliar, como da taxa de fotossíntese porunidade de área foliar. 
Na medida que a copa da planta se fecha, outros incrementos no índice de área 
foliar têm pouco ou nenhum efeito sobre a fotossíntese, a qual passa a depender da 
radiação solar incidente e da estrutura da copa vegetal. A inflorescência do sorgo, 
considerada grande para os padrões normais, pode interceptar 25 a 40% da 
radiação incidente e fornecer 15% ou mais da fotossíntese total da copa, variando é 
claro com o genótipo 
As taxas de fotossíntese das folhas do sorgo vão de 30 a 100 mg CO 2 dm -2 h -1 
dependendo do material genético, intensidade de luz fisiologicamente ativa e da 
idade das folhas. Folhas de sorgo contém um grande número de estômatos, por 
sinal tem sido estimado que estas possuem 50% a mais de estômatos por unidade 
de área do que a planta de milho, porém os estômatos do sorgo são menores. O 
número total de folhas numa planta varia de 7 a 30, sendo geralmente de 7 a 14 
para genótipos adaptados de sorgo granífero. O comprimento da folha pode chegar 
a mais de 1 metro, enquanto que a largura de 0,5 a 15 cm. Os fatores que 
determinam o número de folhas no sorgo são: cultivar, fotoperíodo, e temperatura. 
As partes da folha incluem: limbo no qual estão presentes os estômatos localizados 
nas 2 faces; bainha a qual liga-se ao nó e envolve o internódio acima e a lígula, que 
é a junção da bainha com o internódio. A posição da folha na planta pode variar de 
vertical a horizontal, concentrando-se se mais na base ou ainda serem 
uniformemente distribuídas na planta. As folhas do sorgo possuem depósito de 
substância cerosa na junção da bainha com o limbo, o que leva a planta perder 
menos água na transpiração, sendo importante para a economia de água sobretudo 
em condições de estresse hídrico. 
Leva-se de 3 a 6 dias entre a diferenciação de uma folha e a próxima no 
meristema. A expansão foliar pode continuar mesmo durante o desenvolvimento da 
panícula, o que pode gerar nesse caso competição por fotoassimilados disponíveis. 
O embrião em um grão maduro já possui 6 a 7 primórdios foliares. Fato 
interessante é observado na epiderme superior da folha, onde se observa filas de 
células especializadas que permitem a folha enrolar em condições de estresse 
hídrico, se constituindo portanto numa defesa da planta. 
 
Florescimento 
O florescimento corresponde ao EC3 que engloba a polinização, fertilização, 
desenvolvimento e maturação do grão. A diferenciação floral do sorgo é afetada 
principalmente pelo fotoperíodo e pela temperatura do ar. O período mais crítico 
para a planta, onde ela não pode sofrer qualquer tipo de estresse biótico ou 
abiótico vai da diferenciação da panícula a diferenciação das espiquetas (2 a 3 
semanas de duração). Em condições normais a diferenciação da gema floral inicia-
se 30 a 40 dias após a germinação (pode variar de 19 a mais de 70 dias). Em 
climas quentes o florescimento em geral ocorre com 55 a 70 dias após a 
germinação (pode variar de 30 a mais de 100 dias). Normalmente a formação da 
gema floral ocorre 15 a 30 cm acima do nível do solo, fato esse ocorre quando as 
plantas têm cerca de 50 a 75 cm de altura. 
A diferenciação da gema floral bloqueia a atividade meristemática (divisão celular). 
Dai para frente, todo crescimento é devido ao elongamento das células já 
existentes. Cerca de 6 a 10 dias antes do aparecimento da inflorescencia ela pode 
ser vista como algo semelhante a um "torpedo" dentro da bainha da folha bandeira. 
As flores na panícula desenvolvem-se sucessivamente do topo para a base (demora 
de 4 a 5 dias). Como nem todas as plantas num campo de sorgo florescem ao 
mesmo tempo, a duração do florescimento no campo pode variar de 6 a 15 dias. O 
número de espiguetas por panícula varia de 1500 a 7000. Existem mais de 5000 
grãos de polen por antera na maioria dos híbridos e variedades, o que equivale 
dizer que há mais de 20 milhões de grãos de polen por panícula. 
Fertilização 
A fertilização inicia-se no topo da panícula e procede para a base (duração de 4 a 5 
dias). Predomina a autofecundação e a taxa de fecundação cruzada pode variar de 
2% a 10%. Há casos em que a fecundação ocorre sem a abertura das espiquetas 
(cleistogamia). A panícula do sorgo varia muito quanto a forma e tamanho 
(compacta, aberta, grande, pequena). Seu comprimento vai de 4 a 25 cm e o 
diâmetro de 2 a 20 cm. O pólen germina imediatamente se caí num estígma 
receptivo e a fertilização tem lugar ao redor de 2 horas depois, no entanto a luz é 
necessário para a germinação e o pólen espalhado a noite não germina até o 
amanhecer. 
