Buscar

Cultura Religiosa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 122 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 122 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 122 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

COMO PESQUISAR NO TEXTO
Clique em editar => Localizar ou clique Ctrl + F. 
Na barra de ferramentas, digite sua pesquisa na caixa de texto localizar. 
 
 
 
COMO UTILIZAR O ZOOM
Selecione Visualizar => Aplicar Zoom e selecione a opção 
desejada ou clique na barra de ferramentas + ou - para alterar o zoom. 
Você ainda pode escolher Ferramentas => Selecionar e zoom => Zoom 
dinâmico e arraste para aumentar uma área. 
COMO IMPRIMIR 
Clique no ícone imprimir , ou selecione arquivo => imprimir. 
 Se preferir clique em Ctrl + p para imprimir o arquivo.
 Selecione visualizar => modo de leitura ou modo tela cheia para 
ler com mais facilidade o arquivo.
 Para retornar à página anterior ou ir para a próxima página clique 
nos seguintes ícones:
Obtenha maiores informações selecionando Ajuda 
=> Como => Fundamentos do Adobe Reader.
DICAS PARA UTILIZAR O PDF 
Clique no ícone imprimir , ou selecione arquivo => imprimir.
Ensino a Distância
Atendimento ao Aluno EAD
DDG 0800.0514131
DDG: 0800.6426363
E-mail: alunoead@ulbra.br
Campus Canoas: 
Av. Farroupilha, 8001 · Prédio 11 · 2º andar 
Corredor central - Sala 130 · Canoas/RS
Atendimento de segunda-feira a sexta-feira:
Manhã/Tarde/Noite: Das 8:00hs às 22:30hs
Atendimento aos sábados:
Manhã: 8:00hs às 12:00hs 
MANTENEDORA
Comunidade Evangélica Luterana São Paulo - CELSP
Rua Fioravante Milanez, 206
 CEP 92010-240 – Canoas/RS
 Telefone: 51 3472.5613 - Fax: 51 3477.1313
 DIREÇÃO
Presidente
Delmar Stahnke 
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
Av. Farroupilha, 8001 - Bairro São José
 CEP 92425-900 - Canoas/RS 
 Telefone: 51 3477.4000 - Fax: 51 3477.1313
REITORIA
Reitor
 Marcos Fernando Ziemer 
Vice-Reitor
 Valter Kuchenbecker
Pró-Reitor de Administração
Ricardo Müller
Pró-Reitor de Graduação
Ricardo Prates Macedo 
Pró-Reitor Adjunto de Graduação
Pedro Antonio Gonzalez Hernandez
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Erwin Francisco Tochtrop Júnior
Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários
Ricardo Willy Rieth
Capelão geral
 Gerhard Grasel
Diretor de Ensino do EAD
Joelci Clécio de Almeida
Orientação e revisão da escrita
Dóris Cristina Gedrat
Design/Infografia/Programação
José Renato dos Santos Pereira
Luiz Carlos Specht Filho
Sabrina Marques Maciel
Su
m
ár
io
Cultura Religiosa
2
www.ulbra.br/ead
Vermelho
2
www.ulbra.br/ead
A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA .............................................................3
HINDUÍSMO ..................................................................................7
BUDISMO ....................................................................................14
ISLAMISMO ................................................................................. 21
JUDAÍSMO ...................................................................................28
CONFUCIONISMO ........................................................................35
XINTOÍSMO .................................................................................40
TAOÍSMO ..................................................................................... 41
CRISTIANISMO ............................................................................44
A MENSAGEM CRISTÃ NAS PARÁBOLAS DE JESUS .........................55
LUTERO E A REFORMA ..................................................................60
IGREJA LUTERANA E EDUCAÇÃO ...................................................70
AS RELIGIÕES DO BRASIL .............................................................79
CULPA E PERDÃO: UMA QUESTÃO EXISTENCIAL ...................................... 90
A RELAÇÃO ENTRE ....................................................................... 97
FÉ E SAÚDE ................................................................................. 97
ÉTICA ........................................................................................103
ÉTICA SOCIAL CRISTÃ APLICADA ................................................. 110
REFERÊNCIAS............................................................................ 117
SUMÁRIO
22
Cultura Religiosa
3
www.ulbra.br/ead
A
 E
xp
er
iê
nc
ia
 R
el
ig
io
sa
A religião tem estado presente no cotidia-no através de diferentes manifestações. Pode-se, sem entrar em detalhes por 
ora, mencionar algumas áreas, alguns eventos e 
algumas práticas pessoais e sociais marcadas por 
idéias, ritos e símbolos consagrados ao campo 
religioso. 
Vamos utilizar aqui alguns pontos trabalha-
dos pelo colega Ronaldo Steffen, estudioso do 
assunto, professor de Cultura Religiosa, publica-
do no site da Universidade.
De uma forma bem simples, podemos repor-
tar o leitor a algumas práticas familiares ligadas 
à tradição religiosa como o casamento, batismo, 
morte e velamento. São cerimônias religiosas 
tão tradicionais, que muitas pessoas, sem que se 
dêem conta, se envolvem. O que dizer de pessoas 
doentes ou com problemas mais sérios que bus-
A EXPERIÊNCIA 
RELIGIOSA
Você já deve ter passado por alguma experiência Religiosa. Se não passou, 
alguém ao seu lado já deve ter contado algo que o levou a refletir sobre o assun-
to. Neste capítulo vamos ver que a experiência religiosa é mais rica do que se 
imagina e é universal.
Por Prof. Douglas Moacir Flor*
cam ajuda divina como alternativa para a cura? 
No esporte estamos acostumados, marcada-
mente no futebol, com a cena de uma oração con-
junta antes da entrada no campo. Numa decisão 
por pênalti, por exemplo, é comum a imagem de 
jogadores ajoelhados, rezando ou beijando sua 
santinha. 
No campo musical não são raras as menções 
que se faz a personagens religiosos e até mesmo 
a sentimentos de ordem religiosa; no campo das 
artes somos conduzidos a milhares de imagens 
notadamente carregadas de simbolismo religioso 
dos mais diversos matizes. A literatura não tem 
deixado por menos e tem sido o mercado que 
mais cresce em termos de editoria nos últimos 
anos. O cinema tem sido pródigo nas temáticas 
de ordem religiosa. As novelas, fenômeno bra-
sileiro que ganha o mundo, jamais têm deixado 
Im
ag
em
 1
: W
iki
pe
di
a
Cultura Religiosa
4
www.ulbra.br/ead
A
 E
xp
er
iê
nc
ia
 R
el
ig
io
sa
de lado alguma alusão, personagem e até mesmo 
a temática central ligados a fatos eminentemente 
religiosos. 
A nossa alimentação está em grande parte 
determinada por elementos de ordem religiosa; 
o modo de expressar nossas idéias através da lin-
guagem é, igualmente, em grande parte determi-
nada por formas religiosas. O turismo religioso 
é hoje um grande filão na arrecadação de divi-
sas para um município. A educação é fortemente 
marcada pelos valores que ela prega, quase sem-
pre idênticos aos valores de ordem religiosa. A 
área da saúde, o trato com a dor, a vida e a morte 
foi e ainda é construída com suporte religioso. 
Nosso calendário, suas datas festivas e grandes 
eventos, têm sua origem no meio eclesiástico. As 
diversas áreas do conhecimento humano, duma 
ou de outra maneira, têm-se ocupado com a te-
mática religiosa, como a Filosofia, a Psicologia, 
a Sociologia, a Antropologia, a História, a Medi-
cina, a Física, a Arqueologia, a Geografia e assim 
por diante.
A palavra Religião
Afinal, o que é religião? No texto a 
seguir temos uma definição que pode-
rá ajudá-lo a entender o sentido.
Etimologicamente, o termo Religião surge 
na história da humanidade através dos autores 
clássicos, como Cícero, Lactânio e Agostinho, 
respectivamente, nas palavras re-legere, que sig-
nifica reler, re-ligare, que significa religar, e re-
eligere, que significa reeleger. Todos os conceitos 
nos dão a idéia de voltar a uma situação anterior, 
ou seja, ligar novamentea criatura com o criador. 
É exatamente esta tentativa de religar com o Ser 
Superior, através de um conjunto de crenças, nor-
mas, ritos ou costumes, que dá origem às diver-
sas religiões o fenômeno religioso propriamente 
dito. (KUCHENBECKER, 2000, 0.)
Apesar de seguidamente ouvir-se que reli-
gião é coisa do passado, as menções acima indi-
cam uma direção contrária. Estão apontando para 
o fato de que o ser humano preocupa-se com o di-
vino, aqui entendido no sentido daquilo que ocu-
pa lugar de destaque ou o primeiro lugar na vida.
Conhecimento Religioso
Ainda tentando responder o que é religião, 
podemos dizer que religião é um batismo numa 
igreja cristã. É um ritual sagrado nas águas do 
Rio Ganges. É a adoração num templo budista. 
Pode ser um muçulmano ajoelhado e orando para 
o Alá. Ou os mesmos devotos do Islã peregrinan-
do a Meca. Pode ser um Judeu diante do Muro 
das lamentações em Jerusalém. São tantas as 
menções que seria impossível citar todas.
O que pretendemos fazer é ligar os fatos. As 
ciências da religião procuram responder o que 
as atividades citadas acima têm em comum. Nós 
procuramos, como pesquisadores, investigar os 
rituais de uma perspectiva externa. Buscamos 
semelhanças e diferenças. Queremos entender 
como se dá o processo historicamente e o que 
isso representa para sociedade hoje.
1 - Batismo;
2 - Um monge budista; 
3 - Peregrinos no Rio Ganges, na Índia; 
4 - Muçulmanos orando; 
5 - O muro das lamentações em Jerusalém
Im
ag
em
 2
: A
rq
ui
vo
 U
LB
RA
EA
D
4
Cultura Religiosa
5
www.ulbra.br/ead
A
 E
xp
er
iê
nc
ia
 R
el
ig
io
sa
Por que estudar as 
religiões?
Dependendo da experiência de cada um, as 
respostas serão diferentes. Talvez você seja um 
religioso e não precise de tantas explicações. 
Mas, com certeza, muitas pessoas não se ligaram 
para a importância do assunto.
Jostein Gaarder, escrevendo O Livro das Re-
ligiões, nos ajuda a responder a pergunta acima:
Um rápido olhar para o mundo ao 
redor mostra que a religião desempenha 
um papel bastante significativo na vida so-
cial e política de todas as partes do globo. 
