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1 Programa de Educação Continuada a Distância Curso de Fisiologia Geral Aluno: EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados Curso de Fisiologia Geral MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores MÓDULO I 1. INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA 1.1. A célula e seu funcionamento Não há vida sem as células. Esses pequenos compartimentos, limitados por uma membrana e preenchidos por uma substância aquosa repleta de compostos químicos (o citoplasma), desempenham em miniatura todas as funções vitais. A célula move-se, cresce, reage a estímulos, defende-se e se reproduz. Para manter rotina tão variada, a célula eucariota utiliza-se de um conjunto bem organizado de estruturas que lembram um pequeno complexo industrial. Cada estrutura, ou organela, tem funções definidas. 1.2. O transporte através da Membrana Celular Muitas das substâncias (gases, íons, açúcares, etc.) dissolvidas em nosso compartimento intracelular ou extracelular podem atravessar a membrana celular e passar de um compartimento a outro. Existem várias formas através das quais as diversas substâncias podem atravessar a membrana celular. As principais e mais bem conhecidas são: Difusão simples, difusão facilitada e transporte ativo. Na difusão simples, a substância passa de um meio a outro (do intracelular para o extracelular ou do extracelular para o intracelular) simplesmente devido ao movimento aleatório e contínuo da substância nos líquidos corporais, devido a uma energia cinética da própria matéria. Em tal meio de transporte não ocorre gasto de ATP(adenosina trifosfato) intracelular nem ajuda de carreadores. Podemos citar um exemplo de difusão simples: gases como oxigênio ou dióxido de carbono atravessam a membrana celular com grande facilidade, simplesmente se dissolvendo na matriz lipídica desta membrana (oxigênio e dióxido de carbono são lipossolúveis). Na difusão facilitada, a substância se utiliza também de seus movimentos aleatórios e contínuos nos líquidos corporais e passa também de um lado a outro da membrana celular. Porém, por ser insolúvel na matriz lipídica (não lipossolúvel) e de tamanho molecular grande demais para passar através dos diminutos "poros" que se encontram na membrana celular, a substância apenas se dissolve e passa através da membrana celular ligada a uma proteína carreadora específica para tal substância, encontrada na membrana celular (Figura1). Em tal transporte também não há gasto de ATP intracelular. Podemos citar um exemplo de difusão facilitada: A glicose é um importante monossacarídeo, que atravessa a membrana celular de fora para dentro da célula (do meio de maior concentração para o meio de menor concentração de glicose) ligada a uma proteína carreadora específica para glicose. FIGURA 1 – Difusão simples e difusão facilitada No transporte ativo, a substância é levada de um meio a outro através da membrana celular por uma proteína carreadora que é capaz, inclusive, de transportar esta substância contra um gradiente de concentração, de pressão ou elétrico (a 4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores substância pode, por exemplo, ser transportada de um meio de baixa concentração para um meio de alta concentração da mesma). Para tanto, O carreador liga-se quimicamente à substância a ser transportada através da utilização de enzima específica, que catalizaria tal reação. Além disso há um consumo de ATP intracelular para transportar a substância contra um gradiente de concentração. Podemos citar um exemplo de transporte ativo: Bomba de Sódio e Potássio que transporta constantemente, nas células excitáveis, através da membrana, íon sódio de dentro para fora e íon potássio de fora para dentro da célula. Ambos os íons são transportados contra um gradiente de concentração, isto é, de um meio menos concentrado para um mais concentrado do mesmo íon (Figura 2). FIGURA 2 – Transporte ativo 2. FISIOLOGIA DOS MÚSCULOS E DOS NERVOS 2.1. Potenciais de membrana e Potenciais de ação A eletricidade é um processo natural em nosso organismo e está envolvida na função específica de certas células especiais no cérebro e nos músculos estriados e lisos. Cada padrão de luz, som, calor, dor, cada piscar de olhos, estalar de dedos, cada pensamento, se traduz em uma sequência de pulsos elétricos. As células nervosas possuem propriedades similares às outras células em muitos aspectos: elas se alimentam, respiram, passam por processos de difusão e osmose em suas membranas, etc., mas diferem em um aspecto importante: elas processam informação. A habilidade das células nervosas processarem informação depende de 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores propriedades especiais da membrana do neurônio, a qual controla o fluxo de substâncias ao lado interno da célula (íons sódio, cálcio, potássio, etc). Os neurônios não existem isoladamente: eles também se conectam uns aos outros formando as chamadas cadeias neuronais, as quais transmitem informações a outros neurônios ou músculos. Por essas cadeias caminham os impulsos nervosos. Dois tipos de fenômenos estão envolvidos no processamento do impulso nervoso: elétrico e químico. Os eventos elétricos propagam um sinal dentro de um neurônio, e o químico transmite o sinal de um neurônio a outro ou a uma célula muscular. O "engate" ou junção entre um neurônio e outro, é denominado sinapse. Um impulso nervoso é a transmissão de uma alteração elétrica ao longo da membrana do neurônio a partir do ponto em que ele foi estimulado. A direção normal do impulso no organismo é do corpo celular para o axônio. Esse impulso nervoso, ou potencial de ação, é uma alteração brusca e rápida da diferença de potencial transmembrana. Normalmente, a membrana do neurônio é polarizada em repouso, sendo que o potencial é negativo (-70 mV). O potencial de ação consiste de uma redução rápida da negatividade da membrana até 0mV e inversão deste potencial até valores de cerca de +30mV, seguido de um retorno também rápido até valores um pouco mais negativos que o potencial de repouso de -70mV. O mais importante exemplo de transporte ativo presente na membrana das células excitáveis é a Bomba de Sódio e Potássio. Tal bomba transporta, ativamente e constantemente,íons sódio de dentro para fora da célula e, ao mesmo tempo, íons potássio em sentido contrário, isto é, de fora para dentro das células. Mas os íons (sódio e potássio) não são transportados com a mesma velocidade: A Bomba de Sódio e Potássio transporta mais rapidamente íons Sódio (de dentro para fora) do que íons Potássio (de fora para dentro). Para cada cerca de 3 íons sódio transportados (para fora), 2 íons potássios são transportados em sentido inverso (para dentro). Isso acaba criando uma diferença de cargas positivas entre o exterior e o interior da célula, pois ambos os íons transportados pela bomba (sódio e potássio) são cátions (com 1 valência positiva), e a Bomba de Sódio e Potássio transporta, portanto, mais carga positiva de dentro para fora do que de fora para dentro da célula. 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Cria-se assim um gradiente elétrico na membrana celular: No seu lado externo acaba se formando um excesso de cargas positivas enquanto que no seu lado interno ocorre o contrário, isto é, uma falta de cargas positivas faz com que o líquido intracelular fique com mais cargas negativas do que positivas. O gradiente elétrico então formado é conhecido como Potencial de Membrana Celular. Na maioria das células nervosas tal potencial equivale a algo em torno de 90mv. Quando a membrana de uma célula excitável realmente se excita, uma sucessão de eventos fisiológicos ocorrem através da tal membrana. Tais fenômenos, em conjunto, produzem aquilo que chamamos de Potencial de Ação. Geralmente a excitação ocorre no momento em que a membrana recebe um determinado estímulo. Alguns estímulos como: calor, frio, solução salina hipertônica ou hipotônica, ácidos, bases, corrente elétrica, pressão, etc. Algumas células desencadeiam o Potencial de Ação sem a necessidade de receberem estímulos, devido a uma alta excitabilidade que as mesmas apresentam. Tais células são denominadas auto-excitáveis, e os potenciais por elas gerados são denominados de potenciais espontâneos. Um típico potencial de ação em uma típica célula excitável dura apenas alguns poucos milésimos de segundo, e pode ser dividido nas seguintes fases: despolarização e repolarização. A despolarização é a primeira fase do potencial de ação. Durante esta fase ocorre um significativo aumento na permeabilidade aos íons sódio na membrana celular. Isso propicia um grande fluxo de íons sódio de fora para dentro da célula através de sua membrana, por um processo de difusão simples. Como resultado do fenômeno citado acima, o líquido intracelular passa a apresentar uma grande quantidade de íons de carga positiva (cátions) e a membrana celular passa a apresentar agora um potencial inverso daquele encontrado nas condições de repouso da célula: Mais cargas positivas no interior da célula e mais cargas negativas no seu exterior. O potencial de membrana neste período passa a ser, portanto, positivo (algo em torno de +45 mv). A repolarização é a segunda fase do potencial de ação e ocorre logo em seguida à despolarização. 