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teoria do Direito Empresarial

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1. Introdução 
1.1. Origens do Direito Empresarial 
O comércio surge na Antiguidade e passa desenvolver-se a passos largos. Naturalmente, o seu desenvolvimento gera reflexos no campo jurídico. Embora encontrando as suas raízes na Antiguidade, foi na Idade Média que ele se intensificou, a partir da formação das cidades ao redor dos feudos. Com o crescimento e desenvolvimento dos Estados, despontaram as grandes expedições marítimas, fazendo surgir a necessidade de criação de sistema de normas de cunho mercantil. Nasce aqui o Direito Comercial. 
 Fases de formação do Direito Empresarial 
Fase das Corporações de Ofício; (II) Fase da Teoria dos Atos de Comércio; (III) Fase da Teoria da Empresa. O primeiro período ou fase do Direito Empresarial é mercado pela aglutinação dos comerciantes em torno das chamadas Corporações de Ofício, através das quais buscam uma tutela jurídica para suas atividades. O Direito Empresarial, nesse primeiro momento, foi marcado por um extremo subjetivismo. Tratava-se de um Direito classista, corporativo, que ampara apenas a classe os comerciantes vinculados as corporações e submetidos a regras comerciais por eles próprios estabelecidas. Assim, estava-se diante de normas feitas pelos comerciantes e para os comerciantes. Com o surgimento dos ideais do liberalismo, marcados por movimentos como a própria Revolução Francesa de 1789, os quais pregavam a igualdade política, social e jurídica, não havia mais espaço para a justiça classista das corporações de ofício. Outros segmentos da sociedade já vinham pressionando as corporações, para que seus juízes também julgassem demandas de natureza não comercial. Surge então a segunda fase do Direito Empresarial, conhecida como fase dos atos de comércio. Tal período teve como expoente máximo o Code de Commerce, elaborado em 1808 pelos juristas de Napoleão Bonaparte. Aqui, houve o abando do subjetivismo e corporativismo da primeira fase, que foi substituído pela objetividade dos atos legais de comércio. Assim, as relações jurídicas mercantis não seriam mais definidas pela qualidade do sujeito que as integravam, mas sim pelos atos por eles praticados, desde que definidos pela lei como atos de comércio. O diploma francês tornou-se referência em todo o mundo. No Brasil, em 1850, foi editado o nosso Código Comercial inspirado na Teoria dos Atos de Comércio. O Código Comercial (Lei 556 de 25 de junho de 1850) descrevia comerciante como aquele que praticava mercancia, todavia, sem definir esta. Foi o regulamento 737, também de 1850, que definiu os atos considerados de comércio (ex.: compra e venda de imóveis, cambio, operações de seguro, transporte de mercadorias, etc.). Assim, só seriam considerados atos de comércio, contando com a proteção das normas comerciais, aqueles atos expressamente definidos como tal. Todavia essa Teoria não acompanhou a evolução da sociedade. A complexidade da economia capitalista, marcada por elementos como a concorrência e a produção em massa, fez surgir novas formas mercantis que, embora dotadas de natureza mercantil, estavam excluídas da proteção das leis comerciais, uma vez que não integravam os atos elencados na lei. É o caso, por exemplo, das atividades de prestação de serviços em massa e as atividades agrícolas, as quais, por não integrarem a rol elencado pela lei dos atos de comércio, eram regidas pela legislação comum, não desfrutando assim da mesma proteção conferida àqueles atos enumerados pela lei. Diante desse cenário, seguidas leis foram promulgadas com o escopo de reconhecer o caráter comercial das novas relações mercantis, com o escopo de alargar o espectro de atuação da legislação comercial. É o caso da Lei 6.404/76 (Lei das S/As), da Lei 8.078/90 (CDC), da Lei de franquia, da Lei de arrendamento Mercantil, etc. Mesmo com a crescente alteração a legislação nacional, o Direito Comercial permaneceu por longo período vinculado a obsoleta teoria dos atos de comércio, não acompanhando as mudanças na matéria que vinham ocorrendo no mundo. Foi a Itália que, com a promulgação do Codice Civile de 1942, consagrou a terceira e última fase de formação do Direito Empresarial, até hoje vigente, a chamada fase da Teoria da Empresa. De acordo com essa teoria, o amparo do Direito Comercial recai não em razão da condição de comerciante, não em razão da presença ou não do ato em uma lista, mas sim em razão da caracterização ou não da atividade como empresarial. 
A Teoria da empresa teve a sua efetiva inserção no ordenamento nacional somente com o advento do novo Código Civil de 2002 (Lei 10.406/02), o qual derrogou a primeira parte do Código Comercial de 1850. Atualmente somente a parte referente ao comércio marítimo continua vigente no Código Comercial.
1.2. Autonomia do Direito Empresarial 
O fato de grande parte da disciplina Direito Empresarial encontrar-se inserida no Código Civil não significa que houve confusão ou unificação do Direito Privado (Empresarial e Civil). Tais ramos do Direito são autônomos e independentes, com regras, princípios e estrutura próprios. Senão vejamos o artigo 22, I, CF: Art. 22 – Compete privativamente a União legislar sobre: I – Direito Civil, comercial, ... Portanto, como se vê da leitura do inciso primeiro do artigo 22 acima, a própria Carta Magna separa os dois ramos do Direito. Lição do professor Alfredo Rocco (LER): “Ora, que as normas concernentes ao comércio e as concernentes a vida civil estejam contidas em um ou em dois códigos não é coisa que tenha grande importância, sob o ponto de vista científico. O Direito comercial poderia permanecer um Direito autônomo e, portanto, a ciência comercial uma ciência jurídica autônoma, ainda que as normas de Direito comercial estivessem contidas em um Código único”. Além do mais, possui o Direito Empresarial características próprias que o distinguem de outros ramos do Direito, corroborando a sua autonomia. Ex.: Cosmopolitismo, onerosidade, informalismo, etc. 
1.3. Fontes do Direito Empresarial 
o Diretas ou primárias: Leis empresariais – Novo Código Civil (Lei 10.406/02) e legislação esparsa [Exs. Lei das S/A (Lei 6.404/76), CDC (Lei 8.078/90), Lei de franquias, Lei de consórcios, etc]. 
o Indiretas ou secundárias: Quando a Lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a ANALOGIA, COSTUMES e PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO, nesta ordem de preferência. Portanto, as fontes secundárias exercem função complementar, a partir de técnica supletiva de normas, atuando assim no preenchimento das lacunas da Leis empresariais. 
2. Do Direito de Empresa (art. 966 – 1.195 CC) 
2.1. Atividade empresarial X Atividade Civil 
o Atividade empresarial 
Art. 966 CC: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente (habitualidade, reiteração) atividade econômica (voltada à obtenção de lucro) organizada (organização dos fatores de produção: capital, insumos, m-d-o e tecnologia) para produção ou circulação de bens ou serviços.” OBS. Profissionalidade: um estudante universitário que promove uma festa para angariar recursos para formatura, pode ser considerado um empresário? Não, afinal, trata-se de atividade eventual. OBS. São elementos caracterizadores do empresário: a profissionalidade, a pessoalidade e o monopólio de informações. O artigo 966 CC não define atividade empresarial, mas sim quem é o empresário. A partir do conceito de empresário é que se constrói o entendimento quanto à atividade empresarial. Atividade empresarial (conceito): É a organização econômica dos fatores de produção, para a produção e/ou circulação de bens e/ou serviços, desenvolvida por pessoa natural ou jurídica, através de um estabelecimento empresarial e que visa o lucro. 
o Atividade Civil (identificada por exclusão) 
Caso prático: Dona Maria José, ao se aposentar após 30 anos de trabalho em uma grande indústria de confecções, resolve comprar com recursos do FGTS uma máquina de costura e diversas tonalidades de tecido para, trabalhando sozinha, atender a pedidos de sua vizinhança. Considerando que Dona Maria José está atuando há mais de5 anos nessa atividade, a qual, ao complementar sua aposentadoria, permite que ela pague a Faculdade de sua neta, responda: Dona Maria José desenvolve uma atividade empresarial? Interrogantes: 
a. A atividade exercida é uma atividade econômica? Porque? Sim, porque visa o lucro. 
b. A atividade em questão é exercida com profissionalidade? Porque? Sim, por que há habitualidade. 
c. Há pessoalidade? Sim, pois Dona José atua diretamente na consecução da atividade. 
d. Há o monopólio de informações? Sim, pois Dona Maria José possui o conhecimento técnico necessário para o desenvolvimento da atividade. 
e. Trata-se de uma atividade organizada? Não, pois dentre os fatores de produção não há a figura da m-d-o. 
Logo, Dona Maria José não é empresária, exercendo apenas uma atividade civil. Portanto, são atividades civis: 
a. Aquelas exercidas por quem não é empresário; 
b. Aquelas fundadas em profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa; 
c. As exercidas por produtores rurais não registrados no RPEM; 
d. As desempenhadas pelas cooperativas, as quais, por expressa disposição de Lei (art. 982, p.u.), serão sempre sociedades simples, desenvolvendo assim atividade civil. 
2.2. Da capacidade para o exercício da atividade empresarial 
Tem capacidade para o exercício da atividade empresarial todos aqueles que estiverem em pleno gozo de sua capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Estão em pleno gozo de sua capacidade civil os maiores de 18 anos ou emancipados, nacionais ou estrangeiros, que não estejam enquadrados nos artigos 3º e 4º CC. Estão impedidos de exercer atividade empresarial: Ex. Deputados e senadores (art. 54, II, a, CF), promotores de justiça (art. 128, II, c, CF), os condenados por crime cuja pena vede o acesso a atividade empresarial, o falido não reabilitado por sentença judicial, os militares da ativa (Lei 6.880/80), etc. Conclusão: O exercício da atividade empresarial é livre aos capazes contra os quais não pese impedimento legal. 
