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inicialmente seguido por outros seria- dos para vigilância. Quando a TVS persiste ou so- 7 Trombose venosa 89 fre recorrência, está indicada a investigação sobre anormalidades da coagulação, incluindo as dosa- gens da proteína C, proteína S e antitrombina III e a detecção da resistência à proteína C ativada. Tal investigação, ainda que dispendiosa, é importante em mulheres jovens nas quais a tromboflebite su- perficial ocorre durante o uso de contraceptivos orais. Deve haver cautela por parte dos laboratórios vasculares ao emitir laudos de tromboflebite da veia femoral “superficial”, o que, na atualidade, é uma nomenclatura equivocada para envolvimento veno- so profundo. Ainda que essa confusão seja imprová- vel entre os cirurgiões, os profissionais da assistên- cia primária podem ser levados a erro e a acreditar que o prognóstico de um paciente com tal laudo seja relativamente menos grave. O uso consistente da nova terminologia venosa (usando a expressão veia femoral em vez de “veia femoral superficial”) garan- tirá o tratamento apropriado aos pacientes porta- dores de trombose venosa profunda. Trombose venosa profunda A trombose venosa profunda (TVP) pode ocor- rer em qualquer veia do sistema venoso profundo: seios venosos do cérebro, veias viscerais e veias dos membros. Pela frequência e por suas complicações, a TVP dos membros, principalmente dos membros infe- riores e pelve, serão mais extensivamente analisadas neste capítulo. A morbimortalidade da TVP e de suas compli- cações constitui-se hoje em importante problema de saúde pública. Nos Estados Unidos, foi estimada uma mortalidade anual por EP de 50.000 pessoas, que ocorreram entre 300.000 e 600.000 internações por TVP e EP. Cerca de 70% dos casos ocorre como complicação de outra doença clínica, no pós-opera- tório, trauma ou pós-parto, e 30% são tromboses que chamamos espontâneas, por não apresentarem um evento desencadeante. Em 1856, Virchow postulou que para o desenvol- vimento de TVP, eram necessários: 1. estase sanguínea; 2. lesão endotelial; 3. hipercoagulabilidade. No entanto a TVP é uma doença de etiologia multifatorial na qual fatores genéticos interagem en- tre si e com fatores ambientais que levam ao desenca- deamento dessa afecção. Entre os fatores primários de risco para TVP/EP (trombofiliais mais comuns) deixa- mos aqui registrado a tabela abaixo: Fatores de risco primários para TVP/EP (trombofilias mais comuns) Hiper-homocisteinemia* Fator V de Leiden Deficiência de proteína S Deficiência de proteína C Síndrome do anticorpo antifosfolípide* Gene mutante da protrombina Deficiência de antitrombina Desordens do plasminogênio e desfibrinogenemias Aumento dos fatores VII e VIII Tabela 7.1 *Os únicos que cursam com trombose tanto de veias quan- to de artérias. A maioria dos casos de TVP se inicia nas veias das pernas, principalmente nos seios venosos valvulares e nos seios venosos dos músculos da panturrilha, devido à sua disposição anatômica que propicia a lentidão do fluxo ve- noso, principalmente durante repouso, imobilidade pro- longada ou anestesia geral. Esta lentidão do fluxo leva à formação de pequenos turbilhões que facilitam o acúmulo de plaquetas e fatores de coagulação ativados, que acabam por formar a cabeça do trombo, que se adere à parede ve- nosa. Com a evolução do processo, o trombo se prolonga na direção do fluxo venoso, constituindo a cauda do trom- bo. Essa cauda do trombo pode desprender-se e migrar para o pulmão (embolia pulmonar), ou obstruir a luz ve- nosa, causando os sintomas da TVP, e em se organizando, manter a obstrução venosa ou se recanalizando, causar a destruição das válvulas, alterações que a longo prazo podem levar ao quadro de síndrome pós-trombótica. A TVP dos membros inferiores é mais comum no membro esquerdo, possivelmente pela disposição anatômica dos vasos em que a artéria ilíaca direita comprime a veia ilíaca esquerda, diminuindo seu fluxo. Fatores