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2 Patologia - Lesões irreversíveis

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FUNÇÃO E DISFUNÇÃO I – PATOLOGIA 
 
 
1. Alterações celulares irreversíveis 
 
a) Lesão Celular 
A lesão celular é decorrente de um intenso processo de estresse com o qual a célula não é capaz de 
lidar ou quando elas são expostas a agentes perniciosos. A lesão pode cursar por um estágio 
reversível até culminar na morte celular, caracterizada pela completa inativação da célula. 
Se os limites da resposta de adaptação celular são excedidos entra-se no estágio de lesão celular que 
inicialmente é reversível, basta remover o estímulo nocivo que a célula volta ao normal, mas se o 
estímulo persistir ou for severo a célula atinge um “ponto de não retorno” e sofre lesão celular 
irreversível que vai culminar em morte celular. 
 
Lesão celular irreversível: quadro causado pela progressão do dano, em que a lesão se torna 
irreversível e a célula não apresenta mais meios de se recuperar. Em outras palavras, lesão celular 
irreversível significa a morte celular. 
 
Neoplasia: A neoplasia (crescimento novo) é o termo que designa alterações celulares que acarretam 
um crescimento exagerado destas células, ou seja, proliferação celular anormal, sem controle e 
autonomia, na qual reduzem ou perdem a capacidade de se diferenciar, em consequência de 
mudanças nos genes que regulam o crescimento e a diferenciação celulares. Depois de instalada a 
metaplasia, passa-se a desenvolver um tecido neoplásico acima desta camada metaplásica. A 
neoplasia, portanto, é um processo irreversível caracterizado por desenvolver carcinomas na região 
lesada. 
 
 
b) Mecanismos das lesões celulares 
Os mecanismos bioquímicos responsáveis pelas lesões celulares são complexos. Entretanto, existem 
vários princípios que são relevantes na maioria das lesões celulares: 
− A resposta celular a estímulos nocivos depende do tipo da lesão, sua duração e gravidade. 
− As consequências da lesão celular dependem do tipo, estado e grau de adaptação da célula 
danificada. O estado nutricional e hormonal e suas necessidades metabólicas são 
importantes na resposta às lesões. 
− A lesão celular resulta de anormalidades funcionais e bioquímicas em um ou mais 
componentes essenciais. 
 
• Diminuição do ATP: a diminuição do ATP e a redução de sua síntese estão frequentemente 
associadas a lesões hipóxicas e químicas (tóxicas). Esta diminuição é extremamente maléfica 
à célula, uma vez que o ATP é necessário para vários processos sintéticos e de degradação na 
célula. A redução do ATP a menor que 5% a 10% dos níveis normais, têm efeitos 
disseminados em muitos sistemas celulares críticos. 
− A atividade da bomba de sódio-potássio da membrana plasmática dependente de energia 
está reduzida. Uma falha nesse sistema causa acúmulo intracelular de sódio e perda de 
potássio da célula, este sódio intracelular atrai a água do líquido intersticial, gerando edema 
celular e dilatação do retículo endoplasmático. 
− Se o suprimento de oxigênio para a célula é reduzido, a fosforilação oxidativa fica 
dependente da Glicólise anaeróbia para a produção de energia, esta glicólise resulta, além de 
uma redução brusca dos depósitos de glicogênio, em um acúmulo de ácido lático e fosfato 
inorgânicos, reduzindo o pH intracelular, resultando na diminuição da atividade de muitas 
enzimas, além da condensação da cromatina. 
− A deficiência da bomba de CA²⁺, resulta no influxo de cálcio, o qual, em excesso, passa a 
exercer efeito deletério para vários componentes celulares. 
− Com a diminuição prolongada do ATP, ocorre uma ruptura estrutural dos mecanismos de 
síntese proteica manifestada pelo deslocamento dos ribossomos do retículo endoplasmático 
rugoso e dissociação dos polissomos em monossomos. Finalmente, ocorre um dano 
irreversível às membranas mitocondriais e lisossomiais, levando a necrose celular. 
 
• Dano mitocondrial: as mitocôndrias podem ser danificadas pelo aumento do Ca²⁺ no citosol, 
pelo estresse oxidativo, pela degradação dos fosfolipídeos, e pelos produtos de degradação 
dos lipídeos derivados dessas reações, tais como os ácidos graxos livres e a ceramida. A lesão 
mitocondrial geralmente causa a formação de um canal de alta condutância, chamado poro 
de transição de permeabilidade mitocondrial, na membrana mitocondrial interna. O dano 
mitocondrial ainda pode estar associado ao extravasamento do Citocromo C (componente da 
cadeia respiratória) no citosol. 
• Fluxo intracelular de cálcio e perda da homeostasia do cálcio: a isquemia e certas toxinas 
causam um aumento inicial da concentração de cálcio no citosol devido ao influxo de CA²⁺ 
através da membrana plasmática e liberação do CA²⁺ das mitocôndrias e do re@culo 
endoplasmático. Esse aumento intracelular de CA²⁺, por sua vez, aAva várias enzimas que 
possuem efeitos celulares deletérios em potencial: ATPases (reduzindo ainda mais os níveis 
de ATP), fosfolipases e as endonucleases. O aumento de níveis intracelulares de CA²⁺ 
também causa um aumento na permeabilidade mitocondrial e induz a apoptose. 
• Acúmulo de radicais livres derivados do oxigênio: as células geram energia reduzindo o 
oxigênio molecular em água, durante este processo, pequenas quantidades de formas 
reativas do oxigênio parcialmente reduzidas são produzidas como um produto não desejado 
da respiração mitocondrial, algumas dessas formas são radicais livres que danificam os 
lipídeos, as proteínas e os ácidos nucleicos, elas são chamadas de espécies reativas de 
oxigênio. Um desequilíbrio entre os sistemas de geração e eliminação de radicais livres 
causam um estresse oxidativo, condição que tem sido associada com a lesão celular vista em 
muitas condições patológicas. Os efeitos dessas espécies reativas são amplos, mas três 
reações são particularmente relevantes para a lesão celular: 
 - Peroxidação lipídica das membranas; 
 - Modificação oxidativa das proteínas; 
 - Lesões no DNA. 
• Defeitos na permeabilidade da membrana: o dano à membrana pode afetar a mitocôndria, 
a membrana plasmática e outras membranas celulares. Nas células isquêmicas, os defeitos 
nas membranas podem resultar de uma série de eventos envolvendo a diminuição de ATP e 
a ativação das fosfolipases modulada pelo cálcio. 
 