Ouvimos falar de católicos e protestantes 
em conflito na Irlanda do Norte, cristão 
contra muçulmanos nos Balcãs, atrito 
entre muçulmanos e hinduístas na Índia, 
guerra entre hinduístas e budistas no Sri 
Lanka. Nos Estados Unidos e no Japão há 
seitas religiosas extremistas que já prati-
caram atos de terrorismo. Ao mesmo tem-
po, representantes de diversas religiões 
promovem ajuda humanitária aos pobres 
e destituídos do terceiro mundo. É difícil 
adquirir uma compreensão adequada da 
política internacional sem que se esteja 
consciente do fator religião. (GAARDER)
Além disso, explica Gaarder, um conheci-
mento religioso também pode ser útil num mun-
do que se torna cada vez mais multicultural. Ain-
da mais quando falamos em globalização, apesar 
de que o termo deva ser usado com cuidado. 
Muitos de nós viajamos pelo Brasil ou mesmo 
ao exterior, entrando em contato com as diver-
sas culturas religiosas. Estes povos têm costumes 
diferentes que devem ser respeitados pelos seus 
visitantes. Se uma mulher estiver num país mu-
çulmano, por exemplo, terá que observar o tipo 
de roupa que usará nas ruas. É claro que não pre-
cisará andar com uma Burca, mas terá que cobrir 
seu corpo com roupas decentes. 
Finalmente, acreditamos que o estudo das 
religiões pode ser importante para o desenvolvi-
mento pessoal do indivíduo. As religiões podem 
responder várias das perguntas existenciais que 
fazemos como: de onde viemos, o que somos e 
para onde iremos.
Tolerância religiosa
Este é um dos pontos mais importantes na 
nossa caminhada. Tolerância é o respeito pelas 
pessoas que possuem diferentes pontos de vista 
em relação à religião. Não significa que precisa-
mos concordar com tudo o que as outras religiões 
praticam e seguir os mesmos rituais. Cada um 
tem o direito de seguir aquilo que é melhor para 
si, pode ter uma fé sólida. Mas a tolerância não 
é compatível com atitudes como zombar das opi-
niões alheias ou se utilizar da força e de ameaças. 
A Tolerância não limita o direito de fazer propa-
ganda, mas exige que esta seja feita com respeito 
pela opinião dos outros (GAARDER). 
 O respeito pela vida religiosa dos outros, 
pelas suas opiniões e pontos de vista, é um pré-
requisito para a nossa aula de Cultura Religiosa. 
Sem isso, é impossível começar, pois:
Com freqüência, a intolerância é resultado 
do conhecimento insuficiente de um assunto. 
Quem vê de fora uma religião, enxerga apenas as 
suas manifestações, e não o que elas significam 
para o indivíduo que a professa (GAARDER).
O respeito pela vida religiosa dos outros, 
pelas suas opiniões e pontos de vista, é um pré-
requisito para a nossa aula de Cultura Religiosa. 
Sem isso, é impossível começar, pois:
Com freqüência, a intolerância é re-
sultado do conhecimento insuficiente de 
um assunto. Quem vê de fora uma religião, 
enxerga apenas as suas manifestações, e 
não o que elas significam para o indivíduo 
que a professa (GAARDER).
 O Alcorão, livro sagrado 
dos muçulmanos, de-
termina que as mulheres 
devem se vestir de forma 
a não atrair a atenção 
dos homens, para isso é 
preciso esconder todo o 
corpo, utilizando trajes 
como o Xador ou a Burca. 
Trata-se de uma veste fe-
minina que cobre todo o 
corpo. No caso da Burca, 
até o rosto e os olhos são 
cobertos. É usada pelas 
mulheres do Afeganistão. 
Im
ag
em
 3
: W
iki
pe
di
a
Cultura Religiosa
6
www.ulbra.br/ead
A
 E
xp
er
iê
nc
ia
 R
el
ig
io
sa
Quem sabe você conhece alguém que se 
identifica com este personagem. É comum a 
gente encontrar situações como esta. Nas aulas 
de Cultura Religiosa, quando perguntamos 
se nossos alunos têm alguma religião, muitos 
respondem: Sou Católico Apostólico Romano, 
não praticante. Isto significa que eles são 
Católicos por tradição, mas não vão à igreja 
aos domingos. Muitos são católicos, mas não 
deixam de ir ao terreiro ou ao Centro Espírita. 
Conclusão
É importante ressaltar aqui a questão da to-
lerância. Religião sem o devido respeito perde o 
sentido. Não é possível pregar algo e praticar ou-
tra coisa. Por outro lado, a experiência religiosa 
é importante na vida de todo o ser humano. Se 
você ainda não passou por isso, busque entender 
um pouco mais do assunto. Leia, reflita sempre.
“Hem? Hem? O que mais 
penso, texto e explico: todo-o-
mundo é louco. O senhor, eu, 
as pessoas todas. Por isso é que 
se carece principalmente de re-
ligião: para se desendoidecer, 
desdoidar. Reza é que sara da 
loucura. No geral. Isso é que é a 
salvação-da-alma... Muita reli-
gião, seu moço! Eu cá, não perco 
ocasião de religião. Aproveito de 
todas. Bebo água de todo rio... 
Uma só, para mim é pouca, talvez 
não me chegue. Rezo cristão, ca-
tólico, embrenho a certo; aceito 
as preces de compadre meu Que-
lemém, doutrina dele, de Car-
déque. Mas, quando posso, vou 
no Mindubim, onde um Matias é 
crente, metodista: a gente se acu-
sa de pecador, lê alto a Bíblia, e 
ora, cantando hinos belos deles. 
Tudo me quieta, me suspende. 
Qualquer sombrinha me refres-
ca. Mas é só muito provisório. Eu 
queria rezar – o tempo todo. Mui-
ta gente não me aprova, acham 
que lei de Deus é privilégios, in-
variável. E eu! Bofe! Detesto! O 
que sou? – o que faço, que quero, 
muito curial. E em cara de todos 
faço, executado. Eu? – não tres-
malho!
Olhe: tem uma preta, Maria 
Leôncia, longe daqui não mora, 
as rezas dela afamam muita vir-
tude de poder. Pois a ela pago, 
todo mês – encomenda de rezar 
por mim um terço, todo santo 
dia, e, nos domingos, um rosário. 
Vale, se vale. Minha mulher não 
vê mal nisso. E estou, já mandei 
recado para uma outra,do Vau-
Vau, uma Izina Calanga, para vir 
aqui, ouvi de que reza também 
com grandes meremerências, vou 
efetuar com ela trato igual. Que-
ro punhado dessas, me defendo 
em Deus, reunidas de mim em 
volta... Chagas de Cristo! 
JOÃO GUIMARÃES ROSA
Sincretismo Religioso
No Brasil é muito interessante falar sobre 
religião. Isto porque temos aqui uma pluralidade 
religiosa bem interessante. Além disso, encontra-
mos o que chamamos de Sincretismo Religioso. 
Isso acontece quando misturamos elementos de 
várias religiões numa só. Sincretismo é o ter-
mo que os historiadores denominam de fusão 
ou interpenetrações de religiões, ritos, crenças e 
personagens cultuais. Os cultos afro-brasileiros 
são um exemplo comprovado de sincretismo re-
ligioso. Queremos mostrar como isso acontece 
através da fala de um pesonagem sertanejo do 
passado: Riobaldo Tatarana do Grande Sertão: 
Veredas:
6
Cultura Religiosa
7
www.ulbra.br/ead
H
in
du
ís
m
o
HINDUÍSMO
Cerca de 13% da população mundial segue o Hinduísmo, tornando-a uma 
das religiões com mais seguidores no mundo.
Por Prof. Ronaldo Steffen
História
É difícil identificar uma data para regis-trar o início do hinduísmo. Costuma-se atribuir a alguma data entre 1500 a.C. 
e 200 a.C. Nesse período, um grupo de nobres 
(denominados de arianos) dominou o vale do rio 
Indo. Os nobres trouxeram suas crenças, forte-
mente influenciadas por concepções religiosas 
indo-européias (grega, romana e germânica). 
Esse período é denominado de período védico 
do hinduísmo em razão dos hinos recitados pelos 
sacerdotes. Esses hinos eram chamados de vedas 
e significam “conhecimento”.
O sacrifício era importante para o culto aria-
no. Faziam-se oferendas aos deuses a fim de se 
conquistarem seus favores e se manterem sob 
controle as forças do caos.
Achados arqueológicos no vale do rio Indo 
indicam que houve uma civilização avançada na 
Índia, anterior à chegada dos indo-europeus, e 
é certo que essa civilização também contribuiu 
para o hinduísmo moderno.
Num período posterior, provavelmente entre 
1000 a.C. e 500 a.C., surgiram os Upanishads, 
escritos em forma de diálogos entre o mestre e 
o discípulo. É nesse período que é introduzida 
a noção de Brahman, a força espiritual essencial 
sobre a qual se baseia todo o universo. É por essa 
razão que se diz que todos nascem do Brahman, 
vivem no Brahman e retornam ao Brahman por 
ocasião da morte.
Os “Upanishads” introduzem a 
idéia de “Brahman”. Todos nas-
cem dele, vivem nele e na morte 
retornam a ele.
Hoje
O hinduísmo, embora originário da Índia, 
possui adeptos espalhados por todos os países a 
sua volta, em especial Nepal, Bangladesh e Sri 
Lanka.
Apenas em 1947 é que a Índia deixa de ser 
um Estado religioso e passa a garantir direito de 
expressão religiosa a todas as denominações re-
ligiosas.
Nesse mesmo ano, a tensão entre hinduís-
tas e muçulmanos em razão da independência 
OHM: é símbolo universal do Hinduísmo e seu 
som impede sentimentos ruins e transmuta os 
pensamentos negativos em positivos.
Ar
qu
ivo
 U
LB
RA
EA
D
Cultura Religiosa
8
www.ulbra.br/ead
H
in
du
ís
m
o
da Índia resultou na criação do Paquistão como 
um Estado muçulmano separado, dividido em 
duas partes distintas, o Paquistão do Leste e o 
Paquistão do Oeste. Depois da guerra de 1971 
entre a Índia e o Paquistão, o Paquistão do Leste 
se tornou um Estado independente com o nome 
de Bangladesh.
Ensinamentos
Deuses
A multiplicidade do hinduísmo também se 
manifesta em seu conceito de transcendente. Há 
duas formas de compreender o tema: uma filosó-
fica (Brahman é o princípio e a realidade última; 
o universo em sua totalidade é um só com a di-
vindade; Brahman toma a forma de três divinda-
des: Brahma, Vishnu e Shiva, respectivamente o 
Criador, o Mantenedor da criação e o Destruidor) 
e outra popular, ou menos acadêmica (acredita-
se num grande número de divindades a tal ponto 
que quase todas as aldeias elegem sua divindade 
local).
