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aulas 01 e 02

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Efeitos da posse
Posse (conceito): art. 1.196, Código Civil. 
Obs: para Carlos Roberto Gonçalves o conceito de posse resultaria da conjugação de três dispositivos legais: 
1º) art. 1.196 (onde haveria indiretamente o conceito de posse), 
2º) art. 1.198 (onde o legislador diz em que casos o exercício configura detenção, e não posse) 
3º) art. 1.208 (não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância). 
DIREITO DAS COISAS
a) percepção de frutos;
b) indenização e retenção por benfeitorias;
c) indenização por prejuízos sofridos;
d) defesa da posse (interditos possessórios);
e) usucapião.
a-) Direito aos frutos: frutos são utilidades fornecidas por um bem principal, periodicamente, e que, quando colhidos, não causam dano ao principal. Podem ser: civis, naturais ou artificiais.
Efeitos da posse
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. 
Frutos enquanto ao estado que se encontram
Podem ser:
.Frutos pendentes
.Frutos percipiendos
.Frutos percebidos (ou colhidos)
OBS: O direito à percepção dos frutos varia conforme a classificação da posse quanto à subjetividade e está disciplinado nos arts. 1.214 a 1.216, CC. 
Frutos enquanto ao estado que se encontram
Posse de boa-fé: é aquela cujo possuidor está convicto de que o exercício de sua posse encontra fundamento na ordem jurídica. 
Posse de má-fé: o possuidor tem conhecimento do vício que macula a posse. Assim como na posse injusta, a posse de má-fé não pode ser considerada posse jurídica e não goza de proteção contra o legítimo possuidor, para quem o possuidor de má-fé não passa de fâmulo da posse.
Assim:
. Posse de boa-fé: não precisa indenizar nada que foi colhido de boa-fé.
.Posse de má-fé: tudo que foi colhido de má-fé deve ser indenizada. .
Questão: Antônio possui uma fazenda de café em Castelo/ES. Ele perde a posse do bem e não o desocupa, e com safra pronta pra ser colhida, deixou de colher o café, e parte da produção estragou. Antônio deve ser responsabilizado? Caso houvesse vendido a safra antecipadamente, o que fazer?
b) indenização e retenção por benfeitorias;
Benfeitorias: são acréscimos ou melhoramentos, realizados pela atuação do homem, em coisa já existente. 
OBS: não confundir com acessões (coisas novas): acessão significa juntar. Fazer uma coisa nova num imóvel é fazer uma acessão nele. As acessões podem ser construções ou plantações. 
Benfeitorias (espécies). Art. 96, CC: necessárias, úteis e voluptuárias.
Assim como ocorre com os frutos, a indenização pelas benfeitorias depende da classificação da posse quanto à sua subjetividade (vide arts. 1.219 e 1.220, CC):
Posse 
                                        Benfeitoria    
Necessária
Útil
Voluptuária
Boa-fé
Indenização + Retenção
Indenização + Retenção
Justollendi, sem direito de retenção
Má-fé
Apenas restituição do valor gasto pelo possuidor.
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Art. 1.219, CC. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 1.220, CC. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Obs: tais normas são supletivas, podendo ser afastadas pela autonomia privada.
* locação de imóveis rurais: Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra)
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.
OBS: Lei nº. 8.245/91 (Locação de imóveis urbanos)
Súmula n° 158 do STF: Salvo estipulação contratual averbada no registro imobiliário, não responde o adquirente pelas benfeitorias do locador.
Questão: José aluga apartamento a Maria, que faz benfeitorias necessárias e úteis, autorizadas por ele. Ao final da locação, Maria poderia exercer seu direito de retenção até ser indenizada por estas benfeitorias, todavia, o imóvel não é mais de José, mas de Pedro e ela não levou o instrumento contratual a registro. Maria poderia exercer seu direito de retenção e pedir indenização a Pedro? Se não puder, o que lhe restará fazer?
OBS: As benfeitorias são compensadas com os danos.
Art. 1.222. CC. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
Se o possuidor, tanto de boa-fé quanto de má-fé houver causado dano, se tiver direito a ser ressarcido/indenizado, pode haver compensação. Exemplo: fiz benfeitoria necessária no valor de R$ 2.000 reais, e causei R$ 1.000 reais de dano. Posso compensar? Depende.
OBS: ressarcimento e indenização – diferença. 
Indenização: mais extensa que o dano (art. 944, CC); já o ressarcimento é um cálculo simples (gastou “x”, pague-se “x”). Ex: Art. 1.220, CC (ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias); art. 1.219, CC (o possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias) 
O art. 1.210, CC, prevê a tutela da posse através dos interditos possessórios:
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
Interdito possessório é a denominação genérica que se dá às ações possessórias que visam combater as seguintes agressões à posse: 
 - esbulho, turbação e ameaça.
OBS: não confundir com interdito proibitório (espécie do gênero interdito possessório).
C) Interditos possessórios
 
