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Associação Criminosa

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PROTEÇÃO PENAL AOS INTERESSES SOCIAIS
5
CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
_______________________________________________
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. ______________________________________________________________________
1. Objeto jurídico: a paz pública. 
2. Sujeito ativo: qualquer pessoa.
 
3. Sujeito passivo: a coletividade (crime vago, que não possui sujeito passivo determinado). 
4. Conduta típica: consiste na associação de, no mínimo, três pessoas, com o fim específico de cometimento de crimes. 
5. Crimes visados: O fim dos componentes da associação deve ser o de cometer delitos, da mesma espécie ou não. Inclusive a receptação. Há crime ainda que se reúnam para a prática de furtos ligados pelo nexo de continuidade (crime continuado). Existem decisões em sentido contrário quanto ao crime continuado. 
6. Acordo momentâneo: não configura o crime a associação momentânea para o fim de cometer delitos, o que consiste em coautoria ou participação (CP, art. 29). Desse modo, não há crime na associação que visa à prática de um só delito. Exige-se a estabilidade e a permanência da associação, sendo desnecessário, entretanto, que a associação seja organizada formalmente, bastando a organização de fato.
7. Crime formal: consuma-se independentemente da concretização do fim visado. 
8. Crime permanente. Exige permanência e estabilidade.
9. Publicidade e notoriedade da associação criminosa: não é exigida. 
10. Diferença entre associação criminosa e concurso de pessoas (art. 29 do CP): a) na associação criminosa os seus membros associam-se de forma estável e permanente, enquanto na codelinquência a associação é momentânea; b) na associação criminosa os membros se associam para a prática de número indeterminado de delitos, enquanto na codelinquência os participantes associam-se para a prática de determinado crime.
11. Associação para a prática de contravenções: inexistência do crime do art. 288 do CP.
12. Elementos subjetivos do tipo: são dois: 1) dolo: vontade de associarem-se mais de duas pessoas, em associação criminosa; 2) especial fim de agir: “o fim específico de cometer crimes”.
13. Causa de aumento de pena (parágrafo único). A arma pode ser própria (aquela concebida para o fim específico de ataque ou defesa, como o revólver) ou imprópria (objetivo concebido para outros fins que não a defesa ou ataque, mas que podem servir para tanto, dada a sua idoneidade ofensiva, como a faca, etc). Não importa se a arma é portada ostensivamente ou não. Exige-se que, no caso concreto, a associação esteja armada. Não é necessário que todos estejam portando armas. Para verificar se estão armados é necessário ter presentes as circunstâncias do caso concreto. Se, pelo número de pessoas armadas, ainda que uma só, o Juiz concluir que a associação apresentava maior periculosidade, é de reconhecer-se a causa de aumento de pena. O que importa é que a associação demonstre maior periculosidade e possa causar maior temor em face do emprego de arma. Trata-se de crime hediondo, aplicando-se a Lei n. 8.072/90.
14. Causa de aumento de pena e crime de porte ilegal de arma (concurso de crimes): Evidenciado, na hipótese, que os crimes de porte ilegal de armas e de associação para criminosa, qualificado pelo uso de armas, se afiguram absolutamente autônomos, inexistindo qualquer relação de subordinação entre as condutas, resta inviabilizada a aplicação do princípio da consunção, devendo o réu responder por ambas as condutas.
15. Participação de criança ou adolescente na associação (parágrafo único): razão para o agravamento da pena (aumenta-se até a metade): maior dano social do fato. Aplica-se a agravante ainda que o menor ou adolescente tenha participado momentaneamente da associação.
16. Momento consumativo: ocorre no instante em que mais de duas pessoas se associam para a prática de crimes, ou no momento em que alguém ingressa na associação criminosa antes organizada. 
17. Autonomia: a associação criminosa é crime independente dos delitos que venham a ser praticados. Para a consumação, não é necessário que a associação tenha cometido algum crime. O abandono da associação por algum de seus elementos não exclui o crime nem implica desistência voluntária. Se aquela já chegou a se formar, o crime já está consumado. 
18. Tentativa: é admissível, vez que o legislador pune atos preparatórios.
19. Concurso de crimes: os componentes da associação criminosa respondem pelo delito independentemente da prática, ou não, de algum delito. 
Se, todavia, a associação praticar algum delito, responderão por este os membros que de qualquer forma concorrerem para ele, em concurso material com o crime do art. 288. 
Respondem pelo crime cometido pela associação os componentes que tenham tido condutas relevantes no processo de causalidade que deu origem ao resultado antijurídico.
Os membros da associação delitiva não respondem pelo crime cometido pela sociedade pelo só fato de pertencer a esta.
20. Crime de perigo presumido: não é necessário que se prove, no caso concreto, que a coletividade ficou exposta à eventualidade de dano.
21. Crime permanente: a associação de protrai no tempo.
22. Crimes especiais. Drogas e associação delitiva: consultar art. 35 da Lei n. 11.343/2006. Crime político: consultar art. 16 da Lei de Segurança Nacional. Genocídio: consultar art. 2º da Lei n. 2.889, de 1º de out. de 1956.
23. Associação criminosa para fins específicos. Se a associação criminosa é formada para a prática de determinados crimes, especificados pela legislação, como os hediondos, de tortura ou terrorismo, aplica-se, em combinação com o art. 288 do Código Penal, o art. 8º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990 (que dispõe sobre os crimes hediondos), que tem a seguinte redação: “Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo”. Desse modo, se a finalidade da associação delitiva se projeta sobre delitos indeterminados, incide o art. 288 do CP. Se, todavia, dirige-se aos delitos previstos no art. 8º da Lei n. 8.072/90, como os hediondos, indicados no art. 1º da mesma lei, que são o estupro, o estupro de vulnerável, o latrocínio, a extorsão qualificada pela morte, a extorsão mediante sequestro etc., ou a tortura e o terrorismo, incide o art. 288 do CP com a pena da lei especial (art. 8º), de três a seis anos de reclusão, sem prejuízo da qualificadora do parágrafo único do art. 288 (associação delitiva armada) e do delito efetivamente cometido. 
