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FPPC - Relatório - Emoção

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Prévia do material em texto

CAMILA SAKAMAE PIETRO
LETÍCIA BATISTA CALDEIRA
NATÁLIA SILVEIRA LISBÔA
PEDRO MISAILIDIS ANTONINI
IDENTIFICAÇÃO DAS EMOÇÕES FACIAIS UNIVERSAIS
Relatório apresentado à disciplina de Fenômenos e Processos Psicológicos C, da Faculdade de Psicologia, do Centro de Ciências da Vida, como parte das atividades do laboratório exigidas para aprovação.
Orientador: Prof(a). Dr(a). Karina de Carvalho Magalhães
PUC-CAMPINAS
2018
1. INTRODUÇÃO TEÓRICA
Não é surpresa que as emoções sejam essenciais em nossa vida e apareçam diante de alguns eventos específicos. De acordo com Reeve (2015), as emoções são fenômenos expressivos, breves e que produzem ativação e sensações em um indivíduo, ajudando na adaptação frente às oportunidades e aos desafios da vida. 
As emoções são causadas por um evento significativo, que ativa respostas biológicas e cognitivas que resultam em aspectos fundamentais da emoção, como sentimentos, excitação corporal, metas e uma expressão (REEVE, 2015).
1.1 Características das emoções
De acordo com Reeve (2015), as emoções são multidimensionais: envolvem diversos aspectos interligados e complexos, como biológicos, pois há uma ativação corporal; subjetivos, pois produz determinadas sensações no indivíduo; sociais, pois comunicam ao outro as emoções sentidas por uma pessoa; e propósitos, pois a emoção direciona o comportamento de forma a alcançar uma meta. 
A função das emoções é preparar o indivíduo para uma ação, despertando respostas automáticas, rápidas e em prol das tarefas fundamentais da vida. Além disso, as emoções influenciam também ações futuras, produzindo respostas apropriadas às situações vívidas. Elas têm papel essencial na interação com o outro e aumentam a capacidade adaptativa do indivíduo (REEVE, 2015). 
A emoção também possui uma relação com a motivação, já que pode ser considerada um tipo de motivo que energiza e mobiliza o comportamento e também um readout (sistema de leitura) para compreender a motivação de uma pessoa: emoções positivas indicam um envolvimento agradável; emoções negativas favorecem comportamentos de afastamento e fuga (REEVE, 2015).
1.2 Diferentes perspectivas no estudo da emoção
Mesmo com o conhecimento de que existem respostas tanto biológicas quanto cognitivas causadas pela emoção, ainda há debates sobre se a emoção é um fenômeno primariamente biológico ou cognitivo (REEVE, 2015).
A perspectiva biológica (autores Izard, Ekman e Panksepp) acredita que é a ativação fisiológica diante de um evento que causa a emoção (embora reconheça as influências cognitivas, sociais e culturais sobre esta). Essas ideias foram apoiadas pelas descobertas de que alguns estados emocionais são complicados de verbalizar; de que as experiências emocionais podem ser produzidas por estímulos elétricos no cérebro ou na musculatura facial; e de que os bebês e animais não-humanos apresentam emoções, ainda que sem um sistema cognitivo refinado (REEVE, 2015).
Já a perspectiva cognitiva (autores Lazarus, Scherer e Weiner) também reconhece a importância dos vários aspectos envolvidos na emoção, mas acredita que é a interpretação de determinado evento que produz ou não a emoção na pessoa. Para eles, o processo emocional começaria com a avaliação cognitiva, que daria uma significação para o evento (REEVE, 2015).
Há ainda uma terceira perspectiva, a integrada, que reconhece a ativação dos dois níveis – biológico e cognitivo – nas emoções. Plutchik via a emoção como um complexo circuito de retroalimentação, ou seja, o indivíduo, diante de determinado evento, apresentaria uma emoção, essa emoção geraria uma ação e se manifestaria nas expressões faciais. De maneira geral, a emoção pressuporia uma cadeia de eventos retroalimentados (REEVE, 2015).
1.3 Famílias emocionais
Um ponto de discordância entre pesquisadores de orientação biológica e cognitiva é se algumas emoções são mais básicas ou fundamentais que outras. Existe uma perspectiva denominada “meio-termo” que argumenta que nenhuma emoção básica existe de maneira isolada, mas sim em um conjunto de emoções relacionadas: as famílias emocionais (REEVE, 2015).
Segundo a perspectiva “meio-termo”, os membros dessas famílias emocionais partilhariam com a emoção básica muitas características semelhantes, como fisiologia, estado subjetivo de sentimento, características da expressão, entre outras. Haveria um número limitado dessas famílias de emoções básicas, com raízes na evolução e na biologia - embora os autores reconheçam que muitas variações das emoções também se dão pela aprendizagem, socialização e inserção do ser humano na cultura. (REEVE, 2015).
Paul Ekman (2011) também constatou que a aprendizagem não poderia ser a única fonte provedora dos aspectos de cada emoção, pois vai em contraste à universalidade presente nas emoções. O autor concluiu que a herança evolucionista tinha uma grande importância na modelagem de nossas respostas emocionais. Dessa forma, essas duas abordagens, em conjunto, conseguiam explicar de maneira integrada diversos aspectos das emoções.
Ainda de acordo com Reeve (2015), outra maneira de se entender as famílias emocionais seria por meio de uma perspectiva mais cognitivista. Uma análise da língua inglesa feita por pesquisadores os levou a conclusão de que o conhecimento da emoção envolve protótipos de cinco emoções básicas: alegria, amor, raiva, medo e tristeza. Conforme a pessoa vai se socializando e tendo experiências emocionais, sua capacidade de fazer distinções cada vez mais detalhadas das causas e consequências dessas cinco emoções básicas aumenta, e o indivíduo aprende que situações diferentes podem dar origem a variações das emoções básicas. Sendo assim, a emoção básica seria principal, enquanto as suas variações (família) seriam emoções secundárias.
