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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE LETRAS DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA AVALIAÇÃO CRÍTICA DO MATERIAL DE APOIO À LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS EM LIVROS DIDÁTICOS RELATÓRIO DE ANÁLISE 1º Semestre/2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE LETRAS DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA AVALIAÇÃO CRÍTICA DO MATERIAL DE APOIO À LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS EM LIVROS DIDÁTICOS Relatório de análise apresentado à disciplina História da Língua Portuguesa, ministrada pelo professor Afrânio Barbosa, como parte das atividades para composição de nota. Por ANA CLARA RODRIGUES FERRAZ DRE: 115068234 JULIA AZEREDO BARBOSA DRE: 115035427 Rio de Janeiro 1º Semestre/2018 1. INTRODUÇÃO O trabalho a ser apresentado tem como objetivo principal avaliar o material de apoio à leitura e interpretação de textos em livros didáticos. Para isso, utilizamos como base o texto “A um poeta”, de Olavo Bilac, disponível no oitavo capítulo do livro “Ser Protagonista”, publicado pela editora Edições SM e organizado por Ricardo Barreto. A partir desse texto e de cinco perguntas sugeridas no capítulo, conseguimos construir uma visão geral sobre a proposta pedagógica utilizada no livro, assim como sobre sua eficácia. A partir da escolha do texto, trabalhamos conteúdo e forma, investigando seus diferentes aspectos, internos e externos. Partimos de uma análise livre do poema, passando por suas características histórico-culturais, lexicais e sintáticas, até a construção de um glossário, resultado de pesquisas feitas em quatro dicionários diferentes, entre eles dicionários gerais e etimológicos, de diferentes séculos. Para melhor organização do trabalho, o dividimos em oito partes. São elas: 1) Introdução; 2) Análise do poema; 3) Contexto histórico-social do poema; 4) Quadro de dicionários a partir do léxico do poema; 5) Glossário a partir do quadro de dicionários; 6) Análise do material de apoio ao texto retirado do livro didático; e, por fim, 7) Conclusão. 2. ANÁLISE DO POEMA “A UM POETA”, DE OLAVO BILAC O poema “A um Poeta”, de Olavo Bilac , é construído em cima da forma poética 1 caracterizada como soneto, ou seja, encontramos na estrutura do texto a presença de quatro estrofes, sendo as duas primeiras quartetos, e as duas últimas tercetos. Quanto ao conteúdo do poema, podemos observar a presença forte de uma linguagem metalinguística, pois seus versos falam sobre a própria ação de escrever um poema. No primeiro quarteto podemos observar Bilac escrevendo a partir da experiência de escrever; seu texto fala sobre como é árduo o trabalho de um poeta, que deve ser feito longe do que ele chama de “turbilhão”, em um lugar quieto. O poeta mostra que prefere escrever em um clautro, que podemos interpretar tanto como um ambiente fechado e silencioso, como 1 Consultar Anexo 1 um estado de espírito mais recluso. Além disso, chama a si próprio de beneditino, deixando claro que estava em busca da perfeição de sua obra. Partindo para o segundo quarteto, temos a projeção do poeta sobre como se dá a criação do poema. Aqui vemos o eu-lírico falar sobre as dificuldades pelas quais passa o escritor e sobre como essas dificuldades serão amenizadas - “disfarçadas”- na obra. Essa ideia é explicitada nos trechos “Mas que na forma se disfarce o emprego/ Do esforço;” e “De tal modo, que a imagem fique nua,/ Rica mas sóbria, como um templo grego”. Na terceira estrofe do poema, ou seja, no primeiro terceto, vemos a continuidade da ideia de que o produto final do ato de escrever deve permanecer leve, apesar do peso de sua construção. Esse conceito se mostra no trecho final, “E natural, o objeto agrade,/ sem lembrar os andaimes do edifício:”. Identificamos aqui uma busca por apresentar ao leitor um resultado esteticamente agradável, sem um apelo às lembranças de sua construção. Por fim, na última estrofe, ou seja, no segundo terceto, encontramos no