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Direito de familia

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DIREITO DAS FAMÍLIAS
	O presente trabalho não visa esgotar a análise do tema, mas, unicamente, auxiliar e direcionar os alunos em seus estudos, facilitando a compreensão da matéria.
I - INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS FAMÍLIAS
1 – Previsão Legal: Constituição da República – arts. 226 e 227
 Código Civil brasileiro – arts. 1511 a 1783
 Lei 5.478/68 – Lei de Alimentos
 Lei 6.515/77 – Lei do Divórcio
 Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente
 Lei 9.278/96 – Lei da União Estável
 Lei 11.804/2008 – Lei dos Alimentos Gravídicos
 Lei 12.010/2009 – Lei da Adoção
 Lei 12.318/2010 – Lei da Alienação Parental
 
2 – Conceito
Em 1916, quando entrou em vigor o Código Civil revogado, Clóvis Beviláqua definiu o Direito de Família como “um complexo de normas e princípios que regulam o casamento, as relações entre pais e filhos, o vínculo de parentesco e os institutos da tutela, curatela e ausência”.
Com a promulgação da nova Carta Cidadã de 1988, que traçou os novos rumos da República Federativa do Brasil, e com o posterior advento do Código Civil de 2002, o Direito de Família ganhou amplitude passando a ser conceituado, segundo Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves, como “um conjunto de normas e princípios que regulam as relações decorrentes do vínculo afetivo, mesmo sem casamento, tendentes à promoção da personalidade humana, bem como seus efeitos pessoais, patrimoniais e assistenciais”. 
Através do Livro IV do Código Civil, arts. 1.511 a 1.783, verificamos que o Direito das Famílias brasileiro regulamenta o casamento (celebração, validade, dissolução), a união estável e as relações recíprocas de natureza pessoal e patrimonial entre cônjuges ou companheiros, pais e filhos e parentes, abrangendo, também, os institutos da tutela e curatela, por serem entre si conexos. 
3 – Estrutura do Direito das Famílias (Divisão tópica)
Tem o Direito das Famílias as seguintes divisões: 
a) direito matrimonial (casamento); 
b) direito convivencial (união estável, união homoafetiva e demais entidades familiares decorrentes do vínculo afetivo); 
c) direito parental (parentesco, filiação, adoção, poder familiar); 
d) direito assistencial (alimentos, guarda, tutela e curatela). 
4 – Objeto de estudo do Direito das Famílias 
Será definido de acordo com o significado ou a acepção atribuída à expressão família.
Numa acepção amplíssima, abrange todas as pessoas que estejam ligadas pelo vínculo afetivo, bem como os parentes por consagüinidade e afinidade. Porém, há doutrinadores que incluem, inclusive, terceiros agregados como se fosse também da família, como os empregados domésticos (art. 1.412, § 2º, CC) ou que vivam às expensas de uma determinada família (ex.filho de criação), conforme anota Dimas Messias de Carvalho. 
Na acepção ampla, família abrange os cônjuges, os companheiros, os parentes na linha reta e na colateral até o quatro grau e os afins (parentes do cônjuge ou companheiro) na linha reta e na colateral até o segundo grau (art. 1.591/1595 CC). 
Já na acepção restrita, considera-se como família apenas os cônjuges, companheiros ou demais pessoas unidas afetivamente e sua prole, ou ainda genitores solteiros e seus filhos (arts. 1.511, 1.513, 1.567, 1.716 e 1.723, CC e 226, § 3º da CF). 
5 – Espécies de Famílias
Assim, pelo que acima vimos e também face ao disposto no artigo 226 e seguintes da Constituição Federal, podemos considerar, hoje, as seguintes espécies de famílias, de livre escolha da parte interessada, sem intervenção do Estado: 
a) família matrimonial, advinda do casamento; 
b) família convivencial: união decorrente de vínculo afetivo (ex. União estável, união homoafetiva, etc)
c) família monoparental: formada por um dos genitores e seus descendentes; 
d) família adotiva: constituída pelo vínculo de adoção; 
e) família substituta: quando um terceiro, parente ou não do menor, fica com sua guarda ou tutela (art. 28 do ECA); 
f) família homoafetiva: formada por pessoas do mesmo sexo; 
g) família recomposta, pluriparental ou mosaico: formada pela reunião de dois núcleos monoparentais ou pela união de um cônjuge ou companheiro(a) a um núcleo monoparental (Ex: O homem que se une a uma mulher solteira/divorciada que já possua filhos); 
h) família simultânea: formada por relações familiares concomitantes, em que um componente pertence a ambos núcleos familiares (Ex: concubinato adulterino);
i) família anaparental: constituída sem a presença de alguém que ocupe a posição de ascendente – ana equivale a carência, parental relativo a pais. (Ex: coabitação convivencial de irmãos). 
Com relação à família homoafetiva, recentemente, o Supremo Tribunal Federal ao julgar a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 4277 e a ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental) 132 reconheceu-a como entidade familiar a ensejar a proteção do Estado. Entretanto, caberá ao Congresso Nacional regulamentar a nova entidade familiar. Enquanto não se edita lei nesse sentido, os juízes, desembargadores e ministros deverão aplicar, por analogia, a Lei 9.278/96 que disciplina a união estável para os casos em que exista união entre casais homossexuais. 
Sobre o tema, ainda cumpre destacar que o artigo 226 da Constituição Federal é meramente exemplificativo, admitindo, portanto, outras formas de constituição de família, além da família matrimonial.
6 - Princípios do Direito das Famílias
	Os princípios são o alicerce, a base do Direito das Famílias. Todo o ordenamento jurídico que disciplina e regulamenta o Direito das Famílias deve ser interpretado e integrado de acordo com os princípios constitucionais, já que possuem força normativa (Ronald Dworkin, Robert Alexy e Luis Roberto Barroso).
6.1 - Princípio do Pluralismo familiar (art. 226, caput, CF)
	Conforme já mencionado ao estudarmos as diversas espécies de família, a entidade familiar atual não é apenas a que advém do casamento, como previam todas as demais Constituições que antecederam a vigente, mas sim todas aquelas que se formarem em razão do afeto existente entre seus membros. Como exemplos, temos a família matrimonial, convivencial, monoparental, anaparental, homoafetiva, dentre outras que surgirem baseadas na afetividade. 
6.2 - Princípio da igualdade jurídica entre o homem e a mulher (arts. 5º,I e 226, CF)
	A Constituição de 1988, em seu artigo 226, § 5º, sepultou, de vez, a família patriarcal, através da qual o homem mandava e a mulher apenas cumpria as ordens do marido. Aliás, a mulher, antes do Estatuto da Mulher casada (Lei 4.121/62) com o casamento se tornava praticamente irresponsável pelos seus atos, eis que para tudo dependia da autorização do marido. Com a Lei 4.121/62 a mulher passou a ser colaboradora do marido, ou seja, na verdade passa a ser semi-responsável pelos seus atos. Somente com a Constituição de 1988 que acabou a discriminação, igualando os direitos e deveres entre os cônjuges ou conviventes. Vale ressaltar que, antes da atual Constituição, o marido podia propor ação de anulação de casamento, em razão do desvirginamento da mulher antes do matrimônio, o que, atualmente, por questões óbvias não é mais possível. 
	Aliás, o Código Civil atual corrigiu, com a mudança de nome, o equívoco que persistia mesmo depois do advento da atual Constituição brasileira, ao falar, corretamente, em poder familiar, em vez de pátrio poder, que era restrito apenas ao pai. Na verdade, ambos os pais são responsáveis pela guarda, criação, educação dos filhos e qualquer divergência deverá ser solucionada judicialmente. 
6.3 - Princípio da igualdade entre filhos (art. 227, § 6º, CF)
	Pelo artigo 227, § 6º da Constituição Federal, “os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou poradoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. Portanto, a Constituição Republicana de 1988 também sepultou, para sempre, os rótulos que estigmatizavam os filhos de bastardos ou adulterinos. Na verdade, encerrada restou a fase hipócrita do direito de família, através da qual o filho era o único responsável pelos atos do pai. De ressaltar-se que sequer podia, até então, o filho ajuizar ação investigatória de paternidade, se o suposto pai fosse casado. Privilegiava-se a instituição casamento em detrimento do filho, que ficava sem pai, enquanto seu genitor fosse casado. Tal princípio concretiza a própria dignidade da pessoa humana.
6.4 - Princípio da liberdade (art. 226, § 7º, CF e art. 1513, CC)
	Ditado pelo art. 226, § 7º da Constituição e realçado pelo artigo 1.513 do Código Civil, ao vedar qualquer forma de imposição ou restrição na constituição da família. Assim, além de escolher qual família pretende constituir, o planejamento familiar (art. 1.565) é também de livre escolha do casal, que, ainda, salvo nos casos de separação obrigatória, poderá optar pelo regime de bens que melhor lhe aprouver (art. 1.639), bem como tem livre escolha na aquisição e administração do patrimônio familiar (art. 1.642 e 1.643) e poderá optar pelo modelo de formação educacional, cultural e religiosa dos filhos (art.1.634), sem qualquer interferência estatal. No entanto, é importante destacar que o planejamento familiar é livre, mas o exercício da paternidade deve ser responsável.
6.5 - Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana (art.226, § 7º, CF) 
	Previsto, de maneira genérica, no artigo 1º, III, da Constituição Federal e, especificamente no Direito das Famílias, no art. 226, § 7º da Carta Republicana de 1988. A família, na contemporaneidade, organiza-se sob as bases do princípio da dignidade da pessoa humana, muito embora “esta noção tenha se tornado princípio expresso somente com a Constituição da República de 1988”. A dignidade, como principio ético, orienta e pressupõe vários outros princípios, vez que atrelada à noção de direitos humanos. Segundo José Afonso da Silva, “[...] a dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atribui o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida [...]”. Considerando que a família deve se pautar no respeito à dignidade humuna, o meio familiar deve proporcionar um ambiente para o crescimento e desenvolvimento de seus membros, garantindo a felicidade de todos (eudemonismo).
6.6 – Princípio da Dissolubilidade do casamento (art. 226, § 6º, CF)
	Com a Emenda Constitucional nº 66 de 2010, que alterou o parágrafo 6º do artigo 226 da Constituição Federal, passou a ser possível a dissolução do casamento por meio do Divórcio sem a exigência de qualquer prazo ou condição para sua decretação. Cabe esclarecer que a dissolubilidade do matrimônio, em vida, somente tornou-se viável no Brasil em 1977 com o advento da Lei 6.515. Antes, somente era possível a dissolução da sociedade conjugal, sendo o vínculo mantido até que a morte de um dos cônjuges o rompesse.
7 - Natureza do Direito das Famílias
Temos que analisar dois dispositivos legais para concluirmos qual a natureza jurídica do Direito das Famílias, se de direito público ou direito privado. O primeiro, artigo 226 da Constituição Federal, dispõe que a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Porém, o artigo 1.513 do Código Civil aduz que é defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. É a consagração do princípio da liberdade, acima mencionado. 
Entretanto e apesar da forte proteção do Estado, o direito das famílias é ramo do direito civil. Portanto, direito privado, não obstante a maioria de suas normas serem cogentes ou de ordem pública. Assim, pelo princípio da liberdade, podemos escolher a forma de família que queremos constituir; podemos adotar filhos, escolher o regime de bens que regerá o casamento, etc. No entanto, após a escolha, nos submeteremos às normas cogentes, de interesse público, que, na verdade, são mais deveres, do que direito, como acontece, por exemplo, com o poder familiar. 
É também o direito das famílias personalíssimo. Portanto, intransferível, intransmissível por herança e irrenunciável. Ninguém pode transferir ou renunciar sua condição de marido ou de filho, por exemplo. 
8 - Evolução do Direito das Famílias
Família Pré Constituição de 1988
Família hierarquizada – O homem era o chefe da família, sendo que a mulher e filhos eram inteiramente submissos à vontade e às decisões do marido/pai.
Família Patriarcal – Devido à grande influência do Direito romano, o ordenamento jurídico brasileiro conferia ao homem/patriarca todos os poderes para gerir a família. Conforme já dito, o marido/pai era a autoridade da família, o que justificava, inclusive, o exercício exclusivo do antigo pátrio poder.
Família Matrimonializada – Só se considerava família aquelas decorrentes do vínculo matrimonial. Neste sentido, “SÓ O CASAMENTO INSTITUÍA FAMÍLIA”. Qualquer outra união não gozava de amparo jurídico.
Família Patrimonializada - O casamento decorria de interesses dos pais dos noivos. Visava-se manter o patrimônio entre aquelas famílias. Vigorava o “ TER EM DETRIMENTO DO SER”. A título de curiosidade, não era possível o reconhecimento do filho fora do casamento, exatamente porque isso afetaria o patrimônio da família.
Família Pós Constituição de 1988
Igualdade entre cônjuges – A família deixa de ser hierarquizada e patriarcal. Os cônjuges passam a exercer o poder familiar (antigo pátrio poder) conjuntamente, bem como passam a administrar a sociedade conjugal em conjunto e solidariamente. Antes mesmo da entrada em vigor da nova Carta Magna, o legislador ordinário, através da Lei do Divórcio – Lei nº 6.515/77, conferiu à mulher a possibilidade de não mais adotar o sobrenome do marido, o que antes não era possível, já que se tratava de uma obrigação.
Prevalência do melhor interesse do Menor – Não mais prevalece a vontade do chefe da família, nem da mãe ou parentes, mas sim o melhor interesse do menor. A defesa de tais interesses encontra-se disciplinada no Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90. Havendo discordância entre os pais quanto ao exercício do poder familiar, caberá ao juiz a solução da questão.
Igualdade entre filhos – A nova Constituição trouxe a igualdade entre filhos havidos do casamento ou fora deste, bem como os filhos adotivos. Conferiu aos filhos, antes denominados adulterinos ou ilegítimos, o direito ao reconhecimento à paternidade, além de todos os direitos inerentes a tal relação de parentesco. Os filhos bilaterais e unilaterais recebem o mesmo amparo jurídico, sendo vedada qualquer distinção.
Pluralidade de entidades familiares – A família deixa de ser matrimonializada, passando a ser possível a constituição de outras entidades familiares, baseadas, unicamente, no afeto entre seus integrantes. Como já mencionado, o rol estabelecido no art. 226 da CF é meramente exemplificativo, permitindo o surgimento de variadas famílias.
Liberdade dos indivíduos – Após a Carta republicana de 1988, passou a vigorar entre os indivíduos a liberdade de escolha quanto às relações familiares. Antes somente era possível a constituição da família matrimonial e por questões de costumes, aos pais cabia a escolha dos futuros cônjuges de seus filhos. Atualmente, cabe a cada pessoa a escolha da família que pretende constituir, da pessoa com quem quer se relacionar, do regime de bens que acha conveniente para si, dentre outras.
Família Eudemonista – O ambiente familiar deve ser o meio para se proporcionar o crescimento e o desenvolvimento livre de cada membro da família e para se garantir a busca da felicidade individual. Não havendo mais afeto, certamente o ambiente familiar deixa de propiciar a felicidade de seus membros, justificando a possibilidade da dissoluçãoda mesma, o que antes não era possível. 
9 – Elementos comuns a qualquer entidade familiar 
 1) Afetividade entre seus membros;
 2) Estabilidade;
 3) Publicidade ou ostensividade.
	Neste sentido, para que seja possível identificar uma entidade familiar, deve-se sempre observar a presença simultânea destes três elementos.
II - DIREITO MATRIMONIAL
1 – Previsão legal
	O Direito matrimonial, no qual se estuda o casamento, encontra-se previsto nos artigos 1511 a 1590 do Código Civil brasileiro.
2 – Noções Gerais sobre o Casamento
2.1 - Conceito de casamento
	
