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AVALIAÇÃO CRÍTICA DO MATERIAL DE APOIO À LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS EM LIVROS DIDÁTICOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
FACULDADE DE LETRAS 
DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO CRÍTICA DO MATERIAL DE APOIO À LEITURA E 
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS EM LIVROS 
DIDÁTICOS 
RELATÓRIO DE ANÁLISE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1º Semestre/2018 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
FACULDADE DE LETRAS 
DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO CRÍTICA DO MATERIAL DE APOIO À LEITURA E 
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS EM LIVROS 
DIDÁTICOS 
 
 
Relatório de análise apresentado à disciplina 
História da Língua Portuguesa, ministrada 
pelo professor Afrânio Barbosa, como parte 
das atividades para composição de nota. 
 
 
 
 
 
Por 
ANA CLARA RODRIGUES FERRAZ 
DRE: 115068234 
JULIA AZEREDO BARBOSA 
DRE: ​​115035427 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
1º Semestre/2018 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
O trabalho a ser apresentado tem como objetivo principal avaliar o material de apoio à 
leitura e interpretação de textos em livros didáticos. Para isso, utilizamos como base o texto 
“A um poeta”, de Olavo Bilac, disponível no oitavo capítulo do livro “Ser Protagonista”, 
publicado pela editora ​Edições SM e organizado por Ricardo Barreto. A partir desse texto e de 
cinco perguntas sugeridas no capítulo, conseguimos construir uma visão geral sobre a 
proposta pedagógica utilizada no livro, assim como sobre sua eficácia. 
A partir da escolha do texto, trabalhamos conteúdo e forma, investigando seus 
diferentes aspectos, internos e externos. Partimos de uma análise livre do poema, passando 
por suas características histórico-culturais, lexicais e sintáticas, até a construção de um 
glossário, resultado de pesquisas feitas em quatro dicionários diferentes, entre eles dicionários 
gerais e etimológicos, de diferentes séculos. 
Para melhor organização do trabalho, o dividimos em oito partes. São elas: 1) 
Introdução; 2) Análise do poema; 3) Contexto histórico-social do poema; 4) Quadro de 
dicionários a partir do léxico do poema; 5) Glossário a partir do quadro de dicionários; 6) 
Análise do material de apoio ao texto retirado do livro didático; e, por fim, 7) Conclusão. 
 
 
 
2. ANÁLISE DO POEMA “A UM POETA”, DE OLAVO BILAC 
O poema “A um Poeta”, de Olavo Bilac , é construído em cima da forma poética 1
caracterizada como soneto, ou seja, encontramos na estrutura do texto a presença de quatro 
estrofes, sendo as duas primeiras quartetos, e as duas últimas tercetos. Quanto ao conteúdo do 
poema, podemos observar a presença forte de uma linguagem metalinguística, pois seus 
versos falam sobre a própria ação de escrever um poema. 
No primeiro quarteto podemos observar Bilac escrevendo a partir da experiência de 
escrever; seu texto fala sobre como é árduo o trabalho de um poeta, que deve ser feito longe 
do que ele chama de “turbilhão”, em um lugar quieto. O poeta mostra que prefere escrever 
em um clautro, que podemos interpretar tanto como um ambiente fechado e silencioso, como 
1 Consultar Anexo 1 
 
 
 
