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Material NP2 PPIS 2018.2 UNIP

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1 
 
 
 
 
 
Professor(a): PAULO JOSÉ PEREIRA TRINDADE JÚNIOR 
D I S C I P L I N A 
Proteção Penal aos Interesses Sociais 
 
 
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA 
 
Moeda Falsa (art.289, CPB): 
 
Bem jurídico: a fé pública. 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa (caput, §§1º, 2º e 4º), no §3º é o funcionário público 
(art.327, caput e §1º, CPB) bem como aquele que exerça a função de diretor, gerente ou 
fiscal de banco de emissão. 
 
Sujeito passivo: o Estado, a coletividade e eventualmente, pode haver uma vítima 
imediata. 
 
Tipicidade objetiva: 
 
“FALSIFICAR”: Imitar, reproduzir com fraude, passar por verdadeiro; 
 
“FABRICANDO-A”: Pela sua contrafação, pela produção ex integro de uma cédula ou 
moeda nova, falsa, que tenha aparência de verdadeira; 
 
“ALTERANDO-A”: Modificar, transformar o já existente, para aumentar seu valor. 
 
“IMPORTAR”: Introduzir no território nacional, trazer do exterior para o país. (§1º, forma 
equiparada) 
 
“EXPORTAR”: Fazer sair para outro país. (§1º, forma equiparada) 
 
“ADQUIRIR”: Comprar ou receber de qualquer forma, onerosa ou gratuita. (§1º, forma 
equiparada) 
 
“VENDER”: Alienar mediante um preço, é a tradição onerosa do dinheiro falso. (§1º, forma 
equiparada) 
 
“TROCAR”: Permutar. (§1º, forma equiparada) 
 
“CEDER”: Entregar, transferir a terceiro. (§1º, forma equiparada) 
 
“EMPRESTAR”: Dar a coisa temporariamente, mediante promessa de restituição posterior. 
(§1º, forma equiparada) 
 
“GUARDAR”: Ter consigo sem ser, entretanto, o proprietário da coisa. (§1º, forma 
equiparada) 
 
 2 
“INTRODUZIR NA CIRCULAÇÃO”: Pôr no meio circulante, como se fosse autêntica, a 
moeda falsificada, isto é, transmiti-la, de qualquer forma, como moeda verdadeira. (§1º, 
forma equiparada) 
 
“FABRICAR”: Confeccionar, fazer ou formar a moeda, industrializá-la. (§3º, figura 
qualificada) 
 
“EMITIR”: Ato posterior à fabricação, é sua expedição para ser posta em circulação. (§3º, 
figura qualificada) 
 
“AUTORIZAR”: Manifestação formal de permissão do funcionário que tenha competência 
para concedê-la em relação a fabricação ou emissão regular (§3º, figura qualificada) 
 
“DESVIAR”: Mudar a direção, o destino. (§4º) 
 
“FAZER CIRCULAR”: O agente retira o dinheiro do local onde se encontra e o põe em 
circulação antecipadamente, de forma abusiva. (§4º) 
 
Objeto material: É a moeda metálica ou papel-moeda. 
 
Moeda metálica: É aquela cunhada em metal pelas autoridades monetárias de um país e 
que nele com curso forçado. 
 
Papel-moeda: É aquele emitido por órgão autorizado do governo e que também possui 
curso legal. 
Germes patogênicos: seres unicelulares (microorganismos) que produzem moléstias 
infecciosas 
 
Consumação: Consuma-se o delito com a falsificação da moeda, seja pela contrafação, 
seja pela adulteração, sem que se faça necessária a efetiva colocação em circulação ou 
ocorrência de qualquer outro resultado. 
 
 Tipo subjetivo: dolo, não se exige dolo específico, nem se pune a forma culposa. 
 
Figura Privilegiada (art.289, §2º): Quando o agente recebe de boa-fé a moeda falsa, e 
após conhecer a falsidade, a restitui à circulação. Justifica-se a mitigação da sanção, em 
primeiro lugar, porque o que impulsiona a conduta do sujeito não é propriamente a vontade 
de lesar a fé pública, nem de locupletar-se, mas o desejo de evitar um prejuízo pecuniário, 
transferindo-o a outra vítima, o que revela ação de mero criminoso de ocasião, que pratica 
a infração penal em virtude de circunstâncias não criadas unicamente por ele; em segundo 
lugar, porque não está, com sua ação, iniciando a circulação da moeda falsa, que já 
ocorrera em momento precedente, mas tão-só dando-lhe continuidade, de modo que 
também a magnitude da culpabilidade seja menor, se comparada às figuras precedentes 
no §2º do art.289. 
 
