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AULA 5 Lesao Corporal

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DIREITO PENAL III
LESÕES CORPORAIS
Prof. Bruno Marques
Curso de Direito Bacharelado
Art. 129, caput, CP- Lesão corporal dolosa leve.
Art. 129, §1º, CP- Lesão corporal dolosa grave. (admite preterdolo) (qualifica a pena)
Art. 129, § 2º, CP- Lesão corporal dolosa gravíssima. (admite preterdolo) (qualifica a pena)
Art. 129, §3º, CP- Lesão corporal seguida de morte. (necessariamente preterdolosa) 
(qualifica a pena)
Art. 129, §4º e § 5º, CP- Minorantes.
Art. 129, §6º, CP- Lesão corporal culposa.
Art. 129, §7º, CP- Majorantes.
Art. 129, 8º, CP- Perdão judicial.
Art. 129, §9º, § 10 e § 11, CP- Violência doméstica e familiar.
Topografia do delito
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
*
DAS LESÕES CORPORAIS
LESÃO CORPORAL
Art. 129 – Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
*
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE
§1º – Se resulta:
I – Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV – aceleração de parto:
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
 
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
*
§2º – Se resulta:
I – Incapacidade permanente para o trabalho;
II – enfermidade incurável;
III – perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente;
V – aborto:
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE
§3º – Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
*
DIMINUIÇÃO DE PENA
§4º – Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA
§5º – O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I – se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II – se as lesões são recíprocas.
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
*
LESÃO CORPORAL CULPOSA
§6º – Se a lesão é culposa:
Pena – detenção, de dois meses a um ano.
AUMENTO DE PENA
§7º – Aumenta-se a pena de um terço se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, §§4º e 6º.
§8º – Aplica-se à lesão culposa o disposto no §5º do art. 121.
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
*
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
§9º§– Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena – detenção, de 3 meses a 3 anos.
§10 – Nos casos previstos nos §§1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no §9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3.
§11 – Na hipótese do §9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
*
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.  (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Lesão Corporal Leve
Curso de Direito Bacharelado
*
DAS LESÕES CORPORAIS
LESÃO CORPORAL
Art. 129 – Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Lesão Corporal Leve
Curso de Direito Bacharelado
*
1– Ofender a integridade corporal : É o dano anatômico decorrente de uma agressão. É a alteração na anatomia prejudicial ao corpo humano. Pressupõe que o ato agressivo rompa ou dilacere algum tecido do corpo da vítima, externa ou internamente. 
Ex.: São as escoriações, as equimoses, os cortes, as fraturas, as fissuras, os hematomas, as luxações, o rompimento de tendões ou ligamentos, as queimaduras etc.
Obs.: A dor, sem alteração anatômica ou ofensa à saúde, não constitui lesão. 
“A dor física, por si só, sem o respectivo dano anatômico ou funcional, não constitui lesão corporal. Impõe-se a solução máxime porque, de índole inteiramente subjetiva, a dor só por falível presunção pode ser reconhecida como efeito da violência” (TJ-SP).
Lesão Corporal Leve
Curso de Direito Bacharelado
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Hematoma: define-se como um acúmulo de sangue num órgão ou tecido, geralmente bem localizado e que pode dever-se a traumatismo, alterações hematológicas ou outras causas. 
Lesão Corporal Leve
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Equimoses: decorrem do rompimento de pequenos vasos sanguíneos (capilares) no tecido subcutâneo, em razão de uma forte pancada recebida, e conferem coloração roxa à pele. A equimose constitui lesão porque é provocada pelo rompimento de tecidos — os vasos sanguíneos.
Lesão Corporal Leve
Curso de Direito Bacharelado
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Eritemas: são o resultado do deslocamento sanguíneo momentâneo para certa parte do corpo, que conferem vermelhidão à pele. Podem decorrer de um beliscão ou de um tapa. Não constituem lesão
Lesão Corporal Leve
Curso de Direito Bacharelado
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2- Ofender a saúde de outrem: Abrange a provocação de perturbações fisiológicas ou mentais na vítima.
a- Perturbação fisiológica: é o desajuste no funcionamento de algum órgão ou sistema que compõe o corpo humano. 
