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1 PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DA PRODUÇÃO AULA 6 Prof.a Dayse Mendes 2 CONVERSA INICIAL Caros alunos! Nesta última aula de Planejamento, Programação e Controle da Produção, temos por objetivos: Entender o que é o acompanhamento e controle da produção. Conhecer as várias atividades relativas ao acompanhamento e controle da produção. Conhecer ferramentas que auxiliem nas atividades de acompanhamento e controle da produção. Esta aula finaliza os conhecimentos sobre procedimentos de responsabilidade do PPCP, pois após todo o planejamento e programação da produção, faz-se necessário acompanhar as ações no processo produtivo de forma a alcançar aquilo que foi planejado. Vamos então conhecer como se controla a Produção! TEMA 1: ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO O PPCP é um ciclo de atividades dentro do sistema produtivo que se inicia com o planejamento das ações deste sistema produtivo e se encerra com o acompanhamento e o controle do que foi realizado por este sistema. Esta situação é demonstrada na Figura 1. Nela podemos observar que o acompanhamento se dá nos vários níveis do PPCP, desde o estratégico até o operacional. 3 Figura 1: visão geral do PPCP Fonte: Tubino (1997, p. 185). Russomano (1995, p. 303) conceitua Controle e Acompanhamento da Produção como a função do PCP responsável por fazer comparações rotineiras entre os resultados da produção e as solicitações de programação, detectando desvios assim como identificando e cobrando dos responsáveis suas correções. O objetivo das atividades de acompanhamento e controle da produção é garantir que todo o planejamento realizado se transforme nas ações necessárias 4 para que a produção seja eficaz, encerrando assim o ciclo de ações necessárias da demanda ao produto entregue ao cliente. Para atingir este objetivo, faz-se necessário identificar, observar e resolver todos os possíveis desvios e problemas que possam acontecer no processo produtivo, buscando agir tanto preventivamente quanto corretivamente ao se deparar com estas situações. Dessa forma, cumpre-se com a programação da produção. Tubino (1997, p. 184) comenta que quanto mais rápido se identificar os problemas, mais eficientes serão as ações do acompanhamento e controle da produção e, portanto, menores serão os desvios a corrigir, menor será o tempo e menores serão as despesas com ações corretivas. Assim, há a necessidade de se coletar e registrar todos os dados relativos à produção e, caso a produção real não seja como a planejada, devem ser tomadas as medidas necessárias, embora Tubino cite que ações como replanejamento devem ser evitadas, sendo um dos últimos recursos utilizados pelo PPCP. Russomano (1995, p.303) relata que descobrir a verdadeira causa de um desvio de produção não é uma tarefa simples, na medida em que uma série de situações podem ocorrer. O autor menciona alguns exemplos como a situação em que uma Ordem de Fabricação está em atraso, e que, ao verificar o porquê, o PCP descobre que uma das máquinas do processo produtivo está apresentando defeito com frequência. Como causas deste defeito, pode se ter uma manutenção feita de maneira incorreta, ou pode ser um estabelecimento incorreto da capacidade da máquina, forçando-a a trabalhar num ritmo que causa defeito, ou ainda uma matéria-prima fora de especificação que cria tensões extras na máquina, entre outras possibilidades. Dessa forma, os responsáveis pelo Controle devem ter domínio de todo o processo produtivo para conseguir uma detecção mais eficaz dos possíveis desvios. O controle da produção, segundo Gaither e Frazier (2002), deve ocorrer à medida que as atividades produtivas evoluem fisicamente, garantindo o desempenho oportuno das atividades dentro dos padrões de custo, prazo e qualidade. Assim, o controle deve ser um procedimento proativo dentro do sistema produtivo, podendo ser discreto (ou seja, em alguns pontos ou momentos do 5 processo produtivo), ou contínuo (ao longo de todo o processo). Mas é importante ressaltar que um programa de produção deve ser realístico e as ordens emitidas devem ter grandes possibilidades de serem executadas para que os programas de produção não fiquem desacreditados, ou seja, não basta ter um controle eficaz, as outras atividades do PPCP também devem estar adequadas. Sobre a questão de o processo de busca de informação ser contínuo ou discreto, Tubino (1997, p. 185) menciona que se deve observar a velocidade de obtenção das informações necessárias para se