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Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 1� Aula 3: Sociedades anônimas Olá, futuros AUDITORES FISCAIS do Município do Rio de Janeiro! Tudo bem? Mais uma semana no ano e menos uma semana para o concurso. Estudando muito? Tenho notado que o Fórum de dúvidas está um pouco vazio. Pessoal, vamos lá! Aquilo lá tem que lotar, ou vocês estão dominando a matéria por completo? Falta pouco para o concurso. Dúvida ruim é aquela que não é sanada. Hoje trataremos dos seguintes aspectos do edital: 3. Sociedade anônima: constituição, objeto, capital social e ações, acionistas e administração e demais órgãos sociais; dissolução, liquidação e extinção das sociedades anônimas; direitos dos acionistas minoritários. 3.6. Operações de reorganização societária: transformação, incorporação, fusão e cisão. 3.7. Sociedades controladoras, controladas e coligadas; subsidiária integral. 3.8. O poder de controle na sociedade anônima; acordo de acionistas; abuso do poder de controle. 4. Desconsideração da personalidade jurídica. Vamos lá! Sociedades anônimas 1. (ESAF/AFC/CGU/2008) Na eleição dos conselheiros de administração das sociedades anônimas, é facultado aos acionistas que representem, no mínimo, um décimo do capital social com direito a voto, esteja ou não previsto no estatuto, requerer a adoção de um processo especial de votação, atribuindo-se a cada ação tantos votos quantos sejam os membros do conselho, e reconhecido ao acionista o direito de cumular os votos num só candidato ou distribuí-los entre vários. Esse processo é designado: a) voto plural. b) voto múltiplo. c) voto multilateral. d) voto em bloco. e) voto disjuntivo. Comentários Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 2� Começemos nossa aula falando um pouco sobre o voto. Existe na Lei das Sociedades por Ações um capítulo que denominamos de direitos essenciais dos acionistas. Arrolemo-los: Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos de: I - participar dos lucros sociais; II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. Pois bem, pergunto: o voto consta entre os direitos essenciais supracitados? Não! Logo, não faz parte desses direitos garantidos amplamente aos acionistas. Este é um primeiro ponto que pode ser cobrado em prova. Assim, nem todas as ações dão direito a voto! Gravemos inicialmente: as ações ordinárias conferem aos titulares o direito a voto. As ações preferenciais, em regra, não conferem direito a voto. Segundo a Lei 6.404/76, art. 110, a cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da assembléia-geral. Contudo, o estatuto pode estabelecer limitação ao número de votos de cada acionista. Indo mais além, a LSA, art. 110, §2º, estabelece que é vedado atribuir voto plural a qualquer classe de ações. Por voto plural, entenda-se atribuir mais de um voto a uma mesma ação. Ok? Assim, haveria voto plural se eu, Gabriel Rabelo, acionista ordinário da Petrobrás, com uma única ação da sociedade, tivesse a possibilidade de votar duas ou mais vezes matéria em pauta. Distinga-se, entretanto, o voto plural do voto múltiplo. O voto múltiplo verifica-se na eleição de membros do denominado Conselho de Administração, que cuida da gestão dos negócios da Sociedade Anônima. Adota-se para a eleição dos membros deste conselho um dos seguintes tipos de votação: a) majoritária: onde existem votações separadas para cada cargo do Conselho. Assim, se houver votação para eleição de 3 membros, o titular de uma ação votará três vezes; b) proporcional: é feita uma única eleição para todos os cargos. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 3� Fábio Ulhoa Coelho ilustra brilhantemente a situação com um exemplo prático. Vejamos: “Considere-se que o capital votante de uma SA é distribuído entre dois acionista, Antonio, com 60% e Benedito, com 40%, e que o conselho, composto por cinco membros, está sendo totalmente renovado. Se adotada a votação majoritária, Antonio deposita todos os seus votos nas cinco pessoas de sua confiança (na chapa ou nas candidaturas isoladas), e ganha a eleição porque tem mais votos que Benedito. Por outro lado, adotada a votação proporcional, a tendência será a Antonio eleger três, e Benedito dois membros do Conselho”. Existe ainda a modalidade de votação chamada voto múltiplo. O voto múltiplo está previsto no artigo 141 da Lei das Sociedades por Ações – LSA, cuja redação se segue: Art. 141. Na eleição dos conselheiros, é facultado aos acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) do capital social com direito a voto, esteja ou não previsto no estatuto, requerer a adoção do processo de voto múltiplo, atribuindo-se a cada ação tantos votos quantos sejam os membros do conselho, e reconhecido ao acionista o direito de cumular os votos num só candidato ou distribuí-los entre vários. Assim, se no voto múltiplo cada ação com direito a voto corresponde a tantos votos quantos forem os membros a serem eleitos para o conselho de administração. No processo, ainda é facultado ao acionista votante o direito de cumular os votos num só candidato ou distribuí-los entre vários, como bem frisou o excerto final da questão. Entenderam? O gabarito é, portanto, a letra b, voto múltiplo. 