O grão de sorgo igualmente varia muito quanto a cor, dureza, forma e tamanho. A 
massa de 100 sementes varia de menos de 1g a mais de 6 g. 
Fotoperíodo 
O sorgo é sensível ao fotoperiodismo, o qual pode ser definido como a resposta do 
crescimento a duração dos períodos, de luz e escuro. O comprimento do dia varia 
de acordo com a estação do ano e com a latitude. O sorgo é uma planta de dias 
curtos, ou seja floresce em noites longas. 
Em cultivares sensíveis, a gema vegetativa (terminal) permanece vegetativa até 
que os dias encurtem o bastante para haver a sua diferenciação em gema floral, 
esse é portanto o que se clama fotoperíodo crítico. O fotoperíodo crítico do sorgo 
poderia então ser colocado da seguinte maneira: se o comprimento do dia 
aumenta, a planta não floresce, ao passo que se o comprimento do dia decresce a 
planta floresce. 
Diferentes materiais genéticos variam quanto ao fotoperído crítico. Por exemplo: 
algumas variedades tropicais têm dificuldade de florescerem em regiões 
temperadas, onde os dias têm mais de 12 horas. Salienta-se que o fotoperíodo 
crítico para estas variedades tropicais é em torno de 12 horas. Por outro lado 
variedades temperadas sensíveis tem um fotoperíodo crítico maior, florescendo com 
facilidade nos trópicos. 
O fotoperíodo crítico das variedades temperadas é em torno de 13,5 horas. 
Portanto é a duração do período sem luz que é importante para estimular o 
florescimento. Os dispositivos que as plantas possuem os quais são responsáveis 
pela captação e medição do comprimento dos dias são pigmentos chamados 
fitocromos. A grande maioria dos materiais comerciais de sorgo granífero foram 
melhorados geneticamente para insensibilidade ao fotoperíodo, somente os 
genótipos de sorgo forrageiro são sensíveis ao fotoperíodo. 
 
Aspectos gerais dos efeitos ambientais sobre o crescimento do sorgo 
 
Água 
O sorgo requer menos água para desenvolver quando comparado com outros 
cereais, sendo que o período mais crítico a falta de água é o florescimento. 
Ex: Sorgo - Necessita 330 kg de água para produzir 1 kg de matéria seca. 
 Milho - 370 kg de H 2 O/kg de matéria seca 
 Trigo - 500 kg H 2 O/kg de matéria seca 
Quando comparado com o milho, o sorgo produz mais sobre estresse hídrico (raiz 
explora melhor o perfil do solo), murcha menos e é capaz de se recuperar de 
murchas prolongadas. 
A resistência a seca é uma característica complexa pois envolve simultaneamente 
aspectos de morfologia, fisiologia e bioquímica. A literatura cita três mecanismos 
relacionados a seca: resistência, tolerância e escape. O sorgo parece apresentar 
duas características: escape e tolerância. O escape através de um sistema radicular 
profundo e ramificado o qual é eficiente na extração de água do solo. Já a 
tolerância está relacionada ao nível bioquímico. A planta diminui o metabolismo, 
murcha (hiberna) e tem um poder extraordinário de recuperação quando o estresse 
é interrompido. Um dos fatores que mais complica a seleção para tolerância a seca 
num programa de melhoramento de plantas é a falta de uma característica clara 
(marcador)para medir o grau no qual o genótipo é considerado tolerante ou 
susceptível ao estresse de seca. Medidas fisiológicas tais como: potencial de água 
na folha e ajustamento osmótico não correlacionam com diferenças em rendimento 
sob estresse. Este fato pode levar, freqüentemente, a uma situação no qual 
materiais mais susceptíveis, porém com potencial produtivo maior supere materiais 
genéticos considerados resistentes, mas com potencial produtivo mais baixo em 
condições de estresse hídrico. Para evitar situações semelhantes a esta, a pesquisa 
tem concentrado esforços em estudar estresse hídrico durante o enchimento de 
grãos, e tem sugerido utilizar a "porcentagem de trilhamento" como melhor 
característica a ser utilizada em programas de seleção de genótipos tolerantes a 
seca. Esta taxa é a relação entre a massa do grão/massa total da panícula. 
Em geral parece haver no sorgo uma correlação grande entre resistência ao calor e 
a falta de água. Também parece haver correlação entre resistência a seca e a 
teores de alumínio no solo. O déficit hídrico quando acontece no estádio EC1, 
provoca menos danos a planta do que em EC2. No estádio EC2 a escassez de água 
vai resultar na redução das taxas de crescimento da panícula e das folhas e no 
número de sementes por panícula. Esses efeitos são devidos provavelmente a uma 
redução na área foliar, resistência estomatica aumentada, fotossíntese diminuída e 
a uma desorganização do estado hormonal da panícula em diferenciação. Quando a 
falta de água acontece no EC3, o resultado é a senescencia rápida das folhas 
inferiores, com consequente redução no rendimento de grãos. 
O sorgo para produzir grãos requer cerca de 25 mm de água após o plantio, 250 
mm durante o crescimento e 25 a 50 mm durante a maturidade. 
