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Capítulo 1 Capítulo 1 – Introdução: Grandezas Físicas, Representação Vetorial e Sistemas de Unidades 1.1 - Introdução A Física é uma das ciências mais fundamentais, a qual tenta compreender os fenômenos básicos de todo o Universo. Sendo assim, ela é usada por cientistas de diversas áreas, como a Química e as Engenharias. A Física está alicerçada em experimentos, sendo, portanto, uma ciência experimental e que necessita de medidas. Deste modo, medir grandezas é essencial em Física. Grandezas essas que são as mais variadas possíveis, como o comprimento, a massa, o tempo, a pressão, a velocidade, a corrente elétrica, a temperatura,entre tantas outras. Qualquer número utilizado para representar quantitativamente um determinado fenômeno físico é considerado uma grandeza física. Para medirmos uma grandeza física precisamos compará-la com um padrão e também estabelecer unidades para esta comparação. A comparação com o padrão é sempre necessária e tal padrão define o que chamamos de unidade da grandeza medida. Como exemplo temos o metro como unidade de distância e o o quilograma é a unidade de massa. O padrão deve corresponder exatamente a 1 (uma) unidade da grandeza. Existem diversas maneiras de se definir uma unidade de medida e o seu padrão, mas o importante é ter em mente que deverá haver uma concordância com os cientistas de diversas partes do planeta. Discutiremos mais sobre isso na seção seguinte. Devido ao fato de existirem muitas grandezas físicas, fica extremamente difícil a organização de todas elas, mas como nem todas são independentes, definimos algumas grandezas como sendo grandezas fundamentais, e seus padrões como sendo padrões fundamentais. Como exemplo temos a grandeza velocidade, que você irá estudar nos capítulos seguintes. A grandeza velocidade não é uma grandeza fundamental, pois ela é definida em termos de duas grandezas fundamentais, que são o comprimento e o tempo (e os seus padrões fundamentais), as quais estudaremos neste capítulo. Extremo cuidado deve ser tomado na definição dos padrões fundamentais, pois os mesmos devem ser devidamente acessíveis e, acima de tudo, invariáveis. Essas exigências são importantíssimas na ciência, onde o fator precisão é fundamental. 1.2 – O Sistema Internacional de Unidades O sistema métrico foi estabelecido no ano de 1791 através da Academia de Ciências de França. Porém de lá para cá muita coisa mudou, e os padrões passaram a ser definidos de novas maneiras, todas elas visando a precisão e a invariabilidade. Em 1971, na 14º Conferência Geral sobre Pesos e Medidas, foram estabelecidas as bases do atual Sistema Internacional de Unidades, abreviado por SI (do francês Système International). A tabela 1.1 apresenta as unidades de medida para três grandezas fundamentais, de um total de sete, as quais serão muito utilizadas nos capítulos seguintes. Diversas unidades físicas são derivadas das unidades fundamentais, como no caso da velocidade, descrita na seção anterior. Capítulo 1 Grandeza fundamental Unidade de medida Símbolo da unidade Comprimento metro m Massa quilograma kg Tempo segundo s Tabela 1.1 – Algumas grandezas fundamentais do SI e suas respectivas unidades. Em muitas situações as grandezas físicas resultam em números extremamente grandes, ou então extremamente pequenos. Nestes casos convém utilizar a notação científica, a qual usa potências de 10 em sua representação, como nos exemplos abaixo: 1.240.000.000 m = 1,24.109 m 0,000127 kg = 1,27.10-4 kg Muitas vezes é comum o emprego de prefixos quando trabalhamos com medidas grandes ou pequenas demais. A tabela 1.2 apresenta os principais prefixos utilizados. Fator de conversão Prefixo Símbolo do prefixo 1024 yotta Y 1021 zetta Z 1018 exa E 1015 peta P 1012 tera T 109 giga G 106 mega M 103 quilo k 102 hecto h 101 deca da 10-1 deci d 10-2 centi c 10-3 mili m 10-6 micro µµµµ 10-9 nano n 10-12 pico p 10-15 femto f 10-18 atto a 10-21 zepto z 10-24 yocto y Tabela 1.2 – Prefixos utilizados na representação de resultados numéricos. Cada prefixo representa uma potência de 10. Adicionar um prefixo ao lado de uma unidade do SI tem o mesmo efeito de multiplicar pelo respectivo fator associado a este prefixo, como representado na tabela 1.2 e expresso nos exemplos abaixo: Capítulo 1 2,6.103 gramas = 2,6 quilogramas = 2,6 kg 2,27.10-9 segundos = 2,27 nanosegundos = 2,27 ns 1.3 – Conversão de Unidades Em muitas situações é preciso converter uma determinada unidade para outra de uma mesma grandeza física. As unidades podem ser tratadas algebricamente, de modo que podem se cancelar umas com as outras. Para efetuarmos uma conversão de unidade necessitamos de um fator de conversão, que na realidade é um fator igual a 1 (um) e cujo numerador e denominador possuem unidades diferentes, mas que no final fornece a unidade desejada. Como exemplo, vamos fazer a conversão de 5 minutos para segundos. Neste caso temos s s 300 min1 60 min)5()1min)(5(min5 = == Deste modo fica fácil fazer qualquer conversão desejada. As unidades não desejadas sempre se cancelarão, restando apenas a unidade desejada. Exemplo resolvido 1.1 Um automóvel desenvolveu de Florianópolis a Porto Alegre uma velocidade média de 95 km/h. Determine em metros por segundo o valor desta velocidade média. Resolução: Fazendo a conversão de modo similar ao esquema empregado acima, encontramos sm km h s m h kmhkmhkm /39,26 3600 100095)1)(/95(/95 = == . Note que o termo equivale a 1, e que os termos km e h se cancelam, restando apenas as unidades