desfecho do poema um complemento ao primeiro terceto. Isso se dá com o enaltecimento à beleza e pureza encontradas na arte e com a crítica à artificialidade, negando o uso de artimanhas e técnicas para enriquecer o poema, por isso existe também uma exaltação à simplicidade e à verdade, que, para o poeta, é onde habita a verdadeira beleza da obra. 3. CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL Olavo Bilac é conhecido por ser um poeta do período parnasiano, que aconteceu no decorrer da década de 80, do século XIX ao início do século XX. O movimento literário denominado parnasianismo possui uma série de características próprias, admitidas, principalmente, a partir da sua influência pelo período que engloba o realismo-naturalismo, e, além disso, por carregar uma essência poética. Algumas dessas características são apontadas por ter como base a sacralidade da forma, ou seja, respeito pelas formas, dando atenção minuciosa tanto às regras de versificação quanto ao ritmo, vocábulos, rimas raras e precisas, além de uma preferência pelas estruturas fixas. Dentro desse conceito, encontramos um enorme apreço pelos poemas em forma de soneto, por possuírem estrutura regrada e conteúdos relacionados a temas de certa forma pouco ligados a questões emocionais/românticas, como fatos históricos, objetos ou paisagens. Além disso, temos no parnasianismo a retomada do preceito clássico de que beleza e verdade são equivalentes, ideia posta explicitamente no texto de Bilac. No poema analisado, ele ainda traz à tona mais características literárias da época, como o racionalismo, ao pôr a razão sobre o sentimento; o descritivismo, acentuando a relevância do objeto sobre o sujeito que o escreve; e a plasticidade, trazendo a concepção do fazer poético como trabalho sobre a matéria, moldável a partir do esforço do artesão (aproximação da poesia à pintura/ escultura). Podemos observar então, dentro do poema, a presença de quase todos os aspectos em voga no movimento parnasiano. Vemos isso, por exemplo, pela sua forma de soneto e seu conteúdo metalinguístico, defendendo o princípio da “Arte pela Arte”. Como resultado podemos encontrar em “A um Poeta” um Bilac tipicamente parnasiano. 4. QUADRO DE DEFINIÇÕES A PARTIR DOS DICIONÁRIOS INDICADOS A construção desse quadro se deu a partir do léxico utilizado por Olavo Bilac em seu poema “A um poeta”, aqui trabalhado. Para isso, foram consultados os seguintes dicionários: a) Dicionário geral de Antônio Houaiss; b) Dicionário etimológico de Antenor Nascentes; c) Dicionário da década de 1720 de Raphael Bluteau; e d) Dicionário da década de 1780 de Antonio de Moraes. O dicionário de Antonio Moraes é, na verdade, uma edição atualizada por Moraes do dicionário de Bluteau, sendoum do final do século XVIII, e o outro, do começo. Antônio Houaiss Antenor Nascentes Raphael Bluteau Antonio de Moraes beneditino s.m. 3 fig. característico daquele que se devota incansavelmente a trabalho meticuloso Do lat. Benedictu “Bento” e suf. -ino. Da ordem de S. Bento. não registrado não registrado claustro s.m. 1 ARQ num convento, galeria coberta e ger. arqueada, que forma os quatro lados de um Do lat. 9. claustru, sing. de claustra, oram, por via erudita. f.m. pateo descoberto com lanços de arcos ao redor, folftidos em colunas ou pilares. § Na Universidade antes da f.m. pateo descoberto com lanços de arcos ao redor, folftidos em columna, ou pilares. § Claustro Materno, por pátio interior 6 fig. concentração moral; âmago, arcano 7 fig. concentração, limite reforma, conselho em que entravão Conselheiros, e Deputados.