2.2.1. Conseqüências do exercício por impedido
Responsabilidade ilimitada pelas obrigações assumidas, impossibilidade de matrícula no INSS, de manter contabilidade legal, de se inscrever no CNPJ, de participar de licitações, ilegitimidade para pedir a falência de 3º ou requerer a RJ. Clandestinidade. 2.3.4. Registro do empresário Rural 
Empresário rural é aquele que exerce atividade agrária, seja ela agrícola, pecuária, agroindustrial ou extrativa (vegetal ou mineral), conjugando TTC (terra, trabalho e capital). O empresário rural, no que toca ao registro, possui tratamento diferenciado, estando excepcionados da regra do registro, o qual constitui uma faculdade para eles. Sem embargo, optando pelo registro, ficam equiparados, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 
2.3.5. Principais espécies de registro 
 Matrícula – os auxiliares do comércio (leiloeiros, tradutores públicos, interpretes comerciais, etc) devem ser matriculados nas JCs para que possam exercer suas atividades. Para eles, as JCs funcionam como uma espécie de órgão de classe.
Arquivamento – É o registro do ato constitutivo do empresário individual, da sociedade empresária e da cooperativa, constituindo dever do empresário. Enquanto não arquivados os atos constitutivos, a empresa não terá PJ. Constitui ato público, de maneira que, qualquer pessoa que pague os emolumentos correspondentes poderá aceder a ditas informações. 
 Autenticações – Ato qur registra os instrumentos de escrituração da empresa, como livros comerciais e cópias de documentos. 
2.3.6. Do prazo para o registro 
 Até 30 dias do ato constitutivo – efeitos ex tunc 
 Após 30 dias do ato constitutivo – efeitos ex nunc
A inscrição do empresário no RPEM, a cargo das JCs, é requisito para o exercício da atividade empresarial? R: O empresário irregular reúne os requisitos do artigo 966 CC, sendo o registro, portanto, um requisito delineador de sua regularidade e não de sua caracterização. Logo, o empresário pode estar em situação regular ou irregular, o que não afeta a sua condição de empresário. 
3. Do Estabelecimento Empresarial 
3.1. Conceito
É o complexo de materiais (máquinas, imóveis, veículos, etc) e imateriais (marca, tecnologia, ponto, etc) organizado por empresário individual ou por sociedade empresária, para o desenvolvimento da atividade empresarial. Pluralidade de coisas homogêneas e heterogêneas, que embora possuam autonomia funcional, sal unificadas pelas vontade do seu titular. Pluralidade de bens singulares com destinação unitária (bens conjugados não perdem a sua individualidade, embora juntos integrem um novo bem). “...estabelecimento não é apenas o somatório de bens isolados, mas uma organização de bens, o que pressupõe a consideração de uma lógica e intenção ...” (Gladston Mamede). “Trata-se de elemento essencial a empresa, pois impossível é qualquer atividade empresarial sem que antes se organize um estabelecimento, que é o centro de suas decisões, pois nele atua o empresário e a sociedade empresária” (Mª Helena Diniz). 
3.2. Estabelecimento como objeto de direitos e negócios jurídicos 
O estabelecimento pode ser objeto unitário de direitos e negócios jurídicos translativos (Ex. venda, doação) ou constitutivos (Ex. alienação fiduciária, hipoteca), desde que compatíveis com a sua natureza. Pode ser, portanto, objeto de, por exemplo: TRESPASSE (T) DAÇAO EM PAGAMENTO (T) DOAÇAO (T) ARRENDAMENTO (C) USUFRUTO (C) COMODATO (C) É igualmente possível tomar cada bem que o compõe isoladamente, estabelecendo uma relação jurídica que tenha por objeto apenas aquela coisa ou direito. Ex. Pode-se alienar o imóvel (material) ou simplesmente o direito de exploração de uma patente(imaterial). OBS. O negócio com o estabelecimento não se confunde com o negócio com a sociedade. Vender um estabelecimento não é o mesmo que vender cotas ou ações da empresa. 
3.3. Trespasse 
É a alienação do estabelecimento empresarial (bens que o compõe + funcionalidade). São partes do trespasse o trespassante (alienante) e o trespassatário (adquirente). 
3.3.1. Eficácia do trespasse 
O estabelecimento empresarial constitui a principal garantia da empresa frente a seus negócios com terceiros. Sendo assim, a sua alienação merece especial atenção no sentido de tutelar-se o interesse dos credores. Por tal razão, embora possível a alienação do estabelecimento, para que ela transcorra de forma válida, o trespassante deverá, alternativamente: 
 Manter patrimônio suficiente para solver o passivo; 
 Pagar a todos os credores; 
 Obter consentimento unânime de seus credores (expresso ou tácito).
OBS. O consentimento tácito dá-se quando, uma vez notificados os credores, permanecem em silêncio ao longo dos trinta dias posteriores a notificação da pretensão. 
3.3.2. Proibição de concorrência no trespasse 
Para a proteção do estabelecimento empresarial e do ponto, como um de seus elementos essenciais, fica vedado ao trespassante, durante os 5 anos subseqüentes ao trespasse, restabelecer-se em idêntico ou similar ramos de atividade (Ex. bar e boate), na mesma praça, para fazer concorrência ao trespassatário, salvo conte com autorização expressa para isso. (restringe-se o princípio da livre iniciativa e da livre concorrência para proteger-se o direito a freguesia e a clientela). Ex. O trespasse de um bar no RJ não impede o restabelecimento no CE, já que não há concorrência entre as empresas. Mas o trespasse de uma editora jurídica no RJ impede o restabelecimento do CE, já que são empresas de atuação nacional. Portanto, não há vedação para que o trespassante se restabeleça, sempre que isso não implique em concorrência ao trespassatário. É importante destacar a inexistência de impedimento para o exercício de atividades não concorrentes ou em local não alcançável pelo potencial econômico do antigo estabelecimento. A inclusão no contrato de cláusula de não-restabelecimento que proíba a exploração dequalquer atividade econômica pelo trespassante será nula. 
3.3.3. sub-rogação do adquirente no trespasse 
O estabelecimento pode funcionar sem prepostos, fornecedores, clientes? Com o trespasse, salvo estipulação em contrário, o trespassatário sub-rogar-se-á em todos os direitos e deveres do trespassante (apenas aqueles registrados, uma vez que a transferência do estabelecimento gera sim a cessão dos créditos e débitos, mas apenas daqueles devidamente contabilizados em livros próprios), como nos contratos por aquele efetivados para o desenvolvimento da atividade empresarial. Ex. contratos de prestação de serviço de limpeza, contrato de m-d-o para produção, contrato de compra e venda de mercadorias, etc., desde que não tenham caráter pessoal, ou seja, desde que não sejam personalíssimos (a exemplo do contrato que o trespassante mantinha com advogado, pois este se refere a uma relação contratual de confiança, não sendo alcançado pela previsão de sub-rogação automática com o trespasse). Ex. Ao adquirir um estabelecimento de hospedagem, o trespassatário sucede o trespassante nos contratos de fornecimento de energia, de água, captação de esgoto, etc. Com isso, sensíveis a função social da empresa, busca-se garantir a sua preservação, a sua continuidade. 
3.4. Aviamento (fonds de commerce, goodwill of trade) 
Há mais no conceito de estabelecimento empresarial que um simples ajuntamento de bens, afinal, trata-se de um conjunto de bens organizado finalisticamente. Dimensão humana da empresa. Plus, jeito de fazer, sobre valor, valor organizacional. Estabelecimento + aviamento (institutos atávicos) Aptidão para gerar lucros Valor agregado Ex. Se dermos as mesmas condições para vários empreendedores, veremos ao final que obtiveram resultados diferentes. Ex. A IBM adquiriu a Lótus por R$ 3 bilhões, embora seu valor contábil fosse de R$ 250 milhões (valor do patrimônio líquido não é o mesmo que o valor da empresa). Estabelecimento empresarial = BM + BI + aviamento 
4. Do Ponto empresarial e sua proteção legal 
Constitui bem incorpóreo do estabelecimento empresarial. É o ponto físico no qual o empresário desenvolve a empresa. É o local onde está a empresa. É a lugar fixo em que foi fixado o estabelecimento. No entanto, não basta dizer que o ponto é o local onde se localiza a empresa, afinal de contas, aquele local adquire o “status” de ponto justamente em razão do exercício da atividade empresarial naquele local. Ou seja, é a empresa quem dota determinado imóvel de um atributo que antes não possuía, acrescentando-lhe o valor imaterial do ponto empresarial. 
4.1. Freguesia e clientela 
Qual a importância da proteção do ponto empresarial? R: O acesso ao mercado pela empresa trata-se de elemento vital a atividade empresarial, e como tal deve ser protegido. Às vezes a perda do ponto empresarial acarreta perda do próprio empreendimento. Assim, a legislação pátria protege o ponto empresarial, uma vez constituir-se no pólo econômico reconhecido pela cliente e pela freguesia. A proteção ao ponto parte da percepção de que o lugar em que funciona o estabelecimento tem importância para o êxito da empresa. Ex. Lanchonete próxima a uma faculdade. 
 Cliente – É o destinatário da atividade empresarial. Traduz uma relação pessoal. É o consumidor de produtos ou serviços. 
 Freguês – É o cliente em potencial que se define por uma posição geográfica. São aqueles que passam diante do estabelecimento. Basta lembrar que os bairros em Portugal são chamados de freguesia. 
A proteção ao ponto não se justifica apenas pela necessidade de se blindar a freguesia, mas também pelo acesso a fornecedores, a m-d-o, etc. Garante, portanto, mais do que o simples acesso aos compradores. Ex. Para um depósito, mesmo sem vendas diretas, é melhor estar a margem da rodovia por onde se escoam suas mercadorias, merecendo consideração e proteção jurídica a essa vantagem de mercado. 
4.2. Proteção do ponto na locação não-residencial 
Também o empresário que atua em imóvel locado tem direito a proteção do ponto empresarial. Ou seja, mesmo quando o estabelecimento é constituído em imóvel locado, o trabalho de formação da clientela e freguesia não é desconsiderado pelo legislador (Lei de locações ou Lei do inquilinato: Lei 8.245/91), afinal, não seria concebível que o locador, retomando o imóvel, pode-se instalar-se no local e desfrutar da freguesia gerada pelo locatário. Portanto, busca a Lei impedir que o locador beneficie-se da valorização do ponto, fruto da capacidade empresarial do locatário. 