1.4 Expressão facial e muscular da emoção
De acordo com as autoras Silva e Silva (1995), o rosto é a principal fonte do corpo de comunicação dos estados emocionais das pessoas. Enquanto alguns pesquisadores sugerem que isto se deve à aprendizagem e atenção que prestamos em rostos durante a primeira infância, outras pesquisas afirmam que as expressões faciais possuem um caráter inato, independente de aprendizagem. 
A hipótese de as expressões faciais serem universais abriu um novo campo de possibilidades para o estudo do comportamento não-verbal. Para estudá-lo, Ekman e Friesen criaram o Facial Action System (FACS), o primeiro instrumento que possibilita a análise e descrição dos movimentos da musculatura facial humana. Existem duas descobertas associadas a construção do FACS: a primeira é a existência de músculos faciais não passíveis de serem controlados voluntariamente; a segunda é que o ato de mimetizar uma expressão facial de determinada emoção ativa, em nível fisiológico, um processo correspondente a tal emoção, descoberta denominada Hipótese do Feedback Facial (CUVE, 2015).
A Hipótese do Feedback Facial sugere que o aspecto subjetivo da emoção tem sua origem em sentimentos gerados pelos movimentos da musculatura facial em conjunto à alterações na temperatura da pele e em sua atividade glandular. Para os pesquisadores criadores desta hipótese, quando transformada em percepção consciente, o feedback do comportamento facial constituiria a experiência da emoção. É necessário citar que há duas versões do Feedback Facial: a versão forte e a fraca. Em sua versão forte, é proposto que, ao manipular a musculatura da face de maneira a formar um padrão que corresponde a uma expressão da emoção, irá haver ativação de uma experiência emocional. Na versão fraca, propõe-se que o feedback facial modifica a intensidade da emoção, mas não a origina (REEVE, 2015).
Os seres humanos possuem 80 músculos faciais, sendo 36 ligados à expressão facial. Em nível das relações básicas, oito músculos podem ser considerados suficientes para diferenciá-las; Na região superior da face, há três músculos principais: o frontal, os corrugadores e os orbiculares das pálpebras. Na região da face média há dois músculos principais: os zigomáticose o nasal. Na região da face inferior existem três músculos principais: o depressor, o orbicular da boca e o quadratus labii (REEVE, 2015).
Durante episódios de raiva, o músculo corrugador repuxa as sobrancelhas em sentido para dentro e para baixo, há tensão nas pálpebras inferiores em direção para cima (devido ao orbicular da pálpebra) e o orbicular da boca leva à compressão firme dos lábios. Em episódios de medo, o músculo frontal contrai a testa, gerando rugas, o corrugador eleva os cantos internos das sobrancelhas, o orbicular da pálpebra eleva as pálpebras superiores e tensiona as inferiores e o quadratus labii repuxa os lábios para trás. Durante episódios de repugnância, o músculo nasal causa o movimento de franzir o nariz, o zigomático eleva as maçãs do rosto, e o orbicular da boca eleva o lábio superior. Durante a tristeza, o corrugador produz o movimento de elevação e aproximação dos cantos internos das pálpebras, o orbicular da pálpebra eleva os cantos superiores internos das pálpebras, e o depressor repuxa para baixo os cantos dos lábios. Finalmente, a alegria gera relaxamento do orbicular da pálpebra, o que causa rugas abaixo dos olhos, e o zigomático faz repuxar os cantos do lábio para trás e para cima e eleva as maçãs do rosto, formando marcas de expressão abaixo dos olhos (REEVE, 2015).
1.5 Universalidade das emoções e regras de exibição
Paul Ekman produziu diversos estudos sobre as emoções e suas formas de expressão. Ele acreditava que as expressões e os gestos emocionais eram aprendidos culturalmente, mas após começar a desenvolver os seus estudos, percebeu que a maioria das pessoas de diversas culturas, ao analisarem uma foto com determinada expressão facial, chegavam à conclusões semelhantes. Apoiado em suas próprias descobertas e nas descobertas de outros cientistas, ele concluiu que as expressões emocionais seriam universais e o que as difere de uma cultura para outra são as regras de exibição e os gestos simbólicos (EKMAN, 2011).
As regras de exibição são aprendidas socialmente e, muitas vezes, diferentes em cada cultura. Elas representam em quais contextos uma determinada emoção pode ocorrer, quem pode demonstrar tal emoção, para quem pode mostrar e quando pode mostrar. Ekman testou essa teoria em uma série de estudos com japoneses e norte-americanos, mostrando que pessoas das duas nacionalidades apresentavam as mesmas expressões faciais ao assistirem filmes de cirurgias ou acidentes, porém quando um dos cientistas estava por perto, mais japoneses que americanos mascaravam as expressões negativas do rosto. Ekman também estudou filmagens de povos das regiões montanhosas de Papua-Nova Guiné e demonstrou que as expressões faciais diante de determinada emoção e o entendimento das expressões observadas em pessoas de diferentes culturas eram as mesmas (EKMAN, 2011).
Os resultados de Ekman trouxeram algumas críticas. Cientistas argumentaram que os participantes de seus estudos poderiam ter associado significados diferentes para uma emoção, pois as palavras que traduzem cada emoção não são perfeitamente traduzíveis de uma cultura para a outra. Ekman reconheceu que houve alguns problemas quanto a tradução, porém afirmou que não houve casos em que a maioria dos participantes da pesquisa atribuísse uma emoção diferente à mesma expressão. Outra crítica foi em relação as histórias criadas pelos povos não-letrados: foi dito que suas histórias não simbolizavam necessariamente as emoções que foram associadas. Ekman argumentou contra essa crítica dizendo que as emoções vão além das palavras com que as associamos. Embora as palavras sejam usadas para comunicar mais facilmente ao outro as emoções e a forma como uma pessoa está se sentindo, as emoções não são meramente palavras (EKMAN, 2011).
