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www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras DIREITO ADMINISTRATIVO Capítulo do Livro On Line®: Atuação Administrativa e Regime Jurídico Administrativo 1. Generalidades - O direito administrativo corresponde a um ramo do direito público, que regulamenta, que rege as relações jurídicas travadas entre a Administração Pública e o Particular e, entre a Administração Pública e a própria Administração Pública; 1.1. Direito administrativo e administração pública - Administração Pública = é o Estado, que manifesta a sua vontade através de uma pessoa física; - Direito Administrativo = ramo do direito público; - Ato Administrativo = corresponde a uma conduta humana, praticada em nome da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA sob a égide do direito público, e sujeito a controle notadamente controle judicial; 1.2. Função Administrativa - A expressão Administração Pública tecnicamente, corresponde a um desempenho de uma função, que denominamos como função administrativa; 1.3. Função típica x função atípica - Poder Executivo = função típica administrativa; - Poder Legislativo = função típica legislar (criar leis); função atípica é a função administrativa (são chamados nesse momento de Administração Pública / regidos pelo direito administrativo / ex: firmar contrato administrativo); - Poder Judiciário = função típica é resolver as lides; função atípica é a função administrativa (são chamados nesse momento de Administração Pública / regidos pelo direito administrativo / ex: licitação); www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 2 OBS: A expressão administração pública NÃO é adstrita ao Poder Executivo, aplicando-se então a qualquer poder que exerça função de natureza administrativa; - Art. 1º e parágrafo 1º da Lei 9.784/99 Art. 1 o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. § 1 o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa. 2. Atuação Administrativa - Essa atuação deve ser feita sempre com observância da lei, e o ato administrativo pode ser praticado de forma vinculada ou de forma discricionária; 2.1. Atuação vinculada - Quando o ato é vinculado TODOS os requisitos são preestabelecidos em lei; - Ex: aposentadoria compulsória; de modo que o gestor não tem opção de escolha, quando chegar a idade determinada na lei, tem que aposentar; - Os atos vinculados envolvem conceitos uni-significativos (único significado); 2.2. Atuação discricionária - Quando o ato é discricionário, apenas alguns requisitos são preestabelecidos em lei; - A Administração tem mais de uma opção de escolha para prática do ato; - Ex: aplicação de verbas do IPTU; - Os atos discricionários envolvem conceitos pluri-significativos (mais de um significado); OBS: No ato discricionário o gestor valora os critérios da conveniência + oportunidade, que compõe o conceito do mérito do ato administrativo; OBS: NÃO existe mérito no ato vinculado; www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 3 2.2.1. A questão do mérito administrativo OBS: A avaliação de mérito é exclusiva da Administração Pública; não cabendo ao Poder Judiciário a analise dos critérios de conveniência e oportunidade (mérito); 3. Controle sobre a atuação administrativa: anulação e revogação dos atos administrativos - Essa atuação está sujeita a um sistema de controle; - Esse sistema de controle pode partir do Poder Judiciário, como também pela própria Administração Pública; 3.1. Controle judicial - Corresponde aquele que, o poder judiciário realiza sobre a atuação administrativa; - O juiz irá dizer que está e o que não está em conformidade com a lei; - Toda vez que o ato administrativo não obedecer a lei, ele será um ato ilegal; - Esse ato ilegal deve ser extinto através da anulação; - Anulação corresponde à extinção do ato por motivo de ilegalidade; - A anulação, portanto atinge os atos vinculados; - A anulação atinge também o ato discricionário, quando a inobservância das estipulações legais; 3.2. Controle Administrativo - É aquele que a Administração Pública faz sobre os seus próprios atos; a) Assim como o poder judiciário, a Administração Pública pode anular os