Grátis
128 pág.

Denunciar
5 de 5 estrelas









6 avaliações

Enviado por
fernando
5 de 5 estrelas









6 avaliações

Enviado por
fernando
Pré-visualização | Página 15 de 50
agudamente ocluído pode piorar as condições locais de perfusão. A noção da existência desse espasmo vem do achado intraoperatório de menor calibre das artérias, poden- do isto se dever, entretanto, ao menor fluxo e à me- nor pressão intravascular. Melhora súbita no quadro de OAA tem sido atribuída à reversão espontânea do espasmo. Também discutível é se a presença de espas- mo protegeria ou favoreceria a formação do trombo de aposição. De qualquer forma, vê-se que não está muito clara a participação desse fator no episódio agudo. Clínica cirúrgica | Vascular SJT Residência Médica - 201536 Circulação colateral Dos fatores que influenciam a viabilidade dos te- cidos, certamente este é o de maior importância, uma vez que a integridade tecidual a jusante da oclusão é diretamente proporcional ao estado funcional das vias arteriais colaterais. Apesar de diferenças indivi- duais no potencial de angiogênese, o tempo é sempre um fator crucial. Assim, percebe-se que a obstrução, mesmo que aguda, mas que ocorre em uma artéria cronicamente doente (exemplo: placa de ateroma), terá uma chance de compensação maior que a OAA em uma artéria previamente normal (exemplo: êmbolo de origem cardíaca). Trombose venosa associada (TVP) Estase venosa e lesão isquêmica do endotélio ve- noso estão frequentemente presentes na OAA e são fatores predisponentes à ocorrência de TVP. Esta pio- ra o prognóstico do membro por aumento do edema e da isquemia, com risco de embolia pulmonar após revascularização. Infelizmente, não conhecemos a real incidência e a real contribuição da TVP na morbidade e na mortalidade da OAA. Condições gerais do paciente Como já foi descrito, a presença de baixo débito cardíaco secundário à insuficiência cardíaca congesti- va ou arritmia pode piorar o fluxo arterial através das colaterais. A própria reperfusão pode piorar o quadro pela liberação na circulação de metabólitos ácidos e ra- dicais livres, deteriorando ainda mais a hemodinâmica do doente. É necessária, pois, a interrupção desse círculo vi- cioso mortal antes do ponto de irreversibilidade, com medidas clínicas e cirúrgicas de suporte que serão dis- cutidas posteriormente. Resistência dos tecidos à hipóxia É importante a noção das diferenças naturais na resistência dos diversos tecidos envolvidos à de- pleção da oferta de oxigênio. Essa dependência é inversamente proporcional à intensidade e à sele- tividade do metabolismo aeróbio do tecido. Assim sendo, após 20 a 30 minutos, podem aparecer al- terações de sensibilidade e motricidade, denotan- do sofrimento dos nervos periféricos. O endotélio vascular (arterial e venoso) passa a sofrer significa- tivamente com 6 a 8 horas, havendo edema e degene- ração da túnica média. De relevante significado é a presença de arteriolonecrose. Esta parece marcar a inviabilidade do tecido, correspondendo ao sinal clínico de cianose fixa. A seguir vem a musculatura esquelética, com perda da contratilidade iniciando- -se com cerca de 4 horas e alterações irreversíveis já sendo detectadas com 12 a 24 horas de isquemia. Pele, tecido subcutâneo, ossos e cartilagem, prova- velmente pelo seu metabolismo relativamente bai- xo, têm grande resistência à isquemia, com altera- ções reversíveis em até 48 horas de evolução. Tempo de isquemia Este fator foi propositalmente deixado por últi- mo por ser de importância variável e não representar, quando analisado isoladamente, um critério definidor de conduta ou prognóstico. Historicamente o tempo para o desenvolvimento de um quadro de isquemia irreversível é de 6 horas. Na prática, se o membro for viável, algum tratamento deve ser instituído. Etiopatogenia Embolia A embolia é a principal causa de oclusão arterial aguda dos membros. Em cerca de 90% dos casos a fonte formadora de êmbolos é o coração esquerdo, que, por uma série de alterações, pode formar e fragmentar