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A Era dos Impérios – Capítulo II
UMA ECONOMIA MUDANDO DE MARCHA
Neste capítulo, Hobsbawn traça um panorama da economia mundial, bem como de seus aspectos políticos e sociais indissociáveis, da era que ficou conhecida como a “Belle Èpoque”.
Discute a depressão da economia mundial ocorrida no ano de 1889, contrapondo-se a essa ideia, demonstrando que neste período a produção de ferro duplicou, a de aço, tida como um indicador do conjunto de industrialização, multiplicou-se por 20 e houve um incremento considerável nas taxas de comercio internacional. 
Com relação à América Latina, coloca que foi justamente nesta fase que os investimentos estrangeiros atingiram níveis assombrosos, além do aumento do número de imigrantes.
No entanto, disserta a respeito d a opinião de historiadores que seguem a linha socialista que, de uma maneira geral, aguardavam um a invasão de imigrantes que ameaçariam a continuidade da civilização, apostando no colapso do capitalismo. Além da visão dos economistas e empresários que temiam a prolongada depressão de preços, juros e consequentes lucros. 
A agricultura foi o setor que mais sofreu nas décadas de depressão, uma vez que a produção, que havia aumentado nas décadas anteriores, acabou por inundar o mercado mundial de excedentes. 
A forma encontrada para a defesa da economia foi a formação de cooperativas, que rapidamente se multiplicaram em diversos países, bem como a emigração, considerada uma válvula de escape para minorar as pressões sociais, que poderiam acabar em rebeliões.
Com relação ao setor empresarial, a inflação foi favorável, pois aumentou a taxa de lucros e consequentemente, o número de concorrentes. O mercado de massa começou a desenvolver-se, embora muito mais vagarosamente do que o crescimento do número de novos produtos industriais. 
Outra dificuldade encontrada foi a contraposição dos preços instáveis com as altas e baixas ditadas pelo mercado e os custos de produção estáveis, entre eles os investimentos com os equipamentos e o pagamento de salários.
A medida tomada em relação a depressão dos preços, lucros e taxas de juros, foi a prática do bimetalismo, ou seja, basear o sistema mundial de pagamentos tanto no ouro como na prata, abundante nas Américas, já que o ouro se encontrava cada vez mais escasso. Tal prática, não era vista com bons olhos pelos grandes banqueiros, empresários e governos de países centrais do capitalismo.
Além disso, a política do protecionismo começou a ser praticada por governos que cederam aos apelos de grupos influentes, que buscavam proteger seus produtos nacionais, da concorrência dos estrangeiros. Também esta prática foi de encontro aos interesses óbvios da Grã-Bretanha, cuja economia era majoritariamente orientada para a exportação de produtos industrializados, além de serviços financeiros e de transporte. 
Durante seu processo de industrialização, a Inglaterra relegou ao segundo plano sua agricultura, tendo se tornado um dos principais mercados consumidores de produtos primários e agrícolas. Este foi o ponto crucial, em que o autor coloca que a base do poderio econômico britânico se fez através da simbiose com a parcela “subdesenvolvida” do mundo.
Assim, a industrialização e a Depressão transformaram-se em grupos de interesse conflitantes, de tal forma que a concorrência deixou de existir apenas entre as empresas e estendeu-se às nações.
No decorrer do século XIX, as mais remotas regiões do planeta foram se transformando, na medida em que as práticas do capitalismo não reconheciam fronteiras e a política do liberalismo econômico era prontamente apoiada pela Inglaterra. 
Com relação às práticas protecionistas, o autor credita sua existência à uma situação de concorrência econômica internacional. 
Hobsbawn analisa seu impacto nos diversos setores, chegando à conclusão de que o protecionismo não comprometeu seriamente o crescimento, ao contrário, incentivou diversas indústrias nacionais a produzir para seus mercados internos e ajudou, ainda, a ampliar a base industrial do mundo.
Em seguida, ele relata as tentativas de ampliar as margens de lucro, através da formação de trustes e cartéis, além das formas de “administração científica” que iam surgindo, uma vez que os tradicionais métodos de administração foram considerados empíricos e ultrapassados. 
O “Taylorismo” propunha maximizar o potencial de trabalho dos operários através do isolamento do trabalhador de seu grupo, transferindo o controle do processo para os agentes da administração, além de uma divisão sistemática de cada processo em unidades cronometradas, sem mencionar os sistemas variáveis para o pagamento do salário, baseado no percentual de produção individual.
O surgimento do imperialismo foi outra saída plausível para os problemas empresariais. Tanto a pressão do capital à procura de investimentos lucrativos, quanto a produção crescente à procura de mercados, incentivaram as políticas expansionistas. Incentivaram o neocolonialismo.
No ano de 1990, surpreendentemente, apenas um ano depois da Grande Depressão, a economia mundial foi assolada por um “boom” econômico, que teve como pano de fundo justamente a “Belle Époque”, como ficou conhecido o período que durou até a primeira Grande Guerra.
Alguns economistas buscam justificar este fenômeno com a descoberta de reservas de ouro na África do Sul e no Canadá. Outros, especularam sobre a existência de “ondas largas”, na qual o capitalismo flutuaria, de tempos em tempos.