O casamento é a relação jurídica solene existente entre pessoas de sexos diferentes com a finalidade de constituir família pela comunhão plena de vida. 
2.2. Características do casamento
a) Liberdade na escolha do nubente: o Código Civil exige apenas a diversidade de sexos, para que exista a instituição casamento. A interferência da família não passa de conselhos, orientações, posto que a escolha do nubente será exclusiva da parte interessada em se casar; 
b) Solenidade do ato nupcial: o casamento exige celebração em consonância com a lei. A formalidade é que o distingue da união estável; 
c) Leis de ordem pública: uma vez manifestada a vontade em casar, aos recém-casados já passa a incidir as normas cogentes previstas no diploma civil; 
d) Dissolubilidade do vínculo matrimonial: com a Lei nº 6.515/77, o vínculo matrimonial passou a ser dissolúvel, por uma única vez. Após a Constituição Federal de 1988, não há mais limitação de vezes para o divórcio. Inclusive, atualmente, em razão da recente Emenda Constitucional 66/2010, que alterou a parte final do art. 226, § 6º da Carta Magna, para a decretação do divórcio inexiste qualquer condição ou prazo, bastando o requerimento judicial do cônjuge interessado. 
e) União exclusiva: a fidelidade conjugal é exigida pelo art. 1.566, I, do CC. Portanto é um dos deveres do casamento. A descriminalização do adultério (art. 240 do CP) terá reflexo apenas na área criminal. O adultério deixou de ser crime e considerando a EC nº 66/10, não há mais que se falar em culpa na separação.
f) Diversidade de Sexos: Conforme acima mencionado, para que seja possível o casamento é indispensável a diversidade de sexos dos nubentes.
OBS: O transexual que realizar a cirurgia de mudança de sexo poderá casar. Não confundir homossexual com transexual. O homossexual está satisfeito com o seu sexo. Transexual se sente no corpo errado, buscando a cirurgia de mudança de sexo. Esta cirurgia não precisa mais de autorização judicial desde 1997 com a resolução do Conselho Federal de Medicina 1652/02 que revogou a de 1997. Há uma portaria recente do SUS que diz que se a pessoa não tem como pagar a cirurgia, o Estado deverá bancar a mesma. Para esta cirurgia, o paciente passa por um tratamento de dois anos, para averiguar se é mesmo transexual, com psicólogos e demais especialistas. Depois da cirurgia, procura o Judiciário para mudança do prenome e mudança do sexo na sua certidão civil de nascimento. 
Existe duas correntes doutrinárias que discutem a polêmica questão.
1ª Corrente - Conservadora: não autoriza a alteração do prenome e sexo no registro civil por impossibilidade jurídica do pedido – minoritária atualmente. Para esta corrente seria impossível o casamento de transexual. 
2ª Corrente – Liberal: entende que poderá haver a alteração do prenome e do sexo no registro de nascimento, já que o sexo faz parte da intimidade do indivíduo, que constitui direito da personalidade (Julgado do TJRS). Neste sentido, seria perfeitamente possível o casamento de transexual. 
	Outra questão que gerou grande discussão no meio jurídico foi a exigência ou não de averbação na certidão de nascimento para os casos de modificação de pré-nome e sexo. 
Algumas decisões decidiram colocar no sexo o termo transexual, ainda não podendo casar (geneticamente não é do sexo feminino). Não poderia prejudicar terceiros que poderiam casar sem saber a real situação da pessoa, colocando em risco terceiro de boa fé. Essa mudança tem reflexos na sociedade. Poderá concorrer para concurso da polícia militar, tendo mais privilégios nas provas físicas.
Decisão mais acertada, segundo o doutrinador Walsir Rodrigues Junior, colocou no registro “mudança de prenome e de sexo autorizada pela justiça”. Tal medida evitará que pessoas sejam enganadas, protegendo terceiros de boa-fé. Pedidos devem ser encaminhados para a Vara de Família, pois apesar da mudança de nome ser competência da Vara de Registros Públicos, se o pedido envolver também a mudança de sexo diz respeito ao estado da pessoa levando a competência para a Vara de Família.
O Superior Tribunal de Justiça – STJ estando diante de tal questão, já julgou pela devida averbação e pela sua desnecessidade, em julgados totalmente divergentes, vejamos:
ALTERAÇÃO. PRENOME. DESIGNATIVO. SEXO.
O recorrente autor, na inicial, pretende alterar o assento do seu registro de nascimento civil, para mudar seu prenome, bem como modificar o designativo de seu sexo, atualmente constante como masculino, para feminino, aduzindo como causa de pedir o fato de ser transexual, tendo realizado cirurgia de transgenitalização. Acrescenta que a aparência de mulher, por contrastar com o nome e o registro de homem, causa-lhe diversos transtornos e dissabores sociais, além de abalos emocionais e existenciais. Assim, a Turma entendeu que, tendo o recorrente se submetido à cirurgia de redesignação sexual nos termos do acórdão recorrido, existindo, portanto, motivo apto a ensejar a alteração do sexo indicado no registro civil, a fim de que os assentos sejam capazes de cumprir sua verdadeira função, qual seja, a de dar publicidade aos fatos relevantes da vida social do indivíduo, deve ser alterado seu assento de nascimento para que nele conste o sexo feminino, pelo qual é socialmente reconhecido. Determinou, ainda, que das certidões do registro público competente não conste que a referida alteração é oriunda de decisão judicial, tampouco que ocorreu por motivo de redesignação sexual de transexual. REsp 1.008.398-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/10/2009.
REGISTRO CIVIL. RETIFICAÇÃO. MUDANÇA. SEXO.
A questão posta no REsp cinge-se à discussão sobre a possibilidade de retificar registro civil no que concerne a prenome e a sexo, tendo em vista a realização de cirurgia de transgenitalização. A Turma entendeu que, no caso, o transexual operado, conforme laudo médico anexado aos autos, convicto de pertencer ao sexo feminino, portando-se e vestindo-se como tal, fica exposto a situações vexatórias ao ser chamado em público pelo nome masculino, visto que a intervenção cirúrgica, por si só, não é capaz de evitar constrangimentos. Assim, acentuou que a interpretação conjugada dos arts. 55 e 58 da Lei de Registros Públicos confere amparo legal para que o recorrente obtenha autorização judicial a fim de alterar seu prenome, substituindo-o pelo apelido público e notório pelo qual é conhecido no meio em que vive, ou seja, o pretendido nome feminino. Ressaltou-se que não entender juridicamente possível o pedido formulado na exordial, como fez o Tribunal a quo, significa postergar o exercício do direito à identidade pessoal e subtrair do indivíduo a prerrogativa de adequar o registro do sexo à sua nova condição física, impedindo, assim, a sua integração na sociedade. Afirmou-se que se deter o julgador a uma codificação generalista, padronizada, implica retirar-lhe a possibilidade de dirimir a controvérsia de forma satisfatória e justa, condicionando-a a uma atuação judicante que não se apresenta como correta para promover a solução do caso concreto, quando indubitável que, mesmo inexistente um expresso preceito legal sobre ele, há que suprir as lacunas por meio dos processos de integração normativa, pois, atuando o juiz supplendi causa, deve adotar a decisão que melhor se coadune com valoresmaiores do ordenamento jurídico, tais como a dignidade das pessoas. Nesse contexto, tendo em vista os direitos e garantias fundamentais expressos da Constituição de 1988, especialmente os princípios da personalidade e da dignidade da pessoa humana, e levando-se em consideração o disposto nos arts. 4º e 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, decidiu-se autorizar a mudança de sexo de masculino para feminino, que consta do registro de nascimento, adequando-se documentos, logo facilitando a inserção social e profissional. Destacou-se que os documentos públicos devem ser fiéis aos fatos da vida, além do que deve haver segurança nos registros públicos. Dessa forma, no livro cartorário, à margem do registro das retificações de prenome e de sexo do requerente, deve ficar averbado que as modificações feitas decorreram de sentença judicial em ação de retificação de registro civil. Todavia, tal averbação deve constar apenas do livro de registros, não devendo constar, nas certidões do registro público competente, nenhuma referência de que a aludida alteração é oriunda de decisão judicial, tampouco de que ocorreu por motivo de cirurgia de mudança de sexo, evitando, assim, a exposição do recorrente a situações constrangedoras e discriminatórias. REsp 737.993-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/11/2009 (ver Informativo n. 411).
2.3 - Natureza jurídica do casamento
Há três correntes doutrinárias acerca da natureza jurídica do casamento: a contratualista, a institucionalista e a eclética ou mista. 
Corrente contratualista - O casamento como contrato tem origem no direito canônico, que via como fundamental na celebração das núpcias o consentimento dos nubentes. A intervenção do sacerdote, na formação do vínculo matrimonial, era secundária. Essa corrente considera o casamento como contrato civil, regido pelas normas comuns a todos os pactos, e que se aperfeiçoará com o simples consentimento dos nubentes. Entretanto, dentro desta própria corrente, há os que afirmam ser o casamento um contrato especial ou sui generis, posto que tem regras próprias no que tange à capacidade dos contraentes, aos vícios de consentimento e aos efeitos (Walsir Edson Rodrigues Júnior, Tereza Cristina Monteiro Mafra).
Na verdade e face ao disposto no art. 1.535 do Código Civil, os teóricos que vêem o casamento apenas como contrato, entendem que é dispensável a declaração da autoridade celebrante, nos termos do dispositivo legal acima aludido, para que seja efetuado o casamento, já que o que, verdadeiramente, importa é a manifestação de vontade dos nubentes. 
Corrente institucionalista - O casamento é entendido como uma instituição social que advém da vontade das partes. Entretanto, as normas, os efeitos e forma encontram-se preestabelecidos pela lei. Não podem as partes desprezar os ditames legais por vontade própria. Portanto, os nubentes são livres para escolher o seu parceiro, decidir se vai casar ou não. Porém, realizado o matrimônio, já em consonância com o Direito das Famílias, os direitos e deveres dos cônjuges, a forma de resolver a sociedade ou o vínculo conjugal, o poder familiar, após o nascimento do filho, incidem imediatamente e não podem ser derrogados ou modificados pelo casal (Maria Helena Diniz).
Corrente Eclética ou Mista - Diante da liberdade inicial em escolher o casamento, como forma de entidade familiar, o momento próprio para celebração das núpcias, o regime de bens, salvo nos casos em que a separação total é obrigatória, bem como, após a celebração das núpcias, a incidência imediata das leis que regem o Direito das Famílias, surge a doutrina eclética ou mista. Assim, é o casamento para esses teóricos um ato complexo, por ser contrato na formação, ao prevalecer, até então, a vontade dos nubentes, e instituição no conteúdo, com a império da lei. 
2.4 - Princípios do direito matrimonial
Face ao que foi dito até o premente momento, fácil será concluir que os princípios do casamento são:
a) A livre união dos futuros cônjuges: corolário do princípio constitucional da liberdade. Os nubentes é que escolherão quando pretendem celebrar o casamento;
b) A monogamia: adotada pela maioria dos países, eis que entendem que a entrega mútua só é possível no matrimônio monogâmico. O Código Civil no art. 1.521, inciso VI, sustenta tal princípio ao impedir o casamento entre pessoas já casadas. E o artigo 1.548, II, também do Código Civil esclarece que “é nulo o casamento contraído por infringência de impedimento”. O artigo 235 do Código Penal considera a bigamia como crime e é penalizada com a sanção de reclusão, de 2 a 6 anos; 
c) Comunhão indivisa/plena de vida: ditado pelo art. 1.511 do Código Civil, ao estabelecer que “o casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres do cônjuges”. Com a igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges, ditada pela Constituição da República de 1988, tal princípio restou fortalecido. Antes, havia apenas, formalmente, a comunhão plena de vida, já que o marido com suas ordens exclusivas e nem sempre corretas, praticamente anulava a esposa.
3 - Esponsais ou promessa de casamento
Esponsais ou noivado é, na verdade, promessa recíproca e formal que fazem um homem e uma mulher de se casarem futuramente. Portanto, devem assumir esse compromisso duas pessoas, de sexos diferentes, que não estejam impedidas de se casarem. Tem por finalidade possibilitar melhor conhecimento entre os nubentes para que a instituição casamento não seja apenas uma aventura ou uma aposta que poderá dar certo ou não. É, pois, um ato preparatório do matrimônio. 
A dúvida, desde a Lei de Casamento Civil de 1890, do Código Civil de 1916 e do atual, já que tais legislações deixaram de regulamentar o assunto, é se o rompimento de tal promessa de casamento enseja conseqüência jurídica, isto é, permite o ajuizamento da ação indenizatória por perdas e danos. 
Segundo o artigo 187 do Código Civil, que trata da responsabilidade civil aquiliana ou extracontratual em decorrência do abuso do direito, seria possível o ajuizamento da ação de indenização por perdas e danos, desde que presentes todos os seguintes requisitos:
a) Promessa de casamento concretizada diretamente pelos próprios noivos: Era comum, num passado não muito distante, pais assumirem, até mesmo sem a anuência dos filhos, futuros casamentos de suas proles. Neste caso, nenhuma responsabilidade há com relação ao filho, que não fez promessa alguma. Porém, se o fez diretamente e uma vez presentes os demais requisitos adiante aludidos, deverá o nubente arcar com as conseqüências deste ato. Para comprovar a existência de promessa de casamento, todos os meios de provas são admitidos, inclusive prova testemunhal;
b) Recusa de cumprir a promessa esponsalícia: tal requisito pode ser comprovado expressa ou tacitamente. Ex.: o noivo contrai outro noivado ou viaja, por longo período, perdendo contado com a noiva; 
c) Ausência de motivo justo: a recusa, para dar ensejo à indenização, há que ser imotivada ou oca. Os motivos que permitem o noivo desfazer promessa de casamento, sem arcar com indenização alguma, são os oriundos de culpa grave por parte do outro nubente, tais como: erro essencial, infidelidade, sevícia, injúria grave ou abandono, a culpa leve (prodigalidade, condenação por crime desonroso, situação econômica ou social diversa da apresentada, aversão ao trabalho, falta de honestidade etc) ou até mesmo a culpa levíssima (mudança de religião, grave enfermidade, ruína econômica que ponha em risco a estabilidade matrimonial etc) desde que fundamentada; 
d) Existência de dano: na atualidade e uma vez presentes os requisitos anteriores, os danos morais já são suficientes para o ajuizamento da ação indenizatória pelo nubente prejudicado. É admissível que o nubente, com o desfazimento do noivado, tenha depressão, além do constrangimento que tal fato poderá acarretar a ele, perante a comunidade em que vive, dissabor esse que aumenta à medida que se aproxima da datado casamento. Existindo também danos materiais (gastos com o preparo de documentos, preparação da cerimônia, enxoval, perda do emprego, por exigência do noivo etc), nada impede que haja cumulação de pedidos, em uma única ação, na Vara Cível, posto que o Juiz de Família é competente para dirimir apenas questões envolvendo casamento e estado de pessoas. 
Pelo artigo 546 do Código Civil o inadimplemento doloso ou culposo dos esponsais por parte de um dos noivos acarreta também a devolução dos presentes trocados, das cartas e dos retratos, bem como dos presentes recebidos de terceiros em razão do casamento, eis que, “se tiver havido doação feita em contemplação de casamento futuro, só ficará sem efeito se o casamento não se realizar”.
4 – Casamento religioso com efeitos civis
Breve histórico: 
	A Igreja Católica foi detentora quase absoluta dos direitos matrimoniais, no Brasil, durante muito tempo, sendo que era o direito canônico que regia os atos nupciais.
	A imigração de novas culturas para o país e o fortalecimento da República possibilitou a inserção de normas que, a partir da separação dos poderes temporal e espiritual, permitiam a realização de matrimônios acatólicos.
 