4.2.1. Ação de renovação compulsória do contrato de locação 
 Requisitos: 
Para que goze da proteção da ARCCL, o empresário ou sociedade empresária locatários de imóvel não-residencial, deve atender a alguns requisitos, cumulativamente (art. 51 da Lei 8.245/91): 
a. O contrato que busca renovar deverá haver sido celebrado por escrito e com prazo determinado. 
b. O prazo mínimo do contrato que busca renovar ou a soma (accessio temporis) dos prazos ininterruptos dos contratos celebrados dever ser de 5 anos (qüinqüênio legal exigido). 
c. O locatário deve ser empresário individual ou sociedade empresária e estar explorando o mesmo ramos de atividade pelo prazo mínimo e ininterrupto de 3 anos (sugere o legislador que após esse período já se presume formada a clientela e freguesia que merece proteção legal). 
OBS. Presentes os requisitos, o direito a renovação estende-se as sociedades civis com fins lucrativos. OBS. Contrato imposto 
4.2.1.1. Prazo para propositura da ação renovatória 
Para exercer o direito a RCCL, deverá a ação renovatória (necessária apenas na impossibilidade de renovação amigável) ser proposta no interregno de 1 ano (no máximo) e 6 meses (no mínimo) antes do fim do contrato que se quer renovar, sob pena de decadência do direito. OBS. Prazo decadencial: não se suspende nem se interrompe. Implica na perda do próprio direito. Prazo prescricional: Implica na perda do direito de ação. 
4.2.1.2. Legitimidade ativa para ação renovatória
É do empresário individual ou sociedade empresária locatária do imóvel não residencial. Na sublocação total a legitimidade será do sublocatário. Na sublocação parcial a legitimidade segue sendo do locatário. 
4.2.2. Direito de recusa (exceção de retomada) 
Se por um lado, o direito a renovação compulsória do contrato de locação protege o ponto empresarial, por outro, não deixa de ser uma limitação ao direito de propriedade do locador. Diante disso, para que exista um equilíbrio entre os direitos das partes contratantes, a Lei 8.245/91 estipulou algumas situações nas quais a renovação do contrato não será obrigatória ao locador, pois, da mesma forma que se deve proteger o locatário, não se pode permitir que as condições de locação fiquem ao alvedrio incondicionado daquele, como uma espécie de usucapião oblíquo. Em outras palavras, a proteção legal conferida ao ponto não pode sobrepujar o direito constitucional a propriedade que respalda o locador. Sendo assim, não estará o locador obrigado a renovar o contrato (direito de recusa): 
a. Se por determinação do poder público, tiver o proprietário que realizar obras que impliquem em sua radical transformação (claro que isso implicará no dever de trazer aos autos prova documental da determinação do poder público). 
b. Caso pretenda fazer modificações voluntárias, que resultem na valorização do imóvel (se as obras não iniciarem em três meses da desocupação do imóvel, o locatário terá direito a uma indenização). Deverá ser levado aos autos relatório pormenorizado das obras a serem realizadas e da estimativa de valorização do imóvel, assinado por engenheiros habilitado. 
c. Caso o próprio locador pretenda utilizar o imóvel para finalidades econômicas ou não, ou deseja transferir para lá sua empresa ou a de seu cônjuge, ascendente ou descendente, se existente há mais de um ano, quando forem empresários individuais ou sociedades empresárias em que detenham a maioria do capita social. 
d. Se a proposta de renovação apresentadapelo locatário for abaixo do valor de mercado (excluída a valorização trazida pelo locatário). Naturalmente, será dada oportunidade ao locatário para melhorar a sua proposta, sob pena de não ser renovado o contrato de locação. No caso de divergência sobre o valor proposto, perícia judicial poderá determinar justo valor. 
e. Se existir proposta de terceiros em melhores condições. Essa proposta deverá ser por escrito, assinada pelo 3º e mais duas testemunhas, na qual indicará ainda o ramos de atividade que pretende desenvolver, o qual não poderá coincidir com aquele do atual locatário, evitando assim a concorrência desleal. Obviamente, o locatário terá preferência, devendo a ele ser concedida a oportunidade de cobrir a proposta. Em qualquer caso o locatário terá direito a uma indenização pelos prejuízos decorrentes da perda do ponto e por lucros cessantes (serão solidariamente devedores da indenização o locador e o terceiro cuja proposta foi aceita em detrimento do antigo locatário.
OBS. Alguns doutrinadores entendem que o rol acima é meramente exemplificativo, na medida em que o direito de propriedade deve ser sempre privilegiado, prevalecendo sobre os interesses do locatário. Por outro lado, a decisões que já determinaram que, exceção de retomada não constitui uma excludente absoluta capaz de fulminar de pronto o direito do locatário à renovação, constituindo dever do locador produzir provas da sinceridade do pedido. 
4.2.3. Prazo para desocupação do imóvel na hipótese de não renovação 
Não sendo renovada a locação, o Juiz fixará prazo de até 6 meses após o trânsito em julgado da sentença de desocupação. 
4.2.4. Prazo do novo contrato na hipótese da concessão da renovação 
1. Introdução
Etimologia: nome vem do latim nom – em (conhecer, saber)
Importância: Necessidade de individualização em meio à pluralidade. Sinal
distintivo. Atribui identidade. Agrega passado (honra, imagem). Conveniência social
(a atribuição de números também identifica, a exemplo do CNPJ, no entanto,
mostra-se inconveniente desde o ponto de vista social).
OBS. PF – Toda pessoa tem direito ao nome (prenome + patronímico) (art. 16 CC).
PJ - Tem direito a personalidade, como o nome (art. 52 CC).
Conceito 1
Nome empresarial é o nome que identifica o empresário individual e a sociedade
empresária.
Compreendido como um direito da personalidade, deve-se reconhecer no nome
empresarial um bem moral, bem que compõe o patrimônio moral do empresário ou
da sociedade empresária.
Elemento de identificação e individualização do empresário individual e da
sociedade empresária, utilizado para apresentação nas relações com terceiros.
2. Espécies
FIRMA ou DENOMINAÇAO.
A FIRMA é constituída pelo nome civil (completo o abreviado. Quando abreviado,
deverá adotar-se o patronímico, uma vez que o pré-nome não atende à
necessidade de identificação. Portanto, poderá vir o nome civil abreviado, desde
O presente texto foi construído a partir da publicação de diversos autores. Endereço:
bloginstitutocathedra.blogspot.com.
2 Doutorando em Direito Privado pela Universitat de València - Espanha (bolsista da
Universidade) (2008 - atualmente). Mestrado (DEA) em Direito Internacional Público e Privado
pela Universitat de València - Espanha (bolsista da Universidade) (2005 - 2007). Professor da
Escola de Magistratura de Pernambuco - ESMAPE. Professor da pós-graduação e cursos
preparatórios para magistratura, procuradoria, OAB e demais carreiras jurídicas do Complexo
de Ensino Renato Saraiva. Professor do ATF Cursos Jurídicos. Professor e Coordenador do
Núcleo de Pesquisa da Facet. Diretor Geral do Cathedra - Instituto de Ensino e Estudos
Jurídicos, Políticos e Sociais para América Latina (filiado ao CNPQ em 31.10.2008). Professor
convidado do Departamento de Direito Internacional Adolfo Miaja de la Muela - UV (Espanha).
Membro da "Asociación Española de Profesores de Derecho Internacional y Relaciones
Internacionales" - AEPDIRI. Consultor jurídico. Advogado especialista nas áreas de Direito
Empresarial e Internacional.
2
que mantenha possível sua identificação. Assim, por exemplo, dita abreviação não
deve ocultar identidade, como ocorreria no uso apenas das iniciais) do empresário
individual (firma individual) ou de um, alguns ou todos os sócios da sociedade
empresária (firma social), podendo, facultativamente, ser seguida da designação
mais precisa de sua pessoa ou do gênero da atividade empresarial por ele exercida.
Se não há a referência a todos os sócios, adita-se a expressa o& companhia ou sua
abreviatura (embora a Lei não se refira a tal hipótese, deve-se compreender como
aceitável a substituição da expressão “& Cia.” pelo emprego de outras expressões
afins, como “& filhos”, “& irmãos”, “& sobrinhos”, etc. Funciona como a própria
assinatura do empresário individual ou do representante legal da sociedade.
OBS. Em regra não se admitem a adoção apenas de alcunhas, como Pepe, Zico,
Dico ou hipocorísticos como Zé, Tonho, Biu, Tião. A solução para tais casos pode
estar na utilização de ação para retificação do nome civil, onde poderá haver pedido
para a inclusão de alcunha como parte do nome civil.
A DENOMINAÇAO pode formar-se de qualquer palavra ou expressão fantasia, desde
que atenda ao princípio da novidade e não contrariem ordem pública, nem gerem
confusão. Deve vir acompanhado do gênero da atividade da empresa. Poderá
também utilizar um nome civil, o qual será considerado como elemento fantasia.
REGRA: Se a sociedade empresária possuir sócios com responsabilidade ilimitada
pelas obrigações sociais, adotará como nome empresarial a firma, na qual somente
poderão figurar os nomes dos referidos sócios, seja de um deles, de alguns ou de
todos. Se a firma não for composta pelo nome de todos esses sócios, deverá ser
seguida da expressão “e companhia”, ou de sua abreviatura “&Cia”.
Conceito 2
Nome empresarial é a firma ou denominação através da qual o empresário e a
sociedade empresária (e também, por equiparação, a sociedade simples, a
associação e a fundação) se apresentam no exercício de suas atividades, figurando
como seu elemento de identificação ou sinal distintivo.
3. Denominação das sociedades simples, associações e fundações
Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a
denominação das sociedades simples, associações e fundações.
4. Título do estabelecimento, marca e nome empresarial
Não se confundem.
TÍTULO DO ESTABELECIMENTO é aquele que identifica o próprio estabelecimento
empresarial e não precisa ser composto dos mesmos elementos lingüísticos do
nome empresarial ou da marca. A eventual coincidência desses nomes pode ser
uma estratégia de mercado (conveniência mercadológica) utilizada pela empresa
com o escopo de fixá-la, dar-lhe maior visibilidade e facilitar sua identificação.