 
um estado de espírito mais recluso. Além disso, chama a si próprio de beneditino, deixando 
claro que estava em busca da perfeição de sua obra. 
Partindo para o segundo quarteto, temos a projeção do poeta sobre como se dá a 
criação do poema. Aqui vemos o eu-lírico falar sobre as dificuldades pelas quais passa o 
escritor e sobre como essas dificuldades serão amenizadas - “disfarçadas”- na obra. Essa 
ideia é explicitada nos trechos “Mas que na forma se disfarce o emprego/ Do esforço;” e “De 
tal modo, que a imagem fique nua,/ Rica mas sóbria, como um templo grego”. 
Na terceira estrofe do poema, ou seja, no primeiro terceto, vemos a continuidade da 
ideia de que o produto final do ato de escrever deve permanecer leve, apesar do peso de sua 
construção. Esse conceito se mostra no trecho final, “E natural, o objeto agrade,/ sem lembrar 
os andaimes do edifício:”. Identificamos aqui uma busca por apresentar ao leitor um resultado 
esteticamente agradável, sem um apelo às lembranças de sua construção. 
Por fim, na última estrofe, ou seja, no segundo terceto, encontramos no desfecho do 
poema um complemento ao primeiro terceto. Isso se dá com o enaltecimento à beleza e 
pureza encontradas na arte e com a crítica à artificialidade, negando o uso de artimanhas e 
técnicas para enriquecer o poema, por isso existe também uma exaltação à simplicidade e à 
verdade, que, para o poeta, é onde habita a verdadeira beleza da obra. 
 
 
 
3. CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL 
Olavo Bilac é conhecido por ser um poeta do período parnasiano, que aconteceu no 
decorrer da década de 80, do século XIX ao início do século XX. O movimento literário 
denominado parnasianismo possui uma série de características próprias, admitidas, 
principalmente, a partir da sua influência pelo período que engloba o realismo-naturalismo, e, 
além disso, por carregar uma essência poética. 
Algumas dessas características são apontadas por ter como base a sacralidade da 
forma, ou seja, respeito pelas formas, dando atenção minuciosa tanto às regras de versificação 
quanto ao ritmo, vocábulos, rimas raras e precisas, além de uma preferência pelas estruturas 
fixas. Dentro desse conceito, encontramos um enorme apreço pelos poemas em forma de 
 
 
 
 
soneto, por possuírem estrutura regrada e conteúdos relacionados a temas de certa forma 
pouco ligados a questões emocionais/românticas, como fatos históricos, objetos ou paisagens. 
Além disso, temos no parnasianismo a retomada do preceito clássico de que beleza e 
verdade são equivalentes, ideia posta explicitamente no texto de Bilac. No poema analisado, 
ele ainda traz à tona mais características literárias da época, como o racionalismo, ao pôr a 
razão sobre o sentimento; o descritivismo, acentuando a relevância do objeto sobre o sujeito 
que o escreve; e a plasticidade, trazendo a concepção do fazer poético como trabalho sobre a 
matéria, moldável a partir do esforço do artesão (aproximação da poesia à pintura/ escultura). 
Podemos observar então, dentro do poema, a presença de quase todos os aspectos em 
voga no movimento parnasiano. Vemos isso, por exemplo, pela sua forma de soneto e seu 
conteúdo metalinguístico, defendendo o princípio da “Arte pela Arte”. Como resultado 
podemos encontrar em “A um Poeta” um Bilac tipicamente parnasiano. 
 
 
 
4. QUADRO DE DEFINIÇÕES A PARTIR DOS DICIONÁRIOS INDICADOS 
A construção desse quadro se deu a partir do léxico utilizado por Olavo Bilac em seu 
poema “A um poeta”, aqui trabalhado. Para isso, foram consultados os seguintes dicionários: 
a) Dicionário geral de Antônio Houaiss; b) Dicionário etimológico de Antenor Nascentes; c) 
Dicionário da década de 1720 de Raphael Bluteau; e d) Dicionário da década de 1780 de 
Antonio de Moraes. O dicionário de Antonio Moraes é, na verdade, uma edição atualizada 
por Moraes do dicionário de Bluteau, sendoum do final do século XVIII, e o outro, do 
começo. 
 
