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Resenha Crítica - Comunicação Os seres humanos são animais naturalmente sociáveis. Nós dependemos de terceiros para inúmeras das nossas atividades e necessidades. Entretanto, para que estejamos inseridos em uma comunidade social, é necessário que nos comuniquemos com os demais. Do contrário, não será possível transmitir nossas emoções, ideais, dificuldades e desejos. Por ser um ente nativamente social, a organização também insere-se nesta lógica. Assim sendo, Stephen Robbins dedica um capítulo completo a fim de versar sobre esta importante característica do ser humano: a comunicação. Segundo o autor, a comunicação é compreendida pela transferência de significados e seu correspondente entendimento. Isto é, o processo de comunicação envolve dois ou mais agentes que transferem determinado significado entre si - e esse significado precisa ser entendido; do contrário, a comunicação seria deficiente ou mesmo inexistente. Robbins afirma que assimilar o processo de comunicação e suas inerentes características, principalmente aquelas envolvidas em um ambiente organizacional, configura-se como um atributo de suma importância ao gestor. O autor defende esse ponto de vista ao levar em consideração que a comunicação é fonte corriqueira e primordial para conflitos interpessoais. E, apesar disso, continua a ser uma deficiência comum tanto entre os gestores, quanto entre os funcionários em geral. Compreender a importância da comunicação é, de fato, imprescindível; principalmente na lógica de mundo globalizado contemporâneo. Hoje, comunicamo-nos com inúmeras pessoas, independentemente de limites geográficos. E se antes nossa comunicação se limitava a encontros pessoais, cartas ou tecnologias como o telégrafo, atualmente tem-se à disposição incontáveis meios para promovermos nossa interlocução. Logo, Robbins é exato e sensato ao corroborar que a comunicação é um fator de vital importância; e compreender as nuances envolvidas em cada processo de comunicação possível acaba por configurar-se como uma vantagem estratégica tanto para os administradores, quanto para a organização como um todo. No ambiente organizacional, a comunicação assume quatro funções básicas. De acordo com o autor, são elas: controle, motivação, expressão emocional e informação. A primeira função, controle, ocorre quando é preciso emitir orientações e clarificar as hierarquias existentes na empresa - por isso o nome: é para o controle das ações do funcionário. Já a função de motivação acontece quando a comunicação tem como incumbência fomentar os colaboradores. Essa motivação ocorre basicamente através do fornecimento de feedbacks, de recompensas ou até mesmo de motivação, no sentido estrito da palavra. A função de expressão emocional caracteriza-se como um dos pilares da comunicação: expressar emoções é fundamental para nós, seres sociais. Necessitamos, de forma natural, expressar sentimentos e necessidades. Por fim, há a função de informação, que lida com o fluxo de informações para que sejam tomadas as decisões. É importante notar que a comunicação pode ocorrer de três principais formas: a oral, quando utiliza-se a fala (promove rapidez ao processo, mas está mais suscetível a distorções); a escrita, fazendo uso de sistemas simbólicos (por ser tangível e verificável, atém melhor a atenção do receptor, apesar de demandar mais tempo) e a não-verbal, quando são envolvidos elementos do próprio corpo (como expressões faciais, sinais corporais e tonalidade da voz). O autor prossegue sua análise com a delimitação de como se dá o processo de comunicação. De maneira sucinta, acontece quando há dois entes: o emissor e o receptor (cada ente podendo ser representado por uma ou mais pessoas ou grupos). Entre os dois entes há um canal, meio pelo qual se dá a transferência de significado entre o emissor e o receptor. A escolha do canal é fundamental para uma comunicação efetiva. Cada mensagem, dependendo da sua natureza (rotineira ou não) exige um canal correto para que sua transmissão seja adequada. Apesar de intuitivo, esse processo de comunicação não está completo. Duas outras importantes características são definidas pelo autor - e conhecê-las é fundamental para que a comunicação se dê de forma eficaz. O feedback é a forma pela qual o receptor