Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Centro Universitário Maurício de Nassau Curso de Nutrição Aula 4: Composição Centesimal dos alimentos – Umidade Disciplina: Bromatologia Professora: MSc. Leilanne Márcia Nogueira Oliveira Fortaleza-Ce Set/2018 Objetivos da aula • Definição da composição centesimal em alimentos. • Aspectos conceituais sobre água nos alimentos. • Importância da determinação de umidade em alimentos. • Principais metodologias de determinação de umidade nos alimentos. • Principais metodologias de determinação dos sólidos totais em alimentos Composição centesimal • Convencionou-se chamar “Composição Centesimal” de um alimento à proporção em que aparecem, em 100g do produto, grupos homogêneos de substâncias que constituem o alimento. • Grupos homogêneos (por convenção): 1. Umidade ou voláteis a 105ºC 2. Cinzas ou resíduo mineral fixo 3. Lipídios, gorduras ou extrato etéreo; 4. Proteína bruta ou extrato nitrogenado; 5. Carboidratos, glicídios, açúcares ou sacarídeos; 6. Fibras ou substâncias insolúveis Composição centesimal • Indicação valiosa do valor nutricional dos alimentos; • Determinada pela análise da composição química bruta; • Análise genérica: não indica os componentes minerais, tipos de ácidos graxos ou aminoácidos constituintes; • Em alguns alimentos não se determina todas as frações indicadas: leite - não se determina fibra; carne - não se determina fibra e glicídios. • Permite o cálculo do valor calórico. Água • Fonte de vida - participando com 60 a 65 % do corpo humano e da maioria dos animais; • Participa de todas as reações dos organismos; • Único nutriente pode ser encontrado naturalmente na forma pura: H2O • Onipresente nos alimentos. MS + ÁGUA Alimento Alimentos % de H2O Frutas: Laranja 90 Melancia 95 Banana 75 Abacate 70 Carne 50-75 Peixe 70-80 Leite 85-90 Ovo 70-75 Fonte: Adaptado de Bobbio e Bobbio (1995). Água • Solvente universal, indispensável aos processos metabólicos; • Manutenção da temperatura corporal; • Manutenção da pressão osmótica dos fluidos e do volume das células; • Participação como reagente de um grande número de reações metabólicas. Propriedades A água é considerada o adulterante universal dos alimentos, por isso sua determinação é de grande importância. ▪ Livre ▪ Ligada ▪ Adsorvida ▪ Livre – Atividade de água (aw) Água Total: UMIDADE Água nos alimentos Mais utilizada Mais específica Água nos alimentos • ÁGUA LIVRE → presentes nos espaços intergranulares e entre os poros do material. É a água disponível para o crescimento de microrganismos e para que se possam realizar as diferentes reações químicas e bioquímicas. • ÁGUA ADSORVIDA → presente na superfície de macromoléculas como amido, pectina, celulose e proteína. • ÁGUA DE HIDRATAÇÃO OU LIGADA → ligada quimicamente com outras substancias do alimentos, não sendo eliminada na maioria dos métodos de determinação. Não está disponível. Disponibilidade de água nos alimentos • Água livre: • Fracamente ligada ao substrato; • Funciona como solvente. Eliminada com facilidade! • Água ligada • Água fixa aos grupos polares de proteínas (NH3 e COO -) e glicídios (OH-). • Representa de 3 a 8% do peso seco desengordurado do alimento. Dificilmente é extraída por métodos convencionais! Fortemente ligada Fracamente ligada • Atividade de água • Sempre inferior a 1. • Água livre ou disponível Aw = P/P0 ✓ P = Pressão parcial de vapor de água ✓ P0 = Pressão de vapor da água pura Atividade de Água (Aw) • Classificação dos Alimentos: ▪ Ricos em água: Aw acima de 0,9 • ocorre reações químicas, enzimáticas e crescimento microbiano • Ex.: queijos, leite, sucos, frutas e hortaliças, carnes ▪ De Aw intermediária: entre 0,4 e 0,89 • reações químicas e enzimáticas são rápidas, abaixo de Aw = 0,6 não há crescimento microbiano • Ex.: leite condensado, sucos concentrados, geleias, massas ▪ De baixa Aw: Aw inferior a 0,3 • água fortemente ligada e não disponível para microrganismos e reações • Ex.: biscoitos, crackers, crosta de pão, leite em pó A água que será efetivamente medida Método analítico empregado Vai depender Somente a água