Luz 
Em condições não estressantes, fotossíntese é afetada pela quantidade de luz 
fotossinteticamente ativa, proporção desta luz interceptada pela estrutura do dossel 
e pela distribuição ao longo do dossel. O efeito do sombreamento no sorgo, com a 
consequente redução da fotossíntese, tem um efeito menor quando acontece em 
EC1 do que quando em EC2 e EC3. Isto pode ser explicado pela maior atividade 
metabólica da planta nesses dois estádios. Além da maior atividade, a demanda por 
fotoassimilados também é maior, portanto requer da planta uma taxa fotossintética 
alta para satisfazer os órgãos reprodutivos em crescimento. 
Muito embora o sombreamento vai sempre resultar numa redução de crescimento 
da cultura, em proporção direta a redução da radiação, o efeito final no rendimento 
de grãos pode ser pequeno. 
Temperatura do ar 
Devido a sua origem tropical o sorgo é um dos cultivos agrícolas mais sensíveis a 
baixas temperaturas noturnas. A temperatura ótima para crescimento está por 
volta de 33 a 34 º C. Acima de 38 º C e abaixo de 16 º C a produtividade decresce. 
Baixas temperaturas durante o desenvolvimento vegetativo,(< 10 º C) causam 
redução na área foliar, perfilhamento, altura, acumulação de matéria seca e um 
atraso na data de floração. Isto é devido a uma redução da síntese de clorofila, 
especialmente nas folhas que se formam primeiro na planta jovem com 
conseqüente redução da fotossíntese. 
Os efeitos da temperatura durante EC2 se manifesta no número de grãos por 
panícula afetando diretamente o rendimento final de grãos. Temperaturas mais 
altas geralmente tendem a antecipar a antese, assim como pode causar aborto 
floral. O desenvolvimento floral e a fertilização dos grãos pode ocorrer até com 
temperaturas de 40 a 43 º C, 15% a 30% de umidade relativa, desde que haja 
umidade disponível no solo. Altas e baixas temperaturas estimulam perfilhamento 
basal. 
Quando comparado ao milho, o sorgo é mais tolerante a temperaturas altas e 
menos tolerante a temperaturas baixas. A temperatura baixa afeta, o 
desenvolvimento da panícula principalmente por seu efeito sobre a esterilidade das 
espiguetas. A sensibilidade a temperaturas baixas é maior durante a meiose. 
 
Tanino no grão de sorgo 
Devido ao fato do sorgo não apresentar uma proteção para as sementes, como por 
exemplo a palha no caso do milho, as glumas para o trigo e a cevada, a planta de 
sorgo produz vários compostos fenólicos os quais servem como uma defesa química 
contra pássaros, patógenos e outros competidores. 
Toda planta de sorgo possui aproximadamente os mesmos níveis de proteína, 
amido, lipídios etc., porém vários compostos fenólicos pode ocorrer ou não, e entre 
esses compostos destaca-se o tanino condensado que tem ação antinutricional 
principalmente para os animais monogastricos. Como esses polifenóis são 
metabólitos secundários, ou seja não participam de vias metabólicas responsáveis 
por crescimento e reprodução, a presença e a natureza deles variam enormemente. 
A presença do tanino no grão de sorgo depende da constituição genética do 
material. Caso os genótipos possuam os genes dominantes B 1 , e B 2 , este sorgo 
é considerado com presença de tanino. No passado, era comum encontrar 
classificação de sorgo, dos grupos I, II e III representando teores baixos, médios e 
altos de tanino. Hoje sabe-se que o tanino está presente ou ausente no grão. A 
pesquisa tem mostrado que percentuais abaixo de 0,70% no grão, verificado em 
algumas análises laboratoriais, são devidos a outros fenóis e não ao tanino 
condensado, e que portanto, não são prejudiciais a dieta alimentar dos animais. 
Assim, este sorgo é considerado com ausência de tanino, acima de 0,70% de fenois 
totais é considerado com presença de tanino. 
O tanino no sorgo tem causado bastante controvérsia, uma vez que, apesar de 
algumas vantagens agronômicas, como a resistência a pássaros e doenças do grão, 
ele causa problemas na digestão dos animais pelo fato de formarem complexos 
com proteínas e assim diminuírem a sua palatabilidade e digestibilidade. 
A determinação da presença dos taninos no grão de sorgo apresenta vários 
problemas, uma vez que os métodos colorimétricos geralmente não diferenciam 
taninos de outros compostos fenólicos. Outra dificuldade é a obtenção de 
substâncias adequadas para serem utilizadas como padrão para estes métodos. 
