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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil Agronegócio Introdução ao Agronegócio Caius Marcellus Reis Silveira Ministério da Educação e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil Agronegócio Introdução ao Agronegócio Caius Marcellus Reis Silveira Montes Claros - MG 2010 Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky Coordenadora Geral do e-Tec Brasil Iracy de Almeida Gallo Ritzmann Governador do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Alberto Duque Portugal Reitor Paulo César Gonçalves de Almeida Vice-Reitor João dos Reis Canela Pró-Reitora de Ensino Maria Ivete Soares de Almeida Diretor de Documentação e Informações Giuliano Vieira Mota Coordenadora do Ensino Médio e Fundamental Rita Tavares de Mello Diretor do Centro de Ensino Médio e Fundamental Wilson Atair Ramos Coordenador do e-Tec Brasil/CEMF/ Unimontes Wilson Atair Ramos Coordenadora Adjunta do e-Tec Brasil/ CEMF/Unimontes Rita Tavares de Mello Coordenadores de Cursos: Coordenador do Curso Técnico em Agronegócio Augusto Guilherme Dias Coordenador do Curso Técnico em Comércio Carlos Alberto Meira Coordenador do Curso Técnico em Meio Ambiente Edna Helenice Almeida Coordenador do Curso Técnico em Informática Frederico Bida de Oliveira Coordenador do Curso Técnico em Vigilância em Saúde Simária de Jesus Soares Coordenador do Curso Técnico em Gestão em Saúde Zaida Ângela Marinho de Paiva Crispim INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Elaboração Caius Marcellus Reis Silveira Projeto Gráfico e-Tec/MEC Supervisão Alcino Franco de Moura Júnior Diagramação Jamilly Julia Lima Lessa Marcos Aurélio de Almeda e Maia Impressão Gráfica RB Digital Designer Instrucional Angélica de Souza Coimbra Franco Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira Revisão Maria Ieda Almeida Muniz Patrícia Goulart Tondineli Rita de Cássia Silva Dionísio Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio AULA 1 Alfabetização Digital 3 Prezado estudante, Bem-vindo ao e-Tec Brasil/Unimontes! Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezem- bro 2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia (SEED) e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escola técnicas estaduais e federais. A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pes- soas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimen- to da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou economicamente, dos grandes centros. O e-Tec Brasil/Unimontes leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de ensino e para a periferia das grandes cidades, incenti- vando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais. O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino téc- nico, seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profissional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, so- cial, familiar, esportiva, política e ética. Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso na sua formação profissional! Ministério da Educação Janeiro de 2010 Apresentação e-Tec Brasil/Unimontes e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio AULA 1 Alfabetização Digital 5 Indicação de Ícones Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Atenção: indica pontos de maior relevância no texto. Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Mídias integradas: possibilita que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVEA e outras. Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio AULA 1 Alfabetização Digital Sumário 7 Palavra do professor conteudista ............................................... 11 Projeto instrucional ............................................................... 13 Aula 1 – Introdução à ideia de agricultura e agronegócio ................... 15 1.1 Conceituando agronegócio ............................................ 16 1.2 Sistema agroindustrial ................................................. 17 Resumo ....................................................................... 20 Referências .................................................................. 20 Atividades de aprendizagem .............................................. 21 Aula 2 – Visão sistêmica do agronegócio ....................................... 23 2.1 Vantagens decorrentes da visão sistêmica do agronegócio ....... 23 2.2 Conceito de cadeias produtivas ...................................... 24 2.3 Importância do Agronegócio .......................................... 25 Resumo ....................................................................... 26 Referências .................................................................. 26 Aula 3 – Características do setor agroindustrial “antes da porteira” ...... 29 3.1 Segmento do setor agroindustrial “antes da porteira” ............ 29 3.2 Insumos agropecuários ................................................. 29 3.3 Máquinas, equipamentos e implementos agropecuários .......... 29 3.4 Água ...................................................................... 31 Resumo ....................................................................... 32 Referências .................................................................. 32 Atividades de aprendizagem .............................................. 33 Aula 4 – Características do setor agroindustrial “antes da porteira” 2 ... 35 4.1 Energia ................................................................... 35 4.2 Corretivos de solos ..................................................... 38 4.3 Fertilizantes ............................................................. 40 4.4 Agrotóxicos .............................................................. 40 4.5 Compostos orgânicos ................................................... 41 Resumo ....................................................................... 41 Referências .................................................................. 41 Atividades de aprendizagem .............................................. 42 Aula 5 – Características do setor agroindustrial “antes da porteira” 3 .... 43 5.1 Mudas, sementes e materiais genéticos ............................. 43 5.2 Hormônios ............................................................... 46 5.3 Ração animal ............................................................46 5.4. Sais minerais e sal comum ........................................... 47 5.5 Produtos veterinários em geral ....................................... 47 Resumo ....................................................................... 49 Referências .................................................................. 49 Atividades de aprendizagem .............................................. 49 Aula 6 – Características do setor agroindustrial “antes da porteira” 4 .... 51 6.1 Relação entre os agropecuaristas e os produtores de insumos .. 51 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 8 6.2 Serviços agropecuários ................................................ 51 6.3 Pesquisas agropecuárias ............................................... 52 6.4 Fomento, extensão rural e assistência técnica ..................... 53 6.5 Elaboração de projetos ................................................ 54 6.6 Análises laboratoriais .................................................. 54 Resumo ....................................................................... 56 Referências .................................................................. 56 Atividades de aprendizagem .............................................. 56 Aula 7 – Características do setor agroindustrial “antes da porteira” 5 .... 57 7.1 Crédito e financiamento ............................................... 57 7.2 Defesa agropecuária ................................................... 58 7.3 Proteção ambiental ..................................................... 58 7.4 Incentivos governamentais ............................................ 59 7.5 Comunicação ............................................................ 59 7.6 Infraestrutura ........................................................... 60 7.7 Mão-de-obra ............................................................. 62 Resumo ....................................................................... 64 Referências .................................................................. 64 Atividades de Aprendizagem .............................................. 64 Aula 8 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” ..... 65 8.1 Segmento do setor agroindustrial “dentro da porteira” .......... 65 8.2 Produção agrícola ...................................................... 65 Resumo ....................................................................... 69 Referências .................................................................. 69 Atividades de aprendizagem .............................................. 69 Aula 9 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 2 .. 71 9.1 Viveiros e mudas ........................................................ 71 9.2 Plantio .................................................................... 72 9.3 Cuidados com a plantação ............................................ 72 9.4 Colheita .................................................................. 74 9.5 Pós-colheita ............................................................. 76 Resumo ...................................................................... 