desejadas, ou seja, metro por segundo (m/s). Assim sendo, uma velocidade de 95 km/h equivale a 26,39 m/s. Exemplo resolvido 1.2 Um determinado intervalo de tempo de vida de uma partícula subatômica numa reação nuclear é de aproximadamente 0,23.10-10s. Expresse esse intervalo de tempo em nanosegundos. Resolução: Consultando a tabela 1.2, vemos que 1 nanosegundo (1 ns) equivale a 10-9s. Logo, km h s m 3600 1000 Capítulo 1 nsnsnsss 219110 10.3,2023,010.23,010.10.23,010.23,0 −−−−− ==== Portanto, o referido intervalo de tempo corresponde a 2,3.10-2ns. 1.4 – Padrões de Comprimento, Massa e Tempo Veremos agora como são definidos os padrões de três grandezas fundamentais do SI. COMPRIMENTO A base do sistema métrico estabelecido em 1791 era o metro, definido na época como sendo um décimo de milionésimo da distância do pólo norte ao equador. De lá para cá muitas alterações foram ocorrendo na definição do metro padrão. Em outubro de 1983 o metro foi redefinido como sendo a distância atravessada pela luz no vácuo durante o tempo de 1/299792458 de segundo. Esta definição decorre do estabelecimento da velocidade luz no vácuo como sendo justamente 299.792.458 metros por segundo. Portanto, o metro foi definido de modo a estar de acordo com a velocidade da luz no vácuo. A tabela 1.3 apresenta exemplos de alguns comprimentos característicos aproximados. Medida Comprimento (metros) Distância da Terra até a galáxia mais próxima (Andrômeda) 2.1022 Distância até Plutão 6.1012 Raio médio da Terra 6,4.106 Altitude do Monte Everest 9.103 Comprimento de um mosquito 5.10-3 Diâmetro do átomo de hidrogênio 1.10-10 Raiodo próton 1.10-15 Tabela 1.3 – Alguns comprimentos característicos aproximados. MASSA A unidade de massa no SI é o quilograma, definido como sendo a massa de um cilindro feito de uma liga de platina-irídio específica. Este cilindro é mantido no Bureau Internacional de Pesos e Medidas em Sèvres, próximo a Paris, na França. Muitas cópias precisas deste cilindro foram feitas e distribuídas para laboratórios de padronização em vários países, para servirem de aferição de outras massas. A tabela 1.4 apresenta alguns exemplos aproximados de massas conhecidas. Objeto Massa (quilogramas) Universo conhecido 1.1053 Sol 2.1030 Terra 6.1024 Ser humano 7.101 Próton 2.10-27 Capítulo 1 Elétron 9.10-31 Tabela 1.4 – Exemplos aproximados de massas conhecidas. TEMPO Do ano de 1889 até o ano de 1967 o padrão de tempo era definido em termos de uma determinada fração do dia solar médio. Um dia solar é definido como sendo o intervalo entre duas aparições sucessivas do Sol no ponto mais alto que ele alcança no céu. Porém, no ano de 1967 a unidade básica de tempo sofreu uma redefinição com o auxílio de modernos e precisos relógios atômicos. Estes relógios utilizam a freqüência característica exibida pelo átomo de césio-133. Sendo assim, o segundo é definido atualmente como 9.192.631.770 vezes o período de oscilação da radiação do átomo de césio-133. A tabela 1.5 apresenta alguns exemplos aproximados de intervalos de tempo característicos. Medida Intervalo de tempo (segundos) Idade do Universo 5.1017 Idade da Terra 1,3.1017 Expectativa média de vida do ser humano 2.109 Um ano 3,2.107 Tempo entre batidas do coração humano 8.10-1 Duração de uma colisão nuclear 1.10-22 Tabela 1.5 – Exemplos aproximados de intervalos de tempo característicos. 1.5 – Vetores e Escalares As grandezas físicas que estudaremos podem ser classificadas como escalares ou vetoriais. Uma grandeza escalar é uma grandeza que é completamente especificada por um número positivo ou negativo, seguido da sua unidade apropriada. Por outro lado, uma grandeza vetorial deve ser representada por um vetor, o qual possui um módulo, uma direção e um sentido. Grandezas vetoriais são, portanto, aquelas que possuem um módulo, uma direção e um sentido. O módulo especifica a quantidade ou tamanho, enquanto que a direção e o sentido indicam a orientação espacial do referido vetor. Como exemplos de grandezas vetoriais podemos citar o deslocamento, a velocidade, a aceleração e a força. Muitas grandezas físicas não necessitam de uma representação vetorial. Como exemplo de tais grandezas escalares podemos citar o tempo, a massa, a temperatura, a pressão, entre outras. Tais grandezas ficam completamente especificadas somente por um número (positivo ou negativo) seguido de uma unidade de medida. Imagine que você faça um vôo de Porto Alegre para Recife. Para efetuar o referido vôo, o avião deve se deslocar do sul para o norte, ou seja, a velocidade de deslocamentio do avião deve ser especificada não somente pelo valor numérico (módulo), mas também por uma direção e sentido. Ou seja, para especificarmos completamente a velocidade da aeronave, precisamos fornecer o módulo a direção e o sentido do vôo, caso contrário, como saber para onde você estará indo a partir de Porto Alegre fornecendo apenas um número (módulo)? Neste capítulo estudaremos as propriedades e as regras básicas de operações entre vetores, as Capítulo 1 quais serão muito úteis nos estudos posteriores. Começaremos nosso estudo de vetores com uma grandeza vetorial bastante simples, que é o deslocamento. O deslocamento, ou mudança de posição, é uma grandeza vetorial, sendo então representada por um vetor. O vetor que representa o deslocamento é chamado de vetor deslocamento. Imagine uma partícula que sofra um deslocamento de A até B, como descrito na figura 1.1(a). Sendo assim, representaremos seu deslocamento por uma seta que aponta de A para B. Figura 1.1 – (a) Partícula