Neste sentido, o nome empresarial pode ser Penante Produtos Eletrônicos LTDA.; o
título do estabelecimento Penante Produtos Eletrônicos e a marca Penante.
MARCA é a designação que identifica o produto ou serviço oferecido pela empresa e
está diretamente vinculada a qualidade daquilo que é por ela oferecido. A marca
passa a ser protegida a partir do seu registro no Instituto Nacional de Propriedade
Industrial – INPI.
3
NOME EMPRESARIAL recebe proteção automaticamente com o registro do ato
constitutivo da empresa na Junta Comercial.
5. Proteção jurídica do nome empresarial
O nome empresarial é protegido juridicamente, regido pelos princípios da
veracidade e novidade. O titular do nome empresarial tem direito a exclusividade
do seu uso nos limites do respectivo Estado (estendendo-se a todo território
nacional, se registrado na forma da lei especial. Tal lei especial, todavia, ainda não
existe. Assim, desejando a empresa proteção em todo território nacional, terá de
levar uma certidão da JC de sua sede a todas as demais JCs do país, de modo que
em cada uma fique arquivado aquele nome empresarial), evitando confusão e
preservando clientela e crédito. A clientela,na medida em que evita o desvio de
clientes que, desavisados, poderiam vir a negociar com o usurpador; e ao crédito,
frente ao risco de ter o empresário seu nome abalado diante de protesto de títulos
do usurpador, ou mesmo pedido de falência ou concordata.
A proteção ao nome empresarial inicia-se com o arquivamento dos atos
constitutivos do empresário individual ou sociedade empresária no registro próprio.
Assim, em atendimento ao princípio da novidade, corolário da garantia de
exclusividade, o nome empresarial deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito
no mesmo registro. Caso o empresário tenha nome idêntico ao de outro já inscrito
(homonímia), deverá acrescentar designação que o distinga, sob pena de cometer
crime de concorrência desleal por usurpação de nome empresarial. Assim, se
Francisco Penante vai registrar-se como empresário individual e descobre a
existência de um Francisco Penante, ou seja, de um homônimo, deverá incluir no
seu nome elementos distintivo, como por exemplo a designação de sua atividade;
por exemplo: Francisco Penante – eletricista. O mesmo se diga se vier a escolher
nome cuja pronúncia soe similar a de outro já registrado (homofonia).
5.1. Cancelamento da inscrição do nome empresarial
Qualquer interessado poderá requerer o cancelamento da inscrição do nome
empresarial, perante o RPEM, se a sociedade for empresária, ou ao RCPJ, se
simples, quando: cessar o exercício da atividade econômica para a qual foi
adotada, ou quando houver o término da liquidação da sociedade que o
inscreveu.
6. Imprescritibilidade da pretensão de anulação de inscrição do nome
empresarial
Sendo o nome empresarial um direito da personalidade, por identificar o
empresário individual e a sociedade empresária no exercício de suas atividades, o
lesado, ante a violação do seu direito de exclusividade, pelo seu uso indevido,
poderá, a qualquer tempo, propor ação contra a JC para anular sua inscrição, se
feita com violação de Lei ou de contrato. Se anulada for a inscrição do nome do
ofensor, este deverá aditar outro, acrescido de designação distintiva.
7. Nome e tipo empresarial
Recordar tipos de sociedades empresárias
N/C, C/S, LTDA, C/A e S/A.
A lei confere regras específicas para adoção do nome empresarial para o
empresário individual e para cada um dos cinco tipos de sociedade empresária
(N/C, C/S, LTDA, C/A, S/A).
4
• EMPRESÁRIO INDIVIDUAL – O empresário individual identifica-se,
obrigatoriamente, por meio de FIRMA. Exemplo:
A. Vieira Jóias
• SOCIEDADES EM N/C – A sociedade em que houver sócios de
responsabilidade ilimitada operará sob firma (na qual apenas o nome
daqueles poderá figurar – não necessariamente o de todos). Como nesse
tipo societário todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações
sociais, seu nome empresarial se dará através de FIRMA. Exemplo: Em
uma sociedade em N/C, composta por Francisco Penante, João Henrique
Silva e Maria Eduarda Ferreira, são possíveis nomes empresariais:
“Francisco Penante, João Henrique Silva & Maria Eduarda Ferreira”
“Francisco Penante, João Henrique Silva & Maria Eduarda Ferreira
Instrumentos Musicais”
“F. Penante, J.H. Silva e M.E. Ferreira Instrumentos Musicais”
“F. Penante Instrumentos Musicais & Cia.”
OBS. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações
contraídas sob a firma social todos aqueles cujos nomes figurarem na firma.
• SOCIEDADE EM C/S – Nas sociedades em C/S existem dois tipos de
sócios: os sócios comanditados, que respondem ilimitadamente pelas
obrigações sociais, e os sócios comanditários, que respondem
limitadamente. Por possuir sócios que respondem de forma ilimitada pelas
obrigações da empresa, esse tipo societário também só pode adotar FIRMA
como nome empresarial, o qual será composto unicamente pelo nome civil
de um, alguns ou todos os sócios comanditados.
Facultativamente, também poderá acrescer o ramo de atividade da empresa.
• Deverá trazer sempre a expressão & Cia., fazendo referência aos
sócios comanditários, uma vez que o nome destes não deverá integrar o
nome, visto que respondem limitadamente pelas obrigações sociais.
Exemplo: Considerando que são sócios comanditados Francisco Penante e
Maria Eduarda Ferreira e comanditário João Henrique Silva.
“Francisco Penante, Maria Eduarda & Cia.”
“F. Penante, M.E. & Cia.”
“F. Penante Doces & Cia.”
OBS. O que ocorrerá se o nome empresarial for composto por nome de sócio
comanditário?
Este automaticamente assumirá responsabilidade solidária e ilimitada pelas
obrigações assumidas sob a firma empresaria. Justificativa: como a firma
serve para a identificação da empresa perante terceiros, essa regra permite
que aqueles que contratam com a sociedade conheçam, de imediato, os
sócios que respondem ilimitadamente com seus patrimônios pessoais pelas
obrigações sociais.
• SOCIEDADES LIMITADAS – Podem adotar FIRMA ou
DENOMINAÇAO, ambas sempre trazendo a palavra limitada ou a sua
abreviatura LTDA. Se o nome empresarial não vier acompanhado da
expressão “Limitada”, os administradores que utilizarem firma ou
5
denominação responderão solidária e ilimitadamente pelas obrigações
assumidas. Na firma, o ramo de atividade pode ou não ser inserido. Em se
tratando de denominação, o ramo de atividade deve necessariamente estar
presente.
Exemplo de firma: F. Penante & Cia. LTDA.
Exemplo de denominação: Delícia Doces LTDA.; Editora Soares LTDA.
• SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇOES – Também podem
adotar FIRMA ou DENOMINAÇAO. Ambas devem ser acrescidas, sempre,
da expressão “comandita por ações” ou sua abreviatura “C/A”.
Nesse tipo societário, apenas os sócios diretores respondem ilimitadamente
pelas obrigações sociais. Logo, em sendo adotada firma, esta só poderá ser
composta pelo nome dos sócios diretores, acrescida, obrigatoriamente, da
expressão “e companhia” ou de sua abreviatura “& Cia.”, tendo em vista a
existência de outros sócios cujos nomes não podem figurara na firma, em
razão de sua responderem limitadamente pelas obrigações sociais. O ramo
de atividade pode ou não estar presente na firma, sendo obrigatório caso
adotada a denominação. Exemplos: F. Penante & Companhia C/A, F
Penante, M. E. Ferreira & Cia. Comandita por Ações, Delícia Doces C/A.
• SOCIEDADES ANÔNIMAS – Deve adotar, necessariamente, a
DENOMINAÇAO como nome empresarial, integrada pela locução Sociedade
Anônima (S/A) ou pelo vocábulo companhia, por extenso ou
abreviadamente. A denominação pode constituir-se de nome fantasia ou
nome civil de acionista (a adoção de nome civil em denominação será
tratada como elemento fantasia – nome de fundador da sociedade, acionista
ou terceiro que haja concorrido para o êxito da empresa). Obrigatoriamente
deverá a denominação trazer o gênero da atividade da empresa.
As denominações das sociedades anônimas deverão trazer as expressões
“sociedade anônima” ou “companhia”, ou ainda abreviadamente “S/A” ou
“Cia.” O termo “sociedade anônima” ou a sua abreviatura “S/A” pode ser
usado no início, meio ou fim da denominação. O termo “companhia” ou sua
abreviatura “S/A” não pode ser usado no fim.
Exemplos: Delícia Doces S/A., Cia. Delícia Doces, Maria Eduarda
Doces Sociedade Anônima; Companhia de Alimentos Friburgo.
OBS. As COOPERATIVAS adotam DENOMINAÇAO integrada da palavra
“COOPERATIVA” antes da especificação de sua atividade ou objeto.
Exemplo: Cooperativa Agropecuária de Barretos; Agrícola Santamarense –
Cooperativa.
OBS. A SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO, por ser uma
sociedade não personificada e em razão de sua natureza secreta, está
proibida de adotar nome empresarial, não podendo, portanto, ter firma ou
denominação. A atividade desenvolvida pela sociedade em conta de
participação é desenvolvida pelo sócio ostensivo, em seu nome próprio e sob
sua própria e exclusiva responsabilidade.
OBS. A “MICROEMPRESAS” ou as “EMPRESAS DE PEQUENO PORTE”
deverá ser acrescido ao seu nome empresarial às expressões “ME” ou “EPP”.
Assim teremos: Nome empresarial + ME ouEPP.
EXERCÍCIO para identificação do tipo societário a partir do nome empresarial
(indicar se o nome corresponde a F ou D, além do tipo societário):
1. J. A. Silva Transportes
2. Malharia Platanus Limitada
6
3. Companhia Sabor Festas
4. Maria Mendes Doces & Cia.
5. J. Silva, J. Souza & M. Mendes Doces
6. Delícia Doces limitada
7. J. Silva & Companhia C/A
8. Esplendor Eventos S/A
9. J. Silva, J. Souza & Cia.
10. Maria Mendes Doces & Companhia
11. José Augusto Silva Transportes
12. Delícia Doces C/A
13. Delícia Doces S/A
14. João Silva, José Souza & Maria Mendes limitada
15. Silveira e & Ferreira Malhas Artesanais LTDA.
16. Cia. de Perfumes Oliveira Almeida
8. Identificação
FIRMA: O administrador assina o nome da firma e não seu nome civil. Ex.: J.A.
