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ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADPF 1º Aspectos Gerais A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF encontra prevista na Constituição: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: § 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. Como se vê, a Constituição delegou a lei a tarefa de disciplinar o instituto, o que foi feito pela Lei nº 9.882/99. Em suma, a ADPF é mais uma ação do controle concentrado de constitucionalidade, de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, na qual, em que pese a existência de regulação própria, aplicam-se, por analogia, as regras dispostas na Lei nº 9.868/1999, que regulamenta as ações diretas. 2º Legitimidade Ativa Embora a Constituição tenha sido omissa em relação aos legitimados, é pacífico o entendimento doutrinário no sentido que os legitimados a ADPF são os mesmos legitimados para a propositura da ADI e ADC. Não fosse o bastante, o art. 2°, I, Lei nº 9.882/1999 vai no mesmo sentido: https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Art. 2o Podem propor arguição de descumprimento de preceito fundamental: I - os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade; Em sendo os legitimados da ADPF os mesmos da ADI/ADC, aplicam-se aqui os mesmos entendimentos em relação a capacidade postulatória e a pertinência temática, quais sejam: O STF entende que o partido político representado no Congresso Nacional e a confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional, não possuem capacidade postulatória, sendo necessária a presença de um advogado para o ajuizamento da ação. Assim, os demais legitimados, inclusive o Presidente da República, possuem capacidade postulatória autônoma para ingressar com ADPF, independentemente de se fazerem representar por advogado (QO – ADI 127-AL). Insta destacar que o art. 3°, Lei nº 9.868/1999 determina que a petição inicial, quando subscrita por advogado, deverá ser acompanhada pelo instrumento de mandato, com poderes específicos e no qual conste expressa referência à lei ou ao outro ato normativo. Outro ponto relevante, diz respeito a chamada pertinência temática para a propositura da ação. Segundo o próprio STF, a pertinência temática se traduz na relação de congruência que necessariamente deve existir entre os objetivos estatutários ou as finalidades institucionais da entidade autora e o conteúdo material https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ da norma questionada em sede de controle abstrato (ADI 1.157- MC). Embora não haja nenhuma discriminação no texto constitucional, o STF, em construção jurisprudencial, diferenciou os legitimados em dois grupos: a) os universais, e b) os especiais. Os universais, também intitulados neutros, possuem dentre as suas atribuições institucionais a de defender a ordem constitucional objetiva, de forma que o interesse deles na impugnação de agir pode ser presumido. São considerados universais: 1° - o Presidente da República; 2º - a Mesa do Senado Federal; 3º - a Mesa da Câmara dos Depurados; 4º - o Procurador-Geral da República; 5º - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 6º - partido político com representação no Congresso Nacional. Por sua vez, os legitimados especiais (ou interessados) deverão comprovar o requisito de pertinência temática, sob pena de ação não ser conhecida por ausência de legitimidade ad causam, segundo o STF (ADI 1.157-MC). São considerados legitimados especiais: 1º - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; 2º - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 3º - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Associação que abranja apenas uma fração da categoria profissional não possui legitimidade para ADI/ADPF de norma que envolva outros representados: As associações que representam fração de categoria profissional não são legitimadas para instaurar controle concentrado de constitucionalidade de norma que extrapole o universo de seus representados. Ex: a ANAMAGES, associação que representa apenas os juízes estaduais, não pode ajuizar ADPF questionando dispositivo da LOMAN, considerando que esta lei rege não apenas os juízes estaduais, mas sim os magistrados de todo o Poder Judiciário, seja ele federal ou estadual (ADPF 254 AgR/DF). O fato de essa distinção não ter sido feita pela Constituição, mas pelo STF, é alvo de diversas críticas pela doutrina. Contudo, até o momento, o STF não mudou seu posicionamento. 3º Parâmetro Em controle de constitucionalidade, quando falamos em "parâmetro", queremos dizer quais serão as normas da Constituição que serão analisadas para sabermos se a lei ou o ato atacado realmente as violou. Em outras palavras, parâmetro são as normas que servirão como referência para que o Tribunal analise se determinada lei/ato é ou não inconstitucional. Se a lei/ato está em confronto com o parâmetro, ela é inconstitucional. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ A ADPF possui parâmetros mais restritivos para sua propositura. Ao contrário da ADI e da ADC que possuem como parâmetro todas as normas constitucionais em vigor, inclusive as constantes do ADCT, as derivadas (introduzidas por emenda à Constituição) e as decorrentes da assimilação de tratados e acordos internacionais pelo procedimento especial do art. 5°, § 3°, da Constituição, a ADPF é cabível somente para a tutela dos preceitos fundamentais, ou seja, para a defesa de somente alguns dispositivos constitucionais que possam ser abarcados por esse título. Não existe um dispositivo da Constituição ou uma lei que defina quais seriam esses preceitos fundamentais. Diante disso, entende- se que cabe ao STF, no caso concreto, dizer se aquele dispositivo invocado pelo autor pode ou não ser enquadrado como preceito fundamental. Há na doutrina quem defenda que toda norma constitucional contém um preceito fundamental (Manoel Gonçalvez Ferreira Filho). Contudo, tem prevalecido (Ex: Nathalia Masson e José Afonso da Silva) que se deve dar um entendimento restritivo a expressão, de forma a somente abarcar aquelas prescrições que dão o sentido básico do regime constitucional, como são, por exemplo, as que apontam para a autonomia dos Estados, do Distrito Federal e especialmente as designativas de direitos e garantias fundamentais. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Segundo a doutrina (Nathalia Masson), não há como recusar o título de preceito fundamental aos seguintes dispositivos constitucionais: a) arts. 1° a 4°: os princípios fundamentais constantes desses dispositivos estabelecem as estruturas essenciais para a organização do Estado; b) arts. 5° a 17: além destes, outros direitos e garantias fundamentais esparsos no texto constitucional ou assimilados por tratados internacionais (are. 5°, § 3°, CF) são também considerados preceitos fundamentais por encerrarem a proteção máxima do indivíduo e da dignidade da pessoa humana; c) art. 34, VII: os princípios constitucionais sensíveis, cuja inobservância pode acarretar a decretação de intervenção federal (are. 36, III, CF/88); d) art. 60, § 4°: as cláusulas pétreas, tanto as expressas no documento constitucional quando as implícitas. Na ADPF 33/PA, relatada pelo Min. Gilmar Mendes, firmou-se como preceitos fundamentais(a) os direitos e garantias individuais; (b) as cláusulas pétreas e (c) os princípios constitucionais sensíveis. Na ADPF 101/DF, relatada pela Min. Cármen Lúcia, firmou-se como preceitos fundamentais: (a) o direito à saúde, constante do arts. 6° e 196; e (b) o direito ao meio ambiente (art. 225). https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ É cabível ADPF contra “decisões judiciais”? Isso pode ser considerado como “ato do Poder Público?: SIM. Na ADPF 101/DF, o STF entendeu que a multiplicidade de ações judiciais, nos diversos graus de jurisdição, nas quais se têm interpretações e decisões divergentes sobre a matéria: situação de insegurança jurídica acrescida da ausência de outro meio processual hábil para solucionar a polêmica pendente: observância do princípio da subsidiariedade. Cabimento da presente ação. Na ADPF 405/MC/RJ o STF chegou a mesma conclusão, afirmando que o conjunto de decisões questionadas, que resultaram em bloqueios, arrestos e sequestros para atender a demandas relativas a pagamento de salários de servidores ativos e inativos, satisfação de créditos de prestadores de serviço e tutelas provisórias de prioridades, são atos típicos do Poder Público passíveis de impugnação por meio de APDF. Na ADPF 405 MC/RJ, a Min. Rosa Weber afirmou que poderiam ser considerados preceitos fundamentais: a) a separação e independência entre os Poderes; b) o princípio da igualdade; o princípio federativo; c) a garantia de continuidade dos serviços públicos; d) os princípios e regras do sistema orçamentário (art. 167, VI e X, da CF/88) e) o regime de repartição de receitas tributárias (arts. 34, V e 158, III e IV; 159, §§ 3º e 4º; e 160 da CF/88; https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ f) a garantia de pagamentos devidos pela Fazenda Pública em ordem cronológica de apresentação de precatórios (art. 100 da CF/88). Membros do Ministério Público que ingressaram após a CF/88 não podem exercer cargos que não tenham relação com as atividades da instituição, salvo o magistério: Inicialmente, a discussão foi de cunho PROCESSUAL: era cabível ADPF no presente caso? SIM. O Min. Gilmar Mendes, relator do processo, afirmou que, para ser admitida a ADPF, deveriam ser analisados três aspectos que, no caso concreto, estavam preenchidos: a) parâmetro de controle; b) subsidiariedade; c) relevância de interesse público. a) Parâmetro de controle. Na ação proposta, o requerente alegou que a nomeação violou a regra constitucional prevista no art. 128, § 5º, II, "d", da CF/88 e que esta norma tem como fundamento os