8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Durante este curtíssimo período, a permeabilidade na membrana celular aos íons sódio retorna ao normal e, simultaneamente, ocorre agora um significativo aumento na permeabilidade aos íons potássio. Isso provoca um grande fluxo de íons potássio de dentro para fora da célula (devido ao excesso de cargas positivas encontradas neste período no interior da célula e à maior concentração de potássio dentro do que fora da célula). Enquanto isso, os íons sódio (cátions) que estavam em grande quantidade no interior da célula, vão sendo transportados ativamente para o exterior da mesma, pela bomba de sódio-potássio. Tudo isso faz com que o potencial na membrana celular volte a ser negativo (mais cargas negativas no interior da célula e mais cargas positivas no exterior da mesma). O potencial de membrana neste período passa a ser algo em torno de -95 mv. (ligeiramente mais negativo do que o potencial membrana em estado de repouso da célula). O repouso é a terceira e a última fase deste processo. É o retorno às condições normais de repouso encontradas na membrana celular antes da mesma ser excitada e despolarizada. Nesta fase a permeabilidade aos íons potássio retorna ao normal e a célula rapidamente retorna às suas condições normais. O potencial de membrana celular retorna ao seu valor de repouso (cerca de -90 mv.). Todo o processo descrito acima dura, aproximadamente, 2 a 3 milésimos de segundo na grande maioria das células excitáveis encontradas em nosso corpo. Mas algumas células excitáveis apresentam um potencial bem mais longo do que o descrito acima. As células musculares cardíacas, por exemplo, apresentam potenciais de ação que chegam a durar 0,15 a 0,3 segundos (e não alguns milésimos de segundo, como nas outras células). Tais potenciais, mais longos, apresentam um período durante o qual a membrana celular permanece despolarizada, bastante prolongado. Estes potenciais são denominados Potenciais em Platô. FIGURA 3 – O gráfico mostra o comportamento do Potencial de ação na célula. Na letra A da figura mostra uma visão esquemática do potencial de ação idealizado. Ilustra as suas várias fases à medida que ele percorre um único ponto da membrana plasmática. Na letra B do esquema mostramos registros reais de potenciais de ação que são comumente distorcidos em comparação às visões esquemáticas devido a variações nas técnicas eletrofisiológicas de registro. A velocidade de propagação do potencial de ação pode ser variada ao se variar o tempo de duração de alguma das duas fases da propagação. Contudo, a fase ativa costuma ser constante nas células, durando em torno de 4ms. Deste modo, a célula 9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores varia a duração da fase passiva, havendo dois modos básicos: Aumento ou diminuição do calibre do axônio ou célula. Maior ou menor isolamento da membrana (ao variar a espessura da mielina, se houver). O aumento do calibre do axônio ou célula provoca um aumento da velocidade de propagação do potencial de ação, pois há diminuição da resistência longitudinal, provocada por uma maior área de secção transversal. Em alguns axônios do polvo Atlântico, a velocidade de propagação do potencial de ação alcança velocidades superiores a 100 m/s, em virtude do calibre elevado e da mielina espessa. Outro fator fundamental para desencadear um potencial de ação é o tipo de bainha de mielina. A bainha de mielina é uma membrana lipídica modificada e espessada. Ela pode ser sintetizada por duas células: oligodendrócitos, no sistema nervoso central, e células de Schwann, no sistema nervoso periférico. A espessura da bainha de mielina é de acordo com o número de voltas que a membrana das células de Schwann ou dos oligodendrócitos dão em torno do axônio. Em axônios de calibre pequeno, não há mielina envolvendo; já em axônios de calibre grande, a mielina é mais espessada que os outros menores que a possuem. A bainha de mielina fornece um aumento do isolamento celular(aumento da resistência de membrana), em virtude de não haver canais de vazamento de membrana onde há mielina, deste modo, a fase passiva perde menos íons, o que aumenta a chance do potencial de ação ter sucesso. Além de não haver canais de vazamento de membrana, não há também praticamente nenhum tipo de canal de membrana quando há bainha de mielina (ex.: bombas de sódio e potássio), o que provoca para a célula uma menor necessidade de síntese protéica, ou seja, menos gasto energético. A bainha de mielina permite uma maior velocidade da fase passiva da propagação do potencial de ação (diminui a capacitância de membrana e aumenta a resistência de membrana). Além disso, diminui o número de fases ativas da propagação do potencial de ação, tornando a propagação mais veloz ainda. As fases ativas da propagação ocorrem em máculas da bainha de mielina, os nódulos da Ranvier. Neles, diferentemente da zona cercada por bainha de mielina, há abundância de canais de íon sódio voltagem-dependentes (densidade até quatro ordens de magnitude a mais que nas membranas amielínicas), o que permite a ocorrência do potencial de ação, que corresponde à fase ativa da propagação do potencial de ação. A distância entre os nódulos de Ranvier deve ser muito bem calculada pelas células, de modo que o potencial passivo chegue com íons suficientes para provocar o potencial de ação. A conseqüência da bainha de mielina queimar etapas na propagação, ao diminuir o número de potenciais ativos, são os movimentos saltatórios, que possuem este nome em virtude de haver a impressão de que os potenciais de ação saltam de nódulo em nódulo. FIGURA 4 – Estrutura e condução na bainha de mielina De acordo com a Figura acima, os cátions à esquerda, dentro da célula, são conseguidos a partir de um potencial de ação. Passivamente, eles se difundem para outro nódulo de Ranvier, onde gerarão um novo potencial de ação. 2.2. Contração do Músculo Estriado e Contração do Músculo Liso Para que um músculo, esquelético ou visceral, se ponha em ação, isto é, se contraia, deve ser excitado. Experimentalmente o músculo responde a diversos tipos de excitação: - excitações mecânicas, como são as determinadas por uma pancada, uma picada, um esmagamento etc.; - excitações térmicas, como o aumento de temperatura; 11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores - excitações elétricas; este tipo de excitação é o ideal porque o experimentador pode fazer variar a intensidade e o grau de excitabilidade do próprio músculo. No ser vivo, a excitação chega ao músculo através dos nervos motores. O músculo excitado responde ao estímulo contraindo-se. A contratibilidade é a característica essencial do músculo. O músculo excitado se deforma, se encolhe, aumenta de espessura, mas o seu volume total não muda. Diversa é a contração nos músculos estriados e nos músculos lisos. Os primeiros se contraem muito mais rapidamente do que os segundos. Uma vez contraído, o músculo se afrouxa, voltando à sua forma primitiva. O músculo é, portanto, dotado de elasticidade. Isto se pode constatar distendendo um músculo pelas suas extremidades: observa-se que o músculo retorna ao seu primitivo comprimento uma vez cessada a tração, com a condição de que esta não tenha sido muito forte ou muito violenta. A elasticidade do músculo é indispensável. O músculo deve, na verdade, voltar à sua forma primitiva para poder contrair-se de novo. Além disso, nos músculos considerados antagônicos, isto é, que desempenham funções opostas, têm lugar, contemporaneamente, dois fenômenos contrários: quando um deles se contrai o outro se afrouxa. Assim, quando dobramos o antebraço sobre o braço, temos a contração do bíceps e, ao mesmo tempo, o