76 Referências .................................................................. 76 Atividades de aprendizagem .............................................. 76 Aula 10 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 3 . 79 10.1 Produção pecuária .................................................... 79 Resumo ....................................................................... 83 Referências .................................................................. 83 Atividades de aprendizagem .............................................. 84 Aula 11 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 4 . 85 11.1 Coeficientes técnicos aplicados à agropecuária ................... 85 11.2 Coeficientes utilizados na agricultura .............................. 87 Resumo ....................................................................... 88 Referências .................................................................. 88 Atividades de aprendizagem .............................................. 88 Aula 12 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 5 . 89 12.1 Coeficientes técnicos pecuários ..................................... 89 12.2 Bovinocultura de corte ............................................... 89 12.3 Bovinocultura leiteira ................................................. 91 e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 9 12.4 Suinocultura ............................................................ 92 Resumo ....................................................................... 94 Referências .................................................................. 94 Atividades de aprendizagem .............................................. 94 Aula 13 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 6 95 13.1 Avicultura ............................................................... 95 Resumo ....................................................................... 99 Referências .................................................................. 99 Atividades de aprendizagem .............................................100 Aula 14 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 7 101 14.1 Organização do segmento agropecuário .......................... 101 14.2 Adoção de tecnologia ao agronegócio ............................ 102 14.3 Economia em escala ................................................. 103 14.4 Adequação às características locais e culturais .................. 103 14.5 Análise da viabilidade econômica e financeira do investimento 104 14.6 Acompanhamento permanente dos custos e resultados das atividades agropecuárias .................................................104 14.7 Treinamento de mão-de-obra ......................................104 Resumo .....................................................................104 Referências ................................................................. 105 Atividades de aprendizagem ............................................. 105 Aula 15 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 8 107 15.1 Parceria para aquisição de insumos ............................... 107 15.2 Treinamento dos administradores ................................. 107 15.3 Mercado consumidor ................................................. 107 15.4 Gestão de custos na agropecuária .................................108 Resumo ...................................................................... 110 Referências ................................................................. 110 Atividades de aprendizagem ............................................. 110 Aula 16 – Características do setor agroindustrial “depois da porteira” .. 113 16.1 Segmento do setor agroindustrial “depois da porteira” ........ 113 16.2 Canais de comercialização .......................................... 114 Resumo ..................................................................... 118 Referências ................................................................. 119 Atividades de aprendizagem ............................................. 119 Aula 17 – Características do setor agroindustrial “depois da porteira” 2 121 17.1 Os agentes comerciais e a formação dos preços ................. 121 17.2 Produtores agropecuários ........................................... 122 17.3 Intermediários ........................................................ 122 17.4 Concentradores ....................................................... 123 17.5 Mercados de produtores ............................................. 123 17.6 Agroindústrias ......................................................... 123 17.7 Representantes e vendedores ......................................124 17.8 Distribuidores ......................................................... 124 17.9 Atacadistas ............................................................ 125 17.10 Governo ............................................................... 125 Resumo ...................................................................... 125 Referências ................................................................. 126 Atividades de aprendizagem ............................................. 126 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 10 Aula 18 – Características do setor agroindustrial “depois da porteira” 3 127 18.1 Supermercados ....................................................... 127 18.2 Pontos de venda ...................................................... 128 18.3 Feirantes .............................................................. 129 18.4 Exportadores.......................................................... 129 18.5 Importadores ......................................................... 131 18.6 Consumidor ........................................................... 131 Resumo ...................................................................... 132 Referências ................................................................. 132 Atividades de aprendizagem ............................................. 132 Aula 19 – Características do setor agroindustrial “depois da porteira” 4 135 19.1 As agroindústrias ..................................................... 135 19.2 Fatores relacionados à montagem de uma agroindústria ....... 137 Resumo ...................................................................... 139 Referências ................................................................. 139 Atividades de aprendizagem .............................................140 Aula 20 – Características do setor agroindustrial “depois da porteira” 5 141 20.1 Garantia da quantidade e qualidade da matéria prima ......... 141 20.2 Abastecimento de insumos secundários .......................... 141 20.3 Comercialização ...................................................... 141 20.4 Registro da agroindústria ........................................... 142 20.5 Logística no agronegócio ............................................ 142 20.6 A atuação do governo nas práticas comerciais do agronegócio 144 Resumo ..................................................................... 145 Referências ................................................................. 145 Atividades de aprendizagem ............................................. 145 Referências ........................................................................148 Currículo do professor conteudista ............................................ 149 e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio AULA 1 Alfabetização Digital 11 Palavra do professor conteudista Prezados alunos, começamos hoje o estudo da disciplina Introdução ao Agronegócio. É preciso que vocês saibam que a nossa disciplina é muito teórica. Nós aprenderemos e discutiremos alguns conceitos básicos que se fazem necessários ao estudo do Agronegócio. É comum que alguns desses conceitos sejam mais fáceis de enxergar para alguns do que para outros, mas isso é natural, pois o Agronegócio tem inúmeras facetas de aplicação. Justa- mente por esse motivo é que vocês precisam compreender conceitos como: insumos, coeficientes técnicos na agropecuária, logística em agronegócio en- tre outros, pois esses conceitos serão a base para as disciplinas seguintes, nas quais vocês terão como visualizar a aplicação dos conceitos estudados agora na prática. Dito isso, podemos começar o estudo da nossa disciplina. Estudem com dedicação e logo colherão os frutos do seu esforço. Atenciosamente, Professor Caius Marcellus Reis Silveira e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio AULA 1 Alfabetização Digital 13 Projeto instrucional Disciplina: Introdução ao Agronegócio (carga horária: 108h). Ementa: Definições. Conceito de agronegócios. Cenário do agro- negócio no Brasil. Análise de cadeia de produção. As principais mudanças e tendências do agribusiness: antes da porteira, dentro da porteira e depois da porteira. AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAIS CARGA HORÁRIA Aula 1 – Introdução à ideia de Agricultu- ra e Agronegócio Introduzir o conhe- cimento em agrone- gócio. Caderno didático. Aula 2 – Visão sistê- mica do Agronegócio Oferecer uma visão sistêmica do agrone- gócio. Caderno didático. Aula 3 – Característi- cas do setor agroin- dustrial “antes da porteira” Introdução ao segmento do setor agroindustrial “an- tes da porteira”. Caderno didático. Aula 4 – Característi- cas do setor agroin- dustrial “antes da porteira” 2 Conhecer os insu- mos agropecuários. Caderno didático. Aula 5 – Característi- cas do setor agroin- dustrial “antes da porteira” 3 Conhecer os insu- mos agropecuários. Caderno didático. Aula 6 – Característi- cas do setor agroin- dustrial “antes da porteira” 4 Determinar como é a relação entre os agropecuaristas e os produtores de insumos. Caderno didático. Aula 7 – Característi- cas do setor agroin- dustrial “antes da porteira” 5 Conhecer caracte- rísticas próprias do setor agroindustrial “antes da porteira”. Caderno didático. Aula 8 – Característi- cas do setor agroin- dustrial “dentro da porteira” Conhecer o segmen- to do setor agroin- dustrial “dentro da porteira” e algumas de suas caracterís- ticas. Caderno didático. Aula 9 – Característi- cas do setor agroin- dustrial “dentro da porteira” 2 Conhecer carac- terísticas do setor agroindustrial “den- tro da porteira”. Caderno didático. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 14 Aula 10 – Caracte- rísticas do setor agroindustrial “den- tro da porteira” 3 Aprender sobre a criação pecuária e algumas de suas características. Caderno didático. Aula 11 – Caracte- rísticas do setor agroindustrial “den- tro da porteira” 4 Conhecer os coe- ficientes técnicos aplicados à agrope- cuária e especifica- mente à agricultura. Caderno didático. Aula 12 – Caracte- rísticas do setor agroindustrial “den- tro da porteira” 5 Conhecer os coe- ficientes técnicos aplicados à pecuá- ria. Caderno didático. Aula 13 – Caracte- rísticas do setor agroindustrial “den- tro da porteira” 6 Conhecer os coefi- cientes aplicados à avicultura. Caderno didático. Aula 14 – Caracte- rísticas do setor agroindustrial “den- tro da porteira” 7 Conhecer como é a organização do setor agropecuário, o que é economia de escala e projetos agropecuários. Caderno didático. Aula 15 – Caracte- rísticas do setor agroindustrial “den- tro da porteira” 8 Conhecer algumas características da produção agrope- cuária e entender como ocorre a gestão de custos na agropecuária. Caderno didático. Aula 16 – Caracte- rísticas do setor agroindustrial “de- pois da porteira” Conhecer as carac- terísticas do setor agroindustrial “de- pois da porteira”. Caderno didático. Aula 17 – Caracte- rísticas do setor agroindustrial “de- pois da porteira” 2 Conhecer os agentes comerciais e como se dá a formação dos preços na agro- pecuária. Caderno didático. Aula 18 – Caracte- rísticas do setor agroindustrial “de- pois da porteira” 3 Conhecer os agentes comerciais e como se dá a formação dos preços na agro- pecuária. Caderno didático. Aula 19 – Caracte- rísticas do setor agroindustrial “de- pois da porteira” 4 Conhecer como fun- cionam as agroin- dústrias. Caderno didático. Aula 20 – Caracte- rísticas do setor agroindustrial “de- pois da porteira” 5 Conhecer algumas características da agroindústria, entender o conceito de logísticae a atu- ação do governo no setor agroindustrial. Caderno didático. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio AULA 1 Alfabetização Digital 15 Aula 1 – Introdução à ideia de agricultu- ra e agronegócio Quando o homem se organizou em sociedade, no princípio ele vivia em grupos, não seria errado dizermos bandos, esses grupos eram nômades. Dessa forma, eles não viviam em um local fixo e se mudavam constantemen- te. Importante para nós é saber a causa da mudança, e tudo se resume a ali- mentação. A fonte de alimento daqueles grupos era basicamente a coleta de alimentos silvestres, a caça e a pesca. Esse modo de vida apresentava certa facilidade no início, dependendo sempre do local no qual se instalavam os bandos, porém com o tempo surgiam dificuldades e a maior delas era o esgo- tamento dos recursos. Como não havia cultivo ou criação de animais e muito menos armazenamento é obvio pensar que com o tempo as dificuldades para obter alimento se tornavam muito grandes. Sem o básico para se manterem vivos, os grupos se mudavam e o seu comportamento se repetia no novo lo- cal, isso gerava um ciclo que impedia a fixação num local por muito tempo. Com o passar do tempo e a própria evolução do ser humano, os bandos compreendem, mas não seria errado dizer descobrem, que os frutos recolhidos de certa árvore voltavam a nascer e, que as sementes dentro dos frutos, podiam se transformar em novas árvores e produzir ainda mais frutos. Descobriram também, que os animais não podiam ser apenas caçados, eles podiam ser domesticados e criados nos locais onde os grupos estavam fixa- dos. Parece-nos meio absurdo pensar que nossos antepassados demoraram muito tempo para ver coisas tão simples, mas precisamos entender que o homem estava no começo de sua evolução. O importante para nosso estudo é saber que nesse momento surge a agropecuária e por consequência, nesse momento, o homem começa a se fixar em lugares determinados. Por muito tempo a atividade agropecuária, a qual entendemos como o cultivo de vegetais e a criação e animais, se desenvolveu de for- ma muito rudimentar. Apesar de o homem ter descoberto que era possível manter-se no mesmo local, devido a continua produção dos vegetais, ele não desenvolveu tecnologias para aumentar a produção ou facilitar a produção. A atividade dos grupos era, na sua quase totalidade, extrativa. Eles apenas colhiam os frutos produzidos. À medida que os grupos vão se mantendo no mesmo local, vão surgindo as comunidades como as conhecemos hoje. E são introduzidas algumas tecnologias à produção agropecuária. Não é nada revolucionário para nós hoje, mas iniciativas como adubar a terra com esterco ou arar o solo, foram técnicas utilizadas depois de muito tempo. Também pode- mos afirmar que paulatinamente. Os homens passaram a aprender com a prática e foram executando tarefas das mais diversas de acordo a neces- sidade e a época. Nômades: pessoas que não têm habitação fixa vivem sempre mudando de lugar. Rudimentar: arcaico, primitivo. Atividade extrativa: coleta de produtos naturais. Paulatinamente: aos poucos, de forma gradual a produção agropecuária foi se diversificando, não podemos esquecer que já havia algum tempo que os grupos tinham aprendido o cultivo de vegetais e a criação de animais. Tente perceber a importância da agropecuária para a fixação do homem. Imagine como seria a vida hoje se ainda tivéssemos que viver nos mudando para conseguir alimento. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 16 Alguns fatores como a distribuição espacial da população, a péssima infraestrutura e a baixa tecnologia, principalmente no quesito conservação dos produtos, e, também, as falhas e dificuldades de comunicação levaram a formação de propriedades rurais e pequenas comunidades autossuficientes Para atingir o objetivo e a necessidade da autossuficiência, as propriedades rurais e as comunidades possuíam diversas culturas e a criação de vários tipos de animais. Não era raro que as comunidades, além de produzir, tam- bém beneficiavam seus produtos, era o início das agroindústrias, de modo primitivo é claro. Podemos citar como exemplo as propriedades rurais do Estado de Minas Gerais, onde podia-se produzir feijão, arroz, algodão, café, milho, mandioca, hortaliças e frutas além de criar bois, cavalos e galinhas. Nesses mesmos locais de produção, o leite das vacas era transformado em queijo e manteiga, o café era torrado e moído, o milho transformado em fubá, o algodão era beneficiado em tecido. Como dito acima, era o início da agroin- dústria. Nessas propriedades, apesar do caráter de autossuficiência, come- ça a se ter uma atividade comercial, objetivando a geração de recurso para a aquisição de bens e produtos não produzidos pela propriedade. Com a ampliação desse comércio, que com o tempo continuou crescendo, surge o agronegócio. 1.1 Conceituando agronegócio Com a evolução tecnológica, a ideia que se tinha de agricultura e pecuária muda, assim como também muda o modo de produção dos bens daí provenientes. O surgimento de novas tecnologias é o principal fato que altera o cenário da agropecuária. Com o êxodo rural. Tudo isso gerou mudanças na estrutura das propriedades rurais tais como: perda de sua autossuficiência, dependência de serviços e insumos que não são produzidos pela própria fa- zenda, especialização em determinada cultura, geração de excedentes que abastecem os mercados urbanos, troca de informações com o centro urbano e outras propriedades, necessidade continua de infrainstrutura de qualidade como estradas e armazéns, por exemplo, necessidade de conquistar merca- dos e consequentemente aumentar os lucros. Ou seja, a propriedade rural passou por diversas transformações que fizeram com que ela deixasse de ser autossuficiente para se tornar um centro de produção para o mercado urba- no em sua grande maioria. A cada dia a agropecuária se especializa em determinado ramo do processo produtivo ou num certo ramo de comercialização dos seus produtos. Isso gera a necessidade de uma nova ideia de agricultura. Não se trata mais de várias propriedades autossuficientes, trata-se de um complexo de produtores de bens e prestadores de serviços. Todos depen- dentes de uma infraestrutura com diferentes agentes, os quais são todos interdependentes. Autossuficiente: que precisa apenas dele mesmo para sobreviver. Êxodo rural: abandono do campo por seus habitantes, que, em busca de melhores condições de vida mudam para as cidades, as pessoas se deslocaram para a cidade, mas continuaram dependentes dos produtos produzidos no campo. Perceba como a estrutura de funcionamento das propriedades rurais muda completamente com o tempo. Antes, a atividade agropecuária estava ligada à sobrevivência de seus donos. Hoje, a atividade agropecuária, em sua grande maioria, é direcionada para o comercio. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 17 Analisando essa necessidade de um novo conceito para as ativida- des agropecuárias é que dois professores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, criaram o termo agribussines, o qual foi traduzido para o português como agronegócio e que possui o seguinte conceito: Agronegócio é o conjunto de todas as operações e tran- sações envolvidas desde a fabricação dos insumos agrope- cuários, das operações de produção nas unidades agrope- cuárias, até o processamento e distribuição e consumo dos produtos agropecuários in natura ou industrializados (ARAÚ- JO, 2009, p.16). 1.2 Sistema agroindustrial 1.2.1 As características da produção agropecuária É preciso ter em mente que a produção agropecuária possui carac- terísticas próprias. Logo, para compreender o agronegócio de forma ampla é preciso terconhecimento das especificidades da produção, tanto agrícola quanto pecuária. Seguem as principais características: 1.2.1.1 Sazonalidade da produção A produção agropecuária é diretamente ligada ao clima da região onde se encontra. São as condições climáticas o principal responsável pelos períodos de safra e entressafra, períodos de fartura de produtos e períodos de escassez de produtos, respectivamente, salvo raras exceções. Mas em se tratando de consumo, não ocorrem muitas alterações nas quantidades adquiridas pelos centros de consumo, elas são em sua maio- ria constantes no mercado brasileiro. Mas por não haver alterações significativas do consumo durante o ano, isso não quer dizer que a sazonalidade não implique consequências para a produção. Seguem algumas implicações da sazonalidade na produção agro- pecuária: variação de preço ao longo do ano, tendência a preços mais baixos na safra e a preços mais altos na entressafra, necessidade de armazéns para estocar os produtos, período de maior utilização de insumos, principalmente na entressafra, análise das características do produto produzido para melhor escolher a época de estocá-lo ou vendê-lo para aproveitar uma possível alta de preços gerada na entressafra, por exemplo. 1.2.1.2 Grande influência de fatores biológicos Tanto na agricultura, quanto na pecuária os produtos estão expos- tos a doenças e a pragas (esses são os fatores biológicos tratados aqui). Es- sas pragas e doenças, dependendo de sua intensidade e quantidade, podem diminuir o total de bens produzidos, assim como podem diminuir também a Safra: período de grande produção. Entressafra: período de pequena produção. Sugiro que você aluno faça uma pesquisa e descubra quais são os fatores climáticos presentes em sua região destacando quais são os períodos favoráveis à produção agropecuária e quais os períodos desfavoráveis e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 18 qualidade dos produtos. Em casos extremos, pode ocorrer a perda total da produção. Também é preciso prevenir que uma lavoura infectada, por exem- plo, leve outras lavouras sadias a ficarem doentes. Também precisamos lem- brar, que várias doenças originariamente de animais, podem contaminar seres humanos, como a gripe aviária, a doença da vaca louca e, mais recen- temente, a gripe suína, hoje renomeada para gripe H1N1. Além do perigo de contágio em seres humanos, também ocorrem as consequências comerciais da infestação de pragas e doenças, sendo a mais comum os embargos comerciais, em que determinado país impede a aqui- sição dos produtos de outro alegando que tais produtos não têm segurança sanitária, ou seja, não são saudáveis. Além da possibilidade do embargo comercial, é lógico pensarmos que o produtor que tem sua lavoura ou criação atacada por pragas terá seu produto a um preço mais alto no mercado, pois a partir do momento que do- enças e pragas atacam sua lavoura ou criação será preciso gastar com meios e técnicas para acabar com a infestação. Será preciso usar fungicidas, inseti- cidas ou demais meios para curar a produção. A aplicação desses meios acar- reta consequentemente a elevação do valor final do produto. Pois os gastos para exterminar as pragas precisam ser incluídos no custo de produção, risco para os funcionários e para o meio ambiente e existe também a possibilidade de contaminação da produção pelos resíduos tóxicos ou químicos utilizados para combater as doenças e pragas. Uma outra consequência da ocorrência de pragas é o esforço neces- sário para o seu controle, nenhum produtor ou Estado querem suas lavouras e criações sujeitas a doenças e, por conseqüência, prejuízos financeiros. Figura 1: Pulverização de inseticida em plantação de cana-de-açúcar. Fonte: Disponível em: http://www.bombeiros.mt.gov.br/imagens/img/1858.jpg acessado em 14 de junho de 2010 e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 19 Figura 2: Pulverização de inseticida sobre plantação. Fonte: Disponível em: http://www.albertopcastro.med.br/materias2/imagens/aviao1.jpg acessado em 14 de junho de 2010 Figura 3: Cidade do México durante surto da gripe suína. Fonte: Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/_Dd8DqM0kBUo/SgBP3q4VPoI/AAAAAAAAAM8/ nMAv1y8tIcw/s400/3473407.us_gripe_suina_mundo_284_399.jpg acessado em 14 de junho de 2010 Figura 4: Idosa recebendo vacina contra a gripe H1N1. Fonte: Disponível em: http://www.conexaociencia.jex.com.br/includes/imagem.php?id_ jornal=10923&id_noticia=1016 acessado em 14 de junho de 2010 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 20 1.2.1.3 Perecibilidade rápida A vida útil dos produtos agropecuários tende a ser curta. São pre- cisos cuidados específicos para que esses produtos tenham sua “validade” estendida. Não seria exagero dizer que sem o devido cuidado os produtos agropecuários podem durar de alguns dias até apenas algumas horas. Por esse motivo, o agronegócio está totalmente ligado a outros se- tores da economia. Sobre os relacionados com a perecibilidade podemos citar principalmente o setor de “conservação” e o de transporte. No setor de “conservação”, podemos citar toda e qualquer tecnologia que visa a au- mentar o prazo de validade dos produtos, não precisamos citar exemplos muito fora de nossa realidade cotidiana, o próprio ato de colocar o leite na geladeira é uma tecnologia de conservação, assim como o processo de pasteurização do “leite longa vida” e sua embalagem. O setor de transporte também está ligado ao prazo de validade dos produtos agropecuários. Se um determinado produto possui um prazo de validade de 5 dias, ele não pode ficar 4 dias sendo transportado e ter apenas um dia para ser consumido. É preciso um transporte rápido e eficiente para levar determinado produto em prazo hábil e sem danificá-lo. Resumo Nesta aula você aprendeu: 1- Como ocorreu o desenvolvimento da agropecuária. 2- A importância da agropecuária para a fixação do homem. 3- Como ocorreu uma mudança no modo de organização das pro- priedades rurais. 4- O que é agronegócio. 5- Que o agronegócio tem características próprias como: a sazo- nalidade da produção, a influência de fatores biológicos e a perecibilidade rápida dos produtos. Referências ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 21 Atividades de aprendizagem 1) A respeito do agronegócio é correto afirmar: a) É o conjunto de todas as operações e transações envolvendo os produtos agropecuários. b) É a atividade que diz respeito apenas as questões comerciais dos produtos agrícolas. c) É a atividade que diz respeito apenas as questões comercias dos produtos pecuários. d) É o conjunto de atividades ligadas apenas a produção agropecuária. 2) É uma conseqüência da sazonalidade da produção: a) Preços mais baixos na entressafra. b) Estabilidade dos preços durante todo o ano. c) Não há necessidade de armazéns para estocar os produtos. d) Preços mais baixos na safra. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio AULA 1 Alfabetização Digital 23 Aula 2 – Visão sistêmica do agronegócio É preciso entender e ver o agronegócio como um sistema integrado, onde todos os seus componentes são importantes. Essa visão sistêmica é uma necessidade para todos aqueles que desejam trabalhar com o agrone- gócio, seja para o agente público que interfere na atividade agropecuária, seja para o grande agroindustrial ou para o administrador da sua fazenda. Somente vendo o agronegócio como um sistema integrado e interdependente é possível alcançar a máxima eficiência. Para conseguir enxergar o agronegócio como um todo, também é preciso dividi-lo de forma que sua compreensão torne-se mais fácil para você aluno, mas desde já afirmamos que se trata de uma divisão puramente didática. Podemosdividir o agronegócio em três setores chamados: “antes da porteira”, “dentro da porteira” e “após a porteira”. O setor “antes da porteira” é aquele que envolve todas as ativida- des que dão suporte a produção agropecuária antes que a produção ocorra de fato. Por exemplo: os fornecedores de insumos, sementes, tecnologia de modo geral, financiamentos entre outros. O setor “dentro da porteira” é atividade produtiva agropecuária propriamente dita. Ela envolve, por exemplo, o preparo e o manejo do solo, a irrigação, colheita e no caso da pecuária todo o processo de criação do rebanho. O setor “após a porteira” trata das atividades desenvolvidas após a produção. Como o beneficiamento ou industrialização dos produtos, sua embalagem, armazenamento, distribuição, entre outros. 