manter o processo produtivo adequado. O autor cita que há diferenças de acordo com o tipo produtivo, mencionando que no caso de processos contínuos ou em massa o feedback de informações também deve ser contínuo e rápido, em tempo real, pois os desvios podem ser grandes se houver atraso na informação. Por outro lado, num sistema por projetos, por exemplo, o feedback das informações pode ser discreto, em períodos semanais ou até maiores no tempo, pois as alterações do processo produtivo também são lentas e espaçadas no tempo. Tubino finaliza comentando que entre um extremo e outro busca-se compatibilizar a velocidade de coleta de informação com o tipo de sistema e com a velocidade de produção dos itens ou lotes de itens e que com a informatização destas informações há a real possibilidade de acompanhamento até em tempo real, embora não haja real necessidade de acompanhamento tão preciso em boa parte dos sistemas produtivos existentes. Para finalizar este tema, vale a pena comentar sobre a questão da responsabilização pelo cumprimento das atividades de acompanhamento e controle. Tubino (1997, p. 186) explica que em sistemas convencionais (empurrados) o PCP é responsável pela atividade. Já no sistema JIT (puxados), por conta de sua filosofia, a responsabilidade pelo acompanhamento e resolução dos problemas que se apresentam é conjunta entre o PCP e os funcionários do processo produtivo. TEMA 2: ATIVIDADES DE ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Para se exercer o acompanhamento e controle da produção, é necessário saber o que se precisa controlar. Cabe então ao responsável pelo PPCP conhecer as várias atividades de controle. 6 Favaretto (2007, p. 347) cita como principais atividades do processo de controle da produção: Controlar equipamento: nesta atividade se controla parâmetros como a vida útil de ferramentas, quantidades e motivos de paradas, regimes de funcionamento (operando, carregando, preparando e outros), rendimento e outros aspectos da utilização dos equipamentos do sistema produtivo; Controlar produção de itens: nesta atividade se gera informações sobre cada item, componente ou produto produzido em cada operação da produção; Controlar produção de ordens e lotes: nesta atividade se gera informações sobre a produção de ordens e de lotes para o controle da produção, acompanhando assim os programas de produção e sabendo quais operações de cada ordem já foram iniciadas ou finalizadas. Registrar informações de controle: nesta atividade se concentra e registra todas as informações de controle coletadas nas operações de produção. Para Lustosa et al. (2008, p. 203), as atividades de controle, de uma forma geral, são as que seguem: Comparar os resultados com os planos principais; Coletar e avaliar resultados parciais ou finais contra os padrões de desempenho; Criar os meios efetivos para medir as operações; Comunicarquais são os meios de medição e os parâmetros básicos; Transferir dados detalhados de forma que revelem as comparações e as variações; Sugerir e implantar as ações corretivas quando forem necessárias; Informar aos membros responsáveis sobre as interpretações. Reajustar o controle de acordo com os resultados aferidos. Especificamente, em relação ao controle na produção, Lustosa et al. (2008, p. 205-212) mencionam as seguintes atividades: Documentação de produção: esta atividade trata da criação de documentos padronizados referentes aos produtos e às ordens de produção. 7 Verificação de mão de obra disponível: esta atividade inclui a verificação do cumprimento de horários dos funcionários e de seu tempo de permanência no trabalho, buscando conciliar este tempo com o tempo gasto em cada trabalho. Monitoração de requisição interna de materiais: nesta atividade se coordena a entrega de material necessário no sistema produtivo junto ao estoque, contribuindo para a minimização dos estoques em processo. Controle das ferramentas: nesta atividade se acompanha a retirada no estoque e a movimentação pela produção das ferramentas do sistema produtivo. Monitora-se também a volta das ferramentas para reafiação, calibragem e outras atividades de manutenção. Finalmente, verifica-se a vida útil das ferramentas bem como a necessidade de substituição. Monitoração da distribuição e alocação de trabalhos: nesta atividade se garante que a alocação dos recursos necessários à produção estará disponível no momento certo. Assim, observa-se a alocação de materiais e ferramentas, de máquinas, de operadores, de fila de espera, e faz-se os ajustes necessários para garantir