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História da Física e Contextualização na prática docente

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DA FÍSICA E 
CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRÁTICA 
DOCENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
 
HISTÓRIA DA FÍSICA 
 
http://blogmidia8.com/wp-content/uploads/2013/08/livro-historia-fisica.jpg 
 
 A Física é a ciência das propriedades da matéria e das forças naturais. 
Suas formulações são em geral compactantes expressas em linguagem 
matemática. 
 A introdução da investigação experimental e a aplicação do método 
matemático contribuíram para a distinção entre Física, filosofia e religião, que, 
originalmente, tinham como objetivo comum compreender a origem e a 
constituição do Universo. 
 A Física estuda a matéria nos níveis molecular, atômico, nuclear e 
subnuclear. Estuda os níveis de organização, ou seja, os estados sólido, líquido, 
gasoso e plasmático da matéria. Pesquisa também as quatro forças 
fundamentais: a da gravidade (força de atração exercida por todas as partículas 
do Universo), a eletromagnética (que liga os elétrons aos núcleos), a interação 
forte (que mantêm a coesão do núcleo e a interação fraca - responsável pela 
desintegração de certas partículas - a da radiatividade). 
 Física teórica e experimental - A Física experimental investiga as 
propriedades da matéria e de suas transformações, por meio de transformações 
e medidas, geralmente realizadas em condições laboratoriais universalmente 
repetíveis. A Física teórica sistematiza os resultados experimentais, estabelece 
relações entre conceitos e grandezas Físicas e permite prever fenômenos 
inéditos. 
 
FATOS HISTÓRICOS 
 
http://1.bp.blogspot.com/-
P9xzbbWEllg/UjT2oNTD7zI/AAAAAAAAbis/tf5t7f3byOY/s1600/grandes+f%C3%ADsicos+da+hist%C3%B3ria.png 
 
 
A Física se desenvolve em função da necessidade do homem de 
conhecer o mundo natural e controlar e reproduzir as forças da natureza em seu 
benefício. 
 
 
Física na Antiguidade 
É na Grécia Antiga que são feitos os primeiros estudos "científicos" sobre 
os fenômenos da natureza. Surgem os "filósofos naturais" interessados em 
racionalizar o mundo sem recorrer à intervenção divina. 
 
 
Atomistas Gregos 
 A primeira teoria atômica começa na Grécia, no século V A.C. Leucipo, de 
Mileto, e seu aluno Demócrito, de Abdera (460 A.C. - 370 A.C.), formulam as 
primeiras hipóteses sobre os componentes essenciais da matéria. Segundo eles, 
o Universo é formado de átomos e vácuo. Os átomos são infinitos e não podem 
ser cortados ou divididos. São sólidos, mas de tamanho tão reduzido que não 
podem ser vistos. Estão sempre se movimentando no vácuo. 
 
 Física Aristotélica 
 É com Aristóteles que a Física e as demais ciências ganham o maior 
impulso na Antiguidade. Suas principais contribuições para a Física são as ideias 
sobre o movimento, queda de corpos pesados (chamados "graves", daí a origem 
da palavra "gravidade") e o geocentrismo. A lógica aristotélica irá dominar os 
estudos da Física até o final da Idade Média. 
 Aristóteles - (384 A.C. - 322 A.C.) Nasce em Estagira, antiga Macedônia 
(hoje, Província da Grécia). Aos 17 anos muda-se para Atenas e passa a estudar 
na Academia de Platão, onde fica por 20 anos. Em 343 A.C. torna-se tutor de 
Alexandre, o grande, na Macedônia. Quando Alexandre assume o trono, em 335 
A.C., volta a Atenas e começa a organizar sua própria escola, localizada em um 
bosque dedicado a Apolo Liceu - por isso, chamada de Liceu. Até hoje, se 
conhece apenas um trabalho original de Aristóteles (sobre a Constituição de 
Atenas). Mas as obras divulgadas por meio de discípulos tratam de praticamente 
todas as áreas do conhecimento: lógica, ética, política, teologia, metafísica, 
poética, retórica, Física, psicologia, antropologia, biologia. Seus estudos mais 
importantes foram reunidos no livro Órganom. 
 
http://files.fisicasemmisterios.webnode.com.br/system_preview_detail_200000020-54d8c55d31/logo-fisica-in-gioco.jpg 
 
 
 Geocentrismo - Aristóteles descreve o cosmo como um enorme (porém 
finito) círculo onde existem nove esferas concêntricas girando em torno da Terra, 
que se mantêm imóvel no centro delas. 
 Gravidade - Aristóteles considera que os corpos caem para chegar ao seu 
lugar natural. Na antiguidade, consideram-se elementos primários a terra, a 
água, ar e fogo. Quanto mais pesado um corpo (mais terra) mais rápido cai no 
chão. A água se espalha pelo chão porque seu lugar natural é a superfície da 
Terra. O lugar natural do ar é uma espécie de capa em torno da Terra. O fogo 
fica em uma esfera acima de nossas cabeças e por isso as chamas queimam 
para cima. 
 
Primórdios da Hidrostática 
 A hidrostática, estudo do equilíbrio dos líquidos, é inaugurada por 
Arquimedes. Diz à lenda que Hierão, rei de Siracusa, desafia Arquimedes a 
encontrar uma maneira de verificar sem danificar o objeto, se era de ouro maciço 
uma coroa que havia encomendado. Arquimedes soluciona o problema durante 
o banho. Percebe que a quantidade de água deslocada quando entra na 
banheira é igual ao volume de seu corpo. Ao descobrir esta relação sai gritando 
pelas ruas "Eureka, eureka!" (Achei, achei!). No palácio, mede então a 
quantidade de água que transborda de um recipiente cheio quando nele 
mergulha sucessivamente o volume de um peso de ouro igual ao da coroa, o 
volume de um peso de prata igual ao da coroa e a própria coroa. Este, sendo 
intermediário aos outros dois, permite determinar a proporção de prata que fora 
misturada ao ouro. 
 Princípio de Arquimedes - A partir dessas experiências Arquimedes 
formula o princípio que leva o seu nome: todo corpo mergulhado em um fluído 
recebe um impulso de baixo para cima (empuxo) igual ao peso do volume do 
fluído deslocado. Por isso os corpos mais densos do que a água afundam e os 
mais leves flutuam. Um navio, por exemplo, recebe um empuxo igual ao peso do 
volume de água que ele desloca. Se o empuxo é superior ao peso do navio ele 
flutua. 
 Arquimedes - (287 A.C. - 212 A.C.) - nasce em Siracusa, na Sicília. 
Frequenta a Biblioteca de Alexandria e lá começa seus estudos de matemática. 
 
Torna-se conhecido pelos estudos de hidrostática e por suas invenções, como o 
parafuso sem ponta para elevar água. Também ganha fama ao salvar Siracusa 
do ataque dos romanos com engenhosos artefatos bélicos. Constrói um espelho 
gigante que refletia os raios solares e queimava a distância os navios inimigos. 
É também atribuído a Arquimedes o princípio da alavanca. Com base neste 
princípio, foram construídas catapultas que também ajudaram a resistir aos 
romanos. Depois de mais de três anos, a cidade é invadida é Arquimedes e 
assassinado por um soldado romano. 
 
 
http://www.meteoweb.eu/wp-content/uploads/2013/11/fisico.jpg 
 
Yin e Yang 
 Os chineses também iniciaram na Antiguidade estudos relacionados à 
Física. Não se ocupam de teorias atômicas ou estrutura da matéria. Procuram 
explicar o Universo como resultado do equilíbrio das forças opostas Yin e Yang. 
Estas palavras significam o lado sombreado e ensolarado de uma montanha e 
simbolizam forças opostas que se manifestam em todos os fenômenos naturais 
e aspectos da vida. Quando Yin diminui, Yang aumenta e vice-versa. 
 A noção de simetria dinâmica de opostos inaugurada pela noção de Yin e 
Yang será retomada no inicio do século XX com a teoria quântica. 
 
 
REVOLUÇÃO COPERNICANA 
 
 Em 1510 Nicolau Copérnico rompe com mais de dez séculos de domínio 
do geocentrismo. No livro Commentariolus diz pela primeira vez quea Terra não 
é o centro do Universo e sim um entre outros tantos planetas que giram em torno 
do Sol. Enfrenta a oposição da Igreja Católica, que adotara o sistema aristotélico 
como dogma e faz da Física um campo de estudo específico. 
 
 
http://www.ahistoria.com.br/biografia-nicolau-copernico/ 
 
Para muitos historiadores, a revolução copernicana se consolida apenas um 
século depois com as descobertas telescópicas e a mecânica de Galileu Galilei 
(1564-1642) e as leis de movimentos dos planetas dos planetas de Joannes 
Kepler (1571- 1630). 
 Heliocentrismo - "O centro da Terra não é o centro do mundo (Universo) 
e sim o Sol”. Este é o princípio do heliocentrismo (que tem o Sol do grego hélio 
- como centro), formulado por Nicolau Copérnico e marco da concepção 
moderna de Universo. Segundo o heliocentrismo, todos os planetas, entre eles 
a Terra, giram em torno do Sol descrevendo órbitas circulares. 
 
 Nicolau Copérnico - (1473 - 1543) nasce em Torum, na Polônia. Estuda 
matemática, os clássicos gregos, direito canônico (em Bolonha, na Itália) e 
medicina (em Pádua, Itália) e só depois se dedica exclusivamente à área que 
realmente lhe interessava: a astronomia. Em 1513 constrói um observatório e 
começa a estudar o movimento dos corpos celestes. A partir dessas 
observações, escreve Das revoluções dos corpos celestes com os princípios do 
heliocentrismo. Copérnico revoluciona a ideia que o homem tinha de si mesmo 
(visto como imagem de Deus e por isso centro de tudo) e dá novo impulso a 
todas as ciências ao colocar a observação e a experiência acima da autoridade 
e dos dogmas. 
 