deslocando-se de A para B. (b) Um determinado vetor pode ser transladado sem que seu valor seja alterado. (c) O vetor deslocamento nada informa sobre a trajetória que a partícula seguiu para ir de A até B, como as duas possíveis trajetórias marcadas por I e II. A seta representada na figura 1.1(a) é uma representação gráfica do vetor deslocamento. Um determinado vetor pode ser transladado sem que seu valor seja alterado, desde que o seu módulo, sua direção e seu sentido permaneçam os mesmos, como ilustra a figura 1.1(b). O vetor deslocamento nada informa sobre a trajetória que a partícula seguiu para ir de A até B. Na figura 1.1(c) vemos duas possíveis trajetórias de A até B, marcadas por I e II, as quais são totalmente diferentes. Porém, em ambos os casos, o vetor deslocamento é o mesmo para ambas as trajetórias. Podemos dizer então, que o vetor deslocamento não representa o movimento propriamente dito, mas sim o resultado deste movimento. 1.6 – Soma Geométrica de Vetores As propriedades vetoriais que veremos a seguir valem para quaisquer vetores, independentemente da grandeza física que eles representem. Imagine que uma partícula se mova de A para B e depois de B para C, como ilustra a figura 1.2(a). Assim sendo, vamos representar estes dois deslocamentos por dois vetores deslocamento sucessivos AB e BC. Note na figura 1.2(a) que o deslocamento não descreve a trajetória real executada pela partícula. O deslocamento resultante é um único vetor que vai de A até C. Note também na figura 1.2(a) que o vetor resultante, que pode ser pensado como a soma dos dois deslocamentos parciais (de A para B e depois de B para C) não é uma simples soma algébrica usual. Capítulo 1 Figura 1.2 – (a) Partícula se movendo de A para B e depois de B para C, cujos deslocamentos estão representados por dois vetores deslocamento sucessivos AB e BC. Note que o deslocamento não descreve a trajetória real executada pela partícula e que o vetor resultante não é uma simples soma algébrica usual entre os vetores envolvidos. (b) Notação vetorial para os vetores deslocamento AB e BC e para o vetor resultante. A figura 1.2(b) apresenta uma mudança na representação dos vetores, a qual será utilizada não somente no restante deste capítulo, mas também nos estudos que se seguirão em Física, por ser uma representação mais usual de grandezas vetoriais. Utilizaremos daqui para a frente uma seta sobre um caracter para representar uma grandeza vetorial como em S r . Por outro lado, se quisermos representar somente o módulo do vetor S r , utilizaremos o caracter sem a seta em cima, como em S. Convém esclarecer que alguns autores preferem representar um vetor por um caracter em negrito, ao invés de uma seta sobre o referido caracter. A equação vetorial que representa a relação entre os três vetores da figura 1.2(b) pode ser escrita como BAS rrr += . (1.1) A eq. (1.1) nos diz que o vetor S r é a soma dos vetores A r e B r . Porém, devemos tomar cuidado com o símbolo “+” de soma, na eq. (1.1), pois ele tem significado diferente daquele usado em álgebra usual, já que ele envolve grandezas que possuem módulo, direção e sentido. A figura 1.2(b) nos sugere um procedimento de soma geométrica entre vetores. Este procedimento consta de você colocar o vetor A r no papel com o seu ângulo verdadeiro e a seguir colocar no papel o vetor B r com o seu respectivo ângulo, ambos na mesma escala, porém de modo que a cauda do vetor B r fique na ponta do vetor A r . Consequentemente, o vetor soma S r será o vetor que liga a cauda do vetor A r até a ponta do vetor B r. Uma soma de vetores é comutativa, ou seja, a ordem é irrelevante, de modo que ABBA rrrr +=+ . (1.2) A figura 1.3 ilustra a propriedade comutativa da soma vetorial. Capítulo 1 Figura 1.3 – Ilustração da propriedade comutativa da soma vetorial, como descrito pela eq. (1.2). Outro aspecto importante diz respeito à propriedade associativa da soma de vetores, ou seja, quando existem mais do que dois vetores envolvidos na soma, podemos agrupá-los em qualquer ordem ao somá-los. Podemos representar a propriedade associativa na forma )()( CBACBA rrrrrr ++=++ , (1.3) a qual está representada pela figura 1.4. Figura 1.4 – Ilustração da propriedade associativa da soma vetorial, como descrito pela eq. (1.3). Somar um vetor - A r tem o mesmo efeito de subtrairmos A r . Ou seja, um vetor - Ar tem o mesmo módulo, mesma direção, porém sentido contrário ao vetor A r , como ilustra a figura 1.5. Podemos então dizer que 0)( =−+ AA rr . (1.4) Figura 1.5 – Os vetores A r e - A r possuem o mesmo módulo e a mesma direção, porém os sentidos são contrários. Deste modo, podemos definir a diferença D r entre dois vetores quaisquer A r e B r como sendo Capítulo 1 )( ABABD rrrrr −+=−= , (1.5) ou seja, fazemos a diferença entre os vetores somando o vetor - Ar ao vetor Br . Da mesma forma que fazemos na álgebra usual, podemos também reescrever a eq. (1.5) na forma BAD rrr =+ ou ADB rrr += . Note que, embora no começo desta seção tenhamos dito que as propriedades vetoriais estudadas valem para quaisquer vetores, independentemente da grandeza física que eles representem, fisicamente não faz nenhum sentido você somar vetores que representem grandezas físicas diferentes. Isto seria o mesmo que, por exemplo, você querer somar uma velocidade de 80km/h com um deslocamento de 10km, o que não faz nenhum sentido! Exemplo resolvido 1.3 Um viajante percorreu uma distância de 2 km do norte para o sul, e a seguir mais 6 km de oeste para leste como indica a figura 1.6. (a) Determine