Ex.: transmissão intencional de doença que afete o sistema respiratório, ministração de alimento ou medicamento na bebida da vítima que provoque diarreia, vômito ou náuseas, ministração de diurético que a faça urinar repetidamente, uso de aparelho de choque elétrico que
provoque paralisia muscular etc.
Lesão Corporal Leve
Curso de Direito Bacharelado
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b- Perturbação mental: abrange a causação de qualquer desarranjo no funcionamento cerebral. 
Ex.: provocar convulsão, choque nervoso, doenças mentais etc. Nesse sentido: 
“O conceito de dano à saúde tanto compreende a saúde do corpo como a mental também. Se uma pessoa, à custa de ameaças, provoca em outra um choque nervoso, convulsões ou outras alterações patológicas,
pratica lesão corporal” (TJSC — Rel. Marcílio Medeiros — RT 478/374).
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
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Objetividade jurídica: é a incolumidade pessoal do indivíduo, protegendo-o na sua saúde corporal, fisiológica e mental (atividade intelectiva, volitiva ou sentimental).
 Obs.: Não é apenas a incolumidade da saúde corporal.
As lesões podem ser divididas quanto ao elemento subjetivo e intensidade.
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
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Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum)
Obs.: Se o agressor for policial em serviço, responde também por abuso de autoridade, não reconhecendo a jurisprudência bis in idem em tais casos por serem diversos os bens jurídicos afetados. 
“Lesões corporais e abuso de autoridade. Se o agente, além do crime de abuso de autoridade (art. 3º, i, da Lei n. 4.898, de 09.12.1965) também praticar lesões corporais na vítima, aplicar-se-á a regra do concurso material” (STF — HC — Rel. Cordeiro Guerra —
RTJ 101/595); 
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
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Sujeito passivo: qualquer pessoa viva. Em dois casos a lei exige qualidade especial da vítima: ser mulher grávida (não é sujeito passivo comum).
Art. 129, §1º, IV – resulta aceleração do parto
Art. 129, §2º, V – resulta abortamento
Obs.: Não é conduta típica a autolesão (princípio da lesividade).Tipo objetivo: Conduta: consiste em ofender – direta ou indiretamente – a integridade corporal ou a saúde de outrem, quer causando uma enfermidade, quer agravando a que já existe. A dor é dispensável para a configuração do delito, mas influenciará na fixação da pena.
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
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Tipo subjetivo: o crime de lesão corporal é punido a título de: animus laedendi.
		Dolo – caput e §§1º e 2º
		Culpa - §§6º e 7º
		Preterdolo - §§1º, 2º e 3º
Consumação: com a ofensa à incolumidade pessoal da vítima (crime material).
Obs.: esquimoses e hematomas são consideradas lesões à integridade física da vítima. Eritemas (vermelhidão do beliscão não cosntitue lesão)
Tentativa: é admissível nas modalidades dolosas (crime plurissubsistente).
O consentimento do ofendido exclui o crime?
Para responder a esta pergunta, é preciso estabelecer se 
A incolumidade pessoal é um bem disponível ou indisponível. 
Se for disponível, exclui o tipo, se não for, não exclui o tipo.
Posicionamento doutrinário
Trata-se de bem relativamente disponível, desde que: 
Estejamos diante de uma lesão leve.
Não contrariar a moral e os costumes.
Ex.: Furar o corpo de outrem para por pircing. Mãe que põe 
brinco na orelha da filha. Lesão leve, o consentimento exclui o tipo.
Lesões Corporais – Art. 129
Curso de Direito Bacharelado
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Lesão leve: o conceito é formulado por exclusão, será leve sempre que não for grave, gravíssima ou seguida de morte (§§1º, 2º e 3º). Trata-se de crime de menor potencial ofensivo.
Princípio da insignificância: No crime de lesão corporal leve a doutrina e a jurisprudência têm aceitado a aplicação do princípio da insignificância para reconhecer a atipicidade da conduta quando a lesão for de tal forma irrisória que não justifique a movimentação da máquina judiciária, com os custos a ela inerentes.
Ex.: um puxão de cabelo, beliscão, uma alfinetada etc. 
É preciso ter cuidado com o soldado de reserva que é a contravenção penal Vias de Fato.
Vias de fato x lesão corporal:
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: 
        Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitui crime. 
        Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a 
metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.  