 
FÍSICA CLÁSSICA 
 
http://2.bp.blogspot.com/_lQrg77G0aA4/TCmvyEnqCNI/AAAAAAAAAFU/FB3ingI-R28/s1600/atomo2.gif 
 
 
O século XVII lança as bases para a Física da era industrial. Simon Stevin 
desenvolve a hidrostática, ciência fundamental para seu País, a Holanda, 
protegida do mar por comportas e diques. Na óptica, contribuição equivalente é 
dada por Christiaan Huygens, também holandês, que constrói lunetas e 
 
desenvolve teorias sobre a propagação da luz. Huygens é o primeiro a descrever 
a luz como onda. Mas é Isaac Newton (1642-1727), cientista inglês, o grande 
nome dessa época: são dele a teoria geral da mecânica e da gravitação universal 
e o cálculo infinitesimal. 
 Isaac Newton - (1642- 1727) nasce em Woolsthorpe, Inglaterra, no 
mesmo ano da morte de Galileu. Começa a estudar na Universidade de 
Cambridge com 18 anos e aos 26 já se torna catedrático. Em 1687 publica 
Princípios matemáticos da filosofia natural. Dois anos depois é eleito membro do 
Parlamento como representante da Universidade de Cambridge. Já em sua 
época é reconhecido como grande cientista que revoluciona a Física e a 
matemática. Preside a Royal Society (academia de ciência) por 24 anos. Nos 
últimos anos de vida dedica-se exclusivamente a estudos teológicos. 
 Cálculo diferencial - por volta de 1664, quando a universidade é fechada 
por causa da peste bubônica, Newton volta à sua cidade natal. Em casa, 
desenvolve o teorema do binômio e o método matemático das fluxões. Newton 
considera cada grandeza finita resultado de um fluxo contínuo, o que torna 
possível calcular áreas limitadas por curvas e o volume de figuras sólidas. Este 
método dá origem ao cálculo diferencial e integral. 
 Decomposição da luz - Newton pesquisa também a natureza da luz. 
Demonstra que, ao passar por um prisma, a luz branca se decompõe nas cores 
básicas do espectro luminoso: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta. 
 Leis da mecânica - A mecânica clássica se baseia em três leis. 
 Primeira lei - É a da inércia. Diz que um objeto parado e um objeto em 
movimento tendem a se manter como estão a não ser que uma força 
externa atue sobre eles. 
 Segunda lei - Diz que a força é proporcional à massa do objeto e sua 
aceleração. A mesma força irá mover um objeto com massa duas 
vezes maior com metade da aceleração. 
 Terceira lei - Diz que para toda ação há uma reação equivalente e 
contrária. Este é o princípio da propulsão de foguetes: quando os 
gases "queimados” (resultantes da combustão do motor) escapam 
pela parte final do foguete, fazem pressão em direção oposta, 
impulsionando-o para frente. 
 
 Gravitação universal - observando uma maçã que cai de uma árvore do 
jardim de sua casa, ocorre a Newton a ideia de explicar o movimento dos 
planetas como uma queda. A força de atração exercida pelo solo sobre a maçã 
poderia ser a mesma que faz a Lua "cair" continuamente sobre a Terra. 
 Principio - Durante os 20 anos seguintes, Newton desenvolve os cálculos 
que demonstram a hipótese da gravitação universal e detalha estudos sobre a 
luz, a mecânica e o teorema do binômio. Em 1687 publica Princípios 
matemáticos da filosofia natural, conhecida como Principia, obra-prima científica 
que consolida com grande precisão matemática suas principais descobertas. 
Newton prova que a Física pode explicar tanto fenômenos terrestres quanto 
celestes e por isso é universal. 
 
 
FÍSICA APLICADA 
 
 
http://www.cursos-universitarios.com/Cursos/F%C3%ADsica/F%C3%ADsica-Aplicada/ 
 
No século XVIII, embora haja universidades e academias nos grandes 
centros, mais uma vez é por motivos práticos que a Física se desenvolve. A 
revolução industrial marca nova fase da Física. As áreas de estudos se 
especializam e a ligação com o modo de produção torna-se cada vez mais 
estreita. 
 
 TERMODINÂMICA 
 
 Estuda as relações entre calor e trabalho. Baseia-se em dois princípios: o 
da conservação de energia e o de entropia. Estes princípios são à base de 
máquinas a vapor, turbinas, motores de combustão interna, motores a jato e 
máquinas frigoríficas. 
 A partir de uma máquina concebida para retirar a água que inundava as 
minas de carvão, o inglês Thomas Newcomen cria em 1698 a máquina a vapor, 
mais tarde aperfeiçoada pelo escocês James Watt. É em torno do desempenho 
dessas máquinas que o engenheiro francês Sadi Carnot estabelece uma das 
mais importantes sistematizações da termodinâmica, delimitando a 
transformação de energia térmica (calor) em energia mecânica (trabalho). 
 Primeiro princípio - É o da conservação da energia. Diz que a soma das 
trocas de energia em um sistema isolado é nula. Se, por exemplo, uma bateria 
é usada para aquecer água, a energia da bateria é convertida em calor, mas a 
energia total do sistema, antes e depois de o processo começar, é a mesma. 
 Segundo princípio - Em qualquer transformação que se produza em um 
sistema isolado, a entropia do sistema aumenta ou permanece constante. Não 
há, portanto qualquer sistema térmico perfeito no qual todo o calor é 
transformado em trabalho. Existe sempre uma determinada perda de energia. 
 
 
http://www.estudopratico.com.br/leis-da-termodinamica-calor-energia-exemplos-e-conceitos/ 
 
 Entropia - tendência natural da energia se dispersar e da ordem evoluir 
invariavelmente para a desordem. O conceito foi sistematizado pelo austríaco 
Ludwig Boltzmann (1844-1906) e explica o desequilíbrio natural entre trabalho e 
calor. 
 Zero absoluto - 0 Kelvin (equivalente a -273,15º C ou -459,6º F) ou "zero 
absoluto" não existe em estado natural. A esta temperatura a atividade molecular 
(atômica) é nula. 
 Lord Kelvin - (1824- 1907) é como ficou conhecido o físico irlandês William 
Thomson, barão Kelvin of Largs. Filho de matemático forma-se em Cambridge e 
depois se dedica à ciência experimental. Em 1832 descobre que a 
descompressão dos gases provoca esfriamento e cria uma escala de 
temperaturas absolutas.ELETROMAGNETISMO 
 
 Em 1820, o dinamarquês Hans Oersted relaciona fenômenos elétricos aos 
magnéticos ao observar como a corrente elétrica alterava o movimento da agulha 
de uma bússola. Michel Faraday inverte a experiência de Oersted e verifica que 
os magnetos exercem ação mecânica sobre os condutores percorridos pela 
corrente elétrica e descobre a indução eletromagnética, que terá grande 
aplicação nas novas redes de distribuição de energia. 
 
http://educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/inducao.html 
 
 Indução eletromagnética - Um campo magnético (variável) gerado por 
uma corrente elétrica (também variável) pode induzir uma corrente elétrica em 
um circuito. A energia elétrica também pode ser obtida a partir de uma ação 
mecânica: girando em torno de um eixo, um enrolamento de fio colocado entre 
dois imãs provoca uma diferença de potencial (princípio do dínamo). 
 Michael Faraday - (1791-1867) é um caso raro entre os grandes nomes 
da ciência. Nasce em Newington, Inglaterra. Começa a trabalhar aos 14 anos 
como aprendiz de encadernador. Aproxima-se das ciências como autodidata e 
depois torna-se assistente do químico Humphy Davy. Apesar de poucos 
conhecimentos teóricos, o espírito de experimentação de Faraday o leva a 
importantes descobertas para a química e Física. Consegue liquefazer 
praticamente todos os gases conhecidos. Isola o benzeno. Elabora a teoria da 
eletrólise, a indução eletromagnética e esclarece a noção de energia 
eletrostática. 
 Raios catódicos - São feixes de partículas produzidos por um eletrodo 
negativo (cátodo) de um tubo contendo gás comprimido. São resultado da 
ionização do gás e provocam luminosidade. Os raios catódicos são identificados 
no final do século passado por Willian Crookes. O tubo de raios catódicos é 
usado em osciloscópios e televisões. 
 Raios X - Em 1895 Wilhelm Konrad von Röntgen descobre acidentalmente 
os raios X quando estudava válvulas de raios catódicos. Verificou que algo 
acontecia fora da válvula e fazia brilhar no escuro focos fluorescentes. Eram 
raios capazes de impressionar chapas fotográficas através de papel preto. 
Produziam fotografias que revelavam moedas nos bolsos e os ossos das mãos. 
Estes raios desconhecidos são chamadas simplesmente de "x"“x”. 
 Wilhelm Konrad von Röntgen - (1845-1923) nasce em Lennep, Alemanha, 
e estuda Física na Holanda e na Suíça. Realiza estudos sobre elasticidade, 
capilaridade, calores específicos de gases, condução de calor em cristais e 
absorção do calor por diferentes gases. Pela descoberta dos raios X recebe em 
1901 o primeiro prêmio Nobel de Física da História. 
 Radiatividade - É a desintegração espontânea do núcleo atômico de 
alguns elementos (urânio, polônio e rádio), resultando em emissão de radiação. 
Descoberta pelo francês Henri Becquerel ( 1852 - 1909) poucos meses depois 
 
da descoberta dos raios X. Becquerel verifica que, além de luminosidade, as 
radiações emitidas pelo urânio são capazes de penetrar a matéria. 
 Dois anos depois, Pierre Curie e sua mulher, a polonesa Marie Curie, 
encontram fontes radiativas muito mais fortes que o urânio. Isolam o rádio e o 
polônio e verificam que o rádio era tão potente que podia provocar ferimentos 
sérios e até fatais nas pessoas que dele se aproximavam. 
 Tipos de radiação - Existem três tipos de radiação; alfa, beta e gama. Á 
radiação alfa é uma partícula formada por um átomo de hélio com carga positiva. 
Radiação beta é também uma partícula, de carga negativa, o elétron. A radiação 
gama é uma onda eletromagnética. As substâncias radiativas emitem 
continuamente calor e têm a capacidade de ionizar o ar e torná-lo condutor de 
corrente elétrica. São penetrantes e ao atravessarem uma substância chocam-
se com suas moléculas. 
 