Deusas
O hinduísmo tem uma série de deusas. Al-
guns adotam a teoria de que essa abundância de 
deusas não passa da expressão de uma grande e 
poderosa divindade feminina, a Rainha do Uni-
verso ou Deusa-Mãe. Sua manifestação mais 
conhecida é Kali, a deusa negra, adorada, sobre-
tudo, no Leste da Índia e a quem se sacrificam 
animais. O alto status de Kali no mundo dos deu-
ses é evidente pelas imagens que a mostram piso-
teando o corpo de Shiva.
A importância das deusas na religião india-
na é visível pela escolha da Mãe Índia (Bhárata 
Mata ou Bharthamata) como a divindade nacio-
nal do moderno Estado da Índia. Na cidade de 
Varanasi há um templo especial que lhe é dedica-
do. Ali, em vez de uma representação da deusa, 
está exposto um mapa da Índia.
Divindades menores
A maioria das aldeias tem seu templo dedi-
cado a Vishnu ou a Shiva. Esses deuses se con-
centram nas questões maiores, universais e, em 
geral, são homenageados nos grandes festivais. 
Num nível mais doméstico, as pessoas costumam 
visitar pequenos templos dedicados a divindades 
menos importantes. 
Embora não sejam tão poderosas como 
Vishnu ou Shiva, é mais fácil se aproximar delas 
para assuntos de menor importância, tais como 
os problemas pessoais.
Há deuses para as questões 
universais e deuses para as 
questões pessoais.
Os deuses menores por vezes exercem in-
fluência em áreas específicas, como, por exem-
plo, em certos tipos de doença. Muitos deles têm 
origem humana: podem ser heróis que morreram 
em batalha ou esposas que se ofereceram para 
serem queimadas na pira funerária do marido. 
Alguns deuses são espíritos malignos que foram 
Conheça alguns deuses do hinduísmo
Vishnu reencarnado também 
como Krishna
Shiva, senhor da criação 
e destruição
Bharata Mata, divindade 
nacional da Índia
Im
ag
em
 4
: U
m
ys
l/
As
tro
lo
g
Im
ag
em
 5
: Y
og
ac
as
av
er
de
Im
ag
em
 6
: W
iki
pe
di
a
8
Cultura Religiosa
9
www.ulbra.br/ead
H
in
du
ís
m
o
deixados para trás por homens maus. Ao cultivar 
esses espíritos como deuses, é possível controlar 
e neutralizar sua maldade.
Ser humano
A concepção que o hinduísmo desenvolve 
a respeito do ser humano está intimamente vin-
culada a uma compreensão ampla que privilegia 
os entendimentos sobre carma, reencarnação e o 
sistema de castas.
Carma e reencarnação
O ser humano tem uma alma imortal que 
não lhe pertence. Depois da morte, a alma volta a 
aparecer pelo renascimento, não necessariamen-
te em forma humana, podendo, também, vir a re-
nascer num animal.
O conceito que expli-
ca esse eterno vai-e-vem 
da alma é o carma (“ato” 
ou “ação”) do ser humano, 
referindo-se tanto às ações 
como aos pensamentos, às 
palavras e aos sentimentos. 
Desse modo, entende-se que 
o carma é determinante para 
o que irá ocorrer numa pró-
xima existência. Muito embora se possa concluir 
que o carma é uma punição ou uma recompensa 
das ações humanas, não é esse o modo de com-
preender sua extensão. É como se ele fosse ape-
nas uma lei natural da existência. Colhe-se aquilo 
que se planta, e é justamente isso que explica as 
diferenças entre as pessoas. O ser humano é res-
ponsável por si mesmo e de posse do livre-arbí-
trio está apto a produzir as mudanças necessárias 
com vistas a uma melhor existência posterior, 
quando renascer.
O sistema de castas
O surgimento do conceito de casta é confu-
so. O fato a ressaltar é a chegada dos arianos à 
Índia, com língua, cultura e traços fisionômicos 
(altos, pele clara, olhos azuis e cabelos lisos) di-
ferentes. A diferença propiciou um sistema de 
identificação pela cor (varna, em sânscrito). As 
classificações tiveram ampliação à medida que a 
organização se fazianecessária, de modo que se 
chegou a uma estratificação com quatro classes 
sociais: videntes, administradores, produtores e 
seguidores.
Na prática popular, hoje, a casta é entendi-
da como as possibilidades que alguém tem de 
se relacionar com coisas mais puras ou impuras. 
Essas possibilidades são determinadas pelas re-
gras que conduzem cada casta: castas elevadas 
buscam cada vez mais distanciamento das coi-
sas materiais; castas mais baixas se permitem a 
aproximação com as coisas da matéria. Duma ou 
doutra forma, se alguém quebrar alguma das re-
gras de sua casta, restam-lhe os rituais de purifi-
cação, sendo o mais conhecido o banho num dos 
muitos rios sagrados.
Os efeitos do sistema de castas e suas regras 
específicas influenciam di-
retamente a base da divisão 
de trabalho na comunidade. 
Certas atividades e certos 
trabalhos são tão impuros 
que somente determinadas 
castas podem realizá-los. 
Essas castas têm o dever de 
ajudar os outros a manterem 
sua pureza. Por outro lado, 
apenas as castas que pre-
encham os requisitos de pureza podem se apro-
ximar dos deuses mais elevados. Para que isso 
ocorra com mais facilidade, outras pessoas de-
vem ser impuras. Entretanto, todos se beneficiam 
da limpeza dos puros, pois todos os hinduístas 
tiram proveito dos ritos que são praticados.
O sistema de castas deu um novo contexto à 
vida do indiano moderno. Assim, ser expulso de 
sua casta é o pior castigo imaginável e, por isso, 
só utilizado para crimes muito sérios. O nível 
mais baixo no sistema de castas é o dos intocá-
veis ou sem-casta (também chamados de párias): 
criminosos, lixeiros e curtidores de couro de ani-
mais, por exemplo.
As complexas regras que controlam o con-
trato social entre as castas eram muito rígidas. A 
Constituição da Índia, de 1947, introduziu, no en-
tanto, medidas com a finalidade de banir a discri-
minação por casta. Como não basta mudar a le-
gislação para acabar com antigas divisões sociais 
Reigiosa-
mente, as cas-
tas indicam o 
mente, as cas
tas indicam o 
mente, as cas
grau de pureza 
ou impureza de 
grau de pureza 
ou impureza de 
grau de pureza 
uma pessoa.
Cultura Religiosa
10
www.ulbra.br/ead
H
in
du
ís
m
o
e religiosas, o sistema de castas continua tendo 
um papel importante, em especial nas aldeias.
Vida e Morte
Durante o período védico, as doutrinas do 
carma e dos renascimentos eram vistas como 
algo positivo. Por meio dos sacrifícios e das boas 
ações, o ser humano podia garantir que viveria 
várias vidas. Mais tarde, o hinduísmo passou a 
considerar esse ciclo como algo negativo, como 
um círculo vicioso a ser quebrado. É possível, as-
sim, distinguir três caminhos para a libertação: as 
vias do sacrifício, do conhecimento e da devoção.
A via do sacrifício
Como vimos, a palavra indiana para ”ato” é 
carma. Hoje ela é usada para denotar todos os 
atos humanos e até mesmo a coletividade desses 
atos. No período védico, o termo se referia basi-
camente a atos religiosos ou rituais, em especial 
aos atos sacrificiais. Estes eram necessários para 
incrementar a fertilidade e manter a ordem uni-
versal, além de propiciar a possibilidade de liber-
tação do constante nascer-renascer, integrando-
se de modo definitivo com Brahman.
A via da compreensão ou do conheci-
mento
A compreensão ou o conhecimento é apenas 
uma das formas de libertar-se do ciclo de renas-
cimentos, pois se enfatiza que é a ignorância que 
aprisiona o ser humano a esse ciclo.
Compreender a verdadeira natureza da exis-
tência, o oposto da ignorância, é, portanto, um 
caminho para a libertação. É apenas quando o ser 
humano adquire o reto conhecimento que ele é 
redimido da implacável roda da transmigração. 
O reto conhecimento mencionado nada mais é do 
que a compreensão de que a alma humana (atmã: 
é o reflexo da alma universal e encontra-se nos 
seres humanos, nas plantas e nos animais) e o 
mundo espiritual (Brahman) são uma e a mesma 
coisa.
A via da devoção
Uma terceira rota para a salvação é a via da 
devoção, que é a dedicação que o ser humano de-
vota a um deus e o seu agir desinteressado para 
com o seu semelhante. Essa proposta começou a 
difundir-se no Sul da Índia, por volta de 600 a.C. 
e logo se espalhou por toda a região da Índia. Já 
no século III a.C. esse caminho para a libertação 
encontrara sua expressão no Bhagavad Gita, um 
As possibilidades de ciclo da vida. Tudo é determinado pelas ações do presente
Im
ag
em
 7
: E
vil
kit
te
ns
10
Cultura Religiosa
11
www.ulbra.br/ead
H
in
du
ís
m
o
poema catequético. Essa terceira tendência do 
hinduísmo é a que predomina na Índia moderna, 
e o livro Bhagavad Gita é o texto sagrado que 
ocupa o lugar supremo na consciência do indiano 
médio.
Mundo
É plural
O mundo não é uno, mas plural. Há diver-
sos mundos interconectados pela mesma razão. 
É como se fossem infinitas galáxias, e cada uma 
com o seu ponto de referência, como a Terra. 
Para dar uma dimensão superlativa ao conceito 
de infinitas galáxias, o hinduísmo entende que 
entre esse ponto de referência e o restante da ga-
láxia há diversos outros mundos mais sutis, aci-
ma, e mais grosseiros, abaixo. Os mundos sutis e 
grosseiros são os espaços ocupados pelas almas 
e que por eles transitam conforme os méritos ad-
quiridos ou não.
Cada mundo e galáxia têm ciclos diferentes 
de tempo. Há tempo que se expande e tempo que 
se recolhe, eterna e incontavelmente no mesmo 
movimento, estabelecendo os ciclos cósmicos.
É meio
O mundo e suas galáxias têm uma razão. É 
o espaço onde as almas individuais cumprem a 
inexorável lei do carma até sua libertação. Ine-
rente ao conceito de carma está que toda decisão 
do ser humano terá determinadas conseqüências. 
Não há fatalismos no universo.
Nos mundos mais grosseiros há uma percep-
ção maior dos elementos sensoriais. Em razão 
dos prazeres proporcionados, geralmente assen-
tados no eu individual, o ser humano deve buscar 
a libertação para mundos cada vez mais sensí-
veis, em direção ao EU absoluto, o Transcenden-
te, até sua integração completa.
É moderado
O mundo e suas galáxias são o espaço onde 
bem e mal, prazer e dor, conhecimento e igno-
rância se entrelaçam em proporções quase iguais. 
Não faz parte dos propósitos do universo ser um 
paraíso, mas o espaço onde o espírito do ser hu-
mano pode viabilizar seu aprendizado de integra-
ção ao Transcendente. É como se o universo per-
ceptível servisse apenas para poder perceber-se 
que há outra realidade além dele.