Não podemos confundir o crime de lesão corporal com a 
contravenção penal de Vias de Fato, pois nesta, não existe 
dolo de lesionar do agente, qualquer dano à incolumidade
Pessoal da vítima (ex.: mero empurrão, puxão de cabelo...)   
Em certos esportes em que a lesão é uma consequência normal de sua prática (boxe, lutas marciais), não há crime em face do exercício regular de direito. 
Todos esses esportes são regulamentados e, desde que observadas as regras, o fato não constitui crime.
Sempre que houver abuso intencional, todavia, o fato constituirá crime, ainda que ocorra durante a prática esportiva. 
Ex.: O boxeador que morde a orelha do oponente, arrancando-lhe um pedaço. 
Lesões esportivas
Em caso de cirurgia de emergência, as lesões se justificam pelo estado de necessidade de terceiro.
Em caso de cirurgia plástica, a lesão não é crime, porque é exercício regular de direito devendo haver o consentimento da vítima.
Lesões causadas por médico
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Lesão Grave (§1º): hipótese de lesões qualificadas pelo resultado, podendo o evento ser querido ou aceito pelo agente (dolo direto ou eventual) ou culposamente provocado (culpa, caso em que teremos o preterdolo).
 Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias: qualquer atividade corporal costumeira (andar, praticar esportes, tomar banho...), tradicional, não necessariamente ligada a trabalho ou ocupação lucrativa.
“Em tema de lesão corporal de natureza grave, irrelevante ao reconhecimento da agravante do art. 129, § 1º, I, do CP, o não exercer a vítima qualquer atividade remunerada, bastando a tal desiderato restar o sujeito passivo impedido de exercer a atividade comum corporal” (Jutacrim 43/368).
 
Obs.: A incapacitação pode ser física ou mental.
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Um bebê pode ser sujeito passivo? 
Sim, pois tem de estar confortável para dormir, mamar, tomar banho, etc.
“A hipótese do art. 129, § 1º, do CP abrange também a criança, pois que as ocupações habituais não são apenas as de natureza lucrativa, mas sim as atividades gerais da vítima, como entidade humana e social” (Tacrim-SP — Rel.
Adalberto Spagnuolo — Jutacrim 36/298).
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O trabalho ou ocupação, do qual trata a lesão qualificada, deve ser lícito, ainda que imoral.
Ex.: Ocupação de prostituta (imoral), ocupação de endolador no tráfico de droga (ilícito).
“A meretriz exerce atividade imoral, mas não ilícita. Pode, pois, ser vítima de lesão grave, que lhe acarrete incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias” (Tacrim-SP — Rel. João Guzzo — RT 449/425).
O lapso de 30 dias:
Art. 168.CPP-  Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
 […]
       § 2o  Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.  
Obs.: São realizados dois exames para efeito de classificação do delito no art. 129, 2º, I, o primeiro constata a incapacidade para as ocupações habituais, o segundo, para constatar a permanência da incapacidade. É o chamado exame complementar.     
EXAME COMPLMENTAR: ART. 168, § 2o -CPP
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b) Perigo de vida: Perigo de Vida é a probabilidade séria, concreta e imediata do êxito letal, devidamente comprovado por perícia, devendo o legista especificar exatamente em que consistiu o perigo sofrido. 
Ex.: grande perda de sangue que provocou choque hemorrágico, ferimento em órgão vital, necessidade de cirurgia de emergência etc. 
- A falta dessa descrição é a maior causa de desclassificações para crime de lesão leve.
“A simples afirmativa de laudo pericial quanto à existência de perigo de vida não basta à Justiça, cabendo ao experto apontar os sintomas verificados no examinando e a respectiva sequela natural, sem jamais sobrepor-se através de conclusão imotivada ao prudente arbítrio do julgador” (Tacrim-SP — Rel. Ferreira Leite — Jutacrim 37/42)
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Obs.: A simples região da lesão, por si só, não indica perigo de vida. Não é porque o golpe é na cabeça que necessariamente a vida ficou em risco.
ATENÇÃO: esta qualificadora só admite preterdolo (dolo na conduta e culpa no resultado). Se o ofensor considerou, por um momento apenas, a possibilidade de matar a vítima (dolo no resultado), teremos configurado o crime de homicídio tentado.