 
 
ESTRUTURA DO ÁTOMO 
 
http://4.bp.blogspot.com/-7bWkG0ijJ2o/T_dTiDFCvzI/AAAAAAAAAyQ/HKuJS7qC27M/s400/atomo.jpg 
 
 
 
Em 1803, John Dalton começa a apresentar sua teoria de que a cada 
elemento químico corresponde um tipo de átomo. Mas é só em 1897, com a 
descoberta do elétron, que o átomo deixa de ser uma unidade indivisível como 
se acreditava desde a Antiguidade. 
 Descoberta do elétron - Em 1897 Joseph John Thomson, ao estudar os 
raios X e raios catódicos, identifica partículas de massa muito pequena, cerca de 
1.800 vezes menores que a do átomo mais leve. Conclui que o átomo não é 
indivisível, mas composto por partículas menores. 
 Modelo pudim - Thomson diz que os átomos são formados por uma nuvem 
de eletricidade positiva na qual flutuam, como ameixas em volta de um pudim, 
partículas de carga negativa - os elétrons. 
 Modelo planetário - Em 1911 Ernest Rutherford bombardeia uma lâmina 
de ouro com partículas em alta velocidade. Observa que algumas partículas 
atravessam o anteparo e outras ricocheteiam. Descobre que existem espaços 
vazios no átomo, por isso algumas partículas passaram pela lâmina. Verifica 
também que há algo consistente contra o que outras partículas se chocaram e 
refletiram. Conclui que o átomo possui um núcleo (de carga positiva) em volta do 
qual orbitam elétrons, como planetas girando em torno do Sol. O modelo 
planetário é aperfeiçoado por Niels Bohr com fundamentos da Física quântica. 
 Prótons - 1919 Rutherford desintegra o núcleo de nitrogênio e detecta 
partículas nucleares de carga positiva. Elas seriam chamadas de prótons. 
Segundo Rutherford, o núcleo é responsável pela maior massa do átomo. 
Anuncia a hipótese de existência do nêutron, confirmada apenas 13 anos depois. 
 Nêutrons - 1932 James Chadwick membro da equipe, de Rutherford, 
descobre os nêutrons, partículas nucleares com a mesma massa do próton, mas 
com carga elétrica neutra. 
 Ernest Rutherford - (1871 - 1937) nasce em Nelson, na Nova Zelândia, 
onde começa a estudar Física. Suas maiores contribuições foram às pesquisas 
sobre radiatividade e teoria nuclear. Em 1908 cria um método para calcular a 
energia liberada nas transformações radiativas e recebe o prêmio Nobel de 
química. Em 1919 realiza a primeira transmutação induzida e transforma um 
núcleo de nitrogênio em oxigênio através do bombardeamento com partículas 
 
alfa. A partir daí dedica-se a realizar transmutações de vários tipos de elementos. 
Em 1931 torna-se o primeiro barão Rutherford de Nelson 
 
 
 
ERA QUÂNTICA 
 
https://ngvthu.gnomio.com/pluginfile.php/17/course/overviewfiles/1.jpg 
 
 A grande revolução que leva a Física à modernidade é a teoria quântica, 
que começa a se definir no fim do século XIX. É a inauguração de uma nova 
"lógica" resultante das várias pesquisas sobre a estrutura do átomo, radiatividade 
e ondulatória. 
 Max Planck é quem define o conceito fundamental da nova teoria - o 
quanta. Mas a teoria geral é de autoria de um grupo internacional de físicos, 
entre os quais: Niels Bohr (Dinamarca), Louis De Broglie (França), Erwin, 
Schroedinger e Wolfgang, Pauli (Áustria), Werner Heisenberg (Alemanha), e 
Paul Dirac (Inglaterra). 
 Quanta - Em 1900 o físico alemão Max Planck afirma que as trocas de 
energia não acontecem de forma continua e sim em doses, ou pacotes de 
energia, que ele chama de quanta. A introdução do conceito de descontinuidade 
subverte o princípio do filósofo alemão Wilhelm Leibniz (1646-1716), "natura non 
 
facit saltus"( a natureza não dá saltos), que dominava todos os ramos da ciência 
na época. 
 Max Planck - (1858-1947) nasce em Kiel, Alemanha. Filho de juristas, 
chega a oscilar entre a carreira musical e os estudos científicos. Decide-se pela 
Física e se dedica à carreira acadêmica até o fim da vida.Em 14 de dezembro 
de 1900, durante uma reunião da Sociedade Alemã de Física, apresenta a noção 
de "quanta elementar de ação". Em sua autobiografia Planck diz que na época 
não previa os efeitos revolucionários dos quanta. Em 1918 recebe o prêmio 
Nobel de Física. 
 Modelo quântico do átomo - Surge em 1913, elaborado por Niels Bohr 
(1885-1962). Segundo ele, os elétrons estão distribuídos em níveis de energia 
característicos de cada átomo. Ao absorver um quanta de energia, um elétron 
pode pular para outro nível e depois voltar a seu nível original, emitindo um 
quanta idêntico. 
 
Dualidade Quântica 
 
A grande marca da mecânica quântica é a introdução do conceito de 
dualidade e depois, com Werner Heisenberg, do princípio de incerteza. Para a 
mecânica quântica, o universo é essencialmente não-deterministico. O que a 
teoria oferece é um conjunto de prováveis respostas. No lugar do modelo 
planetário de átomo, com elétrons orbitando em volta de um núcleo, a quântica 
propõe um gráfico que indica zonas onde eles têm maior ou menor probabilidade 
de existir. Toda matéria passa a ser entendida segundo uma ótica dual: pode se 
comportar como onda ou como partícula. É o rompimento definitivo com a 
mecânica clássica, que previa um universo determinístico. 
 Princípio da incerteza - Em 1927 Werner Heisenberg formula um método 
para interpretar a dualidade da quântica, o princípio da incerteza. Segundo ele, 
pares de variáveis interdependentes como tempo e energia, velocidade e 
posição, não podem ser medidos com precisão absoluta. Quanto mais precisa 
for à medida de uma variável, mais imprecisa será a segunda. "Deus não joga 
dados", dizia Albert Einstein, negando os princípios na nova mecânica. 
 
 
RELATIVIDADE 
 
A teoria da relatividade surge em duas etapas e altera profundamente as 
noções de espaço e tempo. Enquanto a mecânica quântica é resultado do 
trabalho de vários físicos e matemáticos, a relatividade é fruto exclusivo das 
pesquisas de Albert Einstein. 
 Relatividade Restrita - Em 1905 ele formula a Teoria da Relatividade 
Restrita (ou especial), segundo a qual a distância e o tempo podem ter diferentes 
medidas segundo diferentes observadores. Não existe portanto tempo e espaço 
absolutos como afirmara Newton no Principia, mas grandezas relativas ao 
sistema de referência segundo o qual elas são descritas. 
 Raios simultâneos - Einstein dá o exemplo dos raios e o trem. Dois 
indivíduos observam dois raios que atingem simultaneamente as extremidades 
de um trem (que anda em velocidade constante em linha reta) e chamuscam o 
chão. Um homem está dentro do trem, exatamente na metade dele. O segundo 
indivíduo está fora, bem no meio do trecho entre as marcas do raio. Para o 
observador que está no chão, os raios caem simultaneamente. Mas o homem no 
trem dirá que os raios caíram em momentos sucessivos, porque ele, ao mesmo 
tempo em que se desloca em direção ao relâmpago da frente, se afasta do 
relâmpago que cai na parte traseira. Este último relâmpago deve percorrer uma 
distância maior do que o primeiro para chegar até o observador. Como a 
velocidade da luz é constante, o relâmpago da frente "chega" antes que o de 
trás. 
 
