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APOSTILA Resumo do livro novo de ética e cidadania

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O conceito de ética
Moral e ética são conceitos habitualmente empregados como sinônimos, ambos se referindo a um conjunto de normas e condutas obrigatórias.
A partir dos textos de filósofos como Platão e Aristóteles, é possível dizer que a ética (ou filosofia moral) inicia-se com Sócrates.
A ética pode ser vista como o conjunto de ideias que orientam a humanidade na busca de uma convivência satisfatória, um conjunto de normas e princípios a partir dos quais os seres humanos procuram elaborar distinções entre o bem e o mal, o certo e o errado, para que haja uma melhor convivência em sociedade.
A ética regulamenta as ações do convívio humano e também configura-se como um conjunto de conhecimentos e teorias, expressos em princípios e normas, de que serve a vontade humana para bem conduzir as suas ações.
Ética se firma em três grandes princípios da vida moral:
Por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta virtuosa.
A virtude é uma força interior do caráter, que consiste na consciência do bem e na conduta definida pela vontade guiada pela razão, uma vez que cabe a esta última o controle sobre instintos e impulsos irracionais descontrolados que existem na natureza de todo ser humano.
A conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está em seu poder realizar, referindo-se, portanto, ao que é possível e desejável para um ser humano.
A ética, portanto, consiste numa forma de postura e num modo de ser, à natureza humana. Trata-se de uma maneira de lidar com as diversas situações da vida e os modos como estabelecemos relações com outras pessoas.
A ética é parte da filosofia que estuda a moral, refletindo e empreendendo questionamentos sobre as regras morais.
O conceito de moral
A palavra moral é proveniente do termo em latim Morales, que significa “relativo aos costumes”, aquilo que se consolidou como sendo verdadeiro, do ponto de vista da ação. 
A moral pode ser concebida como um conjunto de regras aplicadas no cotidiano e que são utilizadas como elementos norteadores dos julgamentos sobre o que é certo ou errado, moral ou imoral, bem como as suas ações. 
A moral é, ainda, construída mediante os valores previamente estabelecidos pela própria sociedade e os comportamentos aceitos e passíveis de serem questionados pela ética.
A vida coletiva só se tornou possível porque o ser humano passou a estabelecer normas de convívio. 
Quando falamos de moral, ela não se refere apenas a um conjunto de normas impostas aos seres humanos, mas também à livre adesão a elas, motivo pelo qual um ato só pode ser considerado moral se passar pela aceitação da norma, ou seja, aquele que é aceito por livre vontade, e não por uma imposição mediante ameaças.
Moral é uma palavra da origem latina que provém do termo “costume”.
Trata-se de um conjunto de crenças, costumes, valores e normas que uma pessoa ou grupo social utiliza como parâmetro para o seu agir. A moral pretende, dessa forma, orientar as ações que se estabelecem, sendo elas positivas ou negativas.
Por sua forma de apresentação, a moral se mostra de maneira plural variando tanto para cultura e estilos estabelecidos pela sociedade. A moral se caracteriza na prática e no cotidiano do indivíduo nas relações de valores. 
Para o senso comum, falar de moral significa falar de proibições e obrigações formais (BARROCO, 2010, p.71).
A partir dos primeiros grupos sociais existentes, a consciência moral atribuiu a dualidade entre o bem e mal, o certo e o errado nas relações estabelecidas. 
Sendo assim, a moral sempre esteve presente e inserida na vida em sociedade. Trata-se de um conjunto de valores construídos socialmente de acordo com a cultura de cada localidade, estado, país.
Ética refere-se ao campo da filosofia que investiga os comportamentos dos seres humanos, em diversas situações cotidianas, enquanto a moral diz respeito aos valores, aos julgamentos, isto é, o campo prático das ações humanas.
A ética tem como objeto de estudo a própria moral.
Tanto a ética implica a moral – enquanto “matéria-prima” de suas reflexões e sem a qual não existiria – quanto a moral implica a ética para se repensar, desenhando-se, desse modo, uma importante relação de circularidade e complementaridade.
Não se pode tratar ética e moral como antônimos.
Diferenças entre ética e moral?
Toda ética contém uma moral, pois cabe justamente à moral regrar a vida em sociedade;
Três virtudes morais: justiça, generosidade e honra. 
A justiça, a mais racional de todas as virtudes, segundo Piaget. Um dos elementos que a inspira é o princípio de igualdade. A segunda virtude diz respeito à generosidade. Essa virtude consiste no fato de se dar ao outro o que lhe falta, sendo que essa falta não corresponde a um direito. A honra decorre do autorrespeito, é o valor moral que a pessoa tem aos próprios olhos e a exigência que faz ao outro para que esse valor seja reconhecido e respeitado.
Cada sociedade, em diferentes épocas de sua história, define os valores positivos e negativos, os atos permitidos ou proibidos para seus membros. Ser ético e livre será, portanto, estar de acordo com as regras morais de nossa sociedade, interiorizando-as (CHAUÍ, 2000).
Moral e sociedade
O homem, enquanto ser social constituído na história, apresenta em sua própria existência a dependência de viver de forma social. Tudo se torna social. 
E o trabalho, enquanto natureza humana acaba por ser o fundamento da ontologia do mundo dos homens. 
O trabalho, no seu sentido ontológico, é uma atividade essencialmente humana.
A natureza humana organiza o trabalho para atender às necessidades materiais e sociais sendo produto da história.
O trabalho é o que primeiro possibilita a distinção dos homens dos demais animais e enquanto categoria gerada pelo mundo dos homens, rompe com a categoria natural, exigindo instrumentos, habilidades e conhecimento para a sofisticação das necessidades.
Desde a existência da convivência em grupos, existe a moral. 
A moral é fruto da história, pois para haver a vida em sociedade e a organização social, são necessárias regras de convivência. 
E ela pode ser entendida de forma plural, pois delibera sobre escolhas em nível mais pessoal e está vinculada à vida cotidiana, a respostas imediatas, sempre com validade temporal.
A consciência é conhecida como a ciência que se faz, do que se projeta, do conhecimento do que se vai realizar. Já a liberdade pode ser entendida como a habilidade para escolher o necessário para ser livre e possuir alternativas para o seu exercício. Todas essas ações são desenvolvidas a partir do trabalho.
A consciência moral conhece as diferenças e também avalia sua própria capacidade de julgar as condutas e de agir em consonância com valores morais.
Ética e responsabilidade moral
Responsabilidade quer dizer que uma pessoa deve ser capaz de prestar contas por suas ações e pelas consequências que delas decorrem. Sendo assim, só pode responder por suas ações o indivíduo capaz de possuir a liberdade de escolha. Para que se possa falar em responsabilidade moral é necessário que se entenda o livre arbítrio.
A responsabilidade é o que nos faz sujeitos e objetos da ética, do direito ou das ideologias. 
Como parte integrante da ética, a responsabilidade moral tem como objeto as ações que possam, a qualquer modo, causar danos ou ofensas a outros.
Responsabilidade moral é um segmento das obrigações éticas, circunscrito pela interseção das esferas que o separam, em um plano o direito e em outro plano a responsabilidade privada. Ser moralmente responsável é cuidar para que as relações não sejam negativas. Isso compreende cada ser humano e a humanidade como um todo.
A responsabilidade moral esgota-se na prevenção dos males que possam causar e na reparação daqueles que vieram a causar, sem ter a intenção de fazê-lo.
É preciso verificar as condições concretas nas quais a responsabilidade moral seja determinante. Logo, se existe a possibilidade de opção e de decisão necessárias para transferira responsabilidade moral, os indivíduos serão responsáveis pelas suas ações na sua concretude.
Ser cidadão
Na Grécia Antiga, a democracia exigia uma participação ativa daqueles que eram considerados cidadãos, em tudo aquilo que tangia a administração pública e a manutenção do Estado;
Segundo Aristóteles, ser cidadão é se reconhecer enquanto parte de um grande conjunto de pessoas que possuem vontades, desejos e ambições diferenciadas, mas que são unidos pela busca pela felicidade. 
Compreender que a administração pública deve prover os meios para que a felicidade geral seja atingida, e não a de um pequeno grupo, isto é, buscar beneficiar a todos e não apenas uma pequena parte, é essencial.
Ser cidadão consiste em agir em prol daquilo que proverá um maior bem a todos, mesmo que diretamente você não seja atingido. 
Deve-se estar consciente de que, indiretamente, toda decisão em prol do bem alheio também lhe proverá uma melhor condição de vida.