A hipótese de Ekman sobre a universalidade das emoções não é totalmente nova. Darwin já havia proposto que as emoções eram universais e que seriam produtos da evolução humana. Ele realizou estudos comparando as expressões faciais de seres humanos e animais e percebeu uma semelhança entre ambas. Ele acreditava que as expressões das emoções em homens e animais evoluíam de acordo com a herança genética adquirida por uso e desuso e pela seleção natural (CASTILHO; MARTINS, 2012). 
Desta forma, as emoções e suas expressões faciais são universais. Contudo, o repertório emocional de um indivíduo tem grande relação com a sua cultura e com o modo como se apresentam suas emoções. A seguir, apresenta-se uma tentativa de comparação da expressão facial de algumas emoções entre dois grupos etários: um de crianças, e outro de adultos. 
2. OBJETIVOS
- Investigar os fatores de interferência na identificação de emoções universais expressas em fotografias.	
3. MÉTODO
3.1 Situação
Os participantes 1, 2, 3, 11, 12, 13, 14 e 18 tiveram a Escala de identificação da Expressão Emocional aplicada em uma sala retangular, onde havia dois sofás perpendiculares, 2 cadeiras e uma grande estante com uma televisão (que permaneceu desligada). O aplicador sentou-se em um dos sofás, e o participante em outro, de forma que ficaram frente a frente. Aos participantes foi fornecida uma prancheta para que pudessem anotar suas respostas da escala de forma mais confortável. As janelas e cortinas ao fundo da sala permaneceram abertas, as luzes apagadas, o ventilador desligado, e a porta, fechada. 
Os participantes 4, 5, 6, 7, 15, 16 e 19 tiveram a Escala aplicada em uma sala retangular, onde havia uma mesa central com quatro cadeiras, um ventilador (que permaneceu desligado) e um armário paralelo à mesa – mas sua utilização não foi necessária. A porta foi fechada para que nenhum ruído exterior atrapalhasse a concentração do participante. A luz também foi acessa para facilitar a visualização da escala. O aplicador sentou-se ao lado do participante. 
Os participantes 8, 9, 10, 17 e 20 tiveram a Escala aplicada em uma sala retangular composta por dois sofás, uma estante com uma televisão (que permaneceu desligada) e uma mesinha ao centro da sala, onde foram colocadas canetas, caso o participante precisasse. O aplicador sentou-se em um dos sofás e o entrevistado no outro, de forma que ficaram um de frente para o outro. Além disso, a porta e a janela permaneceram fechadas, a fim de que nenhum ruído externo atrapalhasse a concentração do participante. As luzes permaneceram acessas e as cortinas fechadas. 
3.2 Participantes
Para o relatório foram selecionados 20 participantes ao acaso, sendo dez com idade entre 6 e 11 anos e dez com idade superior a 18 anos. 
- Participante 1: G. C., 11 anos, sexo masculino, ensino fundamental.
- Participante 2: R. A. F., 10 anos, sexo feminino, ensino fundamental.
- Participante 3: E. S. E., 8 anos, sexo feminino, ensino fundamental.
- Participante 4: M. D. S. D., 8 anos, sexo feminino, ensino fundamental.
- Participante 5: R. S. C., 11 anos, sexo masculino, ensino fundamental.
- Participante 6: T. S. C., 11 anos, sexo masculino, ensino fundamental.
- Participante 7: D. S. C., 6 anos, sexo masculino, ensino fundamental. 
- Participante 8: L. H. O. F., 8 anos, sexo masculino, ensino fundamental.
- Participante 9: L. B. C., 9 anos, sexo masculino, ensino fundamental.
- Participante 10: D. J. B. S., 8 anos, sexo feminino, ensino fundamental.
- Participante 11: G. L., 20 anos, sexo feminino, ensino superior incompleto.
- Participante 12: S. L. M. L., 51 anos, sexo masculino, ensino superior completo.
- Participante 13: E. S. L., 50 anos, sexo feminino, ensino superior completo.
- Participante 14: L. B., 22 anos, sexo masculino, ensino superior incompleto.
- Participante 15: J. C. P., 45 anos, sexo masculino, ensino médio.
- Participante 16: S. F. S. P., 45 anos, sexo feminino, ensino superior completo.
- Participante 17: O. A., 50 anos, sexo masculino, ensino superior completo.
- Participante 18: M. A. M. L., 48 anos, sexo feminino, ensino superior completo.
- Participante 19: A. F. C., 46 anos, sexo masculino, ensino médio.
- Participante 20: A. B. C., 42 anos, sexofeminino, ensino fundamental.
3.3 Instrumento
- Escala de Identificação da Expressão Emocional (ANEXO).
A Escala de Identificação da Expressão Emocional é um instrumento utilizado para avaliar o conhecimento das pessoas sobre expressões faciais de diferentes emoções. Esta consiste num questionário composto por seis fotografias de pessoas expressando facialmente as emoções: raiva, medo, nojo/repugnância, surpresa, alegria e saudade. Para cada foto, há cinco alternativas de emoções correspondentes à expressão facial. O participante deve escolher a alternativa que julga correta para cada foto, e ao final do questionário, responder qual foto considerou mais difícil de determinar a emoção correspondente e por que. Quanto maior o número de acertos, melhor é o participante na identificação de emoções a partir de expressões faciais.