De qualquer forma, as previsões marxistas a respeito da impermanência do capitalismo precisaram ser revistas.
Mas mais importante do que as justificativas, são as consequências deste período de euforia econômica: a redistribuição do poder econômico mundial, com o relativo declínio britânico e emergência dos EUA e Alemanha no cenário mundial.
A rivalidade entre os Estados foi uma característica marcante dessa época, bem como as relações experimentadas entre as parcelas desenvolvidas e subdesenvolvidas do planeta.
Mas a situação da Inglaterra permaneceu inalterada enquanto centro de operações das transações comerciais internacionais, exportando como nunca seus produtos industrializados para o mundo, enquanto importava produtos primários das nações subdesenvolvidas, estabelecendo, sob certa ótica, um meio de “equilíbrio global”. 
Seu relativo declínio industrial serviu, portanto, para reforçar ainda mais seu poderio econômico.
Outras características da economia mundial do período foram: a revolução tecnológica, o domínio das indústrias produtoras de bens de consumo pelo mercado de massa, o crescimento acentuado do setor terciário da economia (trabalhadores de lojas e escritórios) e o avanço do coletivismo em detrimento da iniciativa individual.
Com relação a esta última característica, o aumento do papel do governo no setor público, acabou por causar um retraimento da economia de livre concorrência, gerar políticas de reformas voltadas para o bem-estar social e ainda favoreceu o crescimento da indústria bélica.
Os anos de 1875 a 1914 foram um tempo de crescimento e transformação para a parcela “desenvolvida” do mundo. Muito embora a miséria rondasse a maioria dos trabalhadores, que tinham na abundancia de oferta de trabalho apenas um paliativo para suas dificuldades, as classes médias perceberam o período como uma época dourada, principalmente após os difíceis anos de pós-guerra.
No capítulo 2 de “A era dos impérios”, Eric J. Hobsbawn vai destacar o cenário econômico mundial do período compreendido entre os anos de 1875 e 1974. Como é de conhecimento geral, o mundo passou por uma Grande Depressão econômica nos anos 1870, depressão esta que só veio a ser superada em meados da década de 1890 até o começo da Primeira Guerra Mundial. Hobsbawn vai apontar as causas e as principais características dessa crise econômica bem como apontar como o capitalismo conseguiu sair desta profunda depressão.
Hobsbawn vai descrever que, embora o ritmo comercial, que configura o ritmo básico de uma economia capitalista, tenha, por certo,gerado algumas depressões agudas no período entre 1873 e meados dos anos 1890, a produção mundial, longe de estagnar, continuou a aumentar acentuadamente. Foi exatamente nessas décadas que as economias mundiais industriais americana e alemã avançaram a passos agigantados e que a revolução industrial se estendeu a novos países, como a Suécia e a Rússia. Automaticamente, uma indagação vem à mente de Hobsbawn: a de se em um período com um aumento tão espetacular da produção podia ser descrito como uma “Grande Depressão”? A resposta, como veremos, é afirmativa, pois o aumento da produção não significa, necessariamente, aumento do desenvolvimento econômico.
Quanto aos economistas e empresários, o que preocupava até os de mentalidade menos apocalíptica era a prolongada depressão de preços, uma depressão de juros e uma depressão de lucros. Em suma, após o colapso reconhecidamente drástico dos anos 1870 o que estava em questão não era a produção, mas sua lucratividade. A produção aumentou, mas a lucratividade, pelo contrário, diminuiu. A agricultura foi a vítima mais espetacular desse declínio dos lucros.
O setor empresarial tinha seus próprios problemas. Uma época em que se incutiu a crença de que um aumento de preços (inflação) é um desastre econômico pode ter dificuldades de acreditar que os homens de negócios do século XIX se preocupavam muito mais com uma queda dos preços. Outra dificuldade foi que os custos de produção eram, a curto prazo, mais estáveis que o preço, pois os salários não podiam ser, ou não foram, reduzidos proporcionalmente, ao passo que as empresas também estavam sobrecarregadas com fábricas e equipamentos já obsoletos, ou em vias de se tornar; ou com fábricas e equipamentos novos e caros, que, dados os baixos lucros, demoravam mais que o previsto a se serem pagos.
O cenário econômico mundial que o autor nos apresenta é o de grande aumento da produção, acompanhado da queda dos preços (deflação) e de um crescimento do mercado consumidor não suficiente, o que acarretou uma queda das taxas de lucro. A Grande Depressão fechou a longa era do liberalismo econômico que vai ser substituída por certo protecionismo econômico das grandes potências européias, com exceção da Grã-Bretanha que ainda abraçava a bandeira do livre comércio.