	A Constituição de 1891 reconhecia apenas o casamento civil, posicionando o religioso como um interesse da consciência individual. 
	O Código Civil de 1916 tratou o casamento religioso como instituto inexistente juridicamente e a união entre seus participantes como mero concubinato.
	Com a Constituição de 1934, permitiu-se a atribuição de efeitos civis ao casamento religioso, se observadas as prescrições legais. 
	 A Constituição de 1946 manteve a permissão e, em 1950, a Lei 1.110 regulamentou por completo o reconhecimento de efeitos civis ao casamento religioso. 
	Nossa atual Constituição, em seu art. 226, § 1º, diz que o casamento é civil, gratuita sua celebração e que o casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
Previsão legal: Atualmente, a lei que disciplina a matéria é a Lei 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), arts. 71 a 75, combinada com os arts. 1515 e 1516 do Código Civil.
Requisitos: 1) Registro do Casamento religioso no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais;
 2) Habilitação prévia ou posterior à celebração religiosa
 Habilitação prévia: terá 90 dias para a realização da cerimônia religiosa e para registro do casamento. 
 Habilitação posterior: Após a cerimônia religiosa, os nubentes deverão proceder à habilitação e ao registro. Não há prazo para a realização tais procedimentos, entretanto até que se leve à registro, o casamento religioso não produzirá qualquer efeito civil.
Procedimentos para o casamento religioso com efeitos civis
No Brasil, temos como regra que o casamento seja regido pelas leis civis, mas é permitido que o casamento religioso tenha efeitos civis, não havendo distinção entre a modalidade de religião, desde que esta não fira a ordem pública. 
	Habilitados, os nubentes deverão requerer certidão ao oficial, com prazo de validade, para casarem perante autoridade religiosa. O assento do casamento religioso conterá os mesmos requisitos do matrimônio civil e deverá ser assinado pelos noivos, pela autoridade religiosa e por duas testemunhas. Dentro do prazo decadencial de 90 dias (art.1516/CC), o interessado requererá o registro do casamento ao oficial do Registro Civil, tudo conforme os arts. 71 a 75 da Lei dos Registros Públicos.
	Parte da doutrina entende que, se transcorrido o prazo para se requerer o assento no registro civil, não é mais possível emprestar efeitos civis ao casamento, devendo ocorrer novas habilitação e celebração. Quem adere a este posicionamento afirma que o registro é ato essencial, pois sem ele existiria apenas um ato religioso, podendo até mesmo o casado perante a autoridade religiosa vir a contrair casamento civil válido sem estar cometendo crime de bigamia. 
	Por outro lado, há o entendimento recepcionado pelo STF, que será existente o casamento com efeitos civis, desde que feita a devida habilitação prévia. 
	Seguindo o posicionamento da primeira corrente, entendo que, o casamento religioso sem o devido registro civil configura mera união estável, já que o registro tem valor dúplice, é condição de eficácia desse casamento e tem valor de prova.
	 A lei também possibilita a habilitação posterior à celebração religiosa, desde que os nubentes apresentem ao oficial de registro os documentos exigidos e a prova do casamento religioso. Reunida a documentação, os editais serão publicados e, não havendo oposição de impedimentos, será lavrado o devido termo. Tal registro produzirá efeitos que retroagirão à data da celebração do casamento.
	Em uma ou outra modalidade, havendo habilitação prévia ou posterior, não existindo pacto antenupcial, prevalecerá o regime da comunhão parcial de bens. 
Morte do cônjuge antes do Registro da Cerimônia religiosa: O cônjuge sobrevivente terá o estado civil de solteiro e não de viúvo. Ademais, não terá qualquer direito na sucessão do nubente falecido.
Casamento civil do cônjuge com outra pessoa antes do Registro do casamento religioso: Diante de tal hipótese, torna-se impossível o registro, pois passa a existir impedimento matrimonial de vínculo (pessoa casada não pode casar novamente).
OBS: Ato religioso de qualquer credo pode ser levado a registro. Exceto, religiões que admitem a poligamia.
5 - Capacidade para o Casamento
5.1 - Previsão Legal: Arts. 1517 a 1520 do Código Civil brasileiro.
5.2 – Idade Núbil: 16 anos com autorização de ambos os pais ou representantes legais.
5.3 – Divergência entre os pais quanto ao consentimento: Havendo divergência de consentimento entre os pais quanto ao casamento do(a) filho(a), caberá ao juiz de direito decidir o desacordo, nos termos do artigo 1631, parágrafo único do Código Civil.
5.4 – Suprimento judicial de consentimento: Havendo a negativa de ambos genitores ou representantes legais para o casamento do(a) filho(a), do(a) tutelado(a) ou curatelado(a), sem motivo justo, poderá o nubente prejudicado buscar as vias judiciais para que o juiz de direito declare como injusta a denegação do consentimento e a supra, permitindo o matrimônio.
5.5 – Possibilidade de casamento do menor de 16 anos: Conforme já mencionado, a regra no direito brasileiro é a possibilidade do casamento somente do menor que tenha 16 anos com autorização de ambos os pais ou representantes legais (relativamente incapaz). Entretanto, o próprio legislador, no art. 1520 do CC, criou exceções a esta regra. Estabelece o referido dispositivo legal que “Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art.1517), para evitar a imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.” 
Com relação à primeira hipótese, entende-se que a mesma foi revogada, tacitamente, no ano de 2005, em razão da entrada em vigor da Lei 11.106/2005 que revogou, expressamente, os incisos VII e VIII do art. 107 do Código Penal, que estabelecia como causa de extinção da punibilidade o casamento da vítima com seu ofensor. Segundo este entendimento, o casamento nesta hipótese servia apenas para afastar a aplicação da sanção penal. Assim sendo, considerando que o casamento da vítima (menor) com seu ofensor não mais constitui causa extintiva da punibilidade, não há mais motivo para se permitir o casamento do menor que não atingiu a idade núbil. Este é o posicionamento de Maria Berenice Dias e Walsir Edson Rodrigues Júnior. Entretanto, em sentido oposto, defendendo a permanência da referida exceção, temos o entendimento de Maria Helena Diniz. 
Já quanto à segunda hipótese, qual seja, em caso de gravidez, também há discussão. Discute-se se a exceção seria apenas para a mulher menor que estiver grávida ou se alcançaria também o homem menor que tenha sua parceira grávida. A primeira corrente defende que a gravidez é inerente à mulher e consequentementesomente a ela seria destinada a exceção e a permissão para o casamento antes da idade núbil (Maria Berenice Dias). Já a segunda corrente, baseada no princípio constitucional da igualdade, entende que a condição de grávida da mulher estenderia a exceção ao seu parceiro menor, permitindo a este o casamento mesmo antes de completar os 16 anos. 
Em ambas as hipóteses excepcionais para o casamento antes da idade núbil é exigida a autorização judicial, que consistirá no suprimento judicial de idade, garantindo que os menores de 16 anos possam se habilitar e posteriormente casar. 
5.6 – Capacidade Núbil X Capacidade Civil Plena: Não podemos esquecer que a capacidade núbil, ou seja, capacidade para casar, no Brasil difere-se da capacidade civil plena. A primeira, conforme já visto, é atingida aos 16 anos, dependendo de autorização de ambos os pais ou representantes legais. Já a segunda, também denominada capacidade civil de fato, ocorre aos 18 anos, quando o indivíduo passa a exercer todos os atos da vida civil, de forma independente, com aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações.
OBS: Todos os casamentos que dependerem de suprimento judicial terão, obrigatoriamente, como regime patrimonial o Regime da Separação Obrigatória de Bens, segundo dispõe o art. 1641,III do CC.
6 - Impedimentos matrimoniais 
6.1 – Previsão Legal: arts. 1.521 a 1.522 do Código Civil.
6.2 – Proibição para o casamento: O Código Civil, sob o nome de impedimento, proíbe que as pessoas aludidas nos incisos I a VII do artigo 1.521 se casem. É enfático: “não podem casar”. O casamento, se celebrado com infrigência deste dispositivo legal, é considerado nulo, nos termos do art. 1548, II do CC, já que constitui defeitos graves, não passível de convalidação. 
6.3 – Finalidades: Com os impedimentos matrimoniais evita-se uniões que afetem a prole, a ordem moral ou pública (reprime relações incestuosas) e resguarda-se interesses de terceiros, já que o casamento tem conseqüência imediata em toda a sociedade. 
5.4 – Espécies: 
Impedimento de Consangüinidade: (art. 1521, I e IV do CC) 
Existe para evitar núpcias incestuosas e a imoralidade no ambiente familiar, bem como em razões de ordens biológicas ou eugênicas (taras fisiológicas, defeitos psíquicos, malformações somáticas, etc); 
Por estas razões institui o art. 1.521, I, do Código Civil “não podem casar: os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil”. Ex.: não podem contrair matrimônio pai com filha, bisavô e bisneta. De ressaltar-se que na linha reta o impedimento vai até o infinito. Assim, abrange todo e qualquer grau de parentesco da linha reta, advindo ou não do casamento. 
A proibição do matrimônio por consangüinidade abrange os irmãos, unilaterais ou bilaterais e os demais colaterais até o 3º grau (tios e sobrinhos) inclusive (art. 1.521, IV, CC). 
Entretanto, acerca do impedimento entre colaterais de 3º grau, denominado CASAMENTO AVUNCULAR, ressalta-se que, nos termos dos arts. 1º e 3º do Decreto-lei nº 3.200/41, será possível o casamento entre tio(a) e sobrinha(o), desde que dois médicos, nomeados pelo juiz, atestem a sanidade dos requerentes e afirmem não ser inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles e da prole, a realização do casamento (exame pré-nupcial). Assim, através de simples requerimento de jurisdição voluntária, o juiz poderá permitir o casamento entre tios e sobrinhos. Tal Decreto foi recepcionado pelo atual Código Civil, por ser lei especial e face ao disposto no art. 2.043 do Código Civil, que não o revogou expressamente. 
Enunciado 98 do CJF: Art. 1.521, IV, do novo Código Civil: o inc. IV do art. 1.521 do novo Código Civil deve ser interpretado à luz do Decreto-Lei n. 3.200/41 no que se refere à possibilidade de casamento entre colaterais de 3º grau.
b) Impedimento de Afinidade: (art. 1521, II, CC)
Determina o art. 1.521, II, do Código Civil: “Não podem casar os afins em linha reta”. Vínculo de afinidade é o estabelecido em virtude do casamento, entre um dos cônjuges e os parentes do outro. Assim, o pai do cônjuge é parente por afinidade do outro cônjuge (sogro e nora) e o irmão do cônjuge é parente afim do outro cônjuge (cunhado). 
A afinidade só é impedimento matrimonial quando em linha reta. Portanto, não podem se casar sogra e genro, sogro e nora, padrasto e enteada, madrasta e enteado ou qualquer outro descendente do marido (neto, bisneto) nascido de outra união, embora tenha sido dissolvido o casamento que originou a afinidade. É que, pelo artigo 1.595, § 2º do Código Civil, “na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável”. Por conseguinte, não pode o viúvo casar com a mãe ou filha de sua falecida mulher; da mesma forma não pode o filho casar com a mulher de seu pai. 
O impedimento de afinidade extingue-se na linha colateral. Portanto, com o desfazimento do vínculo conjugal não há que se falar mais em cunhadio. Assim, o viúvo poderá casar-se com a irmã de sua finada mulher (ex-cunhada). 
Impedimento de Adoção: (art. 1521, I, III e V do CC)
Pelo artigo 1.521, I, do CC, não podem casar os ascendentes com os descendentes de vínculo ou parentesco civil (art. 1.593, CC). Portanto, o adotante não pode contrair matrimônio com a adotada e vice-versa. Já o artigo 1.521, III, do CC, proíbe o casamento entre o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi cônjuge do adotante, por razões morais. O artigo 1.521, V, proíbe-se casamento do adotado com o filho do adotante, que terá, na família, a posição de irmão do adotado. 
Tal impedimento fica resolvido no de consangüinidade se aplicarmos o artigo 227, § 7º, da Constituição Federal e artigo 1.626, parágrafo único, do Código Civil, que proibe qualquer discriminação entre os filhos. 
 d) Impedimento de vínculo: (art. 1.521, VI, CC)
Deriva do princípio da monogamia. Assim, enquanto não dissolvido o vínculo matrimonial por morte, anulação ou nulidade de casamento ou divórcio, não poderá haver segundo casamento;
Impedimento de crime: (art. 1.521, VII, CC) 
Não podem casar o cônjuge sobrevivente com o condenado como delinqüente no homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Evidentemente que tal dispositivo diz respeito apenas ao homicídio doloso. No culposo não há intenção alguma de matar um consorte para casar com o outro. 
5.5 – Capacidade Núbil X Impedimento Matrimonial: Não há que se confundir incapacidade para casamento com impedimento matrimonial. O impedido de se casar, na maioria dos casos, não é incapaz de contrair casamento. A incapacidade se refere à vontade e à idade núbil (arts. 1.517 a 1.520 CC). Para facilitar a compreensão, trago o exemplo do homem que apesar de possuir a idade núbil, nunca poderá se casar com sua ex-sogra, já que a extinção do vínculo conjugal nunca extinguirá o vínculo de afinidade. Este mesmo homem poderá casar com uma outra mulher, já que tem ele capacidade para tanto. Porém, o menor de 11 (onze) anos não tem aptidão para se casar com pessoa alguma. É incapaz. A incapacidade é geral, enquanto o impedimento circunstancial, isto é, existe apenas nos casos ditados pelo Código Civil. O impedido não tem legitimação para casar-se, embora seja capaz para o matrimônio.
 