§ Claustro Materno, por ventre, Varella número vocal. ventre. estéril adj.2g. 1 que nada produz; que não dá frutos; árido; improdutivo 3 livre de germes, asséptico 5 fig. que nada produz de valioso, de relevante; sem criatividade 6 fig. que não traz resultados positivos; inútil; ineficaz Do lat. sterile, por via semi-erudita. adj. terra, que não dá fruto e e affim a arvore, ou planta. § A femea maninha, infecunda. § f. ingenho - que não produz nada. § Materia - em que não que dizer. § Correio esteril, tem novidades. § Homem - que não faz coisa boa, que seja de louvar. adj. terra, que não dá fruto e e affim a arvore, planta. § f. ingenho - que não produz nada graça s.f. 1 dádiva, favor que, por liberalidade, se concede a um inferior; mercê 14 elegância e leveza de formas, do porte e/ou dos movimentos; graciosidade Do lat. gratia. f.f. § Estado de innocencia, ou livre de culpa, v.g., § Benevolencia, cabimento, valia, estar na graça de alguém. § Ar agradável no semblante, ou meneio do corpo; v.g., falla, anda, canta com graça, e bom ar. § Graças,, e discretos por brincos, oppõe-se a Silos. § Ganhar as graças de alguém. f. f. § Ar agradavel no semblante, ou meneio do corpo; fabor, fal, e gosto nas razões discretas, e modo de as proferir limar v. 3 t.d. fig. tornar perfeito ou mais perfeito; aprimorar, polir 4 t.d. fig. tornar sociável; civilizar (aplicar a lima). Do lat.limare. (temperar). De limão, q.v., e desin.(esfregar com limo de pau). De limo, q.v.,desin. - ar. (escorrer). De limo, q.v., e desin. -ar. Ao escorrer pelos lameiros, cria limo. não registrado v. at. gastar, polir, alizar a superficie com lima. § Polir, aperfeiçoar, v.g ,, - a escritura. sóbrio adj. 4 despojado de exibições de poder, cultura, inteligência; de caráter ou comportamento discreto, sereno, recatado Do lat. sobriu, por via erudita. O que bebe, & come com moderação. Cic. Moderado no beber, Sobrius. a, um. Cic. (SO’BRIO), adj. o moderado no beber; e fig. no comer, e outros appetites. suplício s.m. 1 grave punição corporal ordenada por sentença; tortura, Do lat. suppliciu, por via semi-erudita. Castigo, & pena corporal que por ordem da Justiça se dá aos (SUPPLICIO), f. m. castigo, pená de morte. sevícia 4 pena de morte 5 execução dessa pena 6 dor física intensa e prolongada 7 p.ext. grande sofrimento moral; criminosos. Deriva-se do latim Supplicium, Supplicação, ou deprecação & sacrifício para expiação da culpa trama s.f. 5 fig. o que constitui o fundo, a ligação de algo organizado Do lat. trama, o fio que vai de través; esp.; it. trama, fr. trame não registrado f. f. § Tramoia, enredo. turbilhão s.m. 5 fig. agitação intensa que envolve de modo vertiginoso 5.1 aquilo que impele, arrasta ou excita irresistivelmente 6 fig. alguém ou algo que cria perturbação, confusão, ou que devasta, destrói com rapidez e violência; vórtice 7 m.q. ¹TURBA (‘multidão em movimento ou desordem’) não registrado Termo da Filosofia moderna dos Cartesianos. He hum ajuntamento de materia, cujas partes estão separadas huãs das outras & ficão todas no mesmo sítio; contanto que sempre obedeção ao movimento géral. E assim como um turbilhão de vento, que circulando todas juntas, envolvem em si o que topão; f. m. Filos. massa de ar, ou materia mais subtil, que se revolve sobre hum centro. 5. GLOSSÁRIO Para a elaboração desse glossário, destacamos palavras do poema, além das que já haviam sido indicadas pelo próprio livro, que, por apresentarem certo grau de dificuldade no reconhecimento de seus significados, poderiam comprometer a interpretação do poema de Olavo Bilac. As palavras já marcadas no livro didático eram beneditino, clautro, estéril, limar, suplício e turbilhão. Além dessas, adicionamos as palavras trama, sóbrio e graça; optamos pela adição dessas palavras pois, embora sejam mais comuns no cotidiano, não foram usadas no texto com seus significados mais usuais. A montagem do quadro de dicionários foi imprescindível para a feitura do glossário, pois nos permitiu enxergar as diferentes possibilidades de significado. Posteriormente, com o auxílio do glossário e a partir do quadro de dicionários, chegamos à paráfrase do poema . As 2 definições selecionadas foram obtidas, em unanimidade, no dicionário Houaiss. Isso se dá pelo maior número de definições do sentido figurativo das palavras encontradas neste dicionário. Apesar disso, é interessante observar a evolução dos significados, usos e grafias nos diferentes registros. Por fim, não podemos deixar de pontuar o fato de que os significados das palavras que existiam em comum entre glossário aqui montado e o disponibilizado pelo livro didático foram idênticos, mesmo que expressados com o auxílio de termos diferentes. Tendo isso dito, segue abaixo o glossário do soneto “A um poeta”, de Olavo Bilac . 