 Antônio Houaiss Antenor Nascentes Raphael Bluteau Antonio de Moraes 
beneditino 
s.m.​ 3​​ ​fig. 
característico daquele 
que se devota 
incansavelmente a 
trabalho meticuloso 
Do lat.​ Benedictu​ “Bento” e 
suf. -ino. Da ordem de S. 
Bento. 
não registrado não registrado 
claustro s.m.​ ​1​​ ARQ num 
convento, galeria 
coberta e ger. 
arqueada, que forma os 
quatro lados de um 
Do lat. 9. ​claustru, ​sing. de 
claustra​, oram, por via 
erudita. 
f.m. pateo descoberto 
com lanços de arcos ao 
redor, folftidos em 
colunas ou pilares. ​§​ Na 
Universidade antes da 
f.m. pateo descoberto 
com lanços de arcos ao 
redor, folftidos em 
columna, ou pilares. ​§ 
Claustro Materno​, por 
 
 
 
 
pátio interior ​6​​ ​fig. 
concentração moral; 
âmago, arcano ​7​​ ​fig. 
concentração, limite 
reforma, conselho em 
que entravão 
Conselheiros, e 
Deputados.​§ ​Claustro 
Materno, ​por ventre, 
Varella ​número vocal. 
ventre. 
estéril adj.2g.​ 1​​ que nada 
produz; que não dá 
frutos; árido; 
improdutivo ​3​​ livre de 
germes, asséptico ​5​​ ​fig. 
que nada produz de 
valioso, de relevante; 
sem criatividade ​6​​ ​fig. 
que não traz resultados 
positivos; inútil; 
ineficaz 
Do lat. ​sterile, ​por via 
semi-erudita. 
adj. terra, que não dá 
fruto e e affim a arvore, 
ou planta. ​§ A femea 
maninha, infecunda. § 
f. ingenho - que não 
produz nada. § Materia 
- em que não que dizer. 
§ Correio esteril, tem 
novidades. § Homem - 
que não faz coisa boa, 
que seja de louvar. 
adj. terra, que não dá 
fruto e e affim a arvore, 
planta. ​§ ​f. ​ingenho​ - que 
não produz nada 
graça ​​s.f.​ 1​​ dádiva, favor 
que, por liberalidade, 
se concede a um 
inferior; mercê ​14 
elegância e leveza de 
formas, do porte e/ou 
dos movimentos; 
graciosidade 
 Do lat. ​gratia. f.f. ​§ Estado de 
innocencia, ou livre de 
culpa, v.g., § 
Benevolencia, 
cabimento, valia, estar 
na graça de alguém. § 
Ar agradável no 
semblante, ou meneio 
do corpo; v.g., falla, 
anda, canta com graça, 
e bom ar. § Graças,, e 
discretos por brincos, 
oppõe-se a Silos. § 
Ganhar as graças de 
alguém. 
f. f. ​§ Ar agradavel no 
semblante, ou meneio do 
corpo; fabor, fal, e gosto 
nas razões discretas, e 
modo de as proferir 
limar v.​ 3​​ ​t.d. fig.​ tornar 
perfeito ou mais 
perfeito; aprimorar, 
polir ​4​​ ​t.d. fig.​ tornar 
sociável; civilizar 
(aplicar a lima). Do 
lat.​limare. 
(temperar). De limão, q.v., 
e desin.(esfregar com limo 
de pau). De limo, 
q.v.,desin. - ar. (escorrer). 
De limo, q.v., e desin. -ar. 
Ao escorrer pelos lameiros, 
cria limo. 
não registrado v. at. gastar, polir, alizar 
a superficie com lima. ​§ 
Polir, aperfeiçoar, v.g ,, - 
a escritura​. 
sóbrio adj.​ ​4 ​​despojado de 
exibições de poder, 
cultura, inteligência; 
de caráter ou 
comportamento 
discreto, sereno, 
recatado 
 Do lat. ​sobriu, ​por via 
erudita. 
O que bebe, & come 
com moderação. ​Cic. 
 Moderado 
no beber, ​Sobrius. a, 
um. Cic. 
(SO’BRIO), adj. o 
moderado no beber; e 
fig. no comer, e outros 
appetites. 
suplício s.m.​ ​1​​ grave punição 
corporal ordenada por 
sentença; tortura, 
Do lat. ​suppliciu, ​por via 
semi-erudita. 
Castigo, & pena 
corporal que por ordem 
da Justiça se dá aos 
(SUPPLICIO), f. m. 
castigo, pená de morte. 
 