seus próprios atos ilegais; b) A anulação do ato ilegal pode também ser realizada pela própria Administração Pública; OBS: A Administração Pública pode anular, por motivo de ilegalidade, tanto os seus próprios atos vinculados, como também os seus próprios atos discricionários; www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 4 OBS: A anulação efetivada pelo judiciário difere da anulação realizada pela Administração Pública, em razão de dois aspectos: i) O Poder Judiciário age apenas mediante provocação (princípio da inércia da jurisdição); ii) A Revogação corresponde a extinção do ato administrativo, por motivo de inconveniência + inoportunidade; OBS: Considerando que a Revogação envolve mérito, e que só existe mérito nos atos discricionários, a revogação, portanto, só atinge atos discricionários; de modo que NÃO cabe revogação de ato vinculado; OBS: Considerando que, a revogação envolve mérito, e que o mérito é de avaliação exclusiva da Administração Pública, logo, a revogação é exclusiva da Administração Pública; O poder judiciário, portanto NÃO pode revogar atos administrativos, sob pena de violação ao princípio da separação e harmonia dos poderes; O judiciário, portanto, NÃO substituir a vontade do administrador; OBS: Entretanto o poder judiciário pode, revogar os seus próprios atos, oportunidade em que, estará exercendo de forma atípica a função de cunho administrativa; Momento em que, também é administração pública; OBS: Daí porque a revogação NÃO é exclusiva do Poder Executivo, e sim da Administração Pública; 4. Tabela comparativa Modalidade de Extinção A quem compete Tipo do ato (incidência) Causa / motivo Efeitos Anulação = invalidação Poder Judiciário e/ou Administração Atinge os atos vinculados e/ou atos Ilegalidade e/ou ilegitimidade Ex tunc (retroativo) www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 5 Pública discricionários Revogação Exclusiva da Administração Pública (Função Administrativa) Atinge unicamente os atos discricionários Inconveniência e/ou inoportunidade Ex nunc (não retroage / efeitos futuros); ato consumado e direito adquirido; 5. Notas de aprofundamento 5.1. A revogação não atinge aos consumados e o direito adquirido - A revogação NÃO atinge os atos consumados e nem prejudica o direito adquirido; - Revogação atinge ato valido; seus efeitos são para o futuro; nunca mais acontece (o que já aconteceu será preservado); 5.2. Anulação = invalidação 5.3. Autotutela - Corresponde ao controle que a Administração Pública faz, sobre os seus próprios atos; anulando osilegais e revogando os inconvenientes ou inoportunos; - Controle que a própria Administração faz dos seus próprios atos; pode anular pode motivo de ilegalidade, como pode também revogar por motivo de inconveniência ou inoportunidade; OBS: NÃO confundir autotutela com tutela, a tutela é o controle que a Administração Pública DIRETA realiza sobre as pessoas da Administração Pública INDIRETA; OBS: A Autotutela está materializada em duas súmulas do STF: Súmulas 346 e 473 do STF Art. 53, da Lei 9.784/99 (Esfera Federal = Adm. Pública tem o dever de anular) www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 6 5.4. Anulação face à ilegitimidade - A anulação dos atos administrativos se efetiva em razão tanto de ilegalidade, como também face a ILEGITIMIDADE; - Ilegal é tudo que contraria a lei; - Ilegítimo é que viola o princípio de direito administrativo; Art. 37, caput, da CF Art. 2º e parágrafo único e art. 50, todos da Lei 9.784/99 OBS: Considerando que, em direito administrativo não existe uma codificação, o controle, inclusive judicial da atuação administrativa, se realiza em razão da observância dos princípios. Os princípios integram assim, o chamado regime jurídico administrativo; Regime jurídico administrativo é composto tanto pelas leis, como também pelos princípios; - Regime = modo de conduta; modo como se comporta a Administração Pública; - Princípios podem ser: a) Implícitos: não tem previsão expressa no ordenamento jurídico; podem ser dois: a.1. Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado; a.2. Indisponibilidade do Interesse Público; OBS: O interesse público se divide, doutrinariamente, em interesse público primário e no interesse público secundário; interesse público primário corresponde ao próprio interesse coletivo; interesse público secundário é o interesse do Estado (sentido amplo), enquanto pessoa jurídica; OBS: O interesse público secundário é defendido através da procuradoria jurídica do ente; o interesse público primário está dentro da tutela da ação popular e da ação civil pública, comumente utilizada pelo MP; b) Expressos: são divididos em dois grupos: www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 7 b.1. Art. 37 CAPUT da CF: princípios inerentes a atividade administrativa; LIMPE = Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência; Legalidade = expressa e estrita (essa legalidade estrita ou restrita não se confunde com a legalidade ampla que se aplica ao direto privado); Impessoalidade = proíbe a adoção de critérios pessoais quando da conduta administrativa, tendo em vista que, a sua finalidade é sempre a consecução do interesse público; esse princípio justifica a realização de concurso público; Moralidade = intimamente ligado a improbidade administrativa; Publicidade = impõe como regra a acessibilidade aos atos administrativos; Art. 5º, XXXIII e XXXIV da CF garantem o acesso a informação (os atos tem que ser públicos, acessíveis); “sigilo” = Lei 12. 527/11; o princípio da publicidade NÃO se confunde com a necessidade de publicação de todos os atos que partem da administração pública; Eficiência = EC19/98; reforma administrativa; b.2. Princípios expressos na Lei 9.784/99, Art.2º; são expressos na lei e implícitos na CF; Princípio da segurança jurídica, princípio da razoabilidade, princípio da proporcionalidade e princípio da motivação; Segurança Jurídica = esse princípio proíbe em nome da estabilidade social, a interpretação retroativa da lei em prejuízo aos administrados; Art. 2º, § único, XIII da Lei 9784/99; Princípio da Razoabilidade = impõe uma adequação entre os meios e os fins, buscados pela administração pública; ideia da razão; Princípio da Proporcionalidade = impõe que a energia despendida pela Administração Pública deve se dar NA MEDIDA necessária a proteção do interesse público; Princípio da Motivação = envolve atos; OBS: Em direito administrativo a Administração Pública somente pode fazer aquilo que é autorizado ou determinado em lei; www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 8 5.5. Anulação com efeitos ex nunc: atos ampliativos - A revogação atinge atos validos; provoca efeitos ex nunc; - A anulação atinge atos inválidos; provoca efeitos ex tunc; - A anulação também opera efeitos EX NUNC (excepcional); - A anulação dos atos administrativos pode gerar efeitos ex nunc, envolvendo os denominados atos ampliativos; - Esses atos ampliativos são os que geram efeitos FAVORÁVEIS para os destinatários, de modo que, em atenção aos princípios da segurança jurídica, da boa fé e da vedação ao enriquecimento ilícito do Estado, sua anulação quando possível terá efeitos apenas ex nunc (para o futuro); Art. 54, da Lei 9.784/99; 6. Normas e dispositivos legais pertinentes ao tema: ASSUNTO NORMA CONSTITUCIONAL LEI(S) CORRELATAS(S) PRINCÍPIOS E CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA . 37; . 5. LIV e LV . lei 9784/99 (arts. 2º e 50 – princípios do direito administrativo: segurança jurídica e RPM: razoabilidade, proporcionalidade e motivação) 7. Aspectos jurisprudenciais Súmulas 346 e 473 do STF 8. Questões sobre o tema QUESTÕES SOBRE O TEMA (EXTRAÍDAS DO NOSSO LIVRO DE DIREITO MATERIAL E QUESTÕES)® www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 9 OAB/NE/ 2006.3 O Presidente da Autarquia X solicitou do seu órgão de consultoria jurídica esclarecimento da possibilidade de se revogar um ato administrativo editado há 3 anos, com violação ao princípio da moralidade. – Com base na situação-problema acima, explique a distinção entre revogação e anulação do ato administrativo, abordando a competência do Poder Judiciário para revogar ou anular os atos administrativos e seus limites, bem como os efeitos retroativos,ou não, do ato que revoga ou anula. - hipótese de anulação do ato administrativo, tendo em vista que