Silva Transporte
DENOMINAÇAO: O administrador usa sua siinatira civil.
Ex. Delícia S/A
9. Inalienabilidade do nome empresarial
O nome empresarial (firma ou denominação), por tratar-se de direito
personalíssimo, estando, portanto integrado a personalidade do empresário, não
poderá ser objeto de alienação. Sendo assim, na hipótese de trespasse, aliena-se o
estabelecimento, mas não o nome empresarial, visto que não há alienação
autônoma de firma no direito brasileiro. Sem embargo, havendo o trespasse, o
adquirente poderá utilizar o nome do alienante, desde que precedido do seu próprio
com a qualificação de sucessor, desde que haja autorização contratual para tanto.
Ex. Penante, Ferreira & Cia., sucessores de Albuquerque Silva & Companhia. Com
isso, evita-se que a clientela incorra em erro ao efetivar negócio baseado no antigo
nome empresarial, sem saber da ocorrência daquela transferência.
10. Alteração obrigatória da firma social em razão de morte, exclusão e
retirada de sócio
O princípio da veracidade impede que uma firma contenha nome de pessoas que
não mais pertençam ao quadro societário. Logo, segundo esse princípio, somente
poderá constar de uma firma o nome civil de quem efetivamente for empresário
individual ou sócio com responsabilidade ilimitada de sociedade empresária. Com
isso, além de evitar confusão por parte dos destinatários dos produtos ou serviços
daquela empresa, garante ainda o legislador o preciso reconhecimento daqueles
que respondem ilimitadamente pelas obrigações assumidas pela empresa.
Portanto, se houver óbito, exclusão ou retirada de sócio cujo nome civil figurava na
firma social, está precisará ser alterada, mediante a adoção de outra denominação,
sob pena de o espólio ou o ex-sócio continuar a ter a mesma responsabilidade pelas
obrigações sociais que tinha quando era membro do quadro associativo.
ATENÇAO: se a sociedade for formada por irmãos ou parentes com o mesmo
sobrenome, e a forma social contiver tal patronímico, o óbito de um deles não
obriga a sua modificação, salvo se o de cujus deixou manifestação expressa em
contrário.
7
OBS. Se ocorrer óbito, exclusão ou retirada do fundador de uma sociedade
anônima, seu nome não precisará ser suprimido da firma social, desde que ele não
se oponha e que a sociedade resolva manter inalterada a denominação.
11. Perda automática da proteção ao nome empresarial
Se a sociedade foi celebrada por tempo determinado, a expiração deste implica na
perda automática da proteção ao nome empresarial (art. 59 da Lei Registros –
8934/94). Para que isso não ocorra, a sociedade que desejar prosseguir com a
empresa deve averbar a prorrogação do ato constitutivo na JC antes do término do
prazo anteriormente convencionado.
O não arquivamento pelo período de 10 consecutivos, sem qualquer comunicação a
JC do interesse de continuar operando, levará a presunção de inatividade,
promovendo a JC nesses casos o cancelamento do registro e conseqüente persa da
proteção ao nome empresarial.
Cancelado o registro de uma empresa, sua reativação deverá obedecer aos
mesmos procedimentos requeridos para sua constituição.
Regime Jurídico das Sociedades
1. Introdução
PJ - Direito Público - interno - União--------------
- Estados------------
- Municípios--------- (adm. direta)
- DF------------------
- Territórios---------
- Demais ent. caráter púb. (adm. indir.: órgão
descentralizados para exercício de ativ. de inter. púb. Ex: autarquias como INSS,
UFPE, ANATEL; fundações púb. como FUNASA- Fundação nacional de saúde, etc.)
- externo - Estados estrangeiros
- Organizações internacionais (DIP)
- Direito Privado - sociedades (univers. De pessoas c/ fins lucrat)
- associações (univers. de pessoas s/ fins lucrat)
- fundações (univers. de bens s/ fins lucrat)
- Organizações Religiosas, partidos políticos
2. Sociedades
2.1. Conceito
Convenção entre duas ou mais pessoas que se obrigam a conjugar esforços para
consecução de um fim comum e partilha dos resultados.
2.2. Podem ser simples ou empresárias
2.2.1. Empresárias: desenvolvem atividade empresarial (conceito de
atividade empresarial): É a organização econômica dos fatores de
produção, para a produção e/ou circulação de bens e/ou serviços,
desenvolvida por pessoa natural ou jurídica, através de um
estabelecimento empresarial e que visa o lucro.
8
2.2.2. Simples: desenvolvem atividade civil. São atividades civis:
a. Aquelas exercidas por quem não é empresário;
b. Aquelas fundadas em profissão intelectual, de natureza científica, literária ou
artística, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa;
c. As exercidas por produtores rurais não registrados no RPEM;
d. As desempenhadas pelas cooperativas, as quais, por expressa disposição de
Lei (art. 982, p.u.), serão sempre sociedades simples, desenvolvendo assim
atividade civil.
A diferença básica entre sociedade simples e empresária está no modo de
exploração do seu objeto social, ou seja, na qualificação ou não da atividade
exercida como empresarial. Se essa exploração for feita com organização
profissional dos fatores de produção, será empresária, se não, será simples.
OBS. EXCEÇOES: As cooperativas (independente do seu objeto), por força de lei,
em que pese registradas nas JCs, serão sempre consideradas sociedades simples e
empresárias as sociedades por ações (art. 982 CC).
3. Sociedades personificadas
As sociedades podem ter ou não personalidade jurídica. As sociedades
personificadas são as pessoas jurídicas de direito privado registradas nos órgãos
competentes. Assim, a personalidade jurídica é adquirida a partir do registro dos
atos constitutivos na JC, dela advindo as autonomias negocial (capacidade da
sociedade para, em nome próprio, celebrar negócios jurídicos necessários ao objeto
social da empresa), processual (capacidade da sociedade para, em nome próprio,
defender seus interesses em juízo) e patrimonial (separação patrimonial. Possuem
patrimônio social próprio, distinto em relação ao dos seus sócios).
• Empresário e sociedade empresária – a partir do registro no RPEM, a cargo
das JCs
• Sociedade simples – a partir do registro no RCPJ
• Cooperativa – a partir do registro no RPEM
3.1. Tipos empresariais no Direito brasileiro
As sociedades empresárias podem adotar um dos cinco tipos empresariais já
estudados. As sociedades em N/C, em C/S e LTDA estão regidas pelo novo CC, ao
passo que as S/A pela Lei 6.404/76. As sociedades em C/A, por sua vez, regem-se
pelas normas relativas as S/A, com algumas regras impostas pelo CC.
3.2. Adoção de tipo societário empresarial por sociedade simples
A sociedade simples pode ou não adotar um dos cinco tipos societários das
sociedades empresárias, hipótese na qual seguirá as regras atinentes ao modelo
escolhido no que concerne, por exemplo, a responsabilidade dos sócios. Sem
embargo, NÃO SERÁ EFETIVAMENTE UMA SOCIEDADE EMPRESÁRIA, POR NÃO
DESENVOLVER PROFISSIONALMENTE E DE FORMA ORGANIZADAOS FATORES DE
PRODUÇAO.
Caso não faça a opção por um dos tipos societários da sociedade empresária,
seguirá as regras que lhe são próprias, previstas no CC entre os artigos 997 e
1038.
3.3. Sociedade de capital e indústria
O novo CC não cuidou daschamadas sociedades de capital e indústria, na qual um
dos sócios, chamado de sócio de indústria, entrava apenas com seu trabalho e não
9
se responsabilizava pelas dívidas da sociedade. Atualmente, em qualquer sociedade
empresária, deve o sócio contribuir com bens ou capital, não podendo fornecer
apena as sua força de trabalho para o desenvolvimento da atividade, e todos
respondem pelas dívidas sociais, de forma limitada ou ilimitada, de acordo com a
espécie societária adotada.
4. Sociedades despersonificadas
As sociedades sem personalidade jurídica ou despersonificadas, classificam-se
como:
4.1. Sociedade em comum (Arts. 986 – 990 CC) – Enquanto o ato
constitutivo da sociedade não for levado a registro, não se terá uma
pessoa jurídica, mas um simples contrato de sociedade. Assim, a
sociedade em comum é aquela cujos atos constitutivos não foram
inscritos. São reguladas pelos artigos 986 a 990 CC (e supletivamente
pelas normas da Sociedade simples – arts. 997 a 1038). Os bens e
dívidas sociais constituem patrimônio especial (afetado ao exercício da
atividade), do qual os sócios são titulares em comum, em face da
impossibilidade de titularidade da sociedade em razão da ausência de
personalidade jurídica. Há uma interpenetração dos interesses dos
sócios, comunicando-se os bens e dívidas, participando de forma
igualitária nos lucros e prejuízos. É dividida doutrinariamente em de fato
(não possui ato constitutivo) e irregular (possui ato constitutivo não
registrado). Embora a sociedade em comum não tenha personalidade
jurídica, seus sócios estão contemplados pelo benefício de ordem (art.
1.024 CC), com a exceção daquele que contratou pela sociedade. Sem
embargo, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas
obrigações sociais face a ausência de separação patrimonial. Não se
trata de um tipo societário, mas sim da designação de uma situação
irregular. Por não possuírem personalidade jurídica, um sócio não poderá
demandar contra o outro sem exibir documento de constituição da
sociedade, mas os estranhos ou terceiros que tiverem alguma relação
com a sociedade, poderão provar sua existência de qualquer modo,
inclusive por meio de testemunhas, indicativos fiscais, etc.
4.2. Sociedade em conta de participação (Arts. 991 – 996 CC) – Dotada
de natureza secreta (logo, sem nome empresarial ou sede, não é pessoa
jurídica, não tendo autonomia patrimonial), a sociedade em conta de
participação não é registrada, e, portanto, desprovida de personalidade
jurídica (o fato de serem secretas ou ocultas não implica que sejam
ilícitas ou irregulares). Se o contrato for, eventualmente, levado a
registro, este nem por isso conferir-lhe-á personalidade jurídica, pois
apenas formalizará sua constituição, dirimindo dúvidas unicamente em
relação ao conteúdo do pacto social. Independe de qualquer formalidade
para sua constituição, bastando a existência da affectio societatis.
