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Os pseudoaneurismas peripancreáticos ocorrem em mais de 10% dos pacientes com pancreatite crônica e muitos afetam a artéria esplênica. Do mesmo modo, os traumatismos fechados e perfurantes podem le- var à formação de aneurismas. As lesões infectadas (micóticas) associadas comumente à endocardi- te bacteriana subaguda dos usuários de drogas intravenosas são diagnosticadas com frequên- cia crescente. Os microaneurismas da circulação intraesplênica geralmente atribuem-se às doenças do tecido conjuntivo, dentre elas a periarteri- te nodosa, mas sua importância cirúrgica é muito menor do que a dos macroaneurismas causados por outros fatores. Manifestações clínicas e diagnóstico Os aneurismas da artéria esplênica geralmente são denominados de assintomáticos. A ruptura do aneurisma com hemorragia intra- peritoneal é responsável pela apresentação clínica mais dramática dos aneurismas das artérias esplênicas. Nas pacientes que não estão grávidas, a ruptura geralmen- te se evidencia como uma catástrofe intra-abdominal aguda com colapso cardiovascular associado. Na maio- ria dos casos, o sangramento acumula-se inicialmente na região retrogástrica. A medida que o sangue esca- pa pelo forame de Winslow, o paciente pode relatar sintomas distantes do quadrante superior esquerdo e do epigástrio. A hemorragia sempre evolui para san- gramento intraperitoneal grave, à medida que a con- tenção oferecida pelo omento menor é rompida. Esse “fenômeno de ruptura dupla” ocorre em quase 25% dos casos e geralmente oferece uma oportunidade de tratamento antes do início da hemorragia fatal. Nas gestantes, a ruptura do aneurisma pode simular ou- tras emergências obstétricas como descolamento pre- maturo da placenta, embolização de líquido amniótico ou ruptura uterina. A incidência mais alta de ruptura foi relatada nas mulheres jovens grávidas, ou seja, mais de 95% dos aneurismas descritos durante a gravidez tinham rom- pido. Apesar dessa observação, é lógico supor que muitos aneurismas das artérias esplênicas desenvol- vam-se durante a gravidez e que a maioria não sofra ruptura ao longo da gestação. Clínica cirúrgica | Vascular SJT Residência Médica - 201534 A existência de aneurisma da artéria esplênica pode ser considerada frente à demonstração radiográfica de calcificações curvilíneas semelhantes a um anel de sinete no quadrante superior esquerdo, sinal descrito em 70% dos casos. Esses aneurismas são diagnosticados mais comumente por arteriografia convencional, ultrassonografia, TC ou RM em pacientes sem qualquer indício anterior da presença das lesões. Figura 1.21 Aneurisma da artéria esplênica. Documentação arterio- gráfica de um aneurisma do terço médio da artéria esplênica, relacio- nado com pancreatite. Figura 1.20 Aneurisma da artéria esplênica. As calcificações curvilí- neas em forma de anel de sinete no quadrante superior esquerdo são típicas dos aneurismas da artéria esplênica. Indicações e técnica cirúrgica A embolização percutânea da artéria esplênica é o procedimento mais frequentemente aplicado. Raramen- te é necessária a esplenectomia cirúrgica aberta, mas a ligadura cirúrgica distal e a proximal com a cirurgia aberta ou com a laparoscopia são boas opções de tratamento. A ligadura aberta ou a embolização por cateterismo deverão ser consideradas para aneurismas sintomáticos, para aneurismas de 2 cm de diâmetro ou para qualquer aneurisma de artéria esplênica em uma mulher em idade reprodutiva. O infarto esplênico e a recanalização da artéria tratada com embolização são quadros preocupantes, e esses pacientes exigem acompa- nhamento regular com investigações por imagem. Mais recentemente, endopróteses têm sido usadas com sucesso para tratar aneurismas de artéria esplênica. Os aneurismas micóticos (principalmente secundários a endocardite infecciosa) podem exigir tratamento cirúrgico aberto com esplenectomia e pancreatectomia, fre- quentemente com prognóstico ruim. Capítulo síndrome