Ação penal: pública incondicionada. 
 
Falsificação de Documento Público (art.297, CPB): 
 
Bem jurídico: a fé pública, consistente na confiabilidade pertinentes aos documentos 
públicos. 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
 3 
 
Sujeito passivo: o Estado, e eventualmente, quem for prejudicado. 
 
Tipicidade objetiva: 
 
“FALSIFICAR”: no todo (contrafação total, com formação global, por inteiro) ou em parte 
(contrafação parcial, com acréscimo de dizeres, letras,etc) documento público. 
 
“ALTERAR”: Modificar, adulterar dizeres, letras, etc. 
 
Objeto material: É o documento público, verdadeiro ou não. 
 
Consumação: Consuma-se o delito quando estão ultimadas a contrafação ou adulteração 
do documento, independentemente de qualquer outro resultado posterior. Cuida-se de 
delito de mera atividade e de perigo concreto. Assim, embora a consumação se dê 
independentemente de qualquer resultado posterior, o falso deve ser idôneo a produzi-lo. 
 
 Falsificação de documentos destinados a previdência social: Os §§3º e 4º do art.297, 
tratam de formas de falsidade ideológica de documentos destinados à comprovação de 
fatos ou relações jurídicas perante a previdência social. 
 
 Causa de aumento de pena (art. 296, §1º): quando o sujeito ativo é funcionário público 
(art.327, CPB) e praticar o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena da sexta 
parte. 
 
 Tipo subjetivo: dolo, não se exige dolo específico, nem se pune a forma culposa.. 
 
Ação penal: pública incondicionada. 
 
 
Falsificação de Documento Particular (art.298, CPB): 
 
Bem jurídico: a fé pública, expressamente na exigência de confiança nos documentos 
particulares. 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
 
Sujeito passivo: o Estado, a coletividade, e eventualmente, a pessoa lesada. 
 
Tipicidade objetiva: 
 
“FALSIFICAR”: no todo (contrafação total, com formação global, por inteiro) ou em parte 
(contrafação parcial, com acréscimo de dizeres, letras,etc) documento particular. 
 
“ALTERAR”: Modificar, adulterar dizeres, letras, etc. 
 
Objeto material: É o documento particular, verdadeiro ou não. 
 
Consumação: Consuma-se o delito com a falsificação ou a alteração. O momento 
consumativo ocorre com a simples editio falsi, independentemente do uso ou de qualquer 
efetivo dano subseqüente. Cuida-se de delito de mera atividade e de perigo concreto. 
 4 
 Falsificação de documentos destinados a previdência social: Os §§3º e 4º do art.297, 
tratam de formas de falsidade ideológica de documentos destinados à comprovação de 
fatos ou relações jurídicas perante a previdência social. 
 
 
 Tipo subjetivo: dolo, não se exige dolo específico, nem se pune a forma culposa.. 
 
Ação penal: pública incondicionada. 
 
Falsidade Ideológica (art.299, CPB): 
 
Bem jurídico: a fé pública, referente a confiabilidade dos documentos públicos ou 
particulares, no que toca a veracidade de seu teor 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
 
Sujeito passivo: o Estado, a coletividade, e eventualmente, a pessoa lesada. 
 
Tipicidade objetiva: 
 
“OMITIR”: não dizer, não mencionar, em documento público ou particular, declaração quye 
dele devia constar; 
 
“INSERIR”: Introduzir – forma direta 
 
“FAZER INSERIR”: forma indireta, no mesmo, declaração falsa ou diversa da que devia 
ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a a verdade sobre 
fato juridicamente relevante. 
 
Objeto material: É o documento público ou particular. 
 