preceitos fundamentais da "independência dos Poderes" (art. 2º, art. 60, §4º, III) e da "independência funcional do Ministério Público" (art. 127, §1º). Além disso, segundo o autor, a convocação de membro do MP estadual para ocupar cargo diretamente subordinado à Presidência da República ofenderia também a "forma federativa de Estado" (art. 60, §4º, I). https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Dessa forma, o requisito do parâmetro de controle da ADPF estava preenchido, considerando que na ação alegava-se a violação de três preceitos fundamentais. b)Subsidiariedade. A Lei nº 9.882/99 afirma que a ADPF somente será admitida se não houver outro meio eficaz de sanar a lesividade (art. 4º, § 1º). Não se pode, contudo, fazer uma interpretação literal deste dispositivo no sentido de que essa vedação é absoluta. Deve-se analisar se existe ou não outro meio eficaz de sanar a lesão de forma ampla, geral e imediata. Assim, mesmo sendo possível ajuizar ações ordinárias em 1ª instância contra este ato de nomeação, tais demandas não teriam a mesma eficácia que a ADPF, eis que esta possui efeitos erga omnes e vinculantes. Desse modo, mesmo sendo, em tese, possível a propositura de ações ordinárias, estas não possuem a capacidade de resolver a controvérsia constitucional de forma geral, definitiva e imediata como a ADPF. Alguém poderia dizer que, no presente caso, caberia ADI porque o autor impugna a Resolução 72/2011. No entanto, além deste ato normativo, a ação questiona o ato de nomeação de um membro do MPE/BA para o cargo de Ministro da Justiça. Logo, questiona-se um ato normativo e também um ato concreto. Diante desta situação, percebe-se que a ADI não seria suficiente, já que ela não serve para impugnar ato de efeitos concretos (nomeação). https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ A utilização da ADPF para, simultaneamente, controlar atos normativos e concretos, foi recentemente admitida pelo STF no julgamento da ADPF sobre o impeachment. O Tribunal, numa única ação (ADPF), avaliou a recepção ou não da Lei nº Lei 1.079/50 e, simultaneamente, apreciou atos concretos adotados com base naquela lei (ADPF 378). c) Relevância do interesse público. Por fim, o Min. Gilmar Mendes mencionou um terceiro requisito que normalmente não se encontra nos livros de Direito Constitucional: a relevância do interesse público. De acordo com o Ministro, este requisito é explícito no modelo alemão e, no caso do direito brasileiro, encontra-se previsto implicitamente na legislação. Segundo esta concepção, o STF poderá, ao lado de outros requisitos de admissibilidade, emitir juízo sobre a relevância e o interesse público contido na controvérsia constitucional, podendo recusar a admissibilidade da ADPF sempre que não vislumbrar relevância jurídica na sua propositura. No presente caso, este requisito da relevância do interesse público também se encontra presente diante da importância de se discutir e definir o tema. Quanto ao mérito, o STF entendeu assim: Membros do Ministério Público não podem ocupar cargos públicos fora do âmbito da Instituição, salvo cargo de professor e funções de magistério. A https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Resolução 72/2011 do CNMP, ao permitir que membro do Parquet exerça cargos fora do MP, é flagrantemente contrária ao art. 128, § 5º, II, "d", da CF/88. Consequentemente, a nomeação de membro do MP para o cargo de Ministro da Justiça viola o texto constitucional (ADPF 388). 4º Princípio da Subsidiariedade Art. 4o A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo relator, quando não for o caso de arguição de descumprimento de preceito fundamental, faltar algum dos requisitos prescritos nesta Lei ou for inepta. § 1o Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. O art. 4º, I, consagra o princípio da subsidiariedade na ADPF. Isso importa no reconhecimento de ser a ADPF um instrumento do controle concentrado cujo manejo é extraordinário e supletivo, autorizado unicamente naquelas situações de inexistência de outro meio apto a sanar a lesividade. Parte da doutrina defende que essa exigência da subsidiariedade é inconstitucional, ao argumento de que ele reduz a ADPF a uma ação de menor importância. Trata-se da posição de Flávia Piovesan e André Ramos Tavares. De outro lado, há quem sustente que o cabimento está a depender de uma absoluta inexistência de qualquer outro meio eficaz https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ para afastar a eventual lesão. É a posição de Alexandre de Moraes. De uma forma gera, tem prevalecido que o princípio da subsidiariedade, tem que ser entendido em relação as demais ações de controle concentrado. Assim, significa que o meio eficaz de sanar a lesão será aquele apto a solver a controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata, isto é, com a mesma amplitude, efetividade e imediaticidade que a ADPF possuiria caso utilizada. Deste