Em um sentido teórico, ser cidadão demanda responsabilidade para com o próximo, reconhecimento de pertencimento e confiança em seus governantes. Em contrapartida, o governo deve manter um canal de comunicação constante com seus cidadãos e, acima de tudo, deve ser ético em seu compromisso de prover o bem comum.
A desigualdade social
A sociedade é fruto de um sacrifício voluntário consequente do despertar da necessidade por segurança, visto que, em um estado natural, todo indivíduo é visto como uma ameaça em potencial, não havendo limites para o desejo de matar, roubar ou, até mesmo, violentar (HOBBES, 2014).
A desigualdade social se daria, portanto, por meio da relação de poder entre os donos dos bens (que antes eram públicos) e aqueles que passaram a ter de se sujeitar à obediência de acessar apenas aquilo que lhes fosse permitido acessa (ROUSSEAU, 2014).
A primeira perspectiva trata a organização social como um meio para preservar a vida, pois entende o estado de natureza humana, isto é, um estado natural de vivência desregrada, como um ambiente onde o caos imperaria.
a necessidade de regrar a vida e de distinguir as pessoas em dois grupos distintos se torna essencial: aqueles que serão os guardiões das leis e terão o poder de fazer com que todos sigam o mesmo conjunto de regras, inclusive fazendo o uso de punição para atingir tal fim; e aqueles que seguirão obedecendo e freando seus instintos por vingança e domínio.
A sociedade é fruto de um sacrifício voluntário consequente do despertar da necessidade por segurança, visto que, em um estado natural, todo indivíduo é visto como uma ameaça em potencial, não havendo limites para o desejo de matar, roubar ou, até mesmo, violentar (HOBBES, 2014).
O estado de natureza é um estado de caos e a sociedade instituiria limites para os impulsos selvagens inerentes a cada um de nós. 
A desigualdade seria uma consequência necessária, pois alguém teria de organizar a sociedade, privando a liberdade incondicional em prol do bem-estar geral. 
Portanto, a figura do soberano pressupõe uma sociedade desigual.
A segunda perspectiva entende a sociedade como aquela que institui a distinção de classes a fim de alimentar a ambição de poder de uns sobre os outros, pois pressupõe o estado de natureza humana como um espaço onde os indivíduos viveriam em uma espécie de equilíbrio, obtendo do ambiente apenas aquilo que lhe é essencial.
Desse modo, não haveria necessidade de conflito, já que sempre teria o suficiente para todos, de moradia a alimento. Esse posicionamento remete a perspectivas de Jean-Jacques Rousseau.
A desigualdade social se daria, portanto, por meio da relação de poder entre os donos dos bens (que antes eram públicos) e aqueles que passaram a ter de se sujeitar à obediência de acessar apenas aquilo que lhes fosse permitido acessar.
Na prática, ocorre a exploração e a sujeição de uns ao poder de outros como consequência, tanto na perspectiva de Hobbes quanto na de Rousseau, pois, independente da teoria, existe um movimento de preservação de uma estrutura de poder e a manutenção de uma massa orientada à obediência.
Diferenciação e preconceito
A desigualdade social decorre de um direito auto atribuído, que define benefícios exclusivos a um determinado grupo em detrimento a outros. 
Essa desigualdade, muitas vezes, é oriunda de um sentimento de superioridade em relação ao próximo, o que, por consequência, institui a depreciação das qualidades alheias. 
Diferentemente do que se possa pensar, a desigualdade não tem uma raiz comum, ela pode ser originária de diferenciações econômicas, partidárias, religiosas, culturais, étnicas, sexuais ou de outros motivos quaisquer.
A diferenciação que origina a desigualdade pressupõe uma relação de valorização das qualidades de um determinado grupo e a condenação das qualidades de outros grupos;
 Para John Rawls (2014), a sociedade se alimenta da desigualdade social, justificando a ascensão econômica de determinados grupos a partir de fundamentações morais preconceituosas, como sou rico porque minha família é trabalhadora ou sou rico porque Deus quis.
Conforme Rawls (2014), essa desigualdade econômica, ainda que justificada pelo mercado promove um grande desconforto, podendo causar o surgimento de meios alternativos (e ilegais), que propiciam a obtenção dos bens desejados;
Conceito de razão moral objetiva
Atualmente, o conceito de moral objetiva está vinculado a autores como Willian Lane Craig (2011) que articulam a discussão sobre moralidade ao debate a respeito da existência de Deus. De acordo com tal compreensão, os valores de “certo” e “errado” estariam definidos para além das vontades particulares dos indivíduos.
Dentre os argumentos para sustentar a tese de que a moral é objetiva, costuma-se utilizar:
A noção histórica de que fatos como os ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial, como, por exemplo, o holocausto, são imorais objetivamente, isto é, independentes dos resultados que levaram à queda do regime nazista.
A afirmação de que a noção contrária, isto é, de que a moral seria o resultado da construção subjetiva e intersubjetiva, não é capaz de sustentar a obrigatoriedade da ação moral, o que tornaria permissível qualquer tipo de comportamento em particular.
Na ausência de Deus e, por conseguinte, na ausência de leis morais objetivas, nada seria “bom” ou “mau”, pois tudo dependeria da perspectiva definida pelo próprio observador de acordo com seu ponto de vista em particular.
A noção de moral objetiva esteve presente na discussão filosófica bem antes do advento da era cristã. Platão já discutia o problema da dicotomia entre o plano objetivo e subjetivo na medida em que investigava a natureza do conhecimento. 
Para o filósofo grego, assim como para muitos outros que se seguiram, a verdade é aletheia, isto é, desvelamento das ilusões e apresentação da essência real das coisas, de modo objetivo. Em contrapartida, denunciava o plano subjetivo das opiniões, doxa, enquanto fonte de enganos e trapaças.
A razão moral objetiva em Platão pode ser entendida como pertencente à dimensão das leis teóricas que se legitimam dada sua condição de verdade.
Kant (2015), em sua obra Fundamentação da metafísica dos costumes, afirmava que os imperativos, isto é, as obrigações a serem seguidas, podem ser definidas em duas categorias distintas:
Imperativos hipotéticos: ações movidas por interesses que são exteriores aos indivíduos, e por isso, tem como princípio o desejo subjetivo, pessoal, na obtenção de alguma finalidade que produza o bem-estar ou felicidade. Temos como exemplos do cotidiano: cumprir com suas funções profissionais com o desejo de ser promovido na empresa; evitar o conflito ou a violência com o interesse de não ser castigado pelas autoridades.
Imperativos categóricos: ações movidas pela noção esclarecida de sua justificação universal. Assim, mesmo que determinada ação não atenda aos desejos pessoais do indivíduo que age, e produza eventualmente algum tipo de consequência indesejável, ainda é preferível por ter validade objetiva, isto é, para alémda subjetividade dos agentes em questão.
Distinção entre as razões morais objetivas e as relações concretas
Em termos modernos, encontramos em correntes como o empirismo e o materialismo histórico uma semelhante negação às razões morais objetivas, tendo por fundamento a premissa de que as fontes de todo conhecimento e de toda a legislação ética são concretas e dependes da experiência histórica.
No empirismo, de autores como John Locke e David Hume, a raiz de todo conhecimento é a experiência empírica, concreta, pela qual o indivíduo apreende informações do mundo real e transforma tais impulsos em pensamentos, inicialmente simples e posteriormente mais complexos. Assim, mesmo noções extremamente abstratas, como a concepção de um Deus, ou qualquer tipo de divindade transcendente, seriam produto de processos mentais a partir de elementos que foram capturados a princípio pela experiência concreta coma matéria.
De acordo com o materialismo histórico, de Karl Marx, as condições concretas que definem os modos de produção e consumo, o sistema econômico adotado e as constituições sociais e políticas desenvolvidos pela cultura ao longo do tempo, determinam também os valores que são legitimados enquanto ideologia dominante. 
Tais valores se tornam a base para as distinções morais que, segundo esta perspectiva, não teriam existência independente da dinâmica concreta, objetiva, mas seriam o produto mais sofisticado dos modos de vida que foram assumidos pela sociedade.
Friedrich Nietzsche (2007), filósofo alemão do século XIX, em sua obra Sobre a verdade e a mentira, afirma que a verdade, assim como os valores morais vinculados ao que se afirma enquanto verdadeiro, isto é, “certo” e “errado”, “justo” e “injusto”, “bem” e “mal”, foram desenvolvidos ao longo do tempo, a partir das relações concretas dos indivíduos.