a distância do seu ponto de partida até o ponto final de chegada e calcule o ângulo α entre o deslocamento inicial e o deslocamento resultante. (b) Determine o módulo, a direção e o sentido do deslocamento resultante, descrito pelo vetor Rr na figura 1.6. Figura 1.6 – Trajetória descrita pelo viajante e o vetor do deslocamentio resultante, denotado por R r . Resolução: (a) A distância do ponto de largada até o ponto de chegada pode ser obtida utilizando-se o triângulo retângulo descrito na figura 1.6, onde a hipotenusa é a referida distância a ser obtida. Logo, kmkmkm 32,6)6()2( 22 =+ . O ângulo α pode ser calculado pela função tangente, e deste modo encontramos que km km 2 6 tan =α , logo, α = 71,57º. (b) O módulo do vetor deslocamento resultante já foi calculado no item (a), ou seja, 6,32 km. A direção e o sentido do vetor deslocamento R r é de 71,57º do sul para o leste. Você também pode expressar a direção e o sentido utilizando outra referência de direção, ou seja, como 90º – 71,57º = 18,43º, a direção e o sentido também podem ser expressos como sendo de 18,43º do Capítulo 1 leste para o sul. Ambas as respostas estão corretas. 1.7 – Componentes de um Vetor e Vetores Unitários O método geométrico da soma de vetores que estudamos na seção 1.6 nem sempre é o procedimento mais adequado e também o mais prático, principalmente em situações que envolvam muita precisão e também as três dimensões do espaço. Estudaremos agora uma técnica bem mais sofisticada, a qual envolve álgebra e um sistema cartesiano de coordenadas. Trabalharemos com um sistema de coordenadas retangulares de modo que os eixos x e y sejam traçados no plano da página e que o eixo z aponte para fora do plano da página, numa direção perpendicular a este plano. Ambos os eixos têm uma origem comum, porém, vamos nos deter somente a uma representação bidimensional, de modo que o eixo z será ignorado neste nosso estudo inicial. A técnica que estudaremos é conhecida como o método das componentes. A componente de um vetor nada mais é do que a projeção deste vetor sobre um dos eixos do sistema de coordenadas. A figura 1.7(a) apresenta as componentes Fx e Fy de um vetor F r qualquer. Fx é a componente na direção x enquanto que Fy é a componente na direção y. A projeção de um determinado vetor ao longo de um eixo pode ser obtida traçando-se linhas perpendiculares que partem das extremidades do vetor (a ponta e a cauda) até o eixo considerado para fazer a projeção, como ilustra a figura 1.7(a). Figura 1.7 – (a) Decomposição de um vetor em suas componentes ortogonais. (b) As componentes de um vetor formam os catetos de um triângulo retângulo onde o próprio vetor é a hipotenusa deste triângulo. A projeção de um vetor no eixo x origina a sua componente x, enquanto que a projeção de um vetor no eixo y origina a sua componente y. Este procedimento de determinar as componentes de um vetor é chamado de decomposição do vetor em componentes. Se o vetor F r fosse invertido na figura 1.7(a), as suas componentes também o seriam. Caso o vetor Fr fosse transladado, de modo que não fosse alterado a sua direção e sentido, as suas componentes não sofreriam nenhuma alteração. Geralmente um vetor possui três componentes, porém, no nosso caso estamos desconsiderando, por questão de simplicidade, o eixo z, de modo que a componente Fz seja nula na figura 1.7(a). A figura 1.7(b) mostra que as componentes de um vetor formam os catetos de um triângulo retângulo, onde o próprio vetor é a hipotenusa deste triângulo. Assim sendo, podemos obter Capítulo 1 geometricamente as componentes do vetor F r a partir do triângulo retângulo, de modo que θcosFFx = (1.6a) e θsenFFy = , (1.6b) onde θ é o ângulo formado pelo vetor F r com o sentido positivo do eixo x, e F é o módulo do vetor F r . Podemos também proceder o caminho inverso, e “reconstruir” o vetor F r apartir de suas componentes. Para isso basta colocarmos as componentes da ponta até a cauda, e então completamos o triângulo retângulo com a hipotenusa, que é o vetor que desejamos obter. Se conhecemos as componentes x e y de um determinado vetor F r , podemos expressá-lo em termos da notação módulo-ângulo (F e θ) usando as equações 22 yx FFF += (1.7) e x y F F =θtan . (1.8) Se a situação envolver as três dimensões precisaremos de dois ângulos e das três componentes Fx, Fy e Fz para expressarmos o vetor na notação módulo-ângulo. Exemplo resolvido 1.4 Um helicóptero parte de um heliporto na direção nordeste, como indicado na figura 1.8. O helicóptero percorre uma distância de 400 km nesta direção, num ângulo de 31º com a direção norte, como indicado na figura 1.8. Determine em quais distâncias ao norte e a leste o referido helicóptero se encontra quando estiver percorrido os 400 km. Figura 1.8 – Ilustração da trajetória de vôo do helicóptero descrito no problema resolvido 1.4. O ponto H se refere ao ponto no qual o helicóptero se encontra após ter percorrido 400km em direção nordeste. Capítulo 1 Resolução: O problema fornece o módulo do vetor deslocamento (400 km), e também a direção e o sentido do mesmo através do ângulo de 31º. Para acharmos as distâncias ao norte e a leste nas quais o referido helicóptero seencontra quando estiver percorrido os 400 km, quando ele se encontra no ponto H, basta calcular as componentes deste vetor nas direções x e y, as quais chamaremos de Hx e Hy, respectivamente para leste e norte, como indica a figura 1.8. Basta prestar atenção no ângulo dado para a escolha das funções seno e cosseno adequadas ao cálculo de Hx e Hy. Assim, temos kmsenkmH km H x x 02,206º31.400 400 º31sen ==→= e kmkmH km H y y 87,342º31cos.400 400 º31cos ==→= . Assim, o helicóptero se encontra a 206,02 km ao leste e a 342,87 km para o norte do heliporto, após percorrer 400 km para nordeste. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Note que neste problema você utilizou as mesmas relações expressas nas eqs. (1.6a) e (1.6b), porém, com a função seno para o cálculo na direção x e a função cosseno para a direção y. Se você tivesse escolhido o ângulo de 90º – 31º = 59º com a direção x, na figura 1.8, você utilizaria este ângulo e também a função seno para a componente y e a função cosseno para a direção x. Logo, a escolha da função seno ou cosseno para o cálculo da componene de um vetor na direção x, por exemplo, depende de que ângulo estamos utilizando. O que sempre prevalece são as definições de seno e cosseno, ou seja, seno envolve cateto oposto e hipotenusa, enquanto que a função cosseno envolve o cateto adjacente e hipotenusa. Exemplo resolvido 1.5 (a) Determine as componentes do vetor Pr na figura 1.9(a), sendo o seu módulo igual a 2,00 m e com β = 47º. (b) Determine as componentes do vetor Tr na figura 1.9(b), sendo o seu módulo igual a 3,50 m e com γ = 40º. Figura 1.9 – Vetores (a) P r e (b) T r conforme descritos, respectivamente, nos itens (a) e (b) do problema resolvido 1.5. Capítulo 1 Resolução: (a) Procedendo a decomposição de componentes do vetor, tal como ilustrado na figura 1.7(a), e utilizando as eqs. (1.6a) e (1.6b), temos as componentes do vetor Pr , as quais resultam em mmP m P x x 36,1º47cos.00,2 00,2 ºcos47 cos ==→==β e msenmP m P y y 46,1º47.00,2 00,2 ºsen47 sen ==→==β . (b) Na figura 1.9(b) vemos que o eixo x não está na horizontal, assim como o eixo y também não está na vertical. Porém os mesmos são ortogonais, de modo que podemos usar as relações seno e cosseno sem nenhum problema. Note que, se quisermos utilizar o ângulo γ dado no problema, devemos empregar a função cos γ para a componente y do vetor T r e a função sen γ para a componente x do vetor T r . Assim as componentes do vetor T r valem msenmT m T x x 25,2º40.50,3 50,3 ºsen40 sen ==→==γ e mmT m T y y 68,2º40cos.50,3 50,3 ºcos40 cos ==→==γ . Em diversas situações muitas grandezas vetoriais são expressas em termos dos vetores unitários. Um vetor unitário é um vetor que não possui dimensão, não possui unidade e tem módulo exatamente igual a 1, sendo usado para especificar uma direção particular. Um vetor unitário torna- se bastante prático para descrever uma determinada direção e sentido no espaço. Utilizaremos os vetores unitários para apontar o sentido positivo dos eixos x, y e z, os quais são respectivamente chamados de iˆ , jˆ e kˆ . Note que para um vetor unitário utilizamos o “chapéu” acima dos caracteres i, j e k e não uma seta, como na notação dos demais vetores. Os vetores unitários iˆ , jˆ e kˆ são vetores mutuamente perpendiculares, como mostra a figura 1.10. O sistema mostrado na figura 1.10 é também chamado de sistema de coordenadas dextrogiro, com os vetores unitários iˆ , jˆ e kˆ definindo as direções e os sentidos. Capítulo 1 Figura 1.10 – Representação dos vetores unitários iˆ , jˆ e kˆ , com as respectivas direções e sentidos. Podemos utilizar os vetores unitários para representar outros vetores, como o vetor F r da figura 1.7. Neste caso, em termos dos vetores unitários, expressamos o vetor F r como jFiFF yx ˆˆ += r . (1.9) Neste caso as grandezas iFx ˆ e jFy ˆ são vetores e são chamadas de componentes vetoriais de F r . As grandezas Fx e Fy são chamadas de componentes escalares de F r . 1.8 – Soma de Vetores Componente a Componente Além da soma geométrica de vetores, que você estudou na seção 1.6, é possível somar vetores componente a componente, ou seja, através da soma dos componentes eixo a eixo. Imaginemos a seguinte equação para uma soma vetorial: BAS rrr += , (1.10) a qual nos diz que o vetor S r é igual a BA rr + . Deste modo podemos dizer que cada uma das componentes de S r deverá ser igual as componentes de BA rr + , ou seja, xxx BAS += , (1.11) yyy BAS += e (1.12) zzz BAS += . (1.13) Assim sendo, para somarmos vetores devemos decompor os mesmos em suas componentes escalares, combiná-las de acordo com o eixo (x, y ou z), combinar as respectivas componentets obtidas e recompor o vetor resultante, que no caso acima é o vetor S r . Para a subtração de vetores vale a mesma lógica empregada acima, o que se justifica pelo fato de uma subtração poder ser escrita como uma soma, como mostramos através da eq. (1.5) na seção 1.6. Após a recomposição do vetor S r , o mesmo pode ser escrito em termos dos vetores unitários como kSjSiSS zyx ˆˆˆ ++= r . (1.14) Exemplo resolvido 1.6 Capítulo 1 A figura 1.11 mostra três vetores, A r , B r e C r , com os valores das respectivas componentes nos eixos x e y. Determine o vetor soma CBAS rrrr ++= e represente-o graficamente. Figura 1.11 – Representação dos vetores A r , B r e C r , com os valores das suas componentes nos eixos x e y. Resolução: Observando a figura 1.11, podemos extrair as componentes de cada um dos três vetores em questão, ou seja, jmimA ˆ)2(ˆ)8,7( −= r , jmimB ˆ)1,3(ˆ)4,4( +=r e jmimC ˆ)6,4(ˆ)4,2( +−= r . Fazendo a soma componente a componente, encontramos mmmmCBAS xxxx 8,94,24,48,7 =−+=++= e mmmmCBAS yyyy 7,56,41,32 =++−=++= . Deste modo, o vetor soma CBAS rrrr ++= , em termos da notação de vetores unitários, é dado por jmimS ˆ)7,5(ˆ)8,9( += r . Podemos também representar o vetor S r através da notação módulo-ângulo discutida