c) Tipos de lesões celulares irreversíveis / letais 
Entre as lesões irreversíveis, podemos destacar três que acometem o núcleo celular, o que de forma 
indireta, interfere na maquinaria biológica da célula: 
• Picnose celular: condensação generalizada do núcleo, o qual passa a apresentar um aspecto 
puntiforme. Além do encolhimento do núcleo, percebe-se um aumento da basofilia da 
cromatina. 
• Cariorrexia: fragmentação do núcleo e do material genético. 
• Cariólise: dissolução do material genético, fazendo com que o núcleo apresente um aspecto 
pálido. É caracterizada por uma diminuição da basofilia da cromatina, alteração que 
possivelmente reflete a atividade da DNAse. 
 
 
d) Morte celular 
Células que sofrem lesões irreversíveis invariavelmente sofrem alterações morfológicas que são 
reconhecidas como morte celular. Existem dois tipos de morte celular, a necrose e a apoptose, que 
diferem quanto a sua morfologia, mecanismos e papéis que desempenham nas doenças e fisiologia. 
 
• Apoptose: via de morte celular que é induzida por um programa intracelular altamente 
regulado, no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas que degradam seu DNA 
nuclear e as proteínas citoplasmáticas. A apoptose, diferentemente da necrose, é causada 
por fatores internos, caracterizados por uma auto programação de destruição celular, não 
causa inflamação. 
• Necrose: é sempre um processo patológico, ocorre quando o dano às membranas é muito 
severo, de modo que as enzimas lisossômicas entram no citoplasma,digerem a célula e os 
componentes externos extravasam. Um tecido necrosado se restringe a apenas uma área de 
necrose contida em um organismo vivo. É caracterizada ainda por causar inflamação no 
tecido circunjacente. A necrose é sempre causada por um fator externo e patológico, como 
uma isquemia, por exemplo. A massa de célula em necrose pode apresentar diversos 
padrões morfológicos: 
- Necrose coagulativa: acontece principalmente em órgão parenquimatosos, implica a preservação 
do contorno básico da célula por pelo menos alguns dias. Os tecidos afetados apresentam uma 
textura firme, de modo que as células que o compõem apresentam uma delimitação visível, uma vez 
que suas proteínas estruturais não sofrem ação de hidrolases. Ex: no infarto agudo do miocárdio, as 
células acidófilas, coaguladas, sem núcleo, podem persistir por semanas. 
- Necrose liquefativa: neste tipo de necrose, independente da patogenia, a liquefação digere 
completamente as células mortas. O resultado final é a transformação do tecido em uma massa 
viscosa de odor e cor característica. Se o processo for iniciado por uma inflamação aguda, o material 
geralmente é um amarelo cremoso devido à presença de leucócitos mortos, sendo chamado de pus. 
Ex: é comum este tipo de necrose em infecções bacterianas focais ou fúngicas; por razões 
desconhecidas, a morte de células nervosas levam a este tipo de necrose. Abscessos cheios de 
secreção purulenta é exemplo de necrose liquefativa. 
- Necrose caseosa: é uma forma distinta de necrose coagulativa, encontrada mais frequentemente 
em focos de tuberculose. O termo caseose é derivado da aparência macroscópica semelhante a 
queijo branco da área de necrose. Ao contrario da necrose coagulativa, a arquitetura está 
completamente destruída. 
- Esteatonecrose (necrose gordurosa): descreve áreas de destruição de gordura que ocorre 
tipicamente como resultado da liberação de lipases pancreáticas ativadas no parênquima 
pancreático e na cavidade peritoneal. Os ácidos graxos liberados se combinam com o cálcio e 
produzem áreas brancas visíveis (saponificação). 
- Necrose gangrenosa: é causada por uma isquemia periférica e acomete, na maioria das vezes, os 
membros. A gangrena apresenta um odor forte e característico, pois na região necrosada se 
desenvolvem bactérias Clostridium perfringens. Existem dois tipos de gangrena, a gangrena úmida 
(ocorre quando a necrose de coagulação é modificada pela ação de liquefação das bactérias e os 
leucócitos são atraídos para a região) e a gangrena seca (ocorrem quando predominam os 
fenômenos coagulativos).

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