Uma saída encontrada para a crise foi a liberalização do comércio ultramarino, ou seja, o imperialismo. Assim sendo, o livre comércio parecia indispensável, pois permitia que os fornecedores ultramarinos de produtos primários trocassem suas mercadorias por manufaturados britânicos, reforçando assim a simbiose entre o Reino Unido e o mundo subdesenvolvido. A Grã-Bretanha continuou comprometida com o liberalismo econômico, dando aos países protecionistas ao mesmo tempo a liberdade de controlar seus mercados internos e muito espaço para promover suas exportações. Em uma de suas geniais frases, Hobsbawn diz que “o liberalismo foi a anarquia da burguesia”. (p. 66)
Mas, na prática, esse modelo era inadequado. A economia capitalista mundial em expansão era formada por um conjunto de blocos sólidos, mas também fluidos. Independente das origens das “economias nacionais” que constituíam esses blocos e das limitações teóricas de uma teoria econômica baseadas nelas, as economias nacionais existiam porque os Estados-nação existiam. Porém, o mundo desenvolvido não era só uma massa de “economias nacionais”. A industrialização e a Depressão transformaram-nas num grupo de economias rivais, em que os ganhos de uma pareciam ameaçar a posição de outras.
Nesta onda do protecionismo econômico, se deu a origem do que conhecemos como “capitalismo monopolista”, ou seja, um surto de cartéis que acabam com as empresas menores, principalmente as do setor bancário.
Na indústria, uma verdadeira revolução na produção vai melhorar o desempenho dela: o taylorismo. A teoria principal de Taylor era conseguir que os operários trabalhassem mais. Em primeiro lugar, isolando cada operário de seu grupo de trabalho e transferindo o controle do processo de trabalho do operário ou do grupo a agentes da administração; em segundo, uma divisão sistemática de cada processo em unidades componentes cronometradas; e em terceiro, vários sistemas de pagamento dos salários, o que incentivaria o operário a produzir mais.
Havia ainda, uma terceira saída possível para os problemas empresariais: o imperialismo. Não há como negar que a pressão do capital à procura de investimentos mais lucrativos, bem como a da produção à procura de mercados, contribuíra para as políticas expansionistas – inclusive a conquista colonial.
Portanto, chegamos a dois períodos razoavelmente bem definidos: o de uma Grande Depressão na década de 1870 e a sua superação a partir de meados de 1890. A recuperação deveu-se, como já apontou Hobsbawn, a três principais medidas tomadas: o protecionismo econômico (exceto a “rainha dos mares”), proporcionando a criação do “capitalismo monopolista”; o taylorismo, maximizando a produção; e o imperialismo, buscando matérias-prima e mercado consumidor.
Porém, esta passagem da Depressão para a prosperidade foi muito rápida. Segundo Hobsbawn, “a passagem da preocupação à euforia foi tão súbita e dramática”. (p. 73) De qualquer maneira, tornou-se evidente que aqueles que haviam feito previsões sombrias acerca do futuro do capitalismo, ou mesmo a cerca de seu colapso iminente, haviam errado.
Segundo Hobsbawn, o que tornou a economia mundial tão dinâmica, seja qual for a explicação detalhada, a chave do problema está claramente na faixa central de países industrializados. Esses países agora formavam uma massa produtiva enorme, crescendo e se estendendo rapidamente no núcleo da economia mundial.
Para finalizar, o historiador vai traçar um esboço, ou resumo, da economia mundial da Era do Império, características essas que podem perfeitamente exemplificar a queda e ascensão da economia mundial, apontando as principais contradições do capitalismo.
Em primeiro lugar, foi uma economia cuja base geográfica era muito mais ampla do que antes. Sua parcela industrializada e em processo de industrialização aumentara. A economia da Era dos Impérios foi aquela em que Baku (no Azerbaijão) e a bacia do Donets (na Ucrânia) foram integradas à geografia industrial. Por conseguinte, a economia mundial agora era notavelmente mais pluralista que antes. A economia britânica deixou de ser a única totalmente industrializada e, na verdade, a única industrial. Outras potências começaram a aparecer no cenário internacional, como os EUA e a Alemanha.
A terceira característica da economia mundial é a que mais salta aos olhos: a revolução tecnológica. Como todos nós sabemos, foi nessa época que o telefone e o telégrafo sem fio, o fonógrafo e o cinema, o automóvel e o avião passaram a fazer parte do cenário da vida moderna.
A quarta característica foi uma dupla transformação da empresa capitalista: em sua estrutura e em seu modus operandi. Por um lado, houve a concentração de capital. Por outro, houve uma tentativa sistemática de racionalizar a produção e a direção das empresas aplicando métodos científicos não só à tecnologia, mas também à organização e aos cálculos, ou seja, tayloriamo.
A quinta característica foi uma transformação excepcional do mercado de bens de consumo: uma mudança tanto quantitativa quanto qualitativa. Com o aumento da população, da urbanização e da renda real, o mercado de massa, até então mais ou menos restrito à alimentação e ao vestuário, ou seja, às necessidades básicas, começou a dominar as indústrias produtoras de bens de consumo.
O aspecto acima também se ajustava naturalmente à sexta característica da economia: o crescimento acentuado do setor terciário da economia, tanto público quanto privado – trabalho em escritórios, lojas e outros serviços.
Enfim, estas seis proposições do capitalismo em finais do século XIX resume bem a visão de Hobsbawn sobre o panorama capitalista à época.