5.6 – Legitimidade para opor Impedimentos:
Até o momento da celebração do casamento: art. 1522, caput, CC. Qualquer pessoa capaz tem legitimidade para opor impedimentos matrimoniais. Já o juiz de paz ou oficial do registro, que tiver conhecimento do impedimento, será obrigado a declará-lo. 
Após a celebração do casamento: art. 1549, CC. Visando proteger a entidade familiar já formada, o legislador reduziu o rol de legitimados para opor impedimentos. Após a celebração, somente pessoa interessada e o Ministério Público, representante da sociedade, poderão propor Ação Declaratória de Nulidade de Casamento perante o juízo competente.
5.7 – Aplicação dos Impedimentos à União Estável: Segundo o art. 1723, § 1ºdo CC, aplica-se à entidade familiar convivencial os impedimentos destinados ao casamento. Neste sentido, impossível será o reconhecimento judicial de União Estável entre companheiros impedidos de casar. Ex: União estável entre uma mulher e seu ex-sogro (impossível). 
6 - Causas suspensivas do Casamento
6.1 – Previsão Legal: arts. 1523 a 1524 do CC.
6.2 - Razão da denominação: A causa suspensiva da celebração do matrimônio era denominada, pelos doutrinadores do Código Civil anterior, de impedimento impediente ou meramente proibitivo ou, ainda, de impedimento suspensivo. Porém, não é correto confundir a causa suspensiva como espécie de impedimento, posto que não proíbe casamento, mas apenas adverte os nubentes que não devem casar-se, sob pena de sofrer sanção (CC, art. 1.641, I). Denomina-se causa suspensiva, uma vez que oposta ou arguida suspende a celebração do casamento.
6.3 – Finalidades: Estabelecidas com o escopo de evitar a confusio sanguinis e a confusão de patrimônios. 
6.4 – Espécies:
art. 1523, I do CC: 
Finalidade: Para evitar confusão de patrimônios, proíbe o Código Civil, o casamento de viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer o inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros. 
Sanções: O viúvo ou viúva que desrespeitar tal dispositivo legal sofrerá as seguintes sanções: celebração do segundo casamento sob o regime de separação de bens (CC, art. 1.641, I) e hipoteca legal de seus imóveis em favor dos filhos (CC, art. 1.489, II). Porém, se provada a inexistência de prejuízo aos herdeiros (CC, art. 1.523, parágrafo único) perante o juízo competente, tais sanções deixarão de ser aplicadas. 
art. 1523, II do CC: 
Finalidade: Para evitar a confusão de sangue, proíbe o Código Civil, o casamento de viúva ou de mulher cujo matrimônio se desfez por ser nulo ou por ter sido anulado, até 10 meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade e do vínculo conjugal, salvo se antes de findo esse prazo provar a inexistência da gravidez ou o nascimento de algum filho (CC, art. 1.523, parágrafo único). Tal dispositivo legal quer evitar a incerteza da paternidade. Imaginemos a viúva, três meses depois da morte do primeiro marido, convolando núpcias e no 7º meses desse segundo casamento nasce um filho. Dúvida restará acerca da paternidade, se do falecido ou do segundo marido. 
Sanção: A violação desse preceito acarreta a obrigatoriedade do regime de separação de bens (art. 1.641, I, do CC).
c) art. 1523, III do CC: 
Finalidade: Também para evitar confusão de patrimônio da antiga com o da nova sociedade conjugal, não deve casar o divorciado enquanto não homologada ou decidida a partilha dos bens do casal.
Sanção: Havendo o casamento em inobservância de tal dispositivo, será imposto aos nubentes o regime obrigatório de separação de bens (art. 1.641, I, CC), salvo se demonstrar perante o juízo competente que não haverá qualquer dano ao ex-cônjuge (art. 1.523, parágrafo único, CC). 
d) art. 1523, IV do CC: 
Finalidade: O Código Civil brasileiro dispõe que não podem casar “o tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas”. Evita-se, com tal norma, que o administrador dos bens do incapaz possa encontrar no casamento um meio de se ver livre da prestação de contas judicial, caso tenha dilapidado o patrimônio daquele que estava em seu poder. 
Sanção: Violado esse preceito, a conseqüência também será a obrigatoriedade do regime de separação de bens (art. 1.641, I, CC), salvo comprovação, por meio judicial, de inexistência de prejuízo para o tutelado ou curatelado (art. 1.523, parágrafo único, CC). 
6.5 – Levantamento das causas suspensivas: (art. 1523, parágrafo único, CC)
	Hipóteses em que o juiz de direito determinará que se deixe de aplicar as sanções administrativas aos nubentes.
Legitimidade para requerer: Somente os nubentes poderão requerer ao juízo competente o afastamento das sanções administrativas.
Hipóteses de levantamento:
a) Para o art. 1523, I, III e IV do CC – Inexistência de prejuízos para os herdeiros, ex-cônjuges, pessoas tuteladas ou curateladas.
b) Para o art. 1523, II do CC – Nascimento de filho, inexistência de gravidez ou mesmo impotência coeundi (defeito físico que impossibilita o ato sexual).
6.6 – Legitimidade para opor Causas Suspensivas: art. 1524, CC – Parentes e afins dos nubentes em linha reta e parentes e afins dos nubentes em linha colateral em 2º grau (irmãos ou cunhados). 
6.7 – Prazo para opor Causas Suspensivas: 15 dias a contar da afixação do Edital em Cartório (art. 67, § 3º da Lei 6.015/73). 
	Uma vez realizado o casamento, sem que fosse arguida causa suspensiva no prazo de 15 dias, caberá ao herdeiro, ao ex-cônjuge, ao tutelado ou ao curatelado prejudicado ajuizar ação anulatória demonstrando o prejuízo sofrido.
7 - Oposição dos Impedimentos Matrimoniais e das Causas Suspensivas
Opor impedimentos matrimoniais ou causas suspensivas é permitir que a pessoa legitimada a tanto leve ao conhecimento do oficial perante o qual se processa a habilitação ou do juiz que celebra a solenidade (somente para impedimentos), a existência de um dos impedimentos previstos nos artigos 1.521 ou das causas suspensivas do art. 1.523 do Código Civil. 
Assim, os impedimentos (art.1.521, inciso I a VII do Código Civil), por interessar à coletividade, podem ser suscitados, ex officio, pelas seguintes pessoas: oficial do registro civil, pelo juiz de paz ou por quem presidir à celebração do casamento (CC, art. 1.522, parágrafo único) e pelo Ministério Público. Também qualquer pessoa maior e capaz poderá apresentar, até o momento de celebração do casamento, declaração escrita, com sua assinatura, anexando as provas do fato que alegar (CC, arts. 1.522 e 1.529). Caso o oponente, que deverá ser maior e capaz, não puder instruir a oposição com as provas, deverá indicar o lugar onde existam ou possam ser obtidas (art. 1.529, parte final, CC).
As causas suspensivas (art. 1.523, I a IV, CC) interessam exclusivamente à família. Portanto, tem legitimação para ofertá-las: os parentes, em linha reta (ascendentes ou descendentes), de um dos nubentes, por consangüinidade ou afinidade; pelos colaterais, em segundo grau (irmãos e cunhados), por consangüinidade ou afinidade (art. 1.524, CC). Neste caso, com a oposição deverá haver comprovação de parentesco do oponente com uma ou ambas as partes. 
As causas suspensivas podem ser ofertadas durante o processo de habilitação. Assim, com a publicação dos proclamas, os interessados, acima aludidos, podem opô-las no prazo de 15 dias (art. 1.527, CC). Os impedimentos podem ser opostos até o momento da celebração das núpcias (CC, art. 1.522) por qualquer pessoa capaz. Nesta última hipótese, a autoridade, que preside ao ato, suspende-o, de imediato, sem examinar se a oposição é regular ou irregular e se o impedimento é procedente ou não. 
O oficial do Registro Civil receberá a declaração escrita do impedimento ou causa suspensiva, se apresentadas com os requisitos legais. Após, dará ciência do fato aos nubentes, ou a seus representantes legais, indicando os fundamentos, as provas, e, se o impedimento não foi ofertado de ofício, o nome do oponente (art. 1.530, CC) para que requeiram prazo razoável para fazer a prova contrária ao fato alegado e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé (art. 1.530, parágrafo único, CC). Depois, o oficial do Registro Civil remeterá os autos a juízo. Produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de 10 dias e ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Público, em 5 dias, o juiz decidirá em igual prazo, se a oposição procede ou não (Lei 6.015/73, art. 67, § 5º). Entretanto, esta decisão não faz coisa julgada. Assim, se julgado improcedente o pedido de oposição, nada impede que o assunto seja reexaminadona ação de nulidade baseada no mesmo impedimento. 
Nota-se que, pelo art. 1.530, parágrafo único, do Código Civil, o oponente poderá sofrer ações civis ou criminais, se agiu, ao ofertar a oposição, de má-fé. Assim, deverá reparar os danos morais ou patrimoniais que causar com seu comportamento leviano (art. 186, do CC). 
 