trombos em suas cavidades. Dessas alterações cardíacas, a mais frequentemente descrita é a fibrilação atrial. Entre- tanto, o infarto do miocárdio, a insuficiência car- díaca congestiva, a endocardite bacteriana, lesões valvulares, próteses sintéticas, mixoma atrial, além de arritmias na vigência de crise tireotóxica, tam- bém são possíveis alterações cardíacas formadoras potenciais dos trombos. Às vezes, o êmbolo pode se originar de placas ateromatosas, aneurismas, lesões inflamatórias (arterite) ou traumáticas, levando a quadros de ateroembolismo. Uma condição pouco habitual é a chamada embolia paradoxal, em que, na presença de trombose venosa profunda, o trombo desprendido de veia periférica alcançaria o coração direito e, a partir de um defeito no septo (comuni- cação interatrial, interventricular ou persistência do forame oval), ganharia a rede arterial, causan- do oclusão. O local mais comum de embolização do membro inferior é a bifurcação femoral, constituin- do mais de 40% dos casos. 2 Síndrome isquêmica aguda 37 Origens de êmbolos periféricos Origem Porcentagem (%) Cardiogênica 80 Fibrilação atrial 50 Infarto do miocárdio 25 Outras 5 Não cardíaca 10 Doença aneurismática 6 Artéria proximal 3 Êmbolos paradoxais 1 Outras ou idiopáticas 10 Tabela 2.1 Local de embolização periférica Local Porcentagem (%) Bifurcação aórtica 10-15 Bifurcação ilíaca 15 Bifurcação femoral 40 Poplíteo 10 Membros superiores 10 Cerebral 10-15 Mesentérico, visceral 5 Tabela 2.2 Trombose A principal diferença da embolia para a trombose é que nesta há doença na parede arterial, o que tem importantes implicações diagnósticas e terapêuticas. O substrato anatomopatológico, imperativo para o desenvolvimento da trombose arterial, sobretudo nas artérias de médio e pequeno calibres, é a presença de placa de ateroma. Esta pode ser sítio de uma ulceração, bem como de hemorragia intraplaca com aumento da pressão subintimal, levando à isquemia do endotélio e posterior ulceração. Nessas situações, existe exposição do sangue à matriz subendotelial, com consequente reatividade plaquetária, predispondo à coagulação e trombose no segmento arterial acometido. Não rara- mente, situações clínicas que determinam hipofluxo arterial e hipovolemia, seguidas de aumento da visco- sidade sanguínea podem também aumentar as proba- bilidades de trombose em locais de estenoses. Conclui-se, pelo exposto acima, que os principais pontos de ocorrência da trombose correspondem aos pontos mais frequentemente acometidos pela aterosclerose (exemplo: transição fêmoro-poplítea, na passagem da artéria pelo canal dos adutores da coxa). A trombose aguda de pequenas artérias pode ocorrer em várias entidades clínicas, não necessi- tando da presença de lesões ateroscleróticas como substrato determinante. Entre estas destacam-se as doenças orgânicas (tromboangeíte obliterante, síndrome de baixo fluxo), vasoespasmo arterial se- guindo lesões traumáticas, doenças hematológicas (policitemia vera), doenças do colágeno (lúpus erite- matoso sistêmico) e crioglobulinemia. Quadro clínico Os “5 P” foram utilizados como um recurso mne- mônico para relembrar a manifestação de um pacien- te com isquemia aguda do membro-parestesia, dor (pain), palidez, ausência de pulso e paralisia. � Dor (pain): deve-se sempre caracterizar o início, local, intensidade, mudança com o tempo, fato- res de melhora e piora. � Ausência de pulso (pulselessness): a acurácia da palpação dos pulsos é muito variável. Au- sência de pulso sugere doença arterial, seja aguda ou crônica. Nesses casos pode-se usar o Doppler portátil para avaliar o fluxo arterial e medir o índice tornozelo-braquial. Isquemia crítica geralmente ocorre com índices inferio- res a 0,5. � Palidez (pallor): o pé isquêmico é geralmente pálido. É muito importante avaliar o enchi- mento capilar, especialmente dos dedos. Enchi- mento lento ou ausente após compressão local indica isquemia grave. Alguns pacientes com isquemia crônica antes da OAA apresentam hi- peremia paralítica. A vasodilatação é máxima, para