que as ordens de produção sejam cumpridas. Controle do progresso das ordens de produção: algumas ordens de produção podem ser, eventualmente, atrasadas ou apressadas. Cabe ao controle a atividade de reorganizar as prioridades das ordens para que altere seus prazos. Controle das ocorrências na produção: nesta atividade se recebe a informação de ocorrências na produção, como o término de preparação de uma máquina para início da produção, uma quebra de equipamento, ou modificações na sequência de produção, entre outras situações. Controle e monitoramento da qualidade: nesta atividade se verifica se os padrões determinados são seguidos e detectar a tempo eventos fora do padrão ou a perda de padrão em um determinado lote, bem como fazer análise de refugos e de outras situações anômalas para a garantir a devida ação corretiva. Vale comentar ainda que o controle da qualidade pode ser um evento discreto ou um evento contínuo, porém, segundo os autores, o contínuo pode ter um custo maior. Controle da manipulação e/ou manuseio de materiais: nesta atividade se verifica se a movimentação de materiais está sendo realizada de maneira adequada, 8 evitando custos, atrasos ou geração de defeitos nos materiais. Deve-se acompanhar ainda a finalização do trabalho de produção para a retirada/recolhimento dos materiais não utilizados. Controle e monitoração das máquinas: nesta monitoração, inclui-se o ajuste automático dos parâmetros de funcionamento das máquinas, como velocidade de corte, temperatura de funcionamento, vibração, entre outros fatores, observando estes parâmetros dentro das tolerâncias e os avaliando. Russomano (1997, p. 304-309), por seu turno, propõe outra forma de classificar os vários possíveis controles, por meio do que ele denomina níveis na produção. São quatro níveis: Nível de produção global: neste nível se faz acompanhamento entre as quantidades completadas de produtos com as planejadas no Plano Mestre de Produção. Nível de ordens de produção: neste nível se busca observar se os prazos entre as diversas ordens (fabricação, montagem, compra) estão consistentes para que não ocorram atrasos na produção. Nível de lista de itens críticos: neste nível o autor recomenda que se tenha uma lista de itens que sejam críticos no sistema produtivo para que estes tenham um acompanhamento específico. Nível de seção de fabricação (centro de produção): neste nível se acompanha com o pessoal dos centros de produção o real atendimento do programa de produção e as ações corretivas necessárias no nível operacional. A lista de atividades a serem acompanhadas e controladas pelo PCP é grande, e a forma de agrupá-las depende da organização e do que ela entende ser mais importante a monitorar em seu sistema produtivo, bem como do próprio tipo de sistema produtivo implementado. Sistemas puxados e sistemas empurrados terão formas diferentes de monitoração e cada um deles exige ferramentas diferentes de controle. Algumas ferramentas serão explanadas nos próximos temas. 9 TEMA 3: FERRAMENTAS DE CONTROLE Existem diferentes ferramentas de acompanhamento e controle da produção, de forma a facilitar o alcance das metas produtivas, seja verificando seu alcance, seja proporcionando a possibilidade de replanejamento caso necessário. Conforme Santos (2015, p. 145), as ferramentas fornecem dados que ajudam a compreender a razão dos problemas de modo que seja possível eliminar os problemas e suas causas. A seguir são apresentadas algumas das ferramentas de uso mais comum para o acompanhamento e controle da produção. 3.1. Diagrama de Ishikawa ou Espinha de Peixe O Diagrama de Ishikawa é usado para pesquisar as raízes dos problemas e indicar todas as possíveis causas daquele problema. Por isso também é chamado de diagrama de Causa e Efeito. A ferramenta é utilizada observando-se recursos relevantes no sistema produtivo, quais sejam: Mão de obra; Material; Meio ambiente; Método; Máquina; e Medida. Identifica-se o problema e a partir daí as causas possíveis em cada um dos recursos envolvidos, separando as causas em níveis: principais, secundárias, terciárias, e assim sucessivamente. Depois de analisadas as causas, buscam-se as soluções, uma por uma, até resolver todo o problema. Figura 2: Diagrama de Ishikawa Fonte: <http://www.industriahoje.com.br/diagrama-de-ishikawa>. 