indica ao emissor que a compreensão da mensagem foi atingida. Se um ente A transmite uma mensagem ao ente B, mas B não dá indícios quanto à compreensão da mensagem, não é possível definir a comunicação como efetiva. É preciso que haja feedback. A outra característica de imprescindível compreensão neste processo é o ruído: barreiras apresentadas durante a comunicação e que vêm a afetar a clareza da mesma. Alguns exemplos de ruídos são: problemas de percepção, excesso de informações envolvidas (entes não conseguem lidar eficazmente com o elevado nível de informações), dificuldades semânticas ou mesmo diferenças culturais. É justamente devido ao ruído que a comunicação perfeita não existe. Haverá assimetria entre a mensagem enviada e a mensagem percebida, em maior ou menor grau, devido aos ruídos existentes. Na organização, o processo de comunicação descrito anteriormente pode ocorrer em duas direções: vertical ou horizontalmente. Uma comunicação horizontal ocorre quando estão envolvidos entes de mesmo nível hierárquico. Segundo Robbins, esse tipo de comunicação economiza tempo e facilita a coordenação. Com o advento de novas formas de gestão, como equipes autogerenciáveis, esse tipo de comunicação tornou-se popular, especialmente em empresas de tecnologia. Entretanto, é preciso estar atento a possíveis disfuncionalidades: violar canais de comunicação definidos pela hierarquia ou não levar em conta superiores (nas decisões ou informação de decisões) acaba por se tornar um problema. A comunicação que se dá verticalmente, por sua vez, é concebida entre os diferentes níveis hierárquicos, e pode existir de forma descendente ou ascendente. A descendente é a mais comum: gestores de mais alto escalão comunicam-se com aqueles de hierarquia mais baixa. Geralmente ocorre para atribuição de tarefas, instruções, emitir informações ou fornecer feedbacks. Já a comunicação ascendente ocorre de maneira contrária à descendente: níveis de mais baixo escalão em comunicação com os superiores. É uma direção de comunicação que precisa ser mais fomentada nas organizações, pois permite que gestores tenham retorno sobre as atividades e processos da empresa, além de propiciar uma ligação afetiva dos funcionários com a empresa. Tendo em mente a direção da comunicação, Robbins estende o entendimento da comunicação organizacional ao caracterizar como comunicação flui nelas. Há duas principais formas: redes formais e redes de rumores. A primeira diz respeito a como à estrutura formal da empresa. Pode se caracterizar em três formatos: cadeia formalde comando (baseado em uma hierarquia de maior rigidez, o que confere-lhe mais precisão), roda (um líder é responsável pela ação e motivação, permitindo maior velocidade e precisão) e todos os canais (membros se comunicam ativamente entre si; é o caso das equipes autogerenciáveis e de inúmeras empresas no setor de tecnologia). Já a rede de rumores é uma forma de comunicação informal e não controlada pela empresa. Apesar de informal, desperta maior confiança do que as redes formais. De acordo com o autor, ela surge quando há desejos e expectativas a serem supridos. Tendo posto as características do processo de comunicação, a importância da interlocução para nós, humanos, e como se dá o seguimento de mensagens em uma organização (e suas possíveis ameaças), Robbins deixa claro não apenas os elementos da comunicação. Ele também põe luz à imprescindibilidade do processo de comunicação para o ambiente organizacional. Conhecer os atributos e nuances desse processo de fundamental importância permite que gestores consigam identificar como transmitir mensagens através dos canais adequados e de forma a reduzir o número de distorções - que podem ocorrer por ruídos tão amplos quanto a cultura ou gênero dos envolvidos. Desta forma, o emissor acabar por ser melhor assimilado, o que gera menos incertezas quanto à mensagem transmitida. Os efeitos práticos de uma comunicação eficaz são maior satisfação dos envolvidos e entendimento das tarefas e objetivos almejados - que pode ser traduzido como menor índice de conflitos interpessoais e, portanto, de níveis de rotatividade ou absenteísmo nas equipes e organizações. Comunicar-se acaba por ser, portanto, um dos principais pilares na boa gestão.
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