livre é medida com certeza em todos os métodos. Resultado da medida de umidade: deve ser acompanhado do método utilizado e das condições empregadas, como tempo e temperatura. A umidade pode afetar: ESTOCAGEM EMBALAGEM PROCESSAMENTO umidade tempo de estocagem; Exemplo: umidade do trigo na fabricação do pão, umidade da castanha de caju, etc. Permite classificação dos alimentos: Perecíveis Umidade Semi-perecíveis Não perecíveis Todos os processos de conservação dos alimentos giram em torno de modificar a fração água – impedindo alterações físico- químicas dos nutrientes, não modificando o valor nutritivo. MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE UMIDADE Não existe nenhum método que seja ao mesmo tempo exato, preciso e prático DIFICULDADES ENCONTRADAS NA DETERMINAÇÃO DE UMIDADE ✓ Separação incompleta da água do produto. ✓ Decomposição do produto com formação de água além da original. ✓ Perda das substâncias voláteis do alimento que serão computadas com peso em água. METODOLOGIA MÉTODOS POR SECAGEM ✓Secagem em estufas ✓Secagem por radiação infravermelha ✓Secagem em fornos de microondas ✓Secagem em dessecadores MÉTODOS POR DESTILAÇÃO MÉTODOS QUÍMICOS MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS ✓Método mais utilizado em alimentos. ✓Remoção água por aquecimento, sendo o ar quente absorvido por uma camada muito fina do alimento e então conduzido para o interior por condução. ✓Simples: estufa + cápsulas MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS ✓Condutividade térmica dos alimentos é baixa – calor atingir as porções mais internas. ✓Método lento. - 6 a 18 horas entre 100oC e 105 oC Ou - Até peso constante. Limitações: MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS ✓Evaporação por um determinado tempo: REMOÇÃO INCOMPLETA DA ÁGUA. • Água fortemente presa por forças de hidratação. • Movimento impedido por baixa difusividade. • Formação de crosta na superfície. - 6 a 18 horas entre 100oC e 105 oC MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS • Superestimação da umidade por perda de substâncias voláteis ou por reações de decomposição. ✓Evaporação até peso constante: MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS TEMPERATURA DA ESTUFA Estufa normal: um pouco acima de 100 oC Estufa a vácuo: ~ 70 oC (preserva a amostra e evita a formação de crosta na superfície) PARTÍCULA DOS ALIMENTOS Menor espessura possível MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS ESTUFAS Estufa simples Estufa simples com ventilador (mais eficiente - ↑velocidade de evaporação) Estufa a vácuo (amostras que se decompõem à temperatura da estufa simples) MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS CADINHOS Porcelana Alumínio –↑velocidade de evaporação Vidro Cadinhos rasos x cadinhos fundos MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS PESAGEM Deve ser feita somente após de ser esfriada completamente no dessecador. PROCEDIMENTO 1. Pesar uma quantidade definida de amostra num cadinho previamente seco e tarado. 2. O transporte do cadinho deve ser sempre feito com pinça ou papel para não passar umidade da mão. 3. Colocar o cadinho na estufa à temperatura conveniente e deixar até que toda a água seja evaporada (até peso constante). MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS PROCEDIMENTO MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS 4.Retirar o cadinho da estufa com uma pinça e colocar num dessecador para esfriar. 5. Pesar, depois de frio, o conjunto cadinho mais amostra seca. 6. Descontar o peso do cadinho vazio para obter o peso da amostra seca. RESULTADO MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS ✓O peso da água evaporada vai ser igual à diferença entre o peso da amostra úmida e o peso da amostra seca. ✓Os sólidos totais serão a diferença entre o peso total da amostra e o peso da água. ✓Resíduo seco: determinação de gordura e fibra bruta. Repetir procedimento até peso constante Pesagem Secagem em estufa a 105oC Pesagem Dessecador até resfriamento Secagem em estufa a 105oC Pesagem do alimento (P1) Determinação da tara do recipiente