Consumação: Consuma-se o delito, na forma de omissão, no momento em que o omitente 
deveria incluir (ou declarar para que fosse incluída) a declaração sobre a qual silencia, por 
ocasião da feitura do documento. Já na modalidade fazer inserir, consuma-se com o 
lançamento da declaração mendaz do agente no documento pelo funcionário ou terceira 
pessoa a quem incumbe elaborá-lo. Na modalidade inserir, tratando-se de falsidade 
imediata, como o agente é o autor direto do documento, enquanto não completado e 
aperfeiçoado este, poderá ele retirar o conteúdo medazou retificá-lo a fim de restabelecer 
a verdade, e não terá havido tentativa. 
 
 Tipo subjetivo: dolo, exigindo dolo específico, consistente na vontade “de prejudicar 
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”. 
 
Ação penal: pública incondicionada. 
 
 
 
Falsidade de Atestado Médico: (art.302, CPB): 
 
Bem jurídico: a fé pública, no particular aspecto do atestado médico. 
 
Sujeito ativo: É o médico. 
 
 5 
Sujeito passivo: o Estado, a coletividade e eventualmente, a pessoa prejudicada. 
 
Tipicidade objetiva: 
 
“DAR”: Ceder ou produzir no sentido de atestar, ou seja, proclamar ou assegurar fato ou 
situação da qual o atestante tenha conhecimento por percepção pessoal e direta. 
 
Objeto material: É o Atestado falso. 
 
Atestado: É o documento que contém a afirmação ou declaração acerca de algo. 
 
Forma Qualificada (art.302, parágrafo único): Se o agente comete o delito com o fim de 
lucro. 
 
Consumação: Consuma-se o delito não com a entrega do atestado falso ao interessado ou 
outra pessoa, mas sim com a ultimação do atestado, isto é, na ocasião em que o médico 
termina de atestar, antes mesmo da entrega do documento a outrem. 
 
Tipo subjetivo: É o dolo. 
 
Ação penal: pública incondicionada. 
 
Uso de documento falso: (art.304, CPB): 
 
Bem jurídico: a fé pública documental, quando a mesma é violada pelo uso de um 
documento falso. 
 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, excluído o autor da falsificação. 
 
Sujeito passivo: o Estado, a coletividade e eventualmente, a pessoa prejudicada. 
 
Tipicidade objetiva: 
 
“FAZER USO”: Empregar, utilizar, qualquer um dos papéis falsificados ou alterados, 
referidos nos arts.297 a 302 do CPB, como se fossem verdadeiros. 
 
Objeto material: É o papel falsificado ou alterado. 
 
Papéis constantes nos arts.297 a 302: São os seguintes: documento publico, documento 
particular, papel onde constar firma ou letra falsamente reconhecida, atestado ou certidão 
público, ou ainda, o atestado médico. 
 
Consumação: Consuma-se o delito com o primeiro ato de utilização do documento falso, 
independentemente da obtenção de qualquer proveito ou inflição de qualquer prejuízo. 
 
Tipo subjetivo: É o dolo. 
 
Ação penal: pública incondicionada. 
 
Falsa Identidade: (art.307, CPB): 
 
 
 6 
Luiz Régis Prado ensina que “no artigo 307 o Código prevê uma forma de falsidade não 
mais documental, nem mesmo material ou ideológica, mas pessoal: ilude alguém a 
respeito da própria identidade ou da identidade de terceiro, para obter vantagem ou 
causar-lhe dano”. O citado autor assevera que a modalidade de falso prevista no tipo não 
poderia mesmo incluir-se entre as condutas constitutivas de falsidade documental, pois a 
conduta é diversa da contrafação, adulteração ou inserção de inverdades em documento 
verdadeiro, mas de mentir sobre suas próprias qualificações pessoais ou de terceiro. 
 
Parte expressiva da doutrina e da jurisprudência sustenta que a lei ao se referir à falsa 
identidade o tipo penal descreve a conduta de modo genérico alcançando as mais 
variadas característica da pessoa (nome, idade, estado civil, profissão, sexo, filiação, 
condição social e etc). Nesse sentido pode-se citar autores de nomeada, como Nélson 
Hungria e Magalhães Noronha . 
 
 
Nessa linha de pensamento o Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo decidiu que 
“comete o delito do artigo 307 do Código Penal aquele que se intitula falsamente oficial do 
Exército, com o intuito de influir no espírito do guarda que o multava por infração de 
trânsito”. 
 