afrouxamento do tríceps, o músculo antagônico. Contraindo-se, os músculos esqueléticos agem sobre os ossos, que constituem verdadeiras "alavancas". Quando levantamos um peso com a mão, dobrando o cotovelo, o antebraço constitui a alavanca, a articulação do cotovelo é o ponto de apoio, a força desenvolvida pelos bíceps constitui a força motora e o peso a resistência. Os músculos realizam sempre um "trabalho". Em física, define-se o "trabalho" como o produto de uma força pelo deslocamento do ponto de aplicação dessa força. Mas os músculos realizam um trabalho mesmo sem deslocamento das alavancas ósseas. Para manter na respectiva posição a cabeça, o tronco e os membros, é necessária uma harmônica contração de diversos grupos musculares. A manutenção da posição ereta é, sob este ponto de vista, qualquer coisa de maravilhoso, porque a base da figura constituída pelo corpo humano é muito pequena e o centro de gravidade está situado muito no alto. O corpo tende a cair ora para diante e ora para trás, tanto para a direita como para a esquerda; apesar da nossa aparente imobilidade, somos constrangidos, para evitar a queda, a contrair, de momento a momento e no tempo oportuno, diversos grupos musculares. Que tudo impõe trabalho muscular fica demonstrado pelo fato que basta perder, mesmo por um único instante, a consciência, para cair no chão. O trabalho necessário para manter o equilíbrio se chama "trabalho estático" e é comparado ao trabalho fornecido pelo músculo para manter um peso a uma determinada altura. Para entendermos as características particulares da contração cardíaca é relevante recordarmos os mecanismos responsáveis pela capacidade contrátil do músculo estriado. No sarcômero, unidade contrátil do músculo encontra-se filamentos grossos e finos intercalados e dispostos como mostrado a seguir: FIGURA 5 – Filamentos finos e filamentos grossos O filamento grosso é composto por aproximadamente duzentas moléculas de miosina. A miosina é uma proteína formada por duas cadeias polipeptidicas pesadas e quatro leves; as cadeias pesadas possuem uma estrutura globular em suas extremidades denominada cabeça da miosina, e as duas cadeias pesadas formam uma dupla hélice deixando as cabeças livres na extremidade. As quatro cadeias leves se localizam na cabeça da miosina, duas em cada cabeça. Os corpos das moléculas de miosina formam a cauda do filamento grosso e dela saem proeminências da porção helicoidal da molécula, mantendo a cabeça longe do corpo: é o braço da molécula. O conjunto formado chama-se ponte cruzada. 13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores FIGURA 6 – Ponte Cruzada O filamento fino é composto por três proteínas, a actina, a troponina e a tropomiosina. A actina é a molécula central, que polimeralizada forma uma dupla hélice e contém os sítios de ligação com a miosina. A tropomiosina é uma molécula presa à actina de forma espiralada sobre a dupla hélice. A tropomiosina impede a ligação actina/miosina bloqueando o sítio de ligação. A troponina fica presa à molécula de tropomiosina, e possui três subunidades: uma com afinidade à actina, outra a tropomiosina e uma última ao Ca2+, a troponina regula o bloqueio do sítio de ligação feito pela tropomiosina. FIGURA 7 – Estrutura da actina, troponina e tropomiosina Os filamentos de actina e miosina têm uma grande afinidade e ligam-se facilmente sem a presença do complexo troponina/tropomiosina. Nota-seque esse complexo impede a ligação na ausência de Ca2+. O mecanismo de liberação do sítio de ligação actina/miosina começa com a chegada do potencial de ação à membrana do músculo, promovendo a entrada maciça de íons Ca2+ . Estes íons ligam-se à troponina C, causando uma mudança conformacional da mesma que se reflete na molécula de tropomiosina, que libera então os sítios da actina que estavam bloqueados. A interação actina/miosina se dá imediatamente desde que haja ATP e magnésio (ambos presentes em condições normais). A contração ocorre à medida que os filamentos finos deslizam sobre os grossos, encurtando o sarcômero: 14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores • A cabeça da miosina possui um sítio onde se liga uma molécula de ATP a ser hidrolisada em ADP e Pi, que permanecem fixos à cabeça, ocupando o sítio. Este estado permite que a cabeça se estenda em direção ao filamento fino; • Assim que o Ca2+ se liga à troponina C e o complexo troponina-tropomiosina libera o sítio de ligação actina/miosina, a ligação entre os filamentos ocorre; • Segue-se então o chamado movimento de tensão, que ocorre como decorrência da energia acumulada na mudança conformacional da cabeça da miosina em direção ao filamento de actina e da nova alteração conformacional da cabeça que se curva em direção do braço da miosina; • Este movimento provoca o deslizamento do filamento fino sobre o filamento grosso e permite a liberação do ADP e do Pi armazenados na cabeça da miosina; • O sítio é então ocupado por uma nova molécula de ATP e a cabeça se solta do filamento de actina; lembremo-nos que a cabeça só se ligou à actina devido à hidrólise do ATP e à mudança conformacional. Com a entrada de um ATP a molécula retorna à sua conformação original e promove a quebra do ATP em ADP e Pi para recomeçar o ciclo. No músculo estriado esquelético, a força da contração é determinada não só pela quantidade de Ca2+ disponível como também pela quantidade de fibras motoras ativadas. Cada fibra muscular é inervada por um neurônio, porém um mesmo neurônio inerva mais do que uma fibra. Este conjunto (neurônio + fibras por ele inervadas) é denominado unidade motora. A relação fibras/neurônio varia em cada tipo de músculo; em músculos cujos movimentos devem ser precisos a relação chega a ser de duas a três fibras por neurônio. Já em músculos cuja precisão não é tão necessária a relação é de centenas de fibras inervada por cada neurônio. A força da contração cardíaca não se deve à quantidade fibras ativadas primeiramente porque o coração não recebe inervação motora do sistema nervoso central, pois possui um sistema especializado de excitabilidade e condutibilidade: a fibra cardíaca é formada por muitas células individuais separadas entre si por discos intercalares que possuem uma resistência elétrica muito baixa em relação à membrana 16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores sarcoplasmática normal. A baixa resistência elétrica permite que o músculo cardíaco se comporte como um sincício onde as células são interligadas, o que implica na chamada lei do tudo ou nada - essa lei determina que uma vez que tenha chegado à membrana de uma miocélula um potencial de ação que se propaga por todas as demais, e logo todas irão se contrair quase que ao mesmo tempo e com mesma intensidade. O coração contrai de uma só vez ou simplesmente não contrai. 3. FISIOLOGIA DO CORAÇÃO O coração é um órgão oco e musculoso, especializado em bombear sangue para os pulmões, órgãos e tecidos. Localiza-se anatomicamente um pouco à esquerda do centro do tórax, no sentido antero-posterior, sendo que o ápice do coração é acentuadamente deslocado para a esquerda. A bomba cardíaca é, na realidade, formada por duas bombas distintas: o coração direito e esquerdo. Ou seja, constitui uma bomba muscular dupla e auto-reguladora. Cada uma dessas partes, as quais impelem sangue para os pulmões e para os tecidos, é formada por um átrio e um ventrículo. O átrio, segundo (Guytonet al., 1997), funciona como uma bomba de escorva para o ventrículo. Esse, por sua vez, é o grande responsável por impulsionar o sangue para a circulação pulmonar e sistêmica. O átrio direito recebe sangue venoso (carregado de dióxido de carbono CO2) pelas veias cavas superiores e inferior. Deve-se observar que a denominação “veia” corresponde a todo vaso cujo sangue chega ao coração, proveniente da circulação sistêmica. Normalmente, 75% do sangue que chega ao átrio direito flui diretamente para o ventrículo direito, mesmo antes que o átrio se contraia. Portanto, apenas um quarto do sangue é bombeado para o ventrículo pela contração atrial, sendo, por isso, os átrios considerados como bomba de escorva. O ventrículo direito, então, bombeia o sangue venoso, através da artéria pulmonar. Deve-se observar que a denominação “artéria”. FIGURA 8 – Vista anterior do coração FIGURA 9 – Vista lateral do coração 3.1. Características do Músculo Cardíaco O músculo cardíaco é encontrado nas paredes do tubo cardíaco embrionário e no coração do adulto e é derivado de uma massa restrita do mesênquima esplâncnico. As 