3.4 Procedimento
Após todos os participantes do relatório terem sido definidos, o aplicador da Escala os chamou individualmente ao cômodo em que a entrevista seria realizada, de acordo com sua disponibilidade e a dos participantes. 
O aplicador sentou-se de frente para o participante e explicou que a atividade proposta seria sobre identificação de expressões emocionais em fotos. Foi explicado aos participantes que lhe seriam apresentadas seis fotos, em que ele deveria identificar a emoção expressada, e depois deveria responder algumas perguntas.
A seguir, cada participante recebeu uma cópia da Escala de Identificação da Expressão Emocional. Para as crianças, o aplicador preencheu suas iniciais, idade, sexo e nível de escolaridade, e em seguida mostrou cada uma das seis fotos pausadamente e perguntou qual emoção a criança julgava que a pessoa estava sentindo, de uma lista de 5 alternativas. Conforme as crianças respondiam, o aplicador anotava suas respostas. Aos adultos, foi solicitado que colocassem as iniciais de seu nome, idade, sexo e nível de escolaridade no início da folha. Eles mesmos puderam preencher a Escala marcando a alternativa que consideravam expressar a emoção demonstrada nas fotos.
Após todas as fotos terem sido identificadas, o aplicador pediu aos participantes que lhe dissessem, para cada foto, por que haviam escolhido aquela emoção, o que imaginavam que havia ocorrido antes e depois da foto e qual foto continha a emoção que eles julgaram mais difícil de identificar. O aplicador anotou as respostas das crianças e permitiu que os adultos escrevessem suas próprias respostas na folha.
Após o término do preenchimento da escala, o aplicador agradeceu ao entrevistado pela participação e finalizou a entrevista. 	
4. RESULTADOS 
	Tabela 1. Comparação da pontuação obtida pelos participantes de 6 a 11 anos na Escala de Identificação da Expressão Emocional.
	Participantes
	Fotos
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	P1
	1
	1
	0
	1
	1
	1
	P2
	0
	1
	1
	1
	1
	1
	P3
	0
	1
	1
	1
	1
	1
	P4
	0
	0
	0
	0
	0
	0
	P5
	0
	1
	1
	1
	1
	0
	P6
	0
	0
	1
	1
	1
	1
	P7
	0
	1
	1
	1
	1
	1
	P8
	1
	0
	1
	1
	1
	0
	P9
	1
	1
	1
	1
	1
	1
	P10
	1
	1
	1
	0
	1
	0
	Total
	4
	7
	8
	8
	9
	6
	Média
	0,40
	0,70
	0,80
	0,80
	0,90
	0,60
A Tabela 1 mostra o total e média de acertos de cada foto da Escala de Identificação da Expressão Emocional, para a faixa de 6 a 11 anos. A Foto 5, que representava alegria, obteve o maior número de acertos: 9 dos 10 participantes identificaram a emoção corretamente. Logo em seguida vieram as emoções de nojo/repugnância e surpresa, identificadas corretamente por 8 dos 10 participantes. Já a Foto 1 foi a que obteve a menor taxa de acertos: somente 4 das 10 crianças identificaram essa emoção corretamente.	
	Tabela 2. Comparação da pontuação obtida pelos participantes acima de 18 anos na Escala de Identificação da Expressão Emocional.
	Participantes
	Fotos
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	P11
	1
	1
	1
	1
	1
	1
	P12
	1
	0
	1
	0
	1
	1
	P13
	0
	0
	1
	0
	0
	0
	P14
	1
	1
	1
	1
	1
	1
	P15
	0
	0
	1
	0
	1
	1
	P16
	0
	0
	0
	1
	1
	0
	P17
	1
	1
	1
	1
	0
	1
	P18
	1
	1
	1
	1
	1
	1
	P19
	0
	0
	0
	1
	1
	0
	P20
	1
	0
	1
	1
	1
	1
	Total
	6
	4
	8
	7
	8
	7
	Média
	0,60
	0,40
	0,80
	0,70
	0,80
	0,70
A Tabela 2 também mostra o total e média de acertos de cada foto da Escala de Identificação da Expressão Emocional, dessa vez para a faixa de participantes acima de 18 anos. Nesse grupo, as fotos com maior número de acertos foram a Foto 3 (nojo/repugnância) e Foto 5 (alegria), identificadas corretamente por 8 dos 10 participantes. A seguir, as Fotos 4 (surpresa) e 6 (tristeza) foram acertadas por 7 dos 10 participantes. A Foto 2, que representava medo, obteve o menor número de acertos: somente 4 dos 10 participantes identificaram a emoção corretamente.
Gráfico 1. Comparação das pontuações médias por foto obtidas pelos dois grupos etários na Escala de Identificação da Expressão Emocional.	
O Gráfico 1 compara as médias de acertos dos dois grupos etários para cada foto da Escala de Identificação da Expressão Emocional. Observa-se que na Foto 1, os adultos foram melhorem em identificar a emoção raiva do que as crianças (0,6 contra 0,4). Já na Foto 2, as crianças foram bem melhores em identificar o medo do que os adultos (0,7 contra 0,4). Na Foto 3, da emoção repugnância/nojo, os dois grupos etários obtiveram a mesma média de acertos, 0,8. Nas Fotos 4 (surpresa) e 5 (alegria) as crianças obtiveram uma média de acertos um pouco maior que a dos adultos (0,8 e 0,9 da faixa etária de 6 a 11 anos contra 0,7 e 0,8 da faixa etária acima de 18 anos). Na Foto 6, os adultos obtiveram uma média de pontos um pouco maior que a das crianças (0,7 contra 0,6).