Relatividade Geral 
 
Dez anos depois, Einstein estende a noção de tempo-espaço à força da 
gravidade. A Teoria Geral da Relatividade (1916), classificada pelo próprio 
Einstein como "bonita esteticamente", é também uma teoria da gravidade capaz 
de explicar a força de atração pela geometria tempo-espaço. 
 A fórmula relativa - A "revolução" de Einstein Torna popular a fórmula 
Física E= mc2 (energia é igual à massa vezes o quadrado da velocidade da luz). 
A equivalência entre massa e energia (uma pequena quantidade de massa pode 
 
ser transformada em uma grande quantidade de energia) permite explicar a 
combustão das estrelas e dar ao homem maior conhecimento sobre a matéria. 
É a expressão teórica das enormes reservas de energia armazenadas no átomo 
na qual se baseiam os artefatos nucleares. 
 Bomba atômica - Artefato nuclear explosivo que atinge seu efeito 
destrutivo através da energia liberada na quebra de átomos pesados (urânio 235 
ou plutônio 239). Armas atômicas foram superadas pelas bombas 
termonucleares, que têm maior poder destrutivo. As bombas termonucleares 
(bomba H e bomba de nêutrons) agem por meio de ondas de pressão ou ondas 
térmicas. Produzem essencialmente radiação, mortal para os seres vivos, sem 
destruir bens materiais. São bombas de fusão detonadas por uma bomba 
atômica e podem ter o tamanho de um paralelepípedo. 
 Velocidade relativa - A relatividade também revoluciona a noção de 
velocidade. Ao demostrar que todas as velocidades são relativas, explica que, 
apesar do movimento, nenhuma partícula poderia se deslocar a uma velocidade 
superior à da luz (299.792.458 metros por segundo). À medida que se 
aproximasse dessa velocidade, a energia e a massa da partícula também 
aumentariam, tomando cada vez mais difícil a aceleração. 
 Geometria espaço-tempo - Enquanto Newton descrevera a gravitação 
como uma queda, para Einstein é uma questão espacial. Quando um corpo está 
livre, isto é, sem influência de qualquer força, seus movimentos apenas 
exprimem a qualidade de espaço-tempo. A presença de um corpo em 
determinado local causa uma distorção no espaço próximo. 
 Espaço curvo - Um raio de luz proveniente de uma estrela distante parece 
sofrer uma alteração de trajetória ao passar perto do Sol. Isto não é causado por 
qualquer força de atração, diz Einstein. Em função da enorme massa do Sol, o 
espaço a sua volta está deformado. É como se ele estivesse " afundado". O raio 
apenas acompanha esta curvatura, mas segue sua rota natural. E se a matéria 
encurva o espaço, é possível admitir que todo o Universo é curvo. A confirmação 
experimental do espaço curvo só acontece em 1987, com a observação de 
galáxias muito distantes. 
 Albert Einstein (1879-1955) nasce um Ulm, Alemanha, em 1879. Chega a 
ser considerado deficiente mental porque até 4 anos não fala fluentemente. 
 
Durante o secundário, é considerado pelos professores um estudante medíocre. 
Mas, fora da escola, Einstein mostra desde jovem interesse pela matemática. 
Começa seus estudos de matemática e Física na Alemanha e depois assume 
nacionalidade suíça. Em 1921 recebe o prêmio Nobel. No apogeu do nazismo 
vai para os EUA e se naturaliza norte-americano. Depois da 2a guerra, passa a 
defender o controle internacional de armas nucleares. Morre em Princeton, EUA. 
 
 
PARTÍCULAS SUBATÔMICAS 
 
http://www.mundoeducacao.com/upload/conteudo_legenda/61205b0da6c84dd8d28e64997b2117d2.jpg 
 
 
A história das partículas que compõem o átomo é bastante recente. Só 
em 1932 confirma-se que os átomos são formados por nêutrons, prótons e 
elétrons. Em seguida são encontradas partículas ainda menores como o 
pósitron, o neutrino e o méson - uma partícula internuclear de vida curtíssima 
(um décimo milésimo milionésimo de segundo). 
 
 Quarks e léptons - Hoje já se conhecem 12 tipos de partículas 
elementares. Elas são classificadas em duas famílias: quarks e léptons. Estes 
são os tijolos da matéria. Há seis gerações de partículas quark e seis de léptons. 
A primeira geração de quarks é a dos upe down (alto e baixo), que formam, por 
exemplo, os nêutrons e os prótons. 
 Os quarks de segunda e terceira geração, os charm e strange (charme e 
estranho) e os bottom e top (base e topo), existiram em abundância no início do 
Universo. Hoje, são partículas muito raras e só recentemente foram 
identificadas. O quark top foi detectado pela primeiravez em abril do ano 
passado. Os mésons também são formados por quarks. A família dos léptons 
reúne gerações de partículas mais leves. Entre eles, os mais conhecidos são o 
elétron e o neutrino. 
 O tamanho do átomo - O diâmetro de um átomo é de aproximadamente 
10-10 m, ou um centésimo milionésimo de centímetro. Se uma laranja fosse 
ampliada até ter o tamanho da Terra, seus átomos teriam o tamanho de cerejas. 
Uma proporção semelhante é a que existe entre o átomo e o núcleo dele. Se um 
átomo pudesse ser ampliado e ter o tamanho de uma sala de aula, ainda assim 
o núcleo não seria visível a olho nu. 
 Estudo do núcleo - Apesar de todo avanço tecnológico, nunca foi possível 
ver o interior do átomo. Para descobrir características e propriedades das 
partículas, os físicos usam métodos indiretos de observação. Bombardeiam 
núcleos atômicos e depois verificam os "estragos". Registram as ocorrências e 
fazem curvas de comportamento. Depois fazem abstrações matemáticas 
(modelos) que serão testados para confirmação. 
 Aceleradores de partículas - Os aceleradores são os aparelhos 
desenvolvidos para "olhar " o núcleo atômico. São eles que fornecem altas doses 
de energia para que partículas possam romper o campo de força que envolve o 
núcleo e atingi-lo. Essas partículas podem ser elétrons, prótons, antiprótons. Em 
grandes anéis circulares ou túneis, as partículas são aceleradas em direção 
oposta e produzem milhares de colisões por segundo. Um detector registra o 
rastro das partículas que resultam de cada choque e um computador seleciona 
as colisões a serem analisadas. 
 
 
http://2.bp.blogspot.com/_KVF1VE_3ocI/TQgVlo_45CI/AAAAAAAAAAU/JA-kVm0GwJc/s1600/atomo.jpg 
 
 
TENDÊNCIAS ATUAIS 
 
 A fusão nuclear controlada e a Física dos primeiros instantes do Universo 
são atualmente os campos mais desafiantes da física. 
 Fusão Nuclear Controlada - A fusão nuclear é um processo de produção 
de energia a partir do núcleo do átomo. Este fenômeno ocorre naturalmente no 
interior do Sol e da estrelas. Núcleos leves como o do hidrogênio e seus isótopos 
- o deutério e o trítio -se fundem e criam elementos de um núcleo mais pesado, 
como o hélio. Neste processo, há uma enorme liberação de energia. Até hoje, 
só foi possível produzir energia nuclear pela fissão (quebra) do núcleo dos 
átomos. Esta "quebra" resulta em energia, mas libera resíduos radiativos e por 
isso não pode ser considerada uma fonte segura. 
 
 Combustível nuclear - Um dos desafios da Física atual é reproduzir o 
processo de fusão de maneira controlada e obter combustível nuclear. Será uma 
alternativa mais econômica e limpa. Pode ser obtida a partir de matéria-prima 
abundante (água) e sem efeitos poluidores (como o monóxido de carbono, 
resultante da queima de combustíveis, ou a radiação). 
 Deutério - O combustível para a fusão, o deutério, é um isótopo de 
hidrogênio abundante na água. Na fusão nuclear, uma única gota de deutério 
(obtida a partir de 4 litros de água comum) produziria energia equivalente à 
queima de 1.200 litros de petróleo. 
 Teoria do Campo Unificado - Neste campo, as teorias sobre a evolução 
do Universo a partir do seu momento inicial, o Big Bang (Grande Explosão), se 
encontra com as teorias das partículas elementares. A hipótese aceita hoje em 
dia é que, logo após o Big Bag, teria se formado uma espécie de "sopa" 
superquente de partículas básicas das quais se constitui toda a matéria e que, 
ao se resfriarem, teriam dado origem à matéria em seu estado atual. O grande 
desafio é estabelecer uma teoria do campo unificado que descreva a ação das 
forças fundamentais (gravitacionais, eletromagnéticas e nucleares) num único 
conjunto de equações ou a partir de um princípio geral, que seria a "força" 
presente no início dos tempos. 
 
 
ESPECIALIZAÇÕES DA FÍSICA 
 
 Cosmologia e astrofísica - Tratam da natureza do universo físico, sua 
origem, evolução e possíveis extensões espaço-temporais. 
 Física atômica, molecular e de polímeros - Dedicam-se à descrição da 
estrutura e das propriedades de sistemas de muitos elétrons, como os átomos 
complexos, ou como moléculas e compostos orgânicos. 
 Física da matéria condensada e do estado sólido - Ocupa-se das 
propriedades gerais dos materiais, como cristais, vidros ou cerâmicas. Tem 
como subespecializações a Física de semicondutores e a Física de superfícies. 
 
 Física nuclear - Estuda a estrutura nuclear e os mecanismos de reação, 
emissão de radiatividade natural, de fissão e fusão nuclear. 
 Física dos plasmas - Estuda a matéria a centenas de milhares de graus 
ou mesmo a milhões de graus de temperatura, estado em que a estrutura 
atômica regular é desfeita em íons e elétrons ou em que ocorrem fusões 
nucleares, como no Sol e nas demais estrelas. 
 Física das partículas elementares - Trata dos constituintes fundamentais 
da matéria. 
 Física das radiações - Estuda os efeitos produzidos pela absorção da 
energia da radiação eletromagnética em geral ou da radiação ionizante em 
particular. 
 Gravitação e relatividade geral - Tratam das propriedades geométricas do 
espaço/tempo, como decorrentes das concentrações de massa no Universo. 
 Mecânica dos fluídos - Estuda as propriedades gerais e as leis de 
movimento dos gases e dos líquidos. 
 Óptica - Estuda propriedades e efeitos de fontes de luz (como os raios 
laser), de transmissores de luz (como as fibras ópticas) e de fenômenos e 
instrumentos ópticos (como o arco-íris e os microscópios). 
 
 
http://wallpaper.ultradownloads.com.br/170901_Papel-de-Parede-Atomo-Colorido_1600x1200.jpg 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA FÍSICA PARA O ESCLARECIMENTO DO 
UNIVERSO E PARA O DESENVOLVIMENTO DAS FORÇAS 
PRODUTIVAS DA SOCIEDADE 
 
 
http://lulacerda.ig.com.br/wp-content/uploads/2013/12/corpo.atomos.jpg 
 
Texto de: G. Miakichev & B. Bukhovtsev 
Traduzido do Russo por Ana Manteigas Pedro e Anatoli Kutchúmov 
Adaptado por Alberto Ricardo Präss (www.fisica.net) 
 
 
Panorama Físico do Universo 
 
A Física permite-nos conhecer as leis gerais da Natureza que regulam o 
desenvolvimento dos processos que se verificam, tanto no Universo circundante 
como no Universo em geral. 
 O objetivo da Física consiste em descobrir as leis gerais da Natureza e 
esclarecer, com base nelas, processos concretos. Os cientistas, à medida que 
se aproximavam desse objetivo, iam compreendendo melhor o panorama 
grandioso a complexo da unidade universal da Natureza. O Universo não é um 
conjunto simples de acontecimentos independentes, mas todos eles constituem 
manifestações evidentes do Universo considerado como um todo. 
 