2.1 Vantagens decorrentes da visão sistêmica do agronegócio A visão sistêmica do negócio agrícola – e seu conseqüente tratamento como conjunto – potencializa grandes benefícios para um desenvolvimento mais intenso e harmônico da so- ciedade brasileira. Para tanto, existem problemas e desafios a vencer. Dentre estes, destaca-se o conhecimento das inter- -relações das cadeias produtivas para que sejam indicados os requisitos para melhorar sua competitividade, sustentabili- dade e equidade (ARAÚJO, 2009, p. 22). Como dito acima, as vantagens da visão sistêmica do agronegócio são, basicamente, a competitividade e a sustentabilidade. A competitivida- de diz respeito à própria qualidade do produto e ao seu preço no mercado consumidor, o mercado é cada vez mais exigente quanto à qualidade dos Competitividade: capacidade de um produto competir com os outros no mercado consumidor e a sustentabilidade Sustentabilidade: capacidade que o produtor tem de se manter no mercado e obter lucros. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 24 produtos e os consumidores ainda baseiam suas compras principalmente no quesito preço. A sustentabilidade está relacionada com a competência da propriedade para continuar no mercado. Competitividade e sustentabilidade estão ligadas de forma inseparável, uma empresa sem competitividade não consegue se manter no mercado, assim como uma empresa mal administra- da, sem sustentabilidade, não será capaz de produzir produtos competitivos e consequentemente não terá lucro. 2.2 Conceito de cadeias produtivas Falaremos agora sobre o conceito de cadeia produtiva. Esse é um conceito bastante técnico, por isso tomaremos como base a palavras de Mas- silon Araújo. O conceito de cadeia produtiva aplicado ao agronegócio foi criado na França, na década de 1960. Segundo Montigaud: cadeias produtivas “são suces- sões de atividades ligadas verticalmente, necessárias à produção de um ou mais produtos correlacionados” (MONTIGAUD, 1991, apud ARAÚJO, 2009, p 22). Analisando a cadeia produtiva dos produtos agropecuários é pos- sível enxergar as interrelações entre que compõe e participam daquela ca- deia produtiva. Esse fato permite: descrever toda a cadeia de produção, determinar a função da tecnologia na estruturação de determinada cadeia produtiva, realizar estudos de melhoramento e integração, analisar a política voltada para o agronegócio; compreender a relação entre os insumos e os produtos produzidos com eles e analisar as estratégias das associações. Segue abaixo as principais características das cadeias produtivas: Refere-se a conjunto de etapas consecutivas pelas quais pas- sam e vão sendo transformados e transferidos os diversos insumos, em ciclos de produção, distribuição e comerciali- zação de bens e serviços; implica em divisão de trabalho, na qual cada agente ou conjunto de agentes realiza etapas distintas do processo produtivo; não se restringe, neces- sariamente, a uma mesma região ou localidade; não con- templa necessariamente outros atores, além das empresas, tais como instituições de ensino, pesquisa e desenvolvimen- to, apoio técnico, financiamento, promoção, entre outros (ARAÚJO, 2009, p. 23). A análise de um produto específico na maneira como foi concebida a ideia de cadeia produtiva, faz com que não sejam considerados todos os agentes econômicos que estão posicionados após a produção, afinal trata-se da análise da produção, cadeia produtiva, como deixa claro a nomenclatura. Com a evolução do agronegócio é preciso que os agentes posicio- nados após a produção propriamente dita sejam considerados no processo de produção como um todo. “Daí surgir, muito recentemente, a ideia de cadeia de valor, como sendo um conceito mais abrangente, que inclua esses segmentos” (ARAÚJO, 2009, p. 23). e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 25 2.3 Importância do Agronegócio O agronegócio é um segmento econômico de grande importância e valor em termos mundiais, sua representatividade econômica varia de país para país. No Brasil, o agronegócio é um setor muito importante, principal- mente quanto à carta de exportação dos produtos brasileiros. Queremos di- zer com isso que o Brasil vende para outros países muitos produtos oriundos da agropecuária como carne e frutas, por exemplo. Figura 5: Carregamento para exportação Fonte: Disponível em: http://jornale.com.br/mirian/wp-content/uploads/2010/01/exportacao-de- soja.jpg acessado em 16 de junho de 2010. Precisamos ressaltar que a cada ano cresce a produção de produ- tos agropecuários no Brasil e que essa produção vem sendo absorvida pelo mercado interno e também pelo mercado externo. Os produtos brasileiros são visto no exterior como de boa qualidade, nossas exportações crescem a cada ano e a produção agropecuária voltada para o mercado externo é uma realidade que precisa ser aproveitada pelos produtores. Carta de Exportações: Produtos que o Brasil vende para outros países e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 26 Figura 6: Navio sendo carregado de grãos para exportação. Fonte: Disponível em: http://mundosebrae.files.wordpress.com/2009/10/exportacao2.jpeg acessado em 16 de junho de 2010. Resumo Nesta aula você aprendeu: 1- Que o agronegócio precisa ser visto como um sistema 2- As vantagens da visão sistêmica do agronegócio. 3- Para fins de estudo, a produção agropecuária é dividida em “antes da porteira”, “dentro da porteira” e “depois da porteira”. 4- O que são cadeias produtivas. 5- A importância do agronegócio para o Brasil. Referências NEVES, Marcos Fava; ZYLBERSZTAJN, Decio e NEVES, Evaristo Marzabal. Agronegócio do Brasil. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 27 Atividades de aprendizagem 1) A respeito da importância do agronegócio para o Brasil podemos afirmar. Exceto a) O setor agropecuário é responsável por uma boa parte dos empregos ge- rados no país. b) A produção agropecuária cai a cada ano em quantidade e valor dos pro- dutos. c) Os produtos agropecuários são responsáveis por boa parte das exporta- ções brasileiras. d) O setor agropecuário é fundamental para a economia brasileira. 2) O agronegócio dentro de uma visão sistêmica é dividido em 3 partes. São elas, exceto: a) Setor “antes da porteira”. b) Setor “dentro da porteira”. c) Setor “depois da porteira”. d) Setor “de vendas”. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio AULA 1 Alfabetização Digital 29 Aula 3 – Características do setor agroin- dustrial “antes da porteira” 3.1 Segmento do setor agroindustrial “antes da porteira” Nesse momento, passamos para o estudo dos segmentos do sistema agroindustrial de forma separada. Mas, lembramos que o estudo está dividido ape- nas por questões didáticas. Na prática, o sistema agroindustrial é inseparável. Começamos de forma lógica pelo segmento “antes da porteira”. Trataremos principalmente dos insumos agropecuáriose da relação dos pro- dutores de insumos com os agropecuaristas. 3.2 Insumos agropecuários Os insumos podem ser conceituados como os fatores de produção que propiciam a elaboração de certos serviços ou bens. Aplicando esse con- ceito básico à atividade agropecuária, podemos tratar insumos como sendo todos os bens e serviços que propiciam a melhor atividade do setor agrope- cuário, insumo é tudo aquilo que facilita, melhora ou aumenta a produção. Podemos citar aqui alguns insumos de grande importância para o setor agropecuário e que serão estudados adiante, apenas a título de exem- plo temos: energia, água, rações, equipamentos, máquinas, implementos, fertilizantes, sais minerais, produtos veterinários e diversos outros. Estuda- remos cada um desses insumos em sua individualidade. 3.3 Máquinas, equipamentos e implementos agropecuários Na atividade agropecuária, existem diversas máquinas que auxi- liam no exercício da atividade tornando-as infinitamente mais fáceis para o produtor ou criador, pois existem máquinas utilizadas tanto na agricultura, quanto na pecuária. Cada máquina tem seus próprios implementos necessários para seu funcionamento e, também, é preciso destacar, que, para cada tipo de ser- viço, existe uma máquina correspondente. Algumas pessoas têm uma falsa impressão sobre as máquinas e equipamentos, afirmam que eles são usados apenas em grandes propriedades e que não são necessárias nas propriedades de pequeno porte. Isso é um erro grosseiro. Não se pode negar que, normal- Fique atento para o conceito de insumo. Lembre-se de que insumo é tudo que facilita, melhora ou aumenta a produção. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 30 mente, os donos dos latifúndios têm mais recursos para adquirir mais má- quinas e equipamentos, porém afirmar que estas são inúteis nas pequenas e médias propriedades é um erro. O que é diferente é o tipo de insumo usado. Figura 7: Bomba d’água utilizada em pequenas propriedades. Fonte: Disponível em: http://images.jacotei.com.br/grd/242830.jpg acessado em 16 de junho de 2010. As máquinas mais usadas na agropecuária são os tratores, as colhei- tadeiras e os motores fixos, cada qual com sua função e utilidade variável de acordo com a necessidade do produtor. Podemos citar alguns exemplos para ilustrar melhor: para preparar solos arenosos podemos utilizar tratores menores de pneus, com arados, esse mesmo trator poderá ser utilizado para tracionar grades niveladoras, roçadeiras, carretas e realizar demais serviços na propriedade. Se o objetivo é realizar uma aração mais pesada será ne- cessário um trator maior com tração 4x4. No caso de o proprietário precisar fazer um desmatamento numa área de vegetação arbórea de pequeno ou médio porte, é preciso utilizar dois tratores de esteira com correntão, em que cada ponta estará presa a um trator esteira. Existem muitas outras máquinas e equipamentos que podem ser usados na produção agropecuária, como as diversas colheitadeiras sejam de grãos, frutas como a laranja ou cana-de-açúcar. Também existem máquinas menores como os pivôs e as bombas de água, enfim há uma infinidade de máquinas e equipamentos de todos os preços e qualidades. Porém, como dito anteriormente, é preciso conciliar sempre necessidade e valor. Figura 8: Colheitadeira sendo utilizada em lavoura de grãos. Fonte: Disponível em: http://br.viarural.com/agricultura/tratores/case-ih/colhedoras- colheitadeiras-colheitadeira-de-graos-axial-flow-8010-01.jpg acessado em 16 de junho de 2010. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 31 Figura 9: Trator com arado. Fonte: Disponível em: http://www.corumba.ms.gov.br/modules/xcgal/albums/userpics/10004/ normal_Foto%20patrulha.JPG acessado em 16 de junho de 2010 3.4 Água Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que a água é o principal insumo para a atividade agroindustrial. Em pequena ou em grande quantida- de, ela é fundamental para a vida e todos nos sabemos que trabalhar com o agronegócio é trabalhar com a vida. Mesmo que os vegetais e os animais se- jam tratados como coisas que nos forneceram lucros, eles também são seres vivos e todos necessitam de água. Figura 10: Plantação sendo irrigada. Fonte: Disponível em: http://www.dancor.com.br/jornal/imagem.jpg acessado em 16 de junho de 2010. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 32 Figura 11: Rebanho bebendo água. Fonte: Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/_zEveExHPYpk/Rn82nW654pI/AAAAAAAAACE/- 4otneKhAWk/s400/Rodeio+-+gado+bebendo+%C3%A1gua.jpg acessado em 16 de junho de 2010. No Brasil, existe certa dificuldade em tratar a água como insumo agropecuário. Isso se deve ao fato de sua relativa fácil aquisição. O Brasil é abençoado com a maior rede hidrográfica do mundo e também temos na maioria de território nacional um bom índice de pluviosidade. Não podemos nos esquecer de que existem regiões onde a água é de difícil acesso, como na maior parte da região nordeste e na porção norte do estado de Minas Gerais. Mas, mesmo no Brasil, vem crescendo a ideia de que a água precisa ser usada com responsabilidade e racionalidade. Vem sendo disseminada nos Estados brasileiros a necessidade de legislação que trate sobre projetos de irrigação. Nos locais onde existe essa legislação, há um custo para se aprovar um projeto de irrigação e este custo é acrescentado ao valor final do produto. Resumo Nesta aula você aprendeu: 1- O que são insumos agropecuários. 2- Para que servem os insumos agropecuários. 3- Que existem máquinas próprias para cada atividade e para cada propriedade. 4- Aprendeu que a água é insumo agropecuário. Referências CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008. NEVES, Marcos Fava; ZYLBERSZTAJN, Decio e NEVES, Evaristo Marzabal. Agronegócio do Brasil. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. Índice de pluviosidade: quantidade de chuva e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 33 Atividades de aprendizagem 1- Sobre a água na atividade agropecuária podemos afirmar: s) No Brasil existe grande dificuldade para obter água. b) Existe certa dificuldade para tratar a água como insumo no Brasil devido ao fato de sua fácil aquisição. c) A água não é um insumo. d) A água é dispensável para a produção agropecuária. 2) A respeito das máquinas e equipamentos agrícolas podemos afirmar, ex- ceto: a) Sua utilização é possível apenas em grandes propriedades. b) Existe uma máquina ou equipamento certo para cada tarefa ou proprie- dade. c) O tamanho da propriedade não é o único fator necessário para determinar se uma máquina ou equipamento pode ser usado ou não. d) As máquinas e equipamentos utilizados nas pequenas propriedades são diferentes dos usados nas grandes propriedades. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio AULA 1 Alfabetização Digital 35 Aula 4 – Características do setor agroin- dustrial “antes da porteira” 2 Continuamos com o estudo dos insumos agropecuários. 4.1 Energia A energia, principalmente a elétrica, é também um insumo funda- mental para o sucesso de um empreendimento agropecuário. Toda e qual- quer evolução tecnológica que chega até o campo necessita primeiramente de energia. Energia entendida em todas as suas formas: de elétrica, como citado acima, até o combustível utilizado pelas máquinas. No tocante a energia elétrica, ela é a energia básica da sociedade. Quase todos os meios de comunicação são dependentes dela, o telefone, computador, celular, internet, televisão. Tudo isso necessita de eletricidade para funcionar e como já dissemos o produtor agrícola e pecuarista precisa desses meios de comunicação. O campo não é mais isolado e autossuficiente, ele produz de acordo com a demanda do centro urbano. Mas também é preciso inovar. No Brasil, as fontes de energia mais comuns é a hidráulica. Nossa principal fonte ea termelétrica. Essas duas fontes, apesar de sua facilidade, nem sempre são as mais indicadas para os empreendimentos agropecuários. Existem fontes alternativas que precisam de um maior investimento de implantação, mas que para determinados empreen- dimentos é a mais adequada. A implantação de fontes alternativas de energia também vem se tornando uma exigência do mercado. É inegável que hoje tenhamos uma grande preocupação com o meio ambiente e que a própria sociedade cobra dos produtores a sua parcela de ajuda na conservação do planeta. Dessa forma, a utilização de fontes limpas de energia vem se tor- nando uma necessidade, mesclada de exigência. Isso não significa que essas fontes alternativas sejam inviáveis financeiramente. Seguem alguns exem- plos de fontes alternativas de energia: energia solar, proveniente da coloca- ção de placas que captam a luz do sol e a transforma em energia elétrica, é possível utilizar a energia solar para realizar tarefas como a secagem e a desidratação dos produtos agrícolas, aquecimento de água e iluminação da sede da fazenda e também é possível sua utilização para utilizar equipamen- tos menores, como bombas d’água. Empreendimento: negócio, atividade negocial. Demanda: procura, necessidade. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 36 Figura 12: Painéis solares em área rural. Fonte: Disponível em: http://turma1422.files.wordpress.com/2008/09/061120_gea_seguidores-2. jpg acessado em 17 de junho de 2010. A energia eólica é aquela proveniente do vento. Na atualidade, utiliza-se a energia eólica para mover aero geradores, os quais são grandes turbinas colocadas em lugares de muito vento. Essas turbinas têm a forma de um cata-vento ou de um moinho. Esse movimento, através de um gerador, produz energia elétrica. Essa energia pode ser usada para iluminação e para diversas outras tarefas da propriedade. Figura 13: Aero gerador em funcionamento. Fonte: Disponível em: http://canilho.files.wordpress.com/2009/10/181-energia-eolica.jpg acessado em 17 de junho de 2010. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 37 A energia hidráulica é uma das fontes mais comuns de energia al- ternativa e, devido a sua antiga e comum utilização, as pessoas constante- mente se esquecem de que se trata de uma fonte alternativa de energia. Ela é muito utilizada em pequenas propriedades principalmente na forma de rodas d’água e carneiros hidráulicos, é muito utilizada para irrigar pequenas plantações ou levar água para determinados lugares. Figura 14: Exemplo de roda d’água. Fonte: Disponível em: http://www.ahmar.com.br/imagens/produtos/bomba_rochfer.gif acessado em 17 de junho de 2010. Por fim, temos a energia de biomassa, a qual é obtida através de re- síduos orgânicos. Como exemplo de biomassa, podemos citar o biogás que é a geração de energia através da fermentação de matéria orgânica como o es- terco do gado. Esse esterco é colocado em câmaras especiais, chamadas de biodigestores, dentro desses biodigestores ocorre a produção de gás natural, o qual é transformado em energia elétrica. Também é possível a obtenção de energia elétrica através da queima de resíduos provenientes da própria produção agropecuária, como, por exemplo, o bagaço da cana-de-açúcar. Esse, quando colocado para queimar em fornalhas ou caldeiras, torna-se uma fonte alternativa de energia. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 38 Figura 15: Esquema de funcionamento de um biodigestor. Fonte: Disponível em: http://verdedentro.files.wordpress.com/2009/03/biodigestor.jpg acessado em 17 de junho de 2010. 