As crianças tiveram um desempenho um pouco melhor do que o dos adultos na identificação de emoções da Escala. Enquanto as duas faixas etárias obtiveram na Foto 3 a mesma média de pontuação, as crianças foram melhores que os adultos em 3 fotos (Fotos 2, 4 e 5), e os adultos foram melhores que as crianças em 2 fotos (Fotos 1 e 6).
	Quadro 1. Comparação das justificativas do grupo de participantes de 6 a 11 anos para a escolha das emoções em cada foto da Escala de Identificação Emocional.
	Participante
	Justificativas
	
	Foto 1
	Foto 2
	Foto 3
	Foto 4
	Foto 5
	Foto 6
	P1
	Ela está brava.
	A cara dele já diz.
	Ela parece estar de olho em alguma coisa.
	Parece que algo aconteceu.
	A cara já diz.
	Parece que aconteceu algo ruim, alguém morreu.
	 P2
	Boca e olhos.
	Boca, olhos e sobrance-lha.
	Boca e olhos.
	Boca.
	Sorriso.
	Olhos e sobrancelhas.
	P3
	Uma pessoa deve ter feito algo e ela pediu para parar.
	Um ladrão entrou na casa dele.
	Deve ter visto algo que dava muito nojo.
	Olhar vago e boca aberta.
	Sorriso.
	Olhar caído. 
	P4
	Pela expressão facial, ela parece irritada.
	A expressão facial parece de surpresa.
	Olho está bem fechado e a boca está esquisita.
	Ele parece assustado.
	Dentes estão para fora e a cara tá estranha.
	Cara triste, com saudade de alguém.
	P5
	Pela expressão: boca aberta e olho esbu- galhado.
	Feição de medo. Deve estar ocorrendo algo na frente dele.
	Pela expressão: parece estar sentindo o cheiro de algo que a deixou com nojo.
	Pelos olhos esbuga-lhados. 
	Pela boca mostrando todos os dentes. 
	Pela sobrancelha baixa.
	P6
	Rosto de quem está incomoda-da com algo.
	Parece espantado com algo.
	Olhar.
	Olhos bem abertos.
	Sorriso.
	Sobrancelha curvada e olhos caídos.
	P7
	Cara e olho.
	Porque a cara tá meio de medo.
	Olhos e boca estão meio esquisitos.
	Não sei.
	Boca, de quem está sorrindo.
	A cara e os olhos estão caidinhos.
	P8
	Olhar e boca de raiva.
	Parece surpreso com o próprio medo.
	Parece estar com nojo de alguma comida, pelos olhos e boca.
	Cara de quem não acredita no que aconteceu.
	Sorriso.
	Cara meio morta.
	P9
	Sobrance-lha levantada. 
	Parece que levouum susto.
	Ela está com nojo do bafo de alguém.
	Parece que ela foi surpreen-dida
	Parece que ele ganhou um prêmio.
	Pela expressão facial, parece que ela foi expulsa de casa.
	P10
	Cara fechada, alguém fez algo que a irritou.
	Olho arregalado. Deve ter visto algo que deu medo.
	Deve ter visto um bicho que a deixou com nojo.
	Ela encontrou dinheiro.
	Está sorridente, alguém deve ter feito algo bom para ele.
	Parece que alguém foi viajar e a deixou.
O Quadro 1 traz as respostas dos participantes de 6 a 11 anos sobre a segunda parte da Escala de Identificação da Expressão Emocional. Nela, os aplicadores pediram para os participantes justificarem cada escolha de emoção para todas as fotos da Escala. Caso os participantes não conseguissem justificar sua escolha, poderiam descrever uma história sobre o que achavam que poderia ter ocorrido com as pessoas antes e depois das fotos.
Na Foto 1, prevaleceram justificativas envolvendo características faciais: o olhar, boca e sobrancelha da moça da foto foram mencionados por seis dos dez participantes. Além disso, o Participante 1 identificou que a moça parecia brava, e o Participante 4, que alguém deveria ter feito algo que a deixou irritada.
Na Foto 2, somente os Participantes 2 e 10 mencionaram características faciais, como olhos, boca e sobrancelha, para justificar sua escolha. Os Participantes 5, 7 e 10 mencionaram que a o homem da foto estava com cara de quem estava com medo de algo e o Participante 3 contou a história de que um ladrão havia entrado na casa do homem. Alguns participantes também julgaram que o homem da foto parecia surpreso ou espantado com algo.
Na foto 3, cinco participantes (3, 5, 8, 9 e 10) mencionaram alguma história que envolvia a emoção nojo e quatro participantes (2, 4, 6 e 7) mencionaram características dos olhos e boca.
Na foto 4, os Participantes 2, 3, 5 e 6 mencionaram os olhos abertos e a boca aberta como justificativas para a escolha da emoção. O Participante 9 mencionou que a moça da foto parecia surpresa e o Participante 4, que ela parecia assustada.
Na foto 5, sete crianças (Participantes 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8) mencionaram o sorriso e a região da boca como justificativa para sua escolha de emoção. As Participantes 9 e 10 contaram histórias bem plausíveis para justificar sua escolha: ele poderia ter ganho um prêmio ou alguém poderia ter lhe feito algo bom.
Finalmente, na Foto 6, seis crianças (Participantes 2, 3, 5, 6, 7 e 8) mencionaram características do rosto da mulher como justificativa. O restante das crianças contou histórias sobre porque julgavam que a mulher da foto estava triste (alguém morreu, ela foi expulsa de casa) e outros ainda julgaram que ela estava com saudade de alguém.
Quadro 2. Comparação das justificativas do grupo de participantes acima de 18 anos para a escolha das emoções em cada foto da Escala de Identificação Emocional.
	Participante
	Justificativas
	
	Foto 1
	Foto 2
	Foto 3
	Foto 4
	Foto 5
	Foto 6
	P11
	Por causa dos lábios.
	Boca e olhos de alguém assustado.