2. (ESAF/AFC/CGU/2008) No âmbito dos administradores das sociedades anônimas, a corporate governance, paulatinamente indissociável da gestão das companhias abertas, e a figura do insider trading, delineada pela doutrina norte-americana, relacionam-se, sobremaneira, a dois deveres, que são, respectivamente: a) dever de diligência e de informar. b) dever de informar e de zelo. c) dever de sigilo e de lealdade. d) dever de zelo e de diligência. e) dever de lealdade e de sigilo. Comentários Governança corporativa ou corporate governace é o conjunto de processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e instituições que regulam a maneira como uma empresa é dirigida, Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 4� administrada ou controlada. O termo inclui também o estudo sobre as relações entre os diversos atores envolvidos e os objetivos pelos quais a empresa se orienta. Os principais atores são os acionistas, a alta administração e o conselho de administração. Outros participantes da governança corporativa são os funcionários, fornecedores, clientes, bancos e outros credores, instituições reguladoras (como a CVM, o Banco Central, etc.) e a comunidade em geral. Uma das principais preocupações da teoria é garantir a aderência dos principais atores a códigos de conduta pré- acordados, através de mecanismos que tentam reduzir ou eliminar os conflitos de interesse e manter a lealdade do agente à instituição a que pertence. Insiders são aqueles que possuem acesso a informações importantes relativamente à sociedade. Já o insider trading é aquele que negocia valores mobiliários da sociedade por pessoas que possuem informações privilegiadas. Os insiders relacionam-se ao dever de sigilo da empresa. O gabarito da questão é a letra e. 3. (ESAF/AFC/CGU/2008)Sobre os órgãos de administração das sociedades anônimas, é correto afirmar, exceto: a) o conselho de administração é órgão de deliberação colegiada e de existência obrigatória nas companhias abertas, de capital autorizado e de economia mista. b) a assembléia geral fixará o montante global ou individual da remuneração dos administradores, inclusive benefícios de qualquer natureza e verbas de representação. c) a representação da companhia compete aos administradores em geral; compete ao conselho de administração, quando existir, eleger e destituir os diretores da companhia. d) são inelegíveis para os cargos de administração da companhia as pessoas impedidas por lei especial, ou condenadas por crime falimentar. e) são inelegíveis para os cargos de administração da companhia as pessoas condenadas por crime de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato ou contra a economia popular. Comentários Falaremos um poucos sobre os órgãos que integram as SAs. São órgãos da companhia previstos na Lei 6.404/1976: a Assembleia Geral, o Conselho de Administração, a Diretoria e o Conselho Fiscal. Inicialmente, vale ressaltar que a LSA não trouxe um rol taxativo de órgãos a serem instituídos, conforme se depreende da leitura do art. 160. Esse assunto já foi explorado pela FGV com o Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 5� seguinte aspecto: é vedada a criação de qualquer outro órgão da sociedade ou comitê, ainda que com funções meramente consultivas, diferente dos órgãos previstos em lei, isto é, Conselho de Administração e Diretoria. O item está incorreto. Segundo a lei das SAs: Art. 160. As normas desta Seção aplicam-se aos membros de quaisquer órgãos, criados pelo estatuto, com funções técnicas ou destinados a aconselhar os administradores. O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada e cuida da gestão dos negócios da Sociedade Anônima. Segundo a 6.404/76 a administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria (LSA, Art. 138). O conselho de administração é órgão colegiado de existência facultativa nas sociedades anônimas fechadas, conforme se deflui da interpretação a contrario sensu do artigo 138, §2º, da LSA. � � � � A FGV cobrou o tema na prova para Fiscal de Rendas do Estado do RJ, em 2009, como se segue: o Conselho de Administração é obrigatório apenas em sociedade por ações de capital aberto, em sociedades de economia mista e de capital autorizado. O item está perfeito! Falaremos mais à frente sobre outros detalhes do CA. O nosso item a da questão 3 também está correto. Próximo! Poderão ser eleitos para membros dos órgãos de administração pessoas naturais, devendo os membros do conselho de administração ser acionistas e os diretores residentes no País, acionistas ou não (LSA, art. 146). São inelegíveis para os cargos de administração da companhia as pessoas impedidas por lei especial, ou condenadas por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade, ou a pena criminal que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos. São ainda inelegíveis para os cargos de administração de companhia aberta as pessoas declaradas inabilitadas por ato da Comissão de Valores Mobiliários. Essas disposições são constantes do artigo 147, §1º e §2º da LSA. Assim, os itens D e E estão corretos. Obrigatório:�cias�abertas,�SEM,�capital�autorizado� Conselho�de� Administração� Facultativo:�cias�fechadas� Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 6� A nossa questão B foi literalidade da Lei das SAs: A assembléia-geral fixará o montante global ou individual da remuneração dos administradores, inclusive benefícios de qualquer natureza e verbas de representação, tendo em conta suas responsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor dos seus serviços no mercado (LSA, art. 152). O item está correto. A Assembléia-Geral é o órgão máximo de deliberação, formado pelos acionistras. Restou a assertiva c, que é o nosso item incorreto. A administração da companhia compete aos administradores e aos diretores da companhia. Todavia, a representação da companhia é privativa dos diretores (LSA, art. 138, §1º). A segunda parte da assertiva está correta: compete ao conselho de administração, quando existir, eleger e destituir os diretores da companhia. Galera, parece que esta aula não começou bem. A lei das SAs é gigante e complexa, cheia de prazos, artigos imensos. Mas não nos abatamos. Vamos passar aqui o principal para fazer uma prova que não exija conhecimentos absurdos ou a alínea x, do inciso z, do artigo tal. Preparemo-nos para uma boa prova. Se vier fora do padrão, tenham certeza de que nivelará por baixo. Aí, é contar com um pouco de sorte também e muito chute a esmo. Sigamos... 