Paulo José da Costa Júnior assente com este entendimento, entretanto, adverte sobre a 
existência de julgados destoantes no que tange a falsa atribuição de profissão. 
 
Júlio Fabbrini Mirabete, saudosos mestre paulista, confrontando diversos julgados 
demonstra a divergência jurisprudencial. Por fim leciona que “a primeira conduta é atribuir-
se ou atribuir a outrem a falsa identidade, ou seja, fazer-se passar ou a terceiro por outra 
pessoa existente ou imaginária. Identidade, no sentido natural, é o conjunto de caracteres 
próprios e exclusivos de uma pessoa: nome, idade, estado, profissão, qualidade, sexo, 
defeitos físicos, impressões digitais etc. por isso tem-se entendido que configura o crime 
não só quem utiliza patronímico ou prenome falso, mas quem se diz falsamente militar, 
advogado, funcionário público, cidadão brasileiro etc. mas, como se caracteriza o crime 
quando o agente se atribui identidade, e não qualidade qualquer diversa da real, o fato 
constitui, quando muito, um ilícito contravencional”. 
 
 
O Tribunal de Alçada do Rio Grande do Sul já adotou a posição sustentada pelo mestre 
paulista, nos seguintes termos: “Falsa identidade e simulação da qualidade de funcionário. 
Réu condenado a pena privativa de liberdade, substituída por prestação de serviços à 
comunidade, pela prática de falsa identidade (artigo 307 do CP), por haver-se 
indevidamente atribuído a qualidade de funcionário policial civil. Apelação. Não basta, para 
a caracterização de tal crime, a simples e exclusiva indicação de falsa profissão, sendo, 
ainda, indispensável que o agente se atribua identidade inexata, o que inocorreu, no caso 
concreto. Provimento parcial da apelação, com a desclassificação do fato praticado pelo 
apelante para o de simulação da qualidade de funcionário (art. 45 da LCP) e imposição de 
pena pecuniária. Unânime”. 
 
 
Para as duas correntes doutrinárias e jurisprudenciais, na precisa lição de Mirabete, “é 
indispensável para a caracterização do ilícito que a falsa atribuição de identidade seja 
praticada para que o agente obtenha vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para 
causar dano a outrem”. Luiz Régis Prado explica que “a falsa atribuição pode ser tanto 
verbal quanto por escrito, devendo, entretanto,ter idoneidade para ludibriar (o que não se 
teria, por exemplo, na hipótese de um sujeito louro, de olhos azuis, apresentar-se a 
 7 
alguém como sendo o conhecido futebolista Edson Arantes do Nascimento, o Pelé), bem 
como potencialidade para causar dano (se inócua, malgrado induza em erro, não tem 
potencialidade lesiva e, portanto, não perfaz o tipo, como ocorre no caso do sujeito que, só 
para atrair a atenção das moças, diz-se primo de um galã de cinema algo parecido com 
ele)”. 
 
Impende esclarecer que cuida-se de crime formal, onde exige-se a aptidão para causar 
dano, mas não se exige a ocorrência de resultados ulteriores. 
 
 
A jurisprudência, no que tange ao delito de falsa identidade, ainda diverge em outros 
pontos, por exemplo, quando o sujeito substitui a fotografia no documento de identificação. 
Para alguns tal conduta perfaz o tipo do artigo 307 do Código Penal, outros, por seu turno, 
vislumbram a ocorrência do delito de falsificação de documento público ou, ainda, o uso de 
documento falso. 
 
 
Luiz Régis Prado assevera que razão assiste aos que entendem configurado o delito de 
uso de documento falso, justificando sua posição no caráter subsidiário do crime de falsa 
identidade, além de que a fotografia é elemento relevante da cédula de identidade, emitida 
por órgão público, tanto que aposta sobre ela a marca d’água, visando dificultar sua 
falsificação. 
 
 
Mirabete, entretanto, ensina que “predomina o entendimento que constitui crime de falsa 
identidade e não de falsidade material a alteração de documento com a simples 
substituição da fotografia original pela do agente, quando este passa a utiliza-la. Constitui 
contravenção fingir-se de funcionário público (art. 45 da LCP) ou usar publicamente 
uniforme ou distintivo de função que não exerce, bem como usar indevidamente, de sinal 
distintivo ou denominação cujo emprego seja regulado por lei (artigo 46 da LCP)”. 
 
