Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução ao Estudo das Disfonias Disfonia → voz falada Disodia → voz cantada Existe voz considerada normal ? - A "normalidade" de uma voz depende de uma série de fatores que estão sempre sujeitos a juízos de valor - "voz boa" e "voz bonita" nem sempre são sinônimos - "eufonia" → equilíbrio muscular que gera uma voz de dita boa qualidade para os ouvintes e conforto para o falante Boa voz - esteticamente aceitável e inteligível/audível - tem frequência (pitch) e intensidade (loudness) adequadas - é adequada ao contexto e às necessidades individuais - é flexível - confortável - "voz adaptada" → termo utilizado pra uma voz boa/normal Disfonia - toda e qualquer dificuldade ou alteração na emissão vocal que impede a emissão natural da voz - distúrbio da comunicação oral, no qual a voz não consegue cumprir o seu papel básico de transmissão da mensagem verbal e emocional de um indivíduo Pode ter entre suas manifestações: - desvios na qualidade vocal - esforço ao falar - fadiga vocal - variações descontroladas de frequência fundamental - falta de volume e/ou projeção - perda de eficiência vocal - baixa resistência vocal - sensações desagradáveis à emissão As Ferramentas - orelhas do fonoaudiólogo "padrão ouro" - exame otorrino - avaliações instrumentais Diagnóstico Fonoaudiológico - para classificar qualquer coisa é necessário conhecer a sua natureza e suas características, e é necessário sempre estabelecer critérios (que são variáveis, de acordo com a visão e as prioridades de cada um) e fazer interpretações. Assim, uma classificação envolve mais do que uma simples lista de alterações e distúrbios. → Disfonias Funcionais - Desordens do Comportamento Vocal - disfonias funcionais primárias por uso incorreto da voz - disfonias funcionais secundárias por inadaptações vocais - disfonias funcionais por alterações psicogênicas → Disfonias Organofuncionais - Disfonias de base funcional, com lesões secundárias (uso da voz de modo nocivo) → Disfonias Orgânicas - Disfonias independentes do uso da voz - orgânicas com origem nos órgãos da comunicação - orgânicas com origem em outros órgãos e aparelhos Revisão → Pregas vocais - estruturas musculares cobertas por mucosa → Laringe - único osso = hióide (preso na base da língua) - cricoaritenóideo lateral e inter aritenóideos = auxiliam no fechamento das pregas vocais - cricotireóideo ajuda a estender as pregas vocais = deixando a voz mais aguda - tireoaritenóideo ajuda a contrair as pregas vocais = deixando a voz mais grave - cricoaritenóideo posterior = abdução das pregas vocais Disfonias Funcionais Primárias Uso incorreto da voz → falta de conhecimento vocal → modelo vocal deficiente → o comportamento é o cerne do problema - as diferentes situações e contextos de comunicação devem ser avaliados - a qualidade vocal pode estar alterada em diferentes graus e os sintomas podem flutuar - a resposta ao tratamento costuma ser rápida e boa, mas depende da conscientização do paciente acerca de seus hábitos e ambiente Falta de conhecimento vocal → seleção de ajustes impróprios para uma produção vocal saudável aliado ao uso a longo prazo - questões associadas à postura corporal - tensões localizadas - questões ambientais - articulação - falta de inspiração antes da fala - uso de roupas confortáveis - falta de hidratação adequada/ressecamento do ar - laringe fixa no pescoço - excesso de constrição da musculatura extrínseca Modelo vocal deficiente → incorporação de um padrão vocal inadequado como habitual - figuras importantes afetivamente com padrão disfônico - imitação de vozes de desenho animado ou ídolos da televisão - imitações de vozes públicas de sucesso - imitações de vozes de ídolos, principalmente no começo da carreira de cantores, locutores - tentativas de alcance de vozes "idealizadas" Secundárias Inadaptações Vocais → anatômicas → funcionais Falta de adaptação à fonação das estruturas do trato vocal - pequenos desequilíbrios anatômicos ou miodinâmicos - seu impacto na qualidade da voz propriamente dita pode depender da demanda de uso - impacto mais comum das disfonias funcionais por inadaptações vocais é uma diminuição da resistência vocal Inadaptações anatômicas - pequenas mudanças na configuração e estrutura da laringe (variações anatômicas ou malformações menores) com impacto apenas na fonação, quando existente - Alterações Estruturais Mínimas (AEM) - desarranjos estruturais ocorridos na embriogênese (nasceu com a pessoa) e que podem se manifestar em qualquer idade, geralmente disparadas pelo uso intensivo ou abusivo da voz - a disfonia em consequência à presença de uma AEM vai depender do uso da voz (quantidade e qualidade) e da magnitude