	Nariz e boca.
	Boca aberta e olho saltado.
	Sorriso.
	Olhar caído. 
	P12
	Olhos saltados, boca cerrada, face rígida.
	Boca aberta, tipo "ah?", olhos arregalados.
	Boca levemente invertida, olhar entreaberto.
	Olhos atentos, boca aberta, sobrance-lha em pé.
	Sorriso.
	Olheira, boca levemente abaixada, cansaço, palidez.
	P13
	Boca levemente aberta. 
	Sobrancelha elevada.
	Nariz elevado.
	Olhos arregala-dos.
	Sorriso aberto.
	Olhos fixos e tristes.
	P14
	Boca de alguém bravo.
	Boca aberta, olhos arregalados.
	Nariz.
	Boca aberta e olhos saltados.
	Sorriso.
	Pálpebras caídas. 
	P15
	Semblante de que algo não lhe agradava.
	Ele deve ter visto algo que o surpreendeu
	Olhar com cara de poucos amigos.
	Ela viu ou ouviu algo que lhe gerou surpresa.
	Alguém contou alguma piada que o fez sorrir.
	Ar cansado. Parece que ela não está num dia bom.
	P16
	Quando fico irritada fico igual.
	O olhar demonstra surpresa.
	Olhos cabisbaixos e olhar caído. Apatia.
	Olhar e fisionomia.
	Sorriso.
	Olhar de dor, alguém que está sofrendo.
	P17
	Sobran-celhas, rosto duro, olhar fixo. 
	Olhos arregalados, boca aberta.
	Nariz de nojo.
	Olhos ar-regalados, sobrance-lhas levantadas e boca aberta.
	Está sorrindo.
	Sobrancelha, cara de choro.
	P18
	Por causa do olhar.
	Por causa do olhar.
	Pela boca e nariz.
	Pelos olhos e boca.
	Pelos olhos e boca.
	Pela sobrancelha e olhar.
	P19
	Expressão facial triste.
	Parece espantado, recebeu uma notícia e ficou surpreso.
	Cara fechada. Alguém fez algo que a ofendeu.
	Parece espantada, com a boca aberta.
	Está sorrindo. Deve ter ganhado um presente.
	Cara fechada; algo lhe deixou envergonha-da. 
	P20
	Cara feia, de quem foi contraria-da.
	Olhos esbugalha-dos. Parece que viu algum bicho.
	Cara de nojo.
	Olhar e expressão facial.
	Cara de alegre.
	Olhar e expressão facial.
O Quadro 2 traz as respostas dos participantes acima de 18 anos sobre a segunda parte da Escala de Identificação da Expressão Emocional. Assim como as crianças, eles também precisaram justificar suas escolhas de emoção para todas as fotos da Escala. Caso os participantes não conseguissem justificar sua escolha, também poderiam também descrever uma história sobre o que achavam que poderia ter ocorrido com as pessoas antes e depois das fotos.
Na Foto 1, prevaleceram justificativas envolvendo características faciais: o olhar e principalmente a boca foram mencionados por seis dos dez participantes. Além disso, o comentário do Participante 16 sobre essa foto demonstra que ele utilizou como referência as próprias emoções para identificar a emoção da foto, afirmando que quando ficava irritado, ficava com uma expressão igual à da moça da foto.
Na Foto 2, sete dos dez participantes mencionaram características faciais, como boca, sobrancelha e principalmente os olhos, para justificar sua escolha. Os participantes 15, 16 e 19 contaram histórias que parecem justificar mais a emoção de surpresa do que medo.
Na foto 3, oito dos dez participantes mencionaram características da boca, dos olhos e do nariz para justificar sua escolha de emoção.
Na foto 4, nove dos dez participantes mencionaram características da boca e dos olhos para justificar sua escolha de emoção. Somente o Participante 15 contou uma história, em que a moça da foto havia ouvido algo que a deixou surpresa.
Na foto 5, nove dos dez participantes mencionaram a boca e o sorriso para justificar sua escolha de emoção. O Participante 19 contou uma história em que o homem da foto ganhou um presente. 
Finalmente, na Foto 6, oito dos dez participantes mencionaram o olhar, boca e pálpebras como justificativas para sua escolha de emoção. A Participante 15 julgou que a moça da foto não estava num dia bom, e o Participante 19, que algo havia lhe deixado envergonhada. 
	Quadro 3. Comparação das escolhas e justificativas dadas pelos participantes de 6 a 11 anos sobre as fotos em que tiveram mais dificuldade para assinalar a emoção expressa.
	Participante
	Foto
	Justificativa
	P1
	Foto 1
	Porque a imagem está ruim.
	P2
	Foto 1
	Porque só pela cara dela não dá pra identificar muito bem o que ela sente.
	P3
	Fotos 1 e 6
	Na primeira, estava em dúvida entre irritação e descontentamento. Na última poderia ser saudade ou tristeza.
	P4
	Foto 5
	Porque não dá para entender o que ele sente só com a expressão. Está confuso.
	P5
	Foto 1
	Porque o jeito da boca dá a impressão que ela está séria, mas também parece estar com medo. Essa expressão é confusa.
	P6
	Fotos 1 e 6
	Na Foto 1, não sabia se ela estava com irritação ou descontentamento. Também não sabia se a última era tristeza ou saudades.
	P7
	Foto 4
	Porque sim.
	P8
	Nenhuma.
	Todas são muito fáceis porque eu mesmo faço essas caras.
	P9
	Fotos 1 e 3
	Na Foto 1, não sabia se ela estava irritada ou descontente. Na foto 3, não sabia se era nojo ou irritação.
	P10
	Foto 3
	Achei quepoderiam ser várias expressões. Chutei usando minha própria expressão de nojo.