As verdades são determinadas pelo discurso que se impôs como mais forte sobre os demais, seja ele um discurso político, ético ou científico.
No contexto plural da atualidade, é possível encontrar diferentes tipos de construção dessa tensão entre as razões morais objetivas e subjetivas.
Tendências à defesa do subjetivismo extremo, no qual a individualidade se tornou o bem mais precioso da espécie e os indivíduos estariam dispostos a assumir, de forma radical e absoluta, a fragmentação social dos valores convencionais, contrasta com a tendência inversa, em que grupos subjugam completamente os desejos e anseios dos integrantes em nome de certo ideal, político, social ou religioso.
Vivemos em um mundo de tensões e antagonismos. 
Assim como as tendências ao extremismo ideológico são encontradas facilmente (cada vez mais facilitado pelas novas tecnologias), também encontramos misturas curiosas que, de modos distintos, combinam as oposições e constroem modos de vida e concepções sobre a vida muito particulares. 
Conceitos como pluralidade e diversidade, se chocam e se combinam com outros como universalidade e unidade. No fundamento das discussões que envolvem, em última instância, a questão de direitos e deveres, está o problema da objetividade em relação à subjetividade.
Ética e política
A marca característica da ética na Antiguidade era a sua indissociabilidadeda política. Para Platão, a constituição da polis deve passar por governantes sábios, justos e virtuosos. Aristóteles, sendo discípulo de Platão, seguiu ideia do seu mestre.
Platão, em A república, no Livro II, afirma que o homem justo se assemelhará à cidade justa. É nessa concepção que Platão compara a ideia de justiça tanto para o indivíduo quanto para a sociedade, sendo harmônica essa relação. Essa relação compreende o estudo tanto da ética quanto da constituição da polis.
Essa relação entre ética e política estava ligada diretamente ao conceito de justiça. Tanto para Platão quanto Aristóteles, justiça (dikaiosýne) é também uma virtude (areté), uma vez que a justiça é tanto a ordem da comunidade dos cidadãos quanto a virtude individual de cada cidadão, indicando para eles o discernimento do que é justo e injusto.
À luz dessa filosofia de Platão e Aristóteles, é inconcebível pensar o projeto individualista do liberalismo moderno, uma vez que, para os gregos, a liberdade se situa, sobretudo, na esfera política.
Para os gregos, ética e política não poderiam ser dissociadas. Essa dicotomia surgiu com o liberalismo moderno, que acabou por romper os laços com a polis, uma vez que buscou fortalecer a dimensão do individualismo humano.
Em O príncipe, Maquiavel, não rejeita os princípios éticos, somente defende a autonomia da política em relação à ética, devendo o príncipe saber usar de artifícios estratégicos que contrastem, por exemplo, com a moral, se quiser manter o seu poder.
Ética na política brasileira frente à Lei da Ficha Limpa
Com todas as instituições em xeque, inclusive o judiciário, o sentimento de desesperança impera entre a população, que busca em políticos demagogos e até mesmo autoritários uma segurança que não consegue encontrar mais nem no judiciário, que sofre devido ao fenômeno de politização. 
Nesse momento de crise, não só política, mas das instituições, impõe-se a necessidade de reflexão a respeito de ética e política.
Universo político não pode ser reduzido simplesmente ao campo da ética ou da moral, uma vez que os valores políticos transcendem os valores éticos, já que a política é muito mais do que simplesmente o agir de forma proba, com caráter, pois a política liga as relações sociais.
Na política brasileira, há inúmeros escândalos de corrupção, que, por mais que pareçam surgir com determinado partido ou grupo político, sempre existiram no Brasil, o que mostra a necessidade de um exercício histórico-crítico.
Privataria tucana;
Mensalão;
Operação lava jato;
Movimento de combate à corrupção;
Associação brasileira de magistrados;
Procuradores e promotores eleitorais;
Central única dos trabalhadores (CUT);
Ordem dos advogados do brasil (OAB);
Diversas organizações não governamentais.
Lei Complementar nº. 135/2010 (BRASIL, 2010) trouxe foram:
Aumento no rol dos crimes;
Quando houver rejeição das contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas ou a ação do agente for dolosa, exige anulação ou suspensão da decisão pelo poder judiciário, não apenas o ajuizamento da ação judicial;
Inelegibilidade para os condenados por captação ilícita de sufrágio;
Previsão de inelegibilidade para os excluídos do exercício da profissão;
Aplicação de inelegibilidade aos condenados que simularam a cessação do vínculo conjugal ou da união estável para evitar a inelegibilidade em razão de parentesco;
Exclusão da incidência da lei que estabelece casos de inelegibilidade sobre os crimes culposos, os de menor potencial ofensivo, os de ação penal privada e a renúncia para fins de desincompatibilização;
Abolição da exigência do trânsito em julgado da decisão judicial para fins de inelegibilidade, bastando decisão proferida por órgão judicial colegiado;
Prioridade na tramitação dos processos que versarem sobre desvio ou sobre abuso do poder econômico ou do poder de autoridade;
Possibilidade de suspensão cautelar da inelegibilidade por decisão proferida do órgão colegiado competente;
Aumento do prazo das inelegibilidades para 8 anos.
Código de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal e da Câmara dos Deputados
Ética e política vêm estabelecendo um exame de comunhão na aplicação do debate político;
Os códigos de ética e decoro parlamentar nas diferentes casas legislativas, como resposta ao anseio popular de cada vez mais buscar uma política transparente e menos corrupta, no mesmo passo do surgimento do projeto de lei de iniciativa popular conhecido como lei da ficha limpa.
O decoro está inserido paralelamente à moral. 
O decoro é a decência, a honradez e a dignidade, enquanto norma de conduta social que deve orientar a atividade parlamentar. 
A quebra desse decoro pode ser punida com a perda do mandato de forma temporária ou definitiva.
Dentro do parlamento brasileiro, tanto a Câmara dos Deputadosquanto o Senado Federal têm as suas atividades regidas por um Código de Ética e Decoro Parlamentar próprio para cada Casa Legislativa, que dispõe sobre os deveres e os atos incompatíveis e atentatórios contra o decoro parlamentar, impondo penalidades e demais sanções.
Nas duas Casas Legislativas, há um Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que, entre outras atribuições:
busca observar os preceitos éticos;
preservar a dignidade parlamentar
responder consulta à mesa diretora, comissões parlamentares e deputados acerca de matérias de sua competência.
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar somente atua mediante provocação da mesa diretora das Casas Legislativas para instaurar processo disciplinar contra deputado ou senador que tenha agido de forma a violar o Código de Ética e Decoro Parlamentar. 
Os trabalhos dos Conselhos de Ética, tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado Federal, são regidos por regulamentos próprios e especificidades de cada casa legiferante.
O que é cidadania?
A palavra cidadania vem de civitas, que, do latim, refere-se ao indivíduo que habita a cidade. Assim, com o início da vida na cidade, em coletividade, surge a necessidade de os indivíduos exercerem seu papel de cidadãos — com direitos e deveres;
Na Grécia Antiga, o conceito de cidadania resumia-se aos direitos políticos, e, ainda assim, nem todos eram considerados cidadãos;
Na Roma Antiga, o conceito de cidadania está ligado à classe social à qual o indivíduo pertencia. Havia três classes sociais: os patrícios, descendentes dos fundadores; os plebeus, descendentes dos estrangeiros; e os escravos, prisioneiros das diversas guerras e, também, aqueles que não pagavam seus débitos.
Exercer a cidadania significa viver em constante luta por melhorias na qualidade de vida — individuais e coletivas —, em busca de liberdade, dignidade e igualdade. 
Rousseau, Montesquieu, Diderot e Voltaire, já defendiam essa ideia de cidadania, onde existiria um governo democrático e ampla participação popular, findando os privilégios de classe e inaugurando os ideais de liberdade e igualdade como direitos fundamentais dos homens (Manzini-Covre, 2010).
É a prática do indivíduo em exercer seus direitos e deveres, no âmbito de uma sociedade do Estado. 
Não se restringe somente ao ato de votar e ser votado, como pensado por muitos, mas envolve viver em sociedade, cumprir seus deveres e ter seus direitos garantidos, por meio da justiça social (PEREIRA, 2011).
A cidadania, pois, deve garantir a plena emancipação dos indivíduos que, por meio de seus deveres com a sociedade, têm seus direitos inerentes à vida— como saúde, assistência social, educação, moradia, renda, alimentação, entre outros, garantidos pelas políticas sociais.