4.2 Corretivos de solos Normalmente os solos não são perfeitos para a atividade agrícola, é preciso que eles sejam corrigidos para que se desenvolva a atividade agríco- la. Os corretivos são produtos, normalmente químicos, que são adicionados ao solo para corrigir as suas deficiências e falhas, visando sempre tornar os solos mais férteis e, na medida do possível, ideais para a produção agrícola. Existe um processo correto para se incrementar os solos, é preciso uma aná- lise laboratorial para que a “correção” seja eficaz. Muitas vezes em propriedades menores o pequeno agricultor, na maioria das vezes, utiliza os chamados corretivos baseado na experiência e na cultura popular. Muitas vezes essa utilização faz com que o solo se de- grade. Porém, quando a correção é precedida por um estudo realizado por profissionais competentes, o solo ganha muito em termos de produtividade e durabilidade. Entre os corretivos podemos citar alguns como principais ou mais utilizados. Como por exemplo: os adubos, o gesso, o calcário agrícola e a matéria orgânica. Degrade: estrague, destrua mais rapidamente e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 39 O calcário agrícola é usado para diminuir a acidez do solo, ele elimina o efeito tóxico do alumínio nos vegetais e corrige as deficiências de cálcio e magnésio no solo. O óxido de magnésio e o óxido de cálcio são alguns dos principais componentes do calcário agrícola. O gesso agrícola é um pou- co parecido com o calcário agrícola e é utilizado para corrigir deficiências em cálcio que o solo pode conter. Figura 16: Pacote de calcário agrícola. Fonte: Disponível em: http://www.grupodb.com.br/imagens/Calcario/prd_calcario_dolomitico_g. jpg acessado em 17 de junho de 2010 Figura 17: Produtor aplicando o gesso agrícola em seu solo. Fonte: Disponível em: http://www.calmina.com.br/agri1.jpg acessado em 17 de junho de 2010. Quanto aos adubos em geral, Massilon Araújo (2009) em sua obra faz a seguinte classificação: são classificados em macro e micronutrientes. Os macronutrientes são: fósforo (P), nitrogênio (N), potássio (K), enxofre (S), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), enquanto os micronutrientes são: ferro (Fe), molibdênio (Mo), cobalto (Co), manganês (Mn) e zinco (Zn). Quanto às neces- sidades de cada solo, isso é trabalho para profissionais devidamente treina- dos, como dito acima, e quanto às fontes de cada macro ou micronutriente, isso é um estudo muito técnico e específico e o qual não é o objeto da nossa disciplina, precisamos apenas saber que existem esses corretivos agrícolas e que eles devem ser utilizados na medida em que são necessários. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 40 4.3 Fertilizantes O fertilizante ou adubo é utilizado na atividade agropecuária como um corretivo, do mesmo modo como os descritos no tópico anterior e tam- bém é usado como adubo para a manutenção da cultura cultivada. Como um tipo de corretivo, o fertilizante é aplicado durante o preparo do solo. Já na adubação de manutenção de cultura, o adubo é utilizado no preparo das co- vas para as lavouras perenes ou no momento do plantio das lavouras anuais ou quando as pastagens estão sendo formadas. A fertilização do solo pode ser feita de diversas formas como, por exemplo, no processo de irrigação, quando o adubo é misturado com a água que será lançada sobre a lavoura. Figura 18: Aplicação de fertilizante no momento de preparo do solo. Fonte: Disponível em: http://www.webartigos.com/content_images/fert000.jpg acessado em 20 de junho de 2010. 4.4 Agrotóxicos Os agrotóxicos, agroquímicos e defensivos agrícolas são deno- minações diversas de um mesmo produto, o qual é utilizado para evitar o crescimento de ervas daninhas, pragas e doenças na lavoura. Podemos citar como os principais deles os herbicidas, os quais são utilizados para combater o crescimento de ervas daninhas ou plantas concorrentes no meio da lavoura da cultura produzida. A aplicação dos herbi- cidas faz com que o produtor não precise usar meios mecânicos para retirar as culturas indesejadas do meio de sua plantação. Também temos os inseti- cidas, os quais, como deixa claro a nomenclatura,servem para exterminar insetos, em sua maioria moscas, lagartas e formigas. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 41 Figura 19: Produtor aplicando agrotóxicos em sua lavoura. Fonte: Disponível em: http://www.fiocruz.br/ccs/media/incqs_agrotoxico2.jpg acessado em: 20 de junho de 2010. 4.5 Compostos orgânicos Os compostos orgânicos são o resultado da decomposição ou apo- drecimento de resíduos orgânicos como restos de animais mortos, lixo, ester- co, restos de vegetais, o próprio húmus. Esses compostos também são usados na adubação e correção dos solos. Resumo Nesta aula você aprendeu: 1- Que a energia também é um insumo agropecuário. 2- Que existem diversas formas de energia como a solar, eólica e biomassa. 3- Que a utilização de fontes alternativas de energia é uma neces- sidade e uma cobrança do mercado consumidor na atualidade. 4- Os solos podem ter sua fertilidade melhorada pelos corretivos e fertilizantes. 5- Os chamados agrotóxicos em sua maioria servem para livrar os produtos agropecuários de pragas e doenças. Referências CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008. ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 42 Atividades de aprendizagem 1) Quanto aos tipos de energia podemos citar como fontes de energia alter- nativa, exceto: a) Eólica. b) Termelétrica. c) Solar. d) Biomassa. 2) Sobre os corretivos de solos podemos afirmar que: a) Não são utilizados no Brasil, pois todos os solos brasileiros são prontos para a agricultura. b) A sua aplicação dispensa a análise laboratorial devido a facilidade em sua aplicação. c) São necessários para ter uma maior produção agrícola. d) São uniformes, não possuem qualquer variação. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio AULA 1 Alfabetização Digital 43 Aula 5 – Características do setor agroin- dustrial “antes da porteira” 3 Continuamos com o estudo dos insumos agropecuários. 5.1 Mudas, sementes e materiais genéticos Quanto às mudas, seguimos os conceitos fornecidos por Massilon Araú- jo (2009) em sua obra. Para o autor, as mudas podem ser obtidas diretamente das sementes, também denominadas de “pé fraco” e resultam da germinação das sementes. De modo geral, têm a probabilidade elevada de não reproduzir as boas características da planta mãe. Por enquanto, são mais recomendadas para algumas culturas com difícil utilização de outra técnica, como as palmeiras (coco-da-baía, pupunha, açaí macaúba, gairoba, babaçu, tâmara etc.). As mudas obtidas por enxertia resultam da fixação de parte de uma planta em outra. A parte fixada é também denominada de enxerto ou “cavalei- ro” e pode ser uma gema ou a ponta mais nova de um galho. A planta fixadora, também, denominada de porta-enxerto ou “cavalo”, tem bom sistema radicular para suportar uma copa produtiva semelhante à planta-mãe. Das culturas que mais são cultivadas pelo sistema de enxertia citam-se: citros, uva e abacate. As mudas obtidas por reprodução assexuada são mais comumente as de difícil reprodução por sementes, como: banana, figo, alho, abacaxi, ornamentais (hibisco, bromélias, bugainville, quaresmeira, cróton, rosa). Figura 20: Exemplos de mudas Fonte: Disponível em: http://www.jardimdasideias.com.br/public/userfiles/image/mudas_600.jpg acessado em 21 de junho de 2010. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 44 Figura 21: Exemplo de muda que sofreu enxerto. Fonte: Disponível em: http://www.ceplac.gov.br/images/enxertia.jpg acessado em 21 de junho de 2010. Aproveitando o conhecimento de Massilon Araújo, expomos tam- bém o conceito dele no tocante às sementes. As sementes tradicionais no mercado são as varietais e as híbridas; mas recentemente, têm surgido as sementes transgênicas. As sementes varietais puras são de uma única variedade e pro- duzem “filhas” iguais às “mães” por gerações sucessivas, desde que não ocorram fecundações cruzadas com outras variedades. Das culturas mais co- mumente cultivadas com sementes varietais citam-se: soja, arroz, feijão, ervilha e café. As sementes híbridas resultam do cruzamento de duas variedades, cujas sementes-filhas portam 50% da carga genética de cada uma das varie- dades que lhes deram origem. No Brasil, as sementes híbridas mais comu- mente usadas são as de milho e as de coco (híbrido entre “anão” e “gigante”). As sementes-filhas das plantas originárias de sementes híbridas não devem ser cultivadas, porque a maior parte delas já não traz as boas quali- dades do híbrido. As sementes transgênicas são obtidas originalmente em labora- tórios, mediante a técnica de deslocamento de um ou mais genes menos desejáveis e introdução de genes em substituição, visando introduzir carac- terísticas mais desejáveis, como: maior resistência pós-colheita (tomate), maior resistência de determinados herbicidas (soja), resistência a doenças, elevação do valor nutricional, produção de medicamentos etc. O uso de produtos transgênicos é muito discutido, porque ainda não se tem segurança sobre possíveis efeitos nos consumidores e sobre o meio ambiente, e, também, porque poucas empresas no mundo são produtoras dessas sementes. Esse fato coloca milhões de produtores totalmente depen- dentes de pouquíssimos fornecedores. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 45 Figura 22: Alguns tipos de sementes. Fonte: Disponível em: https://www.naturaljoias.com.br/images/kits_para_biojias/kit%20pequeno. jpg acessado em 21 de junho de 2010. Na pecuária, também ocorre o melhoramento dos rebanhos através da procriação. Claro que de forma diferente da agricultura. Na pecuária, é mais comum que ocorra a escolha de determinado animal para que suas características sejam passadas para as próximas gerações, esses animais nor- malmente são chamados de matrizes, pois suas características são as dese- jadas e pretende-se copiá-las. É comum que se recolha o sêmen dos machos e os óvulos das fêmeas para que eles sejam fecundados por inseminação artificial, posteriormente os embriões são transferidos para o útero da fê- mea. Também ocorre a reprodução natural dos animais, nesse caso o macho e a fêmea matriz são colocados juntos para que haja a reprodução natural da espécie. Figura 23: Exemplo de um modo de inseminação artificial em bovinos. Fonte: Disponível em: http://www.cptcursospresenciais.com.br/imagens/up/agenda108.jpg acessado em 22 de junho de 2010. Inseminação artificial: é a deposição mecânica do sêmen no aparelho genital da fêmea e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 46 5.2 Hormônios Hormônios são, de modo mais amplo, produtos químicos que são usados para acelerar a atividade biológica dos vegetais e dos animais. Os hormônios vegetais, também chamados de fito-hormônios, mais utilizados são os indutores de florescimento, indutores de brotação e acele- radores de ciclo vegetativo. Quando se utiliza os fito-hormônios, que acele- ram o ciclo vegetativo numa lavoura de abacaxi, é possível reduzir o prazo da colheita, por exemplo. Os hormônios animais, também chamados de zoo-hormônios, mais utilizados são os aceleradores de crescimento e os indutores de aumento de massa corporal. A utilização desses hormônios faz com que o rebanho ganhe peso mais rápido. 5.3 Ração animal Os animais na pecuária, normalmente, são alimentados com ração além dos pastos naturais. Basicamente existem dois tipos de rações os con- centrados e os volumosos. A composição dos concentrados é basicamente de sais minerais e vitaminas e em alguns casos possuem até antibióticos. Quan- to aos volumosos, eles contêm em sua maioria proteínas, fibras e energia. O fornecimento de raçãopara os animais deve buscar atingir determinado objetivo como, por exemplo, engorda dos bois ou lactação das vacas no caso dos bovinos. As rações do tipo concentrado são na maioria das vezes produzidas e distribuídas por empresas especializadas. E as rações do tipo volumoso normalmente são produzidas nas próprias propriedades ou também podem ser compradas, pois também existem agroindústrias que as produzem. Figura 24: Rebanho bovino se alimentando de ração. Fonte: Disponível em: http://veiculonet.com.br/avicultura/wpcontent/uploads/2010/01/gado_ comendo.jpeg acessado em 22 de junho de 2010. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 47 5.4. Sais minerais e sal comum Assim como o corpo dos homens, os animais também precisam do sal para manter seu organismo saudável. É comum que nas rações do tipo concentrado o sal já venha incluído em doses balanceadas e suficientes para os animais. Porém nos bovinos é preciso deixar a disposição dos animais o sal comum e o sal mineral e esses devem ser oferecidos separados da ração. Normalmente, coloca-se o sal em cochos para que os animais se alimentem de acordo com a necessidade de seu organismo. Figura 25: Exemplo de sal mineral para bovinos. Fonte: Disponível em: http://www.alisul.com.br/upload/referenceAttribute/192x192_1204653340_ suprasal_bovinos_thumb.jpg acessado em 22 de junho de 2010. 5.5 Produtos veterinários em geral Os produtos veterinários são dos mais variados tipos, citaremos aqui alguns deles a título de exemplo, mas podemos afirmar que qualquer produto direcionado para animais é um produto veterinário. Como exemplo podemos citar: vacinas, antibióticos, probióticos, parasiticidas, estimulantes de apetite entre outros. Quanto às vacinas, elas são formas atenuadas de causadores de doenças que são aplicadas aos animais para que eles produzam anticorpos e criem resistência contra aquela doença. A aplicação de vacinas aos animais tem a mesma finalidade de aplicação nos seres humanos. Como exemplo de vacina animal podemos citar: a vacina contra aftosa para os bovinos, contra a peste africana para os suínos, parvovirose para os cães e diversas outras. Atenuada: fraca e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 48 Figura 26: Bovino sendo vacinado contra a febre aftosa. Fonte: Disponível em: http://boiapasto.tempsite.ws/wp-content/uploads/vacinação.jpg acessado em 22 de junho de 2010. Os probióticos são produtos que possui por finalidade tornar o reba- nho mais resistente a possíveis doenças, são uma forma de aumentar a imu- nidade dos animais e evitar gastos com outros medicamentos. Os probióticos mais comuns são aqueles à base de lactobacilos. Os antibióticos e demais medicamentos tem por objetivo combater doenças já instaladas nos animais. Figura 27: Exemplo de antibiótico para bovinos. Fonte: Disponível em: http://loja.mfrural.com.br/config/imagens_conteudo/produtos/ imagensGRD/GRD_2066_GRD_2066_pangram.jpg acessado em 22 de junho de 2010. Parasiticidas, como o próprio nome já nos deixa claro, são medica- mentos usados para combater parasitas como os carrapatos, piolhos, pulgas, moscas e também os chamados endoparasitas que são os vermes em geral. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio 49 Figura 28: Exemplo de parasiticida para cães. Fonte: Disponível em: http://www.avipec.com.br/v2/images/stories/nossa_linha/sabonete.jpg acessado em 22 de junho de 2010. Os estimulantes de apetite também são autoexplicativos. Tem por objetivo fazer os animais se alimentarem mais. Resumo Nesta aula você aprendeu: 1- Que mudas e sementes são insumos agropecuários. 2- Sobre alguns tipos de hormônios agropecuários. 3- Que existem tipos diferentes de ração animal. 4- A necessidade dos produtos veterinários em geral. Referências ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009. CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008. Atividades de aprendizagem 1) A respeito das sementes podemos afirmar. a) As sementes varietais puras são de uma única variedade e não produzem “filhas” iguais às “mães”. b) As sementes híbridas resultam do cruzamento de duas variedades, cujas e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 50 sementes-filhas portam 50% da carga genética de cada uma das variedades que lhes deram origem. c) As sementes-filhas das plantas originárias de sementes híbridas devem ser cultivadas, porque a maior parte delas traz as boas qualidades do híbrido. d) As sementes transgênicas não obtidas originalmente em laboratórios. 2- São produtos veterinários em geral. Exceto: a) Vacinas. b) Antibióticos. c) Estimulantes de apetite. d) Fitohormônios. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesIntrodução ao Agronegócio AULA 1 Alfabetização Digital 51 Aula 6 – Características do setor agroin- dustrial “antes da porteira” 4 6.1 Relação entre os agropecuaristas e os produtores de insumos Os agentes econômicos que atuam no segmento “antes da por- teira” do agronegócio são, de um lado, os produtores de insumos de for- ma ampla, todos os insumos que estudamos anteriormente, juntamente com seus revendedores e representantes e, de outro lado, os produtores rurais. Em geral, os produtores de insumos são grandes empresas ou grandes agroindústrias que dominam determinados setores da produção de insumos. Podemos citar como exemplo a Monsanto que é uma grande produtora de sementes sem muitos concorrentes na sua área de atuação. Não é exagero dizer que isso se repete na maior parte dos segmentos de insumos agropecuários. O que existe é uma relação típica de oligopólio e, às vezes, de monopólio. Apenas esclarecendo, um oligopólio é uma situa- ção da economia que se configura quando existem poucos vendedores de um produto e muitos compradores, já o monopólio acontecesse quando existe apenas um vendedor e muitos compradores. Partindo do princípio de que os agropecuaristas estão na posição de sujeitos passivos na relação comercial com os produtores de insumos, devido principalmente ao fato de os produtores de insumos serem um grupo organizado e os agropecuaristas um grupo desorganizado. É pos- sível afirmar que os produtores agropecuários pagam um alto preço pelos insumos e, podemos afirmar também, que esse alto preço é re- passado ao consumidor final, pois o produtor precisa obter lucro em seu negócio. 6.2 Serviços agropecuários Os serviços agropecuários que estão a serviço do produtor no Bra- sil, no segmento antes da porteira, são basicamente: as pesquisas agropecuárias; fomento, extensão rural e as- sistência técnica; elaboração de projetos; análises labora- toriais; crédito e financiamentos; vigilância e defesa agro- pecuária; proteção e defesa ambiental; incentivos fiscais; comunicações; infra-estrutura; treinamento e mão-de-obra (ARAÚJO, 2009, p.42). Oligopólio: é a situação de um mercado com um número reduzido de empresas que oferecem determinado produto Monopólio: é quando há somente um vendedor no mercado para um determinado produto e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 52 6.3 Pesquisas agropecuárias O Brasil possui pesquisa na área agropecuária principalmente a realizada pelo Estado tanto na esfera federal quando na estadual. No âmbito federal, tem-se como carro chefe da pesquisa agropecuária a Em- presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), já nos Estados da Federação são as Secretarias de Agricultura e a Universidades que desen- volvem a pesquisa. A iniciativa privada brasileira ainda tem uma atuação tímida no quesito pesquisa, não estamos afirmando que as agroindústrias não realizam pesquisa. O fato é que tais empresas direcionam suas pesquisas apenas para sua área de atuação. Falando um pouco mais sobre a Embrapa, ela é uma empresa pública federal, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- tecimento (MAPA).
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