de risco secundários para TVP/EP (menor e maior risco) Risco relativo = 5-20 Risco relativo = 2-4 Cirurgia de quadril Insuficiência cardíaca Cirurgia de joelho Doenças mieloproliferativas Traumatismo de membros inferiores Cardiopatia congênita Cirurgia abdominal de grande porte DPOC Câncer abdominal, pélvico ou metastático Doença neurológica com desabilidade Pós-operatório em UTI Estados de hiperviscosidade Restrição ao leito Anticoncepcional oral ou reposição hormonal Puerpério Obesidade Clínica cirúrgica | Vascular SJT Residência Médica - 201590 Fatores de risco secundários para TVP/EP (menor e maior risco) (cont.) Cesária Cateter venoso central Gravidez tardia Síndrome nefrótica e diálise crônica TVP prévia Doença inflamatória intestinal Tabela 7.2 Diagnóstico clínico O sintoma mais comum da TVP dos membros inferiores é a dor, que aparece em 86,7% dos doentes. A dor é causada pela distensão da própria veia, pelo processo inflamatório vascular e perivascular e pelo edema muscular que expande o volume dos múscu- los no interior da fáscia muscular pouco distensível, ocasionando pressão sobre terminações nervosas. A dor pode ser constante, mesmo em repouso, ou surgir quando o paciente anda ou movimenta a perna. Nos quadros mais graves de obstrução femoroilíaca a dor costuma ser intensa, chegando mesmo a ser excru- ciante, como nos casos de obstrução extensa das vias principais e da circulação colateral (flegmasia cerulea). Outra queixa importante dos doentes é o apa- recimento de edema, devido ao aumento da pressão hidrostática venosa e capilar, diminuindo a absorção de líquido intersticial. Deve-se sempre suspeitar forte- mente de TVP quando um paciente apresentar edema em um só membro ou quando, embora exista edema bilateral, ele já é ou se torna maior em um dos mem- bros. Raramente o paciente refere aumento do núme- ro e do calibre de vias superficiais. São referidos febre, taquicardia e mal-estar como podendo ser o primeiro sinal de TEV (Tromboembo- lismo venoso). Deve-se, portanto, pensar em TVP ou EP em doentes acamados que desenvolvem febre ou mal-estar sem outra causa aparente. Nos antecedentes, deve-se interrogar a respeito de outras moléstias recentes ou atuais, principalmen- te trombose venosa, embolia pulmonar ou trombofle- bites anteriores, neoplasias, moléstias cardiovascula- res, infecciosas, hematológicas, vasculites, repouso e/ ou operação ou parto recente, traumatismo e fraturas. Deve-se pesquisar também o uso de medicamentos em geral e, principalmente, de estrógenos com fina- lidade anticoncepcional, terapêutica ou de reposição hormonal pós-menopausa. Nos antecedentes familiares é muito importan- te perguntar a respeito de outros membros da família com quadros de tromboembolismo venoso, pela possi- bilidade, nesses casos, da existência de trombofilia de origem genética. Exame físico dos membros: deve ser realizado cuidadosamente em todos os doentes com queixas nos membros inferiores e, diariamente, nos pacientes acamados por qualquer causa, mesmo que não refiram qualquer sintoma. Devem ser pesquisados à inspeção: � Trajetos venosos superficiais visíveis (veias que funcionam como colaterais), que podem ser en- contrados em até 50% dos casos; � Cianose: encontrada em 17,3% dos doentes; é intensa nos casos mais graves, tendendo a fleg- masia cerúlea; � Palidez: em alguns casos de trombose iliofemo- ral, ocasionada por vasoespasmo; � Edema subcutâneo: surge em até 86,7% dos ca- sos. O edema pode ser verificado à simples ins- peção ou pela compressão digital da pele, veri- ficando a formação do chamado godê ou cacifo (depressão causada pela compressão digital no tecido edemaciado). � Edema muscular: reconhecível pelo aumento da consistência da musculatura à palpação suave e pela menor mobilidade da panturrilha quando balançada manualmente, estando as pernas se- mifletidas. Esse edema foi verificado também em 86,7% dos doentes por nós examinados; � Dor à palpação muscular: tem fisiopatologia