4) (ESAF/AFC/CGU/2008) Todas as atribuições abaixo constituem competência do conselho fiscal das sociedades anônimas, exceto: a) convocar a assembléia geral, quando julgar conveniente. b) fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários. c) analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela companhia. d) examinar as demonstrações financeiras de exercício social e sobre elas opinar. e) opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo constar do seu parecer as informações complementares que julgar necessárias ou úteis à deliberação da assembléia geral. Comentários Ao conselho fiscal incumbe a fiscalização dos órgãos de administração, no interesse da companhia e dos acionistas. O conselho fiscal é de existência obrigatória, seja nas sociedades Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 7� anônimas fechadas, seja nas sociedades anônimas abertas, porém, seu funcionamento permanente é facultativo (Lembrem-se: nas limitadas a existência do CF é facultativa). A companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas (LSA, art. 161). A composição do Conselho Fiscal se dá da seguinte maneira: O conselho fiscal será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral (LSA, art. 161, §1º). Essa composição foi cobrada em concurso pela FCC, da seguinte forma: (FCC/2005) A composição do Conselho Fiscal de sociedade por ações não será inferior a três, nem superior a cinco membros efetivos e suplentes em igual número, eleitos dentre aqueles que compõem os órgãos da administração. Resposta: A composição do Conselho Fiscal de sociedade por ações não será inferior a três, nem superior a cinco membros efetivos e suplentes em igual número, eleitos pela Assembleia-Geral. Não podem ser eleitos para o Conselho Fiscal pessoas impedidas por lei especial, condenadas por crimes, membros dos órgãos da administração, e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo, e o cônjuge ou parente, até terceiro grau, de administrador da companhia (LSA, art. 162). Além disso, somente podem ser eleitos para o conselho fiscal pessoas naturais, residentes no País, diplomadas em curso de nível universitário, ou que tenham exercido por prazo mínimo de 3 (três)anos, cargo de administrador de empresa ou de conselheiro fiscal. A competência do Conselho Fiscal está prescrita no artigo 163 da LSA, como se segue: Art. 163. Compete ao conselho fiscal: I - fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) II - opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo constar do seu parecer as informações complementares que julgar necessárias ou úteis à deliberação da assembléia-geral; III - opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a serem submetidas à assembléia-geral, relativas a modificação do capital social, emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de investimento ou orçamentos de capital, distribuição de dividendos, transformação, incorporação, fusão ou cisão; Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 8� IV - denunciar, por qualquer de seus membros, aos órgãos de administração e, se estes não tomarem as providências necessárias para a proteção dos interesses da companhia, à assembléia-geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e sugerir providências úteis à companhia; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) V - convocar a assembléia-geral ordinária, se os órgãos da administração retardarem por mais de 1 (um) mês essa convocação, e a extraordinária, sempre que ocorrerem motivos graves ou urgentes, incluindo na agenda das assembléias as matérias que considerarem necessárias; VI - analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela companhia; VII - examinar as demonstrações financeiras do exercício social e sobre elas opinar; VIII - exercer essas atribuições, durante a liquidação, tendo em vista as disposições especiais que a regulam. Em nossa questão, todas as assertivas enunciam competências do Conselho Fiscal, salvo a alternativa a, que resta incorreta, uma vez que a convocação da assembleia geral não se dá a seu bel-prazer, mas, somente, se os órgãos da administração retardarem por mais de 1 (um) mês essa convocação, e, extraordinariamente, sempre que ocorrerem motivos graves ou urgentes, incluindo na agenda das assembléias as matérias que considerarem necessárias. Gabarito å a. 5) (ESAF/AFC/CGU/2008) A respeito da responsabilidade dos administradores na legislação das sociedades anônimas, é incorreto afirmar: a) o administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão. b) o administrador responde civilmente pelos prejuízos que causar, quando proceder, dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo. c) o administrador responde civilmente pelos prejuízos que causar, quando proceder, dentro de suas atribuições ou poderes, com violação da lei ou do estatuto. d) compete à companhia, mediante prévia deliberação do conselho fiscal, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 9� e) os administradores são solidariamente responsáveis pelos prejuízos causados em virtude do não-cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos eles. Comentários São administradores da companhia os diretores e os conselheiros de administração (os últimos, se houver CA). Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios. Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa. Art. 155. O administrador deve servir com lealdade à companhia e manter reserva sobre os seus negócios. Lembre-se de que os administradores nas sociedades anônimas somente podem ser pessoas físicas. Art. 152. A assembléia-geral fixará o montante global ou individual da remuneração dos administradores, inclusive benefícios de qualquer natureza e verbas de representação, tendo em conta suas responsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor dos seus serviços no mercado. Falemos agora sobre a responsabilidade destes administradores. Como é de se concluir, o administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão (LSA, art. 158). A alternativa a, encontra-se, pois, correta. Todavia, os administradores respondem civilmente pelos prejuízos que causarem quando procederem: I – Dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo; II – Com violação da lei ou estatuto. Assim, as assertivas b e c estão corretas. Também, em regra, o administrador não é responsável por atos ilícitos de outros administradores, salvo se com eles for conivente, se negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a sua prática (LSA, art. 158, §1º). Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 10� Todavia, quando estivermos falando sobre decisões colegiadas, mesmo que determinado administrador tenha votado contra ato ilícito poderá ser responsabilizado. Para que tal prejuízo seja evitado, dispõe a LSA que “Exime-se de responsabilidade o administrador dissidente que faça consignar sua divergência em ata de reunião do órgão de administração ou, não sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração, no conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembléia-geral.” (LSA, art. 158, §1º). Os administradores são solidariamente responsáveis pelos prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos eles. A própria lei (art. 158, §3º e 4º), contudo, restringe essa responsabilidade às companhias fechadas. Nas cias abertas a responsabilidade solidária ficará restrita aos administradores que, por disposição do estatuto, tenham atribuição específica de dar cumprimento àqueles deveres, salvo se administrador tiver conhecimento do descumprimento desses deveres por seu antecessor (a lei usa o termo predecessor), ou pelo administrador que tenha a atribuição específica de dar-lhes cumprimento, e deixe de comunicar o fato à Assembléia Geral. Assim, a assertiva e está perfeita. Restou-nos a alternativa d, que é o gabarito da questão. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral (e não do Conselho Fiscal, como foi proposto), a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio (LSA, art. 159). Se a Assembléia deliberar não propor a ação, poderá fazê-lo os acionistas que representem 5% do capital social. Contudo, qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da assembléia-geral (LSA, art. 159, §3º). 6) (ESAF/AFC/CGU/2008) Quanto à composição dos órgãos legais de administração e fiscalização das sociedades anônimas, marque a assertiva incorreta. a) A diretoria será composta por dois ou mais diretores. b) O conselho fiscal será composto de, no mínimo, três e, no máximo, cinco membros,e suplentes em igual número, acionistas ou não. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 11� c) O conselho de administração será composto por dois ou mais membros, eleitos pela assembléia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo. d) O estatuto da companhia poderá prever a participação no conselho de administração de representante dos empregados, escolhido pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representem. e) Não podem compor o conselho fiscal membros de órgãos de administração e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo. Comentários A composição do Conselho Fiscal de sociedade por ações não será inferior a três, nem superior a cinco membros efetivos e suplentes em igual número, eleitos pela Assembleia-Geral. Não podem ser eleitos para o Conselho Fiscal pessoas impedidas por lei especial, condenadas por crimes, membros dos órgãos da administração, e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo, e o cônjuge ou parente, até terceiro grau, de administrador da companhia (LSA, art. 162). Além disso, somente podem ser eleitos para o conselho fiscal pessoas naturais, residentes no País, diplomadas em curso de nível universitário, ou que tenham exercido por prazo mínimo de 3 (três) anos, cargo de administrador de empresa ou de conselheiro fiscal. A letra b está correta. Não podem compor o conselho fiscal membros de órgãos de administração e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo (LSA, art. 162, §2º). Item e está correto. Esse assunto foi cobrado no concurso para magistratura do TRT 3ª região, em 2008, com a seguinte redação: Os empregados de sociedade controlada ou do mesmo grupo podem ser eleitos para o Conselho Fiscal. Percebemos com base no exposto que o item está incorreto. O conselho de administração será composto por, no mínimo, 3 membros, eleitos pela assembléia-geral e por ela destituíveis a qualquer tempo (LSA, art. 140). A letra c está incorreta. O estatuto poderá prever a participação no conselho de administração de representantes dos empregados, escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representem (LSA, art. 140, parágrafo único). A letra d está correta. Frise-se que esses empregados podem não ser acionistas da sociedade. Por último, a letra a também está correta. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 12� No silêncio do estatuto e inexistindo deliberação do conselho de administração (artigo 142, n. II e parágrafo único), competirão a qualquer diretor a representação da companhia e a prática dos atos necessários ao seu funcionamento regular. A Diretoria será composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração, ou, se inexistente, pela assembléia-geral (LSA, art. 143). 