isquêmica aguda 2 Introdução Na urgência, a oclusão arterial aguda (OAA) é condição de grande importância, dada sua grande morbidade e mortalidade, devendo ser reconhecida e adequadamente tratada o mais rapidamente possí- vel. É difícil estimar com precisão, mas sua frequên- cia parece aumentar na razão direta da incidência de doenças cardíacas de natureza aterosclerótica e com o aumento da idade dos pacientes. Várias são as causas da OAA e é importante conhecer a fisiopatologia do déficit agudo de fluxo arterial nos membros. Excluindo-se trauma vascu- lar, as embolias e tromboses respondem pela maior parte dos casos de OAA. De difícil distinção, às ve- zes, essas duas condições apresentam característi- cas que as diferenciam quanto ao diagnóstico, ao tratamento e à evolução. Fisiopatologia A interrupção súbita do fluxo de uma artéria por um êmbolo ou por um trombo dá início a uma série de alterações locais e sistêmicas, de intensidade depen- dente de alguns fatores, cujo resultado influenciará no quadro clínico, na conduta e no prognóstico. De qual- quer forma, a via comum da isquemia tecidual dos membros passa por uma diminuição da oferta de oxigênio aos tecidos, com consequente diminui- ção do metabolismo e depleção das reservas de ATP (adenosina trifosfato). Ocorre, então, a ativação do metabolismo ana- eróbio celular, que resulta na produção de ácido lático e energia insuficiente para manutenção de certos mecanismos vitais, entre eles a bomba Na+/ K+ ATPase. Sem o funcionamento adequado desta proteína de membrana, o gradiente iônico trans- membrana normal não é mantido, gerando um alto influxo de íons para a célula, instabilização do meio citoplasmático, edema e morte celular, com libera- ção pelos miócitos de grande quantidade de mioglo- bina e enzimas como a creatinofosfoquinase (CPK). Esta última pode ser dosada laboratorialmente, ten- do importância prognóstica e no acompanhamen- to desses doentes. Uma vez iniciado esse processo, mesmo havendo reperfusão do tecido em sofrimen- to, os derivados do O2 reagem com ácidos graxos da membrana lesada, formando radicais livres que po- tencializam a lesão celular. A intensidade e a importância clínica desses acontecimentos variam de acordo com alguns fatores, quais sejam: � local da oclusão; � trombose secundária; � espasmo arterial; � presença de circulação colateral; � trombose venosa associada; � condições gerais do paciente (hemodinâmica); � resistência dos tecidos à hipóxia; � tempo de isquemia. Local da oclusão Quanto maior a quantidade de tecido submetido à isquemia, maior a intensidade e a repercussão sistêmica das alterações descritas. Assim, é fácil perceber que uma oclusão aguda de artéria braquial tem significado diferen- te da mesma situação acontecendo na aorta abdominal. Neste último caso, a acidose produzida, somada à quan- tidade de mioglobina liberada na circulação pelas células musculares mortas nos membros inferiores, pode levar a descompensação miocárdica, hipotensão e até choque. A hiperpotassemia pode ser causa de arritmias graves, inclu- sive fibrilação ventricular com parada cardíaca. A deposi- ção da mioglobina nos túbulos renais tende a causar dis- funções renais importantes, com insuficiência renal aguda ou descompensação de quadros crônicos (IRC). Trombose secundária De difícil estimativa e previsão, a chamada trombo- se de aposição resulta da estase sanguínea e tem grande importância na medida em que diminui a quantidade de colaterais que atenuariam o efeito da oclusão troncular. Essa trombose se dá de maneira mais significativa no sentido distal, podendo acontecer também em sentido proximal. Quando distal, o envolvimento de artérias de médio e pequeno calibres (por exemplo: arcos plantar e palmar) influenciam negativamente o prognóstico, le- vando frequentemente ao insucesso da revascularização e ao aumento do risco de perda do membro. Espasmo arterial De ocorrência e significado bastante controver- sos, o espasmo arterial distal ao ponto