O Quadro 3 mostra em quais fotos os participantes de 6 a 11 anos tiveram mais dificuldade para marcar a emoção correspondente. Seis das dez crianças (Participantes 1, 2, 3, 5, 6 e 9) tiveram dificuldade para identificar a emoção da primeira foto. Alguns deles mencionaram que ficaram em dúvida entre raiva e descontentamento, e um deles também pensou que a emoção poderia ser medo. 
Os participantes 3 e 6 consideraram a última foto difícil pois ficaram em dúvida entre as emoções de tristeza e saudade. 
Já a Participante 8 disse que não achou nenhuma foto de difícil identificação pois ela mesma fazia as caras das fotos quando sentia as emoções correspondentes.
	Quadro 4. Comparação das escolhas e justificativas dadas pelos participantes acima de 18 anos sobre as fotos em que tiveram mais dificuldade para assinalar a emoção expressa.
	Participante
	Foto
	Justificativa
	P11
	Fotos 5 e 6
	As expressões dessas fotos eram mais neutras do que as demais.
	P12
	Foto 6
	Fiquei em dúvida entre saudade e tristeza, pois os dois têm relação.
	P13
	Foto 1
	Porque a expressão dela não demonstra muito bem a emoção como as outras fotos.
	P14
	Foto 1
	Não estou muito familiarizado com esse tipo de manifestação facial no meu cotidiano.
	P15
	Nenhuma.
	Para mim todas foram fáceis. Porém, pode ser que minhas conclusões estejam erradas. 
	P16
	Fotos 2 e 3
	Na Foto 2, fiquei em dúvida se ela estava surpresa ou com medo. Na foto 3, fiquei em dúvida se ele estava triste ou com medo.
	P17
	Foto 1
	Não é tão expressiva.
	P18
	Fotos 1 e 6
	Pois as alternativas eram parecidas.
	P19
	Foto 1
	Devido à feição do rosto na foto.
	P20
	Foto 1
	Porque essa expressão parecia raiva, mais ou mesmo tempo ela parecia estar descontente com alguma coisa.
O Quadro 4 informa em quais fotos os participantes acima de 18 anos tiveram mais dificuldade para marcar a emoção correspondente. Seis dos dez participantes (13, 14, 17, 18, 19 e 20) tiveram dificuldade para identificar a emoção da primeira foto. A Participante 20 mencionou que ficou em dúvida entre raiva e descontentamento; os Participantes 13, 17 e 19 argumentaram que a expressão do rosto dessa foto não era tão característica quanto a das demais. O Participante 14 justificou a dificuldade argumentando que não estava acostumado com aquela expressão facial em seu cotidiano.
O Participante 12 considerou a última foto difícil pois ficou em dúvida entre as emoções de tristeza e saudade. Para ele, as duas emoções têm relação e por isso escolher entre as duas foi difícil.
Gráfico 2. Comparação, por grupo etário, das fotos consideradas mais difíceis de assinalar a emoção correta.	
O Gráfico 2 compara em quais fotos os dois grupos etários tiveram mais dificuldade em identificar a emoção expressa. Observa-se que tanto as crianças quanto os adultos tiveram bastante dificuldade em identificar a raiva na primeira foto (seis crianças e seis adultos mencionaram essa foto como mais difícil para identificar a emoção correspondente). 
Por outro lado, as fotos consideradas de mais fácil identificação foram a 2 (medo) e 4 (surpresa). Nenhuma criança e somente um adulto considerou a segunda foto difícil; uma criança e nenhum adulto considerou a quarta foto difícil.
5. DISCUSSÃO
Os resultados obtidos evidenciaram a complexidade das emoções humanas e como estas podem ser deduzidas a partir de características das expressões faciais, como olhos, sobrancelhas, boca e nariz. De acordo com Silva e Silva (1995), o rosto humano tem grande potencial comunicativo dos estados emocionais. De fato, o rosto é uma área importante, primeira fonte de informações sobre as emoções dos outros. Através das expressões faciais dos outros tentamos supor sua idade, estado de humor e personalidade.
Em primeiro lugar, os resultados obtidos através dos Gráficos 1 e 2 demonstraram um baixo reconhecimento da raiva e alto reconhecimento da alegria em fotos por parte dos participantes. O baixo reconhecimento da raiva pode ser entendido como uma manifestação de sintomas sociais. De acordo com Silva e Silva (1995), Ekman inferiu que provavelmente havia um bloqueio na percepção de expressões desagradáveis, uma vez que em outros estudos realizados também foram obtidos menores índices de acertos nas identificações dessas expressões. Isso pode se dar pelo fato de que há uma desvalorização de emoções negativas, principalmente da raiva, em nossa sociedade. A raiva é vista como uma emoção a ser evitada e que é exclusivamente prejudicial, incentivando o indivíduo a não senti-la e muitas vezes negá-la, o que poderia levar a uma dificuldade na identificação dessa emoção, não só no próprio sujeito, como também no outro.
Ainda sobre a dificuldade de reconhecimento de algumas emoções negativas, de acordo com o estudo de Ma et al. (2013), pessoas mais velhas têm uma tendência menor de reconhecer expressões de tristeza ou neutras. Isso se dá, segundo os autores, por diversos motivos; uma das possíveis razões seria o fato de que, conforme as pessoas envelhecem, elas percebem o tempo futuro como cada vez mais limitado, então priorizam objetivos derivados ao sentido emocional da vida. Consequentemente, adultos mais velhos mostram uma tendência em se identificar com emoções positivas mais do que com negativas. Tal estudo pode explicar, em parte, qual seria uma das possíveis razões para o maior número de erros na identificação de expressões faciais de raiva e tristeza.