7. (ESAF/AFT/MTE/2003) Os administradores da sociedade anônima a) podem ser pessoas jurídicas, devendo, neste caso, ser designado um representante residente e domiciliado no Brasil. b) devem exercer suas funções em atendimento ao dever de diligência, não respondendo pelos atos dos demais administradores. c) respondem solidariamente pelos atos ou omissões danosos dos demais administradores, tendo ação regressiva contra estes quando forem inocentes. d) somente podem ser responsabilizados por ação proposta mediante autorização da assembléia geral. e) quando eleitos por minoritários, devem considerar- se representantes destes nos órgãos de administração. Comentários A letra a está correta ou incorreta? Incorreta, prezados. Dissemos que apenas pessoas naturais podem tomar parte na administração das SAs. A letra b está em estrita consonância com o ordenamento. Senão vejamos: Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios. Ademais, é regra prevista na LSA que o administrador x não responde pelos atos praticados pelo administrador y, como vemos: Art. 158, §1º. O administrador não é responsável por atos ilícitos de outros administradores, salvo se com eles for conivente, se negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a sua prática. Exime-se de responsabilidade o administrador dissidente que faça consignar sua divergência em ata de reunião do órgão de administração ou, não sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração, no conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembléia-geral. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 13� A letra c foi o oposto da b, estando, pelo motivo exposto, incorreta. Outrossim, a letra d está incorreta. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio (LSA, art. 159). Se a assembléia deliberar não promover a ação, poderá ela ser proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social, se a Assembléia deliberar em não promover a ação (LSA, art. 159, §4º). Assim, a ação de responbilidade pode ser proposta tanto pela assembléia-geral quanto pelos acionistas que representem ao menos 5% do capital social. Por fim, a letra está incorreta. Independentemente de os minoritários ou majoritários terem sido eleitos para a administração do órgão, representarão a companhia como um todo, em sua totalidade, e não este ou aquele grupo. 8. (FGV/Fiscal de Rendas ICMS RJ/2009) A respeito da estrutura de administração das sociedades por ações, é correto afirmar que: (A) é obrigatório que as sociedades por ações sempre tenham administração dual, isto é, tenham um Conselho de Administração e uma diretoria. (B) o Conselho de Administração é obrigatório apenas em sociedade por ações de capital aberto, em sociedades de economia mista e de capital autorizado. (C) é vedada a criação de qualquer outro órgão da sociedade ou comitê, ainda que com funções meramente consultivas, diferente dos órgãos previstos em lei, isto é, Conselho de Administração e Diretoria. (D) os membros do Conselho de Administração podem, eventualmente, representar a companhia perante terceiros. (E) quando a sociedade por ações possuir Conselho de Administração, os membros da Diretoria, antes de realizar qualquer negócio relevante para a companhia, devem ter o aval do órgão colegiado. Comentários (A) Incorreta. A legislação acionária permite que o empresário estruture a sua administração da forma que melhor lhe convenha, estabelecendo se haverá Conselho de Administração e Diretoria ou apenas Diretoria, nos termos do art. 138 da Lei 6.404/76. Somente nas sociedades abertas, de economia mista e de capital autorizado é obrigatória a administração dual, nos termos dos artigos 138, §2º. e 239 da Lei das S.A. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 14� (B) Correta. Esta alternativa espelha exatamente o previsto nos artigos 138, § 2º. e 239 da Lei 6.404/76. O conselho de administração é órgão colegiado de existência facultativa nas sociedades anônimas fechadas, conforme se deflui da interpretação a contrario sensu do artigo 138, §2º, da LSA. (C) Incorreta. É possível a criação de outrosórgãos pelo estatuto social, que terão função técnica ou destinados a aconselhar os administradores, conforme o disposto no artigo 160 da Lei 6.404/76, cuja transcrição se segue: Art. 160. As normas desta Seção aplicam-se aos membros de quaisquer órgãos, criados pelo estatuto, com funções técnicas ou destinados a aconselhar os administradores. (D) Incorreta. O Conselho de Administração é órgão colegiado e deliberativo, não podendo ter atividade de representar a companhia. A representação da sociedade compete privativamente aos diretores, nos termos do artigo 138, § 1 da Lei 6.404/76. (E) Incorreta. A competência do Conselho de Administração está fixada no artigo 142 da Lei das S.A. Esse artigo tem caído em prova. O estatuto social pode, entretanto, exigir que este órgão colegiado manifeste-se previamente sobre alguns atos ou contratos da companhia. Vamos dar uma olhada no artigo 142: Art. 142. Compete ao conselho de administração: I - fixar a orientação geral dos negócios da companhia; II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições, observado o que a respeito dispuser o estatuto; III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos; IV - convocar a assembléia-geral quando julgar conveniente, ou no caso do artigo 132; V - manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria; Conselho�de� Administração� Obrigatório:�cias�abertas,�sem,�capital�autorizado� Facultativo:�cias�fechadas� Representação�da�Companhia� Diretores�(COMP.