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Conteúdo teórico básico de  
Semiótica  
Peirciana / Russa / Cultural 
 
Gabriel Green Fusari 
Universidade Federal de Mato Grosso / CUA (2018) 
 
   
 
 
 
Introdução 
 Para Charles S. Peirce, a Semiótica estuda os processos de significação na mente de 
cada indivíduo. Como uma peça alegórica tem seu significado ao final de tudo.  
 Na idéia de Peirce, o conceito de Signo é um signo geral, não importando o sua 
tipologia (podendo fluir entre verbal, mental, abstrato ou concreto).​ O SIGNO é qualquer 
coisa que tem representação de alguma coisa para alguma pessoa​​. Ele é um elemento 
que conversa com outros elementos, reconhecido como relação triádica. Esses 
elementos são: Representamen, objeto, interpretante.  
 
 
RELAÇÃO TRIÁDICA  
● Representamen​​: é a peça e o que que representa, e sua maneira de 
representação. 
● Objeto: ​​é a peça a ser analisada, que foi representada por algo.   
● Interpretante:​​ é como a peça será analisada. Logo, esse é a coisa instantânea 
que surge na cabeça do intérprete no momento que ele vê o Representamen 
fá-lo interpretar dessa forma, sendo assim não uma peça em si, mas uma peça 
com significado diferenciado.  
 
 
 
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Exemplo:  
卐 ​ Objeto em análise: Suástica.  
Representarem: Um emoji, feito digitalmente.  
Interpretante: Para um romano que viveu no século III, ela representaria prosperidade, boa sorte 
e energia sexual. Sua origem vem do sânscrito “Svastika”, significando “ser afortunado”. O 
significado de logomarca do Partido Nazista só seria correta caso estivesse girada um pouco, 
então seu significado ao final, vem do senso comum.  
O Interpretante são as observações de interpretação de cada um e suas justificativas 
para tal, vindo de quem cria e de quem apenas a contempla.  
 
Um signo é aquilo que representa algo a alguém, criando na mente de uma pessoa um 
signo equivalente ou desenvolvido. Quando o signo é criado, ele denomina interpretante 
do primeiro signo. Se o signo representa alguma coisa, este “alguma coisa” é o objeto.  
não há nada de concreto a “coisa” e o nome da coisa, pois elas são construções que nó 
domesticamos. ao existe nada que ligue o nome das coisas as coisas senão for as 
convenções.  
 
AS CATEGORIAS FENOMENOLÓGICAS DE PEIRCE  
Peirce conclui que tudo que aparece em nossa mente faz parte de 3 elementos formais, 
sendo elas. 
a) Qualidade x ícone 
b) Relação x Índice 
c) Representação x Símbolo  
Também sendo interpretadas como: 
● Primeiridade 
● Secundidade 
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● Terceiridade 
 
> Primeiridade. 
“O sentimento como Qualidade é, portanto, aquilo que dá sabor, tom, matiz à nossa consciência 
imediata, mas é também paradoxalmente justo aquilo que se oculta ao nosso pensamento, por 
que para pensar, precisamos nos deslocar no tempo, deslocamento que nos coloca fora do 
sentimento mesmo que tentamos capturar. A qualidade da consciência, na sua imediaticidade, é 
tão tenra que não podemos sequer tocá-la sem estragá-la.” (SANTAELLA. Primeiridade) 
A primeiridade refere-se a tudo que está presente À consciência naquele instante. Refere-se a 
todo aspecto de qualidade que vivenciar tal experiência O primeiro é espontâneo e imediato, 
original e livre. Primeiridade é a compreensão superficial de um texto (uma foto pode ser lida por 
exemplo) A primeiridade é a sensação de liberdade, paz. [Amanda Veronese, Caixa Preta] 
- buscar as descrições da informação da “coisa” 
- LSD leva só pra primeiridade: chegando ao ápice da coisa, pois você não há referência 
sem saber de onde as coisas vem.  
- Contemplação​. 
 
