2 Limitações do Poder de Tributar

Prévia do material em texto

2 - Limitações do Poder de Tributar 
Sim, é legitimo o entendimento de que Estado tem o poder de tributar. No entanto, “em face da interferência que o poder de tributar gera sobre o direito de propriedade, o legislador traçou diretrizes e limitações ao exercício deste poder”, pois, sendo o Estado soberano, suas competências e atribuições são notadamente revestidas da mais ampla soberania. De modo que, para o efetivo exercício do poder de tributar são estabelecidas fronteiras – limitações – que norteiam o exercício, delimitando, das competências e atribuições soberanas do Estado na tributação.
Não obstante as leis, o poder Estatal de tributar encontram suas limitações no texto constitucional, nos princípios e nas imunidades tributárias. Consoante, vale ressaltar o entendimento do Profº Luciano Amaro quem ensina que “os limites do poder de tributar definidos pela Constituição não se esgotam nos enunciados aí contidos.” Luciano, sustenta que muitas e tantas outras imunidades tributárias estão espargidas além do texto constitucional e conclui que a “face mais visível das limitações do poder de tributar desdobra-se nos princípios constitucionais tributários e nas imunidades tributárias”. Assim, inicialmente, cabe destacar que, embora estes institutos possuam a mesma finalidade – limitação – são distintos, o que não impede que um princípio faça as vezes de uma imunidade. Nesse entendimento Sacha Calmon N. Coêlho, explica que “princípios e imunidades são institutos jurídicos diversos, embora certos princípios expressos façam brotar ou rebrotar imunidades” por fim, Sacha Calmo enfatiza que a expressão limitações ao poder de tributar abrange os princípios e as imunidades tributárias. 
De fato há diferenças entre princípios e regras. Os Princípios apresentam-se ora de forma implícita ora de forma explícita. É implícita quando não verbalizado no texto legal, porem evidente e inequívoco com a coerência legislativa, isto é, Princípios implícitos são aqueles que podem ser extraídos de forma exegética e/ou hermenêutica do texto legal. Os explícitos são os princípios expressamente abarcados no texto legal, ou seja, são explícitos os princípios que uma vez verbalizados no texto legal é claramente estatuído como tal e de igual forma exigido pelo legislador.
Destarte, podemos dizer que os princípios vinculam o entendimento e determinam a aplicabilidade da norma. Em síntese, os princípios são, de modo geral, as interpretações norteadoras da norma ou ato.
Data máxima vênia, é mister transcrever os ensinamentos do Professor José Afonso da Silva já que neste sentido aduz:
"A palavra princípio é equívoca. Aparece com sentidos diversos. Apresenta a acepção de começo, de início. Norma de princípio (ou disposição de princípio), por exemplo, significa norma que contém o início ou esquema de um órgão, entidade ou de programa, como são as normas de princípio institutivo e as de princípio programático. Não é nesse sentido que se acha a palavra princípios da expressão princípios fundamentais do Título I da Constituição. Princípio aí exprime a noção de mandamento nuclear de um sistema".
É cediço o entendimento de que “Princípio aí exprime a noção de mandamento nuclear de um sistema”.
Por fim, frisa-se que Paulo Bonavides ao tratar sobre o tema – Princípios e Regras – apresenta o pensamento do jurista alemão Robert Alexy, quem assevera que “tanto as regras como os princípios também são normas, porquanto ambos se formulam com a ajuda de expressões deônticas ( lógica deôntica é um tipo de lógica modal usada para analisar formalmente as normas ou as proposições que tratam acerca das normas) fundamentais, como mandamento, permissão e proibição.” Bonavides esclarece que embora os princípios sejam fundamentos de espécie mui diferente das regras, tanto esta quanto aquela, constitui a base para juízos concretos de dever.
Contudo é correto afirmar que sejam por princípios ou sejam por regras, a tributação encontra limitações nestas bases norteadoras. Assim, no direito tributário as regras e os princípios são utilizados como limitadores do poder de tributar.