 
 
 
sevícia ​4 ​​pena de 
morte ​5 ​​execução 
dessa pena ​6 ​​dor física 
intensa e prolongada ​7 
p.ext.​ grande 
sofrimento moral; 
criminosos. Deriva-se 
do latim ​Supplicium​, 
Supplicação, ou 
deprecação & sacrifício 
para expiação da culpa 
trama s.f.​ 5​​ ​fig​. o que 
constitui o fundo, a 
ligação de algo 
organizado 
 Do lat. ​trama​, o fio que 
vai de través; esp.; it. 
trama​, fr. ​trame 
 não registrado f. f. ​§ Tramoia, enredo. 
turbilhão s.m.​ ​5 ​​fig​. agitação 
intensa que envolve de 
modo vertiginoso ​5.1 
aquilo que impele, 
arrasta ou excita 
irresistivelmente ​6 ​​fig​. 
alguém ou algo que 
cria perturbação, 
confusão, ou que 
devasta, destrói com 
rapidez e violência; 
vórtice ​7 ​​m.q. 
¹TURBA (‘multidão 
em movimento ou 
desordem’) 
 não registrado Termo da Filosofia 
moderna dos 
Cartesianos. He hum 
ajuntamento de materia, 
cujas partes estão 
separadas huãs das 
outras & ficão todas no 
mesmo sítio; contanto 
que sempre obedeção 
ao movimento géral. E 
assim como um 
turbilhão de vento, que 
circulando todas juntas, 
envolvem em si o que 
topão; 
f. m. Filos. massa de ar, 
ou materia mais subtil, 
que se revolve sobre hum 
centro. 
 
 
 
 
 
5. GLOSSÁRIO 
Para a elaboração desse glossário, destacamos palavras do poema, além das que já 
haviam sido indicadas pelo próprio livro, que, por apresentarem certo grau de dificuldade no 
reconhecimento de seus significados, poderiam comprometer a interpretação do poema de 
Olavo Bilac. As palavras já marcadas no livro didático eram ​beneditino, clautro, estéril, 
limar, suplício e turbilhão​. Além dessas, adicionamos as palavras ​trama, sóbrio e graça​; 
optamos pela adição dessas palavras pois, embora sejam mais comuns no cotidiano, não 
foram usadas no texto com seus significados mais usuais. 
A montagem do quadro de dicionários foi imprescindível para a feitura do glossário, 
pois nos permitiu enxergar as diferentes possibilidades de significado. Posteriormente, com o 
 
 
 
 
auxílio do glossário e a partir do quadro de dicionários, chegamos à paráfrase do poema . As 2
definições selecionadas foram obtidas, em unanimidade, no dicionário Houaiss. Isso se dá 
pelo maior número de definições do sentido figurativo das palavras encontradas neste 
dicionário. Apesar disso, é interessante observar a evolução dos significados, usos e grafias 
nos diferentes registros. 
Por fim, não podemos deixar de pontuar o fato de que os significados das palavras que 
existiam em comum entre glossário aqui montado e o disponibilizado pelo livro didático 
foram idênticos, mesmo que expressados com o auxílio de termos diferentes. Tendo isso dito, 
segue abaixo o glossário do soneto “A um poeta”, de Olavo Bilac . 3
 
BENEDITINO - Pessoa que se devota incansavelmente a um trabalho meticuloso. 
 
CLAUSTRO - Introversão, recolhimento. 
 
ESTÉRIL - Improdutivo, inútil. 
 
GRAÇA - Elegância e leveza de formas. 
 
LIMAR - Tornar perfeito, aprimorar. 
 
SÓBRIO - De caráter ou comportamento discreto. 
 
SUPLÍCIO - Grande sofrimento moral. 
 
TRAMA - Enredo; a ligação de algo organizado. 
 
TURBILHÃO - Multidão em movimento, confusão. 
 