na seção 1.7, na qual expressamos o vetor em termos do seu módulo e de sua direção e sentido por intermédio de um ângulo conhecido. Assim sendo, o módulo do vetor S r pode ser calculado usando o raciocício empregado na discussão da figura 1.7 com o auxílio das eqs. (1.7) e (1.8). Temos então que mmmSSS yx 34,11)7,5()8,9( 2222 =+=+= e Capítulo 1 º18,30 8,9 7,5 arctantan = =→= m m S S x y θθ . Note que este ângulo é medido em relação ao eixo x, já que utilizamos um raciocínio de acordo com a eq. (1.8) e a figura 1.7. Procure se certificar disto! A representação gráfica é apresentada na figura 1.12. Figura 1.12 – Representação do vetor S r . Exemplo resolvido 1.7 Determine o módulo do deslocamento BA rr −3 dos seguintes vetores deslocamento: mkjiA )ˆ2ˆ2ˆ4( −+= r e mkjiB )ˆ3ˆ3ˆ1( −+=r . Resolução: Fazendo BAR rrr −= 3 , então temos que mkjimkjiR )ˆ3ˆ3ˆ1()ˆ2ˆ2ˆ4(3 −+−−+=r mkjiR ]ˆ)36(ˆ)36(ˆ)112[( +−+−+−=r mkjiR )ˆ3ˆ3ˆ11( −+=r .O módulo de R r , denotado por R, é dado pela eq. (1.7), porém com 3 componentes. Assim sendo, mmmmRRRR zyx 79,11)3()3()11( 222222 =−++=++= . 1.9 – Multiplicação de Vetores Capítulo 1 São três as possibilidade de multiplicação de vetores: − Multiplicação de um vetor por um escalar; − Multiplicação de um vetor por um outro vetor → produto escalar ou produto vetorial. MULTIPLICAÇÃO DE UM VETOR POR UM ESCALAR A multiplicação de um vetor F r por um escalar e resultará sempre num novo vetor. O módulo do vetor resultante será o produto do módulo do vetor F r , F, multiplicado pelo valor absoluto do escalar e. A direção do vetor resultante será a mesma do vetor F r , porém o seu sentido será o mesmo de F r se o escalar e for positivo, e contrário ao do vetor F r se o escalar e for negativo. MULTIPLICAÇÃO DE UM VETOR POR UM OUTRO VETOR A multiplicação de um vetor por um outro vetor pode se dar de duas maneiras, produzindo dois resultados distintos. Uma das maneiras irá produzir um escalar, que é o chamado produto escalar, enquanto que a outra maneira irá resultar em um outro vetor, que é o chamado produto vetorial. Estudaremos agora cada uma das duas maneiras. Produto escalar O produto escalar de dois vetores quaisquer A r e B r , tal como ilustrados na figura 1.13(a), pode ser escrito como BA rr ⋅ , resultando numa grandeza escalar. O produto escalar BA rr ⋅ pode ser definido como αcosABBA =⋅ rr , (1.15) onde A é o módulo do vetor A r , B é o módulo do vetor B r , e o ângulo α é o ângulo entre as direções A r e B r . Figura 1.13 – (a) Representação do produto escalar de dois vetores, de acordo com a eq. (1.15). (b) Ambos os vetores possuem componentes ao longo da direção positiva do outro vetor, ou seja, o vetor A r possui uma componente Acosα α α α na direção positiva do vetor B r , enquanto que o vetor B r possui uma componente Bcosα α α α na direção positiva do vetor A r . Capítulo 1 Note na figura 1.13(a) que existem dois ângulos entre os vetores A r e B r , ou seja, o ângulo α e o ângulo 360º - α. Como os seus cossenos são iguais, tanto faz a escolha de um ou outro ângulo para utilizar a eq. (1.15). Da eq. (1.15) vemos que existem apenas escalares no lado direito, ou seja, o produto escalar BA rr ⋅ de dois vetores resulta numa grandeza escalar. O valor desta grandeza escalar pode ser um número positivo, negativo ou nulo. Podemos também dizer que o produto escalar de dois vetores é dado pela multiplicação do módulo de um vetor pela componente do outro vetor na direção positiva do primeiro vetor, como ilustra a figura 1.13(b). Note na figura 1.13(b) que ambos os vetores possuem componentes ao longo da direção positiva do outro vetor, ou seja, o vetor Ar possui uma componente Acosα na direção positiva do vetor B r , enquanto que o vetor B r possui uma componente Bcosα na direção positiva do vetor A r . Da eq. (1.15) vemos que se o ângulo entre os dois vetores for 0º, o produto escalar entre eles será máximo, enquanto que se α = 90º o produto escalar de ambos será nulo. A lei comutativa também pode ser aplicada no caso de um produto escalar, ou seja, ABBA rrrr ⋅=⋅ . (1.16) Se a notação estiver expressa em termos dos vetores unitários, o produto escalar BA rr ⋅ de dois vetores resulta em )ˆˆˆ()ˆˆˆ( kBjBiBkAjAiABA zyxzyx ++⋅++=⋅ rr , o que facilmente pode ser mostrado (tente você fazer em casa como exercício) ser igual a zzyyxx BABABABA ++=⋅ rr . (1.17) Exemplo resolvido 1.8 A partir da figura 1.14, calcule o produto escalar FE rr ⋅ , sendo o módulos dos vetores E r e F r respectivamente iguais a 5 e 6. Figura 1.14 – Vetores E r e F r , com módulos respectivamente iguais a 5 e 6. Resolução: Capítulo 1 Analisando a figura 1.14, vemos que o ângulo entre os vetores E r e F r é igual a 120° - 62° = 58°. Aplicando a eq. (1.15), com α = 58°, encontramos .90,1558cos).6).