A cidadania brasileira, nesse sentido, permanece em uma constante construção, num movimento de ampliação e encolhimento das políticas sociais, à medida que, em muitos momentos históricos, inclusive atualmente, muitos indivíduos não têm o direito de ter suas necessidades básicas garantidas ou, nem mesmo, o mínimo necessário para sua subsistência e da família (PEREIRA, 2011).
É por meio do exercício de cidadania, assumindo o papel de cidadãos, que se dará a ampliação dos direitos mediante políticas sociais. As ações coletivas, nesse sentido, são mais eficazes do que as individuais, e o que é conquistado por meio do coletivo fortalece a cidadania de todos.
O desenvolvimento das políticas sociais a partir da concepção de cidadania
Desenvolvimento das políticas sociais está diretamente relacionado à concepção de cidadania, com cidadãos portadores de direitos e deveres.
A conquista da cidadania perpassa a efetivação dos direitos sociais, políticos e civis, dentro de uma perspectiva de universalização dos direitos, por meio das políticas sociais.
A partir do momento em que os indivíduos reconheceram-se como cidadãos pertencentes a um grupo social e ansiando pela sua condição de cidadania, passaram a enfrentar, sobretudo em coletivo, a forma de organização e produção da sociedade, sendo que os padrões de proteção social e as políticas sociais são as respostas para esses enfrentamentos.
As condições de trabalho e vida dos cidadãos têm forte relação com o surgimento das primeiras iniciativas de proteção social e políticas sociais, já que estas têm correlação direta com a luta de classes, ou seja, relação capitalismo versus trabalhador.
É importante ressaltar algumas das políticas sociais que marcam o período, por ordem cronológica, quase sempre em resposta às lutas coletivas pelos direitos sociais. São elas:
1923 – Lei Eloy Chaves, que cria as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP), para os trabalhadores ferroviários
1933 – Criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs)
1942 – Criação da Legião Brasileira de Assistência (LBA), destinada ao atendimento de pessoas pobres, com apoio à maternidade e infância
1943 – Promulgação das Consolidações das Leis Trabalhistas (CLT)
1960 – Aprovação da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS)
1966 – Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)
1988 – Promulgação da Constituição Federal do Brasil, a chamada Constituição Cidadã
Efetivação das políticas sociais: garantia de cidadania
A noção de cidadania permeia a garantia de direitos políticos, civis e sociais.
Não é à toa que a Constituição Federal de 1988 foi chamada de Constituição Cidadã, já que foi um marco nos direitos políticos, civis e sociais dos cidadãos brasileiros, após duas décadas de Ditadura Militar e muita repressão. Com ela, a concepção de cidadania e as políticas sociais, ao menos na lei, foram ampliadas.
É justamente por meio das políticas sociais que nos aproximamos do princípio de igualdade, dignidade e cidadania, tendo em vista que podemos, a partir da garantia de nossos direitos, viver com dignidade e nossas necessidades básicas garantidas.
A Constituição Federal de 1988 inaugurou o que chamamos de Seguridade Social Brasileira, formada pelo tripé: “saúde, assistência social e Previdência Social.
As políticas sociais governamentais são entendidas como um movimento [...] resultante do confronto de interesses contraditórios e também enquanto mecanismos de enfrentamento da questão social, resultantes do agravamento da crise socioeconômica, das desigualdades sociais, da concentração de renda e da pauperização da população (SOUZA et al., 2013).
Cabe ao Estado garantir a proteção social como política pública de cidadania e de direitos, excluindo as formas de políticas sociais focalizadas e assistencialistas, que somente reafirmam e mantêm a condição de desigualdade entre os cidadãos.
Ética nas relações internacionais
Morgenthau (2003), que afirma que a política externa é uma atividade profundamente marcada pelo significado da moral.
A ética, na perspectiva política e filosófica, continua sendo um grande desafio na contemporaneidade, principalmente quando o assunto se relaciona às discussões acerca do estrangeiro, do imigrante e da hospitalidade que deveria ocorrer na chegada e permanência desses indivíduos em um novo local.
A ética influencia a política internacional nos seguintes aspectos: 
a) formulação de objetivos ao longo prazo, bem como a seleção das políticas para alcançá-los; 
b) imagem que os formuladores de políticas têm de si próprios;
c) catalisador para a ação ou aumento da militância em termos de ação; 
d) freio para as ações.
Uma ética das relações internacionais seria uma ética singular, como a ética profissional, ao passo que o tratamento dado pela fórmula ética e relações internacionais conduz diretamente às oposições entre consciência (Seja individual ou universal) e razão de estado, idealismo e realismo, ética da convicção e ética da responsabilidade, política em Kant e em Maquiavel.
Responsabilidade pertence ao formulador de política, o que traz à mente o problema do consenso moral, que foi levantado por Morgenthau (2003). Um ponto que precisa ser levantado é o que diz respeito às dimensões da reflexão acerca da ética nas relaçõesinternacionais, são elas (HASSNER, 2004):
Sujeitos coletivos, ou seja, a própria ideia de relações internacionais;
Fins pretendidos;
Meios utilizados para o atingimento desses fins;
Estrutura dos meios, a partir das relações entre indivíduos, coletividades particulares (estados) e humanidade.
Conceito de estrangeiro e de hospitalidade
Estrangeiro é uma categoria considerada genérica, pois frequentemente é recebida com reticências por quem é assim classificado, pois ignoram-se as multiplicidades, diversidades e singularidades de cada um. Não temos como dizer que existe um estrangeiro absoluto, pois a própria palavra, em sua etimologia, tem várias acepções como:
Refugiados, exilados, turistas, professores, profissionais, estudantes, nômades modernos, imigrantes voluntários, cônjuges portadores de culturas diferentes (FREITAS; DANTAS, 2011).
O exilado é aquela pessoa que foi obrigada a deixar seu país de origem para salvar a própria vida, de sua família, ou ainda fugir da prisão e, nesse caso, sem possibilidade de retornar. 
A imposição para que se mude de lugar é uma condição formal, onde não existe negociação. Em Conte (2015), podemos verificar que o exílio é uma forma de aniquilação psíquica que é ligada ao desaparecimento de todos os laços de filiação social, nacional e cultural que sustentam a identidade da pessoa.
O imigrante é aquela pessoa que escolheu viver fora de seu país natal, sem nenhum tipo de impedimento para o seu retorno. 
As razões para tal escolha podem ser inúmeras, como, por exemplo, o desejo de aventura, a busca de uma vida financeira mais estável, aprender uma nova língua e até mesmo a vontade de construir uma vida melhor. 
A migração é diferente dos intercâmbios econômicos e aparece cada vez mais como um fator desagregador e problemático nas sociedades ditas modernas, pois traz à tona contradições do capitalismo globalizado.
O expatriado é o estrangeiro que chega ao local que será seu destino com um contrato de trabalho em mãos, para trabalhar na unidade da empresa à qual está ligado. 
O fato de o expatriado ter uma data limite para cumprir fora do seu país, minimiza reações negativas, pois geralmente os profissionais de grandes empresas sabem que existem muitas razões pelas quais as organizações optam por uma expatriação, sendo as mais comuns a complementaridade de conhecimentos na equipe para a execução de projetos importantes, para a gestão da inovação e o controle e reforço da cultura organizacional. 
O expatriado é o tipo de estrangeiro que transita com maior facilidade do que outros, pois usa presença não é tida como uma invasão e sim como uma parceria necessária.
“A hospitalidade é sinal de civilização e de humanidade. É uma maneira de viver em conjunto, por meio de regras, ritos e leis” (MONTANDON, 2004).
A ética da hospitalidade é um tema relevante nos dias atuais, visto que há uma demanda iminente por soluções que são relacionadas a mobilidade global, que vem se intensificando devido aos movimentos migratórios não organizados, que são consequentes de conflitos étnicos, religiosos, econômicos, dentre outros.
Para Hass (2016), a hospitalidade é a saída possível e necessária para a problemática da situação dos refugiados, pois além de situá-lo no âmbito dos direitos fundamentais para quem se vê obrigado a deixar sua terra para sobreviver, ela está inserida na identidade cristã como valor inquestionável.
O conceito de trabalho
Em termos etimológicos, a palavra “trabalho” tem sua origem no latim, tripalium, caracterizado por um instrumento feito com três estacas de madeira cuja finalidade era torturar escravos (SANTOS, 2016). 
Historicamente, o trabalho já foi considerado algo depreciável. 