o ato que importa em violação aos princípios sendo um ato ilegítimo, cabendo, portanto, ao Poder Judiciário, se provocado, anulá-lo, com efeitos ex tunc. UnB / CESPE – OAB – Exame de Ordem 2007.1 Antes do advento da Constituição Federal de 1988, vários servidores públicos federais ascenderam ao cargo hierarquicamente superior dentro da estrutura da administração pública sem o devido concurso público. Recentemente, o Ministério Público Federal ingressou, tempestivamente, com ação civil pública visando anular o ato de nomeação e a posse desses servidores, ao argumento de sua inconstitucionalidade. Até o presente momento essa ação não foi julgada. – Nessa situação hipotética, seria possível a mencionada anulação, passados quase vinte anos? Quais seriam os efeitos da declaração judicial de anulação dos referidos atos? COMENTÁRIOS A doutrina especializada ensina que os atos administrativo submetem-se a um sistema de controle, através do qual podem ser anulados, em razão de ilegalidade ou ilegitimidade, ou revogados, por força de se mostrarem inconveniente ou inoportunos. www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 10 A hipótese em tela, entretanto, caracterizaa prática de atos administrativos ampliativos, quais sejam, aqueles que geram efeitos favoráveis aos administrados. Em atenção aos princípios da boa-fé e da segurança jurídica o direito da administração pública em anular esses atos decai contados 5 (cinco) anos da sua prática, consoante estabelece o art. 54 da Lei nº 9.784/99, abaixo transcrito: “Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.” No caso em tela, portanto, passados mais de 20 anos da ascensão funcional dos mencionados servidores, e não havendo qualquer indicativo da prática de má- fé (que, como se sabe, não se presume) não mais se faz possível a anulação desses atos pela administração ou pelo Judiciário. Desse modo, os efeitos da sentença somente se dariam em relação aos atos futuros, ou seja, “ex nunc”, proibindo-se, portanto, a repetição do ato que, efetivamente se mostra ilegal, já que o provimento em cargos públicos de caráter efetivo somente se perfaz através de concurso público, conforme Súmula 685 do Colendo STF. NOTA Observe que a matéria abordada nessa questão foi objeto de questionamento, anos mais tarde, pela própria OAB, cobrada na peça prático-profissional do Exame OAB/CESPE 2009.1. OU SEJA, como sempre digo: “QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA!!!” OAB/CESPE – DIVERSAS REGIOES/ 2007.2 Maria, servidora pública federal, recebeu uma parcela remuneratória em seu contracheque que não vinha recebendo antes. Ingressou com consulta acerca da regularidade do recebimento dessa parcela, e foi informada pelo órgão administrativo competente de que ela faria jus a essa parcela. No entanto, dois www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 11 anos depois, o mesmo órgão alterou sua orientação, afirmando que Maria não fazia jus a essa parcela. – Considerando a situação apresentada acima, responda, com fundamentação na Lei nº 9.784/1999, as perguntas a seguir: A mudança de orientação da administração pode retroagir para atingir as parcelas até então recebidas? Há algum princípio a ser utilizado em favor de Maria? Fundamentação e consistência – A mudança de orientação da Administração Pública não pode retroagir - Princípio da segurança jurídica - Princípio da boa-fé, da segurança jurídica e ainda da presunção de legitimidade que milita em favor dos atos administrativos. OAB/CESPE – DIVERSAS REGIOES/ 2007.3 Segundo entendimento já sedimentado na jurisprudência, a Administração Pública pode, por iniciativa própria, anular os seus atos, a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade, e se deles decorrerem efeitos favoráveis aos seus destinatários. Está correta esta afirmação? - A Administração pode anular os seus atos a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade (Enunciado no 473 do STF). - Caso decorram efeitos favoráveis aos seus destinatários de boa-fé, decai o direito de anulação dos atos administrativos em 5 anos, conforme o art. 54 da Lei no 9784/99. Exame de Ordem 2010.3 – Fundação Getúlio Vargas Questão 