É maya
O mundo e suas galáxias são maya. A palavra 
maya possui a mesma raiz que mágica. Na mági-
ca, o que vemos nem sempre é o que pensamos 
ver. Assim é o universo. Enquanto em processo 
de constantes renascimentos, o ser humano pode 
cair no ardil de que a materialidade e a multipli-
cidade são realidades independentes, quando, em 
realidade, são Brahman, o todo inclusivo de tudo 
o que é e de tudo o que não é.
O mundo e suas galáxias podem ser a pri-
são do ciclo de constantes e infindáveis renasci-
mentos do ser humano. O universo aí está para 
poder perceber-se sua unidade, que é Brahman. 
Mesmo que o ser humano não o perceba ou o 
perceba apenas parcialmente, ele continua sendo 
Brahman.
É lila
O mundo e suas galáxias são o espaço lila 
(“dança”) do Transcendente. É onde ele dança, 
numa espécie de jogo, de forma incansável, in-
finda, irresistível, mas absolutamente benéfica. É 
o jogo que o Transcendente criou a fim de que o 
finito seja superado e destruído pelo infinito.
Principais tendências
Escolas do pensamento hindu
Entre os séculos II a.C. e IV d.C., surgiram 
seis escolas ortodoxas da filosofia clássica hindu, 
descritas a seguir. Não eram grupos organizados, 
mas sistemas de pensamento que apresentavam 
perspectivas diversas,porém complementares, 
de métodos devocionais, interpretação das escri-
turas e cosmologia.
Cultura Religiosa
12
www.ulbra.br/ead
H
in
du
ís
m
o
•	 Vaiseshika – Defende que a libertação do ser humano se dá pela compreensão 
das leis da natureza.
•	 Nyaya – A libertação do ser humano se dá pelo conhecimento por meio do 
raciocínio lógico.
•	 Sakhya – A libertação do ser humano ocorre quando se alcança a união da 
alma individual com o Transcendente (moksha) por meio da consciência que 
se desvencilha das preocupações mundanas e ma-
teriais. Ela acreditava numa libertação ascética 
que acontece através de meditação e no domínio 
das paixões
•	 Mimamsa – A libertação do ser humano dar-
se-á à medida que os escritos sagrados forem 
adequadamente interpretados e, em decor-
rência, produzirem o justo agir (darma).
•	 Vedanta – A libertação do ser humano 
é decorrência da correta compreensão 
do Transcendente e dos conhecimentos 
espirituais, possibilitada pela igualda-
de entre a alma individual e o Trans-
cendente. Isto é atingido por técnicas 
transcendentes de controle de corpo 
e mente.
•	 Bhakti – A libertação do ser huma-
no é possível em razão das atitu-
des devocionais que permitem a 
união entre a alma individual e 
o Transcendente, embora sejam 
diferentes.
O pensamento hindu no 
ocidente
Em meados do século XX, surgiu na Europa 
e nos Estados Unidos um grande interesse pela 
espiritualidade oriental. Dentre as muitas razões 
para isso, podemos afirmar que o Ocidente ma-
terialista, espiritualmente estéril, percebeu que a 
vida e o viver iam muito além dos reducionis-
tas aspectos biológicos. Esse interesse, que atin-
giu seu ponto culminante nas décadas de 1960 e 
1970, concentrou-se no budismo e no hinduísmo, 
com destaque para a ioga. Surgiram inúmeros 
movimentos que apresentaram o modo hinduísta 
de responder às questões da vida. Eram, em re-
gra, movimentos centrados na personalidade de 
algum mestre (guru) carismático, venerado como 
se fosse um avatar. Dos movimentos que perma-
neceram na ativa após a morte de seus fundado-
res, destacamos:
As 6 escolas ortodoxas da filosofia clássica hindu
Templo hindu em Mysore - Índia
Im
ag
em
 8
: W
iki
pe
di
a
12
Cultura Religiosa
13
www.ulbra.br/ead
H
in
du
ís
m
o
•	 Meher Baba (1894-1969) – Foi o primeiro guru moderno de importância a con-
quistar adeptos no Ocidente. Nascido na Índia, elaborou uma doutrina que sin-
tetizava várias tradições religiosas, inclusive os conceitos de carma e samsara 
(“renascimento cíclico”). Ensinava que o estado de iluminação que liberta só se 
alcança por meio do amor puro, desinteressado.
•	 Sociedade Internacional da Consciência de Krishna – Foi fundada em mea-
dos da década de 1960 no Ocidente por A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada 
(1896-1977). Seus discípulos de túnica amarela procuram a iluminação por meio 
do estudo das escrituras védicas, em especial o Bhagavad Gita, e do canto de um 
mantra em louvor a Krishna e Rama (graças ao qual o movimento é popularmen-
te conhecido como Hare Krishna). Praticam um ascetismo rigoroso, que inclui o 
celibato, a não ser com finalidade de procriação e dentro do casamento.
•	 Meditação transcendental – Ensina um método simples de meditação que se 
baseia em um mantra pessoal (palavra ou frase) que, constantemente repetido, 
produz o efeito de reduzir o estresse e de promover a integração pessoal e, por 
conseqüência, a iluminação que liberta. Foi trazido para o Ocidente por Maha-
rishi Mahesh Yogi, nascido em 1911, em fins da década de 1950 e alcançou po-
pularidade quando os Beatles se tornaram seus adeptos.
•	 Missão da Luz Divina – Fundado na Índia em 1960 e no Ocidente em 1971, 
proclamou um menino guru, Maharah Ji, nascido em 1958, o mais recente avatar 
do Transcendente. Ensina quatro técnicas de meditação que capacitam os devo-
tos a se voltarem para dentro de si mesmos a fim de experimentarem o estado 
de iluminação: a Luz Divina, a Harmonia Divina, o Néctar Divino e a Palavra 
Divina.
•	 Bhagwan Shri Rajneesh (1931-1990) – Também conhecido como Osho. Mi-
nistra a doutrina do amor livre, da sexualidade desinibida e dos atos impulsivos, 
juntamente com uma forma de meditação dinâmica que visa liberar a energia 
da Terra. Uma das técnicas de liberação das energias reprimidas é o riso. Possui 
centros de meditação em todo o mundo. Só no Brasil são oito centros, além de 
um jornal de circulação nacional.
Alguns movimentos que permaneceram na ativa após a morte 
de seus fundadores
Fundador: não há fundador.
Ano de fundação: as raízes do hinduísmo remontam a um período entre 
1500 a.C. e 200 a.C.
Textos sagrados: Livro dos Vedas, que consiste numa coletânea de qua-
tro obras, das quais certas partes datam de 1500 a.C.
Estatística: hoje, cerca de 80% da população da Índia é hinduísta. O 
restante divide-se entre muçulmanos (10%), cristãos (4%) e outros gru-
pos (6%). Em todo o mundo, os hinduístas perfazem cerca de 13% da 
população mundial.
Perfil do Hinduísmo
Estátua monumental de Buda 
em Kamakura - Japão
Estátua monumental de Buda 
em Kamakura - Japão
Im
ag
em
 9
: Z
as
ta
vk
i 
Cultura Religiosa
14
www.ulbra.br/ead
B
ud
is
m
o
BUDISMO
Uma religião e filosofia baseada nos ensinamentos deixados por Siddhartha 
Gautama, objetivando o fim do ciclo de sofrimento.
Por Prof. Ronaldo Steffen
História
A Índia antes do budismo
O mundo à época do nascimento de Siddartha era de mudanças. Por volta de 1500 a.C., a Índia passou a ser influenciada pela religião védica, trazida pelos guerreiros arianos. Possivelmente o processo sincrético ocorrido entre os arianos e os não-arianos tenha originado o hinduísmo 
após séculos de evolução. Essas mudanças teriam ocorrido entre os anos 1000 a.C. e 200 a.C. Além 
das revoltas filosóficas contra o vedismo e o bramanismo, duas religiões surgiram na Índia: o jainismo 
e o budismo. Acresce que nesse tempo surgiram duas grandes escolas 
filosóficas: a Ajivakas, ou nihilistas, e a Lokayatas, ou materialis-
tas. Posteriormente, essas duas escolas opuseram-se ao hindu-
ísmo. Popular também à época do nascimento de Siddartha 
era um movimento denominado Sâmara, uma espécie de 
contracultura dos mendicantes religiosos, que optaram 
pela renúncia ao mundo. Todos esses movimentos surgi-
ram no exato momento em que o ambiente da Índia era 
um campo fértil para novas idéias.
Num período posterior, provavelmente entre 1000 
a.C. e 500 a.C., surgiram os Upanishads, escritos em for-
ma de diálogos entre o mestre e o discípulo. É nesse perío-
do que é introduzida a noção de Brahman, a força espiritual 
essencial sobre a qual se baseia todo o universo. É por 
essa razão que se diz que todos nascem do 
Brahman, vivem no Brahman e retornam 
ao Brahman por ocasião da morte.
O nascimento e vida de 
Siddartha
O príncipe Siddartha cresceu em meio à for-
tuna e ao luxo. Seu pai ouvira uma profecia de 
que seu filho ou seria um poderoso governan-
te, ou abandonaria por completo o mundo. Esta 
última opção ocorreria caso o príncipe testemu-
nhasse as mazelas e o sofrimento das pessoas. 
Para evitar essa situação, tentou proteger seu fi-
lho, mantendo-o recluso aos limites do palácio e 
cercado de delícias e diversões. Casou-se jovem 
com uma prima e mantinha um harém de dan-
çarinas. 
Aos 29 anos, Siddartha experimenta uma 
situação que mudaria por completo sua vida 
palaciana. Embora proibido pelo pai, arriscou-
se a sair do palácio e viu, pela primeira vez, um 
velho, um homem doente e um cadáver em de-
composição. A contradição se interpôs quando, 
a seguir, viu um asceta com uma expressão de 
radiante alegria. Percebeu que a vida de riqueza 
e prazer não traduz uma existência plena e com 
sentido. Questionou-se sobre a possibilidadede 
haver algo que ultrapassasse a velhice, a doença 
e a morte. Percebeu-se tocado por um profundo 
sentimento de compaixão pelas pessoas e por um 
chamado a fim de libertá-las do sofrimento. Ato 
contínuo, renuncia à vida prazerosa do palácio, 
a sua esposa e filho e parte para uma vida de 
andarilho. 
Da vida de abundância passa aos extremos 
dos exercícios ascéticos. Come cada vez me-
nos; chega a alimentar-se apenas com um grão 
de arroz por dia. O que esperava conseguir era o 
domínio do sofrimento. Sem resultado, adota o 
“caminho do meio”, a meditação. Após seis anos 
de meditação ascética, aos 35 anos, chega à ilu-
minação (bodhi), à margem de um afluente do 
rio Ganges. Agora era um buda, um iluminado. 