Dessecador até resfriamento Cálculos % UMIDADE Determinação de umidade – Métodos por secagem A) SECAGEM EM ESTUFAS • Preparo das amostras: Evaporadas em banho-maria até consistência pastosa. Amostras Líquidas Amostras Açucaradas Adição de areia em pó à amostra, para aumentar a superfície de evaporação. Forma crosta dura – impede a saída de água. PESO DA AMOSTRA: varia entre 2 - 5 g (Formar uma camada fina no cadinho). Determinação de umidade – Métodos por secagem MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS → Limitações do método 1. Produtos com alto conteúdo de açúcar e carnes com alto teor de gordura: temperatura que não exceda de 70 oC. Açúcares: a levulose se decompõe a cerca de 70 oC, liberando água. Açúcares: reações de caramelização com liberação de água (estufa a vácuo a 60 oC). MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS Açúcares redutores e proteínas: escurecimento por reação de Mailard, com formação de compostos voláteis como CO2 e compostos carbonílicos e produtos intermediários. → Limitações do método MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS 4. Alguns produtos são muito higroscópicos. 3. Variação de até 3 oC nas diferentes partes da estufa. 2. Não serve para amostras com alto teor de substâncias voláteis: como condimentos. DESVANTAGEM MÉTODOS POR SECAGEM A) SECAGEM EM ESTUFAS ▪A perda de umidade é função do tempo e da temperatura. A amostra pode sofrer decomposição em altas temperaturas por tempo prolongado; ▪ Carboidratos se decompõem a 100 °C (C6H12O6 6 C + 6 H2O). MÉTODOS POR SECAGEM B) SECAGEM POR RADIAÇÃO INFRAVERMELHA ✓ É mais efetivo e envolve a penetração do calor dentro da amostra. ✓ Encurta o tempo de secagem em até 1/3 do total. MÉTODOS POR SECAGEM B) SECAGEM POR RADIAÇÃO INFRAVERMELHA ✓Equipamentos: balança com leitura direta do conteúdo de umidade por diferença de peso. MÉTODOS POR SECAGEM B) SECAGEM POR RADIAÇÃO INFRAVERMELHA DESVANTAGEM: Processo lento por secar uma amostra de cada vez. Repetibilidade não muito boa: variação de energia elétrica durante as medidas. MÉTODOS POR SECAGEM C) SECAGEM EM FORNO MICROONDAS ✓Método novo e muito rápido (2,5 min), porém não é um método padrão. ✓Energia do microondas: Radiação eletromagnética entre 3 Mhz e 30.000 Ghz. ✓Mecanismos de um material dielétrico: Rotação dipolar e polarização iônica. MÉTODOS POR SECAGEM C) SECAGEM EM FORNO MICROONDAS MÉTODOS POR SECAGEM C) SECAGEM EM FORNO MICROONDAS ✓MICROONDAS: aquece o material mais rapidamente e mais seletivamente. ✓Distribuição uniforme do calor na superfície e no interior do alimento. ✓Facilita a evaporação e evita a formação de crosta na superfície. MÉTODOS POR SECAGEM C) SECAGEM EM FORNO MICROONDAS MÉTODOS POR SECAGEM D) SECAGEM EM DESSECADORES ✓São utilizados com vácuo e compostos químicos absorventes de água (ácido sulfúrico). ✓Secagem a temperatura ambiente: muito lenta e alguns casos pode levar meses. ✓Utilização de vácuo e temperatura (50 oC) - satisfatório. MÉTODOS POR SECAGEM D) SECAGEM EM DESSECADORES São obtidos pela diferença entre o peso total da amostra e o conteúdo de umidade. Sólidos totais Determinação de sólidos totais Estudo de Caso Um analista de alimentos deseja estudar o teor de umidade em uma doce em pasta. Se ele for utilizar a secagem em estufa, quais cuidados este analista deve possuir? Estudo de Caso Determine o teor de umidade e de sólidos totais de uma geleia de morango funcional, considerando as informações abaixo: Peso da cápsula: 28,3397g Peso da amostra: 2,0857g Peso da capsula + amostra seca: 29,7437g Estudo de Caso Determine o teor de umidade e de sólidos totais de uma geleia de morango funcional, considerando as informações abaixo: Peso da cápsula: 46,2767g Peso da amostra: 2,1033g Peso da capsula + amostra seca: 47,7084g Estudo de Caso Determine o teor de umidade e de sólidos totais de uma geleia de morango funcional, considerando as informações abaixo: Peso da cápsula: 44,0571g Peso da amostra: 2,0068g Peso da capsula + amostra seca: 44,4311g Profª.: Leilanne Márcia Nogueira Oliveira Dúvidas: leilannemarcia@hotmail.com
Compartilhar