 
> Secundidade. 
Secundidade é uma categoria do conflito. Não há mais a bruma, que impede de desnudar o 
fenômeno a qual se depara. Na secundidade há algo que se impõe, que resiste.  
Certamente, onde quer que haja um fenômeno, há uma qualidade, isto é, sua primeiridade. Mas 
a qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para existir, a qualidade tem de estar 
encarnada numa matéria. A factualidade do existir (secundidade) está nessa corporificação 
material. A qualidade de sentimento não é sentida como resistindo num objeto material. è puro 
sentir antes de ser percebido como existindo num eu. Por isso, meras qualidades não resistem, 
são frágeis. É a maria que resiste. Por conseguinte, qualquer sensação já é secundidade: Ação 
de um sentimento sobre nós e nossa reacção específica, comoção do seu para com o estímulo 
(Santaella)  
Esse “elemento de reação” faz parte da secundidade. É a secundidade que nos leva da 
primeiridade à terceiridade. Como explica Peirce: 
2) Conflito. A segunda categoria [universal] é conflituosa. Imagina-se que uma pessoa faz um 
grande esforço sem resistência equivalente, e a resistência implica o esforço ao qual resiste. 
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Ação e reação são equivalentes (...) Em geral, chamamos agente À pessoa cujo esforço é bem 
sucedido, e à que falha paciente. Mas no que diz respeito ao elemento-conflito não há diferença 
entre ser agente e paciente (...) “ 
- A excitação produz o seu efeito e nós causamos-lhe de volta um efeito indiscernível; e 
passamos a chamar á excitação agente e vemo-nos como o paciente.  
- A secundidade é a reflexão envolvida nesse processo. è quando a pessoa lê com 
profundidade e compreensão o seu conteúdo. O Observador faz uma comparação com 
experiências e situações vividas por ele​.  
- A secundidade é o instante em que você percebe a experiência. Por exemplo, você sente 
que o sol está batendo no seu rosto.  
- Secundidade é quando você se familiariza com determinada coisa, fazendo 
diferenciações, mas não consegue formar algo completo de determinada coisa.  
- Descrição física buscada na memória/imaginação. Informações físicas, de “pequenas” 
relações.  
- Rotulação da coisa.  
> Terceiridade: 
Diante de qualquer fenômeno, isto é, para conhecer e compreender qualquer coisa, a 
consciência produz um signo, ou seja um pensamento como mediação irrecusável entre nós e os 
fenômenos. E isto, já ao nível do que chamamos de percepção. Perceber não é senão traduzir 
um objeto de percepção em um julgamento de percepção, ou melhor, é interpor uma camada 
interpretativa entre a consciÊncia e o que é percebido. Nessa medida, o simples ato de olhar já 
está carregado de interpretação, visto que é sempre o resultado de uma elaboração cognitiva, 
fruto de uma mediação significativa que possibilita nossa orientação no espaço por um 
reconhecimento e assentimento diante das coisas que só o signo permite.  
- O homem só conhece o mundo por que,de alguma forma, o representa e só interpreta 
essa representação numa outra representação que Peirce denomina interpretante da 
primeira. Daí que o signo seja uma coisa de cujo reconhecimento dependente do signo, 
isto é, aquilo que é representado pelo signo (...) (Santaella) 
- Daí que para nós o signo seja um primeiro, o objecto um segundo e o interpretante um 
terceiro. Para conhecer e se conhecer o homem se faz signo e só interpreta esses signos 
traduzindo-os em outros signos. Em síntese: compreender, interpretar é traduzir um 
pensamento em outro pensamento num movimento ininterrupto, pois śo podemos pensar 
um pensamento em outro pensamento. É por que o signo está numa relação a três 
termos que sua ação pode ser bilateral: de um lado, representa o que está fora dele, seu 
objeto, e de outro lado, dirige-se para alguém em cuja mente se processará sua remessa 
para um outro signo ou pensamento onde seu sentido se tradu. E esse sentido, para ser 
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interpretado tem de ser traduzido em outro signo e assim ad infinitum. O significado 
portanto, é aquilo que se desloca e se esquiva incessantemente. O significado de um 
pensamento ou signo é um outro pensamento. 
- Por exemplo: Para esclarecer o significadode qualquer palavra temos que recorrer a uma 
outra palavra que, em alguns traços, possa substituir a anterior. (Santaella) 
- Terceiridade, que aproxima um primeiro e um segundo numa síntese intelectual, 
corresponde à camada de inteligibilidade ou pensamento em signos, através da qual 
representamos e interpretamos o mundo. eg.: o azul, simples e positivo azul, é um 
primeiro. O céu, como lugar e tempo, aqui e agora, onde se encarna o azul é um 
segundo. A síntese intelectual, elaboração cognitiva - o azul no céu, ou o azul do céu - é 
um terceiro. (Santaella.) 
Terceiridade é a reflexão que você fará (pode ser uma ação, uma reflexão etc). É o pensamento 
em signos, a qual representamos e interpretamos. A terceiridade é a sua ação de sair ao sol pois 
ele está batendo em seu rosto. É a interpretação e a ação. (Caixa Preta, Amanda Veronese) 
 
EM SUMA: 
A primeiridade é a contemplação, quando se vê algo mas procura-se entender o momento que 
ela está lá. A secundidade é entender as informações que ela passa para compreender e 
relacionar-las entre si. E a terceiridade é buscar compreender o resultado final da justificativa da 
existência de algo, sendo assim o fato final.  
 