Os vários compostos fenólicos presentes no grão de sorgo podem afetar a cor, a 
aparência e a qualidade nutricional . Esses compostos podem ser classificados em 
três grupos básicos: ácidos fenólicos, flavonóides e taninos. Os ácidos fenólicos são 
encontrados em todo tipo de sorgo, ao passo que flavonóides podem ser detectados 
em muitos porém não em todo sorgo. O fenol conhecido como tanino encontra-se 
concentrado na testa da semente. A testa é um tecido altamente pigmentado 
localizado logo abaixo do pericarpo. A presença da testa é fator determinante da 
presença de tanino em sorgo. Existem duas classes de taninos: hidrolizáveis e 
condensados. Não há evidências da presença de grandes quantidades de tanino 
hidrolizável no sorgo. Já o tanino condensado é aquele que é encontrado em 
materiais de sorgo resistentes a pássaros. 
Os ácidos fenólicos não tem efeito adverso na qualidade nutricional, porém podem 
causar cor indesejável aos alimentos quando processados sob condições alcalinas. 
Os flavanóides, a exemplo dos ácidos fenólicos, também não causam problemas na 
digestibilidade e palatabilidade do sorgo. Constituem-se em um amplo grupo de 
compostos fenólicos encontrados nas plantas, sendo que alguns deles estão entre 
os principais pigmentos presentes em vegetais. 
 
Solos 
O cultivo do sorgo, assim como qualquer outra cultura inserida num sistema de 
rotação e/ou sucessão, necessita de condições mínimas de solo para que a cultura 
se estabeleça e se desenvolva normalmente. Especialmente no caso da safrinha é 
importantemanejar adequadamente o solo para proporcionar o rápido 
estabelecimento da segunda safra, uma vez que essa se desenvolverá em 
condições menos favoráveis especialmente quanto à umidade disponível no solo. 
Com este enfoque, o sistema de plantio direto (SPD) apresenta vantagens 
comparativas aos métodos tradicionais de preparo do solo, que envolvem aração e 
gradagens, devido ao ganho de tempo que se consegue na implantação da cultura 
em sucessão, com menor consumo de energia e, a maior infiltração da água 
associado a menor perda por evaporação que resulta em maior conservação de 
umidade. 
 
Solos 
Manejo do solo para o cultivo do sorgo 
A área cultivada com sorgo deu um salto extraordinário à partir do inicio dos anos 
90. O Centro Oeste é a principal região de cultivo de sorgo granífero, enquanto o 
Rio Grande do Sul e Minas Gerais lideram a área de sorgos forrageiros. O sorgo 
granífero é cultivado basicamente sob 3 sistemas de produção no Brasil: no Rio 
Grande do Sul planta-se sorgo na primavera e colhe-se no outono. No Brasil Central 
a semeadura é feita em sucessão às culturas de verão, principalmente a soja. E no 
Nordeste a cultura é plantado na estação das chuvas ou de "inverno". Esse tópico 
trata basicamente do sorgo plantado após a soja precoce, (ou sorgo safira) 
portanto o manejo do solo deve ser considerado levando em consideração essa 
sucessão de culturas e não somente o sorgo. O sorgo “safrinha” é definido como 
sorgo de sequeiro cultivado extemporaneamente, de fevereiro a abril, quase 
sempre depois da soja precoce, na região Centro-Sul brasileira, envolvendo 
basicamente os estados de SP, GO, MT, MS, DF, MG e BA A implantação do sorgo 
safrinha no final do período chuvoso deixa o agricultor na expectativa de ocorrência 
de déficit hídrico a partir desse período. Assim, toda estratégia de manejo do solo 
deve levar em consideração propiciar maior quantidade de água disponível para as 
plantas. Nesse caso, sempre que possível deve-se optar pelo sistema de plantio 
direto, pois oferece maior rapidez nas operações, principalmente no plantio 
realizado simultaneamente à colheita, permitindo o plantio o mais cedo possível. 