 
 
 
 
6. ANÁLISE CRÍTICA DO MATERIAL DE APOIO 
Para ajudar na apreensão do conteúdo exposto no capítulo 8 do livro “Ser 
Protagonista” (Edições SM), é sugerido ao aluno a utilização de uma série de materiais de 
apoio. Entre eles temos textos complementares, sugestões de livros e filmes, curiosidades, 
entre outros. Para nossa análise do material de apoio, escolhemos trabalhar com uma seção 
2 Disponível no Anexo 2 
3 Disponível no Anexo 1 
 
 
 
 
intitulada “Sobre o texto”, disponível logo após dois poemas de Olavo Bilac, sendo um deles, 
“A um poeta”, parte da nossa pesquisa. 
O material de apoio escolhido consiste em um conjunto de cinco perguntas que se 
situam logo abaixo do poema, disponíveis napágina 143 do livro. A atividade tem o objetivo 
de incitar a reflexão nos estudantes, a partir das seguintes perguntas: "1. Qual é a temática do 
texto?"; "2. Como a ideia de "arte pela arte" se relaciona ao conceito de metalinguagem na 
temática do primeiro poema?"; "3. Considerando a estrutura fixa do soneto com a qual 
trabalha Olavo Bilac nos dois poemas, explique de que maneira o tema do primeiro poema se 
ajusta aos aspectos formais de ambos."; "4. Qual é a temática central no texto 2?"; e "5. O 
culto excessivo da forma costuma ser apontado pelos críticos como o responsável pela frieza 
e pela ausência de sensibilidade na temática dos poemas parnasianos. Os textos acima 
confirmam ou negam essa afirmativa? Justifique sua resposta". 
Para essa atividade, além do poema “A um poeta”, de Bilac, o livro didático sugere a 
leitura de outro soneto do mesmo autor, chamado "Soneto XIII. Via Láctea". A partir de 
questões sobre os dois sonetos, o material de apoio busca gerar no aluno uma reflexão sobre o 
parnasianismo, partindo de rápidas análises dos dois textos e suas características. Nesse 
processo, a atividade levanta questões importantes como o uso da metalinguagem, o 
formalismo e até mesmo a “frieza e ausência de sensibilidade” como características do 
movimento parnasianista. 
As perguntas apresentadas no livro irão, então, guiar os estudantes para uma reflexão 
ampla sobre um movimento literário. Com os exercícios propostos, eles poderão desenvolver 
o conteúdo apresentado no capítulo, podendo expor suas próprias considerações e tendo 
também a oportunidade de refletir sobre o assunto estudado, ao invés de reproduzir o que já 
havia sido dito, como muitas vezes acontece. Com base nessa análise, podemos concluir que 
o material de apoio apresenta uma abordagem estimulante e completa, sendo uma 
contribuição eficaz para o aprendizado de literatura no ensino médio. 
 
 
7. CONCLUSÃO 
O trabalho apresentado, a partir de suas diferentes etapas, traçou um panorama geral 
do método pedagógico utilizado pelo livro didático “Ser Protagonista”, da editora ​Edições 
SM​, no ensino de literatura para alunos do ensino médio. Além disso, com ele foi possível 
 
 
 