10 3.2. Folhas de verificação Santos (2015, p. 148) define Folha de verificação como uma tabela ou planilha simples, cujo objetivo é coletar e analisar dados de maneira simplificada para que seja fácil e concisa. Nessa ferramenta, registram-se os dados dos itens a serem verificados, e se obtém uma rápida percepção da situação, de forma a ser possível atuar sobre o problema, reduzindo erros. Quadro 1: Exemplo de Folha de Verificação Lote Característica 1 2 3 4 5 6 7 Bolhas x x Manchas Rugosidade x x x Descolamento x x Ferrugem x x Fonte: Santos (2015, p. 148). 3.3. Diagrama de Dispersão O diagrama de dispersão demonstra o que acontece em uma variável quando a outra sofre algum tipo de modificação, possibilitando a identificação de tendências nas situações analisadas. Figura 3: exemplo de gráfico de dispersão Fonte: o autor. 11 3.4. Controle estatístico de processo (CEP) e Gráfico de Controle O CEP é uma ferramenta utilizada diretamente no sistema produtivo, de modo a acompanhar o desempenho do processo, mantendo este dentro dos limites planejados como aceitáveis para seu funcionamento. Visto que um processo sempre possuirá algumas variações, cabe ao gestor do processo definir a tolerância destas variações e acompanhá-las. Para tanto, são utilizadas algumas ferramentas estatísticas básicas, como média e amplitude. Verificada alguma situação fora da amplitude de variação definida, deve-se verificar a causa desta variaçãoe buscar a solução. Ainda se usa de outra ferramenta denominada carta de controle que dá a visualização destas variações no processo. Figura 4: exemplo de gráfico de controle Fonte: <http://www.esalq.usp.br/qualidade/mod4/pag4_4.htm>. 3.5. Diagrama de Pareto Um diagrama de Pareto é uma ferramenta que tem por objetivo mostrar quantos defeitos foram gerados por uma determinada causa. No processo produtivo, esta ferramenta é usada em especial para identificar e avaliar não conformidades surgidas ao longo do processo produtivo. O diagrama de Pareto está relacionado à Lei de Pareto. Pareto identificou que um número pequeno de causas produz a 12 maioria dos problemas em uma determinada situação. Denomina-se essa situação de princípio 80/20, em que 80% dos problemas se devem a 20% das causas. Dessa forma é possível priorizar as soluções naqueles 20% de causas, pois se resolverá 80% dos problemas. Figura 5: exemplo de Diagrama de Pareto Fonte: <http://wpm.wikidot.com/tecnica:diagrama-de-pareto>. Existe uma série de outras ferramentas, normalmente associadas ao controle de qualidade da organização, que pode ser utilizada no processo produtivo. Assim, essas e outras ferramentas podem ser estudadas com maior profundidade em disciplinas de Gestão da Qualidade. TEMA 4: O CICLO PDCA PARA CONTROLE DE PROCESSOS O ciclo PDCA é um método de gestão proposto pelo TQC (Total Quality Control) para a melhoria dos processos organizacionais. O PDCA é um método de 13 melhoria contínua, na medida em que sua filosofia reside na ideia de um movimento cíclico sem fim e pode ser usado por todas as áreas de uma organização. No caso específico do processo produtivo, o melhoramento contínuo deve ser uma meta. Assim, o uso de métodos que facilitem este melhoramento é fundamental. Neste sentido, o PDCA auxilia o processo produtivo em seu aperfeiçoamento a cada dia, buscando a melhoria das medidas de desempenho e ajustando as causas de falhas e perdas no processo. De acordo com Tubino (1997, p. 190-191), o método PDCA é composto de quatro etapas distintas, que são: PLAN (planejar): nesta etapa, que inicia o giro do ciclo, estabelece-se os objetivos que se quer alcançar com o processo, ou seja, as metas sobre os itens de controle do processo, decidindo também sobre os métodos a serem empregados para atingir as metas. Nessa etapa, o PCP atua em conjunto com outros participantes do processo produtivo para estabelecer os itens de controle e os procedimentos-padrão para atingir as metas. DO (executar): nesta segunda etapa do ciclo dá cumprimento aos procedimentos-padrão planejados na etapa anterior. Inicia-se a execução pela capacitação das pessoas que executarão o trabalho para que conheçam esses procedimentos. Executa-se o trabalho e se coletam os dados necessários para a próxima etapa. O PCP participa desta etapa dando suporte ao treinamento dos funcionários para o uso adequado da documentação de PCP, que emite ordens de fabricação e montagem, bem como o preenchimento desta documentação. CHECK (verificar): na terceira etapa do ciclo, faz-se a verificação, utilizando os dados coletados na etapa anterior, para conferir se os padrões estabelecidos estão sendo cumpridos ou se há desvios no padrão. Esta etapa é a base da função de acompanhamento e controle a ser executada pelo PCP. ACT (agir corretivamente): finalmente, na