 
Panorama mecânico do Universo. 
 
O panorama grandioso da unidade do Universo idealizado por Newton, 
com base na Mecânica, causou sempre e continua a causar admiração. De 
acordo com o modelo de Newton, todo o Universo consta “de partículas duras, 
pesadas, impenetráveis e animadas de movimento”. São “partículas elementares 
absolutamente duras: a sua dureza é infinitamente superior à dos corpos 
constituídos por elas, tão duras que nunca sofrem desgaste nem ruptura”. 
 As partículas diferem umas das outras apenas quantitativamente, isto é, 
pelas suas massas. Toda a riqueza, toda a diversidade qualitativa do Universo 
resulta das diferenças no movimento das partículas. A natureza, a essência 
interna das partículas como que estavam em segundo plano. 
 As leis que regulam o movimento dos corpos, descobertas por Newton, e 
o seu caráter universal serviram de base para a idealização deste panorama 
geral do Universo. À leis de Newton obedecemcom exatidão tanto os grandes 
astros como as pequeníssimas partículas de areia agitadas pelos ventos. O 
próprio vento obedece às mesmas leis, pois que consta de partículas de ar 
invisíveis a olho nu. 
 Durante muito tempo os cientistas consideraram que as leis da Mecânica 
de Newton são as únicas leis fundamentais da Natureza. Assim, por exemplo, o 
físico francês LAGRANGE considerava que “não há nenhum homem mais feliz 
do que Newton: somente uma vez cabe a um só homem a glória de idealizar o 
panorama do Universo”. No entanto, o panorama mecânico simples do Universo 
revelou-se inconsistente. Durante o estudo dos processos eletromagnéticos 
soube-se que os mesmos não obedecem às leis mecânicas de Newton. Maxwell 
descobriu um novo tipo de leis fundamentais que não se limitam apenas à 
mecânica de Newton. Trata-se das leis que regulam o comportamento do campo 
eletromagnético. 
 
Panorama eletromagnético do Universo 
 
 
Na Mecânica de Newton admite-se que os corpos interagem, diretamente 
através do vazio, uns sobre os outros, interação esta que se realiza 
instantaneamente (teoria da interação a grandes distâncias). O conceito de 
forças, depois de criada a eletrodinâmica, sofreu alterações substanciais. Cada 
um dos corpos que entram em interação cria um campo eletromagnético que se 
propaga no espaço com uma velocidade finita. As interações realizam-se através 
desse campo (teoria da interação a pequenas distâncias). 
 As forças eletromagnéticas são muito frequentes na Natureza. As forças 
eletromagnéticas atuam no seio do núcleo atômico, nos átomos, nas moléculas, 
assim como entre as moléculas nos corpos macroscópicos. Isto ocorre devido a 
que a composição de todos os átomos entram partículas carregadas de 
eletricidade. A ação das forças eletromagnéticas põe-se em evidência tanto a 
distâncias muito pequenas (dentro de um núcleo atômico) como muito grandes, 
cósmicas (radiação eletromagnética dos astros). 
 O desenvolvimento da eletrodinâmica deu origem a várias tentativas de 
idealizar um panorama eletromagnético do Universo. Todos os acontecimentos 
que se verificam no Universo, segundo tal panorama, obedecem às leis que 
regulam as interações eletromagnéticas. 
 O panorama eletromagnético do Universo atingiu o ponto culminante do 
seu desenvolvimento após a criação da teoria da relatividade especial. Foi nessa 
altura que se tornou possível compreender a importância fundamental do valor 
finito da velocidade de propagação das interações eletromagnéticas, assim 
como criar os novos conceitos de espaço e de tempo, escrever a nova equação 
relativista do movimento que substituiu as equações de Newton nos casos de se 
tratar de grandes velocidades. 
 Repare-se que, enquanto na época de existência única do panorama 
mecânico do Universo os cientistas tentavam reduzir os fenômenos 
eletromagnéticos aos processos mecânicos num meio especial hipotético (éter 
universal), nesta nova etapa, pelo contrário, os físicos tinham tendência para 
deduzir as leis que regulam o movimento das partículas com base na teoria 
eletromagnética. As partículas constituintes da matéria eram consideradas como 
porções concentradas de um campo eletromagnético. 
 
 Porém, foi impossível reduzir todos os fenômenos da Natureza apenas 
aos processos eletromagnéticos. A equação do movimento das partículas e a lei 
da interação gravitacional não podem deduzir-se da teoria do campo 
eletromagnético. 
 Além disto, foram descobertas as partículas eletricamente neutrais, assim 
como as interações de novos tipos. A Natureza revelou-se mais complexa do 
que os cientistas supunham antes: não há nenhuma lei geral do movimento nem 
força universal alguma que possam abranger a enorme diversidade dos 
processos a fenômenos no Universo. 
 
 Unidade da composição geral da matéria 
 
A diversidade do Universo é tão grande que todos os corpos, sem dúvida, 
não podem ser constituídos por partículas de uma só espécie. No entanto, a 
matéria de que são compostos astros, por mais surpreendente que isto seja, é a 
mesma que entra na constituição da Terra. 
 Os átomos de que constam todos os corpos do Universo são iguais. Os 
organismos vivos são constituídos pelos mesmos átomos que os mortos. 
 Todos os átomos têm a mesma estrutura a constam de partículas 
elementares de três espécies. 
 Os átomos possuem núcleos constituídos por prótons a nêutrons 
rodeados por elétrons. 
 A interação que se verifica entre os núcleos a os elétrons é realizada 
através do campo eletromagnético, cujos quantos são fótons. 
 A interação entre prótons a nêutrons no seio dos núcleos realiza-se 
geralmente através dos mésons pi, que constituem os quantos do campo 
nuclear. A desintegração dos nêutrons dá origem à formação de neutrinos. Além 
disto, foram descobertas muitas outras partículas elementares cuja interação só 
se reveste de importância considerável quando possuem energias 
extraordinariamente grandes. 
 Durante a primeira metade do século XX foi estabelecido o seguinte fato 
fundamental: todas as partículas elementares são susceptíveis de se 
transformarem reciprocamente umas nas outras. 
 
 Depois da descoberta das partículas elementares a das suas 
transmutações, tornou-se evidente o caráter universal da composição a da 
estrutura da matéria, assente na materialidade de todas as partículas 
elementares. As partículas elementares, por muito diferentes que sejam, não são 
mais do que diversas formas concretas de existência da matéria. 
 
Panorama físico atual do Universo 
 
No entanto, a unidade do Universo não se limita ao caráter universal da 
estrutura da matéria, mas sim se manifesta também nas leis que regulam o 
movimento das partículas e a interação delas entre si. Apesar da surpreendente 
diversidade das interações dos corpos entre si, na Natureza, de acordo com os 
conhecimentos atuais, existem apenas quatro tipos de forças, a saber: forças 
gravitacionais, eletromagnéticas, nucleares a as chamadas interações facas. 
Estas últimas manifestam-se somente durante as transmutações das partículas. 
Estes quatro tipos de forças podem observar-se tanto nos espaços ilimitados do 
Universo, como em quaisquer corpos a objetos na Terra (entre eles, nos 
organismos vivos), nos átomos a núcleos atômicos, e, mesmo, durante todas as 
transmutações das partículas elementares. 
 Este câmbio radical, revolucionário dos conceitos clássicos acerca do 
panorama físico do Universo foi possível depois da descoberta das propriedades 
quânticas da matéria. Após o aparecimento da Física Quântica, que descreve o 
movimento das partículas elementares, tornou-se possível o esclarecimento de 
novos aspectos e elementos do panorama físico universal do Universo. 
 A divisão da matéria em substância, com uma estrutura descontínua, e 
em campo contínuo, perdeu hoje o seu sentido absoluto. A cada campo dado 
correspondem os respectivos quantos: os fótons, quando se trata do campo 
eletromagnético, os mésons no caso do campo nuclear, a assim 
sucessivamente. Todas as partículas, por sua vez, possuem propriedades 
ondulatórias. O dualismo onda-partícula é próprio de todas as formas da 
matéria. O esclarecimento das propriedades corpusculares a ondulatórias, 
aparentemente incompatíveis, por intermédio de uma teoria universal, foi 
possível devido ao fato de que as leis do movimento de todas as micropartículas, 
 
sem exceção, têm caráter estatístico (provável). Isto torna impossível o 
prognóstico inequívoco do comportamento dos objetos microscópicos. 
 Os princípios da Teoria Quântica são absolutamente universais, podendo 
aplicá-los tanto para a descrição do movimento de todas aspartículas e a 
interação delas entre si, como para a análise das suas transmutações. Pois bem, 
a Física moderna põe em evidência a unidade universal da Natureza. No entanto, 
são muitos os problemas, incluindo própria essência física da unidade universal 
do Universo, que não estão ainda definitivamente esclarecidos. Não sabemos 
por que é que as partículas elementares são tão numerosas, nem por que razão 
possuem massas e cargas diferentes e uma série de outras características 
específicas. Até hoje, todas estas grandezas foram avaliadas 
experimentalmente. Contudo, torna-se cada vez mais clara a relação entre 
diversos tipos de interações. As interações eletromagnéticas a as fracas são 
abrangidas já dentro dos limites de uma teoria comum. Os físicos conhecem já 
a estrutura da maior parte das partículas elementares. Torna-se evidente que a 
Física das partículas elementares está em vésperas de realizar descobertas 
grandiosas. 
 “Aqui estão encobertos segredos tão grandes a pensamentos tão 
elevados que, apesar das tentativas de centenas de sábios dos mais 
perspicazes, que durante milênios trabalharam para desvendá-los, ainda não 
foram revelados, de forma que ainda é possível gozar o prazer e o regozijo 
proporcionado pelo trabalho criativo a pelas descobertas”. Estas palavras de 
Galileu Galilei, ditas há mais de três séculos, são ainda muito atuais. 
 
