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Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ CONTINUAÇÃO – MATERIAL DE RESUMO CRIME DE RESISTÊNCIA – ART. 329 CP É a oposição do particular revestido de violência ou grave ameaça, contra o funcionário público que está cumprindo um ato legal ou quem lhe preste auxílio para submetê-lo a autoridade do Estado. ESPÉCIES DE RESISTÊNCIA ESPÉCIES DE RESISTÊNCIA 1- Resistência ativa: é a que o agente usa violência ou ameaça contra o FP ou o particular que lhe presta auxílio - art. 329, caput 2- Resistência passiva: é a que o agente não usa violência ou ameaça c/ o FP ou quem lhe presta auxílio. Neste caso, não ocorre o crime de resistência, mas existe o crime de desobediência - art. 330. É chamada de RESISTÊNCIA GHÂNDICA , usada na satyagraha ESTRUTURA DO CRIME DE RESISTÊNCIA 1- Objetividade jurídica: tutela a administração pública no que diz respeito a sua autoridade e prestígio. Protege também a integridade física e moral do FP ou do particular que lhe preste auxílio (tut. bifacial) 2- Núcleo do tipo: é o verbo “opor-se” no sentido de impedir ou obstruir a execução de ato legal. O crime é praticado comissivamente, pois o agente se utiliza de violência física ou moral contra o FP ou em quem lhe auxilia. Pode ser cometido de forma omissiva imprópria – art. 13, §2º - quando o FP tem o dever de agir para impedir que o resultado ocorra, e ele nada faz. 3- Exemplo: Um oficial de justiça vai cumprir um mandado de busca e apreensão, acompanhado de um policial. O dono do imóvel, em certo momento, reage, e passa a agredir o oficial de justiça, momento em que o policial vendo a cena fica inerte. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Se o FP não aceita o auxílio do particular, e ele vem a sofrer violência ou ameaça, neste caso não se caracteriza o crime de resistência em relação a este. CRIME DE RESISTÊNCIA - ESTRUTURA 4-Momento do emprego da violência ou ameaça: a violência ou ameaça contra o FP ou quem lhe preste auxílio devem ser usadas durante o impedimento do cumprimento do ato legal. Se a violência ou ameaça forem empregadas antes ou depois do cumprimento do ato legal, não há que falar no crime de resistência, mas subsistem outros crimes contra o funcionário público ou quem lhe preste ajuda, tais como lesão corporal ou ameaça ou constrangimento ilegal. 5- Sujeito ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por FP, que não use a prerrogativa da função pública naquele momento. Também é possível seja a resistência praticada por terceira pessoa. Exemplo: Pedro, ao perceber que sendo preso em flagrante delito pela prática de lesão corporal, passa a agredir com socos o policial que está cumprindo o ato legal. CRIME DE RESISTÊNCIA - ESTRUTURA 6- Sujeito passivo: o estado, e secundariamente, o FP ou pessoa que esteja ajudando o FP na execução do ato. Particular que presta auxílio ao FP: este, ao ajudar o FP, passa a figurar como assistente ou longa manus do Estado, razão pela qual merece proteção. A assistência do particular pode ser requisitada pelo FP, ou o particular adere espontaneamente ao ato, e neste caso, há que ter o consentimento do FP. 7- Elemento subjetivo: Dolo, acompanhado de um especial fim de agir, que é a vontade de impedir a execução de um ato legal. Se houver dúvida a respeito da legalidade do ato ou da competência do FP para cumprir o ato, não haverá crime de resistência. Não se admite a forma culposa desse crime. CRIME DE RESISTÊNCIA - ESTRUTURA 8- Consumação: o crime se aperfeiçoa com a prática de violência ou ameaça ao FP competente ou a quem lhe preste auxílio, não importando se a conduta do agente impediu ou não a execução do ato legal, pois se trata de crime formal. 9- Tentativa: é admissível quando o agente usa violência, pois se trata de crime plurissubsistente, que pode fracionar o iter criminis. Se porém, o agente empregar ameaça verbal, não se pode admitr o conatus, em face de ser um crime unissubsistente. Mas, quando a ameaça for por escrito, o conatus é admissível, pois o caminho do crime pode ser dividido. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ RESISTÊNCIA QUALIFICADA - § 1º CRIMES DE RESISTÊNCIA, DESOBEDIÊNCIA E DESACATO Há discussão na doutrina se o crime de resistência absorve ou não a desobediência e o desacato. CRIMES DE RESISTÊNCIA E DESOBEDIÊNCIA CRIMES DE RESISTÊNCIA E DESACATO Se se pratica os delitos de resistência e desacato num mesmo contexto fático, deve o agente responder por um único crime ou responder por ambos em concurso? Sobre o tema há 3 vertentes: CRIME DE DESOBEDIÊNCIA – ART. 330 CP É a ordem legal dada por FP para que alguém faça algo ou deixar de fazer algo. Aqui o agente resiste à ordem dada passivamente, não usa violência ou ameaça c/ o FP ou quem lhe presta auxílio (resistência ghândica). Resistência e desacato - mesmo fato: 3 vertentes 1- a resistência absorve o desacato – pois a ofensa física ou verbal ao FP destina-se a impedir a execução do ato legal. É a posição majoritária da doutrina. 2- o desacato absorve a resistência – pois a pena do desacato é mais elevada. 3- há concurso material entre resistência e desacato (art. 69 caput) – pois o desacato não é meio imprescindível para a execução da resistência. Se em razão da resistência o ato legal não se executa, tal fato justifica a elevação da pena, sob dois fundamentos: 1- a lei foi efetivamente descumprida; 2- a autoridade estatal foi redicularizada, fato que incentiva a atuação de rebeldia por outras pessoas. Neste caso, o crime de resistência qualificada passa a O crime de desobediência – art. 330 CP – se cometido no mesmo contexto fático do crime de resistência, fica por este absorvido. Tal fato ocorre por que não se pode falar no crime de resistência sem haver desobediência, pois esta funciona como meio de execução do crime de resistência. Aplica-se o princípio da consunção para solucionar o conflito de normas. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ ESTRUTURA DO CRIME DE DESOBEDIÊNCIA 1- Objeto material: é a ordem legal emanada do FP dirigida a alguém para fazer ou deixar de fazer algo. Não é um pedido, mas uma ordem legal. Se for uma solicitação ou pedido emanado de FP, não caracteriza o crime de desobediência. Não se pode obrigar alguém a cumprir uma ordem formal ou materialmente ilegal, em razão do princípio da legalidade – Art. 5º, II da CF. 2- Núcleo do tipo: é o verbo “desobedecer” no sentido de não atender ou recusar a ordem legal de um FP competente para emiti-la. Não há emprego de violência ou ameaça ao FP. O agente passivamente recusa-se a cumprir a ordem do FP. A conduta de desobedecer pode ser cometidapor ação, quando a ordem do FP impõe a abstenção de um ato ao destinatário, mas ele age. Também pode ser praticado o crime de desobediência de forma omissiva, quando o FP ordena uma conduta positiva ao agente, e este, por vontade própria, se omite. Essa legalidade da ordem deve ser apreciada nos aspectos formal e material: 1- No sentido formal: analisa-se de quem emanou a ordem (autoridade competente ou não) e de quem a executa (quem está fazendo cumprir a ordem, possui atribuição para tal); 2- No sentido material: perquire-se sobre o conteúdo do ato legal, o foi colocado para ser cumprido. Exemplo 1: João se recusa a permitir que um oficial de justiça proceda a uma busca e apreensão em sua casa no período noturno. Exemplo 2: Tereza, mãe do menor Pablo, não atende à ordem judicial de permitir que seu ex-marido fique com a criança nos finais de semana, ao tomar conhecimento de que a ordem partiu de um juiz incompetente para expedir tal ordem. Exemplo: Durante uma blitz, um policial determina que todos fiquem imóveis para serem revistados, mas um deles sai correndo. Exemplo: Paulo, ao entrar em um tribunal e passar pelo detector de metais, que sinalizou que Paulo estava de posse de um objeto de metal, ao ser ordenado para que abrisse a sua pasta, recusou-se. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ A ordem há de ser endereçada diretamente à pessoa que possui o dever de cumpri-la. 3- Sujeito ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa, desde juridicamente vinculada à ordem legal. Exemplo: CRIME DE DESACATO – ART. 331 CP O STJ decidiu que o desacato não pode ser considerado crime porque contraria leis internacionais de direitos humanos (Tratado de San José da Costa Rica). Na decisão o ministro relator justifica: ESTRUTU RA DO CRIME DE DESOBEDI ÊNCIA 4- Sujeito passivo: é o estado, e secundariamente, o FP que faz a execução do ato legal. 5- Elemento subjetivo: é o dolo, acompanhado de um especial fim de agir, que é o conhecimento da legalidade da ordem e da competência da autoridade que a emitiu. Não se admite a forma culposa desse crime. 6- Consumação: Se o FP ordena que o particular se abstenha de fazer algo, e ele faz, o crime se consuma neste momento (conduta comissiva). Se o FP determina que alguém faça algo para cumprir ordem legal, e o particular não faz, o crime de desobediênca se consuma neste momento (conduta omissiva). 7- Tentativa: só é admissível na modalidade comissiva, pois se trata de crime plurissubsistente. Um FP pode praticar um crime de desobediência, desde naquele momento ele esteja atuando como um particular, isto é, a ordem legal descumprida não esteja entre seus deveres funcionais. "A existência de tal normativo em nosso ordenamento jurídico é anacrônica, pois traduz desigualdade entre funcionários e particulares, o que é inaceitável no Estado Democrático de Direito preconizado pela Constituição Federal de 88 e pela Convenção Americana de Direitos Humanos. Não há dúvida de que a criminalização do desacato está na contramão do humanismo porque ressalta a preponderância do Estado - personificado em seus agentes - sobre o indivíduo". Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ No final da sua decisão, o ministro-relator ressalta que: CRIME DE DESACATO No exercício legítimo do cargo público, o agente deve estar protegido contra as investidas violentas, sendo esta a função do crime de desacato. Qualquer FP pode ser desacatado em sua função, não importando o cargo, se de baixo ou alto escalão. ESTRUTURA DO DESACATO 1- Objeto material: É o FP contra quem se dirige a conduta de desacatar. 2- Núcleo do tipo: é o verbo “desacatar” no sentido de menosprezar, de humilhar a dignidade e o prestígio da atividade administrativa do Estado. O crime pode ser praticado por diversas condutas, como palavras, gestos, ameaças, violência física, e outros meios capazes de ridicularizar o FP. FORMA DE PRATICAR O DESACATO Só se configura o crime se a conduta de desacatar se deu na presença física do FP, pois assim se evidencia o objetivo de inferiorizar a função pública. Exemplos: 1- dizer a um juiz de direito que ele é um incentivador da criminalidade em razão de uma sentença proferida (palavras); 2- Pedro deu um soco no rosto de um policial no momento em que cumpria a ordem de prisão preventiva (violência física). 3- Ameaçar um promotor de justiça por este ter oferecido denúncia por um crime cometido pelo agente (violência moral). Por conseqüência, não se admite o desacato praticado por meio de cartas, e-mails, telefonemas, recados, bilhetes, dentre outros meios. A ofensa praticada contra FP no exercício da função pública ou em razão dela, na sua ausência, configura o crime de injúria – art. 140, caput c/c o art. 141, II do CP. "O afastamento da tipificação criminal do desacato não impede a responsabilidade ulterior, civil ou até mesmo de outra figura típica penal (calúnia, injúria, difamação etc.), pela ocorrência de abuso na expressão verbal ou gestual ofensiva, utilizada perante o funcionário público". Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ 3- Sujeito ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa. O desacato pode ser praticado por outro funcionário público? Sobre o tema, temos 3 vertentes: Desacato praticado em razão da função pública: aqui o FP não está no desempenhando ato de ofício da função no momento da ofensa, mas tal ofensa se vincula à sua função pública. Exemplo: Um fiscal de tributos, está de férias em Salinas, quando uma pessoa, que já o conhece, o chama de corrupto. 1ª corrente: o FP não pode ser responsabilizado por desacato. Alega que, o fato do crime de desacato está inserido no capítulo “crimes contra a administração em geral”, o FP não pode ser sujeito ativo. Entende a corrente que a ofensa de um FP contra outro FP configura o crime de injúria qualificada – art. 141, II do CP. 2ª corrente: firma posição no sentido de que um FP só pode praticar o crime de desacato quando a ofensa for contra seu superior hierárquico. Mas a recíproca não é verdade. Além dos motivos justificadores serem preconceituosos e autoritários, é também inconstitucional, pois fere de morte o princípio da isonomia. O art. 331 não tutela somente a autoridade, mas tutela a função pública, não importando quem a esteja exercendo. O preceito fala em “desacatar funcionário público”, e não desacatar autoridade pública”. 