última etapa do ciclo, visa-se eliminar definitivamente os desvios observados durante a terceira etapa. O objetivo é que um problema resolvido nunca mais se repita. A ação nesta etapa acontece em dois momentos distintos: sobre o resultado do problema, e sobre a causa do problema. Quanto ao resultado do problema, busca-se colocar o processo com desvio em 14 funcionamento adequado. Quanto à causa do problema, procura-se sua origem para ajustá-la de modo a não provocar mais o problema. Cabe ao PCP, em especial, buscar soluções rápidas no caso de problemas de cumprimento do programa de produção. Como exemplo, Tubino (1997, p. 191) comenta da possibilidade de se encontrar uma ordem de fabricação em atraso. Ao verificar esta situação, o PCP deve apressá-la fazendo um novo sequenciamento, de forma a colocá-la novamente no prazo correto. Após isso, deve verificar qual foi a origem do atraso para identificar a causa, corrigi-la e iniciar um novo ciclo. Figura 6: Ciclo PDCA Fonte: <http://www.123rf.com/stock-photo/pdca_cycle.html>. No que diz respeito especificamente ao acompanhamento e controle da produção, a etapa mais relevante do PDCA é a verificação. Nela, conforme Tubino (1997, p. 191), é função do PCP manter gráficos de controle dos itens de controle relacionados à programação da produção para rápida identificação dos possíveis problemas que possam surgir no processo produtivo. Tubino ressalta que, caso não existam problemas, a rotina de trabalho é mantida e, caso surjam desvios, há a necessidade de agir corretivamente. Assim, a cada nova ocorrência de identificação 15 e sua solução, o processo produtivo será melhorado, passando a um patamar superior de qualidade. Para finalizar, é interessante ressaltar que algumas organizações utilizam uma nova versão deste método, denominado PDCL, sendo o L de Learn – Aprender. Entende-se com este aprimoramento do método que não basta agir corretivamente. Deve-se também aprender a cada novo ciclo de maneira a manter a filosofia de melhoria e aprendizagem contínua. Assim, no caso da produção, as atividades produtivas são planejadas, implementadas e executadas. O cumprimento dos padrões estabelecidos no planejamento é verificado e se providencia, caso necessário, ações de melhoria preventiva ou corretiva. Os resultados são avaliados e melhorias são implementadas, gerando, assim, o aprendizado. Figura 7: ciclo PDCL Fonte: FNQ (2014, p. 15). TEMA 5: CONTROLE POR MEIO DE INDICADORES DE DESEMPENHO Indicadores de desempenho são formas de quantificar características de produtos e processos de modo a acompanhar e melhorar os resultados destes ao longo do tempo. Assim, são uma forma de obter as informações necessárias 16 para acompanhar e controlar os procedimentos organizacionais, dentre eles os produtivos. Os indicadores devem ser desenvolvidos de modo a gerarem informação útil e relevante para o efetivo acompanhamento das atividades produtivas. Conforme Lustosa et al. (2008, p. 212-213), os principais atributos dos indicadores são: Adaptabilidade: capacidade de o indicador dar resposta às mudanças de comportamento e exigências dos clientes, podendo ser desnecessários a qualquer momento e, portanto, ter de ser substituídos; Representatividade: o indicador deve captar as etapas mais importantes e críticas dos processos, no local certo, para ser representativo e abrangente; Simplicidade: o indicador tem de ser fácil de aplicar e ser entendido; Rastreabilidade: facilidade de identificar a origem dos dados, seu registro e manutenção; Disponibilidade: facilidade de acesso para coleta, disponível a tempo; Economia: não se deve gastar muito tempo procurando dados, e o custo de obtenção destes deve ser menor que o benefício de obtê-los; Praticidade: o indicador deve funcionar na prática para tomada de decisões. Ainda conforme Lustosa et al. (2008, p. 214), medir o desempenho de um processo é quantificar sua ação. Dessa forma, medir o desempenho da produção é quantificar suas ações em termos dos critérios de desempenho apresentados no Tema 1 da Aula 3, quais sejam: custos, qualidade, desempenho de entregas e flexibilidade. Portantoé preciso criar indicadores que meçam as ações de cada um destes critérios. Como a intenção é medir quantitativamente estas ações, é necessário criar fórmulas para cada indicador desenvolvido. No Quadro 2, seguem alguns exemplos de fórmulas para indicadores do processo produtivo. Quadro 2: fórmulas para cálculos de índices de controle Características Item de controle Fórmula Confiabilidade do produto Índices de atendimento pós- vendas Quantidade de atendimentos no semestre 17 Satisfação dos trabalhadores Índices de faltas n.