2 Ana Amélia, professora dos quadros da Secretaria de Educação de determinado Estado, ao completar sessenta e dois anos de www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 12 idade e vinte e cinco anos de tempo de contribuição, formulou requerimento de aposentadoria especial. O pleito foi deferido, tendo sido o ato de aposentadoria publicado no Diário Oficial em abril de 2008. Em agosto de 2010, Ana Amélia recebeu notificação do órgão de recursos humanos da Secretaria de Estado de Educação, dando-lhe ciência de questionamento formulado pelo Tribunal de Contas do Estado em relação à sua aposentadoria especial. Ficou constatado que a ex-servidora exerceu, por quinze anos, o cargo em comissão de Assessora Executiva da Secretaria de Estado de Administração, tendo sido tal período computado para fins de aposentadoria especial. Considerando a situação hipotética apresentada, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Indique o fundamento para a atuação do Tribunal de Contas do Estado, informando se o ato de aposentadoria já se encontra a p e r f e i ç o a d o . ( V a l o r : 0 , 5 ) b) Analise se o questionamento formulado pelo órgão de controle se encontra correto. (Valor: 0,5) ESPELHO Nos termos do artigo 71, inciso III, da CRFB, compete ao TCU – e, por simetria, aos Tribunais de Contas dos Estados – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de concessão de aposentadoria. De acordo com os precedentes do STF, os atos de aposentadoria são considerados atos complexos, que somente se aperfeiçoam com o registro na Corte de Contas respectiva. O questionamento formulado pelo órgão de controle encontra-se correto, pois o exercício de função administrativa, estranha ao magistério — como é o caso de cargo em comissão de assessora executiva na Secretaria de Administração –, não pode ser considerado para fins de aposentadoria especial de professores. A norma do artigo 40, §5º, CRFB, ao disciplinar a matéria, exige efetivo exercício das funções de magistério e o tema veio a ser objeto de súmula do STF (En 726). Obs.: É importante registrar que o art. 1º da Lei federal 11.301/2006, que acrescentou o § 2º ao art. 67 da Lei 9.394/1996 e que veio a ser declarado constitucional pelo STF, não repercute sobre a www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 13 questão, pois a situação-problema envolve cômputo, para fins de aposentadoria especial de professor, de função eminentemente administrativa, e não relacionada ao magistério. Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação: Item Pontuação Os atos de aposentadoria submetem-se ao registro perante os Tribunais de Contas, que apreciam sua legalidade, nos termos do artigo 71, inciso III, da CRFB 0 / 0,25 O ato de aposentadoria é complexo e somente se aperfeiçoa com o registro no Tribunal de Contas respectivo. 0 / 0,25 O exercício de função administrativa, estranha ao magistério, não pode ser considerado para fins de aposentadoria especial de professores (artigo 40, §5º, CRFB, que exige efetivo exercício das funções de magistério) 0 / 0,3 Referência ao Enunciado 726 do STF 0 / 0,2 COMENTÁRIOS: A competência do tribunal de contas do estado é estabelecida no art. 71, III, da CF, que prescreve: “Art. 71. Omissis ... III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, BEM COMO A DAS CONCESSÕES DE APOSENTADORIAS, REFORMAS E PENSÕES, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; Daí se vê tratar-se de um ato complexo, ou seja, depende da manifestação de vontade de outro órgão (no caso o Tribunal de Contas) para se aperfeiçoar no mundo jurídico. Registre-se que o art. 75 da CF determina a aplicação aos tribunais de contas estaduais (e municipais) as normas previstas no art. 71 (que trata da competência dotribunal de contas da união - TCU), em razão do princípio da simetria. Por sua vez, o art. 40 da CF estabelece as normas pertinentes ao regime previdenciário dos servidores públicos. O parágrafo 5º desse artigo é expresso ao instituir a necessidade de efetivo exercício para que o servidor possa gozar do www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 14 benefício da redução dos prazos. Veja-se: § 