No que tange a substituição de fotografia em documento particular, sem valor legal como 
identificação,o Tribunal de Alçada de Minas Gerais, em julgado inserto na RT 664/327, 
já entendeu que “Falsa identidade. Ausência de tipificação. Não constitui crime de falsa 
identidade a adulteração, em proveito próprio, de carteira de sócio de clube, por não ser 
esta considerada documento de identidade”. 
 
 
Por fim, ainda há de ser registrada a discussão sobre a ocorrência ou não do delito nos 
casos que o acusado atribui-se falsa identidade perante autoridade ao ser interrogado. 
Para alguns, por força do princípio nemo tenetur se detegere , que permite ao acusado o 
direito de não dizer a verdade o fato é atípico. Por outra corrente conclui-se pela 
ocorrência do delito diante da inexistência de regra jurídica no sentido genérico de 
autodefesa. 
 
O Supremo Tribunal Federal em julgado ocorrido em 1995 decidiu que “Tipifica o crime 
de falsa identidade o fato de o agente, ao ser preso, identificar-se com nome falso, com o 
objetivo de esconder seus maus antecedentes. III. - Crime de seqüestro não 
caracterizado“. 
 
 
O colendo Superior Tribunal de Justiça [13], entretanto, em recentes julgados decidiu 
que: “o fato de a pessoa declarar perante a autoridade policial, nome falso não configura o 
 8 
crime descrito no art. 307 do CP, porquanto se trata de uma conduta de autodefesa, 
abrigada na garantia constitucional do direito ao silêncio. Assim, considera-se a referida 
conduta atípica”. Ainda na Corte responsável pela uniformização da interpretação da 
legislação federal infra constitucional foi decidido que “O fornecimento de nome falso à 
autoridade, quando da lavratura do boletim de ocorrência, não configura o crime do art. 
307 do Código Penal”. 
 
 
No âmbito estadual, a divergência permanece, como pode ser verificado nos acórdãos 
proferidos pelo egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal: “Crime - falsa identidade 
- tipificação - sentença cassada. 1. O crime de falsa identidade tipifica-se com a atribuição 
de nome falso à autoridade policial, não constituindo ofensa ao princípio da ampla defesa 
o recebimento da denúncia”. A mesma Corte, em julgados com datas próximas, decidiu 
que “imputação do crime de falsa identidade. réu que declina nome falso na polícia. 
atipicidade. absolvição declarada. absolve-se o réu em relação ao crime previsto no art. 
307 do código penal, porquanto não comete o aludido crime aquele que se atribui falsa 
identidade perante a autoridade policial como atitude de autodefesa para encobrir maus 
antecedentes, vez que essa postura encontra-se ao abrigo da garantia constitucional que 
lhe assegura o direito ao silêncio quando interrogado. demais, pode o réu dar versão 
incorreta aos fatos não praticando com essa conduta nenhum delito.” 
 
 
A tendência verificada em diversos acórdãos examinados é pela atipicidade da conduta, 
inserida dentro do princípio da ampla defesa e, principalmente, no direito de não se auto 
incriminar. Entretanto, não é uma posição pacífica e que ainda suscita calorosos debates. 
 
Ninguém está obrigado a fornecer prova contra si mesmo, portanto o acusado não está 
obrigado a fornecer elementos que levem a sua própria condenação. A discussão é sobre 
a amplitude que se pretende dar ao direito, incluindo, inclusive, o direito de mentir. 
 
Luiz Flávio Borges D’urso sustenta que “o acusado criminalmente não tem o direito de 
mentir impunemente, pois mesmo que se utilize do princípio da ampla defesa, de não 
produzir prova contrária a si mesmo ou de permanecer calado, jamais estará autorizado a 
mentir sobre sua identidade ou a se auto-acusar falsamente, respondendo por tais crimes 
se assim proceder”. 
 