3ª corrente: o FP pode praticar o crime de desacato. Se um FP ofende física ou moralmente outro FP no exercício de sua função, o primeiro se despe desua condição funcional e se equipara ao particular. Não importa se o ofensor seja da mesma categoria ou categoria diversa do FP ofendido, pois dentre as suas atribuições não se insere a de agressão de qualquer natureza contra FP. Assim, um FP, mesmo no exercício da sua função, ofende outro FP também no exercício da função, será responsabilizado pelo crime de desacato, pois o bem jurídico protegido é o prestígio da função pública. É a posição consolidada na doutrina e na jurisprudência dos tribunais superiores. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ CRIME DE TRÁFICO DE INFLUÊNCIA – ART. 332 CP O crime consiste na conduta do FP que, alardeando prestígio e influência junto à Administração, ilude e ludibria aquele que deseja ter uma providência (vantagem ou promessa de vantagem, de qualquer natureza) da Administração Pública. ESTRUTURA DO CRIME Objeto material: é a vantagem ou promessa de vantagem, de qualquer natureza. Núcleos do tipo: Há 4 núcleos: solicitar no sentido de requerer, pleitear; exigir no sentido de determinar, ordenar; cobrar no sentido de reclamar pagamento ou cumprir algo; obter no sentido de conseguir. Estas condutas se conjugam com a conduta de influir no conduta do FP para a prática do ato (vantagem ou promessa de vantagem).Mas ele não influi na conduta do FP. Já o STJ, em reiteradas decisões, sobre este crime tem decidido: ESTRUTUR A DO CRIME DE DESACATO 4- Sujeito passivo: é o estado, e secundariamente, o FP que faz a execução do ato legal. 5- Elemento subjetivo: é o dolo, vontade livre e consciente de desprestigiar a função pública. No dolo já se inclui o conhecimento da qualidade de FP, bem como a condição de estar bo exercício da função ou a ofensa ter sido emitida em razão dela. Não se admite a forma culposa. 6- Consumação: consuma-se o crime no momento em que o agente comete os atos ofensivos ou dirige palavras ultrajantes ao FP, com o fim de menosprezar a função pública. Por ser um crime formal, não importa se o FP sentiu-se ofendido ou não, pois a lei tutela a dignidade da função pública, e não a honra de quem ocupa o cargo. 7- Tentativa:não é admissível, pois se trata de crime unissubsistente. Exemplo: Marta, alegando que é amiga de uma juíza, sem realmente sê-lo, solicita de João certa quantia em dinheiro, para supostamente convencer a juíza a sentenciar seu caso justificado na absolvição. “É despiciendo para a caracterização, em tese, do delito de tráfico de influência, que o agente de fato venha a influenciar no ato a ser praticado por funcionário público. Basta que por mera pabulagem alegue ter condições para tanto, pois nesse caso já terá sido ofendido o bem jurídico tutelado: a moralidade da administração pública”. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Sujeito ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa, inclusive outro FP. Sujeito ativo: é o estado, e secundariamente, o comprador da influência, aquele que paga vantagem ou promete vantagem com o fim de obter algum benefício junto ao FP. Esse benefício pode ser lícito ou ilícito, pois mesmo que seja ilícito, ainda assim o comprador da influência ser vítima. Elemento subjetivo: é o dolo, acompanhado de um especial fim de agir, que é o obter vantagem para si ou para outrem. Não se admite a modalidade culposa. Consumação: nos núcleos solicitar, exigir e cobrar, o tráfico de influência é crime formal, pois se consuma com as condutas descritas, não dependendo da efetiva obtenção de vantagem. Porém, na modalidade obter, o crime é material, consumando-se no momento em que o agente alcança a vantagem desejada. Tentativa: é admissível nas modalidades comissivas, pois se trata de crime plurissubsistente. Não será admissível a tentativa, nos casos de crime unissubsistente, quando não há o fracionamento do iter criminis. Neste casos, trata-se de solicitação, exigência ou cobrança efetuadas de forma verbal, em que a realização da conduta já consuma o crime, não sendo possível a tentativa. Exemplo: Chico remete para Beto uma carta solicitando a entrega de vantagem para influir na conduta de um FP responsável pela apreciação de um recurso administrativo por ele impetrado visando anular diversas multas de trânsito, mas a carta é extraviada nos correios. Se o agente realmente possuir influência junto ao FP, e vier a corrompê-lo, deverá responder pelo crime de corrupção ativa – art. 333 CP. Se no caso concreto o agente individualiza o FP e posteriormente se provar que essa pessoa não tem a qualidade de FP, a pessoa que solicitou vantagem responderá pelo crime de estelionato Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ CORRUPÇÃO ATIVA – ART. 333 CP Este tipo penal tem por fim impedir que os particulares atuem ilicitamente na atividade administrativa, oferecendo ou prometendo vantagem indevida ao FP para fazer com que ele pratique, omita ou retarde ato de ofício. EXCEÇÃO À TEORIA MONISTA O legislador pátrio ao tratar do crime de corrupção rompeu com a Teoria Monista no concurso de pessoas (art. 29), acolhendo a como exceção à regra. Nesta linha, quando um particular oferece vantagem a um FP objetivando que ele pratique ou omita ou retarde o ato de ofício, há dois crimes distintos, com autores diferentes: Objeto material: é a vantagem ou promessa de vantagem, de qualquer natureza. Núcleos do tipo: Há 2 núcleos: oferecer no sentido de propor vantagem indevida; Prometer significa obrigar-se a, no futuro, entregar vantagem indevida, exigindo uma contrapartida do FP. É um tipo misto alternativo. Ato de ofício: significa aquele que está nas suas atribuições legais definidas em lei. Nesta linha, se um particular oferece ou promete vantagem indevida a FP que não tenha poderes legítimos para a prática de certo ato, neste caso não há falar no crime de corrupção ativa, pois o fato é atípico penalmente. Exemplo: Neste caso, a conduta do indiciado é atípica, pois o FP do MP não tem atribuição de denunciar pessoas. Sujeito ativo: o crime pode ser cometido por qualquer pessoa, inclusive outro FP, desde que realize a conduta sem aproveitar-se das facilidades inerentes à sua função pública. O agente pode praticar o crime diretamente, sem intervenção de outras pessoas, ou indiretamente, ocasião em que usará interposta pessoa para a prática do delito. EXCEÇÃO À TEORIA MONISTA 1- O FP, que solicita ou recebe a vantagem indevida, responderá por corrupção passiva – art. 317 CP; 2- O particular, que oferece ou promote vantagem indevida ao FP, responderá por corrupção ativa – art. 333 CP Um indiciado em inquérito policial oferece ou promete vantagem indevida a um agente auxiliar do Ministério Público para que não seja denunciado pelo citado crime. Exemplo de conduta direta: Antônio oferece certaquantia em dinheiro a Pedro, escrevente de uma vara, para que este retarde o andamento do processo. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Sujeito passivo: é o estado, e secundariamente, a pessoa lesada. Assim, como o sujeito passivo principal é o Estado, a não identificação do FP corrompido não descaracteriza o crime, se existirem provas da oferta da vantagem indevida, pois se trata de crime formal. Elemento subjetivo: é o dolo, acompanhado de um especial fim de agir, que é determinar que o FP pratique, omita ou retarde o ato de ofício. Não se admite a modalidade culposa. Consumação: consuma-se o crime com a oferta ou promessa de vantagem indevida ao FP, independente de sua aceitação. Também se prescinde para a consumação do crime, se o ato foi praticado, omitido ou retardado. Tentativa: é admissível, pois se trata de crime plurissubsistente. Já na forma verbal, não se admite o conatus, pois se trata de crime unissubsistente, onde não há fracionamento do iter criminis. CAUSA DE AUMENTO DE PENA - § UNICO Se em razão da promessa ou vantagem, o agente atrasa ou não pratica o ato que deveria praticar ou o pratica, violando dever funcional, neste caso a pena é aumentada em um terço. Aqui o crime é material, pois exige um resultado. CORRUPÇÃO ATIVA E O “JEITINHO BRASILEIRO” Quando um particular se limita a pedir ao FP para “dar um jeitino” em alguma situação de seu interesse, não há falar no crime de corrupção ativa, pois não houve oferecimento ou promessa de vantagem indevida. Nesse sentido há 2 soluções: SITUAÇÃO DE "DAR UM JEITINHO BRASILEIRO" 1- Se o FP pratica o ato pedido, viola seu dever funcional, sendo- lhe imputado o crime de corrupção passiva privilegiada – art. 317, § 2º CP, e ao particular que solicitou o jeitinho, será enquadrado como partícipe daquele crime. 2- Se o FP não pratica o ato, o fato será atípico penalmente para ambos. Exemplo de conduta indireta: Edilson, a pedido de Elizabete, ré em certa ação penal, oferece uma jóia para um oficial de justiça para que este não proceda à citação. Neste caso, Edilson será coautor do crime de corrupção ativa praticado por Elizabete. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Este capítulo objetiva a prevenção e punição das condutas lesivas a uma das finalidades precípuas do Estado, isto é, a distribuição e administração da justiça. CRIME DE DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA – art. 339 CP Este crime é formado pelo crime de calúnia – art. 138, com a conduta de noticiar à autoridade pública competente a prática de crime ou contravenção penal e sua autoria, mas sabendo que a pessoa é inocente. A comunic ação gera 1- instauraçã o de IP ou TCO 2- process o judicial 3- processo administra tivo 4- inquéri to civil 5- ação de improbidad e administrati va Justiça aqui significa tutelar não somente os atos do Poder Judiciário, mas também todas as atividades e funções vinculadas à prestação da justiça em geral, atingindo-a no prestígio e na eficácia dos seus atos, para evitar que a sociedade desacredite nas instituições do Estado. Assim, este capítulo abrange atos da justiça, polícia, sistema penitenciário, Ministério Público, Defensoria Pública, dentre outros órgãos. Se a pessoa leva ao conhecimento da autoridade pública notícia de que outra pessoa praticou um crime ou contravenção penal, mas não desconfia que ela é inocente, essa pessoa agiu dentro da lei, pois assim permite o art. 5º, § 3º CPP. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ ESTRUTURA DO CRIME Objetividade jurídica: o tipo penal tutela a Administração da Justiça, mas também protege a honra, o patrimônio e a liberdade da pessoa física ou jurídica. Núcleo do tipo: é a expressão “dar causa” no sentido de provocar a instauração daqueles procedimentos legais pela administração pública tendo ciência de que a pessoa é inocente. O crime pode ser praticado por escrito, verbalmente, por gestos e até mesmo o silêncio. Por escrito: comunicação de um suposto crime atribuído a alguém via e-mail encaminhado à autoridade policial. Se o delegado instaurar o IP e houver indiciamento, o crime se consuma; Forma verbal: por meio de telefonema Pedro comunica à Corregedoria de uma Instituição Pública que determinado FP praticou o crime de peculato. Posteriormente, a autoridade instaurou o PAD para investigar o fato; Por meio de gestos: em certa situação em que um crime acaba de ser cometido, João aponta em direção a Délio, indicando ao policial que fora ele o autor do crime, embora tivesse certeza que não fora ele o autor; Por meio do silêncio: Maria e Tonha foram a uma delegacia e perante o delegado Maria acusou Expedito da prática de furto e que tal fato foi testemunhado por Tonha. O delegado indaga a Tonha se o fato é verdade e Tonha fica em silêncio. Maria e Tonha sabem que Expedido não tem vinculações com este crime. Dias depois, a autoridade instaurou IP e indiciou Expedito pelo crime de furto. CRIME DE FRAUDE PROCESSUAL – ART. 347 Objetividade jurídica: tutela a administração da Justiça no que diz respeito ao falseamento da prova. Objeto material: é a coisa, o lugar ou pessoa que suporta a inovação artificiosa. A fraude processual é crime subsidiário, pois só pode ser aplicado quando o fato não constituir crime mais grave, isto é, com pena mais elevada. Se existir, ele fica absorvido. Núcleos do tipo: é verbo inovar, no sentido de alterar, introduzindo alguma novidade. Esta inovação artificiosa precisa relacionar-se com estado do lugar, da coisa ou da pessoa, sendo efetuada de forma fraudulenta. Exemplos de inovação artificios a 2- No tramitar de um processo judicial envolvendo animais entre dois fazendeiros, um deles altera sinal indicativo de propriedade. 