8 - Formalidades Preliminares à Celebração do Casamento
8.1 - Previsão Legal: artigos 1525 a 1532 do Código Civil e arts. 67 a 69 da Lei 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos)
8.2 – Objetivos: Visa atestar a capacidade nupcial dos nubentes, bem como a inexistência de impedimentos matrimoniais e de causas suspensivas do casamento.
8.3 – Formalidades Preliminares:
Sendo o casamento ato formal e solene, é exigido dos contraentes o respeito às normas de ordem pública e a todas as solenidades previstas no Código Civil. 
1ª) – Habilitação
	A habilitação é um procedimento que se encontra narrado na Lei dos Registros Públicos (arts. 67 a 69, L. 6015/73). Vários documentos serão apresentados para que os nubentes demonstrem estar habilitados para o ato nupcial. 
Cartório competente para o requerimento de Habilitação: Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais da circunscrição do domicílio dos nubentes. Caso sejam domiciliados em locais distintos, do Registro Civil de qualquer um deles, sob pena de nulidade relativa do ato (art. 1525, 1550, IV, 1560, II e 1554 do CC).
Forma de requerimento: Os noivos deverão apresentar requerimento, de próprio punho, subscrito por eles ou por procurador (art 1525/CC) e, se ambos ou algum deles forem analfabetos, será assinado a rogo, com duas testemunhas. 
Documentos necessários: O art. 1525 do Código Civil assim estabelece: “O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
“I – certidão de nascimento ou documento equivalente”.
	Essa exigência é fundamental não apenas para comprovação da idade núbil dos 16 anos (art. 1517/CC), mas também para identificar o estado e a qualificação(filiação) dos nubentes, verificando-se se estão sujeitos ao poder familiar, tutela ou curatela ou, ainda, se incide a restrição do art. 1641, II do CC, no caso de um dos noivos ser maior de 70 anos.
	A expressão “documento equivalente” já não faz muito sentido, já que, a partir da Lei 765/49, que admitiu o registro de nascimento serôdio (fora do tempo), tornou-se mais fácil obter a certidão. O legislador da norma civil atual, no entanto, preferiu manter a expressão resguardando a hipótese, por exemplo, para a eventual situação de casamento de estrangeiros, cuja legislação admita outra prova de nascimento. 
“II – autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra”.
	O processo de habilitação dos menores de 18 anos deve incluir a prova de emancipação ou a anuência de seus pais ou tutor.
	Para as pessoas que ainda não atingiram a idade de 18 anos é necessário o consentimento de ambos os pais e, se analfabetos os genitores, autorizarão com assinatura a rogo. Se um dos genitores estiver ausente do lar conjugal, poderá o outro dar, sozinho, a sua autorização. Se o nubente for filho não-matrimonial, o genitor que o reconheceu dará seu consentimento, que será suficiente (art. 1633/CC)
Na hipótese de divergência de consentimento entre os genitores, poderá qualquer um deles recorrer ao Judiciário para solução da questão (art. 1631/CC).
O art. 1519/CC prevê a possibilidade de suprimento de consentimento pelo juiz, quando a autorização é, injustamente, negada. Ocorre que a lei não definiu o que sejam motivos justos, cabendo o encargo aos magistrados, que vêm trazendo como alguns exemplos o mau proceder do pretendente, a falta de condições para o sustento da família, existência de impedimento legal, etc. Quem se recusa a dar o consentimento deve provar os motivos de sua oposição.
Na situação em que o menor ainda não possui a idade núbil (16 anos) é possível que através de requerimento judicial, nas hipóteses legais de exceção, o juiz conceda o suprimento de idade. Nestes casos, deve-se trazer ao procedimento de habilitação cópia da decisão judicial que autorizou o casamento.
	Se o menor estiver sob tutela, o tutor dará o consentimento. 
O curatelado, que possui capacidade nupcial, a exemplo do pródigo, deverá ter autorização de seu curador quanto à escolha do regime patrimonial. 
Os surdos-mudos, que tenham discernimento, poderão contrair casamento por poderem manifestar livremente sua vontade.
Por fim, diz o art. 1641, III do CC, que, obtido o suprimento judicial, vigerá o regime da separação obrigatória de bens.
OBS: Revogação da autorização pelos pais, tutores ou curadores: até a celebração do casamento a autorização cedida pelos pais, tutores ou curadores pode ser revogada, conforme estabelece o art. 1518 do CC. 
	 