Integradas por duas classes de sócios (ostensivo e participante), pode
ser constituída por pessoa jurídica. O sócio ostensivo é o empreendedor
que entra com capital e capacidade laboral, enquanto os participantes ou
ocultos, tem atuação restrita a entrega do capital social para a
consecução do fim social. Obriga-se perante terceiro tão somente o sócio
ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos
termos do contrato social. Ou seja, por não terem personalidade jurídica,
não podem assumir obrigações em seu nome, atuando assim o sócio
ostensivo em seu nome próprio, respondendo direta e ilimitadamente
pelas obrigações sociais (apenas os sócios ostensivos podem exercer a
atividade constitutiva do objeto social). Sem embargo, se porventura
houver participação conjunta do sócio ostensivo e dos participantes na
elaboração negocial, todos serão solidariamente responsáveis perante o
terceiro, com quem efetivaram contrato em nome da sociedade. A
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responsabilidade dos sócios participantes em relação aos ostensivos
poderá ser limitada ou ilimitada, dependendo do que dispuser o ato
constitutivo. Aplica-se à sociedade em conta de participação,
subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para a
sociedade simples (arts. 997 a 1.038 CC).
RESUMO:
SOCIEDADE PERSONIFICADAS – SOC. SIMPLES
- SOC. EMPRESÁRIAS
SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS – SOC. EM COMUM
- SOC. CONTA DE PARTICIPAÇAO
5. Da classificação das sociedades
5.1. Quanto ao ato constitutivo
Elemento identificador e delimitador da sociedade (nome, objeto social,
administradores, capital social, etc.).
Quanto ao ato constitutivo, as sociedades podem ser CONTRATUAIS ou
ESTATUTÁRIAS.
São contratuais as sociedades constituídas por contrato social, o qual caracteriza-se
por um duplo vínculo (sócios entre si e sócios com a sociedade). Seu capital social é
dividido em contas, sendo os titulares denominados cotistas. São sociedades
contratuais as sociedades em N/C, C/S e LTDA.
São estatutárias as sociedades constituídas por estatuto social, o qual caracterizase
pelo vínculo único entre os sócios e a sociedade (não há vínculos dos sócios
entre si). Seu capital social está dividido em ações, sendo os titulares denominados
acionistas. São sociedades estatutárias as sociedades em C/A e S/A.
Esquema
SOCIEDADES CONTRATUAIS SOCIEDADES ESTATUTÁRIAS OU
INSTITUCIONAIS
Constituída por CS Constituída por ES
Contrato plurilateral (duplo vínculo) Relação entre os sócios e a sociedade,
mas não entre si.
Capital social dividido em cotas Capital social dividido em ações
Titular das cotas: cotista Titular das cotas: acionista
São contratuais: N/C, C/S e LTDA São estatutárias: C/A e S/A
ATENÇAO. As cotas ou ações não têm que ser divididas, necessariamente, em
partes iguais.
5.2. Quanto às condições para alienação da participação societária
SOCIEDADE DE PESSOAS SOCIEDADE DE CAPITAL
Leva-se em conta os atributos pessoais
dos sócios
Considera-se apenas a contribuição
financeira para o ingresso
Ingresso de 3º depende de autorização
unânime
Basta subscrição
Alienação de cotas a um 3º depende da
anuência dos outros sócios
Acionistas não podem se opor a
entradas de outros sócios (prevalece
princípio da livre circulação)
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Reunião e pessoas Reunião de bens e valores
São sociedades de pessoas: N/C e C/S São sociedades de capital: C/A e S/A
OBS. Em verdade, não existe sociedade formada apenas por pessoas ou capital. As
pessoas (sócios) e o capital (montante para formação do patrimônio da empresa)
estarão sempre presentes em toda e qualquer sociedade. O importante é que os
atributos pessoais dos sócios são relevantes nas SP e irrelevantes nas SC.
PERGUNTAS:
1. As cotas relativas a uma sociedade de pessoas são penhoráveis? Por
quê?
R: Não. A doutrina admite apenas a penhora dos direitos patrimoniais
resultantes das cotas, como lucros e haveres, mas não a transferência da
cota em si.
2. O que ocorre no caso da morte de sócio na SP e na SC?
R: Na SP haverá a dissolução das cotas correspondentes entre os sócios, no
caso dos sócios sobreviventes não concordarem com o ingresso do sucessor.
Na SC a sucessão ocorrerá normalmente.
3. A Sociedade limitada trata-se de uma SP ou SC?
R: A sociedade limitada trata-se de um tipo societário híbrido, ou seja,
poderá assumir a forma de SP ou SC, devendo a escolha constar no CS.
Sem embargo, na ausência de cláusula expressa no CS indicando tratar-se
de uma SP ou SC, algumas cláusulas poderão indicar se a LTDA assumiu
uma ou outra característica. Ex. Cláusula referente a admissão de novos
sócios ou referente a sucessão por ocasião de falecimento, etc.
No silêncio do contrato, a limitada deverá ser tratada como uma sociedade
de pessoas, visto ser uma sociedade contratual, sendo da essência de uma
sociedade de contratual a condição de sociedade de pessoas. Sem embargo,
poderá ceder sua cota a outro sócio sem a anuência dos demais e a 3º
estranho se não houver oposição de mais de ¼ do capital social.
RESUMO:
SOCIEDADES
CONTRATUAIS
SOCIEDADESINSTITUCIONAIS
OU
ESTATUTÁRIAS
SP SC HÍBRIDA
N/C C/A N/C C/A LTDA
C/S S/A C/S S/A -
LTDA - - - -
• São sociedades contratuais e de pessoas: N/C e C/S
• São sociedade estatutárias e de capitais: C/A e S/A
• É Sociedade contratual e híbrida quanto as condições para alienação:
LTDA
5.3. Quanto a responsabilidade dos sócios:
• ILIMITADA: Patrimônio dos sócios responde SUBSIDIÁRIA e
ILIMITADAMENTE. Ex. Sociedade em N/C.
• LIMITADA: Patrimônio dos sócios responde SUBSIDIÁRIA e
LIMITADAMENTE. Ex. LTDA e S/A.
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• MISTA: Parte dos sócios responde SUBSIDIÁRIA e LIMITADAMENTE e parte
SUBSIDIÁRIA e ILIMITADAMENTE. Ex. C/S e C/A.
OBS. A responsabilidade da própria sociedade, independente do tipo
societário, é sempre ILIMITADA. Só é possível a limitação da
responsabilidade subsidiária dos sócios.
OBS. Por sua vez, a responsabilidade dos sócios, nas sociedade
personificadas, pode ser LIMITADA ou ILIMITADA, mas será sempre
SUBSIDIÁRIA (benefício de ordem. Art. 1024 CC).
Funcionamento da responsabilidade limitada:
Indispensável primeiro conhecer-se alguns conceitos, como:
• SUBSCRIÇAO: Quando ingressa em uma sociedade, o sócio subscreve uma
parcela do capital social (que está dividida em cotas ou ações),
comprometendo-se a contribuir com o valor subscrito (compromisso). O
ingresso de um sócio em uma sociedade empresária está condicionado a
subscrição de capital, uma vez que não se admite a participação de sócio
apenas com a força de trabalho (antigo sócio de indústria).
• INTEGRALIZAÇAO: É o pagamento do valor subscrito. Uma vez integralizado
todo o valor subscrito, estará cumprida sua obrigação social.
Quadros LTDA e S/A
LTDA
SUBSCREVEU INTEGRALIZOU NÃO INTEGRALIZADO
Sócio A 5.000,00 5.000,00 0
Sócio B 10.000,00 5.000,00 5.000,00
Sócio C 5.000,00 1.000,00 4.000,00
Total não integralizado: R$ 9.000,00
A responsabilidade dos sócio é?
R: Limitada
Limitada a que?
R: Ao capital subscrito e não integralizado.
A sociedade LTDA trata-se de uma SP ou SC?
R: Em regra, de pessoas.
Qual a principal característica de uma sociedade de pessoas?
R: Atributos pessoais dos sócios. Sócios interagem entre si.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
S/A
SUBSCREVEU INTEGRALIZOU NÃO INTEGRALIZADO
Sócio A 5.000,00 5.000,00 0
Sócio B 10.000,00 5.000,00 5.000,00
Sócio C 5.000,00 1.000,00 4.000,00
Total não integralizado R$ 9.000,00
A responsabilidade dos sócios na S/A é ?
R: Limitada.
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Limitada a que?
R: Ao capital subscrito e não integralizado.
A S/A trata-se de uma SP ou SC?
R: SC.
Qual a principal característica de uma SC?
R: Livre circulação. A participação em uma SC independe dos atributos pessoais.
Sócios não interagem entre si, mas sim com a própria sociedade.
RESPONSABILIDADE NÃO SOLIDÁRIA
Direito Cambiário
(conjunto de normas que regem os títulos de crédito)
1. Conceito
Também conhecidos como cártula, os títulos de crédito constituem documentos
representativos de uma obrigação pecuniária, necessários para o exercício de um
direito literal e autônomo nele contido, atuando na circulação de riqueza (função
primacial dos títulos de crédito).
O rol de títulos de crédito é taxativo (numerus clausus) e estão definidos em lei.
2. Legislação especial
Os títulos de crédito contam com legislação especial, a qual, por ser a mais
especializada, tem aplicação direta.
• Letra de câmbio – Decreto 57.663/66 (LEI UNIFORME)
• Nota promissória – Decreto 57.663/66 (LEI UNIFORME)
• Cheque – Lei 7.357/85 (LEI DO CHEQUE)
• Duplicata – Lei 5.474/68 (LEI DAS DUPLICATAS)
3. Títulos de crédito no novo Código Civil de 2002
Hoje, os títulos de créditos estão também regulados pelo CC (entre os artigos
887 a 926), o qual tem atuação supletiva, completando eventuais lacunas da
legislação especial. Sendo assim, as normas do Código Civil se aplicam apenas
quando compatíveis com as disposições constantes de lei especial ou se
inexistentes estas. Neste sentido, havendo choque entre o preconizado por lei
especial e o CC, prevalece a letra da legislação mais específica: da lei especial.