Desforço possessório
Os meios utilizados devem ser proporcionais à agressão. Assim, o excesso poderá levar à indenização.
Desforço incontinenti: defesa imediata da posse pelo possuidor agredido. Deve estar assentado no binômio imediatismo-proporcionalidade. O art. 1.210, § 1° tem que ser entendido em harmonia com o art. 188, também do Código Civil. 
A doutrina costuma classificar a autotutela da posse em duas espécies:
- desforço imediato: ocorre nos casos de esbulho, em que o possuidor recupera o bem perdido.
- legítima defesa da posse: ocorre nos casos de turbação, em que o possuidor normaliza o exercício de sua posse.
 
 
 TJDFT (AC 2001 07 1 006681-7 EIC 0006681-62.2001.8.07.0007, Rel. Des. Asdrubal Nascimento Lima, DJU 24/03/2004) INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS - INOPONIBILIDADE DA ALEGAÇÃO DE DESFORÇO IMEDIATO COMO EXCLUDENTE DA RESPONSABILIDADE- INOCORRÊNCIA DE ESBULHO - VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO E DIZERES AGRESSIVOS - ATO ILÍCITO. NÃO SE PODE ACOLHER ALEGAÇÃO DE DESFORÇO IMEDIATO PARA A DEFESA DA POSSE QUANDO NÃO RESTOU CARACTERIZADO O ESBULHO. SENDO ASSIM, A VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO E DIZERES AGRESSIVOS CONSTITUEM EFETIVAMENTE ATO ILÍCITO, QUE, JUNTAMENTE COM OS OUTROS REQUISITOS, FAZ EMERGIR A OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR.
O que é logo? Duas correntes. Teoria objetiva (majoritária). Logo -momento da turbação/esbulho. Para a corrente subjetiva,
logo é o momento da ciência por parte do real possuidor do bem. Isso tem diferença prática? Sim, com o uso desforço físico. A corrente objetiva é majoritária por uma questão de segurança jurídica.
 