(5(cos =°==⋅ αEFFE rr Neste exercício você também poderia encontrar o produto escalar entre E r e F r decompondo ambos os vetores e empregando a eq. (1.17), o que conduziria ao mesmo resultado encontrado acima. O exemplo resolvido 1.9 utiliza a eq. (1.17) num procedimento similar. Exemplo resolvido 1.9 Determine o ângulo entre os seguintes vetores: kjiA ˆ2ˆ4ˆ3 ++= r e kjiB ˆ2ˆ3ˆ3 −+−=r . Resolução: Como temos as componentes dos vetores, vamos calcular o produto escalar de ambos com a combinação das eqs. (1.15) e (1.17), ou seja zzyyxx BABABAABBA ++==⋅ αcos rr . Assim, nosso objetivo é encontrar o ângulo α na eq. acima. Logo, 1)2)(2()3)(4()3)(3( −=−++−=++ zzyyxx BABABA , 39,5)2()4()3( 222222 =++=++= zyx AAAA e 69,4)2()3()3( 222222 =−++−=++= zyx BBBB . Deste modo, o ângulo α entre os vetores resulta em 69,4.39,5 1 cos − = ++ = AB BABABA zzyyxxα , portanto, °= 27,92α . Capítulo 1 Produto vetorial O produto vetorial de dois vetores quaisquer A r e B r pode ser escrito como BA rr × , resultando numa grandeza vetorial, ao contrário do produto escalar estudado anteriormente. Logo, o produto vetorial BA rr × resulta num terceiro vetor C r , cujo módulo pode ser definido como αABsenC = , (1.18) onde α é o menor ângulo entre os dois vetores A r e B r . O produto vetorial também é chamado de produto cruz, devido à notação BA rr × . Assim sendo, o produto vetorial de dois vetores quaisquer A r e B r , o qual resulta num terceiro vetor C r , pode ser escrito como BAC rrr ×= . (1.19) Da eq. (1.18), vemos que se A r e B r foram vetores paralelos (α = 0º) ou antiparalelos (α = 180º), teremos BA r r × = 0. Da mesma equação vemos que o módulo BAC rr ×= será máximo quando os vetores A r e B r foram perpendiculares entre si, ou seja, quando α = 90º. O vetor C r , resultante do produto BA rr × , é um vetor perpendicular ao plano formado pelos vetores A r e B r , como ilustra a figura 1.15(a). Figura 1.15 – Procedimento prático para se determinar a direção e o sentido do vetor resultante no produto vetorial (a) BA rr × e (b) AB rr × . A figura 1.15(a) também ilustra um procedimento prático para se determinar a direção e o sentido do vetor resultante C r , que é conhecido como regra da mão direita. Note que é necessário tal procedimento uma vez que existem dois sentidos possíveis para uma direção ortogonal a um plano, no nosso caso aqui formado pelos vetores A r e B r . O procedimento do uso da regra da mão direita consiste em dispor os vetores A r e B r de modo a fazer com que coincidam as suas caudas, porém sem que mudem as suas orientações. A seguir faça com que o vetor A r sofra um giro (rotação) em torno de um eixo ortogonal ao plano formado pelos vetores A r e B r até que o vetor A r se sobreponha ao vetor B r , sendo que este giro deverá ser feito no menor ângulo possível entre os vetores A r e B r . Assim sendo, você deve simplesmente colocar a sua mão direita em torno deste eixo ortogonal, demodo tal que os seus dedos possam girar o vetor A r em direção ao vetor B r no menor ângulo possível, e o seu polegar direito esticado irá apontar na direção e no sentido do vetor Capítulo 1 resultante C r , como ilustra a figura 1.15(a). A ordem do produto vetorial é importante, de modo que ABBA rrrr ×≠× , (1.20) como ilustra a figura 1.15(b), na qual temos o produto vetorial ABD rrr ×= . Note nas figuras 1.15(a) e 1.15(b) que temos )( ABBA rrrr ×−=× , (1.21) de modo que DC rr −= , ou seja, o produto vetorial não é comutativo. Procure analisar com a regra da mão direita as figuras 1.15(a) e 1.15(b) para se familiarizar com esta regra. O produto vetorial, em termos da notação de vetores unitários, pode ser escrito como )ˆˆˆ()ˆˆˆ( kBjBiBkAjAiABA zyxzyx ++×++=× rr , (1.22) o qual poderá ser expandido com base na lei distributiva, ou seja, com cada componente do vetor Ar sendo multiplicada vetorialmente por cada uma das componentes do vetor B r . Como exemplo, em uma das partes da expansão do produto da eq. (1.22) temos que 0)ˆˆ(ˆˆ =×=× jjBAjBjA yyyy , já que 0ˆˆ =× jj , visto que ambos os vetores são paralelos, logo α = 0° na eq. (1.18). É possível facilmente mostrar que o produto vetorial descrito na eq. (1.22) irá resultar, após a expansão dos termos, em kABBAjABBAiABBABA yxyxxzxzzyzy ˆ)(ˆ)(ˆ)( −+−+−=× rr . (1.23) Como exercício, demonstre a eq. (1.23). O produto vetorial também pode ser representado utilizando-se um determinante. O produto vetorial também pode ser representado por um determinante. Assim sendo, o produto BA rr × pode ser expresso como zyx zyx BBB AAA kji BA ˆˆˆ =× rr . (1.24) Você poderá também calcular o produto vetorial da eq. (1.22) usando o determinante da eq. (1.24) e chegar no mesmo resultado dado pela eq. (1.23). Exemplo resolvido 1.10 Dados os seguintes vetores jiA ˆ3ˆ2 −= r e kiB ˆ2ˆ3 +−= r , Capítulo 1 determine o vetor BAR rrr ×= . Resolução: Montando a operação, teremos )ˆ2ˆ3()ˆ3ˆ2( kijiBAR +−×−=×= r rr . Como os vetores estão expressos na notação de vetores unitários, podemos neste caso utilizar a propriedade distributiva dada pela eq. (1.23). Neste caso, kjikjiR ˆ9ˆ4ˆ6ˆ)]3)(3(0[ˆ)]2)(2(0[ˆ]0)2)(3[( −−−=−−−+−+−−=r Logo, o vetor BAR rrr ×= é dado por kjiR ˆ9ˆ4ˆ6 −−−=r . Exemplo resolvido 1.11 Na figura 1.16 o vetor C r tem módulo igual a 8 unidades e está localizado no eixo x. O vetor D r tem módulo igual a 5 unidades e se localiza no plano xy, formando um ângulo de 25° com o eixo x, como ilustra a figura 1.16. Calcule o produto DC rr × . Figura 1.16 – Ilustração dos vetores C r e D r do exemplo resolvido 1.11 e o vetor E r resultante do produto DC rr × . Resolução: Podemos calcular o produto DC rr × de duas maneiras: utilizando a eq. (1.18) e a regra da mão direita para determinar a direção e o sentido do vetor resultante, ou então determinar o vetor resultante através do uso da eq. (1.23), como fizemos no exemplo resolvido 1.10. Utilizaremos a Capítulo 1 primeira maneira neste exercício, deixando claro que ambas conduzem ao mesmo resultado. Da eq. (1.18) temos que o módulo do produto DC rr × , denotado por E, é dado por βDsenCE .= , com β = 25°. Logo, 90,16255.8. =°== senDsenCE β . A direção de DCE rrr ×= é o eixo z, já que os vetores Cr e Dr se localizam nos eixos do plano xy. O sentido de E r é dado pela regra da mão direita, a qual resulta que o referido vetor aponta na direção positiva do eixo z, conforme indica a figura 1.16. Veja como esta regra é aplicada. Note também que o módulo do vetor E r na figura 1.16 é claramente maior que os demais vetores, o que está de acordo com o resultado encontrado no cálculo feito acima. 