Capítulo III
Neste capítulo o autor justifica o título da obra com duas colocações: a primeira, relatando quenunca em outro período histórico houve a quantidade de governantes que se auto-intitulavam imperadores, ou cuja diplomacia ocidental acreditava merecer tal título. 
Era o caso da Turquia, da Alemanha, da Áustria, da Rússia e da Grã-Bretanha. Além dos imperadores orientais, oriundos da China, do Japão, da Pérsia, do Marrocos e da Etiópia, sendo que os dois últimos mais considerados por cortesia. E nas Américas, até o ano de 1889, sobreviveu o imperador do Brasil.
E num sentido mais aprofundado, foi a era em que um novo tipo de império colonial se estabelecia. Entre os anos de 1880 e 1914, houve uma divisão formal do mundo, em territórios de dominação política. Na verdade, uma parcela considerável de continentes tornou-se colônia de meia dúzia de Estados.
Os favorecidos foram, evidentemente, os pertencentes às partes mais econômica e conseqüentemente , militarmente desenvolvidas: Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica, EUA e Japão. 
Às custas dos países que ficaram à margem da Revolução Industrial, tais como Portugal e Espanha, antigos impérios europeus. Os despojos do Império Espanhol nas Américas e no Pacífico, ficaram a encargo dos EUA. Foi o caso de Cuba, Porto Rico e das Filipinas.
A maioria dos impérios asiáticos permaneceram independentes, muito embora, tenham sido delimitados como “zonas de influência”, devido ao seu desamparo político e militar. Algumas, como a Pérsia, sofreram administração direta, de acordo com o acordo anglo-russo de 1907.
A África e o Pacífico foram inteiramente divididos, com raras exceções: a Etiópia (que conseguiu resistir ao mais fraco dos Estados imperiais: a Itália), o Marrocos e a Libéria, considerada insignificante. 
A primeira, teve seus territórios distribuídos entre os impérios : britânico, francês, belga, alemão, português e em menor escala, Espanhol. 
Já o Pacifico foi fatiado entre os britânicos, franceses, holandeses, norte-americanos e alemães. Uma pequena parcela coube ainda ao Japão, não restando nenhum Estado independente.
Na Ásia, a Birmânia foi anexada ao império Indiano, que estava sob o domínio inglês, afirmando seu poderio nas áreas do Tibete, Pérsia e Golfo Pérsico. A Rússia avançou sobre a Ásia central, sobre a Sibéria e sobre a Manchúria. 
Já os holandeses garantiram um controle mais efetivo nas regiões mais distantes da Indonésia. 
Apenas uma parcela do planeta foi poupada: a extensão do continente americano. Isto ocorreu porque, na verdade, estava mais do que claro que, com exceção dos EUA, elas eram completamente dependentes do mundo civilizado. Por isso, foi a única região do globo em que não houve disputas entre as grandes potências. 
Nem aos EUA, interessou a conquista das diversas repúblicas sul-americanas que co-existiam na década de 20, apenas o Canadá, algumas ilhas caribenhas, bem como parte deste litoral.
O autor considera que a criação de uma economia global única, foi o acontecimento de maior relevância do século XIX. Mas que a Era dos Impérios não se limitou aos aspectos econômicos e políticos, mas também culturais. Por meio do exemplo, os países dominados sofreram transformações sociais, ocidentalizando-se.
A ocidentalização, longe de ser vista como um aspecto negativo, foi uma proposta considerada efetiva pelas elites de governos diversos, como meio de sobrevivência e modernização. Foi o caso do Brasil, do México, e da Turquia (em seus estágios iniciais da Revolução Turca).
A ideologia predominante era o positivismo, tendo em Auguste Comte (1798-1857) seu principal mentor. O autor coloca que para as minorias ocidentais de vários tipos, o mais poderoso legado cultural do imperialismo foi esse: uma educação nos moldes ocidentais.
Em contrapartida, o mundo dependente ofereceu ao dominante o exotismo. O ocidente interessou-se imensamente pelas formas de espiritualização orientais. Também no campo das artes, foram aceitas as expressões dos dominados em pé de igualdade. Tanto isso é verdade que vemos influência das artes japonesas nos pintores franceses (como Monet), quanto nos defensores da art-dèco. 
Mesmo as artes consideradas mais “primitivas” como era o caso das oriundas da Oceania e Àfrica, eram consideradas de primeira grandeza.
Mas nem tudo foram vitórias para as classes dirigentes. O Imperialismo gerou um tempo de incertezas, uma vez que nas metrópoles prevaleceu um sistema político eleitoral, democrático, enquanto que nas colônias, governava a autocracia. Além disso, uma pequena minoria de brancos efetivamente impunha-se à uma imensa massa destinada à inferioridade: assim preconizava os novos conceitos da eugenia. 
O Império começou a ficar vulnerável, de dentro para fora. Imenso, desigual, global. A Europa, que vivia dos rendimentos do trabalho das denominadas “raças inferiores”, pouco a pouco preparava o terreno para a emancipação política e mais tarde, econômica, destes.