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c) Debilidade permanente de membro, sentido ou função: cuja recuperação seja incerta e por tempo indeterminado, a lesão será de natureza grave.
Debilidade: diminuição, redução ou enfraquecimento da capacidade funcional de membro, sentido ou função.
Permanente: recuperação incerta e por tempo indeterminado (não significa perpetuidade).
Obs.: Não importa que a debilidade possa se atenuar ou diminuir com aparelhos de prótese.
“O fato de ter a vítima implantado uma ‘ponte’ no lugar dos dentes perdidos na agressão que sofreu é irrelevante para fins de tipificação penal da infração. Ninguém está obrigado a usar dentes postiços ou disfarces parafavorecer a sorte de seu ofensor” (TJSP — RT 593/339).
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Membros: São pernas e braços.
“A perda de um dedo da mão não caracteriza perda ou inutilização de membro, sentido ou função. A jurisprudência tem-se inclinado no sentido de que mesmo a perda de um olho, de uma orelha, de um rim etc., mantido o outro órgão íntegro, não abolida a função, constitui lesão grave e não gravíssima” (TJSP — RT 591/309);
Sentidos: São os mecanismos sensoriais por meio dos quais percebemos o mundo exterior. São o tato, o olfato, o paladar, a visão e a audição.
“A lesão de um olho, de um ouvido, de um testículo, de um
ovário, de um rim, mantido o outro íntegro, debilitada, mas não abolida da função respectiva, deve ser catalogada, não como gravíssima, mas sim grave” (Tacrim-SP —Jutacrim 43/236)
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Funções: Dizem respeito ao funcionamento de um sistema ou aparelho do corpo humano. 
Exs.: função reprodutora, mastigatória, excretora, circulatória, respiratória etc.
“A perda de quatro dentes e ossos do maxilar acarreta, obrigatoriamente, uma permanente debilidade da função mastigatória” (Tacrim-SP — Rel. Prestes Barra — RT 418/279)
d) Aceleração de parto: em razão da lesão, o feto é expulso com vida antes do tempo normal. Se o feto é expulso sem vida teremos o art.
129, § 2, V, lesão corporal de natureza gravíssima.
 
É imprescindível que o agente saiba (ou pudesse saber) da situação gravídica da vítima (responsabilidade subjetiva). 
“Se o agente ignora a gravidez da vítima, não se lhe pode imputar o crime de lesão grave se de sua ação delituosa resultar aceleração do parto, nem o delito de lesão gravíssima se resultar aborto” (Tacrim-SP— Jutacrim 10/249).
 
 
Obs.: O agente não quer e nem assume o risco do aborto, esse resultado é culposo, pois se houver dolo direto ou eventual, o tipo é Aborto.
ATENÇÃO: Parte da doutrina ensina que, na hipótese de o 
neonato vir a falecer posteriormente ao parto, mas em decorrência 
das lesões sofridas pela genitora vítima, o agente responderá por 
homicídio culposo em concurso material com a lesão grave. Outros dizem que é lesão corporal qualificada pelo aborto.
Lesões Corporais – Art. 129
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Lesão Gravíssima (§2º): é definição dada pela doutrina, a Lei chama de lesão corporal de natureza grave Em regra tais lesões são irreparáveis (ou de maior permanência).
Incapacidade permanente para o trabalho: aqui ao contrário do inciso I do §1º, a incapacidade é para o trabalho, permanente, absoluta, duradoura no tempo e sem previsibilidade de cessação.
Obs.: O dolo do agente é lesionar. O resultado qualificador pode ser doloso ou culposo.
ATENÇÃO: A incapacidade deve ser para o exercício de qualquer tipo de trabalho (entendimento pacífico).
Obs.: Mirabete critica tal entendimento sustentando que a exigência da incapacitação genérica torna difícil a aplicação deste dispositivo, pois “sempre restará à vítima possibilidade de vender bilhetes de loteria”.
Obs.: Gonçalves rebate: existem critérios médicos para definir quando alguém está incapacitado para o trabalho, não sendo raro o seu reconhecimento. Basta ver a quantidade considerável de pessoas que obtêm aposentadoria por invalidez para o trabalho e que não passaram a ter vida vegetativa.