�PRIVATIVA)� Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 15� VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o exigir; VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou de bônus de subscrição; VIII – autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) IX - escolher e destituir os auditores independentes, se houver. Infelizmente é um absurdo cobrar essas competências dos diversos órgãos em concurso, mas isso cai! Vejamos uma questão realizada agora pela FCC, no dia 23 de março de 2010: 9. (FCC/Auditor Fiscal de Tributos Estaduais Rondônia/2010) NÃO se inclui na competência do Conselho de Administração, dentre outras atribuições: a) Convocar a Assembleia Geral b) Fixar a orientação geral para negócios sociais. c) Suspensão de direitos dos acionistas. d) Escolher e destituir os auditores independentes, se houver. e) Eleger e destituir os membros da diretoria. Comentários Essa é a típica questão maldosa. Cobrar questões que exijam que o candidato decore artigo com 10 incisos é nivelar extremamente por baixo. Não temos o que fazer, vamos lá... A) CORRETO. É competência do Conselho de Administração convocar a assembléia-geral quando julgar conveniente, ou para os casos do artigo 132, quais sejam, tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos; eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167). B) CORRETO. É competência do Conselho de Administração fixar a orientação geral dos negócios da companhia. C) INCORRETO. É esse, portanto, o gabarito da questão. A suspensão de direito dos acionistas é deliberada pela assembléia- geral, como se extrai da leitura do seguinte artigo: Art. 120. A assembléia-geral poderá suspender o exercício dos direitos do acionista que deixar de cumprir obrigação imposta pela lei ou pelo estatuto, cessando a suspensão logo que cumprida a obrigação. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 16� D) CORRETO. É competência do Conselho de Administração escolher e destituir os auditores independentes, se houver. E) CORRETO. É competência do Conselho de Administração eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições, observado o que a respeito dispuser o estatuto. 10. (FGV/Auditor Amapá/2010) Nas sociedades por ações é obrigatória a existência de Conselho de Administração. Comentários A legislação acionária permite que o empresário estruture a sua administração da forma que melhor lhe convenha, estabelecendo se haverá Conselho de Administração e Diretoria ou apenas Diretoria, nos termos do art. 138 da Lei 6.404/76. Somente nas sociedades abertas, de economia mista e de capital autorizado é obrigatória a administração dual, nos termos dos artigos 138, §2º. e 239 da Lei das S.A. O item está incorreto. 11.� (FGV/Fiscal de Rendas FGV/2009) Antônio herdou imóvel bem localizado em Vila Isabel e deseja concretizar seu sonho de abrir uma livraria. Para levar o seu projeto adiante, Antônio fez um plano de negócios e constatou a necessidade de R$ 700.000,00 (setecentos mil reais) para iniciar as atividades. Considerando que o valor do seu imóvel é estimado em aproximadamente R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), convida Bernardo para entrar na sociedade uma vez que ele já tem grande expertise no ramo e interesse em investir no setor. Para a integralização do capital social, caso a sociedade seja constituída como sociedade por ações, o imóvel herdado deverá ser avaliado por três peritos ou por empresa especializada e o valor deve ser aprovado em Assembleia Geral. Bernardo poderá integralizar a sua parte em dinheiro e em serviços avaliados de acordo com o seu know-how. Comentários Vamos analisar. De acordo com o artigo 8º da LSA: Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-geral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em primeira convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número. § 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens avaliados, e estarão presentes à Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 17� assembléia que conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que lhes forem solicitadas. § 2º Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela assembléia, os bens incorporar-se-ão ao patrimônio da companhia, competindo aos primeiros diretores cumprir as formalidades necessárias à respectiva transmissão. § 3º Se a assembléia não aprovar a avaliação, ou o subscritor não aceitar a avaliação aprovada, ficará sem efeito o projeto de constituição da companhia. § 4º Os bens não poderão ser incorporados ao patrimônio da companhia por valor acima do que lhes tiver dado o subscritor. Ok? Até aqui tudo certo? Sim! Integralizou em bem? Avaliação por 3 peritos, aprovando o laudo pela assembléia-geral dos subscritores. A integralização de Antônio está escorreita. O problema reside no trecho que se segue da questão. Quanto ao nosso “chegado” Bernardo, que possui tamanho know- how, a ponto de querer integralizar sua parte do capital em serviços. Vimos que nas LTDAs é vedado. E nas SAs, é permitido? NÃO!! Vamos ao texto legal: Art. 7º O capitalsocial poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. Portanto, interpretando-se estritamente o que diz o artigo 7º, concluímos que é vedada, nas sociedades por ações, a contribuição de acionista que consista em prestação de serviços, tal como nas sociedades limitadas. O item está incorreto. 12. (CESPE/OAB SP/2009) Entre os órgãos da sociedade anônima, detém o maior poder político a assembleia geral. Comentários A assembléia geral é o órgão máximo da SA. Contém caráter deliberativo, exclusivamente. Reúne todos os acionistas, com ou sem direito a voto. A LSA exige a realização de assembléia geral nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, para que nela sejam discutidos alguns assuntos, quais sejam: Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1 (uma) assembléia-geral para: I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 18� II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos; III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167). Esta é a assembléia a que chamamos de assembléia geral ordinária. Cuidado para a prova! Somente estes temas nela poderão ser tratados. Outros assuntos (como cisão, fusão, mudança de objeto da companhia, redução de dividendos, criação de partes beneficiária, e outros previstos no artigo 136) devem ser discutidos em assembléia geral extraordinária, convocada para este fim. O item está correto. 