 Art. 926, CPC. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação (...)
Turbação: agressão que embaraça o exercício normal da posse. CPC, arts. 926 a 931.
Ação de manutenção de posse
Art. 926, CPC. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho.
Esbulho: agressão que culmina da perda da posse. Reintegração de posse (efeito restaurador). CPC, arts. 926 a 931.
Ação de Reintegração de Posse
Art. 1210, CC (...)
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
§ 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 
Se o locador quiser atrapalhar a posse do locatário, esse locatário pode se utilizar de desforço físico para proteger sua posse. Isso é abuso de direito, sendo considerado ato ilícito. 
 Art. 932, CPC. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito.
Ameaça: risco de esbulho ou de turbação. CPC, 932 e 933.
Interdito Proibitório
1- Liminar (art. 924 c/c art. 928, CPC): possibilidade de concessão de liminar em caso de posse nova. 
Obs: antecipação de tutela (art. 273, CPC) → 1ª corrente (majoritária): a antecipação de tutela de mérito não pode ser concedida em caso de posse velha, pois ela seria uma forma de burlar a impossibilidade de concessão de liminar. 
2ª corrente: pode haver a concessão de antecipação de tutela em caso de posse velha, pois esta é baseada em verossimilhança, que é uma prova mais cabal da existência do direito. Apesar de minoritária, vem ganhando adeptos.
Características da Ações Possessórias:
Denegada a medida liminar, o processo deverá ser instruído para dar elementos de persuasão ao juiz. Para a reintegração liminar, basta que o Autor comprove os requisitos do art. 927 do CPC. 
Se a petição inicial não estiver devidamente instruída, o juiz determinará que o Autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer a audiência que for designada (art. 928, CPC). 
Obs: Audiência de justificação pode ser substituída por inspeção judicial no imóvel.
2-) Duplicidade (art. 922, CPC): possibilidade de se fazer pedido contraposto, sem necessidade de reconvenção. Na própria contestação, o réu pode fazer o pedido. 
3) Fungibilidade (art. 920, CPC): traz celeridade, pois poderá ser julgado mesmo que a ação não seja a adequada. 
4) Cumulatividade (art. 921, CPC): possibilidade de acumulação de pedidos diversos: ação indenizatória; multas diárias previstas no caso de novo esbulho ou turbação; devolução no mesmo estado anterior.
OBS: a cumulação de pedidos de indenização, multa pela não cessação imediata à agressão da posse, bem como demolição não desnaturam a natureza da ação possessória, que continuará a seguir o procedimento especial previsto pelo CPC (marcantemente diferenciado pela audiência de justificação).
Ação Ordinária, de rito comum (serão utilizadas regras gerais do CPC). 
Quando se tem prova da propriedade, mas não chegou a ser possuidor. 
O objetivo desta ação é que o proprietário seja imitido na posse. Além de proprietário, ter a posse. Não é ação possessória.
Enquanto as ações possessórias visam à defesa da posse (situação de fato), as ações petitórias têm por finalidade a defesa da propriedade (situação de direito). As ações petitórias são aquelas em que o autor quer a posse do bem, e ele assim deseja pelo fato de ser proprietário.
São exemplos de ações petitórias: ação reivindicatória, ação de usucapião, ação publiciana, e ação de imissão na posse.
OBS: Ação de Imissão na Posse
RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE - NATUREZA JURÍDICA - INSTRUMENTO PROCESSUAL QUE REVELA UM VIÉS PETITÓRIO - DIREITO REAL DE PROPRIEDADE - CONSTITUIÇÃO - REGISTRO - PRETENSÃO DE IMITIR-SE NA POSSE - PREVALÊNCIA DAQUELE QUE É TITULAR DO DOMÍNIO – RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. A ação de imissão na posse, ao contrário do que o nomen iuris pode indicar, tem natureza petitória. 2. A presente ação (ação de imissão na posse) é instrumento processual colocado à disposição daquele que, com fundamento no direito de propriedade e sem nunca ter exercido a posse, almeja obtê-la judicialmente. 3. De acordo com a legislação de regência, o direito real de propriedade imobiliária se perfaz com o respectivo registro no fólio real, medida esta não tomada pelos recorridos que, a despeito de terem adquirido o bem em momento anterior, não promoveram o respectivo registro, providência tomada pelos recorrentes. 4. In casu, confrontando o direito das partes, com relação à imissão na posse, há de prevalecer aquele que esteja alicerçado no direito real de propriedade, na espécie, o dos recorrentes. 5. Recurso especial provido (STJ, /REsp 1126065 / SP - Data do Julgamento - 17/09/2009).
Súmula 487, STF. Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada. 
Essa súmula derivou do mau uso das possessórias (com alegação de propriedade em ambos os lados). Essa súmula perdeu a aplicabilidade porque foi feita para o CC/1916. Alimentava-se a ideia de que melhor posse é a de quem tem domínio. A decisão acerca de uma ação possessória será tomada com base na “melhor posse”, e nesse aspecto a função social da posse assume papel relevante. Exceções: a usucapião pode ser utilizada como matéria de defesa. 
Art. 1.210, CC. § 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. Colocando fim ao mau uso mencionado, o CC/2002, trouxe este dispositivo, segundo o qual ser proprietário não retira a proteção possessória de quem tem a posse.
Exceptio domini previsão expressa: Art. 923, CPC. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como ao réu, intentar a ação de reconhecimento do domínio. Este artigo vai além. Não só não pode alegar domínio na possessória, como não pode ser ajuizada ação reivindicatória enquanto a possessória estiver tramitando.
Exceptio domini
Possibilidade jurídica do pedido 
- Interesse de agir;
- Legitimidade. possuidor, seja direto, seja indireto. O detentor não tem legitimidade ativa nem passiva. Se houver agressão à posse de bem sob sua apreensão, somente lhe é deferida a autotutela imediata e proporcional da posse; se ele for indicado como réu em ação possessória, deverá valer-se da nomeação à autoria (art. 62, CPC).
Condições das Ações Possessórias:

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