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b) Enfermidade incurável: alteração permanente da saúde em geral por processo patológico, ou seja, a transmissão intencional de uma doença para a qual não existe cura no estágio atual da medicina.
AIDS: LESÃO OU TENTATIVA DE HOMICÍDIO?
1ª Corrente: A transmissão intencional do vírus da aids configura o crime de tentativa de homicídio. Os medicamentos constituem a circunstância alheia à vontade do agente, que impede a consumação do homicídio, devendo o agente responder por tentativa de tal crime.
2ª Corrente: A transmissão intencional da aids configura o crime de lesão corporal gravíssima. (STJ-STF)
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STJ
HABEAS CORPUS. ART. 129, § 2.º, INCISO II, DO CÓDIGO PENAL. PACIENTE QUE TRANSMITIU ENFERMIDADE INCURÁVEL À OFENDIDA (SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA). VÍTIMA CUJA MOLÉSTIA PERMANECE ASSINTOMÁTICA. DESINFLUÊNCIA PARA A CARACTERIZAÇÃO DA CONDUTA. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA UM DOS CRIMES PREVISTOS NO CAPÍTULO III, TÍTULO I, PARTE ESPECIAL, DO CÓDIGO PENAL. IMPOSSIBILIDADE. SURSIS HUMANITÁRIO. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DAS INSTÂNCIAS ANTECEDENTES NO PONTO, E DE DEMONSTRAÇÃO SOBRE O ESTADO DE SAÚDE DO PACIENTE. HABEAS CORPUS PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADO. (HABEAS 
CORPUS Nº 160.982-DF 2010/0016927-3).
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STF
MOLÉSTIA GRAVE- TRANSMISSÃO- HIV- CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA VERSUS O DE TRANSMITIR DOENÇA GRAVE. Descabe, ante previsão expressa quanto ao tipo penal, partir-se para o enquadramento de ato relativo à transmissão de doença grave como a configurar crime doloso contra a vida. Considerações. (HC 98.712-SP, 2010)
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c) Perda ou inutilização de membro, sentido ou função: é circunstância mais grave do que a do parágrafo anterior, pois não mais se fala em debilidade, mas sim em perda (amputação ou mutilação) ou inutilização (membro, sentido ou função inoperante, isto é, sem qualquer capacidade de exercer suas atividades próprias).
Amputação: retirada do membro por cirurgia em decorrência da lesão.
Mutilação: retirada do membro no ato da lesão.
Inutilização: de membro pressupõe que ele permaneça, ainda que parcialmente, ligado ao corpo da vítima, mas incapacitado de realizar suas atividades próprias. Ex.: A vítima fica paraplégica ou perde por completo o movimento dos braços.
ATENÇÃO: Sendo órgão duplo, para se configurar gravíssima, deve atingir ambos (visão, testículo, rins...).
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Cirurgia para mudança de sexo é crime de lesão gravíssima pela perda da função sexual e reprodutora?
“Não age dolosamente o médico que, através de cirurgia, faz a ablação de órgãos genitais externos de transexual, procurando curá-lo ou reduzir seu sofrimento físico ou mental. Semelhante cirurgia
não é vedada por lei, nem mesmo pelo Código de Ética Médica” (Tacrim-SP — Rel. Denser de Sá — RT 545/355).
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d) Deformidade permanente: dano estético, aparente, considerável, irreparável pela própria força da natureza e capaz de provocar impressão vexatória (desconforto para quem olhe e humilhação para a vítima).
CUIDADO: A deformidade não necessita ser aparente pode ser em qualquer parte do corpo, mesmo só visível no momento de intimidade.
Obs.1: De acordo com Nélson Hungria, a idade, o sexo e a condição social da vítima devem ser tomados em consideração no apreciar se a deformidade é permanente ou não. 
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A cirurgia plástica realizada pela vítima, afasta a qualificadora? 
1ª Corrente: afasta (entendimento pacificado na doutrina):
“Se a vítima de deformidade, voluntariamente e com êxito, submeteu-se a uma cirurgia reparadora, para figura menos grave, em certas circunstâncias, a sanção do réu poderá ser desclassificada” (Tacrim-SP — Rel. Azevedo Franceschini).