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, “a”, para o professor QUE COMPROVE EXCLUSIVAMENTE TEMPO DE EFETIVO EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES DE MAGISTÉRIO na educação infantil e no ensino fundamental e médio. No caso em tela, a servidora exerceu, por quinze anos, o cargo em comissão de assessora executiva da secretaria de estado de administração, tendo sido tal período computado para fins de aposentadoria especial, não fazendo jus, portanto, à aposentadoria especial. Nesse diapasão, ainda, é o entendimento sumulado no Colendo STF, conforme se vê do Enunciado da Súmula 726, literis: “Súmula 726 - Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula.” V EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2011.2 – FGV (Fundação Getúlio Vargas) Questão 3 Um órgão da Administração Pública Federal lançou edital de concorrência para a execução de obra pública. Logo após sua publicação, uma empresa interessada em participar do certame formulou representação ao Tribunal de Contas da União (TCU) noticiando a existência de cláusulas editalícias restritivas da competitividade. O TCU, então, solicitou para exame cópia do edital de licitação já publicado e, ao apreciá-lo, determinou a retificação do instrumento convocatório. Cumprida a determinação e regularizado o edital, realizou-se a licitação e o contrato foi celebrado com o licitante vencedor. Entretanto, durante a execução da obra, o TCU recebeu denúncia de superfaturamento e deliberou pela sustação do contrato, comunicando o fato ao Congresso Nacional. Considerando a situação hipotética narrada, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Foi juridicamente correta a atuação do TCU ao solicitar para exame o edital de licitação publicado? (Valor 0,60). b) O TCU tem competência para sustar a execução do contrato www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 15 superfaturado? (Valor 0,65). Comentários A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) estabelece a competência do Congresso Nacional para efetivar o controle financeiro das entidades da administração pública federal, que será exercido com o auxílio do órgão do Tribunal de Contas da União (TCU). Nesse contexto, a juridicidade da atuação do TCU em solicitar o exame do edital está prevista expressamente no art. 113, § 2º da Lei 8.666/1993, abaixo transcrito: “Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração responsáveis pela demonstração da legalidade e regularidade da despesa e execução, nos termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela previsto. ... § 2 o Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do sistema de controle interno poderão solicitar para exame, até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimento das propostas, cópia de edital de licitação já publicado, obrigando-se os órgãos ou entidades da Administração interessada à adoção de medidas corretivas pertinentes que, em função desse exame, lhes forem determinadas.” Quanto ao segundo questionamento, o TCU não tem competência para sustar o contrato superfaturado, atribuição esta a cargo do próprio Congresso Nacional. Apenas se transcorridos 90 dias e, assim, caracterizada a omissão do Congresso Nacional e do Poder Executivo, é que poderá o TCU deliberará a respeito da sustação do contrato. É o que se depreende da interpretação conjunta do art. 71, parágrafos 1º e 2º da CRFB, in verbis: “Art. 71... § 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará de imediato, ao Poder Executivo, as medidas cabíveis; §2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito;” Vale consignar, por derradeiro, que as normas que estabelecem as atribuições e composição do Tribunal de Contas da União previstas nos arts. 70 a 74 da CRFB aplicam-se, “mutatis mutandis”, aos tribunais de contas dos estados e dos municípios www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 16 (estes, onde houver), em razão da incidência do princípio da simetria, conforme igualmente expresso no art. 75 da Carta Magna. Espelho Em relação ao item a, foi juridicamente acertada a atuação do TCU ao solicitar o edital já publicado para exame, conforme previsto no artigo 113, §2º, da Lei 8.666/93. A solicitação foi motivada e casuística, conforme exige o Supremo Tribunal Federal. Por sua vez, em relação ao item b, o TCU não tem competência para sustar contratos administrativos. De acordo com a norma do artigo 71, §1º, da CRFB, a sustação da execução do contrato deve ser solicitada ao Congresso Nacional, que deverá deliberar em noventa dias. Somente após o prazo, sem manifestação do Congresso Nacional, é que o TCU poderá decidir a respeito. Distribuição dos pontos Item 1 Pontuação O TCU atuou corretamente (0,3), com base no artigo 113, §2º, da Lei 8.666/93 (0,3). 