Importante ainda destacar que, o estudo dos principais títulos de crédito (letra de
câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, etc.) prescinde do exame das
disposições contidas no CC.
O presente texto foi construído a partir da publicação de diversos autores. Endereço:
bloginstitutocathedra.blogspot.com.
2 Doutorando em Direito Privado pela Universitat de València - Espanha (bolsista da
Universidade) (2008 - atualmente). Mestrado (DEA) em Direito Internacional Público e Privado
pela Universitat de València - Espanha (bolsista da Universidade) (2005 - 2007). Professor da
Escola de Magistratura de Pernambuco - ESMAPE. Professor da pós-graduação e cursos
preparatórios para magistratura, procuradoria, OAB e demais carreiras jurídicas do Complexo
de Ensino Renato Saraiva. Professor do ATF Cursos Jurídicos. Professor e Coordenador do
Núcleo de Pesquisa da Facet. Diretor Geral do Cathedra - Instituto de Ensino e Estudos
Jurídicos, Políticos e Sociais para América Latina (filiado ao CNPQ em 31.10.2008). Professor
convidado do Departamento de Direito Internacional Adolfo Miaja de la Muela - UV (Espanha).
Membro da "Asociación Española de Profesores de Derecho Internacional y Relaciones
Internacionales" - AEPDIRI. Consultor jurídico. Advogado especialista nas áreas de Direito
Empresarial e Internacional.
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4. Características essenciais
4.1. Negociabilidade
Refere-se a sua capacidade de circulação. O possuidor de um título,
enquanto não se opere o protesto, pode dele livremente dispor,
transferindo-o a seus próprios credores. Assim, deverá receber o
valor consubstanciado no título aquele que estiver de posse do
mesmo na data do vencimento. Logo, quem detém o título tem
legitimidade para exigir o cumprimento do crédito nele incorporado.
OBS. Para fins de direito, os títulos de crédito são considerados
coisas móveis.
4.2. Executividade
Os títulos de crédito constituem títulos executivos extrajudiciais
(conforme elencado no art. 585, I, CPC), e como tal gozam de maior
eficiência em sua cobrança. Isto porque, a sua simples apresentação
em juízo é suficiente para que se dê início a processo de execução,
ficando dispensada a prévia ação de conhecimento, uma vez que
deles se desprende presunção de liquidez e certeza.
5. Requisitos fundamentais
Para que produza efeitos de forma válida, os títulos de crédito devem preencher
alguns requisitos fundamentais. São eles: cartularidade, literalidade e autonomia.
5.1. Cartularidade
Expressa a materialização ou incorporação do direito no título.
Diferentemente, estão os documentos de legitimação ou títulos de
legitimação. É o caso dos bilhetes aéreos, ingressos para teatro ou
cinema, etc. Para estes, o direito do titular não deriva do próprio
documento, mas sim de um contrato, servindo o documento apenas
para provar a existência do direito.
5.2. Literalidade
O título de crédito é um documento escrito e em sua análise só se
levará em consideração aquilo que estiver nele expressamente
consignado.
Esse requisito atua tanto em favor do credor (que tem o direito de
exigir o que consta do título), como também do devedor (que terá
que pagar unicamente aquilo que nele estiver expresso).
Ademais, a quitação da obrigação constante do título deve estar
expressa na cártula, sob pena de não produzir seus efeitos jurídicos.
5.3. Autonomia
Requisito essencial para a circulação do título.
Torna o portador da cártula, titular de um direito autônomo em
relação ao direito que tinham seus predecessores, pois, o que circula
é o título e não o direito abstrato que nele se contém. Sendo assim, o
possuidor exerce direito próprio, que não se vincula as relações entre
os possuidores anteriores e o devedor. Portanto, cada relação é
autônoma em relação às suas antecessoras.
_ Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé
(art. 916 CC)
Ex. Mário compra 300 celularesde Arthur, pagando-o com cheque.
Arthur efetua compra de mais 400 celulares junto ao seu fornecedor
para repor seu estoque, pagando como o mesmo cheque recebido de
Mário. Mário, não poderá recusar-se a honrar o cheque perante o
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fornecedor de Arthur, ainda que os celulares vendidos por Arthur
apresentem defeito, uma vez que dito fornecedor é um possuidor de
boa-fé do título, não tendo participado do negócio inicial que deu causa
a emissão do cheque. Em face ao princípio da autonomia, estando o
negócio inicial contaminado por vício, este não poderá estender-se às
obrigações subseqüentes representadas pelo título, razão pela qual
Mário está obrigado a arcar com a dívida, podendo, posteriormente,
acionar Arthur pedindo indenização pelos celulares danificados.
Sendo assim, tem-se que o portador do título de crédito exerce direito
próprio e não um direito derivado das relações anteriores. De tal modo,
não poderá o portador ser surpreendido por oposição concernente à
relação de que não foi parte, a menos que ele, ao adquirir o título,
tenha agido de má-fé.
Tal segurança para os eventuais portadores do título é essencial à sua
circulação. Sem embargo, contra o portador originário (aquele com
quem o emissor manteve determinada relação jurídica, que deu origem
ao título), o emissor do título poderá opor exceções pessoais a qualquer
tempo. Ex. Pagamento da obrigação, compensação, novação, etc.
Sendo assim, o subscritor do título somente poderá opor contra o
possuidor de boa-fé os vícios formais da cártula, como por exemplo:
falsidade de sua assinatura, vencimento do título, etc.
6. Espécies de títulos de crédito
6.1. Letra de câmbio
_ Introdução
A letra de câmbio é um título de crédito à ordem, que se cria mediante o saque,
emitido a favor de alguém. A letra transfere-se por endosso, completa-se pelo
aceite e garante-se pelo aval.
Título à ordem é aquele emitido em favor de pessoa determinada, mas transferível
por simples endosso (assinatura do portador atual àquele a quem será transferido o
título).
Saque refere-se à emissão da letra de câmbio.
OBS. Diferenciam-se dos nominativos, na medida em que dispensam qualquer
outra formalidade, que não o endosso, para a transferência do título. Nos
nominativos exige-se a escrituração nos livros do devedor.
O sacador, ao emitir uma letra de câmbio, dá uma ordem ao sacado para que
pague o valor constante do título ao beneficiário ou tomador. Assim, a letra de
câmbio é um título de crédito no qual alguém declara que alguém irá pagar certa
quantia a alguém. Sendo assim, compreende uma ordem de pagamento que
envolve três sujeitos e uma obrigação cambiária (sacador=emitente;
sacado=aquele que, espera-se, pagará o valor trazido no título;
tomador=beneficiário). Nada obsta, entretanto, que uma mesma pessoa ocupe
duas posições nessa relação, sendo, assim, sacador e sacado ou sacador e tomador
(ex. Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais X Emcop – Construções e Projetos,
em Gladston Mamede). Neste sentido, por exemplo, eu posso declarar que eu
mesmo pagarei certa quantia a Pedro (sacador e sacado se confundem). Por outro
lado, posso declarar que Pedro me pagará certa quantia (sacador e tomador se
confundem).
_ Requisitos essenciais da letra de câmbio
Para que um documento seja considerado uma letra de câmbio, submetendo
assim ao regime dos títulos de crédito, deverá atender a alguns requisitos
essenciais (Decreto nº 57.663/66
a. Identificação do título
deverá estar inserida no próprio texto do título. Neste sentido, se a cártula
contiver a frase (em negrito)
de câmbio) a quantia de 10 mil reais a
em 22 de dezembro de 2011
haja, fora do texto, o título letra de câmbio
em vermelho, estaria
b. O mandato puro e simples de pagamento
Se esse campo não for preenchido corretamente, ensejará a nulidade formal
do título. Assim, o mandado para pagamento do valor deve ser preciso, não
se sujeitando a qualquer condição
c. Quantia certa
A declaração de pagamento será de uma quantia certa, em moeda nacional
corrente.
OBS. Se a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por extenso e
algarismo, havendo divergência entre uma e outra, prevalece a que estiver
feita por extenso. Se a indicação da quantia se achar feita por mais de uma
vez, quer por extenso, quer por algarismo, e houver divergência entre as
diversas indicações, prevalecerá a que se achar feita pela quantia inferior.
d. Nome do sacado
O sacador (emitente) dev
se, pagará a quantia determinada na letra de câmbio).
e. Nome do tomador
A letra de câmbio é, como visto,
o nome do seu tomador (beneficiário), ou seja, daquele a
quantia deverá ser paga.
OBS. Recordamos que é lícita a emissão de título a própria ordem, no qual o
sacador indica a si mesmo como beneficiário da letra de câmbio.
– Lei Uniforme). São eles:
: A palavra letra ou a expressão letra de câmbio
negrito): A Francisco Penante pagar
João Henrique Vascon
2011, não será uma letra de câmbio, mesmo que
câmbio. Acrescido, no entanto, o trecho
, atendido o requisito.
o além do prazo.
deverá indicar o nome do sacado (aquele que, espera
um título à ordem, devendo portanto trazer
favor de
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submetendo-se
(por esta letra
Vasconcelos,
. ele esperatítulo
quem a
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f. Local e data de emissão
Também constituem requisitos necessários da letra de câmbio. Diante de
sua ausência a letra de câmbio é considerada inválida.
g. Assinatura do sacador
O próprio emitente (sacador) ou seu representante deverá assinar a letra.
Portanto, tais elementos, elencados entre os pontos “a” e “g” supramencionados,
devem estar obrigatoriamente presentes na letra de câmbio e, se não estiverem, o
documento será descaracterizado como letra de câmbio e, via de conseqüência,
como título de crédito.
_ Elementos facultativos da letra de câmbio
a. A época de pagamento
• À vista (contra apresentação. Uma vez apresentada ao sacado).