Concepção científica do Universo 
 
As leis fundamentais estabelecidas pela Física, quanto ao seu caráter 
complexo e universal, vão muito para além dos fatos que dão origem ao estudo 
dos respectivos fenômenos. No entanto, as leis físicas são tão certas e objetivas 
como os nossos conhecimentos dos fenômenos simples observados a olho nu. 
Tais leis nunca podem ser violadas, seja em que circunstâncias for. 
 
 É cada vez maior o número de pessoas que se dão conta de que as leis 
objetivas da Natureza excluem milagres e o conhecimento perfeito destas leis 
aumenta o poder do homem sobre a Natureza. 
 Nos séculos passados a Humanidade depositou as suas melhores 
esperanças na crença no sobrenatural, em Deus. A religião contém ideias sobre 
o caráter limitado das possibilidades do homem, da existência da vontade divina 
que orienta os homens a um determinado objetivo hipotético. Não há dúvida que 
o progresso da ciência no domínio do esclarecimento da Natureza tem destruído 
a pouco a pouco esse sistema filosófico. 
 
Física a Revolução Técnico-Científica 
 
Presentemente assistimos a uma grandiosa revolução técnico-científica 
que começou aproximadamente há um meio de século. Esta revolução causou 
alterações profundas e qualitativas em numerosos domínios da ciência e técnica. 
A Astronomia, uma das ciências mais antigas, está a sofrer mudanças radicais, 
devidas às grandes realizações alcançadas pela Humanidade na conquista do 
espaço. 
O aparecimento da Biologia Molecular a da Genética deu origem a uma 
revolução na Biologia, ao passo que a instituição da chamada grande Química 
tornou-se possível graças a mudanças radicais na ciência Química. Os 
processos análogos desenvolvem-se também na Geologia, Meteorologia, 
Oceanologia a muitos outros domínios da ciência moderna. 
 São profundas as modificações qualitativas que se verificam hoje em dia 
em todos os setores industriais. A revolução na produção de energia, por 
exemplo, devesse à passagem do emprego das centrais termelétricas, cujo 
funcionamento assenta na utilização de combustíveis de origem orgânica, para 
o uso das centrais elétricas atômicas. 
 Crescem as aplicações de materiais sintéticos com propriedades novas e 
muito valiosas. A mecanização e automatização complexas tornam inevitável 
uma revolução nos setores industrial a agrícola. Os transportes, a construção e 
as comunicações vão se transformando em setores realmente novos a eficazes 
da técnica moderna. 
 
 A revolução técnico-científica modificou radicalmente o papel que a 
ciência desempenha na vida da sociedade. A ciência constitui já uma força 
produtiva. De agora para o futuro, a produção dos bens materiais necessários 
para a Humanidade dependerá do progresso da ciência. 
 A revolução técnico-científica conduz necessariamente a Humanidade a 
uma grandiosa reorganização a ao aperfeiçoamento de todos os domínios da 
produção. A revolução técnico-científica, além disso, torna muito atual o 
problema da proteção do meio ambiente. 
 A Física é uma das ciências fundamentais. A Física influi 
consideravelmente sobre os mais variados ramos a setores da ciência, técnica 
a produção. Analisemos, então, alguns fatos elucidativos da importância que a 
Física tem para os outros domínios da ciência a técnica modernas. 
 No decurso de vários milênios toda a informação de que os astrônomos 
dispunham sobre os fenômenos astronômicos era-lhes dada pela luz visível. 
Pode-se dizer que os astrônomos observavam a estudavam esses fenômenos 
através de uma pequena fenda no amplo espetro das radiações 
eletromagnéticas. Há trinta anos, graças ao desenvolvimento da Radiofísica, 
surgiu a Radioastronomia que permitiu ampliar os nossos conhecimentos sobre 
o Universo. A radioastronomia revelou-nos a existência de muitos novos corpos 
cósmicos. A faixa da escala eletromagnética que corresponde à banda de ondas 
de rádio tornou-se uma fonte adicional de conhecimentos astronômicos. 
 É grande a quantidade de informação que nos trazem do espaço cósmico 
as outras espécies de radiações eletromagnéticas que, antes de atingirem a 
superfície terrestre, são absorvidas pela atmosfera da Terra. A ofensiva do 
Homem no espaço cósmico deu origem a novos domínios da astronomia: a 
astronomia ultravioleta, infravermelha, dos raios X, dos raios gama. Tornou-se 
muito grande a possibilidade de estudo dos raios cósmicos originais fora da 
atmosfera. No decurso do desenvolvimento da revolução técnico-científica os 
astrônomos obtiveram pela primeira vez a possibilidade de analisarem todas as 
espécies de partículas a radiações oriundas do espaço cósmico. A quantidade 
de informação científica obtida pelos astrônomos durante as últimas décadas é 
muito superior à obtida no decurso de toda a história do desenvolvimento da 
astronomia até hoje. Os métodos de investigação e a aparelhagem de registro 
 
utilizada pelos astrônomos são análogos aos que se empregam na Física; a 
astronomia antiga vai-se transformando em astrofísica, uma nova ciência que se 
desenvolve rapidamente. 
 Hoje em dia estão a ser lançados os fundamentos da chamada 
Astronomia dos Neutrinos, capaz de oferecer aos cientistas informação acerca 
dos processos que se verificam no seio dos corpos cósmicos, por exemplo, no 
interior do Sol. A criação da astronomia dos neutrinos tornou-se possível apenas 
devido aos êxitos alcançados pela Física dos núcleos atômicos a das partículas 
elementares. 
 A revolução técnico-científica na Biologia tem muito a ver com o 
aparecimento da biologia molecular a da genética, ciências biológicas que 
estudam os processos vitais ao nível molecular. Os meios a métodos 
fundamentais que se empregam na biologia molecular para identificar e analisar 
os objetos microscópicos em estudo (microscópios eletrônicos e protônicos, 
análise estrutural com raios X, análise neutrônica de átomos marcados, 
ultracentrífugas, etc.) são os mesmos que se usam na Física. 
 Os biólogos, sem esses aparelhos a métodos nascidos nos laboratórios 
de Física, não poderiam ter alcançado tão grandes realizações no estudo dos 
processos que se desenvolvem nos organismos vivos. Deste modo, a aplicação 
dos métodos de pesquisas próprios da Física teve grande importância para a 
instituição e o desenvolvimento da biologia moleculare a genética. A Física 
moderna também desempenha um papel importante na reforma revolucionária 
da química, geologia, Oceanologia a outras ciências naturais. 
 A Física deu origem também a modificações radicais em todos os 
domínios da técnica. As grandes realizações da Física serviram de base para a 
reconstrução da energética, comunicações, transportes, construção, setores 
industrial e agrícola. 
 A revolução na energética deve-se à fundação da energética atômica. Os 
recursos de energia contidos no combustível atômico são consideravelmente 
superiores aos de combustíveis de origem orgânica. 
 A hulha, o petróleo e o gás natural constituem, hoje em dia, matéria-prima 
exclusiva para a chamada grande química. Queimá-los em grandes quantidades 
 
significa causar dano irreparável a este setor industrial moderno de grande 
importância. 
 Portanto, torna-se indispensável o use do combustível atômico urânio, 
tório) para o fornecimento de energia, sendo estas as vantagens fundamentais 
da energética atômica em relação aos outros ramos da energética. 
 As centrais elétricas termonucleares vão resolver, no futuro, todos os 
problemas que afetam a Humanidade no domínio da energética. Como já foi 
salientado, os fundamentos científicos da energética atômica e termonuclear 
assentam totalmente nas realizações alcançadas pela Física dos núcleos 
atômicos. 
 A técnica do futuro deixará de utilizar os materiais naturais para passar a 
usar materiais sintéticos com as propriedades desejadas que garanta trabalho 
seguro a longa duração. Na obtenção de tais materiais desempenharão um papel 
cada vez mais importante os métodos físicos de modificação da matéria (feixes 
de elétrons, íons a de laser; campos magnéticos de intensidades 
extraordinariamente grandes; pressões e temperaturas elevadíssimas; 
ultrassom, etc.). Os métodos físicos de modificação da matéria tornaram possível 
a obtenção de materiais com características limites e a criação de novos 
métodos de trabalho das substâncias, modificando radicalmente a tecnologia da 
produção moderna. 
 O setor industrial e a agricultura vão-se transformando em sistemas de 
produção complexa a automatizada. A automatização complexa assenta no 
emprego da aparelhagem eletrônica de controlo a medição indispensável. 
 Os fundamentos científicos dessa aparelhagem e a sua realização prática 
estão organicamente ligadas à radio eletrônica, a Física dos sólidos, a Física do 
núcleo atômico e a outros domínios da Física Moderna. 
 A Física Moderna tem importância radical para o desenvolvimento dos 
computadores. Todas as séries de computadores (tanto assentes no emprego 
de válvulas eletrônicas, como as que usam semicondutores a circuitos 
integrados) existentes até hoje nasceram em laboratórios de física. 
 A Física Moderna permite o desenvolvimento consequente da 
miniaturização, alcançar uma grande rapidez e o trabalho seguro dos 
 
computadores eletrônicos. O use dos lasers a da holografia permitirá aperfeiçoar 
ainda mais os computadores. 
 Não podemos citar aqui todos os aspetos da influência revolucionária que 
tem a Física Moderna no desenvolvimento de diversos domínios das ciências e 
técnicas. No entanto, os exemplos citados são suficientes para nos certificarmos 
da enorme contribuição da Física Moderna para a realização da revolução 
técnico-científica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
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KOYRË, ALEXANDRE. "Estudos de História do Pensamento Científico". Ed. 
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1982. 
 