Alcançara a percepção de que todo o sofrimento 
do mundo é causado pelo desejo. É apenas su-
primindo o desejo que o homem pode escapar de 
outras encarnações e atingir a realidade última: o 
nirvana. Encontrara para si uma saída para a su-
peração do sofrimento. Passo seguinte, Siddartha 
decide compartilhar sua percepção.
À época, Benares era um grande centro re-
ligioso. É para lá que se dirige. Faz sua primeira 
pregação e desencadeia o que se denomina de 
rodas de instrução. Monges mendigos tornam-se 
seus discípulos e por aproximadamente 40 anos o 
seguem pelo Nordeste da Índia. Seus seguidores, 
desde o princípio, dividem-se em dois grupos: os 
leigos e os monges.
Por volta dos 80 anos, adoece e despede-se 
de seus discípulos. Daí para frente eles poderiam 
contar somente com o darma (“instrução”) que 
Siddartha lhes havia dado nos anos anteriores.
Uma vez que o budismo surge dentro do 
contexto hinduísta como um caminho individu-
al para a libertação dos renascimentos, é natural 
que muitos de seus ensinamentos estejam marca-
dos por esse pensamento. Destacam-se, de modo 
especial, os pensamentos referentes às doutrinas 
do renascimento, do carma e da libertação (ou 
salvação).
Deuses
Buda não negou a existência dos deuses. To-
davia, acreditava que esta era transitória, assim 
como a existência humana. Embora eles vives-
A Árvore da Ilumi-
nação, venerada 
por monges bu-
distas, tem sido 
por séculos um lo-
cal de constante 
peregrinação.
14
Cultura Religiosa
15
www.ulbra.br/ead
B
ud
is
m
o
Dukkha é mais 
que sofrimento: 
refere-se à ausên-
cia de perfeição 
universal
Im
ag
em
 1
0:
 C
lá
ud
ia
 P
as
to
riu
s 
Im
ag
em
 1
1:
 T
ra
ve
ls 
Ta
la
sh
sem mais tempo que os seres humanos, também 
estavam atrelados ao ciclo de renascimentos e em 
nada podiam ajudar os seres humanos a se redi-
mirem de tal ciclo.
Outro aspecto a ressaltar diz respeito à ado-
ração de demônios, espíritos e outras divindades. 
Todos são seres vivos e, se cultuados de modo 
correto, podem trazer vantagens para a vida neste 
mundo.
Ser humano
“Aquilo que você planta é o 
que colhe.” O ser humano é 
dono de seu destino: o que 
pensa e faz é determinante 
de seu futuro cósmico.
Para o hinduísmo, originalmente, todo ser 
humano, bem como todo o universo, possui uma 
única alma (atmã), que sobrevive de uma existên-
cia a outra e é idêntica, total ou parcialmente, ao 
Transcendente universal (Brahman).
Buda rompe essa lógica. Nega que o ser 
humano tenha alma e rejeita a existência de um 
espírito universal. A alma é fugaz e fruto da ig-
norância humana, que promove o desejo, funda-
mental para a criação do carma individual.
Nessa dimensão, o budismo entende a vida 
humana como uma série de processos mentais e 
físicos que alteram o ser humano de momento a 
momento. Tudo é transitório.
Vida e morte
A lei do carma
Para Siddartha, o Buda, o ser humano é es-
cravizado por uma série de renascimentos. Como 
todas as ações têm conseqüências, o princípio 
propulsor que está por detrás do ciclo nascimen-
to-morte-renascimento são os pensamentos dos 
seres humanos, suas palavras e seus atos (carma).
A idéia básica consiste em que tudo o que fi-
zemos em determinada vida, ainda que passada, 
repercute e alcança-nos no presente. As ações de 
uma vida estendem-se a outra. O ser humano irá 
colher no presente aquilo que plantou no passa-
do. Não há “destino cego” nem “divina providên-
cia”. Daí a impossibilidade de escapar do carma. 
Enquanto houver um carma, o ser humano está 
fadado a renascer e manter-se preso à existência 
humana, não transcendendo. Em razão disso, tor-
na-se imperiosa a busca por uma saída que seja 
capaz de produzir a libertação humana.
As quatro nobres verdades 
sobre o sofrimento
O denominado Sermão de Benares, que 
apresentou as quatro verdades sobre o sofrimento 
humano, ocorreu depois que Siddartha obteve o 
estado de iluminação.
Cultura Religiosa
16
www.ulbra.br/ead
B
ud
is
m
o
As quatro nobres verdades sobre o sofrimento
1
2
3
4
1 Entendimento justo
2 Resolução justa
3 Palavra justa
4 Conduta justa
5 Sustento de vida justa
6 Esforço justo
7 Pensamento justo
8 Meditação justa
Tudo é sofrimento
A causa do sofrimento é o desejo
O sofrimento cessa quando o desejo cessa
O desejo cessa seguindo-se o caminho das 8 vias:
aqui e agora e, por isso, nirvana não é um 
estado futuro. Simplesmente é o estado 
em que o desejo cessa completamente.
O desejo cessa seguindo-se o caminho 
das oito vias – São elas:
Entendimento (ou percepção/vi-
são) justo: para conhecer a natureza 
e a origem do sofrimento, a cessação 
do sofrimento e o caminho que con-
duz para a cessação do sofrimento.
Resolução justa: renunciar à mate-
rialidade presente no mundo e não 
prejudicar ou odiar o semelhante.
Palavra justa: abster-se da mentira 
ou da calúnia, da injúria e dos me-
xericos.
Conduta justa: abster-se de tirar a 
vida, roubar e praticar a luxúria.
Sustento de vida justo: abster-se de 
pegar ou comercializar armas, con-
sumir álcool e tóxicos e de qualquer 
outra atividade que possa trazer pre-
juízo a outros.
Esforço justo: é a vontade necessá-
ria para estancar as más qualidades 
que afloram à mente, eliminar todas 
as que ali ainda estão e desenvolver 
bons estados mentais.
Pensamento justo: ter consciência 
do seu próprio corpo, dos sentimen-
tos e das atividades da mente.
Meditação justa: é quando, priva-
do de luxúria e disposições erradas, 
a serenidade interna é desenvolvida 
por meio da prática de meditação. 
Esta é a atividade que, em última 
análise, conduz ao nirvana.
4
1
2
3
4
5
6
7
8
Tudo é sofrimento – Para o budismo, 
o sofrimento implica algo mais do que 
mero desconforto físico e psicológico. 
Toda a existência é manchada pelo so-
frimento, pois tudo é passageiro. Quem 
não percebe isso é cego. Isso, no entanto, 
não significa que o budismo negue toda a 
felicidade material e mental. A felicidade 
pode ser encontrada em muitos setores 
da vida, como na família, e em muitas 
coisas que estão à volta do ser humano. 
Porém, nada disso vai durar para sempre.
A causa do sofrimento é o desejo – O 
desejo é o mesmo que ânsia. Há três tipos 
de desejos: desejo pela sensualidade, de-
sejo por ser/existir e desejo por não ser/
não existir. Resumida e metaforicamente, 
significa prender-se a algo no curso da 
existência como se ele fosse absoluta-
mente substancial para o ato de existir. É 
o desejo que produz a existência conti-
nuada e a necessidade do renascimento. 
Não é a transitoriedade da felicidade que 
causa o sofrimento, mas a atitude frente a 
ela, como o apego e a ignorância.
O sofrimento cessa quando o desejo 
cessa – A experiência de interrupção do 
sofrimento é tão real quanto a própria ex-
periência do sofrimento. À interrupção 
do sofrimento dá-se o nome de nirvana. 
O nirvana é a cessação de mudança. O 
nirvana pode apenas ser experimentado, 
mas não descrito. Resumidamentepode 
ser definido como a cessação dos apegos 
ou dos desejos e certamente não é iden-
tificado com o céu. O nirvana não é um 
lugar real ou metafórico. Em vez disso, o 
pressuposto é que a dor e a cessação da 
dor são duas experiências reais realizadas 
1
2
3
16
Cultura Religiosa
17
www.ulbra.br/ead
B
ud
is
m
o
Analise os oito caminhos 
como uma proposta de 
conduta ética e tire suas 
próprias conclusões.
Para pesquisar e confrontar:
Como o cristianismo explica o 
sofrimento?
Nirvana e céu são a mesma coisa?
Cultura Religiosa
18
www.ulbra.br/ead
B
ud
is
m
o
Ética
Com a decisão de Buda, depois de alcançar 
a iluminação, de tornar-se guia do ser humano, 
passam a ser fundamentais para o budismo o 
amor e a compaixão. Não só as ações, mas tam-
bém os sentimentos e os afetos são importantes. 
A caridade realizada não apenas afeta aos outros, 
mas contribui para enobrecer o próprio caráter de 
quem a pratica.
Nessa dimensão, o budismo tem cinco re-
gras de conduta:
As 5 regras de conduta do Budismo
•	Com relação às criaturas vivas: evitar 
toda maldade.
•	Evitar o roubo.
•	Não ser sexualmente promíscuo.
•	Falar apenas a verdade.
•	Evitar o uso de álcool e drogas.
Mundo
No mundo tudo é transitório. Nada é defi-
nitivo e, por isso, essa transitoriedade deve ser 
abandonada para evitar-se todo e qualquer de-
sejo. Notemos, no entanto, que, quando se fala 
em abandonar a transitoriedade da materialida-
de constante no mundo, o que se tem em mente 
é o apegar-se a essa materialidade como se ela 
fosse capaz de resolver os problemas da natureza 
humana. A única saída para a transitoriedade do 
mundo é o nirvana.
Uma vez que o nirvana é o oposto direto do 
ciclo de renascimentos, e uma vez que ele não 
pode ser comparado a nada neste mundo, só é 
possível dizer que o nirvana não é. Alcançá-lo só 
é possível por meio do estado de iluminação e de 
nada adiantam, por si sós, as boas obras.
Embora o mundo não tenha autonomia, seja 
transitório e pleno de sofrimento, este é o espaço 
dado e no qual o ser humano pode chegar à liber-
tação plena dos renascimentos.
O Caminho ao Nirvana: é como se os desejos fossem 
sendo apagados
Principais tendências
Os pensamentos de Buda foram transmiti-
dos oralmente. O resultado foi o surgimento de, 
pelo menos, 18 escolas diferentes. As escolas re-
lacionadas a seguir representam apenas as mais 
importantes ramificações do budismo no mundo 
moderno.
Budismo Theravada – É a mais antiga es-
cola da tradição budista. Defende que cada ser 
humano é responsável sozinho pela sua própria 
iluminação. Apenas poucos alcançam esse esta-
do. A sabedoria e a disciplina são virtudes valio-
sas. Os rituais não são fundamentais, e sim a de-
voção. Está presente no Sri Lanka, na Tailândia, 
em Mianmar, em Laos e no Camboja.