17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 18 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores fibras são longas, ramificadas e apresentam um ou dois núcleos localizados centralmente na célula. O sarcoplasma próximo aos pólos nucleares contém muitas mitocôndrias que se localizam em cadeias entre os miofilamentos e os grânulos de glicogênio. A disposição dos miofilamentos forma estriações semelhantes às do músculo esquelético. O retículo sarcoplasmático no músculo cardíaco é menos organizado que o do músculo esquelético. Os túbulos T cardíacos ocorrem ao nível da linha Z. Na maioria das células, os túbulos T se associam com uma cisterna única e expandida do retículo sarcoplasmático, formando díades ao invés de tríades. As células musculares cardíacas formam áreas juncionais altamente especializadas nas extremidades celulares, conhecidas como discos intercalares. Eles favorecem o acoplamento elétrico entre fibras musculares cardíacas adjacentes e transmitem o estímulo para a contração de célula a célula. Há dois tipos de fibras musculares cardíacas. As fibras musculares cardíacas atriais são pequenas e possuem menos túbulos T que as fibras ventriculares. Elas contêm pequenos grânulos com um precursor do fator natriurético atrial, um hormônio secretado em resposta ao aumento do volume sanguíneo e que atua sobre os rins causando perda de sódio e água. As fibras musculares cardíacas ventriculares são maiores, contém mais túbulos T e não apresentam grânulos. As fibras musculares cardíacas se contraem espontaneamente com um ritmo intrínseco. O coração recebe inervação autônoma através de axônios que terminam próximos às fibras, mas nunca formam sinapses com as células musculares cardíacas. Os estímulos autônomos não podem iniciar a contração, mas podem acelerar ou retardar os batimentos intrínsecos. O estímuloque inicia a contração é gerado por um conjunto de células musculares cardíacas especializadas localizadas no nódulo sinoatrial e conduzido por outras células especializadas denominadas células de Purkinje para outras células musculares cardíacas. O estímulo é passado entre células adjacentes através de junções gap que estabelecem uma continuidade iônica entre fibras musculares cardíacas e que permite que elas trabalhem juntas como se fossem um sincício funcional. 19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 3.2. O Ritmo Cardíaco Há mais de 200 anos, Guyton et al., 1997, demonstraram que fenômenos elétricos estavam intimamente ligados às contrações rítmicas e espontâneas do coração. De fato, as células cardíacas são altamente excitáveis, ou seja, são capazes de gerar rapidamente, em suas membranas, variações nos impulsos eletroquímicos, os quais podem ser utilizados para a transmissão d sinais ao longo das membranas dessas células. Em condições normais, os potenciais de ação só podem ser conduzidos do sincício atrial para o sincício ventricular por meio de um sistema especializado de condução, o feixe atrioventricular (feixe AV), que é um feixe de fibras condutoras especializadas. A bomba cardíaca é dotada de um sistema especializado em gerar e conduzir impulsos elétricos, que compreendem desde de nodos, os quais são responsáveis pela origem desses impulsos, capazes de promover a contração de forma rítmica do músculo cardíaco, até feixes e vias, os quais, por sua vez, são especializados em conduzir os impulsos para todo o coração. O sistema rítmico e condutor do coração pode ser lesado em doenças cardíacas, em especial pela isquemia dos tecidos cardíacos, resultante do fluxo sangüíneo coronário insuficiente, o chamado infarto do miocárdio. A maioria das fibras cardíacas são dotadas da capacidade de auto-excitação, processo que pode provocar descarga e contrações automáticas e rítmicas. Todavia, o nodo sinusal (NSA) é o responsável por controlar, normalmente, a freqüência de batimento de todo o coração, por possuir uma auto-excitação em maior grau, e, portanto, gerar os impulsos elétricos que ocasionam toda a excitabilidade do coração. O nodo sinusal, segundo Guyton et al., 1997, é uma estrutura pequena, formada por músculo especializado em forma de elipse, com cerca de 3 mm de largura, 15 mm de comprimento e 1 mm de espessura. O NSA está situado na parede lateral superior do átrio direito, imediatamente abaixo ou quase ao lado do orifício da veia cava superior. FIGURA 10 – Vista lateral do ventrículo esquerdo As fibras do nodo sinusal possuem seu diâmetro, em média, 3 ou 4 vezes menores que as das fibras atriais circundantes, as quais estão conectadas diretamente às fibras sinusais. Assim sendo, qualquer impulso elétrico gerado pelo NSA se propaga imediatamente para todas as regiões dos átrios, em uma velocidade de aproximadamente 1m/s. Uma via especial, a faixa miocárdica interatrial anterior, conduz o impulso do NSA diretamente para o átrio esquerdo. A onda de impulsos elétricos, responsáveis pela excitação, que se prossegue inferiormente através do átrio direito finalmente alcança, por meio da vias internodais, o nodo átrio ventricular (NVA), considerada normalmente a única via de condução entre os átrios e os ventrículos. 20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores FIGURA 11 – Vista lateral do átrio esquerdo Já o nodo átrio ventricular, segundo Berne et al., 2000, tem comprimento de aproximadamente 22 mm, 10 mm de largura e espessura de 3 mm. Esse nodo situa-se posteriormente na face direita do septo interatrial, próximo ao óstio do seio coronário. Também mostra os intervalos de tempos, em frações de segundo, desde a geração do impulso cardíaco no NSA até sua passagem pelo septo ventricular. Nota-se um retardo de tempo na passagem do impulso dos átrios para os ventrículos, permitindo que os átrios esvaziem seu conteúdo sangüíneo nos ventrículos antes que comece a contração rítmica ventricular. O NVA continua como feixe de His, que dá origem a um ramo esquerdo no ápice do septo interventricular e continua como ramo direito. O ramo direito se divide em fascículos anterior e posterior. Cada ramo se divide progressivamente em ramos cada vez mais finos, os quais cursam pelas paredes internas das cavidades 21 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores ventriculares, retornado em direção à base do coração. Os terminais dessa complexa rede, que se espalham pelas superfícies subendocárdicas de ambos os ventrículos, são chamados de fibras de Purkinje, cujas fibras se disseminam por todas as regiões do miocárdio ventricular. FIGURA 12 – Esquema do sistema de condução cardíaca Segundo Berne et al.,2000, as fibras de Purkinje são as células mais largas do coração, tendo diâmetro de 70 a 80 micrômetros, o que lhes permitem condução rápida dos impulsos cardíacos, chegando a uma velocidade de condução de até 4 m/s. Essa alta velocidade permite a ativação rápida de toda a superfície endocárdica dos ventrículos. A Figura mostra a representação esquemática do potencial de ação cardíaco. Nela pode-se observar a presença dos platôs, tanto no músculo atrial, quanto no músculo ventricular, o que permite que a contração muscular seja mais prolongada. Durante o platô, a permeabilidade ao potássio é reduzida devido ao influxo excessivo do cálcio pelos canais específicos desse íon, retardando dessa maneira a volta do potencial ao seu valor de repouso. Quando os canais lentos de cálcio e sódio terminam por se fechar, ocorre o aumento instantâneo e rápido da permeabilidade da membrana ao potássio. A perda rápida de potássio pela fibra faz com que o potencial de membrana retorne ao seu valor de repouso, e é, assim, finalizado o potencial de ação. 22 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores FIGURA 13– Esquema de um potencial de ação Em termos do sistema cardiovascular, existem dois tipos principais de potenciais de ação: os potenciais de ação rápida e de ação lenta. O potencial de resposta rápida, que também se inicia com grande velocidade a partir do valor mais negativo de polarização da célula, é característico de células musculares atriais e ventriculares normais e das fibras de Purkinje. Nessas fibras, o potencial de membrana em repouso é entre –80 a –90 mV, sendo a velocidade de ascensão do potencial de ação em torno de 150 mV/s e uma velocidade de condução muito rápida. A rápida despolarização celular até o ponto de potencial limiar se deve, basicamente, pelo aumento extremamente rápido da permeabilidade de íons sódio (Na+) para o interior celular. Essa permeabilidade é resultado da abertura