O PRINCÍPIO DA SEMIÓTICA 
● O ícone é um signo natural que você apreendeu por semelhança. 
● O Signo ícone é um signo que de algum modo nos projeta para o futuro. Por exemplo, 
você vê uma quantidade de nuvens negras no horizonte e isso é índice de chuva.  
 
A DIVISÃO DOS SIGNOS PEIRCIANOS 
Os signos peircianos podem ser divididos com base em verbais e não verbais; símbolos (Signos 
simbólicos ou convencional-simbólico) [quando a relação entre as coisas em que eles aparecem 
e as coisas que que eles representam é de caráter convencional e, por conseguinte, baseado 
apenas num acordo entre os sujeitos comunicantes, no sentido que isto, mesmo não tendo nada 
haver com aquilo, deve ser aceito como a sua representação. É com base neste fator (A 
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convenção) que o elemento pode ser considerado o mesmo em outras línguas, mesmo as letras 
serem organizadas de formas diferentes, mantendo o mesmo significado.] 
 O ícone (Signos icônicos ou qualitativo-icônico): Os signos são icónicos quando a relação 
entre as coisas em que eles aparecem e as coisas que eles representam é de caráter imitativo 
e, portanto, baseada não mais numa simples convenção, mas em dada semelhança entre os 
dois tipos de coisas, no sentido de que, se isto parece com aquilo, de modo que, percebendo-se 
isto, lembra-se imediatamente daquilo, então a primeira coisa pode ser tomada a 
representação da segunda coisa. É com este segundo fator [A semelhança entre os dois tipos de 
coisa] que a figura pode ser tomada como representação de algo.  
 Índice (Signos-índice ou Singular-indicativo) os signos são índice quando a relação entre as 
coisas em que eles representam é de caráter não mais convencional, nem imitativo, mas 
associativo, no sentido de que, se isto costuma vir sempre associado ou vinculado a algo, de 
maneira que, percebe-se a isto, lembra-se imediatamente daquilo, então a primeira coisa pode 
ser tomada como representação da segunda coisa. É com base no fator de associação que por 
exemplo os rastros de um cavalo podem ser tomados não só como representações de suas 
patas, mas também do próprio cavalo, inclusive do cavaleiro que, possivelmente ele vai montado 
e ainda na direção que tomou. Ou, mais simplificado, os sons de queda d'água em uma floresta 
indicam que há uma cachoeira próxima.  
Nota: 
 E já que a noção não verbal surge por oposição a verbal, podemos dizer que não-verbais são 
aqueles que, embora manifestos através de outros fenômenos , diferentes das palavras, o 
papel que desempenham é idêntico ao desempenho das palavras. Logo são um meio de 
representação. 
 
ANOTAÇÕES IMPORTANTES: 
● Legi-signo é um signo convencionado por geral, para a significação de algo. Como 
exemplo, as cores da bandeira do Brasil que são relacionadas com a história da 
descoberta e desenvolvimento. Leva o aspecto de representação.  
● Sin-Signo é a singularidade do signo sendo ela o tamanho do objeto, por exemplo. Mas 
resumindo, seria o signo em si, levando o aspecto existente. 
● Quali-signo é as descrições como os aspectos de qualidade, sugerindo e associando a 
aparência que o signo exibe. Leva o aspecto de abdução.  
- Interpretante dinâmico: Necessita de um conhecimento prévio sobre o objeto em análise 
e compreender os efeitos em mente.  
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- Emocional: os detalhes de como o leitor desenvolve emoções.  
- Energético: Relação de existência e aspectos de realidade.  
- Lógico: grupo que participa.  
- Interpretante fina: argumento.  
 
REVISÃO PARA PROVA 01 
2 OBJETOS: 
1° Dinâmico (Fatos / mundo e realidade) (é o fenómeno que aconteceu, por exemplo SPFW) 
2° Imediato (Jornal/ veículo que vai possibilitar conhece a realidade < sinônimo de dinâmico > Ex: 
Elle revista que escreverá sobre o evento  
 
3 INTERPRETANTES 
1° Imediato  
2° Dinâmico 
a) emocional 
b) energético  
c) lógica  
3° Final (Lógico) 
 
Signo em Si  
Quali - Ícone  
Sin - índice 
Legi - Símbolo  
 
AA - Rema 
BB - Discente  
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CC - Argumento  
ESQUEMA DE ANÁLISE 
 
* Mente seria como você interpreta as coisas.  
*Signo é o mediador  
*objetos é a coisa. (objeto dinâmico necessita do objeto imediato).  
>Imediato dá corpo ao signo no sentido de representar de construir. Representa o objeto 
dinâmico 
> Dinâmico é além do objeto imediato. 
 