“III – declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento, que os iniba de casar.”
	O documento aqui referido busca atestar a idoneidade dos nubentes e de suas declarações. Seu valor é relativo, pois que pode ser facilmente obtido.
“IV – declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos.”
	Residindo os noivos em diferentes circunscrições do registro civil, os editais de casamento deverão ser publicados em ambos os locais.
	Para que os nubentes não fraudem o procedimento, informando domicílio diverso do verdadeiro, no intuito de fugir da oposição de impedimentos, o Ministério Público poderá requerer a juntada de atestado de residência firmado por autoridade policial. 
“V- certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença do divórcio.”
	A regra visa evitar a consumação de matrimônio de pessoas já casadas (Impedimento de Vínculo).
	No caso de sentença de divórcio proferida no estrangeiro, deverá ser apresentada a respectiva certidão, com a devida homologação pelo STJ, para que o nubente divorciado em seu país de origem possa casar-se novamente no Brasil.
OBS1: CASAMENTO AVUNCULAR (casamento entre parentes na linha colateral de 3º grau): Apenas neste casamento será exigido, na habilitação, o certificado do exame pré-nupcial. Os noivos devem requerer ao juiz a nomeação de dois médicos que atestem sua sanidade e a conveniência, para eles e sua futura prole, das núpcias a serem contraídas. Sem o exame o casamento é nulo e, se o atestado for desfavorável, haverá impedimento para a união.
OBS2: Participação obrigatória do Ministério Público (art. 1526 do CC): a participação do órgão ministerial é indispensável no procedimento de habilitação. A recente lei nº 12.133/2009, que alterou o art. 1526 do CC, afastou a participação do juiz de direito no procedimento de habilitação nos casos em que não haja qualquer tipo de impugnação (oposição de impedimentos e causas suspensivas). Neste sentido, em razão da mudança legislativa, vem sendo sustentado pela doutrina que a habilitação tornou-se um PROCEDIMENTO MERAMENTE ADMINISTRATIVO. 
2ª) – Publicidade nos órgãos locais
	Os documentos poderão ser apresentados pelos nubentes ou por procurador. Feito isso e inexistindo qualquer impedimento visível, o oficial lavrará os proclamas do casamento através de edital que, durante 15 dias, ficará afixado em local ostensivo do edifício do Cartório do Registro Civil da circunscrição do domicílio de ambos nubentes. Sendo distintos os domicílios, será afixado o edital em ambos.
	Esse procedimento é uma forma de convocação para que qualquer cidadão possa opor algum dos impedimentos matrimoniais e para que os legitimados possam arguir causas suspensivas, na forma do art. 1529 do CC.
	