Fichamento- HG 161- Capítulo 3- A Era dos Impérios-Hobsbawn 
O único Estado não europeu que resistiu com êxito à conquista colonial formal, quando esta foi tentada, foi a Etiópia, que conseguiu resistir à Itália, o mais fraco dos Estados imperiais. 
O fato maior do século XIX é a criação de uma economia global única, que atinge progressivamente as mais remotas paragens do mundo, uma rede cada vez mais densa de transações econômicas, comunicações e movimentos de bens, dinheiro e pessoas ligando os países desenvolvidos entre si ao mundo não desenvolvido. 
O crescimento do consumo de massa nos países metropolitanos gerou um mercado em rápida expansão para os produtos alimentícios.
Como a exportação britânica de capital se expandiu imensamente no último terço do século XIX e, de fato, a renda desses investimentos se tornou essencial para o balanço de pagamentos birtânico, era perfeitamente natural relacionar o “novo imperialismo” às exportações de capital. 
Mas não há como negar que, na verdade, muito pouco desse fluxo maciço tomou o rumo dos novos impérios coloniais: a maior parte do investimento ultramarino britânico se dirigiu às colônias de povoamento branco – que estavam se desenvolvendo rápido e eram em geral antigas – que, em breve, teriam reconhecido o status de “domínios” praticamente independentes (Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul), e aos que podem ser chamados de domínios “honorários”, como a Argentina e o Uruguai, sem falar nos EUA. 
Um motivo geral mais convincente para a expansão colonial foi a procura de mercados. 
O “novo imperialismo” foi o subproduto natural de uma economia internacional baseada na rivalidade entre várias economias industriais concorrentes, intensificada pela pressão econômicas dos anos 1880. 
De forma mais geral, o imperialismo encorajou as massas, e sobretudo as potencialmente descontentes, a se identificarem ao Estado e à nação imperiais, outorgando assim, inconscientemente, ao sistema político e social representado por esse Estado justificação e legitimidade. 
O trabalho missionário não foi, de forma alguma, um intermediário da política imperialista. Muitas vezes se opôs às autoridades coloniais, quase sempre colocou os interesses de seus convertidos em primeiro lugar. 
À exceção da Índia, do Egito e da África do Sul, a maior parte da atividade econômica britânica ocorria em países praticamente independentes, como os “domínios” brancos, ou em áreas como os EUA e a América Latina, onde a ação do Estado britânico não era, ou não podia ser efetivamente desenvolvida. 
A Era dos Impérios não foi apenas um fenômeno econômico-político, mas também cultural: a conquista do globo pelas imagens, ideias e aspirações transformadas de sua minoria “desenvolvida”, tanto pela força e pelas instituições como por meio do exemplo e da transformação social 
A Era dos Extremos – Capítulo III
Sem o colapso econômico entre as guerras, não teria havido Hitler. É improvável que o sistema soviético tivesse sido encarado como uma alternativa possível ao capitalismo mundial. O mundo da segunda metade do século XX é incompreensível se não entendermos o impacto do colapsoeconômico. 
A produção industrial mundial cresceu pouco mais 80% nos 25 anos após 1913, cerca de metade da taxa de crescimento do quarto de século anterior. Contudo, a economia mundial não se achava em expansão. Por que essa estagnação?
Tantos homens de negócios quanto governos tinham tido a esperança que a economia mundial de alguma forma retornasse aos dias felizes de antes de 1914. Em 1924 houve realmente algo parecido com um retorno ao crescimento global, embora alguns dos produtores de matérias-primas e alimentos ficassem incomodados com os preços dos produtos primários, que voltaram a cair após uma breve recuperação. Além disso, o desemprego na maior parte da Europa Ocidental permaneceu, pelos padrões pré-1914, patologicamente alto. Os dois fatos indicam uma fraqueza na economia. Não foi surpresa para ninguém que a economia mundial ficasse de novo em apuros poucos anos depois. O que ninguém esperava era a universalidade e profundidade da crise que começou com a quebra da Bolsa de Nova York em 29 de outubro de 1929.
Houve uma crise na produção básica, tanto de alimentos como de matérias-primas, porque os preços, não mais mantidos pela formação de estoques como antes, entraram em queda livre. Isso deixou prostrados países cujo comércio internacional dependia em peso de uns poucos produtos primários. Em suma, tornou a Depressão global no sentido literal.
Para enfrentar a crise imediata, numa época em que o comércio mundial caiu 60% em quatro anos (1929-1932), os Estados se viram subsidiando a agricultura e erguendo barreiras cada vez mais altas para proteger seus mercados e moedas nacionais contra os furacões econômicos mundiais. A Grande Depressão destruiu o liberalismo econômico por meio século; obrigou os governos ocidentais a dar às considerações sociais prioridade sobre as econômicas em suas políticas de Estado.
A eliminação do desemprego em massa tornou-se a pedra fundamental da política econômica nos países de capitalismo democrático reformado. A demanda a ser gerada pela renda de trabalhadores com pleno emprego teria o mais estimulante efeito nas economias em recessão. Além disso, se acreditava que o desemprego em massa era política e socialmente explosivo, como de fato mostrara ser durante a Depressão. Isso explica a instalação de modernos sistemas previdenciários (os EUA aprovaram a Lei de Seguridade Social em 1935). Havia poucos sistemas de bem-estar no sentido moderno antes da Segunda Guerra Mundial.