Além disso, um sistema de plantio direto, com adequada cobertura da superfície do 
solo, permitirá o aumento da infiltração da água no solo e a redução da 
evaporação. Em algumas áreas de plantio direto, já se constatou aumento do teor 
de matéria orgânica do solo, afetando a curva de retenção de umidade e 
aumentando ainda mais o teor de umidade para as plantas. Embora exista uma 
grande diversidade de preparo de áreas para o cultivo do sorgo na segunda safra, 
predomina o emprego do plantio direto permanente (PDP) ou temporário (PDT), 
visando antecipar a implantação do sorgo “safrinha”. No preparo direto temporário 
realiza-se a semeadura direta do sorgo “safrinha” e o preparo convencional para a 
soja. Nesse caso, no verão, tem sido freqüente o preparo com grades. Em áreas 
com grande infestação de plantas daninhas, no momento da colheita da soja, e 
quando o agricultor não dispõe de máquina para semeadura direta, utiliza-se o 
preparo com grades no outono-inverno. Uma desvantagem da grade aradora é que 
provoca grande pulverização do solo. Alem disso, o uso da grade continuamente no 
verão e na safrinha por anos sucessivos pode provocar a formação do "pé-de-
grade", uma camada compactada logo abaixo da profundidade de corte da grade, a 
10-15 cm. Essa camada reduz a infiltração de água no solo, o que, por sua vez, irá 
favorecer maior escorrimento superficial e, consequentemente a erosão do solo e a 
redução da produtividade do sorgo safrinha Em preparo convencional, o 
revolvimento da camada superficial do solo tem por objetivo básico otimizar as 
condições de germinação, emergência e o estabelecimento das plântulas, 
entretanto também deve ser visto como um sistema que deverá aumentar a 
infiltração de água, de modo a reduzir a enxurrada e a erosão a um mínimo 
tolerável. Deve ser levado em consideração que em áreas onde as explorações 
agrícolas são mais intensivas, a exemplo do plantio da safrinha de sorgo após a 
colheita da soja, em que o solo é mais intensamente trabalhado, a probabilidade de 
acelerar sua degradação devido à aração e gradagem, aumentando os problemas 
de compactação, erosão e redução de sua produtividade, é bem maior. Além disto, 
é muito importante a redução do tempo entre a colheita da cultura de verão e o 
plantio do sorgo na sucessão, o que poderá afetar a decisão sobre qual sistema de 
preparo do solo deverá ser empregado. Não é demais lembrar que as gradagens 
destorroadoras e de nivelamento diminuem a rugosidade e pulverizam o solo, 
favorecendo a erosão, portanto, deve haver critérios na sua utilização evitando 
excessos. O caso do sorgo é típico em que, com freqüência, a recomendação 
técnica explicita a necessidade de destorroar bem o solo para o plantio, devido ao 
menor tamanho da semente. Nestes casos, de utilização excessiva de gradagens, 
provoca uma pulverização do solo na camada superficial, aumentando os riscos de 
ocorrencai de compactação (pé-de arado ou pé-de-grade) e de erosão. Com o 
propósito de minimizar o impacto negativo do preparo do solo deve-se sempre ter 
em mente que as operações devem contemplar, de uma maneira harmoniosa, não 
somente o solo mas, também, as suas interações com a água, com vistas ao 
planejamento integrado visando a sustentabilidade da atividade. Neste sentido a 
área agrícola deve ser cuidadosamente planejada. Em função das condições locais 
de clima e solo elabora-se o planejamento conservacionista da glebas que deverá 
ser dotado de sistema de terraceamento, em nível ou com gradiente e canais 
escoadouros. Conforme o tipo de solo e a declividade os terraços poderão ser de 
base larga (declividade menor que 12%) ou base estreita (declividade até 18%). 
Acima desta declividade os riscos de degradação do solo aumentam, não sendo 
recomendado o seu uso com culturas anuais.Uma das maneiras de reduzir a 
compactação é alternar a profundidade de preparo do solo. É importante também 
atentar para as condições de umidade do terreno por ocasião de seu preparo. O 
ponto de umidade ideal é aquele em que o trator opera com o mínimo esforço, 
produzindo os melhores resultados na execução do serviço. Com o solo muito 
úmido aumentam os problemas de compactação. Há maior adesão da terra nos 
implementos, chegando a impedir a operação. Em solo muito seco é preciso um 
número maior de passadas de grade para quebrar os torrões exigindo maior 
consumo de combustível. Com isso, o custo de produção fica maior e o solo 
pulverizado. A eficiência do SPD tem sido atribuída ao estabelecimento de uma 
camada de cobertura do solo com resíduos vegetais, que seja persistente ao longo 
do tempo e que cubra a maior parte da superfície do solo. A cobertura morta atua 
na proteção contra o impacto das gotas de chuva e da ação de ventos, reduzindo a 
erosão, protegendo o solo contra o efeito de raios solares, reduzindo a evaporação, 
a temperatura do solo e a amplitude térmica e hídrica, incorporando matéria 
orgânica ao solo, necessária a uma atividade microbiana intensa e permitindo maior 
reciclagem de nutrientes. Neste aspecto a relação C:N da espécie utilizada para 
cobertura do solo é de grande importância, pois reflete a velocidade com que a 
decomposição do material pode se processar. Neste particular a cultura do sorgo 
ocupa posição de destaque pois a sua palhada possui uma relação C:N elevada o 
que concorre para a sua persistência na superfície do solo. Soma-se a isto, ainda, a 
possibilidade de adoção de menores espaçamentos para o sorgo o que é decisivo na 
taxa de cobertura do solo com plantas em crescimentoconferindo-lhe maior 
proteção contra a erosão e, também, com um sistema radicular mais bem 
distribuído possibilitando explorar intensamente maior volume de solo, reciclando 
mais nutrientes e, depois, formando uma rede de canalículos por toda a extensão 
da camada superficial do solo. São reconhecidas duas fases distintas no processo 
de adoção do SPD com relação a formação de palhada sobre o solo. A primeira 
delas, de estabelecimento, que dura até que se consiga uma quantidade adequada 
de palha sobre a superfície do solo. A duração desta fase é variável conforme a 
região e normalmente é conseguida depois de alguns anos de adoção do sistema. 