0 / 0,3 / 0,6 Item 2 Pontuação O TCU não tem competência para sustar o contrato pela necessidade de oficiar ao Congresso Nacional, conforme art. 71,§1º, da CRFB. 0 / 0,3 Se o Congresso Nacional não deliberar a respeito no prazo de noventa dias, o TCU decide, conforme art. 71, §2º, da CRFB. 0 / 0,35 OAB/CESPE – DIVERSAS REGIÕES/ 2007.3 – gabarito com padrões de respostas fornecidos pelo próprio CESPE Questão 5 www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 17 José Ricardo, aluno do curso de Matemática de certa universidade pública, impetrou mandado de segurança contra ato praticado pelo diretor acadêmico, consistente na negativa de sua matrícula na disciplina Cálculo IV por ausência de pré- requisito. Todavia, indicou como autoridade coatora o magnífico reitor da instituição de ensino, que prestou as informações no decêndio legal. Em preliminar, o reitor arguiu a sua ilegitimidade passiva ad causam e, adentrando no mérito, defendeu o ato praticado. – Considerando essa situação hipotética, responda, com a devida fundamentação legal, à seguinte pergunta: o juiz terá necessariamente de extinguir o feito por ausência de uma das condições da ação ou poderá apreciar o pedido? PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL – DIREITO ADMINISTRATIVO – QUESTÃO 5 Quesito avaliado Faixa de valores Atendimen to ao quesito 1. Correção gramatical (acentuação, grafia, pontuação) 2. Fundamentação e consistência 2.1. O juiz pode julgar o feito, consignando que ocorreu aencampação do ato por parte da autoridade superior 3. Domínio do raciocínio jurídico (adequação da resposta ao problema; técnica profissional e desenvolvimento da redação) 0,00 a 1,00 9. Questão (extra) sobre o tema (TRATAREMOS DESSAS QUESTÕES NA ÚLTIMA SEMANA DO NOSSO CURSO, QUANDO FAREMOS A REVISÃO DE DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL): . A Empresa Sanear fora declarada vencedora em determinado procedimento licitatório realizado pelo Município de Águas Límpidas para contratação de serviços de manutenção das redes de esgoto locais. www.cursocejus.com.br – josearas@ig.com.br – Twitter: @josearas – Facebook: ProfessorJoseAras 18 Dias depois, foi surpreendida por uma notícia jornalística de que "a licitação fora anulada por razões de interesse público". De posse de tal notícia, o representante da empresa dirigiu-se à Prefeitura e recebeu as seguintes informações: Do Presidente da Comissão de Licitação: “A anulação é ato discricionário, cabendo ao administrador escolher seu modo de realização, conteúdo, destinatários, conveniência e oportunidade, de modo tal que não feriu qualquer direito da licitante.” Do Secretário Municipal de Obras: “A Administração tem o dever de anular seus atos ilegais, a qualquer tempo, porque deles não se originam direitos, sendo vedada a apreciação judicial nesse caso.” Do Procurador do Município: “Não cabe ao Poder Judiciário controlar a discricionariedade administrativa. O mérito do ato administrativo é indevassável.” De um servidor público anônimo: “Eu acho que esse serviço deveria ser contratado pelo Estado, e não pelo Município. De todo modo, penso que eles deveriam ter comunicado ao senhor (representante da Empresa) antes de comunicarem aos jornais.” De posse de tais informações, o representante da Empresa Sanear dirige-se ao seu escritório, querendo saber de seu direito. Elabore PARECER que analise as inconsistências de cada uma das falas dos servidores públicos, indicando a ação cabível para reverter a situação e garantir a adjudicação.
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