Budismo Mahayana – É o budismo das 
pessoas comuns. Enfatiza que qualquer pessoa 
pode alcançar o estado de iluminação que liberta. 
A compaixão e o amor pelos menos afortunados 
são mais importantes que a sabedoria.
Budismo Zen – É um amálgama da escola 
Mahayana com o taoísmo. Zen é o caminho da 
iluminação por meio da meditação e da vida sim-
ples, evitando as teorias abstratas e favorecendo a 
experiência direta de um espírito “vazio” e aber-
to. Há duas grandes escolas: a Rinzai Zen, que 
dá ênfase à iluminação espontânea, e a Soto, que 
enfatiza a concentração espiritual e corporal dis-
ciplinada na meditação. As escolas Zen também 
enfatizam a pintura, a caligrafia e até a cerimô-
nia do chá como expressões de um vínculo não 
interpretado com a natureza. Tornou-se popular 
Im
ag
em
 1
2:
 N
ea
to
ra
m
a 
Ca
ch
efl
y
18
Cultura Religiosa
19
www.ulbra.br/ead
B
ud
is
m
o
no Ocidente a partir da década de 1950, com o 
surgimento dos movimentos holísticos.
Budismo da Terra Pura – É o culto de um 
buda ou bodhisattva que vive numa terra pura, 
celestial. Seus devotos procuram renascer na Ter-
ra Pura, onde alcançarão a iluminação libertado-
ra.
Budismo Nichiren – Também conhecido 
como Seita do Lótus, ensina que o budista verda-
deiro é o que segue os ensinamentos contidos no 
Sutra do Lótus, escritura do século I d.C. A ênfa-
se é que Buda é eterno e cósmico, manifestando-
se incessantemente em budas terrenos. O maior 
grupo dessa tendência é o Nichiren Shoshu.
Budismo tibetano – Também conhecido 
como lamaísmo, adota a doutrina do bodhisattva 
e o caminho gradual rumo ao estado de ilumina-
ção por meio de rígidas disciplinas monásticas. 
O grupo mais importante nessa tendência é de 
Gelugpa, fundado em fins do século XIV d.C. 
Seu líder espiritual é o Dalai-Lama (“guru ocea-
no”), cuja sabedoria é profunda e ampla como o 
mar. O Dalai-Lama é considerado a encarnação 
de um bodhisattva, e cada dalai-lama sucessivo 
é a reencarnação do anterior. A partir do século 
XVII, o Dalai-Lama passou a ser também o lí-
der secular do Tibete, até o país ser ocupado pela 
China, em 1959, quando o Dalai-Lama passou a 
viver em exílio.
No Brasil, como podemos ver a seguir, po-
dem ser identificadas três grandes escolas bu-
distas. Devemos levar em conta que cada escola 
pode estar subdividida em vários grupos.
As três tradições fundamentais
As diversas escolas budistas existentes po-
dem ser agrupadas em três tradições fundamen-
tais. Ainda na Índia, desenvolveram-se diferentes 
correntes com interpretações específicas dos en-
sinamentos de Buda. Desse budismo primitivo, 
sobrevive até hoje a tradição Theravada. Simul-
taneamente, a doutrina de Buda correu a Ásia e 
foi adaptada a diferentes culturas. O resultado é 
a diversidade.
As 3 grandes escolas budistas
Início
Região de 
Consolidação
Filosofia
*Grupos 
no Brasil
Membros 
no Brasil
Alguns líderes 
no Brasil
Theravada
(Hinayana)
Séc IV a.C. Sul da Ásia (Sri 
Lanka, Tailân-
dia, Mianmar, 
Laos, Camboja)
A figura do “vaículo pequeno” resume o espírito da 
tradição Theravada, também chamada de Hinayana. Cada 
um é responsável por guiar o próprio barco. Sozinho, 
o praticante busca a auto-iluminação por meio da 
meditação e de uma conduta condizente com a doutrina 
de Buda.
5 Menos de 
1 mil
Pushwelle 
Vipasse
Mahayana Séc. I a.C. Norte da Ásia 
(China, Coréia, 
Japão)
A tradição Mahayana pode ser simbolizada pela figura do 
“veículo grande”. O fiel não apenas busca a própria ilumi-
nação como pode contribuir para que todos a sua volta 
evoluam espiritualmente. O bodhisattva (ser iluminado) é 
o timoneiro em um barco com muitos passageiros
85 Cerca de 
220 mil
Monja Sinceri-
dade e Monja 
Coen
Vajarayana Séc. VII 
d.C.
Tibete Os primeiros missionários a visitar o Tibete tiveram de 
incorporar algumas práticas xamânicas da população na-
tiva. A tradição Vajrayana, ou “veículo diamante” combina 
a ética Mahayana com doutrinas esotéricas do Tantrismo
45 Cerca de 
3 mil
Lama Michel e 
Segyu Rinpoche
*Números aproximados
Consultoria: Prof. Frank Usarski, programa de pós-graduação em Ciências da Religião da PUC de São Paulo. 
Fonte: Revista Isto É, 2003.
Cultura Religiosa
20
www.ulbra.br/ead
B
ud
is
m
o
Fundador: Siddartha Gautama, identificado por seus seguidores como Sakyamuni 
(pertencente ao clã dos Sakya), Buddha (“o iluminado”) ou Bhagavat (“senhor”). É 
tido como o quarto dos cinco budas encarnados. Não há certezas, as biografias men-
cionam datas desde 624 a.C. até 410 a.C.
Data de nascimento: Livro dos Vedas, que consiste numa coletânea de quatro obras, 
das quais certas partes datam de 1500 a.C.
Local de nascimento: reino dos Sakyas, na cidade de Kapilavastu, próxima à fronteira 
atual entre a Índia e o Nepal.
Ano de fundação: estima-se que Siddartha tenha atingido o estado de iluminação por 
volta de seus 35anos de idade.
Textos sagrados e reverenciados: os ensinamentos de Buddha não foram original-
mente escritos por ele, mas transmitidos oralmente por seus seguidores. Ao surgi-
rem os primeiros escritos, duas formas podem ser identificadas: o cânone sulista 
de Pali, da tradição Theravada (escrito no Sri Lanka por volta do século I a.C.), e o 
cânone nortista sânscrito, da tradição Mahayana. O cânone de Pali é composto por 
três obras (pitaka):
a) Sutra: os discursos de Buddha; 
b) Vinaya: as origens das regras da disciplina monástica; 
c) Abdhidharma: tratados escolásticos sobre a psicologia e a filosofia budis-
tas. Já o cânone de tradição Mahayana crê que as doutrinas primeiras são 
incompletas e necessitam ser aperfeiçoadas com os tratados interpreta-
tivos.
Estatística: atualmente é um dos quatro maiores grupos de tradição religiosa. Os nú-
meros correspondentes a essa afirmação são difíceis de serem comprovados em vis-
ta das diversas escolas budistas. Hoje é muito difundido no Sri Lanka e no Sudoeste 
da Ásia, embora esteja também presente na China, na Coréia e no Japão. Excluindo a 
China, estima-se que cerca de 200 milhões de pessoas professam a fé budista.
Perfil do Budismo
20
Cultura Religiosa
21
www.ulbra.br/ead
Is
la
m
is
m
o
ISLAMISMO
Enquanto religião, o islã abrange todas as áreas da vida humana, pessoal e 
social.
Por Prof. Ronaldo Steffen
História
Com origem na Arábia, o islã está pro-fundamente relacionado com a cultura árabe. Ressaltemos, no entanto, que hoje 
apenas uma minoria de seus seguidores são ára-
bes. O islã está difundido por regiões da África 
e da Ásia, em especial, e é seguido por cerca de 
15% da população mundial.
A palavra árabe islam significa “submissão”. 
É pertinente ao seu conteúdo que o ser humano 
deve entregar-se a Deus e submeter-se a Sua von-
tade em todas as áreas da vida. Esse entendimen-
to sugere que, enquanto religião, o islã abrange 
todas as áreas da vida humana, pessoal e social.
É a terceira e última das religiões originadas 
com Abraão, após o judaísmo e o cristianismo. 
Fruto de um “segundo casamento” de Abraão, 
agora com Hagar, Ismael dá origem aos muçul-
manos.
De importância capital para a compreensão 
do islã é a figura de Muhammad, ou Mohammed, 
ou, ainda, Maomé.
Maomé
Nasceu em Meca, na Arábia, por volta de 
570 d.C. Nascido numa das principais famílias 
da cidade, ficou órfão ainda criança. Criado por 
um tio, Abu Talib, foi trabalhar como condutor 
de camelos para Khadidja, viúva de um rico mer-
cador. Quinze anos mais velha que Maomé, veio 
a ser sua esposa e exerceu grande influência no 
desenvolvimento religioso de seu esposo.
A peregrinação (Hajj) a Meca é um dos 
“cinco pilares do islã”
Im
ag
em
 1
3:
 W
iki
pe
di
a
A Arábia Saudita hoje.
Ar
qu
ivo
 U
LB
RA
EA
D
Cultura Religiosa
22
www.ulbra.br/ead
Is
la
m
is
m
o
A formação religiosa de Ma-
omé
Meca era um importante centro comercial 
e religioso da Arábia. Tribos nômades já adora-
vam, bem antes de Maomé, a pedra preta, objeto 
de muitas peregrinações de beduínos. Era prática 
comum na região, também, cultuar muitos deu-
ses e seres sobrenaturais, quase sempre ligados 
a práticas animistas. Em geral, os cultos eram 
tribais. Aliás, a tribo e a família eram estruturas 
centrais para o modo de vida dos nômades. Todo 
o sistema legal estava vinculado à tribo, originada 
e mantida pelos laços de sangue. Era recorrente 
o exercício da lei do “olho por olho”, quando um 
dos membros de uma tribo era assassinado por 
um membro de outra. Um cenário de constantes 
e sangrentas rixas fixou-se como prática comum.
Maomé foi fortemente 
influenciado pelos ideais 
judaicos e cristãos, espe-
cialmente o monoteísmo.
Já à época de Maomé, apresentava-se um 
quadro de transição. A sociedade beduína nôma-
de começava a dar lugar a uma sociedade urba-
na mais fixa. Com isso, a religião e as práticas 
tradicionais passaram a ser revistas. Nesse hiato 
aumentou em muito a influência do judaísmo e 
do cristianismo. Com toda a certeza, Maomé foi 
fortemente influenciado pelo monoteísmo e pela 
noção de fim de mundo acompanhado de juízo 
final.
O judaísmo havia se estabelecido em toda a 
Arábia depois da queda de Jerusalém em 70 d.C. 