	A publicação é feita em jornal oficial e, facultativamente, em um jornal de grandecirculação. Porém, comprovando-se urgência para a realização do casamento, o juiz poderá, após ouvir o Ministério Público, dispensar a publicação do edital. Como hipóteses de urgência temos grave enfermidade, parto iminente, viagem inadiável, etc.
3ª) – Autorização para a celebração do casamento
 	
Não ocorrendo oposição alguma no prazo de 15 dias, o oficial expedirá certidão, declarando que os nubentes estão habilitados para casar dentro de 90 dias (prazo de eficácia da certidão). Decorrendo os 90 dias sem que haja casamento, todo o processo de habilitação deverá ser repetido (arts. 1531 e 1532 do CC).
	
Irregularidades no processo de habilitação não implicam nulidade do casamento. Por outro lado, o oficial do registro poderá sofrer sanções de natureza penal e civil, se não cumprir suas obrigações legais.
	
Por fim, resta-nos lembrar que, de acordo com o art. 1512, parágrafo único do CC, a habilitação, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, custas e emolumentos, para as pessoas cuja pobreza for declarada. Já a celebração do casamento será gratuita para todos. 
	
9 – Celebração do casamento
O casamento é ato eminentemente formal, devendo-lhe ser dada a devida publicidade, tudo em razão de sua repercussão social e da necessidade de preservar o consentimento dos nubentes.
9.1- Autoridade competente para celebração do casamento: o juiz de paz de qualquer circunscrição poderá celebrar o casamento, basta que o oficial do registro comunique a realização da cerimônia para o oficial da habilitação. Somente o procedimento de habilitação deverá ocorrer no Cartório de Registro Civil da circunscrição do domicílio dos nubentes.
9.2 - Forma de requerimento da celebração: o Código Civil exige petição assinada por ambos nubentes, juntamente com a certidão de habilitação. Ressalte-se que é possível o requerimento através de procurador, com poderes especiais. A autoridade celebrante designará o dia e a hora em que ocorrerá o casamento.
9.3 - Local da celebração do casamento: Normalmente, a cerimônia do casamento é realizada na sede do Cartório, entretanto o legislador prevê a possibilidade de sua realização em outro edifício público ou particular, caso em que as portas deverão permanecer abertas para que não haja empecilho à alegação de impedimentos. Duas testemunhas deverão estar presentes no ato, porém, se a celebração se der extracartório ou se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever, o número deve subir para quatro. 
 
9.4 - Pessoas indispensáveis para o ato: 
 1) Autoridade Celebrante ou substituto legal;
 2) Oficial do Registro ou oficial ad hoc (para o ato);
 3) Ambos nubentes ou representados por procuradores;
 4) 02 testemunhas, parentes ou não, para casamento em Cartório ou
 04 testemunhas, parentes ou não, para casamento fora de Cartório ou quando os nubentes não puderem ou não souberem escrever
9.5 - Forma de manifestação da vontade: Não há forma prescrita em lei para a exteriorização da vontade dos noivos, mas se entende que esta deverá ser clara e inequívoca, não se admitindo mero silêncio. Se um dos nubentes ficar mudo durante toda a cerimônia e não dizer SIM ou ACEITO ou QUERO, a autoridade suspenderá a celebração do casamento.
9.6 - Momento em que os nubentes tornam-se casados: Segundo o art. 1514 do CC, os contraentes manifestarão a vontade de tornarem-se marido e mulher e após o juiz os declarará casados.
	Quanto ao momento em que os nubentes tornam-se casados, existem divergências doutrinárias, discute-se se a leitura do texto previsto no art. 1535 do CC seria apenas declaratória do casamento ou constitutiva do mesmo. 
1ª Corrente) Declaratória, uma vez que manifestada a vontade de forma livre e espontânea pelos nubentes, estes tornam-se marido e mulher. Tal entendimento embasa-se na natureza jurídica contratual do casamento. (Walsir Edson Rodrigues Júnior)
2ª Corrente) Constitutiva, já que a leitura pela autoridade celebrante que tornam os nubentes casados. Neste sentido, se o juiz de paz falecer, subitamente, sem que tenha feito a leitura do texto previsto no art. 1535 do CC, os nubentes não estarão casados. (Maria Helena Diniz)
9.7 - Impossibilidade de Arrependimento após a manifestação de vontade: Uma vez manifestada a vontade de forma clara e inequívoca não mais cabe arrependimento. Para a primeira corrente, acima citada, manifestada a vontade, realizado está o casamento, e, por isso, impossível o arrependimento. Já para a segunda corrente, o arrependimento somente não mais será possível se o juiz de paz já houver lido as disposições estabelecidas no art. 1535 do CC pelo legislador. 
9.8 - Assento no Livro do Registro Civil: Depois de celebrado o casamento, lavrar-se-á o assento no livro do registro civil, que será assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, testemunhas e oficial do registro, contendo todas as informações arroladas no art. 1536, I a VII do CC.
9.9 - Suspensão da Cerimônia de Celebração: (art. 1538 do CC)
Objetivo: Visa preservar a livre manifestação de vontade.
Hipóteses: I) Recusar a afirmação de vontade (ex: ficar mudo);
 II) Declarar que a afirmação não é livre e espontânea;
 III) Manifestar-se arrependido.
	Mesmo que se trate de piada ou que, logo após, o nubente manifeste sua vontade de recomeçar a cerimônia esta só poderá ser celebrada no dia seguinte. 
	
	Em razão do que diz o art. 1543, parágrafo único do CC, que admite a prova do casamento por outros meios, a falta de lavratura do assento não invalida o matrimônio.
10 – Formas excepcionais de Casamento
	O legislador, já prevendo situações de dificuldade de locomoção e/ou urgência, possibilitou aos nubentes a realização de casamentos de formas excepcionais, dispensando para o ato algumas formalidades exigíveis.
10.1 – Casamento em caso de moléstia grave 
Previsão legal: art. 1539 do Código Civil.
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Hipótese legal: O art. 1539 do CC contempla a hipótese em que, em razão de moléstia grave de um dos nubentes e da urgente situação, o legislador dispensa a publicação dos editais na imprensa local e a presença do oficial do registro na celebração do casamento. 
	Se não for possível que a autoridade competente compareça, seus substitutos legais realizarão a cerimônia. Sendo que, o oficial do registro poderá ser nomeado ad hoc pelo presidente do ato. Lembrando que a celebração poderá ocorrer em qualquer local e horário, dada a urgência da situação.
 