3 BENEDITINO - Pessoa que se devota incansavelmente a um trabalho meticuloso. CLAUSTRO - Introversão, recolhimento. ESTÉRIL - Improdutivo, inútil. GRAÇA - Elegância e leveza de formas. LIMAR - Tornar perfeito, aprimorar. SÓBRIO - De caráter ou comportamento discreto. SUPLÍCIO - Grande sofrimento moral. TRAMA - Enredo; a ligação de algo organizado. TURBILHÃO - Multidão em movimento, confusão. 6. ANÁLISE CRÍTICA DO MATERIAL DE APOIO Para ajudar na apreensão do conteúdo exposto no capítulo 8 do livro “Ser Protagonista” (Edições SM), é sugerido ao aluno a utilização de uma série de materiais de apoio. Entre eles temos textos complementares, sugestões de livros e filmes, curiosidades, entre outros. Para nossa análise do material de apoio, escolhemos trabalhar com uma seção 2 Disponível no Anexo 2 3 Disponível no Anexo 1 intitulada “Sobre o texto”, disponível logo após dois poemas de Olavo Bilac, sendo um deles, “A um poeta”, parte da nossa pesquisa. O material de apoio escolhido consiste em um conjunto de cinco perguntas que se situam logo abaixo do poema, disponíveis napágina 143 do livro. A atividade tem o objetivo de incitar a reflexão nos estudantes, a partir das seguintes perguntas: "1. Qual é a temática do texto?"; "2. Como a ideia de "arte pela arte" se relaciona ao conceito de metalinguagem na temática do primeiro poema?"; "3. Considerando a estrutura fixa do soneto com a qual trabalha Olavo Bilac nos dois poemas, explique de que maneira o tema do primeiro poema se ajusta aos aspectos formais de ambos."; "4. Qual é a temática central no texto 2?"; e "5. O culto excessivo da forma costuma ser apontado pelos críticos como o responsável pela frieza e pela ausência de sensibilidade na temática dos poemas parnasianos. Os textos acima confirmam ou negam essa afirmativa? Justifique sua resposta". Para essa atividade, além do poema “A um poeta”, de Bilac, o livro didático sugere a leitura de outro soneto do mesmo autor, chamado "Soneto XIII. Via Láctea". A partir de questões sobre os dois sonetos, o material de apoio busca gerar no aluno uma reflexão sobre o parnasianismo, partindo de rápidas análises dos dois textos e suas características. Nesse processo, a atividade levanta questões importantes como o uso da metalinguagem, o formalismo e até mesmo a “frieza e ausência de sensibilidade” como características do movimento parnasianista. As perguntas apresentadas no livro irão, então, guiar os estudantes para uma reflexão ampla sobre um movimento literário. Com os exercícios propostos, eles poderão desenvolver o conteúdo apresentado no capítulo, podendo expor suas próprias considerações e tendo também a oportunidade de refletir sobre o assunto estudado, ao invés de reproduzir o que já havia sido dito, como muitas vezes acontece. Com base nessa análise, podemos concluir que o material de apoio apresenta uma abordagem estimulante e completa, sendo uma contribuição eficaz para o aprendizado de literatura no ensino médio. 7. CONCLUSÃO O trabalho apresentado, a partir de suas diferentes etapas, traçou um panorama geral do método pedagógico utilizado pelo livro didático “Ser Protagonista”, da editora Edições SM, no ensino de literatura para alunos do ensino médio. Além disso, com ele foi possível observar algumas questões a respeito do léxico utilizado no texto escolhido como base da análise. Ao analisar livremente o poema “A um poeta”, de Olavo Bilac, retirado da seção “Sua leitura” (página 147), nos deparamos com dificuldades na interpretação causadas tanto pela estrutura do texto, quanto pela escolha lexical do autor, ambas pouco usuais nos dias atuais. Acreditamos que essas dificuldades aparecem também para os alunos do ensino médio ao se depararem com o texto em seus livros. Com o objetivo