Entre os gregos da antiguidade clássica, o ócio criativo era digno apenas aos homens livres, e somente estes homens é que estariam aptos a desenvolverem erudição e assumirem atividades na vida pública. 
Durante muito tempo, considerou-se que a escravidão era o modo mais adequado na relação laboral (SCOTTÁ, 2012).
O mundo do trabalho ainda se encontra em um processo contínuo de transformação. 
O advento do capitalismo e as profundas transformações acarretadas pelas revoluções industriais consistem num grande ponto n transformação da lógica do trabalho. 
Ocorreram mudanças no modo de viver, destruição de antigos costumes e profissões, a formação da classe trabalhadora e novas rotinas nas fábricas, que alteraram o quadro do trabalho que antes era dominado pelas atividades do campo (SCOTTÁ, 2012).
A importância do trabalho na sociedade
O trabalho é uma necessidade natural de todo ser humano. 
Diferentemente de outros animais que se adaptam à natureza, ao meio ambiente, o ser humano atua de modo ativo, obtendo e desenvolvendo bens materiais necessários à sua sobrevivência. 
Trabalhar é uma atividade humana, é consciente, possui objetivos determinados, como, por exemplo: 
suprir a moradia, alimentação, proteção, como também necessidades psíquicas e culturais, como a arte, a educação, o lazer, etc. Em suma, o trabalho é a ação que necessita de capacidades físicas e mentais direcionadas a satisfazer as necessidades humanas (SANTOS, 2016).
Ética social
O convívio social é permeado por regras, princípios e noções que fundamentam a vida moral. 
O papel da ética é fazer a reflexão sobre esses princípios e noções. Existem diversas concepções de ética que variam de acordo com a ideia de ser humano com que se trabalha, desde a noção religiosa até o pragmatismo mais radical. 
Aristóteles (384-322 a.C.) considerava a felicidade a finalidade da vida e a consequência do único atributo humano, a razão.
Epicurismo, doutrina idealizada por Epicuro (341-270 a.C.), por sua vez, identificava como sumo bem o prazer, principalmente o prazer intelectual, e – tal como os adeptos do estoicismo, escola fundada por Zenão de Cítio (340-264 a.C.) – preconizava uma vida dedicada à contemplação.
No fim da Idade Média, São Tomás de Aquino (1225-1274) viria a fundamentar na lógica aristotélica os conceitos agostinianos de pecado original e da redenção por meio da graça divina.
Para Baruch Spinoza (1632-1677), a razão humana é o critério para uma conduta correta, e apenas as necessidades e interesses do homem determinam o que pode ser considerado bom e mau, o bem e o mal.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), por sua vez, em seu Contrato Social (1762), atribuía o mal ético aos desajustamentos sociais e afirmava que os seres humanos eram bons por natureza.
Uma das maiores contribuições à ética foi a de Emmanuel Kant (1724-1804), em fins do século XVIII. Segundo ele, a moralidade de um ato não deve ser julgada por suas consequências, apenas por sua motivação ética.
As teses do utilitarismo, formuladas por Jeremy Bentham (1748-1832), sugerem o princípio da utilidade como meio de contribuir para aumentar a felicidade da comunidade.
Já para Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), a história do mundo consiste em “disciplinar a vontade natural descontrolada, levá-la a obedecer a um princípio universal e facilitar uma liberdade subjetiva”.
Seis princípios da ética social
Dignidade da pessoa humana; 
Direito de propriedade;
Primazia do trabalho;
Primazia do bem comum;
Solidariedade;
Subsidiariedade;
Ética profissional
A ética profissional diz respeito tanto ao comportamento do indivíduo em um ambiente de trabalho quanto à atuação de empresas e organizações. 
Para o indivíduo, é a observância dos comportamentos adequados ao convívio com colegas, chefias e clientes e dos compromissos assumidos com o trabalho.
Para as empresas e organizações, é pautar sua atuação sempre pensando em algo melhor para a sociedade, pelo uso de boas práticas, como transparência, respeito às diversidades, respeito às leis, entre outras. Um conceito amplamente utilizado atualmente é o da sustentabilidade. Empresas e organizações procuram hoje o título de “sustentáveis”. 
Para tanto, precisam demonstrar suas práticas corretas em três esferas: ambiental, econômica e social.
Códigos de ética
O profissionaldeve seguir tanto os padrões éticos da sociedade quanto as normas e regimentos internos das organizações. 
A ética profissional proporciona ao profissional um exercício diário e prazeroso de honestidade, comprometimento, confiabilidade, entre tantos outros, que conduzem o seu comportamento e tomada de decisões em suas atividades
Esses Códigos de ética criados pelos Conselhos existem para padronizar procedimentos operacionais e condutas de comportamento, garantindo a segurança dos profissionais e dos usuários de cada serviço. Eles estabelecem princípios ético-morais de determinada profissão e preveem penas disciplinares aos trabalhadores que não obedecerem aos procedimentos e normas de sua área, protegendo a sociedade de injustiças e desrespeito em qualquer esfera. 
Virtudes da ética profissional
Comprometimento;
Responsabilidade;
Integridade;
Ética política
A ética política se distingue pelo modo como as decisões tomadas afetam um grande número de pessoas. Não se trata mais de pensar “o que devo fazer?” ou refletir sobre o conceito de “bem”, mas de atuar de forma pragmática nos assuntos da coletividade.
Para os antigos gregos, os dois termos nunca eram tratados separadamente. O lugar da ética era a discussão política (do grego polis, que significa “cidade”). 
Toda atuação social do indivíduo era política.
Probidade Administrativa: É a retidão das ações administrativas. Agir de forma reta e honesta não somente de acordo com as normas, mas também de acordo com a ética (código de ética do servidor), dentro dos princípios de moralidade.
Decoro: Acatamento das normas morais: dignidade, honradez, pundonor.
Valores Democráticos: De maneira simplificada, podemos dizer que a democracia se sustenta em três princípios: 
Princípio da Maioria; 
Princípio da Igualdade; 
Princípio da Liberdade;
As questões éticas e as etnias
A discriminação em relação aos grupos étnicos ocorre muitas vezes de forma velada e é tida como preconceito racial, que tem suas bases no comportamento fundamentado no juízo de valores, que é socialmente construído por cada grupo étnico. 
Essas desigualdades ficam mais evidentes quando conseguimos perceber que grupos que são considerados superiores, conseguem alguns privilégios, se comparados a outros grupos considerados inferiores. O racismo no Brasil, enquanto construção social e histórica é repleto de discriminação e preconceito, o que vem acarretando prejuízo a uma significativa parcela da população de diferentes etnias, independente da camada social que ocupam.
Tal conceito não está fundamentado nas questões biológicas, mas traz consigo um sentido sociológico, que está relacionado a uma determinada identidade cultural, que vem marcado por questões físicas e que está fortemente associado a valores morais, culturais e intelectuais (CUNHA; SANTOS, 2014).
Já o conceito de etnia relaciona-se aos indivíduos que compartilham uma herança social e cultural, que é transmitida de uma geração para a outra. Nesse sentido, etnia se refere aos aspectos culturais e carrega um sentido político de afirmação da diferença cultural enquanto valorização humana. 
Sujeitos que podem ser relacionados a grupos raciais distintos, podem ser alocados num mesmo grupo étnico, pois, além das características físicas, existe um resgate do pertencimento e de um passado comum (SANTOS et al., 2010).
Diante de tal panorama, devemos nos perguntar, quando construiremos uma sociedade que respeite as diferenças e peculiaridades dos diversos grupos étnicos. 
Estamos vivendo uma situação social complexa, onde percebemos a falta de muitas coisas, como, por exemplo, a ética que está ausente das pautas políticas, a compra de votos; culturais, o jeitinho brasileiro para resolver as situações, e sociais. Estamos vivendo um período de vazio ético.
Pluralidade étnica
O Brasil, como sabemos, é um país que apresenta uma grande diversidade étnica. De forma geral, podemos dizer que a composição étnica do Brasil é basicamente formada por três grupos étnicos principais:
indígenas: já habitam o território brasileiro antes mesmo do descobrimento;
europeus: basicamente formado de portugueses, além de franceses, holandeses, italianos, espanhóis, entre outros;
africanos: os negros africanos foram trazidos para o Brasil e aqui escravizados.
A partir da mistura desses três grupos principais, deu-se a miscigenação do povo Brasileiro, que se define pela mistura das diversas etnias, que deu origem a novas populações que trazem consigo traços físicos e culturais, de suas matrizes.
