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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE FÍSICA Elementos resistivos lineares e não lineares Engenharia Química – Física Experimental III Maringá, PR 26/02/2014 INTRODUÇÃO Algumas substâncias apresentam variação de resistência tão pequena que, dentro de limites, têm resistências praticamente constantes, sendo usadas na fabricação de resistores. Em geral a resistência elétrica dos materiais aumenta quando há a elevação da temperatura. O carvão, o vidro, o quartzo, a grafita e a porcelana são exceções; suas resistências diminuem quando a temperatura aumenta e vice-versa. O comportamento dos materiais quando submetidos a eletricidade é de suma importância, de modo que os objetivos deste trabalho são distinguir elementos resistivos lineares de não lineares, através de determinação experimental de suas curvas características e analisar a dependência da variação da resistência com a temperatura e iluminação para resistores de tungstênio, NTC e LDR. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A resistência elétrica de um corpo pode ser medida aplicando uma diferença de potencial entre seus extremos, gerando assim uma corrente entre os polos, podendo-se calcular sua resistência através da lei de Ohm: (2.1) onde ( V ) é a tensão aplicada nos extremos do condutor e ( i ) a intensidade de corrente gerada que atravessa o condutor. Quando a razão V/ i é uma constante, então o resistor obedece à lei de Ohm, mas nem sempre a resistência vai ser constante, ela pode variar, nos resistores cuja relação entre V e i não é linear, estes são chamados resistores não ôhmicos. Um exemplo de resistor não ôhmico é a lâmpada incandescente. Os dois gráficos abaixo mostram a diferença entre um resistor ôhmico e um não ôhmico. RESISTORES (TERMISTORES) PTC E NTC O NTC é um componente resistivo que responde com uma diminuição do valor ôhmico à medida que a temperatura se eleva (coeficiente negativo de temperatura), enquanto que o PTC possui característica inversa, responde com um aumento do valor ôhmico à medida que a temperatura se eleva (coeficiente positivo de temperatura). O comportamento destes resistores pode ser observado na Figura 2.2, para o PTC a resistência sobe junto com a temperatura, o NTC comporta-se de maneira contrária. Figura 2.2 - Comportamento dos resistores PTC e NTC. A relação entre a resistência e a temperatura é expressa através da seguinte equação: R=R0 [ 1+ ( T-T0 ) + ( T-T0 )2 + ( T-T0 )3 + ...] (2.2) RESISTORES VDR Certos resistores apresentam variação da resistência devido a diferentes tensões que lhes são aplicadas, este resistor é denominado VDR (Voltage Dependent Resistor), ou ainda conhecido como varistor. Os varistores estão sempre associados à proteção de fontes e circuitos de alimentação, pois seu funcionamento se baseia na forte condução, ou seja, na queda brusca da resistência com o aumento da tensão. CÉLULA FOTO RESISTIVA LDR Resistor dependente da luz, ou LDR, varia sua resistência elétrica de acordo com a quantia de luz que incide sobre ele. Na escuridão, um LDR tem uma resistência muito alta e assim impede a corrente de fluir em um trecho do circuito. Na luz, porém, a resistência é muito mais baixa e isso permite o fluxo de boa intensidade de corrente num certo trecho do circuito. Passando o LDR do escuro total para uma região de certa iluminação, verifica- se uma variação de resistência mais rápida, decrescendo com grande velocidade (cerca de 10 ms para passar de 1M ohms para 1000 ohms). Uma característica importante do LDR é o fato da variação de sua resistência frente a uma variação de iluminação independer do sentido de percurso da corrente que por ele circula. Existem LDR para potências altas e tensões de trabalho tão elevadas que podemos inclusive utiliza-las diretamente com a tensão da rede AC. Por isso, é perfeitamente possível o seu emprego em corrente alternada. A relação entre a resistência elétrica e a intensidade da luz incidente no LDR, pode ser expressa por: R=R0 L (2.3) Sendo R a resistência em ( ), L o fluxo luminoso sobre a área do LDR em “lux”, R0 e constantes sendo < 0. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO Materiais Utilizados Fonte de tensão DC, multímetros, resistor de porcelana, lâmpada 12V, NTC, LDR, cabos e jacarés, termômetro, sistema com NTC e sistema com LDR. Procedimentos Resistor de porcelana Mediu-se a resistência do resistor, após montou-se o circuito esquematizado na Figura 3.1. Figura3.1 Variou-se a tensão de saída na fonte de 2,0V em 2,0V até 20V, anotando a respectiva corrente em uma tabela V x i. Filamento metálico da lâmpada Substituiu-se o resistor de porcelana pela lâmpada de 12V, variando então a tensão de 1,0V, começando de 0,0V até 10,0V, anotando os resultados em uma tabela V x i. Resistor NTC Inseriu-se o termômetro no sistema com o NTC, ligando as extremidades do NTC ao ohmímetro e anotando o valor da resistência. Mediu-se também a temperatura inicial. Ligou-se o aquecedor a uma rede que fornece corrente alternada, anotando o valor da resistência do NTC de 2,0ºC em 2,0ºC, até atingir 70,0ºC. Foto resistor LDR Utilizando o equipamento descrito na Figura 3.2, ligou-se uma fonte DC que fornece corrente contínua a uma tensão de 3,0 V, afastou-se a fonte de luz do foto resistor de 0,5 cm em 0,5 cm, até 11 cm e anotaram-se os resultados numa tabela R x d. Figura 3.2 RESULTADOS Tabela 4.1 – Dados experimentais de tensão versus corrente, utilizando-se um resistor de valor nominal (18 x 102 ± 5%)Ω. V (Volt) i (mA) (0,000±0,001) (0,001±0,001) (2,001±0,001) (1,005±0,001) (4,01±0,01) (2,12±0,01) (6,00±0,01) (3,17±0,01) (8,00±0,01) (4,24±0,01) (10,01±0,01) (5,30±0,01) (12,00±0,01) (6,36±0,01) (14,00±0,01) (7,42±0,01) (16,00±0,01) (8,47±0,01) (18,01±0,01) (9,55±0,01) (20,01±0,01) (10,62±0,01) Tabela 4.2 – Dados experimentais de tensão versus corrente utilizando-se uma lâmpada de 12 Volts. V (Volts) i (mA) (0,000±0,001) (0,000±0,001) (0,998±0,001) (32,6±0,1) (1,997±0,001) (47,2±0,1) (2,998±0,001) (59,6±0,1) (3,997±0,001) (70,5±0,1) (4,99±0,01) (80,8±0,1) (5,99±0,01) (90,0±0,1) (7,02±0,01) (99,0±0,1) (7,99±0,01) (106,8±0,1) (9,01±0,01) (114,5±0,1) (10,00±0,01) (121,6±0,1) Tabela 4.3 – Dados experimentais de distância de uma fonte de luz a um foto resistor, capturados de uma célula fotoelétrica. d(cm) R (Ω) (0,00±0,25) (10,81±0,01)k (0,50±0,25) (17,04±0,01)k (1,00±0,25) (25,46±0,01)k (1,50±0,25) (35,81±0,01)k (2,00±0,25) (47,3±0,1)k (2,50±0,25) (63,2±0,1)k (3,00±0,25) (90,6±0,1)k (3,50±0,25) (121,7±0,1)k (4,00±0,25) (154,0±0,1)k (4,50±0,25) (178,5±0,1)k (5,00±0,25) (206,1±0,1)k (5,50±0,25) (244,0±0,1)k (6,00±0,25) (292,8±0,1)k (6,50±0,25) (335,0±0,1)k (7,00±0,25) (340,5±0,1)k (7,50±0,25) (363,0±0,1)k (8,00±0,25) (374,0±0,1)k (8,50±0,25) (0,480±0,001)M (9,00±0,25) (0,583±0,001)M (9,50±0,25) (0,683±0,001)M (10,00±0,25) (0,765±0,001)M (10,50±0,25) (0,843±0,001)M (11,00±0,25) (0,910±0,001)M Tabela 4.4 – Dados experimentais de resistência versus temperatura para o resistor NTC. R (kΩ) T (ºC) (9,51±0,01) (28,0±0,5) (8,63±0,01) (30,0±0,5) (7,70±0,01) (32,0±0,5) (7,31±0,01) (34,0±0,5) (6,60±0,01) (36,0±0,5) (6,28±0,01) (38,0±0,5) (5,82±0,01) (40,0±0,5) (5,39±0,01) (42,0±0,5) (4,99±0,01) (44,0±0,5) (4,63±0,01) (46,0±0,5) (4,37±0,01) (48,0±0,5) (4,12±0,01) (50,0±0,5) (3,80±0,01) (52,0±0,5) (3,56±0,01) (54,0±0,5) (3,30±0,01) (56,0±0,5) (3,12±0,01) (58,0±0,5) (2,90±0,01) (60,0±0,5)(2,71±0,01) (62,0±0,5) (2,55±0,01) (64,0±0,5) (2,37±0,01) (66,0±0,5) (2,25±0,01) (68,0±0,5) (2,13±0,01) (70,0±0,5) ANÁLISE DOS RESULTADOS Fazendo o gráfico V x i para o resistor de porcelana, temos: Figura 5.1 – Gráfico de V x i para o resistor de porcelana, obtido da Tabela 4.1. Observando a Figura 5.1 conclui-se que o resistor de porcelana é linear, portanto a razão entre a diferença de potencial aplicada e a intensidade de corrente que o atravessa é constante. Também da Figura 5.1, tem-se que: V α i Então: V = C i Fazendo análise dimensional: [C]= [V]/[i] = [Ω] Portanto, C = R, que é a resistência do resistor, e: R = (1884±5)Ω Como o valor nominal do resistor é de (1800±90)Ω, então o desvio percentual é: D% = 4,67% Com os dados da Tabela 4.2 obtêm-se o gráfico para a resistência da lâmpada de 12V. Figura 5.2 – Gráfico V x i para a lâmpada de 12V, obtido da Tabela 4.2. Do gráfico da Figura 5.2 fica claro que a razão entre a ddp aplicada e a intensidade da corrente que atravessa a lâmpada não é linear. Tomando-se dois valores arbitrários de tensão (3,5V e 9,5V), e utilizando o gráfico da Figura 5.3 para determinar a resistência do filamento de tungstênio, temos que a 3,5 V a resistência é de aproximadamente 52 Ω e a 9,5 V de 80 Ω, pode-se concluir então que, com o aumento da tensão aumenta também a resistência, de forma não linear, pois o gráfico é curvo. Da Tabela 4.4 obtemos o gráfico R x T para o resistor NTC, observando-o, percebe-se que a resistência decresce muito rapidamente com o aumento da temperatura, o que confirma as afirmações feitas na seção 2(a). Figura 5.3 - Gráfico R x T para o resistor NTC, obtido da Tabela 4.4. Fazendo um gráfico R x d-2 em escala log-log, utilizando os dados da Tabela 4.3 para a célula fotoelétrica, tem-se a Figura 5.4. Figura 5.4 – Gráfico log-log de R x d-2, obtido da Tabela 4.3 para a célula fotoelétrica. Do gráfico da Figura 5.4, e levando-se em conta que a intensidade luminosa de uma fonte puntiforme varia com o inverso do quadrado da distância, então: Ld2 = k E: d-2 = L/k (5.1) Do gráfico: log R = log R0 + α log d-2 (5.2) Aplicando a equação (5.1) na (5.2) e utilizando as propriedades dos logaritmos: log R = log R0(Lα/k) Elevando a 10 todos os termos da equação: R = R0(Lα/k) A menos da constante K, a equação (2.3) é verificada. A constante α é a inclinação da reta na Figura 5.4, portanto: α = -0,70 RESPOSTAS ÀS PERGUNTAS FEITAS Perguntas respondidas na análise dos resultados. Em papel milimetrado construa os gráficos V x i para o resistor de porcelana e lâmpada. Qual dos resistores é ôhmico? A partir do gráfico, determine o valor de R. compare com o valor medido e ache o desvio percentual. Utilizando o gráfico, calcule a resistência aparente do filamento de tungstênio para V = 3,5 V e V = 9,5 V. a que você conclui? Construa o gráfico T x R, para o resistor NTC. O que você conclui? Em papel di-log, construa o gráfico R x d-2. A partir do gráfico e levando em conta que a intensidade luminosa de uma fonte puntiforme varia com o inverso do quadrado da distância, isto é, Ld² = K, mostre que a equação R = R0Lα, a menos de uma constante, é verificada. Determine a constante α para o LDR utilizado. BIBLIOGRAFIA [1] HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S. Física 3. 5ª Ed. Rio de Janeiro, Editora LTC, 2011. [2] CAVALCANTI, P. J. M. Fundamentos de eletrotécnica. 17ª Ed. Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos S.A.
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