Exemplo:  
O signo eh a convenção social que faz com que eu entenda o objeto (coisa) e logo a justificativa 
que vem na explicação na mente o indice indica o que é ou nao na coisa.  
 
Analogia:  
Objeto - roupa  
Signo - característica {q desta em quali signo} 
Mente - receptor final (eu)  
 
 
 
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SEMIÓTICA CULTURAL RUSSA 
 
Dentro do estudo a cultura é tratada como uma Semiosfera, e dentro dela é encontrada os 
sistemas modelizantes possuindo suas linguagens codificadas e próprias. O encontro desses 
sistemas e suas linguagens em suas fronteiras produzem os chamados “Novos Textos”, no caso 
uma mescla de dois elementos formula um novo (Teatro + Musica = Musical) 
O novo texto é o resultado de duas modalidades. 
 
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Resumo Transcrito 
Estruturalidade​​:​​ A linguagem verbal como se confirma como sistema dotado da estrutura que 
fala Jakobson, enquanto que as outras linguagens da cultura só podem ser pensadas 
teoricamente a partir da estruturalidade. Quer dizer, por uma espécie de princípio organizador, 
que não chega a ser estrutura, mas mostra uma organização do sistema.  
 A linguagem verbal, por ser dotada de estrutura [...] os outros sistemas de cultura, como é o 
caso da literatura, do mito, da religião e da arte, por serem dotados, não uma estrutura, mas pr 
construírem uma estruturalidade.  
É UMA ABORDAGEM DO PENSAMENTO QUE VÊ A SOCIEDADE E SUA CULTURA FORMADAS 
POR ESTRUTURAS SOB AS QUAIS BASEAMOS NOSSOS COSTUMES, LÍNGUA, 
COMPORTAMENTO, ECONOMIA, ENTRE OUTROS FATORES.   
  
MODELIZAÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA: 
PRIMÁRIA: A linguagem verbal, por ser dotada de estrutura, é um sistema modelizante primário.  
SECUNDÁRIO: Os outros sistemas da cultura, como é o caso da literatura, do mito, da religião e 
da arte, por serem dotados, não de uma estrutura, mas por construírem uma estruturalidade. São 
chamados de sistemas modelizantes secundários. Modelizantes de segundo nível porque 
construídos sobre o modelo da língua verbal, não remetem para ela a sua codificação e 
descodificação, uma vez que constroem o seu pŕoprio modelo.  
 
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NOÇÃO DE TEXTO: 
O conceito de texto pressupõeque haja, no mínimo, dois tipos de codificação [...] uma 
decodificação definidora do sistema semiótico e a codificação da esfera cultural que modeliza o 
sistema como um texto [...] Lotman concedeu o texto como sendo constituído por inúmeros 
subtextos e em permanente diálogo com vários outros. .  
FUNÇÕES DE TEXTO​​: 
 ​1) Função Comunicativa:​​ Natureza comunicativa do texto como processo de realização da 
língua natural  
2) Função geradora: ​​o rexto cumpri a função de geração de sentidos. Neste caso, ele é 
heterogêneo e o hetero-estrutural, constituído como a manifestação de várias linguagens.  
3) Função mnemônica​​: ligada a memória da cultura [...] poderíamos comparar o texto a uma 
semente, capaz de conservar e reproduzir lembranças.  
Hierarquia complexa: ​​organização dinâmica das linguagens que atuam no espaço semi esférico, 
ou seja, com o modo como elas se organizam no interior da semiosfera. 
Irregularidade interna da semiosfera como sua lei de organização, definido que esta se divide 
em estruturas nucleares e periféricas que se movimentam no espaço semiesférico, gerando 
áreas de tensão a ideia da semiosfera como hierarquia complexa compreende, portanto, 
irregularidade, dinamismo e tensão entre as estruturas centrais periféricas, onde as linguagens 
do centro tendem a periferia, e as que estão na periferia, para o centro.  
Fronteira em semiose​​: mecanismo chave para o entendimento do devir das culturas. Isto por 
que, pela fronteira, é possível apreender não apenas a individualidade e a diversidade 
compositiva.  
[...] é pela fronteira que se torna possível apreender as trocas informacionais operacionalizadas 
entre os sistemas sígnicos, visto que “a fronteira semiótica é uma suma dos tradutores filtros 
bilíngues, passando através dos quais um texto se traduz a outra língua.  
 
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