abrupta das comportas iônicas na membrana, que é representada pelo movimento através dos canais rápidos de sódio. Nesse período também ocorre a redução espontânea e rápida de íons potássio (K+). O potencial de ação lento é característico das células nodais sinusais e atrioventriculares normais, nas quais o potencial de repouso é de –40 a –70 mV, a velocidade de ascensão do potencial de ação é nomáximo de 10 V/s e a velocidade de condução do impulso é muito baixa. A despolarização lenta dessas células é devido às correntes lentas de influxo de Na+ e Ca++. A velocidade de despolarização é em torno de 5 MV/s. 23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores FIGURA 14 – Sistema de condução do coração e os potenciais de ação. Sabe-se que, normalmente, o impulso cardíaco origina-se no NSA. As fibras do nodo átrio ventricular, quando não são estimuladas por alguma fonte externa, apresentam atividade rítmica na freqüência intrínseca de 40 a 60 batimentos/minuto (bat/min) e as fibras de Purkinje apresentam ritmicidade entre 10 a 40 bat/min. Essas freqüências contrastam com a freqüência normal do nodo sinusal, que é de 70 a 80 bat/min. Isto se deve ao fato de que quando o NSA gera um impulso elétrico, a freqüência da descarga é bem maior que a do NAV ou da fibras de Purkinje. Cada vez que o NSA entra em atividade, seu impulso é conduzido para o NAV e para as fibras de Purkinje, descarregando suas membranas excitáveis. O NSA, o NAV e as fibras de Purkinje recuperam-se do potencial de ação, ficando hiperpolarizados quase que ao mesmo tempo. Mas o NSA se despolariza, liberando sua carga, muito mais rapidamente que qualquer das outras duas estruturas mencionadas. Dessa maneira, o nodo sinusal produz um novo impulso cardíaco antes que o nodo átrio ventricular ou as fibras de Purkinje possam atingir seus limiares para auto-excitação. Esse ciclo continua indefinidamente durante todo funcionamento do coração, com o nodo sinusal sempre excitando esses outros tecidos, potencialmente autoexcitáveis. 24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores FIGURA 15 – Estruturas responsáveis pela harmonia do ritmo cardíaco ---------- FIM DO MÓDULO I ---------- 25 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Curso de Fisiologia Geral MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 27 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores MÓDULO II 1.1. roeletrolíticos), ressalvando-se que algumas anomalias cardíacas não alteram es patológicas, ressalvando-se que algumas anomalias cardía l conectadas a um fio condutor) dispos xo QRS é comumente formado por três ondas distintas, a onda Q, a onda nto a onda P quanto os compo do estado de despolarização. Esse processo normalmente ocorre no músculo ventricular Algumas características do Eletrocardiograma O coração apresenta atividade elétrica por variação na quantidade relativa de ions presentes dentro e fora das células do miocárdio. Esta variação cíclica gera diferença de concentração dos referidos íons na periferia do corpo. Eletrodos sensíveis colocados em pontos específicos do corpo registram esta diferença elétrica. Eletrocardiograma (ECG) é o registro dos fenômenos elétricos que se originam durante a atividade cardíaca, auxiliar valioso no diagnóstico de grande número de cardiopatias e outras condições patológicas (ex.distúrbios hid o ECG. Eletrocardiograma (ECG) é o registro dos fenômenos elétricos que se originam durante a atividade cardíaca, auxiliar valioso no diagnóstico de grande número de cardiopatias e outras condiçõ cas não alteram o ECG. Esse registro é realizado através de um aparelho denominado eletrocardiógrafo. O eletrocardiógrafo nada mais é do que um galvanômetro (aparelho que mede a diferença de potencial entre 2 pontos) que mede pequenas intensidades de corrente que recolhe a partir de dois eletrodos (pequenas placas de meta tos em determinados pontos do corpo humano. O eletrocardiograma normal é composto por uma onda P, um complexo QRS e uma onda T. O comple R e a onda S. A onda P é produzida por potenciais elétricos gerados à medida que os átrios se despolarizam, antes de contrair-se. O complexo QRS se deve aos potenciais gerados quando os ventrículos se despolarizam, antes de contrair-se, isto é, conforme a onda de despolarização se propaga através dos ventrículos. Assim ta nentes do complexo QRS são ondas de despolarização. A onda T é devida aos potenciais gerados durante a recuperação dos ventrículos em 0,25 a 0,30 segundo após a despolarização, sendo após a despolarização, sendo essa onda conhecida como onda de repolarização. FIGURA 1 – Esquema das ondas eletrocardiográficas FIGURA 2 – Variações do complexo QRS 1. FISIOLOGIA DA CIRCULAÇÃO Os vasos sanguíneos são responsáveis pelo transporte do sangue, o qual contém gases, nutrientes e resíduos. Na circulação sanguínea, o coração lança o sangue a pressões elevadas através das artérias e este é transportado até chegar ao nível de capilares, onde ocorrem as trocas de substâncias. O leito capilar vai ser drenado por elementos venosos que fazem com que o sangue retorne ao coração. Os vasos sanguíneos são constituídos por três camadas de tecidos: túnica íntima, túnica média e 28 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores túnica adventícia. Estas camadas são mais definidas nas artérias e são ausentes nos capilares, onde distingüe-se apenas um endotélio. A Túnica íntima é constituída de células endoteliais pavimentosas simples que revestem a luz do vaso e um tecido conjuntivo subendotelial. A Túnica média é composta por células musculares lisas de disposição circular e de tecido conjuntivo fibroelastico. A Túnica média é mais proeminente nas artérias e pouco distinta nas veias. A Túnica adventícia é camada a mais externa, sendo constituída de tecido conjuntivo e pode conter músculo liso. É a camada mais desenvolvida nas veias. FIGURA 3– O esquema mostra as túnicas das veias e artérias 29 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores FIGURA 4 – Representação do lúmen e túnicas íntima, média e adventícia. 1.1. Funções especiais das Artérias As artérias são os vasos que, partindo dos ventrículos cardíacos, levam o sangue do coração a todas as partes do nosso corpo, dividindo-se em vasos mais finos, os capilares. A camada interna das artérias tem o nome de endotélio ou túnica interna. As paredes das artérias, ao contrário das veias, têm alguma resistência, fazendo com que mesmo quando não contêm sangue mantêm a sua forma tubular. O calibre (tamanho) das artérias pode ser maior ou menor, e a sua constituição também varia. No entanto, as artérias grossas e internas possuem fibras elásticas,como a aorta, que é a artéria mais grossa de todo o corpo. As artérias finas e superficiais têm uma quantidade menor de fibras elásticas, tendo assim maior quantidade de fibras de tipo muscular. É devido à elasticidade das artérias e ao bombeamento propulsor efetuado pelo coração que o 30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores sangue circula continuamente. É também devido a este fator que consegue-se determinar o número exato de pulsações por unidade de tempo. FIGURA 5 – Estrutura das artérias FIGURA 6 – Tipos de camadas arteriais 31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores FIGURA 7 – Imagem gerada o microscópio de uma artéria 1.2. Funções especiais das Veias Ao contrário das artérias, as veias são os vasos que levam o sangue de todas as partes do corpo até ao coração, chegando à aurícula direita. Em outras palavras veia é a designação genérica dos vasos sangüíneos que conduzem ao coração o sangue distribuído pelas artérias em todas as partes do corpo. Têm paredes delgadas que aumentam gradativamente de calibre até formar os grossos troncos que terminam no coração. As paredes das veias são menos resistentes e mais delgadas do que as das artérias embora apresentem três camadas. Visto que possuem uma quantidade menor de fibras elásticas e musculares, no entanto, quando não transportam sangue perdem a sua forma de cilindro. Mas, a superfície interna das veias possui uma série de pregas duplas que agem como verdadeiras válvulas que controlam, conforme o fecho e a abertura, para que o sangue no interior da veia siga a direção certa. 