Espécies como o sorgo devem ser incluídas nesta fase devido à palhada mais 
persistente. A outra fase é a de manutenção do sistema após ter-se estabelecido a 
cobertura do solo com palha. O sistema somente se estabilizará quando estiver 
instalado um esquema de rotação de culturas. A combinação de espécies com 
diferentes exigências nutricionais, produção de fitomassa e sistema radicular torna 
o sistema mais eficiente, além de facilitar o controle integrado de pragas, doenças 
e plantas daninhas. O sorgo é uma cultura que apresenta algumas vantagens 
comparativas especialmente em regiões onde a distribuição das chuvas é errática. 
Ele apresenta um sistema radicular profundo que além da reciclagem de nutrientes 
confere maior tolerância ao déficit hídrico possibilitando ainda, quando da sua 
ocorrência, uma rápida recuperação do crescimento. Adicionalmente ele apresenta 
rebrota que, dentre outros usos, poderá contribuir no aporte de material vegetal 
para a formação de palhada. Por se tratar de um sistema complexo, o plantio direto 
exige o envolvimento de várias culturas e, muitas vezes, uma associação de 
agricultura e pecuária onde, mais uma vez, o sorgo aparece como ótima opção 
devido aos seus usos múltiplos na pecuária. Recentemente a Embrapa lançou uma 
tecnologia, o Sistema Santa Fé, onde o sorgo, juntamente com o milho, são as 
melhores opções para cultivo associado às braquiárias em plantio direto com vistas 
à produção de grãos, forragem conservada (silagem ou feno), pasto para a 
entressafra e palhada para o plantio direto. A habilidade das plantas em explorar o 
solo, em busca de fatores de crescimento, depende grandemente da distribuição de 
raízes no perfil do solo, que por sua vez, são dependentes das condições físicas e 
químicas, as quais, são passíveis de alterações em função do manejo aplicado. Uma 
destas alterações de maior impacto é a compactação. Ela aparece geralmente 
abaixo da camada revolvida pela ação dos implementos de preparo do solo, 
especialmente arado de discos e grades, ou na superfície devido ao tráfego. Em 
situações onde a compactação ainda não é muito intensa é possível contornar o 
problema modificando o sistema de manejo de solo e de rotação de culturas 
incluindo plantas de sistema radicular mais vigoroso, capaz de penetrar em solos 
que ofereçam maior resistência à penetração. Neste aspecto o sorgo apresenta 
grande potencial como cultura recuperadora de solo pois possui um sistema 
radicular abundante com capacidade de crescer em profundidade, especialmente 
devido às raízes de menor diâmetro. Como a taxa de crescimento de raízes se dá 
primeiramente devido à resistência oferecida pelo solo à penetração do que pela 
pressão que elas possam exercer, as raízes de menor calibre como as do sorgo 
certamente encontram menor resistência ao aprofundamento no solo em relação 
àquelas de maior diâmetro, por exemplo, as da soja. Isto é de importância 
fundamental pois os canalículos deixados após a sua decomposição passam a 
funcionar como verdadeiras galerias para a penetração de raízes mais grossas, o 
que de certa forma facilita a diversificação de espécies, aumentando as 
possibilidades para a rotação de culturas. Caso a compactação seja mais intensa o 
rompimento da camada deve ser feito com implemento que alcance a profundidade 
imediatamente abaixo da zona compactada. É importante salientar que os 
equipamentos de discos são ineficientes nessa operação. Entretanto, para que os 
maiores benefícios advindos do manejo do solo sejam alcançados é necessário que 
haja um planejamento prévio. Os equipamentos e as máquinas disponíveis também 
tem de ser levados em consideração para a tomada de decisão de como fazer o 
preparo do solo, os tratos culturais, a colheita e de como manejar os resíduos da 
cultura visando a próxima safra. A recomendação é a de que aração e gradagens 
sejam eliminadas como métodos de manejo do solo devido ao impacto negativo 
sobre o solo e ao meio ambiente. É extremamente desejável planejar as atividades 
com vistas à introdução de sistema SPD e de integração lavoura-pecuária que 
possibilitam o uso intensivo e sustentável do recurso solo. Somente com a tomada 
de consciência de que todas estas etapas são igualmente importantes e que o 
produto final, a produtividade, vai refletir aquela etapa que for executada com pior 
qualidade é que se conseguirá eficiência no manejo do solo. Em outras palavras, 
em nada adiantará alta eficiência nas atividades se, em apenas uma delas, houver 
descuido. Esta falha vai nivelar por baixo a produtividade, com graves prejuízos ao 
produtor. Disto se conclui que o manejo do solo deve contemplar, de maneira 
harmoniosa, atividades relacionadas ao solo, às plantas e aos seus resíduos visando 
maximização da produtividade sem perder de vista os seus efeitos no manejo e na 
conservação do solo e da água. 
 
Equipamentos para o manejo do solo 
A escolha e utilização dos equipamentos agrícolas, nos diferentes sistemas de 
manejo do solo, são dependentes do tratamento que se quer dar ao solo para 
exploração agrícola. Além disso, os requerimentos de energia nos sistemas de 
manejo do solo poderão definir a viabilidade econômica dos referidos sistemas. 