Aos poucos, os judeus incorporaram a língua e o 
estilo de vida dos árabes, mantendo, porém, sua 
própria crença e seu culto mosaico.
O cristianismo, por sua vez, também havia 
avançado por muitas regiões do Oriente Médio. 
Estados como a Abissínia (atual Etiópia) e mui-
tas tribos beduínas tornaram-se cristãos. Com 
certeza o grupo que mais influenciou Maomé 
em sua formação religiosa foram monges e ere-
mitas cristãos, que viviam isolados nos desertos 
da Arábia. Devotos e generosos eram pródigos na 
ajuda aos viajantes.
A recitação de Maomé 
resulta no Alcorão.
Deus revela-se a Maomé
Era costume de Maomé retirar-se todos os 
anos para uma caverna aos arredores de Meca 
com o fim de meditar. Esse hábito também era 
prática corrente dos eremitas cristãos, que, di-
ferentemente de Maomé, fundamentavam sua 
meditação em algum texto sagrado, em geral os 
Evangelhos da tradição cristã.
Aos 40 anos, Maomé teve uma revelação. 
Apareceu-lhe o arcanjo Gabriel com um perga-
minho ordenando-lhe que o lesse. Maomé não 
sabia ler e, em vista disso, o arcanjo incitou-lhe a 
recitar o que ouvia.
Sura (capítulo) do alcorão
As recitações transmitidas por Maomé fo-
ram reunidas num livro, o Qu´ran, o Corão, ape-
nas após a sua morte. Assim como no judaísmo e 
no cristianismo, o islamismo também passa a ter 
seu livro sagrado.
Im
ag
em
 1
4:
 W
iki
pe
di
a
22
Cultura Religiosa
23
www.ulbra.br/ead
Is
la
m
is
m
o
De Meca a Medina
Após a revelação, Maomé começa sua pre-
gação em Meca. Proclama-se profeta e mensa-
geiro de Deus. As famílias abastadas entende-
ram essa pregação como manobra para usurpar 
o poder político da cidade. Também as famílias 
assentadas no tradicionalismo religioso se lhe 
opuseram por entenderem que, se abandonassem 
suas antigas crenças, estariam reconhecendo que 
seus antepassados foram pagãos.
A crise estava instalada. A situação de Ma-
omé piora após a morte de seu tio e esposa. Al-
guns de seus seguidores, residentes em Medina, 
mostraram-se dispostos a aceitá-lo na cidade. 
Assim, em 622 d.C. Maomé sai de Meca e vai 
para Medina.
Esse episódio é conhecido como hégira, que 
significa “rompimento” ou “partida”, mas jamais 
“fuga”.
Líder religioso e político
Em Medina, Maomé torna-se um líder reli-
gioso e político. Sem perder de vista seu futuro 
retorno a Meca, procura se estabelecer financei-
ramente por meio de assaltos a caravanas perten-
centes às famílias ricas de Meca. O conjunto das 
atividades desenvolvidas por Maomé com vistas 
ao retorno a Meca é conhecido como jihad, hoje 
empregado para designar a guerra santa.
Na década seguinte, Maomé toma a cida-
de de Meca por meios militares e diplomáticos. 
Ocupou, a seguir, grande parte da Arábia. Em 
632 d.C., pouco antes de morrer, havia realizado 
o feito de unir o país e torná-lo um só domínio, 
no qual a religião tinha mais representatividade 
que os antigos laços familiares e tribais.
O Cisma no islã após Maomé
Após a morte de Maomé, a liderança do 
movimento foi assumida pelos califas, ou suces-
sores. Os três primeiros califas eram parentes de 
Maomé. O quarto califa, Ali, genro de Maomé, 
casado com sua filha Fátima, era filho de seu tio, 
Abu Talib, que o havia criado. 
Surgem os Xiitas e os Sunitas
O Cisma no mundo islâmico começa na 
época de Ali. Sua liderança foi repleta de contro-
vérsias, e ele acabou sendo assassinado por seus 
adversários. Os seguidores de Ali defendiam e 
acreditavam que, por ser o parente mais próximode Maomé, ele era o seu sucessor natural. Esses 
seguidores eram identificados como os Shiat Ali 
(o partido de Ali), ou xiitas, que formam a base 
da religião oficial do Irã de hoje.
Os xiitas entendiam que a liderança do mo-
vimento deveria ser concedida a um descendente 
direto de Maomé, enquanto o grupo divergente, 
facção bem maior que os xiitas, identificados 
como sunitas, julgava que a liderança cabia ao 
indivíduo que de fato controlava o poder.
Após a morte de Ali, o califado teve sede em 
Damasco por algum tempo e, a seguir, instalou-
se em Bagdá, onde permaneceu por 500 anos. 
Depois disso, a liderança passou para o sultão 
turco de Istambul. O último sultão foi derrubado 
em 1924 e, desde então, o mundo islâmico dei-
xou de ter um califa como líder.
Sunitas Xiitas
Os dois grupos reúnem a maioria dos adeptos do islamismo.
84% 16%
Ensinamentos
Deus
Não há Deus, senão Alá, e Maomé é seu pro-
feta. Este é o resumo da fé islâmica: o monoteís-
mo e a revelação dada a Maomé.
Monoteísmo
Alá não constitui um nome pessoal, mas, 
sim, a palavra árabe que significa “Deus”. Eti-
Cultura Religiosa
24
www.ulbra.br/ead
Is
la
m
is
m
o
mologicamente, a palavra alah se relaciona com 
a palavra hebraica el, que é utilizada na Bíblia 
para nomear o Deus dos hebreus.
O termo “alah”, ára-
be, e o termo “el”, 
hebraico, referem-se 
a “Deus”
O politeísmo é atacado com veemência, res-
saltando-se a crença num só Deus, que é criador 
e juiz. Ele criou o mundo e tudo o que há nele. 
No último dia irá trazer todos os mortos de volta 
à vida para julgá-los.
Há uma forte ênfase no amor e na compai-
xão divinos. Embora Deus seja aquele a quem to-
dos devem submeter-se, também é o que perdoa 
e auxilia o ser humano. Este não merece nada de 
Deus nem pode invocar direitos sobre nada. A 
salvação e a fé brotam somente da graça de Deus 
e são coisas que os seres humanos podem apenas 
ter esperança de conseguir.
Revelação
Deus falou ao ser humano por intermédio 
de seu profeta Maomé. Ele é o último dos pro-
fetas enviados por Deus à humanidade. Embora, 
de início, Maomé estivesse próximo às tradições 
judaico-cristãs, delas se distancia em razão de 
controvérsias tidas com os judeus sobre narrati-
vas do Antigo Testamento.
O fundo histórico do movimento desencade-
ado por Maomé é encontrado em Abraão e seu 
filho, Ismael, antepassado dos árabes. Maomé 
ensinou que Abraão e Ismael tinham reconstru-
ído a sagrada Kaaba, que fora erigida por Adão 
e destruída pelo dilúvio. Para Maomé, tanto os 
judeus como os cristãos distanciaram-se do mo-
noteísmo de Abraão. 
Quando em Medina, Maomé ensinara que, 
ao orar, o rosto deveria estar voltado para Jeru-
salém. Depois de rompidas as relações com os 
judeus, a orientação mudou: o fiel, agora, deve 
estar de frente para Meca ao orar. Por essa época 
também, designou-se a sexta-feira como dia sa-
grado da semana.
A Kaaba hoje em dia de peregrinação
Em relação ao cristianismo, a diferença 
acentuou-se na questão da Trindade. Além disso, 
houve divergência quanto ao papel de Jesus, que, 
para o cristianismo, é o Verbo (Palavra) revelado, 
enquanto, para o islamismo, a revelação é o pró-
prio Qu´ran (Corão).
Ser humano
O ser humano possui um estatuto especial 
e uma posição privilegiada no universo. A vida 
é dádiva divina. O ser humano é criatura divi-
na perfeita e possuidor de uma alma que perdura 
após a morte. 
 A bondade lhe é inata por graça divina e 
não se perde por qualquer meio ou motivo. Não 
há a noção de um pecado herdado. O ser huma-
no é sempre bom. Quando muito, ele se esque-
ce de sua origem divina e da bondade que lhe é 
inerente. Para que isso não ocorra, o ser humano 
necessita constantemente reavivar suas origens e 
qualidades divinas.
O fato de ter sido escolhido por Deus para 
que Ele se revele ao mundo, dá a dimensão exata 
dos grandes valores e qualidades humanas. 
Vida e morte
Os cinco pilares
A vida de um seguidor do islamismo está 
marcada por cinco passos bem definidos, deno-
minados de Os cinco pilares, descritos a seguir.
Im
ag
em
 1
5:
 B
ha
tk
al
24
Cultura Religiosa
25
www.ulbra.br/ead
Is
la
m
is
m
o
Os cinco pilares do Islamismo:
•	Credo
•	Oração
•	Caridade
•	Jejum
•	Peregrinação à Meca
Credo – “Não há outro Deus senão Alá, e 
Maomé é seu Profeta.” É a primeira coisa que 
se deve sussurrar ao ouvido da criança recém-
nascida e a última a ser sussurrada no ouvido do 
moribundo.
Oração – Deve ser feita cinco vezes ao dia; 
o pressuposto é estar ritualmente limpo das im-
purezas, causadas pelas funções corporais, o que 
é obtido pelo banho em água corrente. 
Mesmo em terras distantes mantém-se a obrigação 
das orações diárias
Caridade – É uma espécie de taxa sobre a 
riqueza e a propriedade, fixada em cerca de 2,5% 
sobre o montante; ela é destinada a usos sociais, 
objetivando diminuir as desigualdades entre ri-
cos e pobres, sem interferir no princípio da pro-
priedade privada. O islã não proíbe que se des-
frute a vida na terra, mas lembra que se deve ter 
sempre em mente o fato de que esta não passa de 
uma preparação para a vida que começará depois 
do julgamento divino.
Jejum – O Corão proíbe comer porco e be-
ber álcool. De resto, nada se proíbe. A exceção é 
o jejum durante o Ramadan, mês em que Maomé 
teve sua primeira revelação. Nesse período, entre 
o nascer do sol e o pôr-do-sol, é proibido comer, 
beber, fumar ou ter relações sexuais. Os viajan-
tes, os doentes, as crianças e as mulheres grávi-
das ou que estão amamentando são exortados a 
cumprir o jejum numa data posterior.