23. Associação criminosa para fins específicos. Para a prática de determinados crimes: estupro, estupro de vulnerável, latrocínio, extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante sequestro, tortura e terrorismo. Nesses casos incide o art. 288 do CP com a pena da lei especial (art. 8º da Lei n. 8.72/90, dos crimes hediondos), de 3 (três) a 6 (seis) anos de reclusão, sem prejuízo da qualificadora do parágrafo único do art. 288 (associação delitiva armada) e do delito efetivamente cometido. 
24. Associação criminosa formada para fim de cometer crimes de tráfico de tóxicos. Lei n. 11.343/2006). Art. 35. “Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º e 34 desta lei: Pena – reclusão de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 a 1.200 dias-multa. O parágrafo único do dispositivo estipula que: “Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei” (Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena– reclusão, de 8 a 20 anos, e pagamento de 1.500 a 4 mil dias-multa”. 
25. Delação premiada. Segundo o parágrafo único do art. 8º da Lei n. 8.072/90, “o participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços”. Esta é uma circunstância legal especial, de natureza objetiva e de caráter obrigatório, incidindo somente em relação aos delitos indicados: quadrilha para fins de tráfico de drogas, hediondos, tortura e terrorismo. A redução da pena só incide sobre o crime de associação criminosa e não sobre os delitos cometidos por ela. Não basta a simples denunciação, exigindo-se, para a redução da pena, seu efetivo desmantelamento. Só aproveita ao denunciante. O quantum da redução da pena varia de acordo com a maior ou menor contribuição causal do sujeito no desmantelamento da associação criminosa. Autoridades, para efeito da norma, são o Delegado de Polícia, o Juiz de Direito, o Promotor de Justiça etc. Norma benéfica, tem efeito retroativo, alcançando as hipóteses de crimes cometidos antes da vigência da Lei n. 8.072, nos termos do parágrafo único do art. 2º do Código Penal.
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
1. Conceito legal. Lei n. 12.850, de 2 de agosto de 2013, art. 1º, § 1º: “Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional”.
2. Número de participantes: 4 ou mais. Difere, pois, do crime de associação criminosa descrito no art. 288 do CP.
3. O fato de serem desconhecidos alguns membros participantes: é irrelevante.
4. Vínculo subjetivo. Não é necessário que todos os participantes tenham conhecimento de cada ação dos demais. Basta conhecer qual a sua tarefa e saber que há outros associados.
5. Terceirização de suas atividades. É possível, sem descaracterizar a organização.
6. Estrutura ordenada. É necessária para a tipicidade da organização.
7. Divisão de tarefas. Faz parte do conceito.
8. Informalidade. É prescindível que a organização seja formalmente constituída.
9. Hierarquia criminal. Em geral existe uma divisão de condutas segundo a hierarquia dos membros da organização.
10. Infrações penais pretendidas pela organização. Crimes ou contravenções definidos na legislação penal (CP ou leis especiais).
11. Quantidade das penas dos crimes pretendidos pela organização. Penas máximas superiores a 4 anos de privação de liberdade. Exceção: quando se tratar de infrações transnacionais.
12. Objetivo. Obtenção de vantagem de qualquer natureza, material ou imaterial. 
13. Colaboração premiada. Nomen juris: o legislador abandonou a expressão “delação premiada”, preferindo “colaboração premiada”. A substituição não retira o caráter negativo da colaboração, pela qual a lei confere um prêmio ao traidor de seus comparsas criminosos.
13.1 Satisfação de requisitos. Lei n. 12.850/2013, art. 4º. “O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: 
I – a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
II – a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III – a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV – a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa;
V – a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada”.
O preenchimento de qualquer das condições satisfaz o tipo (parte final do caput). De maneira que não se exige que a colaboração satisfaça os cinco requisitos.
14. Omissão legal da ação controlada. A voluntária inércia da autoridade em face do retardamento da ação policial ou administrativa não configura crime de prevaricação (art. 319, CP). Art. 8º, caput, da Lei n. 12.850/2013: “Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações”.
15. Efeito penal da infiltração de agente. Art. 10, caput, e parágrafo único do art. 13 da Lei n. 12. 850/2013. 
“Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo MP, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites”. 
“Art. 13.........Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa”.
A norma exclui a tipicidade (doutrina do risco permitido da teoria da imputação objetiva). Como exemplo, o CPP admite até a danificação de portas (art. 293) e a violência física para a realização da prisão (art. 284). A prática dessa incumbência é permitida (ou tolerada), embora apresente riscos ao executor, à pessoa submetida à diligência ou a terceiros. Excluída a tipicidade afasta-se a persecução penal do infiltrado, atendendo a um Direito Penal garantista e democrático. Se o próprio Estado permite a atividade do infiltrado, havendo a prática de um crime pela organização, que contou com sua execução ou participação, o correto é reconhecer, em sua conduta, a ausência de tipicidade. Tipos abrangidos pela atipicidade: integração da organização criminosa (art. 2º, caput, da Lei n. 12.850/2013) e delitos cometidos pela organização criminosa. Ao infiltrado o Estado deve assegurar a garantia de que a infiltração não lhe trará problemas com a justiça criminal, o que somente é possível com o reconhecimento da atipicidade de suas ações.

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