32 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Figura 8 – Estrutura das veias As veias levam o sangue de todos os órgãos até ao coração. Os problemas principais das veias são a inflamação, a coagulação e os defeitos que conduzem à dilatação e às varizes. Os membros inferiores contêm dois grupos principais de veias: as superficiais, localizadas na camada gorda por debaixo da pele, e as profundas, localizadas nos músculos. Existem veias curtas que ligam as superficiais com as profundas. Normalmente, a pressão do sangue em todas as veias é baixa; e nos membros inferiores, esta pressão baixa pode representar um problema. Quando uma pessoa está de pé, o sangue deve circular das veias dos membros inferiores para cima até chegar ao coração. As veias profundas desempenham um papel crucial na propulsão do sangue para cima, uma vez que ao estarem localizadas dentro dos poderosos músculos da panturrilha, estas veias são profundamente comprimidas em cada passada. Estas veias transportam 90 % ou mais do sangue que vai dos membros inferiores para o coração. 33 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores FIGURA 9 – Válvulas unidirecionais nas veias FIGURA 10 - Imagem microscópica das camadas das veias 34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 1.3. Funções especiais dos Capilares Os capilares sanguíneos, ou vasos capilares são órgãos do sistema circulatório com forma de tubos de pequeníssimo calibre (tamanho). Constituem a rede de distribuição e recolhimento do sangue nas células. Estes vasos estão em comunicação, por um lado, com ramificações originárias das artérias e, por outro lado, com as veias de menor dimensão. Os capilares existem em grande quantidade no nosso corpo. Podem deformar-se com muita facilidade, impedindo assim a passagem de glóbulos vermelhos. A parede dos capilares é constituída por uma única camada de células que é a túnica interna das artérias. É nas paredes dos capilares que ocorrem as trocas dos gases. As artérias, chegando à periferia do corpo humano, isto é, nos músculos, na pele e em todos os órgãos, se dividem em artérias sempre menores (arteríolas) até que o seu calibre se torna microscópico: é a este nível que têm lugar as trocas entre sangue e células. Estes vasos microscópicos chamam-se capilares e se formam nos órgãos e nos tecidos uma vasta rede. Os capilares confluem para pequenas veias (vênulas) que aos poucos se vão unindo umas com outras, tornam-se veias verdadeiras e trazem de volta o sangue ao coração. Do coração partem duas grandes artérias: a artéria pulmonar e a artéria aorta. Figura 11 – Representação da estrutura capilar sanguínea 35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores FIGURA 12 – A figura mostra a estrutura dos capilares sanguíneos FIGURA 13 – Estrutura capilar 36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 37 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 1.4. O papel da Regulação Humoral A regulação humoral da circulação significa a regulação por substâncias secretadas ou absorvidas para os líquidos corporais como hormônios, íons e assim por diante. Algumas dessas substâncias são formadas por glândulas especiais e, então, transportadas no sangue por todo o corpo. Outras são formadas em áreas localizadas de tecido em resposta a condições locais ou são liberadas por nervos excitados. Causam então efeitos circulatórios locais. Entre os fatores humorais mais importantes que afetam a função circulatória estão os seguintes: agentes vasoconstritores e agentes vasodilatadores. Os agentes vasoconstritores mais conhecidos são norepinefrina, epinefrina, angiotensina, vasopressina e a endotelina. A norepinefrina é um hormônio vasoconstritor especialmente poderoso. A epinefrina é menos e, em algumas instâncias, até causa discreta vasodilatação. Quando o sistema nervoso simpático é estimulado durante o estresse ou o exercício, as terminações nervosas simpáticas liberam norepinefrina, que excita o coração, as veias e as arteríolas. Os nervos também fazem com que as medulas adrenais secretem tanto norepinefrina quanto epinefrina no sangue. Esses hormônios, então circulam no sangue e causam quase os mesmos efeitos excitatórios sobre a circulação que a estimulação simpática direta, fornecendo assim um duplo sistema de controle. A angiotensina é uma das substâncias vasoconstritoras mais poderosas das que são conhecidas. Uma quantidade tão pequena como um milionésimo de grama pode aumentar a pressão arterial (PA) de uma pessoa por até 50 ou mais mmHg. O efeito da angiotensina é provocar constrição muito intensa das pequenas arteríolas. A verdadeira importância da angiotensina no sangue é que ela normalmente atua de forma simultânea sobre todas as arteríolas do corpo para aumentar a resistência periférica total, aumentando assim a pressão arterial. Por causa disso e de mais vários efeitos estimulatórios renaise adrenocorticais da angiotensina, este hormônio desempenha um papel integral na regulação da PA. A vasopressina, também chamada de hormônio antidiurético, é formada no hipotálamo, mas é transportada para baixo, ao longo do centro de axônios nervosos, para a glândula hipófise posterior, onde é finalmente secretada no sangue. A vasopressina é 38 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores ainda mais poderosa que a angiotensina como vasoconstritor, que talvez a torne assim a substância constritora mais potente do corpo. Normalmente apenas quantidades muito diminutas de vasopressina são secretadas. Entretanto, após a hemorragia grave que cause uma grande baixa da PA, a concentração de vasopressina pode subir o suficiente para aumentar a PA até 60 mmHg, em muitos casos, isto pode, por si só, trazer a PA quase de volta ao normal. A endotelina é um grande peptídeo com 21 aminoácidos que com pequenas quantidades pode causar uma vasoconstrição poderosa. Essa substância está presente nas células endoteliais de todos ou quase todos os vasos sanguíneos do corpo. O estímulo usual para a liberação é a lesão do endotélio, como a causada pelo esmagamento dos tecidos ou pela injeção de uma substância química traumatizante dentro do vaso sanguíneo. Após lesão grave do vaso sanguíneo, são provavelmente a liberação de endotelina local e a vasoconstrição subseqüente que impedem o sangramento profuso das artérias de até 5 mm de diâmetro, que foram abertas para lesão do esmagamento. Os agentes vasodilatadores mais importantes na regulação humoral são: bradicinina, histamina e prostaglandinas. Várias substâncias chamadas de cininas que podem causar vasodilatação potente são formadas no sangue e nos líquidos teciduais de alguns órgãos. Uma dessas substâncias é a bradicinina. As cininas são pequenos clivados por enzimas proteolíticas a partir de globulina alfa 2 no plasma ou nos líquidos teciduais. Uma enzima proteolítica de particular importância é a calicreína, que está presente no sangue e nos líquidos teciduais numa forma inativa. A calicreína é ativada pela maceração do sangue, pela inflamação do tecido e outros efeitos químicos e físicos semelhantes sobre o sangue ou os tecidos. Quando a calicreína é ativada, atua imediatamente sobre a globulina alfa 2 para liberar uma cinina chamada calidina, que é então convertida pelas enzimas dos tecidos em bradicinina. Uma vez formada, a bradicinina persiste por apenas alguns minutos porque é inativada pela enzima carboxipeptidase ou pela enzima de conversão, uma enzima que também desempenha um papel essencial na ativação da angiotensina. A bradicinina causa dilatação arteriolar muito potente e também permeabilidade capilar aumentada. A injeção, por exemplo, de 1 micrograma de bradicinina na artéria braquial de uma pessoa aumenta o fluxo sanguíneo do braço até seis vezes, e mesmo pequenas quantidades 39 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores ainda menores, injetadas localmente nos tecidos, podem causar edema acentuado por causa do aumento do tamanho dos poros dos capilares. Há razões para se acreditar que as cininas desempenhem papéis especiais na regulação do fluxo sanguíneo e no vazamento capilar de líquidos nos tecidos inflamados. Acredita-se também que a bradicinina participa da regulação do fluxo sanguíneo na pele e nas glândulas salivares e gastrointestinais. A histamina é liberada essencialmente em cada tecido do corpo quando este é lesado, inflamado ou sujeito a uma reação alérgica. A maior parte da histamina é derivada dos mastócitos nos tecidos acometidos e dos basófilos no sangue. A histamina tem poderoso efeito vasodilatador sobre as arteríolas e, como a bradicinina, também tem a capacidade de aumentar muito a porosidade capilar, permitindo o extravasamento tanto de líquido quanto de proteínas plasmáticas para dentro dos tecidos. Em muitas condições patológicas, a intensa dilatação arteriolar e a porosidade capilar aumentada, causadas pela histamina motivam o vazamento de tremendas quantidades de líquidos para fora da circulação e para dentro dos tecidos, induzindo ao edema. Os efeitos vasodilatadores e produtores de edema locais da histamina são especialmente proeminentes nas reações alérgicas. Quase todos os tecidos do corpo contêm quantidades pequenas a moderada de várias substâncias químicas aparentadas chamadas de prostaglandinas. Estas substâncias têm efeitos intracelulares especialmente importantes, mas, além disso, algumas delas também são liberadas nos líquidos teciduais locais e no sangue circulante em condições fisiológicas e patológicas. Apesar de algumas prostaglandinas causarem vasoconstrição, a maioria das mais importantes parece ser, sobretudo das agentes vasodilatadores. 