1- Antônio durante o tramitar de um processo, falsifica um documento Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Inovar artificiosamente significa alterar ou modificar algo no processo com emprego de fraude ou ardil para enganar o juiz ou a perícia. Sujeito ativo: o crime pode ser praticado por qualquer pessoa, tenha ou não interesse no processo. Pode ser agente do crime: EXEMPLOS Lugar: após a prática de homicídio, o agente limpa manchas de sangue das paredes. Coisa: colocar uma pistola na mão do cadáver depois do homicídio para simular suicídio. Pessoa: para não ser reconhecida por testemunhas como autor de um crime, a pessoa faz uma cirurgia plástica . a inovação artificiosa pode ocorrer: 1- depois de iniciado ou durante o processocivil 2- depois de iniciado ou durante o processo administrativo 3- durante o IP ou durante o processo penal Podem figurar como autor do crime de fraude processual 1- as partes: autor; réu; assistente litisconsorcial 2- seus procuradores, parentes e amigos Um FP pode praticar o crime de fraude processual. Mas se ele solicitar, receber ou aceitar promessa de vantagem indevida para inovar artificiosamente no curso do processo ou do IP, responderá pelo crime de CORRUPÇÃO PASSIVA. Se perito inovar artificiosamente o lugar de um crime, responde pelo crime de fraude processual? Não, responderá pelo crime de falsa perícia – art. 342, em razão do princípio da especialidade, pois a norma especial afasta a norma genérica. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Sujeito passivo: é o Estado. Mediatamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada. Elemento subjetivo: é dolo, acrescido de um especial fim para induzir em erro o juiz ou perito. Não se admite a modalidade culposa. Consumação: é crime formal ou de consumação antecipada, pois concretiza-se no instante em que o agente pratica a inovação no estado da coisa, do lugar da pessoa, mesmo que não haja o induzimento em erro do juiz ou perito. Mas se a fraude for grosseira, perceptível a olho nu, não há crime, pois caracteriza o crime impossível, pela ineficácia absoluta do meio de execução. Tentativa: é possível ocorrer a fraude processual um crime plurissubsistente (fracionamento do iter criminis). NO CÓDIGO DE TRÂNSITO Fazer referência a acidente de trânsito com vítima, caso em que o CTB admite o crime de fraude processual no art. 312. FRAUDE PROCESSUAL E O DIREITO DE NÃO PRODUZIR PROVAS CONTRA SI MESMO O Pacto de San José da Costa Rica, em seu art. 8º, incorporado do direito pátrio por meio do Decreto 678/92, não permite ao investigado ou acusado ou alguém em seu nome, proceder a inovação artificiosa no curso do processo civil, penal ou administrativo. Sobre o assunto, o STJ no caso dos Nardoni assim decidiu: Logo, a não autoincriminação é um direito do ser humano, o qual não pode ser confundido com condutas atentatórias ao exercício da prestação jurisdicional prestada pelo Estado. CRIME DE FAVORECIMENTO PESSOAL – ART. 348 CP “O direito à não autoincriminação não abrange a possibilidade dos acusados alterarem a cena do crime, inovando o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, para, criando artificiosamente outra realidade, levar peritos ou o próprio juiz a erro de avaliação relevante”. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Também conhecido como homizio (homiziar), ele consiste em prestar auxílio para que o autor de crime não seja alcançado pela autoridade pública, mediante dissimulação do criminoso ou facilitação de sua fuga. ESTURUTRA DO CRIME Objetividade jurídica: busca-se impedir a criação de obstáculos no combate ao crime, pois as pessoas não têm obrigação legal de colaborar com a justiça, mas de outro lado, também não podem dificultar suas ações. Objeto material: é a autoridade pública prejudicada no desempenho de suas funções em razão do favorecimento ao autor do crime. Núcleos do tipo: é o verbo “auxiliar” conjugado à expressão “a subtrair-se” no sentido de punir quem idoneamente ajuda o autor do crime a fugir ou de qualquer modo evita a ação da autoridade pública. CASO DE ADVOGADO Mas, é possível a participação tanto por induzimento ou instigação ao auxílio prestado ao criminoso. Exemplo: O crime do art. 348 do CP só pode ser praticado por ação, não admitindo a forma omissiva. Exemplo: Este fato não constitui crime de favorecimento pessoal, pois o art. 348 CP só pode ser cometido por ação. Sujeito ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa, pois é crime comum. No caso autofavorecimento não se caracteriza o crime do art. 348 CP, quando o agente pratica um crime em concurso de pessoas, no qual um dos agentes, para se proteger contra Não se amolda ao tipo penal a conduta de induzir ou instigar o autor do crime a furtar-se da ação da autoridade no caso de advogado que está patrocinando a defesa do acusado. Exemplo: Advogado que orienta seu cliente a fugir para outro Estado até que ocorra a extinção da punibilidade do crime cometido por ele. João convence Beto a esconder Carlos em sua casa, procurado pela Polícia em razão de um homicídio. Pedro, amigo de Beto, que praticou um crime furto, foi intimado a prestar depoimento no IP que investiga o fato, pois a autoridade policial tomou conhecimento que ele sabia onde estava escondido o acusado Beto. Pedro, mesmo sabendo o paradeiro de Beto, não fornece informações. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ a ação da autoridade pública, auxilia um ou mais coautores a fugir da ação da autoridade pública. Exemplo: Sujeito passivo: é o estado. Elemento subjetivo: é o dolo, consistente na vontade livre de auxiliar o autor do crime a subtrair-se da ação da autoridade pública. Exige-se que o sujeito ativo tenha conhecimento de que o favorecido está sendo procurado ou venha a ser procurado pela autoridade pública em razão de crime anterior. Dolo eventual A ignorância quanto à situação da pessoa procurada ou perseguida exclui o dolo direto, já que ele não sabia da verdadeira situação da pessoa. Na dúvida se a pessoa sabia ou não da situação da pessoa procurada, aplica-se o dolo eventual. Não se admite a modalidade culposa. Consumação: sendo um crime material, consuma-se com o efetivo auxílio, quando o sujeito ativo ajuda a pessoa procurada pela autoridade a furtar-se a ação do estado, mesmo que por breve período. Tentativa: é admissível em razão de ser um crime plurissubsistente, que permite o fracionamento do iter criminis. ESCUSA ABSOLUTÓRIA – § 2º O fundamento da exclusão da pena são os laços de afeto entre parentes ou entre cônjuges (solidariedade no círculo familiar), pois não há como obrigar uma pessoa a negar auxílio a parente ou cônjuge. Assim, se o agente auxilia um parente a esconder-se da ação da justiça, o crime de favorecimento pessoal subsiste, mas não poderá o juiz aplicar a pena. Antônio e Bento, em coautoria, praticam um homicídio contra Carlos. Em seguida, Antônio compra uma passagem de avião e a entrega a Bento, que empreende fuga para outro país. Nesta linha, Antônio visava impedir a prisão de Bento e sua confissão prejudicaria ele. Esse fato é atípico penalmente para Antônio. Se o agente presta auxílio a ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso para ele livrar-se da ação da autoridade pública, neste caso o agente está isento de pena. É a chamada imunidade penal absoluta ou material, que é causa pessoal de exclusão da pena. Em casode crime de favorecimento pessoal em havendo escusa absolutória, o delegado de polícia não poderá instaurar o TCO, pois não há interesse do Estado a justificar a persecução penal em crime em que o Estado não pode punir. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ DISTENÇÃO ENTRE O FAVORECIMENTO PESSOAL E CRIME DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA A MEDIDA DE SEGURANÇA FAVORECIMENTO REAL – ART. 349 CP Configura-se o crime quando o agente presta auxílio a criminoso destinado a tornar seguro o proveito do crime, excluídos os casos de coautoria e receptação. Objetividade jurídica: tutela a administração da justiça no que diz respeito à proibição de incorporação de patrimônio obtido ilicitamente pelo criminoso. Também protege o patrimônio da vítima do crime anterior. Objeto material: é o proveito do crime, que é toda e qualquer vantagem ou utilidade material ou moral obtida em decorrência do crime anterior. Núcleo do tipo: é o verbo “prestar” no sentido de dar assistência ao criminoso visando tornar seguro o proveito do crime. O favorecimento real só pode ser praticado por ação (crime comissivo). Exemplos: Conceito de proveito do crime 1- é toda e qualquer vantagem ou utilidade material ou moral obtida em decorrência do crime. O proveito de crime engloba: a) Preço do crime: "A" recebeu o valor de C$ 3.000,00 pelo crime que praticou. b) Produto do crime: é o próprio objeto material do crime> Exemplo: "B" furtou um relógio. Mesmo que o produto sofra alteração ou seja substituido por bem de outra natureza. Exemplos: Barras de ouro obtidas com o derretimento do relógio de outro furtado; Dinheiro recebido pela venda de obra de arte roubada. Crime de favorecimento pessoal Crime de pessoa presa ou submetida à medida de seg. Aqui a fuga deve ser prestada a criminoso em liberdade Se a pessoa acha-se presa ou submetida à medida de segurança e o agente promove ou facilita a sua fuga, comete o crime do art.351 CP 1- Pedro praticou um peculato e Nélio, por amizade, em seu nome, aplicou o dinheiro na poupança; 2-João cometeu um estelionato e por gentileza, Chico comprou um carro com esse dinheiro. 1- É um crime acessório ou parasitário, pois a sua consumação depende da prática anterior de um outro crime. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Não se pode prestar auxilio a criminoso de forma omissiva. Assim, se alguém não comunicar à autoridade o local em que se encontra o proveito do crime, mesmo sabendo desta circunstância, tal conduta não constitui crime de favorecimento real. Sujeito ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa, pois é crime comum, salvo o coautor ou partícipe do crime antecedente. Assim, se antes da prática do crime anterior o agente se dispuser a auxiliar o autor a tornar seguro o seu proveito do crime, o agente será partícipe deste crime, e não autor do crime de favorecimento real. Exemplo: Sujeito passivo: é o estado, e mediatamente, a vítima do crime anterior, isto é, do crime que se originou o proveito. Elemento subjetivo: é o dolo, acrescido de um fim especial, que é tornar seguro o proveito do crime anterior. Não admite a modalidade culposa. Se o sujeito ativo age com a intenção de lucro, caracteriza-se o crime de receptação – art. 180, caput na modalidade “ocultar”. Exemplo: Consumação: sendo um crime formal, consuma-se no momento em que o agente presta auxilio ao criminoso, com o fim de tornar seguro o proveito do crime, mesmo que essa finalidade não seja alcançada. Tentativa: é admissível em razão de ser um crime plurissubsistente, que permite o fracionamento do iter criminis. Se um FP sabendo onde está o proveito do crime, e mesmo assim não comunica tal fato à autoridade pública, ele não pratica o crime de favorecimento real, mas sim, o crime de prevaricação ou corrupção passiva. João planeja furtar uma loja, contando tal fato para Pedro, que se compromete com João a esconder o dinheiro futado. Realizado o furto, Pedro escondeu o dinheiro em sua oficina. Neste caso, será participe do crime de furto, na modalidade auxiliar. Nelson roubou um carro e combinou com Zélio para que este guardasse o carro em sua casa até que a polícia não tivesse mais investigando, momento em que venderiam as peças. Neste caso, Nelson é beneficiado financeira, sendo considerado receptador. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Para a caracterização do crime do art. 349 exige-se condenação definitiva com trânsito em julgado ou basta a prova da existência do crime (inquérito ou processo judicial)? Há duas posições: Assim, o princípio da presunção de inocência impede a aplicação do crime de favorecimento real, quando por exemplo, uma pessoa ainda está indiciada em inquérito policial ou na fase de processo, mas ainda não houve condenação definitiva no crime anterior, não se pode imputar a ela o crime de favorecimento real. FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA À MEDIDA DE SEGURANÇA – art. 351 CP Visa incriminar a conduta daquele que promove ou facilita a fuga de pessoa presa legalmente ou submetida à medida de segurança detentiva. A prisão pode ser a natureza civil ou penal. Núcleos do tipo: promover é executar a fuga, sendo a iniciativa do agente, e não se exige que o preso ou internado que tenha conhecimento. Ex: O agente penitenciário deixa a porta da cárcere aberta para que o preso perceba e fuja. O outro núcleo – facilitar significa diminuir os obstáculos para a fuga do preso ou do internado. Aqui, a iniciativa de pedir a facilitação é do preso ou internado e o terceiro lhe presta auxilia. Pode ocorrer na forma comissiva - Ex: o agente penitenciário informa ao preso o horário em que não haverá ronda para facilitar a fuga. DUAS POSIÇÕES: 1- é suficiente a prova