modo, se cabível aação direta de inconstitucionalidade ou a ação declaratória de constitucionalidade, não será admissível a propositura da arguição de descumprimento, tendo em vista a existência de outro meio eficaz (tão eficaz quanto a ADPF seria se manejada na hipótese). Em contrapartida, não sendo admitida a utilização das ações diretas mencionadas - ou seja, não existindo nenhum outro meio apto para solucionar a questão de forma ampla, geral e imediata -, há de se entender possível a utilização da ADPF. Cumpre destacar, ainda, que o STF tem admitido a fungibilidade entre a ADPF e a ADI. Assim, caso a ADPF seja equivocadamente proposta (pois cabível ADI), pode a Corte determinar o aproveitamento do feito como ação direta de inconstitucionalidade, desde que comprovada a perfeita satisfação dos requisitos exigidos à propositura desta (legitimidade ativa, objeto, fundamentação e pedido). https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Assim, se proposta a ADPF mas essa for incabível sendo, todavia, adequado o manejo da ADI, "pode o STF conhecer a arguição proposta como ação direta de inconstitucionalidade, ante a perfeita satisfação dos requisitos exigidos à sua propositura (ADI 4.180). 5º Objeto Diante do princípio da subsidiariedade, anteriormente estudado, pode-se afirmar que podem ser objeto de ADPF, as seguintes normas: a) do direito pré-constitucional (normas anteriores à edição da Constituição em 1988; ou então posteriores a 1988, todavia, anteriores à norma constitucional invocada como parâmetro modificada por emenda constitucional); b) do direito municipal em face da Constituição Federal, c) nas controvérsias sobre direito pré-constituciona1 já revogado ou cujos efeitos já se exauriram. Nessas hipóteses, em virtude do não cabimento da ação direta, deve-se reconhecer a admissibilidade da utilização da arguição de descumprimento de preceito fundamental. Além dessas hipóteses, o STF também entendeu o cabimento de ADPF diante de decisões judiciais construídas a partir de interpretações violadoras de preceitos fundamentais (ADPF 101/DF). https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 6º Espécies de ADPF Nos termos da legislação, existem as seguintes espécies de ADPF: a) Arguição Autônoma; b) Arguição incidental. a) Arguição Autônoma Encontra-se prevista no artigo 1º da Lei 9.882/1999: Art. 1o A arguição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. Conforme se nota, A ADPF autônoma possui a finalidade de evitar (modalidade preventiva) ou reparar (modalidade repressiva) lesão a preceito fundamental resultante de ato do Poder Público. É uma ação do controle concentrado abstrato, cuja propositura independe da demonstração de existência de controvérsias. Sobre a expressão “atos do poder público”, é necessário fazer os seguintes apontamentos: 1º são atos emitidos pelo Estado ou praticados pelas entidades privadas que atuam por delegação do Poder Público (Ex: concessionárias e permissionária do Poder Público). 2º a expressão alcança não só os atos normativos (primários e secundários), mas também os administrativos e judiciais; https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 3º abrange também as omissões estatais. 4º Não cabe ADPF contra proposta de emenda constitucional (PEC). A ADPF deve recair sobre ato do poder público já pronto e acabado, não mais suscetível de alteração, e a PEC não cumpre essa condição haja vista seu ciclo de formação não estar, ainda, finalizado (ADPF 43-DF). 5º Não cabe ADPF contra enunciado de súmula, pois ela não pode ser considerada ato do poder público (ADPF 80-DF). 6º Não cabe ADPF como forma de se proceder a edição, revisão ou cancelamento de súmula vinculante, haja vista a existência de procedimento próprio, e constitucionalmente fixado, para tanto (ADPF 147-DF). 7º É cabível ADPF contra ato normativo já revogado (ADPF 84-DF). b) Arguição Incidental Art. 1º (…) Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ A ADPF na forma incidental tem por objetivo evitar ou reparar lesão a preceito fundamental em razão da existência de uma controvérsia constitucional relevante acerca de lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição. Em que pese seja proposta na forma incidental, não se trata de uma ação de controle difuso. A ação, mesmo na modalidade incidental, é integrante do controle concentrado. E a denominação que ela recebeu tem uma explicação: a ação decorre de casos concretos, que surgiram no seio do controle difuso- incidental e que acarretaram a controvérsia que deverá ser demonstrada na sua petição inicial. Assim, a terminologia “ADPF Incidental” tem origem no fato de que a controvérsia constitucional relevante surgir, inicialmente, dentro do controle difuso. Na sequência, um dos legitimados do art. 103, CF/88, visando antecipar etapas do controle difuso, leva a questão ao STF para que a Corre se posicione acerca da validade ou não do ato normativo perante os preceitos fundamentais. Aqui, o STF não vai se pronunciar sobre os casos concretos que estão em discussão nos processos que tramitam no controle difuso. Somente o que é levado a seu conhecimento é a questão constitucional que ocasionou, no controle difuso, grave controvérsia e que, na via recursal, demoraria alguns anos para chegar até o STF e obter um pronunciamento definitivo. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Em razão disso, é certo que na petição inicial da ADPF incidental deve o legitimado ativo comprovar a existência de controvérsia constitucional relevante, referenciando, necessariamente, outros processos judiciais em andamento. É desnecessário comprovar esse requisito na ADPF autônoma. Por fim, é preciso ficar claro que não são legitimados à propositura da ADPF incidental no STF as partes das ações no controle difuso que suscitaram a utilização dessa modalidade de arguição. Os legitimados à instauração da jurisdição constitucional concentrada no STF por via de ADPF (tanto a autônoma, quando a incidental) são os listados no art. 103, CF/88. 7º Medida Liminar Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na arguição de descumprimento de preceito fundamental. § 1o Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno. § 2o O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem como o Advogado- Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo comum de cinco dias. § 3o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada Nos termos do artigo 5º da Lei, a concessão de cautelar em ADPF demanda a maioria absoluta dos membros do Supremo Tribunal (6 Ministros). Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda,em período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno, conforme se depreende da leitura do are. 5°, §1°, da lei regulamentadora. A medida cautelar eventualmente deferida poderá consistir na determinação de que juízes e Tribunais suspendam o andamento dos processos ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada. Para a doutrina, esse efeito envolve diretamente a ADPF incidental, aquela proposta quando há uma relevante controvérsia constitucional sobre lei ou aro normativo federal e estadual, incluídos os anteriores à Constituição. 8º Decisão Final Art. 8o A decisão sobre a arguição de descumprimento de preceito fundamental somente será tomada se presentes na sessão pelo menos dois terços dos Ministros. O pronunciamento definitivo do STF deve ser tomado quando estiverem presentes na sessão, ao menos, oito Ministros, segundo https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ o quórum especial estipulado pela lei. O §1º do artigo 8º chegou a exigir para a tomada da decisão definitiva em ADPF, a maioria de 2/3, superior àquela necessária para o exame do mérito das ações diretas (que é a maioria absoluta). Em razão disso, esse dispositivo foi vetado pelo Presidente da República, ao argumento de que a disposição trazia uma restrição desproporcional à celeridade, à capacidade decisória e à eficiência na prestação jurisdicional do STF. Em razão do aludido veto, restou firmado que a decisão definitiva que prolatará a constitucionalidade (ou inconstitucionalidade) do dispositivo - ou mesmo sua recepção ou não recepção (nas hipóteses de o objeto ser norma qualificada como pré- constitucional) ou a ilegitimidade de um ato concreto do Poder Público que tenha ferido a Constituição - será tomada pela maioria absoluta dos membros da Corre, ou seja, 6 Ministros. Sobre referida decisão, diga-se que possuirá eficácia contra todos (erga omnes) e efeitos vinculantes, em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário: § 3o A decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Público. Ademais, salvo a excepcional modulação dos efeitos temporais, terá efeitos retroativos (ex tunc): Art. 11. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no processo de arguição de descumprimento de https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ preceito fundamental, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido feito na arguição de descumprimento não pode ser objeto de ação rescisória: Art. 12. A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em arguição de descumprimento de preceito fundamental é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação rescisória. Embora a legislação afirme que a decisão em ADPF é irrecorrível, prevalece na doutrina que é possível a interposição de embargos declaratórios, assim como na ADI e ADC, com o fico de sanar eventuais contradições, omissões ou obscuridades. Bibliografia consultada para elaboração da apostila e indicada para aprofundamento do tema: – Curso de Direito Constitucional – Marcelo Novelino. - Manual de Direito Constitucional – Nathalia Masson. – Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br/). https://www.instagram.com/direitodiretoblog/
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