1.10 – Exercícios - Lista 1 1 – Um protótipo de veículo automotor com propulsão a jato desenvolveu uma velocidade de 1200km/h. Converta esse resultado para m/s. Resposta: 333,33m/s. 2 – Foi encontrado em uma mina de diamante uma enorme pedra com um volume de 20,4cm3. Expresse seu volume em m3. Resposta: 20,4.10-6m3. 3 – Algumas pessoas têm o costume de expressar a altura de animais de criação em “mãos”. Por que este procedimento não deve ser utilizado? 4 – Converta as seguintes grandezas, de acordo com o indicado: a) 6.10-4m (em mm); b) 8.10-5s (em µs); c) 97.102g (em kg). Resposta: (a) 0,6mm, (b) 80µs e (c) 9,7kg. 5 – Uma lata de refrigerante expressa no seu rótulo um volume de 0,350 litros.. Converta este valor para centímetros cúbicos, sabendo que 1 litro = 1000cm3. Resposta: 350cm3. 6 – A massa específica do ouro é de 19,3g/cm3. Converta este valor para kg/m3. Resposta: 19,3.103kg/m3. 7 – O jato Concorde, atualmente fora de operação, ainda é o avião comercial mais rápido até hoje fabricado, podendo viajar a 1400mi/h. Sabendo que 1 milha = 1609,34m, converta este valor de velocidade para (a) m/s e (b) km/h. Resposta: (a) 625,86m/s e (b) 2253,08km/h. 8 – Determine a soma dos dois vetores A r e B r , ambos pertencentes ao plano xy e que possuem as Capítulo 1 seguintes componentes: jiA ˆ4ˆ3 += r e jiB ˆ3ˆ6 −=r . Resposta: ji ˆ1ˆ9 + . 9 – Um objeto em movimento sofre 3 deslocamentos consecutivamente, dados por: mkjiD )ˆ2ˆ3ˆ2(1 −+= r , mkjiD )ˆ3ˆ5,1ˆ8,1(2 +−= r e mkjiD )ˆ5,2ˆ1ˆ5,1(3 +−−= r . Ache (a) as componentes do deslocamento total e (b) o seu respectivo módulo. Resposta: (a) miˆ3,2 , mjˆ5,0 , mkˆ5,3 e (b) 4,22m. 10 – Um escoteiro faz uma caminhada numa floresta com o auxílio de uma bússola em duas etapas, denominadas A e B. Inicialmente (etapa A) ele caminha 17km exatamente entre a direção sul e leste, depois descansa e a seguir retoma a caminhada (etapa B) fazendo 32km para o norte numa direção que faz 50° com o leste. (a) Determine as componentes de cada um dos dois deslocamentos realizados, imaginando que o seu sistema de coordenadas esteja com o eixo y na direção sul para norte e o eixo x na direção oeste para leste. Resposta: Ax = 12,02km, Ay = -12,02km, Bx = 20,57km e By = 24,51km (b) Obtenha as componentes do deslocamento total realizado pelo escoteiro. Resposta: kmiˆ59,32 e kmjˆ49,12 . 11 – Uma pessoa patinando numa pista de gelo realiza uma trajetória circular que possui um raio de 3m. Determine (a) o módulo do deslocamento quando a pessoa percorre metade do circulo, (b) a respectiva distância percorrida neste caso e (c) o módulo do deslocamento supondo uma volta completa na referida trajetória circular. Resposta: (a) 6m, (b) 9,42m e (c) 0. 12 – Um determinado vetor possui uma componente x igual a -12 unidades e uma componente y com 37 unidades. Determine o módulo e a direção deste vetor. Resposta: 38,9 unidades e 107,97° medidos a partir do sentido positivo do eixo x. 13 – Uma pessoa realiza uma caminhada seguindo as trajetórias descritas na figura 1.17. Determine o vetor deslocamento total realizado por esta pessoa. O sistema de eixos coordenados xy na figura 1.17 serve de referência. Resposta: mji )ˆ170ˆ74,24( − ou módulo de 171,79m e ângulo de 278,28° a partir do sentido positivo do eixo x. Capítulo 1 Figura 1.17 – Ilustração das trajetórias referentes ao problema 13. O sistema de eixos coordenados xy serve apenas de referência.14 – Um vetor D r possui componentes nas direções x e y respectivamente iguais a -6,92cm e 12,78cm. Um outro vetor E r tem componentes nas direções x e y respectivamente iguais a 11,1cm e -7,5cm. Sendo 042 =+− FED rrr , calcule o vetor F r . Resposta: cmji )ˆ95,6ˆ28,7( − . 15 – A figura 1.18 ilustra três vetores deslocamento, onde os módulos dos vetores D r , E r e F r valem respectivamente 17cm, 36cm e 27cm. Determine (a) o vetor deslocamento resultante em termos dos vetores unitários, (b) o módulo e (c) a direção deste vetor. Resposta: (a) cmji )ˆ39,24ˆ52,45( + , (b) 51,64cm e (c) 28,18° com o eixo x. Figura 1.18 – Ilustração dos três vetores deslocamento descritos no problema 15. 16 – Determine o módulo, a direção e o sentido dos seguintes vetores representados pelas suas componentes: (a) Cx = 4,32cm e Cy = -3,45cm (b) Dx = -5,25cm e Dy = 2,27cm Resposta: (a) 5,53cm e 321,39° e (b) 5,72cm e 156,62°. 17 – Escreva em termos da notação de vetores unitários o vetor indicado na figura 1.19, cujo módulo vale 2,7cm. Resposta: cmjiA )ˆ45,2ˆ14,1( += r . Capítulo 1 Figura 1.19 – Ilustração do vetor descrito no problema 17, com o seu respectivo ângulo em relação ao eixo x. 18 – Para os vetores A r e B r indicados na figura 1.20, cujos módulos valem, respectivamente, 30cm e 48cm, determine o produto escalar BA rr ⋅ . Resposta: -150,52cm2. Figura 1.20 – Vetores A r e B r descritos no problema 18, com seus respectivos ângulos. 19 – Dados os vetores A r e B r representados na figura 1.21, cujos módulos valem, respectivamente, 20cm e 30cm, determine o módulo, a direção e o sentido do produto vetorial (a) BA r r × e (b) AB rr × . Resposta: (a) 424,26cm2 e direção e sentido para dentro da página (-z) e (b) 424,26cm2 e e direção e sentido para fora da página (+z). Figura 1.21 – Vetores A r e B r descritos no problema 19.
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