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Professora: Keilla Borges Faculdade: Anchieta/Anhanguera Aula VI – Direito Civil DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ERRO OU IGNORÂNCIA A vontade é a mola propulsora dos atos e dos negócios jurídicos. Ela deve ser manifestada de forma idônea para que o ato tenha vida normal na atividade jurídica e no universo negocial. Se essa vontade não corresponder ao desejo do agente, o negócio jurídico torna-se suscetível de nulidade ou anulação. Se a vontade é manifestada com vício ou defeito que a torna mal dirigida, ou mal externada, o negócio jurídico será anulável, ou seja, o negócio jurídico só terá vida jurídica até que algum prejudicado requeira sua anulação. Separação dos defeitos do negócio jurídico estabelecida pelo CC de 1916: erro Vícios de Consentimento: dolo coação Vícios Sociais: simulação fraude contra credores Atual CC (2002): Erro ou Ignorância Dolo Negócios Jurídicos Anuláveis: Coação Estado de Perigo Lesão Fraude contra Credores + Art. 171 CC Negócio Jurídico Nulo: Simulação Negócio Jurídico Anulável: efeitos “ex nunc” Negócio Jurídico Nulo (de pleno direito): efeitos “ex tunc” Erro ou Ignorância: Erro é a compreensão psíquica errônea da realidade, ou seja, é a falsa interpretação de um fato. Ignorância é um total desconhecimento sobre algo, é um “nada” a respeito de um fato. O CC/2002 equiparou o erro à ignorância. Previsão Legal: Art. 138 CC Requisitos: a) ser escusável b) ser real c) referir-se ao próprio negócio d) ser relevante Erro Escusável: O erro tem de ser minimamente possível, ou seja, a falsa interpretação da realidade não pode ser absurda, pois um erro grosseiro, facilmente perceptível pelo homem comum não pode ser idôneo para autorizar a anulação do ato. (Silvio Rodrigues). Exemplo: pode ser anulável o erro de um leigo em um negócio, mas não o de um técnico na matéria. Erro Substancial e Erro Acidental A lei exige que o erro seja substancial ou essencial. O erro substancial ou essencial se contrapõe ao erro acidental. A lei entende como erro substancial aquele que interessa à natureza do negócio. É o erro verdadeiro, tangível, palpável, que tem papel decisivo na determinação da vontade. É o erro que dá causa ao negócio, ou seja, se o declarante da vontade conhecesse o estado atual das coisas, ele não teria realizado o negócio. Exemplos: Alguém que acredita estar adquirindo uma coisa, quando na verdade está locando-a; Alguém adquire cavalo, acreditando ser de tiro, quando na realidade ele é de competição; Alguém que faz doação a outrem, supondo que este lhe salvou a vida, o que não ocorreu. O erro acidental recai sobre motivos ou qualidades secundárias do objeto ou da pessoa. Exemplo: alguém adquire um automóvel de cor branca, quando o automóvel era de cor preta. Embora o erro acidental não seja suficiente a anulação do negócio jurídico, o exame do caso concreto pelo juiz é que vai determinar se se trata de erro acidental ou erro essencial. Erro consistente numa falsa causa Previsão legal: Art. 90 ou 140 do CC Representações psíquicas internas ou razões de ordem subjetiva que antecedem à realização do negócio não têm relevância jurídica para viciar o ato, a não ser que alguma delas tenha sido erigida em motivo determinante. Exemplo: pessoa que aluga imóvel para instalar restaurante, pressupondo que em frente será estabelecida indústria, ou escola, que dará movimento ao estabelecimento, quando na verdade, não há nem mesmo conjecturas para a fixação desses estabelecimentos. O negócio seria anulável se tal motivo fosse expresso no negócio. Erro de fato e de direito Embora o Código Civil atual nada estabeleça acerca do erro de direito e, embora a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro estabeleça em seu art. 3 que “ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”, tal normativa deve ser analisada com cautela. É certo que ela se refere ao erro grosseiro, não passível de anulação, porém, nos casos em que o erro de direito não ferir norma de ordem pública e servir para demonstrar descompasso entre a vontade real do declarante e a vontade manifestada, deve o erro ser considerado para o fim de anular o negócio jurídico. Exemplo: uma pessoa contrata a importação de determinada mercadoria sem saber que ela é proibida. A parte não pretendeu furta-se ao cumprimento da lei, tanto é que efetuou o contrato. É o caso típico em que a vontade foi externada viciada pelo erro. Aceitação da Manifestação da Vontade Errônea pelo Declaratário: Previsão Legal: Art. 144 do CC O atual CC busca aproveitar o ato e torna-lo hígido, sempre que possível. Exemplo: pessoa que comprou lote 5 da quadra B, acreditando ser o lote 5 da quadra A. Se o vendedor (declaratário) concordar em entregar o lote errado e o declarante não se importar com isso, não há que se falar em anulação do negócio jurídico. Erro e Vícios Redibitórios: Vícios redibitórios são defeitos ocultos de que é portadora a coisa objeto do contrato comutativo, vício este que torna a coisa imprópria ao uso a que se destina ou prejudica-lhe o valor. Atinge o OBJETO, por isso seu fundamento é objetivo. Erro é o fundamento do vício, isso porque se o agente soubesse do vício, não teria realizado o contrato. É subjetivo o seu fundamento, porque reside na manifestação errônea da vontade. Embora o erro seja fundamento do vício, eles não se confundem. Isso porque o fundamento do vício redibitório se constitui exatamente na obrigação que o vendedor possui de assegurar ao comprador a garantia de que a coisa não apresenta vícios ocultos que a torne imprestável para a finalidade a qual se destina.
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