da alteração - Assimetria Laríngea - diferenças de massa, comprimento, configuração ou nivelamento das pregas vocais são muito comuns e não necessariamente tem impacto significativo na qualidade ou eficácia vocal - podem ser de menor ou maior grau e ser restritas ao tamanho e/ou massa das ppvv, ou incluir outras estruturas laríngeas, como a região posterior (complexo aritenóideo) - não existe relação direta entre assimetria laríngea e a voz alterada ou simetria laríngea e voz adaptada - muitas vezes a pessoa acaba se adaptando à assimetria e desenvolvendo um ajuste compensatório que só causará fadiga ou alterações teciduais na pv mediante grande demanda de uso vocal - Alterações da Cobertura das Pregas Vocais - desarranjos históricos indiferenciados (algo nas camadas da mucosa que ta alterado, mas é difícil de identificar) ou diferenciados o que pode prejudicar o ciclo vibratório - AEMC diferenciada → alterações histológicas típicas, de características próprias e bem definidas - podem ser isoladas ou múltiplas, em uma ou ambas as ppvv e/ou em associação com uma AEMC indiferenciada) - pode ou não ter impacto negativo na produção vocal - sua presença pode ser sugerida pela qualidade vocal e inferida ou observada diretamente no exame de laringe - sulco, cisto epidermóide, ponte de mucosa, microdiafragma laríngeo e vasculodisgenesia → Sulco Vocal - depressão ou aderência da mucosa, que corre paralelamente à borda livre da prega vocal - normalmente causa atrofia do espaço de Reinke e reduz a massa vibrátil da prega vocal - quadro clínico = voz rugosa com tensão pela rigidez causada na mucosa, pitch agudizado pela falta de massa → Cisto Epidermóide - cisto = qualquer cavidade preenchida por líquido - profundamente no interior da prega vocal (geralmente na camada superficial da lâmina própria) - geralmente sem aderência ao epitélio, e com ou sem aderência ao ligamento vocal - quadro clínico = pode ser bilateral ou unilateral, voz rugosa devido à irregularidade dos ciclos de vibração e grave, pelo aumento de massa na pv, a disfonia pode estar ou não associada, e depende da demanda, magnitude e localização do cisto → Microdiafragma Laríngeo - membrana que une as pregas vocais pela região anterior - seu impacto na voz vai depender de sua rigidez, espessura e nível de inserção - normalmente agudiza um pouco a voz, pois diminui a extensão da massa vibrátil das ppvv - pelo mesmo motivo, pode às vezes, dificultar o processo de muda vocal fisiológica nos meninos → Ponte de Mucosa - alça de mucosa no meio da túnica da prega vocal, completamente coberto por epitélio - seu impacto na qualidade vocal é geralmente pequeno, mas como tem umtecido mais rígido, pode acarretar um pouco de rugosidade com tensão e também pode desencadear uma lesão secundária contralateral → Vasculodesgenesia - a vascularização normal das ppvv é linear, paralela ao eixo longitudinal e raramente visível - alteração na rede vascular da laringe, com arranjo capilar em outras direções, tortuosos, com interrupções bruscas, entre outros - quase sempre relacionada a outras lesões e aparecem nas regiões de maior alteração nas camadas da lâmina própria, como se sinalizassem as lesões subepiteliais (sulcos, cistos) - raramente provoca impacto na voz por si só, mas podem ser ressaltadas pelas lesões e ampliadas por fatores inflamatórios associados Inadaptações Vocais → funcionais secundárias - por alterações miodinâmicas (respiração, ressonância, laríngeas) - por incoordenação (deglutição/fonação, pneumofonoarticulatória) Inadaptações Laríngeas - posição vertical da laringe no pescoço - alterações posturais das pregas vocais - fendas glóticas = principal causa se deve a uma inadaptação ou desequilíbrio muscular da laringe - são caracterizadas pela imagem geométrica do espaço que fica na rima glótica durante a fonação → fenda triangular posterior - ocorre nas laringes de configuração feminina (93%) - fisiológica no sexo feminino → fenda triangular médio-posterior - típica das disfonias hipercenéticas / por tensão muscular - geralmente associada à presença de nódulos e é considerada sua precursora - concentração de vibração no ⅓ médio das ppvv → fenda fusiforme - está quase sempre associada à hiperconstrição do vestíbulo (tentativa de compensar a abertura glótica) - quando esse esforço é intenso podem ocorrer nódulos ou pólipos - AEMs estão frequentemente associadas a essas lesões → fenda paralela - resultado de complexo desequilíbrio miodinâmico ou de escassez de mucosa - mais raramente encontrada que as demais → fenda duplo fuso / em ampulheta - mais frequente nos casos de AEM com lesão de massa secundária - desequilíbrios miodinâmicos - muda vocal incompleta
Compartilhar