1.5. O papel dos Rins na regulação da Pressão Arterial A elevação da pressão nas artérias pode ocorrer de várias maneiras. Por exemplo, o coração pode bombear com mais força, ejetando mais sangue a cada minuto. Outra possibilidade é as artérias de maior calibre perderem sua flexibilidade normal e tornarem- se rígidas, de modo que elas não conseguem expandir para permitir a passagem do sangue bombeado pelo coração. 40 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Assim, o sangue ejetado em cada batimento cardíaco é forçado através de um espaço menor que o normal e a pressão arterial aumenta. É isto o que ocorre em pessoas idosas cujas paredes arteriais se tornaram espessadas e rígidas por causa da arteriosclerose. De modo similar, a pressão arterial eleva em casos de vasoconstrição, quando artérias muito finas (arteríolas) se contraem temporariamente devido à estimulação nervosa ou por hormônios presentes no sangue. Uma terceira forma de elevação da pressão arterial é através do aumento do aporte líquido ao sistema. Isto ocorre quando os rins funcionam mal e são incapazes de remover a quantidade adequada de sal e água do organismo. O volume de sangue no corpo aumenta e a pressão arterial também. Por outro lado, se a função de bombeamento de sangue do coração diminui, se as artérias dilatarem ou se houver perda de líquido do sistema, a pressão arterial é reduzida. Os ajustes desses fatores são regidos por alterações da função renal e do sistema nervoso autônomo (parte do sistema nervoso que regula automaticamente muitas funções do organismo). O sistema nervoso simpático, o qual faz parte do sistema nervoso autônomo, aumenta temporariamente a pressão arterial durante a resposta de “luta ou fuga” (reação física diante de uma ameaça). O sistema nervoso simpático aumenta tanto a freqüência quanto a força dos batimentos cardíacos. Ele também produz uma contração da maioria das arteríolas, mas expande as arteríolas de determinadas áreas, como na musculatura esquelética, onde é necessária uma maior irrigação sangüínea. Além disso, o sistema nervoso simpático diminui a excreção renal de sal e água, aumentando assim o volume sangüíneo do corpo. O sistema nervoso simpático também libera os hormônios epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina), os quais estimulam o coração e os vasos sangüíneos. Os rins controlam a pressão arterial de vários modos. Se a pressão aumenta, os rins aumentam a excreção de sal e água, o que reduz o volume sangüíneo e faz a pressão retornar ao normal. Por outrolado, se a pressão cai, os rins diminuem a excreção de sal e água e, conseqüentemente, o volume sangüíneo aumenta e a pressão retorna ao normal. Os rins também podem elevar a pressão arterial secretando a enzima renina, a qual estimula a produção do hormônio angiotensina, o qual, por sua vez, desencadeia a liberação do hormônio aldosterona. Devido ao importante papel dos rins no controle da pressão arterial, muitas doenças e anomalias renais podem causar o aumento da pressão 41 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores arterial. Por exemplo, o estreitamento da artéria que irriga um dos rins (estenose da artéria renal) pode causar hipertensão. Da mesma forma, inflamações renais de diversos tipos e a lesão renal uni ou bilateral também podem provocar aumento da pressão arterial. Sempre que uma alteração provoca a elevação da pressão arterial, é desencadeado um mecanismo de compensação que procura compensar esse aumento e manter a pressão em níveis normais. Assim, um aumento no volume do sangue bombeado pelo coração, o qual tende a aumentar a pressão arterial, faz com que os vasos sangüíneos dilatem e que os rins aumentem a excreção de sal e água, o que tende a reduzir a pressão arterial. Entretanto, a arteriosclerose produz enrijecimento das artérias, impedindo sua dilatação, a qual auxiliaria na redução da pressão arterial aos seus níveis normais. Alterações arterioscleróticas renais podem comprometer a capacidade dos rins de excretar sal e água, o que contribui para a elevação da pressão arterial. Uma queda na pressão arterial (1) provoca a liberação de renina, uma enzima renal. Por sua vez, a renina (2) ativa a angiotensina (3), um hormônio que provoca contração das paredes musculares das pequenas artérias (arteríolas), aumentando a pressão arterial. A angiotensina também desencadeia a liberação do hormônio aldosterona pelas glândulas adrenais (4), provocando a retenção de sal (sódio) e a excreção de potássio. O sódio promove a retenção de água e, dessa forma, provoca a expansão do volume sangüíneo e o aumento da pressão arterial. FIGURA 14 – Esquema do controle da pressão arterial ------ FIM MÓDULO II ----- FIGURA 15 – Metabolismo e regulação dos agentes vasoconstritores e vasodilatadores 42 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores FIGURA 16 – Metabolismo da angiotensina e a influência na excreção de água e sódio FIGURA 17 – Ciclo da regulação da PA desde a pró-renina até angiotensina II ---------- FIM DO MÓDULO II ---------- 43 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Curso de Fisiologia Geral MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 45 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores MÓDULO III 1.1. Líquidos Extracelular e Intracelular imentos do organi o de ua e pelos eletrólitos é fundamental para a preven do gorduroso tem um baixo teor de lar corresponde à água do plasma sanguíneo (4%) e à água do líquido intersticial (16%). 1. FISIOLOGIA DOS RINS A troca de nutrientes e dejetos entre o sangue e os tecidos é realizada por uma extensão de capilares, equivalente a aproximadamente 700 metros quadrados. Aquelas trocas requerem a presença da água, como o meio nobre em que as células vivem e realizam as suas funções; a permanência da água nos diferentes compart sm pende da presença de um teor adequado de diversos eletrólitos. As alterações da distribuição da água e dos eletrólitos são bastante comuns e podem levar à complicações de extrema gravidade, ou mesmo determinar a morte do indivíduo. A circulação extracorpórea pode produzir distúrbios da composição hídrica e eletrolítica do organismo, capazes de gerar numerosas complicações. O reconhecimento das principais funções desempenhadas pela ág ção das complicações e suas seqüelas. A água corresponde à maior parte do peso dos indivíduos. Em um neonato, a água corresponde a cerca de 75 a 80% do peso. Aos 12 meses de idade o teor de água do organismo é de 65% e na adolescência alcança o valor de 60% no sexo masculino e 55% no feminino, que se mantém na vida adulta. Essa pequena diferença se deve à maior quantidade de tecido gorduroso no organismo feminino. O teci água em relação aos músculos e aos órgãos internos. A água do organismo está distribuída em dois grandes compartimentos: o intracelular e o extracelular. A água do interior das células (líquido ou compartimento intracelular), corresponde a cerca de 40% do total do peso do indivíduo, enquanto a água do líquido extracelular corresponde a 20%. O compartimento extracelu FIGURA 1 - teor de água dos diversos compartimentos do organismo e o volume total A água se desloca ativa e continuamente entre os diferentes compartimentos do organismo, regulando a sua composição. O fator determinante da movimentação da água entre os diversos compartimentos líquidos é o gradiente osmótico; a tendência natural da água é determinar o equilíbrio osmótico. O plasma e o espaço intersticial trocam água através das membranas capilares; o interstício e o interior das células trocam água através das membranas celulares. As proteínas do plasma são um importante regulador da quantidade e da distribuição de