13. (FCC/Juiz Substituto TJ RN/2002) Na sociedade anônima, a diretoria é órgão de existência obrigatória. Comentários� A diretoria é órgão de existência obrigatória, tanto nas companhias abertas, como nas fechadas, uma vez que a ela incumbe a verdadeira gestão dos negócios sociais (LSA, art. 138). À diretoria incumbe a representação legal da companhia e a execução das deliberações da assembléia geral e conselho de administração (quando existente). X Membros å Mais de 2, acionistas ou não, eleitos pelo conselho de administração (ou, se não houver, pela assembléia geral). X Duração mandato å < 3 anos, permitida reeleição. Art. 138. A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria. Art. 143. A Diretoria será composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração, ou, se inexistente, pela assembléia-geral, devendo o estatuto estabelecer: I - o número de diretores, ou o máximo e o mínimo permitidos; II - o modo de sua substituição; III - o prazo de gestão, que não será superior a 3 (três) anos, permitida a reeleição; IV - as atribuições e poderes de cada diretor. O item está correto. Esse tema foi cobrado recentemente em prova (item incorreto) em certame realizado pela FGV: Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 19� 14. (FGV/Auditor Amapá/2010) Nas sociedades por ações sempre os membros da Diretoria são eleitos pela Assembléia Geral de Acionistas, mesmo se existir Conselho de Administração. Ok? Não podemos errar isso em prova! Um outro cuidado que devemos tomar são com as questões que afirmar ser a diretoria orgão colegiado. Não é, companheiros. A diretoria é órgão de representação da companhia, não se configurando como órgão colegiado de deliberação (ao contrário do conselho de administração, que possui este status). A FCC já abordou esse assunto na prova para Juiz Substituto do TJ RN, em 2002. Ok? 15. (ESAF/Advogado/IRB/2006) A existência de conselho de administração, obrigatória nas companhias abertas e de capital autorizado, equivale à/a a) delegação de competência da assembléia geral a outro colegiado. b) partilha de poder entre grupos de acionistas dada a composição do Conselho de Administração. c) administração dual para garantir maior eficiência na tomada de decisões. d) possibilidade de inclusão de não acionistas na composição do Conselho de Administração. e) dar representatividade especial aos minoritários de forma a que as deliberações dos Conselhos de Administração sejam mais eqüitativas. Comentários A letra a está incorreta. A criação nas SAs do conselho de administração, não implica necessariamente em delegação das matérias de um colegiado a outro. Expliquemos melhor este ponto. Segundo o artigo 121 da LSA, a assembléia-geral, convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento. Assim, independentemente do grau de complexidade do assunto, pode a AG tratá-lo. Ocorre que algumas matérias são de competência privativa da assembleia geral, previstas no artigo 122 da Lei 6.404. O que se tem, na prática, é a seguinte situação: a Assembléia Geral exige um quórum específico e dificultoso para sua instalação, enquanto que o conselho de administração tem a liberdade de atuação por regras bem menos burocráticas. Assim, as matérias que se destinam a processo decisório interno da sociedade, em assuntos de relevância. Por seu turno, a Assembléia Geral será Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 20� convocada para tratar quase que exclusivamente dos assuntos listados no artigo 122, embora tenha competência para lidar com todos os negócios que sejam objeto da sociedade. Contudo, a finalidade precípua da Lei ao criar o conselho de administração foi desenvolver um órgão de administração e não um órgão ao qual pudessem ser delegadas as atribuições da Assembléia Geral. A letra b também está incorreta. A finalidade da criação do conselho de administração não é a partilha de poder. Dele podem participar acionistas pessoas físicas, sejam majoritários ou minoritários. A letra c é o gabarito da questão. A legislação brasileira, ao estatuir o conselho de administração ao status de órgão de administração da companhia, adotou o modelo dual, segundo o qual a administração das SAs é dividida entre dois órgãos: a diretoria e o conselho de administração. O conselho de administração assume dentro das companhias uma função deliberativa, enquanto que a função exercidas pela diretoria de uma SA é uma função executiva. Assim, caso o conselho esteja apto a deliberar sobre determinada questão, caberá à diretoria a execução do que fora traçado em tais deliberações. Realmente existe a possibilidade de inclusão de não acionistas no conselho de administração (participação de representante dos empregados), mas esta contudo é a exceção. A regra é que os integrantes do conselho de administração sejam acionistas pessoas físicas. Ok? Letra d incorreta. A letra e também está incorreta. Falamos, quando da análise do voto múltiplo, no início da aula, que existem critério de votação para escolha dos membros do CA. A representatividade dos acionistas dependerá da forma como a sociedade escolhe a votação (proporcional ou majoritária). No critério majoritário, o(s) acionista(s) controlador(es) acaba(m) por escolher todos os membros do conselho de administração. Já no critério proporcional, a tendência é a existência de um conselho de administração mais heterogêno, com participação de representantes escolhidos porcontroladores e minoritários. Ok? Alguma dúvida? Próxima! 