 
observar algumas questões a respeito do léxico utilizado no texto escolhido como base da 
análise. 
Ao analisar livremente o poema “A um poeta”, de Olavo Bilac, retirado da seção “Sua 
leitura” (página 147), nos deparamos com dificuldades na interpretação causadas tanto pela 
estrutura do texto, quanto pela escolha lexical do autor, ambas pouco usuais nos dias atuais. 
Acreditamos que essas dificuldades aparecem também para os alunos do ensino médio ao se 
depararem com o texto em seus livros. 
Com o objetivo de entender melhor o poema de Bilac e sua aplicação no livro 
didático, fizemos um levantamento do contexto histórico-social em que foi escrito. Essa 
pesquisa esclareceu alguns pontos do poema, como a escolha da estrutura de sua estrutura 
(soneto) e o assunto abordado em seu conteúdo. A partir dessa pesquisa, podemos apontar um 
ponto positivo no livro didático, pois ele disponibiliza também um introdução histórica. 
A próxima etapa foi nos aprofundarmos no léxico usado pelo autor. Para isso, foi 
realizada uma pesquisa em quatro dicionários de épocas e autores diferentes, que resultou em 
um glossário. Pudemos então comparar nosso glossário com o apresentado no livro didático 4
e concluímos que, no livro, é oferecido aos alunos um glossário satisfatório e muito útil para a 
compreensão do texto. Essa etapa, na verdade dividida em duas, deu origem à paráfrase do 
poema , que, junto à análise livre, apresenta uma boa verificação da mensagem que Bilac 5
pretendia passar. 
Finalmente, foi realizada a avaliação do material de apoio à leitura oferecido pelo 
livro. Esse material é composto por dois poemas de Olavo Bilac: o primeiro, “A um poeta”, 
foi utilizado aqui como alavanca para toda a pesquisa. O segundo é também um soneto, com o 
título de ​Soneto XIII, “Via Láctea”​. O centro da atividade são cinco perguntas acerca dos dois 
textos, relacionando-os com o movimento literário estudado no capítulo. A partir da 
observação dessa proposta de atividade, entendemos que o livro cumpre bem seu papel de 
estimular a curiosidade do aluno sobre o conteúdo estudado, dando a ele apoios sólidos ( 
como o glossário), e encorajando a reflexão autônoma, a partir de perguntas simples, mas que 
exigem bom raciocínio e bom entendimento do tema para serem respondidas. 
 
 
4 Disponível em Anexo 3 
5 Consultar Anexo 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo 1 
 
 
A um Poeta – Olavo Bilac 
 
Longe do estéril turbilhão da rua, 
Beneditino, escreve! No aconchego 
Do claustro, na paciência e no sossego, 
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! 
 
Mas que na forma se disfarce o emprego 
Do esforço; e a trama viva se construa 
De tal modo, que a imagem fique nua, 
Rica mas sóbria, como um templo grego. 
 
Não se mostre na fábrica o suplício 
Do mestre. E, natural, o efeito agrade, 
Sem lembrar os andaimes do edifício: 
 
Porque a beleza, gêmea da Verdade, 
Arte pura, inimigo do artifício, 
É a força e a graça na simplicidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo 2 
 
PARÁFRASE DO POEMA “A UM POETA”, DE OLAVO BILAC 
 
Longe do caos improdutivo da rua, 
Devoto a seu trabalho, o poeta escreve! No aconchego 
De sua reclusão, na paciência e no sossego, 
Ele trabalha, teima, se aperfeiçoa e se esforça! 
 
Mas que fique disfarçada a existência 
Do esforço; e que o enredo ganhe vida e se construa 
De tal modo, que a imagem fique explícita, 
Abundante, mas simples. Como um templo grego. 
 
Que não se mostre a aflição 
De quem escreve. E, naturalmente, o produto final irá agradar, 
Sem que se lembrem do caminho percorrido até ali: 
 
Porque a beleza da obra, que caminha junto à sua transparência, 
Arte pura, inimiga dos fingimentos, 
É a força e a leveza contidas na simplicidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
HOUAISS, Antônio; DE SALLES, Mauro. ​Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa​​. Rio 
de Janeiro: Objetiva, 2001. 
SILVA, Antonio Moraes. ​Diccionario da lingua portugueza - recompilado dos vocabularios 
impressos ate agora, e nesta segunda edição novamente emendado e muito acrescentado, por 
ANTONIO DE MORAES SILVA. Lisboa: Typographia Lacerdina, 1813. Disponível em 
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/242523> Acessado em 24 de junho de 2018. 
NASCENTES, Antenor. ​Dicionario etimologico resumido da lingua portuguesa por 
Antenor Nascentes​​. 2º. ed. Rio de Janeiro: Intituto Nacional do Livro M.E.C., 1966. 
BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino: aulico, anatomico, architectonico ... 
Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712 - 1728. 8 v. Disponível em 
<​https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/5412​> Acessado em 24 de junho de 2018. 
O parnasianismo no Brasil. In: GONÇALVES BARRETO, Ricardo (Org.). ​Ser protagonistaportuguês​​. 1. ed. São Paulo: Edições SM Ltda., 2010. cap. 17, p. 147-147. v. 2.

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