SERWAY, JEWEET, Princípios de Física, 1ª Edição, Vol 1, Thonson,2006. 
 
ARTIGO PARA REFLEXÃO 
AS CONCEPÇÕES DE ENSINO DE FÍSICA E A CONSTRUÇÃO DA 
CIDADANIA 
 
Autor: Gabriel Dias de Carvalho Júnior 
 
Disponível em: 
https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/9294 
 
Acesso: 10 de junho de 2016 
 
Publicado no Caderno Brasileiro de Ensino de 
Física v.19, N0.1: p. 53-66, Abr. 2002 
 
Resumo 
 
O ensino de Física nos anos 60 e 70 possuía um cunho altamente matematizado. No entanto, 
sabemos que a mera aplicação de equações não abre espaço para questionamentos da estrutura 
social estabelecida. Recentemente, temos uma crescente discussão a respeito da função social 
do ensino de Física, o que tem permitido que a prática docente se dê a nível conceitual e 
articulada com a realidade do aluno. Assim, a aula de Física passa a ser considerada, também, 
um momento de construção de valores éticos a respeito da utilização de recursos naturais e das 
tecnologias decorrentes. A concepção de ensino de Física que certo professor ou uma instituição 
possui, sua ideologia, sua política e seus valores, podem ser explicitados através da análise de 
sua prática pedagógica. 
 
Palavras-chave: Física, ensino, conceito, transgressão, avaliação, professor, 
diálogo. 
 
I. Introdução 
 
As ciências da natureza fornecem elementos para que se possa entender 
melhor o mundo à nossa volta, sendo importantes para a construção de uma 
sociedade mais crítica e comprometida com o destino de todos os seres. Nessa 
área do conhecimento, os métodos que os cientistas utilizam para a obtenção e 
 
o tratamento de resultados são rigorosos e os mecanismos de controle de 
experiências permitem uma reprodução das mesmas em qualquer parte do 
mundo. 
Pelo fato de possuírem uma característica experimental, as ciências 
naturais podem investigar os fenômenos através de observações minuciosas, 
criar modelos teóricos que expliquem tais fenômenos e validá-los nos 
laboratórios e nas pesquisas de campo. Uma dada experiência que puder ser 
reproduzida em várias partes do mundo será ou não confirmada através da 
análise dos resultados encontrados. O conhecimento científico assim 
estabelecido deve ser socializado para que os saberes produzidos possam ser 
utilizados a serviço de reais melhorias para a população mundial. É de se 
lamentar que os interesses de grandes grupos econômicos se sobreponham ao 
bem-estar das pessoas, à medida que a produção de conhecimento científico é 
utilizada como instrumento de dominação. Percebe-se, neste contexto, que o 
objetivo da educação científica é, meramente, capacitar tecnicamente os futuros 
cientistas e não propiciar a construção de valores. A lógica parece ser: perde-se 
em humanidade, mas ganha-se em produtividade. 
Enquanto ato político, a educação escolar deve se opor a essa lógica da 
produtividade, primando pela construção de valores éticos, que são 
imprescindíveis à obtenção de uma sociedade igualitária. Os educadores têm a 
função de ressignificar a ética social e aplicá-la em sua área de conhecimento. 
O ensino das Ciências Naturais deve ser feito em plena conexão com toda essa 
dimensão sócio-política, pois a capacitação técnica é indissociável do 
desenvolvimento da sensibilidadede se aplicar ou não uma determinada 
tecnologia que, de alguma forma, pode ser nociva à natureza. 
 
Há concordância de que grandes momentos de progresso 
científico e tecnológico estão associados ao esforço de guerra. 
E quem são os estrategistas militares, os especialistas em 
criptografia responsáveis pela inteligência. os criadores de 
bombas e de bombardeiros? São os nossos ex-alunos em 
modelagem, em teoria dos jogos e probabilidades, em teorias 
dos números e em lógica, em física matemática. Em essência, 
são indivíduos que de nós aprenderam Ciências e Matemática, 
 
mas ao que parece, de nós não aprenderam nada de ética, de 
moral, de humanidade e de fraternidade (D' AMBROSIO, 1994, 
p.12). 
 
Vive-se em uma sociedade "light", onde tudo é relativizado; o homem é 
hedonista e seus anseios são guiados pela mídia. Nesse contexto, a Escola 
desempenha um papel fundamental, o de ser um local onde se desenvolve a 
formação humanista e integral das pessoas. Dessa forma, a linha de conduta de 
um verdadeiro educador deve ser calcada no estreitamento de relações com o 
aluno, criando um "pacto" de mútua cooperação. A maneira através da qual o 
aluno vê (em todas as suas dimensões) o professor é consequência direta da 
maneira como o processo educativo é conduzido. Uma conduta ética do 
professor desperta a confiança do aluno. E, como nos ensina o educador Paulo 
Freire: 
 
Não há pensar certo fora de uma prática testemunhal que o rediz 
em lugar de desdizê-lo Não é possível ao professor pensar que 
pensa certo, mas ao mesmo tempo perguntar ao aluno se sabe 
com quem está falando (FRElRE, 2000, p.38). 
 
O ensino de Física, em particular, deve permitir que os alunos, através de 
atividades propostas durante as aulas, tenham acesso a conceitos, leis, modelos 
e teorias que expliquem satisfatoriamente o mundo em que vivem, permitindo-
lhes entender questões fundamentais como a disponibilidade de recursos 
naturais e os riscos de se utilizar uma determinada tecnologia que poderia ser 
nociva a algum ecossistema. O trabalho crítico do professor deve auxiliar ao 
aluno a construir uma mentalidade também crítica, questionadora, 
transgressora. Em uma palavra: libertária Além de crer na importância de seu 
trabalho como educador, o professor deve pautar toda a sua prática em uma 
discussão consistente a respeito da realidade, ser ético nas relações mantidas 
com todos os envolvidos no processo educativo e coerente em suas atitudes. 
Há várias concepções de ensino de física nos níveis fundamental e médio. 
No entanto, pode-se dicotomizá-las em conceitual e matematizada. Apesar de 
tal polarização representar uma simplificação da realidade, não se perde em 
 
precisão quanto aos objetivos básicos dos projetos de ensino de Física. A linha 
conceitual quer trabalhar, fundamentalmente, a compreensão de fenômenos 
físicos através da discussão, do debate e do enfrentamento de posições. 
Acredita-se que a utilização de fórmulas matemáticas pode auxiliar a 
quantificação dos fenômenos, mas que só deve ser utilizada a partir do momento 
em que os alunos compreenderem os conceitos envolvidos. Já a concepção 
matematizada dá grande ênfase às equações que permeiam a Física. Assim, o 
mais importante, nessa concepção, é a memorização de leis e fórmulas para a 
posterior aplicação na resolução de problemas. Imagina-se a Física como um 
conhecimento pronto que deve ser transmitido aos alunos. 
 
II. A supremacia das equações 
 
A utilização de um ensino de Física matematizado, em que as equações 
têm supremacia sobre os conceitos, desempenhou o seu papel em escolas 
pautadas pela repetição mecânica de conhecimentos, onde o professor era tido 
como o retentor das verdades científicas, e o aluno era concebido como mero 
receptor do conhecimento Físico estabelecido. 
Ao longo dos anos 60 e 70, por exemplo, as competências maiores de um 
aluno no campo da Física estavam relacionadas à resolução de problemas 
numéricos em que a dificuldade não estava centrada no conceito Físico e, sim, 
nas relações matemáticas exigi das, nas operações efetuadas e na criatividade 
(?) em desenvolver expressões algébricas para atingir resultados. Estas 
competências, ao serem desenvolvidas, propiciavam a criação de uma 
mentalidade pragmática em relação à Ciência que, até hoje, percebemos ser 
muito forte por parte de alguns alunos e de suas famílias. 
Além disso, a simples manipulação de equações sem o 
questionar/dialogar com a teoria Física associada não abre espaço para 
discussões mais elaboradas, não oportuniza o exercício da argumentação. Pelo 
contrário, 
 
Em nome de uma suposta essencialidade de se 
aprender certas coisas, que na maioria servem apenas 
 
para brutalizar o aluno e, se possível, imbecilizar o futuro 
adulto, não abrem espaço para o essencial na educação 
(D' AMBRÓSIO, 1994, p.14). 
 
Toma explicável que esta forma de ensino de Física predominou nos anos 
dos governos militares e ainda está presente em escolas que não pretendem ser 
libertárias. o que produz uma falsa ideia do que realmente seja a Física. 
 
Transformar a experiência educativa em puro 
treinamento técnico é amesquinhar o que há de 
fundamentalmente humano no exercício educativo: o 
seu caráter formador (FREIRE, 2000, p.37). 
 