de entender melhor o poema de Bilac e sua aplicação no livro didático, fizemos um levantamento do contexto histórico-social em que foi escrito. Essa pesquisa esclareceu alguns pontos do poema, como a escolha da estrutura de sua estrutura (soneto) e o assunto abordado em seu conteúdo. A partir dessa pesquisa, podemos apontar um ponto positivo no livro didático, pois ele disponibiliza também um introdução histórica. A próxima etapa foi nos aprofundarmos no léxico usado pelo autor. Para isso, foi realizada uma pesquisa em quatro dicionários de épocas e autores diferentes, que resultou em um glossário. Pudemos então comparar nosso glossário com o apresentado no livro didático 4 e concluímos que, no livro, é oferecido aos alunos um glossário satisfatório e muito útil para a compreensão do texto. Essa etapa, na verdade dividida em duas, deu origem à paráfrase do poema , que, junto à análise livre, apresenta uma boa verificação da mensagem que Bilac 5 pretendia passar. Finalmente, foi realizada a avaliação do material de apoio à leitura oferecido pelo livro. Esse material é composto por dois poemas de Olavo Bilac: o primeiro, “A um poeta”, foi utilizado aqui como alavanca para toda a pesquisa. O segundo é também um soneto, com o título de Soneto XIII, “Via Láctea”. O centro da atividade são cinco perguntas acerca dos dois textos, relacionando-os com o movimento literário estudado no capítulo. A partir da observação dessa proposta de atividade, entendemos que o livro cumpre bem seu papel de estimular a curiosidade do aluno sobre o conteúdo estudado, dando a ele apoios sólidos ( como o glossário), e encorajando a reflexão autônoma, a partir de perguntas simples, mas que exigem bom raciocínio e bom entendimento do tema para serem respondidas. 4 Disponível em Anexo 3 5 Consultar Anexo 2 Anexo 1 A um Poeta – Olavo Bilac Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço; e a trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua, Rica mas sóbria, como um templo grego. Não se mostre na fábrica o suplício Do mestre. E, natural, o efeito agrade, Sem lembrar os andaimes do edifício: Porque a beleza, gêmea da Verdade, Arte pura, inimigo do artifício, É a força e a graça na simplicidade. Anexo 2 PARÁFRASE DO POEMA “A UM POETA”, DE OLAVO BILAC Longe do caos improdutivo da rua, Devoto a seu trabalho, o poeta escreve! No aconchego De sua reclusão, na paciência e no sossego, Ele trabalha, teima, se aperfeiçoa e se esforça! Mas que fique disfarçada a existência Do esforço; e que o enredo ganhe vida e se construa De tal modo, que a imagem fique explícita, Abundante, mas simples. Como um templo grego. Que não se mostre a aflição De quem escreve. E, naturalmente, o produto final irá agradar, Sem que se lembrem do caminho percorrido até ali: Porque a beleza da obra, que caminha junto à sua transparência, Arte pura, inimiga dos fingimentos, É a força e a leveza contidas na simplicidade. Anexo 3 BIBLIOGRAFIA HOUAISS, Antônio; DE SALLES, Mauro. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. SILVA, Antonio Moraes. Diccionario da lingua portugueza - recompilado dos vocabularios impressos ate agora, e nesta segunda edição novamente emendado e muito acrescentado, por ANTONIO DE MORAES SILVA. Lisboa: Typographia Lacerdina, 1813. Disponível em <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/242523> Acessado em 24 de junho de 2018. NASCENTES, Antenor. Dicionario etimologico resumido da lingua portuguesa por Antenor Nascentes. 2º. ed. Rio de Janeiro: Intituto Nacional do Livro M.E.C., 1966. BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino: aulico, anatomico, architectonico ... Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712 - 1728. 8 v. Disponível em <https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/5412> Acessado em 24 de junho de 2018. O parnasianismo no Brasil. In: GONÇALVES BARRETO, Ricardo (Org.). Ser protagonistaportuguês. 1. ed. São Paulo: Edições SM Ltda., 2010. cap. 17, p. 147-147. v. 2.
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