2ª Corrente: não afasta
“A qualificadora ‘deformidade permanente’ do crime de lesão corporal (art. 129, § 2º, IV, do CP) não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a deformidade na vítima. Isso porque, o fato criminoso é valorado no momento de sua consumação, não o afetando providências posteriores, notadamente quando não usuais (pelo risco ou pelo custo, como cirurgia plástica ou de tratamentos prolongados, dolorosos ougeradores do risco de vida) e promovidas a critério exclusivo da vítima” (HC 306.677-RJ — 19.05.2015-STJ)
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ATENÇÃO: Vitriolagem: lesão causada por ácido.
“A vitriolagem, caso raro nos dias atuais, é crime perpetrado mediante arremesso de ácido sulfúrico contra a vítima, com o objetivo de lhe causar lesões corporais deformantes da pele e dos tecidos subjacentes, inserindo-se, pois, no art. 129, § 2º, IV, do CP” (TJSP — Rel. Andrade Junqueira — RT 563/323).
Lesões Corporais – Art. 129
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e) Aborto: trata-se de crime necessariamente preterdoloso, havendo dolo na lesão e culpa no abortamento (interrupção da gravidez). 
É impressindível que o agente saiba o estado gravídico da mulher.
ATENÇÃO: é possível a coexistência de qualificadoras (grave e 
gravíssima). Nesse caso, o crime permanece único, aplicando-se 
as penas do parágrafo mais grave, devendo o juiz, por ocasião 
da fixação da pena-base, considerar as demais consequências 
sofridas pelo ofendido.
Lesões Corporais – Art. 129
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Lesão corporal seguida de morte (§3º): crime preterdoloso. 
Não se trata de crime contra a vida, logo, não é da competência do júri.
São elementos do crime (do preterdolo):
a) Conduta dolosa buscando ofender a incolumidade pessoal da vítima.
b) Resultado culposo mais grave, qual seja a morte.
c) Nexo entre a conduta e o resultado.
Ex.: uma facada na perna que atinge a artéria femural na região da coxa e, em face do extenso sangramento, a vítima morre de hemorragia.
CUIDADO 1: O caso fortuito ou a imprevisibilidade do resultado, elimina a configuração do crime preterdoloso, respondendo o agente por lesões corporais, não pelo que não podia prever.
Ex.: Aluno deu soco com soqueira no olho de outro , perfurando-o. O agredido morreu porque tinha coração grande.
CUIDADO 2: Se o antecedente doloso consiste numa simples vias de fato (contravenção penal), o evento morte caracteriza o homicídio culposo ficando a contravenção absolvida.
Ex.: Empurrão faz vítima bater a cabeça e morrer, trata-se de vias 
de fato seguida de morte, não há tipificação. Não se trata de lesão 
seguida de morte.
“Não se pode negar a relação de causalidade existente entre o ato do acusado, que empurra a vítima embriagada e causa a sua queda ao solo, com fratura de crânio, vindo a falecer dias depois. Contudo, se não teve aquele a intenção de agredi-la ou de feri-la, somente poderia
responder por homicídio culposo e não pelo delito preterintencional previsto no art. 129, § 3º, do CP” (TJSP — RT 582/304).
CUIDADO 3: Não se deve confundir lesão corporal seguida de morte
com progressão criminosa no homicídio.
Lesão corporal seguida de morte: dolo na lesão + culpa na morte.
progressão criminosa no homicídio: o dolo de lesão progride para o dolo de matar. O homicídio absorve a lesão inicial.
“[...] o agente inicia uma agressão querendo apenas lesionar a vítima, mas, durante a agressão, muda de ideia e, no mesmo contexto fático, dolosamente Mata” (GONÇALVES, 2016, p. 259).
Obs.: As lesões seguidas de morte, por serem crime exclusivamente preterdoloso, são incompatíveis com a figura da tentativa. (GONÇALVES, 2016, p. 259).
Não existe tentativa na modalidade culposa, por não haver a intensão que será barrada por razão alheia a sua vontade. 
O
Lesão corporal dolosa privilegiada (§4º): três hipóteses de 
diminuição da pena: 
motivo de relevante valor social; 
motivo de relevante valor moral; 
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta 
provocação da vítima.
Obs.: Essas privilegiadoras se aplicam ao caput e aos §1º, §2º, §3º.