Enquanto o resto do mundo estagnava, a URSS entrava numa industrialização ultrarrápida e maciça sob seus novos Planos Quinquenais. De 1929 a 1940, a produção industrial soviética triplicou. E não havia desemprego. “Plano” e “Planejamento” tomaram-se palavras da moda na política. Os partidos socialdemocratas adotaram “planos”. Jovens políticos conservadores tornaram-se porta-vozes do “planejamento”. Até os nazistas plagiaram a ideia, quando Hitler introduziu um “Plano Quadrienal” em 1933.
Não há explicação para a crise econômica mundial sem os EUA. Eles eram o primeiro país exportador do mundo na década de 1920. Importavam quase 40% de todas as exportações de matérias-primas e alimentos dos quinze países mais comerciais, um fato que ajuda muito a explicar o desastroso impacto da Depressão nos produtores de trigo, algodão, açúcar, borracha, seda, cobre, estanho e café. Pelo mesmo motivo, tornaram-se a principal vítima da Depressão. Se suas importações caíram em 70% entre 1929 e 1932, suas exportações caíram na mesma taxa.
Isso não pretende subestimar as raízes exclusivamente europeias do problema, em grande parte de origem política. Na conferência de paz de Versalhes (1919), haviam-se imposto pagamentos imensos mas indefinidos à Alemanha, como “reparações” pelo custo da guerra e os danos causados às potências vitoriosas. As reparações que foram pagas vieram dos empréstimos maciços (americanos). Todo o arranjo deixou tanto a Alemanha quanto a Europa extremamente sensíveis ao declínio dos empréstimos americanos.
Contudo, as perturbações e complicações políticas do tempo da guerra e do pós-guerra na Europa só em parte explicam a severidade do colapso econômico entre guerras. Em termos econômicos, podemos vê-lo de dois modos.
O primeiro vê basicamente um crescente desequilíbrio na economia internacional, devido à assimetria de desenvolvimento entre os EUA e o resto do mundo. Os EUA não precisavam muito do resto do mundo, e, portanto, não se preocuparam em agir como estabilizador global. Após a Primeira Guerra Mundial, tinham de importar menos capital, trabalho e produtos do que nunca. Suas exportações davam uma contribuição muito menor à renda nacional que em qualquer outro país industrial.
A segunda perspectiva da Depressão se fixa na não-geração, pela economia mundial, de demanda suficiente para uma expansão duradoura. Com os salários ficando para trás, a demanda da massa não podia acompanhar a produtividade em rápido crescimento do sistema industrial nos grandes dias de Henry Ford, o resultado foi superprodução e especulação. Isso, por sua vez, provocou o colapso.
Os efeitos da Grande Depressão tanto sobre a política quanto sobre o pensamento público foram dramáticos e imediatos. Em meados da década de 1930 havia poucos Estados cuja política não houvesse mudado substancialmente em relação ao que era antes do crash. A quase simultânea vitória de regimes nacionalistas, belicosos e agressivos em duas grandes potências militares – Japão (1931) e Alemanha (1933) – constituiu a consequência política mais sinistra e de mais longo alcance da Grande Depressão.
O fortalecimento da direita radical foi reforçado pelos espetaculares reveses da esquerda revolucionária. Isso se deveu, em certa medida, à política suicida do Comintern, que não apenas subestimou o perigo do nacional-socialismo na Alemanha, como seguiu uma linha de isolamento sectário, decidindo que seu principal inimigo era o trabalhismo de massa organizado dos partidos socialdemocratas e trabalhistas.
No vasto setor colonial do mundo, a Depressão trouxe um acentuado aumento na atividade anti-imperialista, em parte por causa do colapso dos preços das mercadorias das quais dependiam as economias coloniais, e em parte porque os próprios países metropolitanos apressaram-se em proteger sua agricultura e empregos, sem avaliar os efeitos dessas políticas sobre suas colônias.
Não se deve julgar o impacto da Grande Depressão apenas por seus efeitos políticos de curto prazo. O velho liberalismo parecia condenado. Três opções competiam agora pela hegemonia intelectual-política. O comunismo marxista era uma, afinal, as previsões de Marx pareciam estar concretizando-se. Um capitalismo privado de sua crença na otimização de livres mercados, e reformado por uma união com a moderada social-democracia de movimentos trabalhistas não comunistas, era a segunda, e, após a Segunda Guerra Mundial, mostrou-se a opção mais efetiva.
A terceira opção era o fascismo, que a Depressão transformou num movimento mundial, e, mais objetivamente, num perigo mundial. À medida que crescia a maré do fascismo com a Grande Depressão, tornava-se cada vez mais claro que na Era da Catástrofe não apenas a paz, a estabilidade social e a economia, como também as instituições políticas e os valores intelectuais da sociedade liberal burguesa do século XIX entraram em decadência ou colapso.