Dispensa a apresentação para aceite, porque se vence no momento em
que é apresentada ao sacado (o que deve ser feito em um ano, embora
tal prazo possa ser alterado pelo sacador);
• A certo termo da vista (o início do prazo para o vencimento está
condicionado a apresentação da cártula ao sacado). Nesse tipo de letra
o aceite é obrigatório, pois só após o aceite (que é datado), poder-se-á
contar o prazo para o vencimento;
• A certo termo da data (o vencimento da cártula se dará em prazo
determinado, assinalado na letra, a contar da data de emissão. Por ex.
em 90 dias);
• Se pagável em um dia fixado (a data de vencimento da letra está
assinalada no título. Ex. 23 de maio de 2015). Aqui a apresentação da
letra para aceite é facultativa.
b. O lugar de pagamento
Ex. no domicílio do sacado, no domicílio de terceiro.
_ Aceite na letra de câmbio
Ao receber das mãos do sacador a letra de câmbio, o tomador deve procurar o
sacado para apresentar-lhe o título e consultá-lo sobre a aceitação da ordem.
Aceitando a letra, o sacado se compromete a pagar o valor constante do título ao
seu beneficiário na data do vencimento (apenas se ele não pagar no vencimento é
que os co-devedores poderão ser acionados). Assim, a declaração do aceite torna o
sacado devedor principal, passando a chamar-se “aceitante”. Sendo assim, o
sacado não se encontra obrigado a pagar o título contra a sua vontade. Ao
contrário, enquanto não manifesta a sua concordância, por meio do aceite, o
sacado não tem nenhuma obrigação cambial.
Na letra de câmbio o aceite é facultativo. Em nenhuma hipótese o sacado é
obrigado a aceitar o título. Assim, ainda que devedor do sacador ou tomador, o
sacado não está obrigado a documentar a sua dívida por um documento de
circulação cambial (título de crédito), diferentemente do que acontece com a
duplicata. Ex.: Suponha-se que A envolveu-se em um acidente de trânsito com B,
por culpa deste último. Mesmo que B reconheça a responsabilidade, e o dever de
ressarcir os danos que causou, ele não está obrigado a documentar a sua dívida
através da letra que Aresolva sacar contra ele, uma vez que não há meios jurídicos
que possa vincular o sacado ao pagamento da letra de câmbio contra a sua
vontade. Assim, na letra de câmbio o aceite é sempre facultativo.
ATENÇÃO: A recusa do aceite gera o vencimento antecipado do título. Ex.: Se A
saca, em 22 de dezembro de 2011, letra de câmbio contra B, em favor de C, com
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vencimento para 11 de junho de 2012, a recusa do aceite torna o título exigível de
imediato. Essa exigibilidade do título opera-se contra A, que, sendo sacador, é codevedor
do título. Reconhece-se ao tomador, então, o direito de exigir do sacador a
garantia pela ordem que ele havia dado. Em relação ao sacado da letra de câmbio,
a recusa do aceite não opera nenhum efeito.
Deste modo, se o sacado não aceitar o título, haverá o seu vencimento antecipado,
podendo o tomador, após o protesto (que prova a ausência do aceite, devendo
ser promovido até o 1º dia útil seguinte à recusa), cobrar do sacador e dos demais
coobrigados cambiários (endossantes e avalistas) o valor constante da letra. Uma
vez não promovido o protesto, perderá o tomador o direito de acionar os demais
coobrigados cambiários (sacador e respectivos avalistas, endossante e respectivos
avalistas).
O aceite decorre da simples assinatura do sacado no anverso da letra de câmbio.
No Brasil a praxe é lançá-lo à esquerda do documento, no sentido vertical. Tem que
ser feito na própria letra para que seja válido, em razão do principio da literalidade
(assim, se o sacado havia transmitido, por outro meio escrito, ao sacador ou ao
portador a sua intenção de aceitar a obrigação cambiária e, depois, se recusa a
assinar a cártula, não se pode considerar que aceitou, uma vez que o ato não foi
lançado na própria letra. Contudo o sacado responde como se houvesse aceitado).
Se feito no verso, deverá ser precedida da palavra “aceito”, “aceitamos” ou
expressão equivalente, evitando que se confunda com endosso.
O aceite não é requisito de validade do título. Preenchidos todos os requisitos
legais, o título já pode ser executado e produzir efeitos, ainda que sem o aceite.
Aliás, no caso da letra, como visto, o sacado sequer está obrigado ao aceite. Ele
aceita se quiser. Isso porque, ao emitir a letra, o sacador responsabiliza-se pelo
aceite do sacado e pelo pagamento dela, ou seja, ele garante ao tomador que o
sacado honrará o título, pois, caso não o faça, ele próprio terá de honrá-lo.
Todavia, com a circulação do título, havendo endossantes, todos eles
responsabilizam-se igualmente pelo aceite e pagamento do sacado, na condição de
devedores solidários cambiários. Portanto, se o sacado não aceitar, o possuidor
poderá cobrá-lo do sacador ou dos endossantes, por exemplo.
O aceite deve ser puro e simples, ou seja, incondicionado, embora possa ser
parcial. Nesse caso, o sacado fica obrigado nos termos do seu aceite, não
impedindo todavia que o tomador proceda o protesto pela parte não aceita, uma
vez que o aceite parcial equivale a recusa (embora vincule o aceitante
parcialmente), como forma de garantir seu direito de acionar os demais
coobrigados. O tomador poderá exigir desses coobrigados o valor total do título,
reservado a estes o direito de exigir do sacado o valor referente à parte aceita.
a. Recusa parcial do aceite
Se, como visto, na letra de câmbio o aceite é facultativo, ou seja, se o sacado pode
recusar-se a aceitar o pagamento do valor total da letra, ele também poderá
recusar-se de forma parcial, afinal, como afirma postulado tradicional da
argumentação jurídica: quem pode o mais, pode o menos.
• Espécies de recusa parcial
Disciplina a lei duas espécies de recusa parcial:
o O aceite limitativo
Aceite limitativo é aquele onde o sacado reduz o valor da obrigação que ele
assume. Ex. O sacador lhe havia ordenado o pagamento de R$ 10.000,00 e ele, ao
assinar, escreve: aceito até R$ 8.000,00.
o O aceite modificativo
Aceite modificativo é aquele no qual o sacado introduz mudança nas condições de
pagamento da letra, postergando o seu vencimento, por exemplo.
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Considerando que nas duas espécies está caracterizada a recusa (ainda que
parcial), opera-se o vencimento antecipado do título (com o protesto), gerando
conseqüentemente no tomador o direito de executá-lo, de imediato e pela
totalidade, contra o sacador (cuja ordem desprestigiada pelo sacado ele precisa
garantir, inclusive, na sua integralidade). Ex. Se A emite uma letra de câmbio
contra B no valor de R$10.000,00 e B aceita apenas R$8.000,00, ocorrerá o
vencimento antecipado do título (uma vez promovido o protesto), gerando em C
(tomador) o direito de cobrar, de imediato, o valor integral do A (que sendo
sacador, é também co-devedor do título). A, por sua vez, no vencimento do título,
poderá cobrar de B o valor aceito.
Importante ressaltar que o sacado se vincula ao pagamento da letra, nos termos do
seu aceite.
b. Cláusula não aceitável
Viu-se que a recusa do aceite, seja total ou parcial, produz efeitos contrários ao
sacador (e aos demais co-devedores da letra de câmbio, se houver), toda vez que
sujeita aqueles ao pagamento imediato do título, mesmo que o vencimento préestabelecido
seja posterior.
Para evitar a antecipação provocada pela recusa do aceite, a lei possibilita ao
sacador a introdução da cláusula “não aceitável” (Ex. Aos 11 de junho de 2011,
pagará V.S.ª por esta única via de letra de câmbio não aceitável, a importância
de...). Inserida a cláusula (não aceitável), o tomador somente poderá apresentar o
título ao sacado na data designada para o seu vencimento, protegendo assim o
sacador contra o risco de vencimento antecipado do título, uma vez que a recusa
do aceite somente poderá ocorrer depois de vencida a letra.
Note-se que a cláusula “não aceitável” não é exonerativa da responsabilidade do
sacador, o qual responderá sempre pela ordem que expediu, mas apenas evita o
vencimento antecipado.
_ Aval na letra de câmbio (expressão no verso “bom para aval”)
O pagamento de título de crédito pode ser garantido por aval. O aval corresponde a
uma garantia cambial, firmada por terceiro (avalista) ao avalizado, garantindo o
pagamento do título. O avalista assume uma obrigação igual a do seu avalizado,
embora a obrigação do avalista seja autônoma em relação a do avalizado. Neste
sentido, ainda que a obrigação do avalizado seja, por exemplo, objeto de novação
(como visto na RJ), permanece inalterada a obrigação do avalista. Da mesma
maneira, em função da mencionada autonomia, se o aval é feito em favor do
sacado e este não aceita a letra, isso não significa que o avalista está exonerado de
sua obrigação (é o que se chama de aval antecipado).
O aval será escrito na própria letra ou em uma folha anexa (chamada “alongue” do
título) e, se não indicada a pessoa por quem se dá (aval em branco), ou seja, em
prol de quem se presta o aval, entende-se que foi dado a favor do sacador (aval em
branco=aval em favor do sacador). Portanto, se o aval for em branco, ou seja, se
não indicar expressamente o avalizado, será assim considerado o sacador.
Obs.: O aval em presto é aquele que indica a pessoa em favor de quem se presta a
garantia.
ATENÇÃO: O art. 30 da Lei Uniforme permite o aval parcial ou limitado, ou seja,
aquele em que o avalista garante valor menor do que o constante da letra. Por se
tratar de regra prevista na lei especial, prevalece sobre a regra do art. 897 CC, que
veda o aval parcial, tudo nos termos do art. 903 do CC, que declara que as regras
gerais do CC não se aplicam se houver disposição em sentido contrário em lei
especial.
OBS. AVAL X FIANÇA (diferenças):
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• A fiança é uma garantia civil e o aval uma garantia cambial.
• A obrigação do fiador é acessória em relação à do afiançado, enquanto a
obrigação do avalista é autônoma em relação à do avalizado. Sendo assim,
o credor tem que primeiro cobrar do afiançado e, apenas se este não pagar,
voltar-se contra o fiador, que terá direito de regresso contra o afiançado
(espécie de benefício

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