A miscigenação entre brancos e negros deu origem aos povos que são chamados de mulatos. A mistura entre índios e brancos formou os mamelucos.
A miscigenação entre negros e índios deu origem aos cafuzos (RIBEIRO, 1995).
As etnias do mundo
Quando falamos em etnia, devemos lembrar também de quais grupos étnicos é formada a população mundial e não somente a população de um país ou região do globo terrestre. As principais etnias, de acordo com Nogueira (2015), presentes no mundo são:
branca ou caucasiana: compreende metade da população mundial e é composta por europeus, os semítico-camíticos (semitas) e os indo-irânicos (Oriente Médio);
amarela: compreende dois quintos da população mundial e é composta em sua maioria por asiáticos;
negros: compreende um décimo da população mundial. Geralmente são oriundos do Continente Africano.
Ética e sexualidade
identidade significa:
[...] o ponto de encontro, o ponto de sutura, entre, por um lado, os discursos e práticas que tentam nos “interpelar”, nos falar ou nos convocar para que assumamos nossos lugares como os sujeitos sociais de discursos particulares e, por outro lado, os processos que produzem subjetividades, que constroem como sujeitos aos quais se pode “falar”.
“[...] a identidade é uma construção social e cultural, e, portanto, mutável e que sua construção se dá por meio da diferença e não fora dela, ou seja, toda identidade tem necessidade daquilo que lhe falta” (HALL, 2011, p. 110).
A identidade e a diferença se traduzem, assim, em declarações sobre quem pertence e sobre quem não pertence, sobre quem está incluído e quem está excluído. Afirmar a identidade significa demarcar fronteiras, significa fazer distinções entre o que fica dentro e o que fica fora. A identidade está sempre ligada a uma forte separação entre “nós” e “eles” (SILVA, 2000, p. 82).
Para Judith Butler (2000, p. 111):
[...] a diferença sexual, entretanto, não é, nunca, simplesmente, uma função de diferenças materiais que não sejam, de alguma forma, simultaneamente marcadas e formadas por práticas discursivas. Além disso, afirmar que as diferenças sexuais são indissociáveis de uma demarcação discursiva não é a mesma coisa que afirmar que o discurso causa a diferença sexual.
Guacira Lopes Louro (2014, p. 45)
desenvolve o argumento de que:
[...] a princípio, as distinções biológicas, a diferença entre os gêneros serviram para explicar e justificar as mais variadas distinções entre mulheres e homens. Teorias foram construídas e utilizadas para “provar” distinções físicas, psíquicas, comportamentais; para indicar diferentes habilidades sociais, talentos ou aptidões; para justificar os lugares sociais, as possibilidades e os destinos “próprios” de cada gênero.
É interessante fazer um breve resgate histórico do movimento feminista para entendermos de que forma o gênero é compreendido:
[...] a primeira onda aglutina-se, fundamentalmente, em torno do movimento sufragista, com o qual se buscou estender o direito de votar às mulheres e este, no Brasil, começou, praticamente, com a Proclamação da República, em 1890, e acabou quando o direito ao voto foi estendido às mulheres brasileiras, na constituição de 1934, mais de quarenta anos depois.
A segunda onda do movimento feminista, nos países ocidentais, inscreve-se nos anos 60 e 70 do século XX, no contexto de intensos debates e questionamentos desencadeados pelos movimentos de contestação europeus que culminaram, na França, com as manifestações de maio de 1968. No Brasil,ela se associa, também, à eclosão de movimentos de oposição aos governos da ditadura militar e, depois, aos movimentos de redemocratização da sociedade brasileira, no início dos anos 80 (MEYER, 2013, p. 11).
É necessário demonstrar que não são propriamente as características sexuais, mas é a forma como essas características são representadas ou valorizadas, aquilo que se diz ou pensa sobre elas que vai construir, efetivamente, o que é feminino ou masculino em uma dada sociedade e em um dado momento histórico. Para que se compreenda o lugar e as relações de homens e mulheres numa sociedade importa observar não exatamente seus sexos, mas sim, tudo o que socialmente se construiu sobre os sexos. O debate vai se constituir, então, por meio de uma nova linguagem, na qual gênero será um conceito fundamental.
A pretensão é, então, entender o gênero como constituinte da identidade dos sujeitos (LOURO, 2014). 
Numa aproximação às formulações mais críticas dos Estudos Feministas e dos Estudos Culturais, compreendemos os sujeitos como tendo identidades plurais, múltiplas; identidades que se transformam, que não são fixas ou permanentes, que podem, até mesmo, ser contraditórias. Assim, o sentido de pertencimento a diferentes grupos – étnicos, sexuais, de classes, de gênero, etc. – constitui o sujeito e pode levá-lo a se perceber como se fosse empurrado em diferentes direções (LOURO, 2014, p. 24, grifo nosso).
Os problemas da ausência de ética na temática
da sexualidade
Os problemas relacionados a sexualidade, sempre existiram, seja em torno das instituições religiosas, de saúde, da família, estado entre outras instâncias. 
Discutir essas questões se torna fundamental, para que todos possam compreender a complexidade da temática e, a partir disso, mudar seus modos de pensar, agir, sentir. 
Conhecer todas as questões que envolvem a sexualidade nos faz seres mais completos, mais saudáveis, mais felizes e diante disso, com um número menor de casos de falta de ética nas questões que envolvem a sexualidade, seja aonde for.
Precisamos entender que a ética está inclusa em todas essas questões e que devemos nos pautar e primar por ela em todas as relações a quais estamos inseridos.
Qualquer ação humana que possa refletir sobre pessoas e seu ambiente deve, necessariamente, implicar no reconhecimento de valores e em uma avaliação de como estes poderão afetar os indivíduos e a sociedade como um todo.
Ética no mundo digital
A juventude nascida nas décadas de 1990/2000 já teve acesso à internet e nem questiona se o contato virtual ou presencial causa desconforto; para esses jovens, falar via skype ou pessoalmente tem o mesmo valor de comunicação.
Agora, tudo está quase que completamente mudado, vivemos em um mundo em que crianças de quatro/cinco anos já decidem quais produtos comercializados consumir pelo excessivo acesso às diversas mídias sociais, como tv, propagandas e publicações via internet. 
É uma realidade à que elas têm acesso mesmo sem critérios de compreensão por idade ou outra condição de exclusão, situação pouco explanada ou criticada nos grupos familiares. 
Todas essas mudanças ocorridas ao longo dos tempos pela humanidade foram sendo estudadas, debatidas e trazidas à luz do conhecimento por filósofos, pensadores e pessoas críticas do cotidiano.
Mas como saber o que é bom ou mau nesta sociedade em constante modificação?
A que valores, conceitos e princípios estamos sendo expostos todos os dias e como julgá-los procedentes para as nossas vidas?
Agora, vivemos o
[...] dinamismo da relação entre as partes, sistemas abertos, imprevisibilidade, não linearidade, auto-organização, adaptabilidade, criatividade, instabilidade, emergência, incerteza, conectividade e fluxo [...] (FERREIRA, 2011, p. 208).
redes sociais, um deles como:
[...] uma estrutura social composta por indivíduos, organizações, associações, empresas ou outras entidades sociais, designadas por atores, que estão conectadas por um ou vários tipos de relações que podem ser de amizade, familiares, comerciais, sexuais etc. (FERREIRA, 2011, p. 213).
melhoria nos processos tecnológicos potencializa e evidencia os relacionamentos, sobretudo nos locais em que há certa dificuldade de contato físico ou relação mais próxima, como espaços pouco habitados da terra ou aqueles de difícil acesso.
A questão ética nas redes sociais
As redes sociais presenciais têm sido muito utilizadas, o que fez com que surgissem alguns desvios; por isso, a legislação existente está tentando dar conta de normatizar as relações virtuais.
Esse novo universo, chamado também de ciberespaço, apresenta um mundo de novidades, em que todos somos parte, influenciadores e influenciados.
Toda essa dependência é fruto da modernização das ferramentas e, assim, da individualização das informações e dos conhecimentos, pois não dependemos mais de nossa família, comunidade escolar e demais pessoas para obtermos dados sobre qualquer assunto e em qualquer idioma.
A onda gigantesca de sucessivas conexões só aumentou e trouxe ainda mais individualidade, autonomia e facilidade aos usuários da rede digital.