Este capítulo do livro Era dos extremos aborda o período entre guerras (1918-1939), no qual o mundo capitalista passou por uma grande transformação.
Com o fim da primeira guerra mundial, os países europeus ficaram estagnados, uma vez que a maior parte de seus recursos foram investidos e perdidos durante a guerra. Por conta disso, a economia europeia entrou em declínio, apenas os Estados Unidos se beneficiaram deste período, já que foram os grandes financiadores de dinheiro e armamento para os europeus - em especial a Alemanha, Inglaterra e França.
Os anos de 1920 foram de grande crescimento para os americanos, pois estes, consolidaram-se comoa maior potência mundial e o dólar se tornou a principal moeda de troca entre as nações. Aliado a isto, a bolsa da valores de Nova Iorque viveu um de seus melhores momentos no tocante às aplicações de dinheiro, uma vez que todos queriam uma fatia dos lucros das empresas.
Por conta destes acontecimentos, o otimismo dos norte-americanos era evidente, e, por um momento, pensaram que esta bonança não acabaria, porém, estavam enganados. Em outubro de 1929 a bolsa de valores de NY entrou em colapso, de modo que, milhares de ações foram postas à venda, mas sem que houvesse interessados na compra. Em virtude disso, os acionistas e empresários da época entraram em desespero, sendo que muitos suicidaram-se.
A falta e dinheiro na praça quebrou várias empresas, e com isso, alimentou o desemprego da população. Em seguida, os Estados Unidos deixaram de emprestar dinheiro aos países europeus, já que não havia recursos nem mesmo para os locais. Este fato agravou ainda mais a crise no velho mundo, em especial a Alemanha, visto que era muito dependente do financiamento americano.
Durante o período entre guerras o desemprego foi o grande vilão da economia. Na Alemanha, por exemplo, 44% da população não tinha emprego; era comum a manifestação popular na criação de marchas da fome e filas de sopa para amenizar o sofrimento destes homens.
No campo econômico, os Estados Unidos tiveram uma queda de 1/3 em sua produção, ao passo que o Japão foi castigado com a redução dos preços do trigo e do arroz, que provocou a redução de cerca de 40% de sua produção. Já o Brasil - maior exportador de café da época, responsável por 2/3 da produção mundial -, viu suas exportações despencarem, e para minimizar a perda, o governo comprou o café dos produtores para queimá-lo nas locomotivas ao invés de usar o carvão.
Portanto, em termos econômicos, o período entre guerras foi tão conturbado quanto a primeira guerra mundial. Podendo, inclusive, ser considerada uma preparação para a segunda guerra que viria em seguida.
A maioria dos seres humanos atua como os historiadores: só em retrospecto reconhece a natureza de sua experiência. Só depois que passou o grande boom, nos anos 70, os observadores começaram a perceber que o mundo passara por uma fase excepcional. Buscaram nomes para descrevê-la: “os trinta anos gloriosos” dos franceses, a Era de Ouro de um quarto de século dos anglo-americanos (Marglin & Schor, 1990).
Hoje é evidente que a Era de Ouro pertenceu essencialmente aos países capitalistas desenvolvidos. Apesar disso, a Era de Ouro foi um fenômeno mundial. A produção em massa de alimentos cresceu mais rápido que a população, tanto nas áreas desenvolvidas quanto em toda grande área do mundo não industrial.
O mundo industrial se expandia. A economia mundial crescia a uma taxa explosiva. A produção agrícola mundial também disparou. E o fez não tanto com o cultivo de novas terras, mas elevando sua produtividade.
Mal se notava ainda um subproduto dessa extraordinária explosão, a poluição e a deterioração ecológica. A ideologia de progresso dominante tinha como certo que o crescente domínio da natureza pelo homem era a medida mesma do avanço da humanidade.
Muito do grande boom mundial foi assim um alcançar ou, no caso dos EUA, um continuar de velhas tendências. O modelo de produção em massa de Henry Ford espalhou-se para indústrias do outro lado dos oceanos, enquanto nos EUA o princípio fordista ampliava-se para novos tipos de produção. Bens e serviços antes restritos a minorias eram agora produzidos para um mercado de massa: a geladeira, a lavadora de roupas automática, o telefone.
O surto econômico parecia movido pela revolução tecnológica. A guerra, com suas demandas de alta tecnologia, preparou vários processos revolucionários para posterior uso civil: radar, motor a jato e várias ideias que preparam o terreno para a tecnologia de informação do pós-guerra.
Três coisas nesse terremoto tecnológico impressionam o observador. Primeiro, ele transformou absolutamente a vida cotidiana no mundo rico e mesmo, em menor medida, no mundo pobre, no qual o rádio podia agora chegar às mais remotas aldeias. A revolução tecnológica entrou na consciência do consumidor em tal medida que a crença era que “novo” equivalia não só a melhor, mas a absolutamente revolucionado.