Diante desta prática docente, resta ao aluno obedecer aos desígnios das 
fórmulas, calcular o que foi pedido (ordenado?) e apresentar resultados, em 
muito, desconectados da sua realidade. 
Quando o saudoso físico americano Richard Feynman visitou o Brasil, ele 
teve um contato com estudantes do ensino médio da cidade do Rio de Janeiro. 
Feynman ficou impressionado com a excelente capacidade que os alunos tinham 
de resolver problemas numéricos de Física. No entanto, ao serem indagados a 
respeito de fenômenos físicos cotidianos, os mesmos alunos não conseguiram 
estabelecer conexões entre as fórmulas matemáticas que sabiam de cor e o seu 
dia-a-dia. Havia, sem dúvida alguma, algo errado. 
 
III. Os conceitos é que mandam 
 
A concepção conceitual, por sua vez, se pauta em habilidades cognitivas 
que vão além da mera aplicação. Não se trata de negar a importância da 
Matemática ao desenvolvimento da Física. Ao contrário, quer-se ressignificar o 
seu raio de ação. Ou, como nos dizia o professor Pierre Lucie: 
 
Fujo, tanto quanto possível, do formalismo matemático... Cada 
dia mais. Não por teimosia idiota. Por convicção. Esclareço: não 
sou contra a matemática na Física. Seria tão imbecil como ser 
contra o tear mecânico na tecelagem. Conheço bastante a 
 
Física para saber que o formalismo matemático é uma 
linguagem, uma ferramenta indispensável. Mas cujo domínio 
deve suceder, e não anteceder, a percepção (LUCIE, 2000). 
 
No campo da análise de conceitos, leis, hipóteses e de todas as relações 
decorrentes, a construção dos conhecimentos deve ser feita mediante um 
diálogo constante entre todos os atores da prática educativa. Essa concepção 
de ensino entende o professor como mediador entre os vários saberes 
estabelecidos, cada qual com suas particularidades, fundamentações e campos 
de validade. São eles: saber do aluno (conceitos prévios), científico, escolar e 
social. Ao se estabelecer um diálogo permanente e dinâmico, o ensino de Física 
se faz, também, libertador e transgressor, porque questionador. A sala de aula 
passa a assumir uma conotação de fórum de debates, onde o choque entre os 
saberes citados não produz sobreposições ou superposições, mas, sim, 
desequilibrações, assimilações e acomodações. A aprendizagem pode assim, 
ser significativa e contextualizada. 
O trabalho de construção de conceitos valorizaos conhecimentos prévios 
dos alunos e parte deles para a construção de saberes mais sistematizados. 
Dessa forma, toma-se necessário um rigoroso diagnóstico para que o professor 
saiba de que ponto deve partir para conduzir a sua prática educativa em uma 
determinada turma. Pelo fato de se valer da realidade dos alunos, é impossível 
se estabelecer, nessa concepção, um roteiro padronizado para a aquisição de 
conhecimento pelos alunos. No entanto, é perfeitamente possível que todos os 
alunos, mesmo que através de caminhos diferentes, consigam construções dos 
mesmos conceitos, desenvolvendo, portanto, as mesmas competências e 
habilidades1. Trilhando caminhos específicos que propiciem transposições 
conceituais nos alunos, o professor estará liderando uma revolução conceitual. 
 
Muitos pesquisadores em Ensino de Ciências acreditam que a 
aprendizagem consistente de novos conteúdos requer 
 
1 "Competências são as modalidades estruturais da inteligência. ou melhor, ações e operações que 
utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos. situações. fenômenos e pessoas que desejamos 
conhecer. As habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do 'saber 
fazer' " (INEP. 2000, p.4). 
 
 
mudanças conceituais similares àquelas observadas nas 
revoluções científicas. Tais mudanças conceituais 
corresponderiam a um processo em que o indivíduo abandona 
concepções inadequadas do ponto de vista científico e as 
substitui por concepções cientificamente aceitáveis (BASTOS, 
1998,p. 13). 
 
Saber Física passa a significar ter instrumentos conceituais para dialogar 
com o mundo em vários níveis, que vão desde um melhor entendimento de 
notícias científicas veiculadas pela média, até a capacidade de prever resultados 
de situações experimentais complexas, passando pela emissão de juízos de 
valor a respeito da utilização de uma dada tecnologia que pode agredir o meio 
ambiente e causar danos à humanidade. Nota-se, assim, que esta maneira de 
trabalhar a Física representa uma contribuição para a construção da cidadania, 
ajudando a formar pessoas críticas, reflexivas, com embasamento técnico para 
se posicionar e questionar posicionamentos diversos. Mais uma vez, bebemos 
na fonte de Paulo Freire: 
 
O educador democrático não pode negar-se o dever de. na sua 
prática docente. reforçar a capacidade crítica do educando. sua 
curiosidade. sua insubmissão. Uma de suas tarefas primordiais 
é I trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com 
que devem se "aproximar" dos objetos cognoscíveis. E esta 
rigorosidade metódica não tem nada que ver com o discurso 
"bancário, meramente transferidor do perfil do objeto ou do 
conteúdo. É exatamente neste sentido que ensinar não se 
esgota no "tratamento, do objeto ou do conteúdo, 
superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições 
em que aprender criticamente é possível (FREIRE, 2000, p. 28-
29). 
 
O professor que pretende trabalhar nesta perspectiva deve estar 
preparado para transgredir, questionar e contrapor vários mitos a respeito do 
ensino de Física. É possível que enfrente questionamentos por parte dos pais 
dos alunos que foram formados à luz (?) da concepção matematizada e, 
portanto, acham que a Física se resume a um -grande -grupo de equações. Se 
 
assim fosse, qualquer computador de capacidade mediana conseguiria produzir 
mais do que vários Einsteins juntos. Os próprios currículos e vários livros 
didáticos ainda não estão em perfeita sintonia com essa nova concepção de 
ensino, enfatizando, em vários momentos, aspectos por demais matematizados 
em detrimento de uma discussão mais aprofundada da base conceitual da 
Física. Vamos analisar o trecho retirado de um artigo de Manoel Robilotta e 
Cezar Babichak. 
 
...não somente o que falamos. mas também o que não falamos 
possui um significado. As lacunas, os não ditos, também 
exprimem ideias. E existem muitas lacunas na sala de aula. Se 
tomarmos os livros didáticos de física, que estão muito 
presentes na nossa atividade, e os analisarmos, veremos que 
há muitas coisas que eles não discutem. Isso faz com que nós, 
professores, não demos maior atenção aos mesmos assuntos. 
Por exemplo, no estudo da mecânica clássica, temos as três leis 
de Newton da dinâmica. Na sala de aula nós falamos um 
pouquinho da1a lei, a lei da inércia, e bastante das outras leis, 
principalmente da 2a lei. Por quê? Porque com a 2 a lei nós 
podemos fazer contas. Com a 1a lei isso não é possível. Então 
nós banalizamos a 1a lei. Mas com certeza Newton não a 
colocou em primeiro lugar por ingenuidade. Há uma razão para 
que ele tenha feito isso. E, se pararmos para analisar o 
significado das três leis de Newton, veremos que a 1a lei é muito 
mais importante que as outras, pois é nessa lei que está o 
conteúdo metafísico da teoria. É lá que diz com qual universo 
ele trabalha. As ideias de que existem espaço e tempo 
uniformes e suas propriedades estão todas contidas na 1a lei. 
Lá, Newton explicita o que é natural no mundo, o que não é 
explicado, o ponto de partida para desen1volver suas ideias. Na 
2a lei ele fala de coisas forçadas, coisas que não são naturais 
ou espontâneas. (ROBILOTA e BABICHAK, 1997, p. 42-43). 
 
Podemos notar, ao ler o texto, como o ensino de Física pode ser 
conduzido para validar, de maneira muito sutil, estruturas de poder que nos são 
tão comuns. Dar ênfase à 28 lei de Newton significa mostrar que as situações 
forçadas são mais importantes do que as naturais, espontâneas. Os alunos 
 
acabam internalizando essa concepção e reproduzindo-a em várias esferas. Nas 
entrelinhas dessa prática docente, grita a voz da dominação que tenta 
ensurdecer nossos corações. Educadores de verdade devem se colocar em 
posição de alerta para sinalizar aos seus educandos todas essas sutilezas que 
permeiam o currículo escolar. Além disso, é de fundamental importância saber 
lidar com a transposição de poder para o aluno, o que irá acontecer em vários 
momentos. Se quisermos formar cidadãos é imprescindível que saibamos agir 
como cidadãos. Com a construção de uma discussão permanente em sala de 
aula, é possível evitar a repetição dessas estratégias de preservação e validação 
da estrutura social que produz dominados, escravos, fracassados e dasamados. 
 
IV. Diga-me como avalias... 
 
Há muitas variáveis envolvidas no processo educativo que podem 
influenciar a prática de um certo professor. Existem educadores que acreditam 
que o ensino de Física deve ser feito fundamentalmente no campo conceitual, 
mas que fazem parte de um sistema que exige um ensino tecnicista. Mesmo 
crendo na linha conceitual, eles são levados, em alguns momentos, a ter uma 
postura puramente matematizada para atender a pressões dos alunos (e suas 
famílias) que querem prestar exames de admissão em certas universidades, 
cujas provas são por demais matematizadas. Afinal, uma das funções da 
educação é a preparação para a vida e o vestibular faz parte dela. Temos outros 
professores que acreditam na concepção matematizada e, no entanto, posam 
de libertários. Utilizam o discurso para obscurecer urna postura que não seria 
bem aceita em certos meios. 
Toma-se importante a identificação de quem, de fato, acredita que a 
educação é libertadora daqueles que se valem do discurso para esconder o que 
realmente são. Ou, como nos diz o compositor Humberto Gessinger na canção 
intitulada “A verdade a ver navios”: “é muito engraçado que estejam do mesmo 
lado os que querem iluminar e os que querem iludir” (GESSINGER, 1988). 
Talvez não seja engraçado, mas, sem dúvida,

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