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Relevante valor social – interesse de toda uma coletividade. Ex.: indignação contra um traidor da pátria
Relevante valor moral – interesse individual, particular (sentimento de piedade, misericórdia e compaixão). 
Ex.: Pai lesiona filho com estaca para que o mesmo não se machuque em um crise de esquizofrenia.
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Domínio de violenta emoção – a emoção não deve ser leve e passageira ou momentânea.
Reação imediata - logo em seguida a injusta provocação da vítima. A mora na reação exclui a causa minorante, transmudando-se em vingança.
Injusta provocação da vítima – não será, necessariamente, agressão física, pode ser verbal. Pode ser também indireta (dirigida contra terceiros ou animal).
Obs.: O privilégio é aplicável a todas as formas de lesão dolosa — leve, grave, gravíssima e seguida de morte — mas não incide sobre a lesão culposa, pois as privilegiadoras são subjetivas.
Substituição da pena (§5º):
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Art. 129, § 5º — O Juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção por multa:
I — se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior.
II — se as lesões são recíprocas.
CUIDADO: a substituição da pena só aplica ao caput do art. 129 (não sendo graves as lesões) em duas situações: privilégio de pena ou se as lesões são mútuas.
ATENÇÃO: Caso se trate de lesão leve qualificada pela violência doméstica contra mulher, o art. 17 da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) veda a substituição da pena privativa de liberdade
somente por multa. 
Substituição da pena (§5º):
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Lesões recíprocas: ocorre quando o agente dá um soco na vítima e em outro momento a vítima vai à desforra ou quando ambos partem para a agressão ao mesmo tempo.
Obs.: Se o agente ataca alguém que se defende vindo também a causar lesão, este está acobertado pela legítima defesa.
“Para se caracterizar a responsabilidade penal, nas lesões corporais dolosas, em caso de briga, com agressões mútuas, é fundamental que a prova esclareça quem foi o iniciador, o provocador da contenda. Se este ponto não ficou claro, deve-se absolver ambos os litigantes” (Tacrim-SP — RT 692/285)
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Lesão corporal culposa (§6º): aqui importante se faz lembrar que o grau das lesões sofridas não interfere no tipo, mas apenas na fixação da reprimenda-base (art. 59 do CP). 
Princípio da insignificância: Não raras são as decisões do STJ 
reconhecendo no crime culposo a perfeita aplicação do princípio 
da insignificância.
Lesão culposa na direção de veículo automotor: a conduta será
ajustada ao disposto no art. 303 da Lei 9503/97 (CTB), punida com 
6 meses a 2 anos de detenção (Princípio da Especialidade).
Lesão corporal culposa e violência doméstica contra a mulher:
Ação penal pública incondicionada: O STF (ADI n. 4.424-2012) decidiu que, nos casos de lesão culposa decorrentes de violência doméstica ou familiar contra a mulher, a ação é pública incondicionada. 
IMPORTANTE: não basta que a vítima seja, por exemplo, a esposa, sendo necessário que a lesão culposa tenha sido fruto de violência doméstica. 
Ex.: Marido que ao capinar o quintal, acidentalmente corta o pé da esposa não deve ser processado no âmbito da violência doméstica.
Ex.: Marido em briga com esposa joga copo no espelho cujo estilhaço infringe a integridade corporal da cônjuge.
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Lesão corporal majorada (§7º): aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, §4º: 
– se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício; 
- se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima;
- não procura diminuir as consequências do seu ato;
- foge para evitar prisão em flagrante;
- delito praticado contra pessoa menor de quatorze ou maior de sessenta anos
- praticada por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
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Perdão judicial (§8º) – é causa extintiva de punibilidade. As consequências da infração atingem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se mostra desnecessária. 
Ex.: causador de acidente, apesar de ter causado lesão corporal na vítima, ficou tetraplégico sofreu consequências que permitem presumir que a pena, no caso, se tornou desnecessária.
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V        § 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) (Maria da Penha)
        § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
        § 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
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§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
É qualificadora da lesão corporal dolosa de natureza leve (art. 129, caput), deixa de ser crime de menor potencial ofensivo. (3 meses a 3 anos)
Se a vítima for portadora de deficiência física ou mental, incidirá um aumento de pena de um terço (§11). 
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IMPORTANTE: Haverá sempre a agravação se a vítima for uma das pessoas enumeradas na lei, independente do local, tratando-se, contudo, de enumeração taxativa.