Segundo, “Pesquisa e Desenvolvimento” [R&D em inglês] tornaram-se fundamentais para o crescimento econômico e, por esse motivo, reforçou-se a já enorme vantagem das “economias de mercado desenvolvidas” sobre as demais (a inovação tecnológica não floresceu nas economias socialistas.). O “país desenvolvido” típico tinha mais de mil cientistas e engenheiros para cada milhão de habitantes na década de 1970, mas a Nigéria tinha cerca de trinta (UNESCO, 1985, tabela 5.18).
Terceiro, as novas tecnologias eram de capital intensivo e exigiam pouca mão-de-obra. A grande característica da Era de Ouro era precisar cada vez mais de maciços investimentos e cada vez menos gente, a não ser como consumidores.
Havia no Grande Salto uma substancial reestruturação e reforma do capitalismo e um avanço bastante espetacular na globalização e internacionalização da economia.
A reestruturação produziu uma “economia mista”, que ao mesmo tempo tornou mais fácil aos Estados planejar e administrar a modernização econômica e aumentou enormemente a demanda. Ao mesmo tempo, o compromisso político de governos com o pleno emprego e com redução da desigualdade econômica, isto é, com a seguridade social e previdenciária, pela primeira vez proporcionou um mercado de consumo de massa para bens de luxo que agora podiam passar a ser aceitos como necessidades. A Era de Ouro democratizou o mercado.
Já a internacionalização multiplicou a capacidade produtiva da economia mundial, tornando possível uma divisão de trabalho internacional mais elaborada e sofisticada.
Tampouco podemos duvidar de que o capitalismo foi deliberadamente reformado durante os últimos anos da guerra. A experiência do entreguerras e, sobretudo, a Grande Depressão tinham sido tão catastróficas que ninguém podia sonhar em retornar o mais breve possível à época anterior. E se não fosse o bastante, os riscos políticos fatais de não fazê-lo eram patentes para todos os que acabavam de combater a Alemanha de Hitler, filha da Grande Depressão, e enfrentavam a perspectiva do comunismo e do poder soviético avançando para oeste sobre as ruínas de economias capitalistas que não funcionavam. Mesmo regimes dedicados ao liberalismo econômico e político podiam agora, e precisavam, dirigir suas economias de uma maneira que antes seria rejeitada como “socialista”.
Na prática, a Era de Ouro foi a era do livre comércio, livres movimentos de capital e moedas estáveis que os planejadores do tempo da guerra tinham em mente. A economia mundial na Era de Ouro continuou sendo mais internacional que transnacional. Os países comerciavam uns com os outros, mas o grosso de suas atividades econômicas continuou centrado no mercado interno. Apesar disso, começou a surgir, sobretudo a partir da década de 1960, uma economia cada vez mais transnacional, ou seja, um sistema de atividades econômicas para as quais os territórios e fronteiras de Estados não constituem o esquema operatório básico, mas apenas fatores complicadores.
Três aspectos dessa transnacionalização foram particularmente óbvios: as empresas transnacionais (“multinacionais”), a nova divisão internacional do trabalho e o aumento de financiamento offshore (externo). O termo offshore descreve a prática de registrar a sede legal da empresa num território fiscal generoso, que permitia aos empresários evitar os impostos e outras restrições existentes em seu próprio país. A prática do offshore prestava-se particularmente a transações financeiras.
A tendência de transações e empresas comerciais emanciparem do tradicional Estado-nação tornou-se ainda mais acentuada à medida que a produção industrial começava a sair dos países europeus e da América do Norte. Uma nova divisãointernacional do trabalho, portanto, começou a solapar a antiga. Essa foi a inovação decisiva da Era de Ouro: tornar possível dividir a produção de um único artigo entre, digamos, Houston, Cingapura e Tailândia.
Tudo isso produziu uma mudança paradoxal na estrutura política da economia mundial. À medida que o globo se tornava sua unidade real, as economias nacionais dos grandes Estados foram dando lugar a tais centros offshore, a maioria situada nos pequenos mini-Estados que se haviam convenientemente multiplicado quando os velhos impérios coloniais se despedaçaram. Na Era de Ouro se tornou evidente que podiam florescer oferecendo serviços diretamente à economia global. Daí o surgimento de novas cidades-Estado (Hongkong, Cingapura).
Ao contrário da explosão salarial, do colapso do sistema financeiro internacional de Bretton Woods em 1971, do boom de produtos de 1972-3 e da crise da OPEP de 1973, a explosão de radicalismo estudantil em 1968 não entra muito na explicação dos historiadores econômicos sobre o fim da Era de Ouro, que não era exatamente inesperado. Como sempre, a reação imediata dos chocados contemporâneos foi buscar razões especiais para o colapso do antigo boom, “um incomum acúmulo de perturbações infelizes, sem probabilidade de se repetir na mesma escala, cujo impacto foi agravado por alguns erros inevitáveis”, para citar a OCDE (McCracken, 1977, p. 14). Os mais simplórios atribuíam tudo à ganância dos xeques do petróleo da OPEP. As décadas a partir de 1973 seriam de novo uma era de crise.
A Era de Ouro perdeu o seu brilho. Apesar disso, iniciara, na verdade realizara, a mais impressionante, rápida e profunda revolução nos assuntos humanos de que a história tem registro.

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