Peregrinação a Meca – Todo muçulmano 
adulto que dispõe de meios financeiros deve rea-
lizar, pelo menos uma vez na vida, uma peregri-
nação a Meca. Os peregrinos que para lá se diri-
gem, passam a usar vestes brancas e caminham 
em torno da Kaaba por sete vezes. Outro mo-
mento importante é quando os peregrinos vão ao 
monte Arafat e lá ficam, sem cobrir a cabeça, do 
meio-dia até o pôr-do-sol. Foi no monte Arafat 
que Adão e Eva se encontraram de novo, depois 
que foram expulsos do jardim do Éden. O ponto 
alto das festividades é o sacrifício de algum ani-
mal (carneiro, bode, camelo, boi etc.). A finali-
dade é relembrar que Abraão foi tão obediente a 
Deus que se dispôs a sacrificar seu próprio filho, 
Ismael. Deus foi misericordioso com Abraão e 
enviou-lhe um animal para que ele o sacrificasse 
em lugar do filho. 
Peregrinação a Meca
Im
ag
em
 1
6:
 T
em
pl
e 
Un
ive
rsi
ty
Im
ag
em
 1
7:
 B
BC
 d
e 
Lo
nd
re
s
Cultura Religiosa
26
www.ulbra.br/ead
Is
la
m
is
m
o
Relações humanas - Ética e 
Política
Quando as instruções do Livro não forem 
suficientes, recorre-se a dois princípios:
•	Princípio da similaridade ou analogia: busca-se 
no Corão um exemplo semelhante e capaz de 
sugerir uma decisão;
•	Princípio do consenso: uma decisão de 
consenso pode ser vista como lei a ser 
observada.
•	Já os xiitas adotam um terceiro princípio: o da 
revelação.
Não há no islã distinção entre religião e po-
lítica, tampouco entre a fé e a moral. O Corão 
é suficiente para resolver todas as questões que 
envolvem os relacionamentos humanos.
Os xiitas acreditam que a revelação não está 
concluída e que seus líderes são os instrumentos 
divinos para as novas interpretações. Essa posi-
ção contraria a dos sunitas, que afirmam que a re-
velação veio apenas uma vez, em sua forma final.
As mulheres no islã
Há profundos contrastes no tratamento con-
cedido a homens e mulheres na vida social e nas 
leis relativas ao casamento. Devemos, no entan-
to, ressaltar que o Corão, em relação às mulhe-
res, determina tanto obrigações (“os homens têm 
autoridade sobre as mulheres”)quanto direitos (o 
dote pago pelo marido, por ocasião do casamen-
to, é propriedade da mulher e não pode ser usado 
sem o consentimento dela).
A mulher só pode ter um marido. Já o ho-
mem pode ter até quatro esposas, desde que as 
possa sustentar. A poligamia é proibida na Tur-
quia e na Tunísia. Outra particularidade com 
relação ao casamento e que é pouco conhecida, 
embora bastante difundida, é o casamento por 
contrato com tempo determinado. É utilizado, 
em especial, quando o marido fica por muito 
tempo fora de casa e tem por fim preservar a sus-
tentabilidade da mulher.
O divórcio é possível, mas 
apenas quando iniciado pelo 
marido, que é o responsável 
pelo lado financeiro do ca-
samento. O marido também 
tem o direito de punir fisi-
camente a mulher se ela for 
desobediente.
A excisão do clitóris 
(mutilação genital femini-
na) não é obrigatória, mas 
mesmo assim é praticada 
com freqüência no Norte 
da África. Não há no Co-
rão menção a essa prática, 
bem como à tradição de 
usar o xador, o véu. 
A morte
Após a morte, a alma do fiel muçulmano 
vai a um paraíso desfrutar dos seus deleites e 
contemplar o rosto de Alá. A alma do infiel, por 
seu turno, vai ao inferno. Aguardar-se-á o dia do 
juízo, quando as ações dos seres humanos serão 
definitivamente julgadas e receberão a devida 
paga. As almas dos mártires e dos profetas não 
passarão pelo juízo final, pois já estão no paraí-
so. O ato final será a proclamação do islã como 
religião mundial, liderada por Jesus.
A crença num julgamento final após a morte 
é necessária, segundo muitos muçulmanos, para 
que o ser humano assuma a responsabilidade so-
bre seus atos. A idéia de um julgamento cria um 
senso moral de dever que é relevante para a co-
munidade.
Mundo
O mundo foi criado por um ato deliberativo 
de Alá. Em decorrência, dois aspectos emergem: 
o mundo da matéria é real e importante, e, por ser 
obra de Alá, que é perfeito em bondade e poder, o 
mundo material também o é.
O Xador (véu) usado 
pelas mulheres da 
religião islamica
O divórcio é possível, mas 
apenas quando iniciado pelo 
marido, que é o responsável 
- Im
ag
em
 1
8:
 N
aj
ah
 T
ea
m
26
Cultura Religiosa
27
www.ulbra.br/ead
Is
la
m
is
m
o
Principais tendências
Sunitas – Defendem que a unidade da co-
munidade islâmica é muito mais importante que 
a genealogia de seu líder. Acreditam que o pro-
feta morreu sem indicar um sucessor e que os lí-
deres que o sucederam, os califas, representam 
a sucessão legítima. Distinguem-se, ainda, pela 
ênfase dada à inescrutabilidade racional de Alá 
e à extensão limitada do livre-arbítrio humano.
Xiitas – Defendem que a unidade da comu-
nidade islâmica só é possível reconhecendo-se 
que os descendentes do profeta são os líderes 
(imã) ou modelos naturais escolhidos por Alá. É 
particularmente importante para esse grupo não 
perder de vista que o terceiro líder, assassinado 
em 680 d.C. ao recusar-se jurar fidelidade ao ca-
lifa regente, optou pelo martírio como forma de 
obediência às revelações dadas ao profeta. Essa 
lembrança manifesta-se no sentimento de luto 
que toma conta dos xiitas por ocasião da morte, 
quando em luta, de um de seus adeptos. Possuem 
um clero hierárquico organizado, no qual a as-
censão se dá segundo o grau de cultura, sendo o 
mais alto nível o de aiatolá.
Sufismo – É o grupo islâmico com tendên-
cia mística e cuja característica mais marcante é 
a renúncia ao eu por meio de hábitos devocionais 
e pela convicção de que Alá é a verdade suprema 
da existência humana e o caminho para os esta-
dos mais elevados de consciência e iluminação. 
O termo sufi designa “o que se veste com lã”, 
numa referência possível às vestes dos primeiros 
sufis.
Fundamentalismo islâmico – Defendem 
que a shari´ah (conjunto de regras islâmicas ex-
traídas do Corão e dos ensinamentos de Maomé) 
tem validade eterna e deve ser seguida à risca. 
O movimento surgiu por volta do século XVIII 
como uma reação ao avanço ocidental e ao con-
seqüente relaxamento dos princípios da shari´ah. 
Imaginam que será por meio de uma inserção 
cada vez maior na política que poderão ser res-
tabelecidos os princípios islâmicos. Defendem 
uma estrutura familiar patriarcal e entendem que 
os postos militares e políticos só devem ser entre-
gues a muçulmanos comprometidos com a comu-
nidade islâmica e que aos empregados deve ser 
dado tempo para as orações diárias. Acreditam 
ainda que se deve solidariedade aos muçulmanos 
no mundo todo e opõem-se ao homossexualismo 
e ao aborto.
Fundador: o profeta Muhammad (Maomé).
Data de nascimento: 570 d.C.
Local de nascimento: Meca, atual Arábia Saudita.
Ano de fundação: 622 d.C., em Meca.
Textos sagrados e reverenciados: Qu´ran (Corão), coleção das escrituras divinas 
como reveladas ao profeta Maomé pelo arcanjo Gabriel, e Hadith, coleção de ditos 
de Maomé e seus seguidores e que se perpetuaram com o decorrer do tempo.
Estatística: estima-se hoje em cerca de 1 bilhão e 300 milhões de adeptos distribuí-
dos por várias localidades: Turquia, Oeste da África, Sul da Ásia, Filipinas, Indonésia, 
Índia, Oriente Médio, Europa e as três Américas. No Brasil, fala-se em 1 milhão de 
adeptos.
Perfil do Islamismo
SÍMBOLO DO ISLAMISMO: 
Enquanto a estrela indica 
o caminho a seguir, a lua 
o ilumina. O símbolo é 
utilizado para significar 
como o Islamismo guia 
e ilumina o caminho dos 
seus seguidores.
Cultura Religiosa
28
www.ulbra.br/ead
Ju
da
ís
m
o
História
O judaísmo é uma religião inteiramente ligada à história. As narrativas bíblicas começam com Adão e Eva e os relatos 
que apontam as conseqüências do pecado, mani-
festadas no desejo humano de rebelar-se contra 
Elohim (Deus). Segue-se a expulsão do paraíso. 
Mais tarde, o mundo inteiro é destruído pelo di-
lúvio, salvando-se apenas Noé e sua família, jun-
tamente com todos os animais da Terra. Sodoma 
e Gomorra, cidades sem Elohim, são aniquiladas, 
e a torre de Babel é derrubada por representar a 
tentativa humana de chegar até o céu*.
De Abraão a Moisés
A fase histórica seguinte tem seu ponto de 
partida com Abraão, ao sair da cidade de Ur, lo-
calizada no atual Sul do Iraque, por volta de 1700 
AEC. Seguindo orientação divina, Abraão saiu 
de sua terra e foi em direção à terra indicada por 
Elohim, a fim de formar um grande povo. Esse 
povo ganhou um nome após uma dramática luta 
entre Jacó, neto de Abraão, e um anjo de Elohim. 
O anjo lhe dá o nome de Israel (o que venceu a 
Elohim). Os filhos de Jacó, mais tarde, vieram a 
ser identificados como as doze tribos de Israel.
Com José, um dos filhos de Jacó, as narra-
tivas bíblicas mostram como os israelitas foram 
parar no Egito. Após serem escravizados, foram 
retirados do Egito com a ajuda de Moisés, numa 
jornada de 40 anos pelo deserto antes de chega-
rem à Canaã, a terra prometida.
Fato marcante da travessia acontece no mon-
te Sinai, quando Elohim dá a Moisés as duas tá-
buas da Lei com os Dez Mandamentos.
Por volta de 1200 AEC, os israelitas con-
JUDAÍSMO
Uma religião inteiramente ligada à história:
Por Prof. Ronaldo Steffen
A jornada de Abraão
*Confira esses relatos no “Livro de Êxodo”, disponível em: http://www.sbb.org.br.
Ar
qu
ivo
 U
LB
RA
EA
D
Ar
qu
ivo
 U
LB
RA
EA
D
28
Cultura Religiosa
29
www.ulbra.br/ead
Ju
da
ís
m
o
quistaram parte de Canaã, convivendo com povos 
não israelitas. Foi a época dos juízes que cuida-
vam para que o povo respeitasse as leis dadas por 
Elohim. A luta com os filisteus, nesse período, 
foi o episódio determinante da necessidade da 
criação de um poder político centralizado. 
Divisão das 12 Tribos de Israel
O reino de Israel
O ano 1000 AEC marca a introdução da mo-
narquia por meio de Saul.