 O local só é relevante para a segunda parte do dispositivo “prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade”, nesse caso a agressão deve ser no espaço doméstico não necessitando que a vítima não precisa ser ascendente, descendente, cônjuge etc. 
Exs.: agressão do patrão contra a empregada doméstica; do hóspede visitante contra o anfitrião; de um estudante contra outro que mora na mesma “república
ATENÇÃO: Nos §§ 9º, 10º e 11º a vítima não precisa ser mulher,
Bastando o agente praticar o crime contra:
Ascendente, descendente ou irmão;
Cônjuge ou companheiro;
Ou com quem conviva ou tenha convivido;
Ou ainda, prevalecendo-se das relações domésticas de 
coabitação ou hospitalidade.
 
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Violência doméstica
a) ascendente, descendente ou irmão: 
Dispensável a coabitação entre o autor e a vítima, bastando existir a referida relação parental.
Ex.: um irmão agride o outro, ferindo-o na sua saúde física ou mental, terá praticado o crime de lesão agravado pela violência doméstica.
b) cônjuge ou companheiro: a majorante cônjuge persiste mesmo no caso de separação de fato ou judicial, não retirando dos envolvidos a qualidade pessoal de casados.
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c) com quem conviva ou tenha convivido: 
Ex.: caso de república de estudantes.
d) prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Ex.: agressões praticadas pela babá contra a criança.
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Violência doméstica e familiar (§10): se presentes as mesmas circunstâncias do parágrafo anterior:
crime praticado contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. 
Aumenta-se em 1/3 a pena de lesão corporal de natureza grave (§§1º e 2º) e seguida de morte (§3º).
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V§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.  (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Art. 142-CF. Trata sobre as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica.
 Art. 144-CF. Trata sobre as forças de segurança pública: 
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
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Ação penal: em regra, Pública Incondicionada.
Excepcionalmente – lesão dolosa leve (art. 129, caput) e culposa (§6º), o oferecimento da ação penal dependerá de representação da vítima ou de seu representante legal (art. 88 da Lei 9.099/95).
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Ação penal – violência doméstica e familiar:
A) se a vítima for homem, a ação penal será pública condicionada nas hipóteses dos §§9º e 11, pois, apesar de não ser mais de menor potencial ofensivo, permanecem de natureza leve; a ação, contudo, será pública incondicionada, se estivermos diante do §10 (lesão grave ou seguida de morte).
B) tratando-se de vítima mulher, de acordo com decisão só STF, proferida na ADI 4424/DF, a ação penal será pública incondicionada. 
Exercício
1- Carlos e seus amigos estavam em um igarapé da cidade de Santa Izabel se divertindo a valer. No meio da brincadeira, Carlos jogou uma pedra para cima nu rumo do mato, para a surpresa de todos, a pedra caiu na cabeça de Pietro, que estava de cócoras defecando, abrindo-lhe um grande rasgo que o impossibilitou de trabalhar por 45 dias.
Pietro gritou e saiu cambaleante, ao ver seu irmão naquele estado, Sapucaia sob o domínio de violenta ira partiu para cima de Carlos com uma estaca vindo a atingi-lo três vezes.
Carlos apesar de muito machucado ficou bem, pois a estaca era da embaúba.
Qual a conduta típica realizada pelos agentes?
Sapucaia tem direito à substituição de sua pena?
2- Pedrinho foi visitar sua amiga Janila, lá chegando percebeu que Asdrúbal, irmão de Janila não havia gostado de sua presença por ciúmes da irmã. O irmão depois de algum tempo deu um soco e uma facada em Pedrinho, que mesmo tendo perfurado um pulmão não morreu.
a) Faça a subsunção da conduta de Asdrúbal e estabeleça sua previsão de pena. 
Resposta
1-
Qual a conduta típica realizada pelos agentes?
Carlos: art. 129, 3º
Sapucaia: art. 129, 1º
Sapucaia tem direito à substituição de sua pena?
Não pois não houve injusta agressão de Carlos, a conduta deste foi culposa.
2-
Faça a subsunção da conduta de Asdrúbal e estabeleça sua previsão de pena.
 art. 129, § 1º, § 9º e § 10º. 
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