Temos visto exemplos de quebra de privacidade, abuso de autoridade, mercantilismo e exposição dos públicos que acessam as redes de comunicação, o que faz com que uma nova dúvida abra espaço: a comunidade usuária tem se perguntado sobre a legitimidade das leis já existentes e se essas conseguem dar conta das demandas do meio virtual.
Chauí (2000) define que duas coisas são indispensáveis na vida ética:
consciência e responsabilidade. Para ela, ser um sujeito ético depende da capacidade de refletir e reconhecer o outro como um ser igual, em que seus desejos e impulsos não ultrapassam a sua individualidade, controlando e orientando sentimentos, alternativas de vida, escolhas e, assim, admitindo as consequências de suas atitudes, tomando as rédeas de sua conduta.
Legislação que ampara o usuário conectado na Web
A mais expressiva garantia da proteção da privacidade dos cidadãos foi construída na Declaração Universal dos Direitos das Nações Unidas, especialmente no artigo 19, que informa que:
[...] toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras [...] (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2009).
O brasileiro, nesse sentido, conta com a Constituição de 1988, artigo 5º, inciso X, que determina serem “[...] invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação [...]” (BRASIL, 1988);
Lei nº 12.737/2012, com o apelido de “Lei Carolina Dieckmann”, que modifica o Código Penal para tipificar como infrações uma série de condutas no ambiente digital, em especial o vazamento dos dados.
O acesso desigual à informação – desafios éticos
A grande conquista humana da contemporaneidade que é o acesso ao conhecimento e às informações via conexão formada pela rede mundial de computadores não é tão democrática nem liberada como alguns representantes mundiais querem fazer crer. 
O fato de algumas regiões do mundo ainda não proporcionarem aos seus habitantes o acesso traz à tona o fato de que as questões político-econômicas caminham juntas com as sociais, e isso reflete na desigualdade aos mecanismos de informação existentes nas comunidades mais ricas.
Pluralidade religiosa
A existência de uma variedade de religiões, nas diversas culturas e sociedades, traz o questionamento sobre quais são as implicações desse pluralismo na vida humana. Em outros termos, 
Pode-se dizer que uma religião é tão legítima quanto qualquer outra? 
Será que nenhuma delas pretende ser detentora da verdade? 
A diversidade religiosa prejudica a confiança que o indivíduo tem na sua própria religião ou crença?
Antes de abordar a influência da religião na formação dos valores éticos e humanistas, é necessário compreender o significadodo conceito de religião.
Segundo José Pereira Coutinho (2012), a palavra “religião” é derivada do latim religio, que pode significar religar, reler ou reeleger.
Através do pluralismo religioso, pode-se conceber que, em cada religião, existe um conjunto de símbolos, normas e doutrinas que impactam, de alguma maneira, a comunidade que compartilha de tal crença. Além disso, as religiões lançam elementos que podem compor a base dos valores éticos e morais dos indivíduos, uma vez que, propagam uma noção do que é o bem ou o mal, o certo e o errado.
No mundo contemporâneo, em que o pluralismo religioso é acentuado, é importante (re) pensar quais são as contribuições e as influências que a religião pode exercer na formação dos indivíduos. Neste contexto, conforme José de Vasconcellos (2012), conhecer melhor as outras realidades que se manifestam, tanto em nível cultural como também na questão religiosa, é sinônimo de abertura para o outro.
Uma abordagem inclusiva sobre a temática das
religiões
O âmbito escolar é um local bastante propício para a promoção de discussões e processos de ensino que repudiem atos discriminatórios e promovam discussões abertas sobre a importância do respeito à diversidade para o convívio em sociedade.
É necessário perceber que a força ética das religiões pode contribuir para a formação de uma cultura de paz e de tolerância entre os seres humanos.
Assim, o grande desafio para a educação no presente, marcado pela pluralidade religiosa, consiste em desenvolver o respeito pelo outro, em sua diferença e singularidade, sem a intenção de homogeneizar as culturas, mas sim, celebrar a diversidade cultural.
Ensino aconfessional – respeito e valorização
dos aspectos positivos das diversas religiões
De acordo com Débora Diniz e Vanessa Carrião (2010), existem três possibilidades de se pensar a oferta de ensino religioso:
Ensino confessional: o objetivo do ensino religioso é a promoção de uma ou mais confissões religiosas. O ensino religioso é clerical e, de preferência, ministrado por um representante de comunidades religiosas.
Ensino interconfessional: o objetivo do ensino religioso é a promoção de valores e práticas religiosas em um consenso sobreposto em torno de comunidades religiosas ou por professores sem filiação religiosa declarada.
Ensino sobre a história das religiões (aconfessional): o objetivo do ensino religioso é instruir sobre a história das religiões, assumindo a religião como um fenômeno sociológico das culturas. O ensino religioso é secular, devendo ser ministrado por professores de sociologia, filosofia ou história.
Os direitos humanos
Direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de sua raça, sexo, nacionalidade, etnia, linguagem, religião ou qualquer outro status. Direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, proteção contra a escravidão e a tortura, liberdade de expressão, direitos ao trabalho e à educação e muitos outros. Todos têm estes direitos, sem discriminação. (UNITED NATIONS, [2017]).
Como um dos resultados da Revolução Francesa, a Assembleia Nacional Constituinte elaborou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, no ano de 1789, que é considerado o primeiro documento a tratar expressamente dos direitos dos homens de modo a abranger toda a humanidade, sem quaisquer distinções.
Durante o século XX, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), com o propósito de promover o diálogo multicultural e a cultura da paz.
A declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada em 1948, é a primeira, de muitas outros que a seguiriam e, como alertam Santos e Chaui (2013), só conhece dois sujeitos: o indivíduo e o Estado. 
A ASSEMBLÉIA GERAL proclama A PRESENTE DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição (ONU, 1948).
Políticas públicas e transversalidade
As políticas públicas são compostas por programas, ações e práticas que visam a assegurar direitos básicos para todos os cidadãos. 
Atingem setores da cultura e da economia, assim como buscam preservar e angariar um estado de direitos mínimos necessários para preservar o bem-estar social. 
Voltadas ao sustento de uma qualidade de vida mínima para todo cidadão, as políticas públicas podem ter fomento público ou privado e estão embasadas no entendimento de que todo ser humano necessita de uma estrutura básica que atenda a suas necessidades emergenciais. 
A partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, muitos encontros entre países geraram uma carta de direitos pactuada mutuamente entre chefes de Estado, que, por sua vez, evoluíram o compromisso entre nações para legislações nacionais. São exemplos dessas declarações:
Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento (1986);
Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial (1969);
Convenção sobre os Direitos da Criança (1990);
Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (1981).
Transversalidade: “considerar os problemas mundiais a partir de uma perspectiva global e multidisciplinar”.
Educação;
Ética;
Políticas públicas;
Cotas raciais;
Desigualdades;
O cidadão e as políticas públicas
As políticas públicas têm como principal objetivo assegurar à população, através de leis, em prol do bem estar social, para tanto, ter uma clara compreensão das necessidades públicas, além de uma percepção esclarecida das nuances que compõe o conjunto de pessoas que compõe a sociedade é de extrema importância. 
Isso significa que, para pensar em políticas públicas que venham a beneficiar a sociedade, é importante pensar a sociedade em sua pluralidade, independente de grupos econômicos, étnicos, religiosos, partidários e qualquer outra estrutura segregacionista possível de existir.
Os direitos coletivos veem sendo incluídos paulatinamente nas convenções internacionais, porque furto lutas históricas de grupos sociais que não conseguiam se proteger através dos direitos humanos individuais.
Mulheres, povos indígenas, afrodescendentes e gays lutam há mais de 50 anos por direitos coletivos, em um processo de constante contestação, avanços e retrocessos.
Santos e Chaui (2013) distinguem entre dois tipos de direitos coletivos, os direitos primários e os derivados.
 Por direitos primários entende aqueles que independem de negociações para serem atribuídos, como no caso de autodeterminação étnica, já os derivados são aqueles em que, por exemplo, trabalhadores se organizam, elegem uma liderança que os representam nas negociações com empregadores. 
Neste último caso trata-se de direitos que podem ser exercidos individualmente, como no caso do brasileiro que se beneficia de um programa de cotas para o acesso ao ensino superior, ao passo que a autodeterminação só pode ser feita de modo coletivo.
A importância dos movimentos sociais
Uma sociedade é composta por um conjunto de pessoas que vivem regidas sob um mesmo conjunto de regras, normas e costumes. 
Essas regras nem sempre advêm da decisão pública nem, tampouco possuem o consentimento da população. 