° faltas não justificadas/n° de faltas total Satisfação dos clientes Índices de reclamações n.° de reclamações no mês/n° vendas no mês Rapidez de atendimento Índice de tempo de atendimento tempo total de atendimento no mês/n° de atendimentos no mês Segurança no trabalho Acidentes por pessoa n.° de acidentes no ano/n° médio pessoal Fonte: Lustosa et al. (2008, p. 216). Lustosa et al. (2008, p. 2019) fazem observações relevantes sobre indicadores. Os autores mencionam que para uma avaliação mais abrangente é necessário que se compare resultados com metas/indicadores-padrão da área para saber seu posicionamento e poder, posteriormente, tomar as decisões necessárias. Também citam que um sistema de indicadores corretamente elaborado ajuda a medir a eficiência econômica da unidade em análise e a relação entre resultados e gastos. Finalmente mencionam que aspectos tecnológicos auxiliam no aumento da eficiência, produtividade e qualidade dos setores produtivos e que recursos humanos devem ser selecionados corretamente para um melhor engajamento da força de trabalho na busca de realmente utilizar os indicadores criados para o processo produtivo. Vale comentar que existem vários modelos descritos na literatura específica da área de avaliação de desempenho. O modelo mais conhecido e mais utilizado pelas empresas para desenvolver tais indicadores é o Balanced Scorecard, desenvolvido por Kaplan e Norton. Apesar de ser um modelo para a organização como todo, pode ser utilizado especificamente para os processos produtivos. Finalizando o tema, Cardoza e Carpinetti (2005) alertam que a maioria das considerações sobre indicadores de desempenho na produção dizem respeito a sistemas empurrados e propõem que se criem também indicadores para sistemas puxados. Os autores listam uma série de indicadores, que podem ser observados no Quadro 3. 18 Quadro 3: Exemplos de indicadores de desempenho para sistemas produtivos Indicadores Percentual de peças comuns para os produtos da empresa Giro de estoque Número de vezes que as peças são movimentadas Distância que as peças percorrem na fábrica Percentual da manutenção preventiva versus a manutenção total Número de sugestões dos empregados por ano Valor do refugo e retrabalho com relação as vendas da empresa Porcentagem de tempo do equipamento parado por mau funcionamento Porcentagem de sugestões implantadas Ganhos ou benefícios alcançados com as sugestões implantadas Tempo de ressuprimento (lead time) do pedido dos clientes Número de fornecedores para os componentes mais importantes Porcentagem de empregados trabalhando em equipes Porcentagem e número de tarefas realizadas pelas equipes Tamanho do lote de produção Inspeções visuais no controle de qualidade Controle estatístico do processo Controle kanban da produção Número de testes de qualidade das peças Tempo de preparação (setup) do processo Porcentagem das peças recebidas dos fornecedores pelo sistema JIT Número de sugestões de melhoria realizadas pelos fornecedores Fonte: Cardoza e Carpinetti (2005, p. 8). SÍNTESE Nesta aula, pode-se observar que, para que o planejamento e a programação da produção sejam adequados ao processo produtivo, há a necessidade de se acompanhar e controlar as ações deste, em todos os níveis de decisão. Para se acompanhar e controlar a produção, é necessário conhecer quais são as atividades 19 que precisam deste processo de controle e também conhecer quais ferramentas podem ser utilizadas de forma a otimizar estes procedimentos. REFERÊNCIAS CARDOZA, E.; CARPINETTI, L. C. R. Indicadores de desempenho para o sistema de produção enxuto. Revista Produção on-line, Santa Catarina, v. 5, n. 2, jun. 2005. FAVARETTO, F. Melhoria da qualidade da informação no controle da produção: estudo exploratório utilizando Data Warehouse. Produção, v. 17, n. 2, p. 343-353, Maio/Ago. 2007. GAITHER, N., FRAZIER, G. Administração da Produção e Operações. 8. ed. São Paulo: Editora Pioneira, 2002. LUSTOSA. L. et al. Planejamento e controle da produção. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. FNQ. Critérios Rumos a Excelência do PNQ. São Paulo: FNQ, 2014. RUSSOMANO, V. H. Planejamento e controle da produção. 5. ed. São Paulo: Pioneira, 1995. SANTOS, A. P. L. Planejamento, programação e controle da produção. Curitiba: Intersaberes, 2015. TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção. São Paulo: Atlas, 1997.
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