Para que um equipamento seja utilizado racionalmente e eficientemente, é 
necessário conhecer o sistema de manejo de solo que ele vai atender, as 
características desejáveis que o solo deverá apresentar, a energia consumida e, 
também a sua capacidade efetiva de trabalho, (ha/h). 
Dos diferentes sistemas de manejo de solo e suas características, utilizados, em 
diferentes regiões produtoras do mundo, podemos destacar a seguir: 
1. Sistema Convencional: combinação de uma aração (arado de disco) e 
duas gradagens, feitas com a finalidade de criar condições favoráveis para o 
estabelecimento da cultura. 
2. Sistema Cultivo Mínimo: refere-se à quantidade de preparo do solo, para 
criar nele condições necessárias a uma boa emergência e estabelecimento 
de planta. 
3. Sistema Conservacionista: qualquer sistema de preparo do solo que 
reduza a perda de solo ou água, comparado com os sistemas de preparo que 
o deixam limpo e nivelado. 
3.1. Plantio Direto: método de plantio que não envolve preparo de solo, a 
não ser na faixa e profundidade onde a semente será plantada. O uso de 
picador de palha na colhedora automotriz é importante para uma melhor 
distribuição da palhada na superfície do solo e as plantas daninhas são 
controladas por processos químicos. 
3.2. Escarificador: tem a finalidade de quebrar a estrutura do solo a uma 
profundidade de 20-25 cm, através do arado escarificador, sem inversão da 
leiva, deixando o solo com bastante rugosidade e com uma apreciável 
quantidade de cobertura morta. Com isto, apresenta uma excelente 
capacidade de infiltração de água no solo. 
3.3. Camalhão: pode-se fazer camalhões anuais e permanentes, sendo, em 
ambos os casos, usados para plantio de culturas em linha. Os melhores 
resultados deste sistema são em solos nivelados, mal drenados. Os 
camalhões podem ser construídoscom arado de aiveca, sulcadores ou 
implementos próprios. O plantio é feito após reduzido preparo de solo. A 
conservação do solo apresentada neste sistema vai depender da quantidade 
de resíduo e direção das linhas de plantio. Plantio em curva de nível, 
juntamente com o acúmulo de resíduo na superfície reduz as perdas de solo. 
Equipamentos agrícolas utilizados para o manejo da palhada. 
Nos sistemas de produção onde o agricultor explora uma cultura anualmente, o 
picador de palha tem a finalidade de aumentar a rapidez de decomposição dos 
restos de cultura, melhorar a habilidade de o arado incorporá-lo e evitar 
embuchamento nas operações de plantio. 
Nos sistemas de produção de duas culturas anuais, (inverno e verão) o volume de 
restos de cultura é maior e o tempo disponível para decomposição dos mesmos é 
menor; conseqüentemente, há necessidade de uma boa distribuição deste material 
no solo para maior facilidade das operações subseqüentes. O material deve ser bem 
picado, para evitar embuchamento junto aos sulcadores das semeadoras. Caso seja 
adotado o sistema convencional de preparo do solo, os motivos para se usar o 
picador de palha são os mesmos descritos anteriormente. Se o sistema adotado for 
de plantio direto o uso do picador de palha trará como conseqüências à 
uniformização da palhada em toda a área, diminuindo a evaporação da água da 
superfície, e a melhoria da eficiência dos herbicidas. 
Nos sistemas de exploração de culturas mecanizadas, esta etapa de picar palha, 
realiza-se durante a colheita, tendo-se vista que as colhedoras são geralmente 
providas de um picador de palha, posteriormente sendo esta palha distribuída na 
superfície do solo, Mesmo assim, para cultura do milho, haverá necessidade de uma 
operação complementar para picar melhor a palha, pois, somente uns 30% da 
palhada passa por dentro da colhedora. Para tanto, pode-se utilizar uma roçadeira 
ou de um picador de palha. Para outras culturas, tais como soja, trigo e arroz a 
necessidade da operação complementar vai depender da altura do corte da 
colhedora. Caso a colheita seja feita com a barra de corte bem próxima ao solo e 
com colhedora equipada com picador de palha, esta operação será dispensada. 
Para o caso de não utilização de colhedoras com picadores e há necessidade de 
manejar outras culturas de cobertura, pode-se usar triturador, roçadora ou um 
rolo-faca. Tanto o triturador quanto a roçadora promovem uma fragmentação 
excessiva, recomendada apenas quando há grande quantidade de massa vegetal e 
quando se utiliza semeadoras com espaçamento entre linhas reduzido(menor que 
50cm). O rolo faca realiza o acamamento e o corte total ou parcial do material, 
dependendo de suas características construtivas. Como a palha não é muito picada 
, a decomposição dos resíduos é mais lenta, no entanto, sua eficiência depende do 
tipo de cobertura vegetal, do desenvolvimento da planta na época do manejo, da 
umidade do solo e da regularidade da sua superfície. 
Equipamento para Preparo do Solo 
O nosso sistema convencional de preparo de solo consiste de uma aração com 
arado de disco e duas gradagens com grade (destorroadora e niveladora). 