água, em virtude da pressão oncótica exercida pelas suas macromoléculas. O volume de um compartimento líquido do organismo, por exemplo, o líquido intersticial, pode ser medido, pela introdução de substâncias que se dispersam uniformemente pelo compartimento. O grau de diluição da substância, permite calcular o volume total do compartimento. Dentre as substâncias usadas com aquela finalidade, destacam-se a uréia, a antipirina, a tiouréia e outras marcadas com radioisótopos, como o deutério e a albumina. A água do organismo provém de duas fontes principais. A ingestão de líquidos e a água contida nos alimentos contribuem com cerca de 2.100 ml/dia para os líquidos do organismo, enquanto a oxidação dos carboidratos libera cerca de 200 ml/dia. As necessidades de água dos indivíduos variam de acordo com as taxas metabólicas e com a eliminação hídrica. As crianças de baixo peso necessitam mais água em relação aos adultos, em virtude do metabolismo mais acelerado que apresentam. De um modo geral, as necessidades de água de um indivíduo podem ser estimadas com base nas calorias metabolizadas, na superfície corporal ou em relação ao peso. O organismo humano necessita, diariamente, de 1.800ml de água, por cada metro quadrado de superfície 46 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa.Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores corporal. As necessidades de água dos diferentes indivíduos estão relacionadas na tabela 7.2, conforme o peso corporal. Aqueles valores referem-se à indivíduos sadios, sem disfunção renal, cardiovascular ou metabólica e, portanto, sem restrições à ingestão normal de água. As alterações da água consistem, principalmente, de desidratação, quando há perda excessiva de líquidos do organismo ou, ao contrário, hiperidratação, quando há oferta excessiva de líquidos ao organismo. FIGURA 2 - Intercâmbio líquido entre os diferentes compartimentos do organismo Na circulação extracorpórea, principalmente em crianças, não é rara a ocorrência de hiperidratação, causada pelo excesso de soluções cristalóides no perfusato. Devemos considerar que durante um procedimento cirúrgico, a administração de água e eletrólitos é feita pelo perfusionista através o perfusato; pelo anestesista, através das soluções venosas administradas durante a operação e pelo cirurgião, através da administração das soluções cardioplégicas, principalmente a cardioplegia cristalóide. Sem controle adequado, a soma dos volumes infundidos pode ultrapassar em muito, as necessidades diárias dos pacientes que, além de tudo, receberão mais líquidos no pós-operatório imediato. 47 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 48 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores A hiperidratação pode também ocorrer em pacientes com quantidades de proteínas abaixo do normal. A pressão oncótica do plasma fica reduzida e permite o extravasamento de líquidos do plasma para o espaço intersticial, especialmente se a oferta líquida não for adequadamente dimensionada. Quando há perda excessiva ou insuficiente administração de sódio, também pode ocorrer hiperidratação. A causa é a redução da pressão osmótica do líquido extracelular, em relação ao interior das células. A água passa do interstício para o líquido intracelular, para refazer o equilíbrio osmótico. O paciente hiperidratado pode apresentar edema de face ou generalizado, ascite, derrame pleural, insuficiência respiratória, astenia, desorientação, delírio e convulsões ou outras manifesta manifestações neurológicas. A migração da água entre os diferentes compartimentos, depende da concentração dos eletrólitos, para que o equilíbrio hídrico do organismo seja mantido. Os eletrólitos, quando em uma solução aquosa, comportam-se como íons. Os íons são a menor porção de um elemento químico que conserva as suas propriedades. Os cátions são os íons que tem carga elétrica positiva, como o sódio (Na+) e o potássio (K+). Os anions são os íons que tem carga elétrica negativa, como o cloro (Cl-) ou o bicarbonato (HCO2). O equilíbrio químico de uma solução significa a existência de igual número de cátions e anions. Os eletrólitos são quantificados em miliequivalentes, que correspondem à milésima parte de um equivalente grama, ou simplesmente equivalente. O equivalente de uma substância é a menor porção da substância, capaz de reagir quimicamente e, corresponde ao peso atômico ou ao peso molecular, dividido pela valência. Em geral, nos líquidos do organismo, os eletrólitos são considerados em termos de miliequivalentes por litro (mEq/l). Os líquidos orgânicos têm uma composição semelhante, sob o ponto de vista da atividade química e das pressões osmóticas. A natureza dos íons, contudo, difere entre os compartimentos intracelular e extracelular. O líquido extracelular inclui o liquido intersticial e o plasma sanguíneo. O liquido extracelular tem grandes quantidades de sódio e cloreto. O sódio é o cátion predominante do líquido extracelular, enquanto o potássio é o cátion predominante no líquido intracelular. Aproximadamente 95% do potássio existente no organismo estão situados no 49 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores interior das células. A distribuição do magnésio, como o potássio, também é predominantemente intracelular. Os principais eletrólitos celulares são o potássio, magnésio, fosfato, sulfato, bicarbonato e quantidades menores de sódio, cloreto e cálcio. O liquido intracelular possui grande quantidade de potássio e pequena quantidade de sódio e de cloreto. As grandes proteínas e alguns tipos de ácidos orgânicos ionizáveis existem exclusivamente no líquido intracelular; não existem no plasma e no líquido intersticial. As diferenças de composição entre os líquidos intracelular e extracelular são muito importantes, para o desempenho adequado das funções celulares. O liquido extracelular inclui ainda a linfa, o liquor, o liquido ocular e outros líquidos especiais do organismo, menos importantes em relação à regulação hídrica e eletrolítica. O plasma e o líquido intersticial são os grandes responsáveis pela regulação da água do organismo; a sua composição eletrolítica é praticamente a mesma, exceto pela presença das proteínas no plasma. Os íons presentes nos líquidos orgânicos desempenham funções essenciais à manutenção do perfeito equilíbrio funcional celular. O sódio é o cátion mais abundante no líquido extracelular; é fundamental na manutenção do equilíbrio hídrico. A perda de sódio causa redução da pressão osmótica do líquido extracelular, que resulta na migração de água para o interior das células. O aumento da concentração do sódio no líquido extracelular, ao contrário, aumenta a sua pressão osmótica e favorece o acúmulo de água no interstício, produzindo edema. O sódio também é importante na produção do impulso para a condução cardíaca e para a contração muscular. Um mecanismo especial chamado de bomba de sódio controla o fluxo de sódio e potássio através da membrana celular, mantendo o sódio no exterior e o potássio no interior das células. A concentração do sódio é controlada pelos rins, pela secreção de aldosterona e pela secreção do hormônio antidiurético. O potássio é o cátion intracelular mais importante; é transportado para o interior das células pelo mecanismo da bomba de sódio e tem ação fundamental na condução do impulso elétrico e na contração muscular. O acúmulo excessivo de potássio no líquido extracelular (hiperpotassemia) pode causar redução da condução elétrica e da potência 50 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores da contração miocárdica, levando à parada cardíaca em assistolia. Esse efeito do potássio é o princípio fundamental da sua utilização nas soluções cardioplégicas. O cálcio é essencial à formação dos dentes, ossos e diversos outros tecidos. É também um fator importante na coagulação do sangue. A presença de pequenas quantidades de cálcio é essencial à manutenção do tônus e da contração muscular, inclusive miocárdica; a deficiência do cálcio (hipocalcemia) pode produzir efeitos semelhantes aos do excesso de potássio. O magnésio é um íon importante na função de numerosas enzimas e participa ativamente no metabolismo da glicose, de diversos outros hidratos de carbono e das proteínas. Participa também, ativamente, nos processos da contração e irritabilidade neuromuscular; o seu excesso (hipermagnesemia) pode produzir relaxamento muscular, inclusive miocárdico, além de alterações da condução elétrica
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