Seguindo o mesmo raciocínio, a alegria, que teve um grande índice de acerto, ao ser supervalorizada em nossa sociedade, poderia levar a uma facilidade de reconhecimento de sua expressão.
Uma segunda consideração importante a respeito dos resultados foi obtida através dos Quadros 1 e 2. As emoções são extremamente complexas e apesar das pessoas terem uma ideia do que elas são, quando se pede para defini-las ou explica-las as pessoas encontram algumas dificuldades. Foi possível observar uma dificuldade dos participantes, especialmente das crianças, em descrever o que caracterizava as emoções das fotos. As crianças utilizaram mais histórias para justificar seus raciocínios e os adultos deram respostas bem genéricas. No entanto, mesmo sem saber exatamente como justifica-las, houve uma quantidade razoável de acertos das emoções das fotos por todos os participantes. 
De acordo com Roazzi et al (2011), conforme há o amadurecimento do indivíduo e o mesmo passa a compreender a complexidade da emoção, torna-se complicado expressá-la através de palavras. Além disso, a explicação das emoções depende da significação que cada pessoa tem de determinada emoção a partir de suas experiências, pois embora todos saibam reconhecer uma emoção cada um possui um significado atrelado a ela.
Do ponto de vista cognitivista, primeiro há um evento de vida derivado de um encontro com o ambiente; após isto, ocorre uma avaliação sobre tal evento e, dependendo da consequência (positiva ou negativa) segue-se uma emoção. Esses teóricos acreditam que todas as emoções conseguiriam ser descritas por meio da interpretação de significados múltiplos dentro de um evento ambiental. Outro ponto a que os cognitivistas dão foco são outras dimensões extras de avaliação do evento, além da avaliação de agradável e desagradável (Arnold) e da significância pessoal e o potencial de enfrentamento (Lazarus). Desta maneira pode-se presumir que, quanto mais experiências a pessoa possui em seu repertório, e quanto mais desenvolvida no sentido cognitivo ela está, maior é a chance de interpretação dos significados múltiplos de certo evento e maior é a quantidade de avaliações que ela terá (REEVE, 2015).
Pesquisadores como Darwin e Gates, por sua vez, defendiam que a capacidade de reconhecimento das emoções aumentava a partir dos três anos. Isto porque a metodologia utilizada na avaliação das emoções exigia das crianças a verbalização de seus julgamentos em relação às expressõesfaciais vistas nas fotografias. Desta forma, crianças menores que apresentavam maiores dificuldades de se expressarem por meio de palavras tiveram menor nível de acertos de respostas (SILVA; SILVA, 1995).
A última consideração importante a respeito do relatório envolve a importância do estudo das emoções, principalmente das expressões faciais, pela área de saúde. O trabalho de Silva e Silva (1995) aponta a necessidade de profissionais de saúde estarem aptos a “decodificar e utilizar as expressões (...) a fim de estabelecer um plano terapêutico individual e coerente com a percepção correta dos sentimentos e necessidades expressas verbal e não-verbalmente pelos seus clientes” (SILVA, SILVA, 1995, p. 185). As autoras sugerem o treinamento de profissionais da saúde para identificar microexpressões faciais, visto que a grande parte dos comportamentos humanos são motivados por emoções e estas geram as microexpressões.
Já o artigo de Cuve (2015) atenta para a necessidade de produção científica do tema pela Psicologia, uma vez que grande parte dos comportamentos e comunicação dos seres humanos é não-verbal (EKMAN, 1994 apud CUVE, 2015). O autor acredita que os estudos sobre expressões faciais de emoções podem auxiliar procedimentos de avaliação psicológica, monitoramento de depressão, processos de recrutamento de recursos humanos, marketing e prevenção do terrorismo e, consequentemente, tornar a atuação do psicólogo mais voltada para as necessidades do mundo real.
Finalizando, embora o presente relatório seja pouco conclusivo devido ao tamanho restrito da amostra, é importante que haja investigações sobre o papel da emoção para a vida humana, para que seja possível ao psicólogo ter, além da maior compreensão sobre o tema, possibilidades de promover mais saúde para a população brasileira.
6. REFERÊNCIAS
CASTILHO, F. M; MARTINS, L. A. P. As concepções evolutivas de Darwin sobre a expressão das emoções no homem e nos animais. Revista da Biologia, v. 9, n. 2, p. 12-15, 2012.
CUVE, H. C. J. Expressões Faciais das Emoções e Micro-Expressões: tendências e contributos da Psicologia Moderna. Psicologado, abr. 2015. Disponível em
<https://psicologado.com.br/psicologia-geral/introducao/expressoes-faciais-das-eo
coes-e-micro-expressoes-tendencias-contributos-da-psicologia-moderna>. Acesso em 24 de maio de 2018.
EKMAN, P. A linguagem das emoções: revolucione sua comunicação e seus relacionamentos reconhecendo todas as expressões das pessoas ao redor. São Paulo: Lua de Papel, 2011.
MA, Z; LI, J; NIU, Y; YU, J; YANG, L. Age differences in emotion recognition between chinese younger and older adults. The Psychological Record, v. 63, n. 3, p. 629-640, jul. 2013. 
REEVE, J. Motivação e emoção. 4a. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
ROAZZI, A; DIAS, M. G. B. B; SILVA, J. O; SANTOS, L. B; ROAZZI, M. O que é emoção? Em busca da organização estrutural do conceito de emoção em crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 24, n. 1, p. 51-61, 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&amp;pid=S0102>. Acesso em 04 de junho de 2018.
SILVA, J. A; SILVA, M. J. P. Expressões faciais e emoções humanas: levantamento bibliográfico. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 48, n. 2, p. 180-187, jun. 1995. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci
_arttext&pid=S0034-71671995000200013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 21 de maio de 2018. 
7. ANEXOS

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