Para as culturas anuais, as grades pesadas vinham sendo bastante utilizadas, por 
promoverem maior rendimento por hectare, devido às altas velocidades de trabalho 
e pela habilidade de trabalhar nos solos, recém desmatados, onde o sistema 
radicular da vegetação traz sérios problemas para os arados. 
Tem sido verificado que a medida que se aumenta a área da propriedade, há uma 
preferência pela grade aradora em detrimento do arado de disco, conforme é 
mostrado na Tabela 1. 
Tabela 1. Distribuição percentual do uso do Arado de Disco e da Grade Pesada por extrato de 
áreas no município de Ituiutaba, MG 
Área (ha) Arado de Disco Grade Aradora 
0-50 84 16 
51-100 100 0 
101-200 75 25 
201-500 25 75 
501-1000 0 100 
Fonte: Gois(1993) 
 
 
Esta tendência é confirmada por Melo Filho &Richetti (1998) que ,em levantamento 
realizado no MS, verificaram que a grade pesada é usada por 57,32% dos 
produtores entrevistados enquanto que o arado de discos, é utilizado por apenas 
5,10% dos produtores. A maior preferência pela grade aradora ou grade pesada 
pode ser atribuído a seu maior rendimento de trabalho e menor consumo de 
combustível (Tabela 2). 
Tabela 2. Consumo de combustível e rendimento de diferentes implementos de preparo do 
solo. 
Equipamento Consumo de combustível Rendimento 
l/há Relativo(%) ha/hora 
Arado de discos 25,7 (100) 0,40 
Grade pesada 13,9 (54) 0,90 
Escarificador A 17,1 (67) 0,83 
Escarificador B 20,2 (79) 0,78 
Escarificador C 17,4 (68) 0,87 
Escarificador D 20,6 (80) 0,70 
Fonte: Hoogmoed e Derpsch,1985 citados por Derpsch, et al.,1991 
Uma desvantagem da grade aradora é que provoca grande pulverização do solo. Além disso, o 
uso da grade continuamente, no verão e na safrinha, por anos sucessivos, pode provocar a 
formação do "pé-de-grade", uma camada compactada logo abaixo da profundidade de corte da 
grade, a 10-15 cm. Essa camada reduz a infiltração de água no solo, o que, por sua vez, irá 
favorecer maior escorrimento superficial e, conseqüentemente, a erosão do solo e a redução 
da produtividade do milho safrinha (DeMaria & Duarte, 1997; DeMaria et al., 1999) e do milho 
na safra normal (Cruz,1999). 
A incorporação de corretivos e, esporadicamente, de fertilizantes a menores 
profundidades, com a grade aradora, associada à existência de uma camada 
compactada logo abaixo, vai estimular o sistema radicular das culturas a 
permanecer na parte superficial do solo. A planta passa a explorar, portanto, menor 
volume de solo e fica mais vulnerável a veranicos que porventura ocorram durante 
o ciclo da cultura, podendo causar prejuízos ao agricultor (Castro, 1989, DeMaria et 
al., 1999). 
Devido a dificuldades técnicas encontradas no uso dos arados de aiveca, fabricados no País, 
para tração mecânica, os mesmos vinham sendo mais utilizados para tração animal. 
Entretanto, nos últimos anos, alguns fabricantes começaram a se interessar por este tipo de 
arado, e com isso alguns modelos tem sido disponibilizado no mercado, no sentido de melhorar 
a resistência dos materiais utilizados neste arado, mecanismos de segurança contra quebra 
dos mesmos e também, a largura de trabalho, para colocá-lo apto à tração mecânica nestas 
regiões. 
Na década de 90, o arado escarificador, disponibilizado para agricultura brasileira 
compõe mais um sistema conservacionista, de manejo do solo. 
Basicamente, estes três tipos de arados têm as seguintes características: 
 Arado de disco: é recomendados para solos duros, com raízes e pedras, 
solos pegajosos abrasivos e solo turfosos. 
 Arado de aiveca: promove incorporação de resíduo e boa pulverização do 
solo, sob condições ideais. Apresenta diferentes tipos de aiveca de acordo 
com o tipo de solo. 
 Arado escarificador: aumenta a rugosidade do solo, deixando uma 
apreciável quantidade de cobertura morta e também quebra a estrutura do 
solo a uma profundidade de 20 a 25 cm. Com estas três características, este 
sistema aumenta a capacidade de infiltração de água no solo, diminui a 
evaporação e quebra a camada compactada, abaixo da área de preparo de 
solo, denominada "pé de arado". 
As enxadas rotativas, como uma outra alternativa de manejo do solo, apresentam uma 
característica de preparo bastante conhecida: pulverização do solo. 
Apresenta possibilidade de regulagens, tanto na rotação das enxadas, como também no 
tamanho de torrão que se quer obter. Tem seu uso bastante aconselhado para os trabalhos em 
horticultura, devido às exigências do plantio, onde as sementes

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