 
Félix Soibelman contestando a posição de Luiz Flávio Borges D’urso ensina que 
“Polêmica é a questão acerca da inculcação, por parte de quem é preso ou acusado, de 
falsa identidade. Em nosso entendimento, o acusado que mente sobre sua identidade não 
comete o crime do art. 307 do CP, por duas razões: a) São constitucionalmente garantidos 
o direito ao silêncio (CR/88 , art. 5º LXIII e §2º) e o de não ser obrigado a depor contra si 
mesmo, nem a confessar-se (PIDCP, art. 14, 3, g) ou a declarar-se culpado (CADH, art. 8º, 
2, g). Como lembra David Teixeira de Azevedo, "o faltar à verdade equivale a silenciar 
sobre ela, omiti-la", pois "sob o plano ético-axiológico, como adequação da coisa à escala 
valorativa…o que é mais valioso tem precedência ontológica sobre o menos valioso" (O 
interrogatório do réu e o direito ao silêncio", in RT 682/288). b. Conforme já decidido pelo 
TACrSP, em acórdão unânime da lavra do juiz, hoje desembargador, Gentil Leite (Ap. 
172.207, j. 7.3.78, cuja ementa foi publicada na RT 511/402), embora a expressão 
vantagem, mencionada neste art. 307, inclua tanto a patrimonial como a moral, não 
abrange "o simples propósito de o delinqüente procurar esconder o passado criminal, 
declinando o nome fictício ou de terceiro (real), perante a autoridade pública…ou 
particular". Isto porque "quem assim age, visa a obter vantagem de natureza processual, 
 9 
comportamento que, a constituir delito, deveria estar previsto no Capítulo II do Título XI do 
CP, referente aos crimes praticados por particulares contra administração pública ou no 
Capítulo III, que prevê infrações contra a administração da justiça". Não haveria, portanto, 
o dolo específico exigido pelo tipo." (Celso Delmanto, Código Penal, pág. 522 e 523)”. 
 
Sobre a polêmica, o ilustre advogado brasiliense Asdrúbal Lima Júnior, em 23 de julho 
de 2003, manifestou sua abalizada opinião nos termos que se segue: “O artigo do ilustre 
advogado, Dr. Félix Soibelman, destaca com propriedade o direito de mentir, inerente a 
quem é acusado criminalmente. A questão deve ser apresentada sem temer a opinião 
pública contrária, ou daqueles que não compreendem adequadamente as vicissitudes da 
advocacia criminal e os direitos humanos nelas envolvidos. O Dr. Félix foi correto na sua 
análise jurídica, enfático no seu posicionamento e elucidativo na exposição de sua idéia. 
Sem dúvida, o universo leigo é muito mais numeroso do que daqueles que exercitam a 
advocacia criminal, mas nem por isso devem ser mais representativos, para lançar fora 
conquistas expressivas do direito de defesa. O Direito Simbólico não pode operar, 
casuisticamente alterando interpretações jurídicas relevantes ou suprimindo do 
ordenamento jurídico, garantias seculares”. 
 
 
Assim, ponderando sobre as abalizadas lições acima, mesmo reconhecendo que o direito 
a mentir cause repulsa ao leigo, nosso ordenamento constitucional permite ao acusado o 
direito de mentir, sendo, portanto, atípica a conduta do réu que indica nome falso à 
autoridade quando de seu interrogatório. 
 
 Exercício de Fixação para NP2: 
 
1) É atípica a conduta do agente que desvia e faz circular moeda cuja circulação não 
estava autorizada? Fundamente sua resposta. 
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2) A falsificação grosseira consiste no crime de moeda falsa? Fundamente sua resposta. 
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3) O cheque é considerado documento público? Fundamente sua resposta. 
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4) O crime de Falsidade de Documento Público depende da obtenção da vantagem? 
Fundamente sua resposta. 
 10 
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5) A falsificação de cartão de crédito configure qual crime? Fundamente sua resposta. 
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6) O crime de falsidade ideológica comporta apenas modalidade comissiva ? Fundamente 
sua resposta. 
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7) O crime de atestado medico falso só é punido com detenção se há intuito de lucro? 
Fundamente sua resposta. 
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8) O crime de documento falso não é crime formal e sua caracterização depende da 
ocorrência de um resultado específico e determinado? Fundamente sua resposta. 
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9) O crime de falsa identidade é um delito subsidiário? Fundamente sua resposta. 
 
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