O oficial nomeado lavrará termo avulso, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever e dentro de cinco dias levará a registro, novamente na presença de duas testemunhas. A prova do casamento urgente é a certidão do termo avulso transcrito no registro.
OBS: O doente somente poderá casar, caso esteja em perfeito juízo.
10.2 – Casamento Nuncupativo (Iminente risco de morte)
Previsão legal: arts. 1540 e 1541 do Código Civil
Requisitos: 1) Quando algum dos contraentes estiver em iminência de risco de morte;
 2) Sem que seja possível a presença da autoridade celebrante e de seu substituto legal;
 3) Presença de 6 testemunhas que não sejam parentes dos nubentes na linha reta e colateral em 2º grau.
	Nesta modalidade especial de casamento, são dispensadas todas as formalidades preliminares à celebração, bem como a presença da autoridade celebrante e do oficial do registro para a cerimônia do casamento. O casamento será celebrado pelos nubentes na presença de 6 testemunhas que não sejam seus parentes na linha reta (ascendentes e descendentes) e colateral em 2º grau (irmãos).
	
Procedimento: Dentro de dez dias, as testemunhas deverão comparecer espontaneamente (ou se recusarem serão intimadas) diante da autoridade judicial para declararem que foram convocadas pelo enfermo; que este parecia em risco de vida, mas consciente de seus atos; e que presenciaram as declarações livrese espontâneas dos contraentes de se tornarem marido e mulher. 
	
A autoridade judiciária irá averiguar se os contraentes poderiam ter se habilitado na forma regular, ouvindo o Ministério Público e os interessados em 15 dias. Verificada a idoneidade dos cônjuges, a autoridade decidirá e, depois de transitada em julgado a decisão, o juiz mandará registrá-la no livro respectivo. 
Efeito da decisão judicial que valida o casamento: Os efeitos do casamento nuncupativo retroagirão à época da celebração (EX TUNC).
Restabelecimento do nubente: O processo homologatório, pelas vias judiciais, será dispensado se, recuperado o enfermo, este comparecer e ratificar o casamento diante da autoridade competente e do oficial do registro.
OBS1: As formalidades preliminares à celebração (habilitação, publicação e autorização) serão realizadas pelos nubentes no curso do processo homologatório. 
OBS2: Esta espécie de casamento enfrenta muita crítica da doutrina, uma vez que é realizado sem a observância de qualquer formalidade legal e sem a presença de qualquer autoridade, permitindo fraude e simulação quanto ao consentimento do nubente. O reflexo desse casamento incidirá exatamente no direito sucessório, já que o cônjuge sobrevivente é herdeiro necessário do falecido e encontra-se na terceira posição da ordem da vocação hereditária. 
10.3 – Casamento por Procuração
Previsão legal: art. 1542 do Código Civil.
Requisito: Tendo em vista a solenidade do ato é que se exige que a procuração aqui referida se faça por instrumento público. Os poderes devem ser especiais, indicando o nome da pessoa com quem o outorgante vai consorciar-se. Cabe ressaltar que independe o sexo do mandatário (a mulher poderá outorgar poderes tanto para um homem quanto para uma mulher).
Prazo de eficácia do mandato: 90 dias a contar da data em que foi confeccionado.
Há possibilidade de celebração de casamento em que os dois nubentes estejam representados por mandatários?
1ª Corrente) Sim. O Código Civil não veda, por esta razão é perfeitamente possível. (Cézar Fiúza, Arnaldo Wald, Maria Berenice Dias).
2ª Corrente) Não. Tal possibilidade desvirtuaria o propósito do ato nupcial. (Caio Mário, Dimas Messias, Maria Helena Diniz).
3ª Corrente) Sim. Sendo possível inclusive que os nubentes sejam representados por um mesmo procurador. (Pontes de Miranda).
OBS: Quanto à 3ª corrente, alerta o doutrinador Sílvio Venosa não ser conveniente a representação dos nubentes por um mesmo procurador, posto que poderia ocorrer conflito de interesses de última hora entre os nubentes, tornando difícil o exercício do mandato pelo mandatário (ex: descoberta pelo procurador de um fato que se um dos nubentes soubesse não casaria).
Revogação do Mandato: A revogação é possível até o momento da celebração do casamento e para que tenha efeito não precisa chegar ao conhecimento do mandatário. Assim como o mandato, a revogação deste também deverá ser feito por instrumento público.
Celebração do Casamento sem conhecimento da revogação: O mandante responderá por perdas e danos e o casamento será anulável, desde que não haja coabitação entre os nubentes (art.1542, §1º e art. 1550, V do CC).
Casamento celebrado, após morte do mandante, sem conhecimento do mandatário e do outro nubente: A doutrina não traz solução para questão. Somente Maria Helena Diniz aborda a presente hipótese em sua obra e sugere pela inexistência do casamento, por ausência total de consentimento, já que ocorrida a morte extinguiu-se o mandato.
10.4 – Casamento Coletivo
	Não há previsão legal para tal modalidade de casamento. Entretanto, alguns doutrinadores defendem pela sua possibilidade, já outras o afasta.
	Para Pontes de Miranda, devido à solenidade que reveste a celebração, somente após o encerramento de uma, poder-se-ia iniciar a outra. 
	Já para Walsir Rodrigues Júnior, o casamento coletivo seria perfeitamente possível, já que o que deve prevalecer na celebração é a manifestação de vontade de forma livre e espontânea pelos nubentes.
OBS: No Brasil, é comum a realização de cerimônias religiosas coletivas por casais carentes.
11 - Provas do casamento
11.1 - Previsão legal: arts. 1543 a 1547 do Código Civil.
No Brasil, o casamento é provado, usualmente, pela certidão do registro retirada do Livro dos Assentamentos do Casamento.
A certidão de casamento possui PRESUNÇÃO JURÍDICA RELATIVA DE VERACIDADE DO ATO NUPCIAL. A presunção não é absoluta, uma vez que se permite impugnação.
11.2 - Ausência de Registro ou destruição do mesmo: Na falta do registro (ex:houve a celebração do casamento, mas não houve o assento no livro próprio) ou na destruição do mesmo (ex:incêndio, enchentes, descuido de funcionário) é permitido aos cônjuges provar a existência do casamento através de provas supletórias diretas ou indiretas. Lembrando que, neste caso, a PRESUNÇÃO será DE INEXISTÊNCIA DO CASAMENTO e também será relativa. 
11.3 - Perda da Certidão do Registro X Perda do Registro: Ocorrendo a perda da certidão do registro, basta a solicitação da 2ª via da certidão perante o Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais, onde foi lavrado o assento do Casamento. Já na perda do registro, somente judicialmente será possível a declaração da existência do ato nupcial.
11.4 - Prova supletória(supletiva) direta: Existem outros meios de provas diretas, utilizadas no caso de perda ou destruição dos livros de registro cartoriais, para se comprovar a existência do casamento. Como exemplos temos a certidão de óbito constando que o de cujus era casado, o depoimento das próprias testemunhas do ato nupcial, a certidão de proclamas, o passaporte ou qualquer outro documento que mencione o estado civil de casado.
	A ação declaratória com base em prova supletória direta será proposta mediante justificação requerida ao juiz de direito utilizando-se de qualquer meio de prova que ateste a existência das núpcias. Em um primeiro momento deve-se justificar a falta ou perda do registro, para depois provar a existência do ato nupcial.
11.5 - Prova supletória(supletiva) indireta: Destinam-se aos casais que não possuam as provas supletórias diretas. Excepcionalmente, a lei brasileira permite a prova indireta do casamento, para os casais que vivam publicamente como marido e mulher, configurando a denominada posse do estado de casado. 
Para tanto, exige-se a presença de três requisitos: 1) nome* (que a mulher use o nome do marido); 2) tratamento (que ambos tratem-se como casados) e 3) fama (que a sociedade lhes conheça a condição de cônjuges) (nomen, tractatus, fama).
OBS*: Quanto ao requisito “nome” cabe ressaltar que, segundo o entendimento doutrinário majoritário, não mais pode ser considerado indispensável para a configuração da posse do estado de casado, uma vez que desde 1977, com a L. 6515, que regulamentou o divórcio, a adoção pela esposa do sobrenome do marido deixou de ser obrigatória e com o novo CC abriu-se a possibilidade de qualquer dos cônjuges adotar ou não o sobrenome do outro.
	A posse de estado de casado não é peremptória para provar a existência do casamento, devendo vir permeada de circunstâncias que a confirmem.
A respeito do tema, questão que poderia surgir dúvida é se os companheiros que vivem em união estável poderiam se utilizar destas provas para comprovar um casamento que nunca exisitu. A princípio imaginamos ser possível a fraude e simulação pelos companheiros, entretanto analisando detidamente a situação verificamos que a possibilidade da procedência do pedido seria remota, vez que antes de provar a existência da posse do estado de casado, os companheiros teriam que comprovar a falta ou destruição do registro. 
11.6 - Medida Judicial cabível em casos de perda do registro: Ação declaratória de existência de casamento. A sentença que declarar a existência das núpcias será registrada no Livro próprio do Cartório do Registro Civil e produzirá efeitos EX TUNC (retroagirá à data do casamento).
11.7 - Princípio do “in

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