Muitas vezes são oriundas de uma determinação imposta sobre o indivíduo, e isso irá variar de acordo com a política que rege cada sociedade e a maneira como a educação lida com a diversidade.
Tanto as normativas oficiais de conduta quanto as oriundas dos costumes acabam orientando a maneira como as pessoas irão lidar umas com as outras, o que pode gerar um grande desconforto para todos aqueles quenão se veem amparados pela sociedade e sua organização política ou que não compartilham da mesma opinião da maioria. 
Assim, os movimentos sociais surgem como elemento efetivo, capaz de promover uma mudança de perspectiva na ordem política oficial e no costume social estabelecido. 
Dando voz a grupos pouco ou não amparados pela organização social, os movimentos sociais surgem como um grito que clama e reivindica direitos, assegura garantias e ampara todos aqueles que se encontram à parte ou à margem de toda ordem estabelecida como oficial.
Para a sociedade brasileira, os movimentos sociais surgem como a ferramenta capaz de trazer aos órgãos oficiais as exigências de todos aqueles que se encontram à margem da sociedade, seja pelo desamparo legal ou por sofrer um preconceito já naturalizado pela sociedade.
Melhor condição de trabalho;
Melhorias salariais;
Direitos civis;
Respeito à diversidade de gênero;
Sexo;
Religião;
Etnia;
A importância da democracia
Em um aspecto positivo, a democracia atual abrange uma grande parcela da população, respeitando a diversidade de gênero, etnia, sexualidade e credo, considerando a participação de todos como algo relevante para o desenvolvimento da sociedade. 
Porém, em um aspecto negativo, a atuação popular passou a ser reservada à prática do voto, isto é, à prática da escolha de algo previamente apresentado enquanto proposta, estando a elaboração das propostas reservada aos políticos, considerados como legítimos representantes da população. 
A democracia atual depende da atuação popular para que os legítimos representantes da população venham a desenvolver projetos e leis que amparem as reivindicações dos muitos cidadãos.
Em relação a um estado democrático, é importante ressaltar que os movimentos sociais não representam apenas aqueles que se encontram oprimidos pelo sistema, mas caracteriza todo movimento em prol das reivindicações oriundas daqueles que não se veem amparados pela ordem política vigente, podendo ser, inclusive, contra algumas mudanças que venham a beneficiar a maioria – ou clamando pela manutenção de políticas segregadoras.
Os movimentos sociais no Brasil
Tendo sua maior representação no período do governo militar brasileiro, que ocorreu entre os anos 1964 e 1985, as manifestações populares trouxeram às ruas as reivindicações políticas que alavancaram o término de um longo período de política hegemônica e a instauração da democracia.
Os movimentos liberais, considerados representantes de uma política direitista e que visava, de maneira genérica, o bem-estar social pela redução das políticas de intervenção econômica por parte do Estado, o que permitiria que os trabalhadores e empregadores pudessem, teoricamente, prosperar economicamente pela livre negociação.
Os movimentos socialistas, considerados representantes de uma política esquerdista e que visavam, de maneira genérica, o bem-estar social pela atuação direta na política econômica do estado, a qual traria, teoricamente, direitos assegurados a todo trabalhador, impedindo a perpetuação da desigualdade, considerada inerente à relação entre empregador e empregado.
1. Os movimentos trabalhistas, que reivindicam melhores condições de serviço e salários, assim como busca pela conquista de uma maior quantidade de direitos referentes à atuação profissional nos inúmeros setores de atuação e são representados, em sua maioria, pelos sindicatos de cada setor profissional;
2. Os movimentos educacionais, que possuem duas grandes frentes de atuação: os professores e os estudantes. Ambas as frentes clamam por uma melhoria na qualidade do todo que compõe o setor da educação, o que inclui: melhores salários para os professores, melhor qualidade nas estruturas das instituições de educação e ensino, reformas no currículo escolar e direitos que assegurem uma boa qualidade de trabalho para os docentes e discentes;
3. Os movimentos civis, que possuem representantes que atuam em prol de reivindicações de gênero, étnicas e sexuais. Geralmente atuam em prol da legalização de leis contra o preconceito e atuam buscando transformar condutas indesejadas e naturalizadas como parte da práxis social.
Circunstâncias em que surge a Declaração
Universal dos Direitos Humanos
Após o término da Segunda Guerra Mundial (1945), os países se uniram com a meta de restabelecer a paz entre os povos. 
A Organização das Nações Unidas (ONU) passou a existir oficialmente no ano de 1945 com a ratificação da carta feita pelas nações vencedoras da guerra (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e a União Soviética).
Com o objetivo de restabelecer a paz e evitar uma nova guerra mundial, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi assinada em 10 de dezembro de 1948 por esses países. 
A carta enumera em 30 artigos os direitos humanos e as liberdades fundamentais que os homens e as mulheres têm e que devem ser respeitados.
Traçando o percurso dos direitos humanos
De acordo com Rabenhorst [19??], na sua origem, a palavra “direito” designa aquilo que é reto, justo, correto. sustenta Rabenhorst ([19??], p. 3), “[...] falar de direitos, portanto, é em primeiro lugar falar do desejo e da necessidade que possuímos de viver em um mundo justo [...]”.
Os direitos civis e políticos referem-se aos direitos individuais vinculados à liberdade, à igualdade, à propriedade, à segurança e à resistência às diversas formas de opressão. Direitos inerentes à individualidade, tidos como atributos naturais, inalienáveis e imprescritíveis, que, por serem de defesa e serem estabelecidos contra o Estado, têm especificidade de direitos “negativos” (WOLKMER, 2010, p. 15).
Com a efetivação desses direitos, o Estado passa à condição de garantidor, e a sociedade civil, à condição de sujeito ativo que reivindica a concretização de tais direitos.
A necessidade dessa intervenção do Estado no decorrer do período liberal, para assegurar direitos, principalmente no campo social, que o livre jogo do mercado não permitia, caracteriza uma nova fase, a histórica dos Estados desenvolvidos.
O mercado – principal sujeito da esfera econômica – ganhou espaço em vários campos, como político, cultural e social, atravessando as relações que desde a Modernidade estruturavam-se no Estado Democrático de Direito.
Agora, nesta terceira fase, a intervenção [do Estado] é cada vez menor, em função das economias dos Estados, que impossibilitam a manutenção de importantes programas sociais, passando a optar pela privatização de serviços não essenciais e pela diminuição de seus investimentos naqueles considerados essenciais, gerando crises de desemprego, insuficiente assistência a direitos básicos como a saúde, a idosos, a criança, etc. (CARNEIRO,2007, p. 35).
No Brasil, os direitos humanos são garantidos na Constituição Federal promulgada em 1988.
O viés democrático que o Brasil e outros países latino-americanos readquiriram, a partir dos anos de 1970/1980, foi uma importante construção da classe política e civil, imprescindível para criar espaços em que a dignidade humana seja respeitada e para a concretização dos direitos.
Direitos humanos no Brasil
O Brasil tem avançado em direção à concretização dos direitos humanos, porém, através de pesquisas realizadas por entidades nacionais e por ONGs, descobriu-se que muitos passos ainda devem ser dados. 
Violência contra a mulher;
Sistema prisional brasileiro;
País que mais mata pessoas trans e gênero-diversas no mundo;
Alta taxa de homicídios no país.
A racionalidade e o social
Segundo Aristóteles (2012), o ser humano possui duas características singulares que o distingue dos demais animais:
Sermos capazes de interpretar, refletir e questionar toda e qualquer informação. 
Desenvolvimento do potencial intelectivo humano. 
O fato de construirmos laços de relações com os demais seres vivos nos permite aprender com a experiência alheia, propiciando um ambiente de aprendizado constante, independente da vivência concreta dessa mesma experiência.
Por exemplo, aprendemos que não é possível respirar embaixod’água devido ao acesso às experiências vivenciadas por outras pessoas e que nos são passadas enquanto informações.
O eu e o mundo
Para descartes (2016), o pensamento é a condição de nossa existência;
Como é possível ter certeza indubitável acerca de algo? Tal questão não possui uma simples resposta, pois, segundo o autor, toda tentativa de responder a essa questão se embasa em um conjunto de pressupostos entendidos por verdade absoluta.
A dúvida é oriunda da capacidade de pensar e, se somos capazes de pensar, refletir, questionar e inclusive pôr em xeque nossa própria existência, isso significa afirmar que existe algo que pensa. Após esse longo processo, o autor conclui: se duvido, logo penso; se penso, logo existo.

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