da existência do crime anterior: esta corrente afirma que para caracterizar o crime de favorecimento real, é suficiente que haja a prova do crime anterior (inquérito ou ação penal em tramitação), não necessitando de condenação penal; 2- É indispensável que haja condenação com trânsito em julgado pelo crime anterior: Esta corrente entende que, como o legislador usou a palavra “criminoso” e não a expressão “acusado de crime”. Se prisão penal pode decorrer de provisória (prisão em flagrante, prisão preventiva, prisão temporária) ou decorrer de prisão definitiva. Se alguém promove ou facilita a fuga de pessoa internada em hospital psiquiátrico por decisão judicial ou de seus familiares não pratica o crime do art. 351 CP, pois o tipo penal fala em medida de segurança detentiva Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Pode ocorrer também na forma omissiva imprópria –ex: o carcereiro percebe a fuga do preso, mas fica inerte, nada fazendo para evita-la. Quando o agente promove e facilita a fuga da mesma pessoa, ele não responderá por um só crime. Quem promove ou facilita a fuga do preso quando ele está sendo levado para audiência, para outra prisão ou para o hospital também se enquadra nesse crime. Também pratica o crime aquele que promove ou facilita a fuga logo após a prisão em flagrante delito pela polícia. LEGALIDADE DA PRISÃO OU DA INTERNAÇÃO Não há o crime do art. 351 quando se promove ou facilita a fuga de preso ilegalmente ou pessoa submetida à medida de segurança detentiva pela razão de que não há crime, pois o ato ilegal. Ex: Um policial priva a liberdade de uma pessoa sem ela está em flagrante delito ou sem mandado de prisão. FUGA DO PRESO E CRIME DE FAVORECIMENTO PESSOAL Já vimos que é possível ocorrer o crime do art. 351 logo após ser preso em flagrante delito e alguém promove ou facilita a sua fuga. Porém, se o preso ou internado consegue fugir sem a ajuda de ninguém, por conta própria, e posteriormente outra pessoa lhe auxilia para não ser preso, está configurado o crime de favorecimento pessoal – art. 348 CP. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa, exceto o próprio preso ou internado, pois o legislador não incriminou a conduta de fugir sem cometer violência ou ameça à pessoa ou danos. SUJEITO PASSIVO: sempre o estado. Admite a forma culposa do prática desse crime. CONSUMAÇÃO: por tratar-se de crime material, consuma-se o crime com a efetiva fuga do preso ou do internado, exigindo a transposição da guarda ou vigilância do Estado, ainda que por curto espaço de tempo. TENTATIVA: é possível em razão de ser crime plurissubsistente. Por ser um crime de menor potencial ofensivo, o art. 351, caput CP não admite prisão em flagrante delito. A pessoa que promoveu ou facilitou a fuga será levada à delegacia para que o delegado de polícia proceder ao TCO e posterior remessa do JECRIM. FUGA DE PRESO OU PESSOA INTERNADA QUALIFICADA - § 1º Dá-se a forma qualificada quando o crime ocorre nas seguintes situações: 1- crime praticado a mão armada: pode ser arma própria (pistola, punhal, escopeta, etc) ou arma imprópria ( tesoura, caco de vidro, machado, estilete, etc). Pune-se o simples ato de ameaçar. 2- Mais de uma pessoa: a lei exige para qualificar esse crime 2 ou mais pessoas. 3- Mediante arrombamento: violência sobre a coisa para facilitar a fuga, por exemplo, quebrar o muro ou serrar as grades da cela. Qualificadora do crime se a fuga ocorre sob a guarda ou custódia de FP que deveria zelar pela prisão ou internação Ser um FP que viola o dever funcional, justifica a pena maior, qualificada. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Lembrete: se um particular prende em flagrante delito uma pessoa e depois a deixa fugir, não pratica o crime do art. 351, pois para ele o flagrante delito é uma faculdade e não um dever legal, nos termos do art. 301 do CPP. EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA PESSOA – art. 352 CP Neste crime pune-se a fuga de pessoa presa legalmente ou submetida à medida de segurança detentiva, com uso de violência física contra pessoa (policiais, agentes penitenciários, carcereiros ou outra pessoa). Objetividade jurídica: o bem juridicamente protegido é a administração da Justiça, e mediatamente também protege a integridade física da pessoa atingida. Núcleo do tipo: é o verbo evadir-se no sentido de escapar por conta própria da prisão ou da medida de segurança detentiva. A doutrina tem se firmado no sentido de que o crime do art. 352 não se dá somente nas penitenciárias ou casas penais, mas também pode ocorrer a fuga ou tentativa de fuga com violência durante o transporte de presos ou durante uma audiência com o juiz ou delegado. SUJEITO ATIVO: só quem pode praticar este crime é o preso ou aquele que cumpre medida de segurança que foge ou tenta fugir com uso de violência (crime próprio). SUJEITO PASSIVO: É o estado, e secundariamente, a pessoa que sofre a violência. ELEMENTO SUBJETIVO: é o dolo, vontade livre de fugir c/ uso de violência. Não se admite a modalidade culposa. Na evasão consumada ou tentada não há interferência de terceiros na fuga. O legislador não incriminou o ato de fugir, pois este é direito inerente ao ser humano em razão do direito natural de liberdade. O que se incrimina é o uso de violência física contra a pessoa (policiais, agentes penitenciários ou qualquer outra pessoa). Se o preso ou o internado que cumpre medida de segurança consegue fugir sem causa violência física em alguém, esta conduta não é criminosa, é atípica. Configura-se o crime quando a pessoa está legalmente presa ou cumprindo medida de segurança e foge (consumado) ou tenta fugir (tentado) com uso de violência física. Se o preso foge ou tenta fugir violentamente no momento da prisão em flagrante delito caracteriza-se o crime de resistência qualificada – art. 329, § 1º CP. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ CONSUMAÇÃO: ocorre no momento em que o preso ou pessoa que cumpre med. de segurança emprega violência física contra alguma pessoa, ainda que não obtenha êxito na fuga, pois se trata de crime de atentado ou crime de empreendimento. TENTATIVA: como se trata de crime de atentado ou de empreendimento, não se admite a tentativa, pois o legislador preceituou que a consumação e a tentativa são iguais, neste caso. EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO – ART. 357 CP Neste crime pune-se a conduta do agente que recebe vantagem a pretexto de influenciar juiz, jurado, promotor, perito, tradutor, interprete, testemunha ou func. da Justiça. Trata-se de crime especializado que exclui o crime de tráfico de influência – art. 332 CP. Objetividade jurídica: tutela a administração da justiça no que diz respeito ao seu prestígio. Objeto material: é o dinheiro ou utilidade material ou moral recebida ou solicitada a pretexto de influenciar em juiz, jurado, promotor, perito, tradutor, interprete, testemunha ou func. da Justiça Núcleos do tipo: são os verbos solicitar e receber, que são conjugados com a conduta de influir. Na verdade, o agente não influi na atuação dessas pessoas por que essa relação de proximidade não existe. O que o agente faz é iludir (frauda) aquele que está querendo obter uma vantagem ou utilidade. Exemplo: Neste caso, Pedro responderá pelo crime de exploração de prestígio- art. 357 CP; a conduta de Beta é atípica penalmente (vítima) e o juiz Carlos por nada responde, pois agiu nos parâmetros da lei. Mas, se o agente realmente ostenta prestígio junto ao FP, ou mesmo não possuindo esse prestígio, mas conseguir influir no ato do FP, neste caso o agente responderá pelo crime de corrupção ativa – art. 333 CP e o FP por corrupção passiva – art. 317 CP. Crime de atentado ou de empreendimento: é aquele que a lei pune igualmente tanto o crime consumado ou tentado, pois após cometer a violência contra a pessoa, não importa se evadiu-se ou não. Nos dois casos a pena será a mesma. Pedro alegando ser amigodo juiz Carlos, solicita de Beta a quantia de C$ 5.000,00 para supostamente convencer Carlos a absolver o seu filho em determinada ação penal que corre perante aquele juízo. Mas na verdade Pedro não influi na decisão de Carlos. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Exemplo: Neste caso, Tereza responderá pelo crime de corrupção ativa – art. 333 CP; Xisto responderá pelo crime de corrupção passiva – art. 317 CP; João por nada responderá, pois sua conduta é atípica (vítima do crime de exploração de prestígio). Sujeito ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa, pois é crime comum, mas na prática é corriqueiro ser cometido por advogados sem escrúpulos. Sujeito passivo: é o estado, e mediatamente, o comprador do suposto prestígio. Elemento subjetivo: é o dolo, acrescido de um fim especial, que é a expressão “a pretexto de influenciar”. Não admite a modalidade culposa. Consumação: no verbo solicitar o crime é formal, pois consuma-se no momento em que o agente solicita o dinheiro ou qualquer outra utilidade, independente da aceitação ou não. No verbo receber o crime é material, pois ocorre a consumação ocorre no momento em que o agente ingressa na posse do dinheiro ou outra utilidade Tentativa: é admissível em razão de ser um crime plurissubsistente, que permite o fracionamento do iter criminis. João foi indiciado em inquérito policial por estelionato, sendo que o IP se acha nas mãos do promotor de justiça Xisto para o oferecimento da denúncia. João lembrou que Tereza, uma vizinha, trabalha no Tribunal de Justiça e conversou com ela sobre o assunto. Tereza, então, diz que realmente é amigo de Xisto e que vai convencê-lo a não denunciar João. Mas, para isso solicita de João certa quantia. Meses depois Tereza convenceu Xisto a não denunciar João. Mas, se o agente entregar dinheiro ou qualquer utilidade a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete para fazer afirmação falsa, calar ou negar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução e interpretação, esse conduta caracteriza o crime de corrupção de testemunha – art. 343 CP. Se o comprador do prestígio objetiva um benefício ilícito (torpeza bilateral), mesmo assim ele continua sendo vítima do crime de exploração de prestígio, pois teve o seu patrimônio desfalcado. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ CRIME DE DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU SUSPENSÃO DE DIREITO – ART. 359 Neste crime o agente não só desobedece ordem legal de FP, mas vai além, exercendo função, atividade, direito, autoridade ou múnus de que estava suspenso ou privado por decisão judicial. Exemplo: DECISÃO JUDICIAL Não se pode aplicar o art. 359 CP ao condenado que violou pena alternativa de interdição de direitos – art. 47 CP, para esse caso há possibilidade da conversão, isto é, transforma a pena alternativa em privativa da liberdade. No caso de suspensão ou proibição de dirigir veículo automotor não constitui o crime do art. 359 CP, pois o CTB tem um tipo penal que incrimina tal conduta – art. 307 CTB. Objetividade jurídica: tutela a autoridade da justiça, quando despreza o mandamento judicial. Objeto material: é a função atividade, direito, autoridade ou múnus indevidamente exercido pelo agente. Núcleos do tipo: é o verbo “exercer” no sentido de desempenhar função, atividade, direito, autoridade ou múnus quando o agente estava suspenso ou privado de exercê-los por decisão judicial. Decisão judicial de cunho civil, embasada na lei de improbidade administrativa, determina o afastamento de FP em razão de atos. Se a decisão for de cunho penal, volta-se para os efeitos da condenação – art.92 I a III CP, e exige que a sentença já tenha transitado em julgado. Se a decisão for de cunho civil, provisória ou no exercício do poder de cautela, não há necessidade do trânsito em julgado. No caso de medidas restritivas previstas na Lei Maria da Penha e impostas pelo juiz competente, em caso de descumprimento de tal decisão, constitui o crime de desobediência – art. 330 CP e não o crime do art. 359 CP, pois a situação de marido e mulher ou companheiro, não constitui função, atividade, direito, autoridade ou múnus. Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL IV – RESUMO DE AULA Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO _______________________________________________ Sujeito ativo: só pode ser cometido por pessoa que descumpriu decisão judicial suspensa ou privada relativa ao exercicio de função, atividade, direito, autoridade ou múnus. Sujeito passivo: é sempre o estado. Elemento subjetivo: é o dolo, não se admitindo a forma culposa. Consumação: sendo um crime , consuma-se no momento em que o agente exerce a função, atividade, direito, autoridade ou múnus, estando suspenso ou privado de praticá-lo por decisão judicial. Tentativa: é admissível em razão de ser um crime plurissubsistente, que permite o fracionamento do iter criminis.
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