16. (ESAF/Analista Jurídico/SEFAZ/CE/2007/Adaptada) Em uma sociedade anônima, se um diretor pratica um ato contrário ao estatuto social, e assim causa dano à sociedade, a) todos os administradores respondem solidariamente, tendo em vista o dever de diligência, com direito de regresso contra o autor do ato danoso. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 21� b) o controlador pode ratificar o ato do administrador em assembléia geral extrarodinária. c) não será responsável o diretor que, havendo tomado conhecimento do ato, o comunicou verbalmente na reunião da diretoria. d) qualquer acionista poderá mover ação de responsabilidade contra o diretor, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da assembléia-geral. Comentários Dissemos que o administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão (LSA, art. 158). Todavia, dissemos também que os administradores respondem civilmente pelos prejuízos que causarem quando procederem: I – Dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo; II – Com violação da lei ou estatuto (que é o nosso caso na questão). Também, em regra, o administrador não é responsável por atos ilícitos de outros administradores, salvo se com eles for conivente, se negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a sua prática (LSA, art. 158, §1º). Como a questão foi silente sobre esse aspecto, presumimos que não houve participação de “co-autores”, pelo qual não há que se falar em responsabilidade solidária (A letra a está incorreta). Analisemos a alternativa c. A Lei 6.404/76 prescreve que se exime de responsabilidade o administrador dissidente que faça consignar sua divergência em ata de reunião do órgão de administração ou, não sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração, no conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembléia-geral. (LSA, art. 158, §1º). Assim, como o administrador consignou manifestação por ato verbal não se eximirá da responsabilidade, uma vez que a lei exige o seja por escrito. A ação de responsabilidade civil contra o diretor deverá ser proposta pela companhia, por proposta da Assembléia Geral ou de acionista que representem 5% do capital social, caso a Assembléia delibere não promover a ação. Ainda, Qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da assembléia-geral (LSA, art. 159, §3º). A FGV, com a perspicácia que lhe é inerente, abordou o assunto da seguinte forma: Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 22� (FGV/Fiscal de Rendas/RJ/2008) Qualquer acionista tem legitimidade para ajuizar ação de responsabilidade civil para cobrança dos prejuízos causados pelo administrador de sociedade anônima, se a assembléia geral deliberar não promover a ação. Comentários: O item está incorreto. Qualquer acionista terá legitimidade para ajuizar a ação de assembléia deliberar por promover a ação e permanecer inerte. A letra b está incorreta, uma vez que é inconcebível a ratificação de ato ilícito e contrário ao estatuto na Assembléia Geral. Por falar nisso, teceremos agora alguns aspectos sobre a Assembléia Geral... 17. (FCC/Analista/BACEN/2006) Compete privativamente à assembléia geral da sociedade anônima reformar o estatuto social da companhia e deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social. Comentários A assembléia-geral, convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento. Trata-se a Assembléia Geral do órgão máximo de uma sociedade anônima. E quem acha que isso nunca foi cobrado em concurso está enganado. A OAB/SP de 2009, cuja banca era o CESPE, indagou: Entre os órgãos da sociedade anônima, detém o maior poder político a assembleia geral. Com o que dissemos, apontamos o item como correto. A Assembléia Geral pode ser ordinária ou extraordinária, conforme o artigo 131 da LSA. Temos a Assembléia ordinária nas seguintes hipóteses e com as seguintes condições... Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1 (uma) assembléia-geral para: I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos; III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital social. A Assembléia Geral Extraordinária ocorre nos demais casos em que se faça necessária a deliberação por Assembléia, como Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 23� os do artigo 122, uma vez que as competências da Assembléia são indelegáveis. Essa história de ficar decorando artigos para a prova é triste, mas temos de dar uma olhada neste rol: Art. 122. Compete privativamente à assembléia-geral: I - reformar o estatuto social; II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da companhia, ressalvado o disposto no inciso II do art. 142; III - tomar, anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apresentadas; IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o disposto no § 1o do art. 59; V - suspender o exercício dos direitos do acionista; VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social; VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias; VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e IX - autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata. A nossa questão foi transcrição da lei, artigo 122, incisos, I e VI. Item corretíssimo. 18. (Cesgranrio/Petrobrás/Advogado/2007) Nos termos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, assinale a opção que NÃO apresenta matéria cuja deliberação é de competência privativa da assembléia geral de acionistas. a) Reforma do estatuto social. b) Suspensão do exercício dos direitos de acionista. c) Fixação da orientação geral dos negócios da companhia. d) Transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia. e) Aprovação das demonstrações financeiras apresentadas pelos administradores da companhia. Comentários Todos os itens representam competências da Assembléia Geral, exceto o item c, a saber: a) Reformar o estatuto social å Artigo 122, I. b) Suspensão do exercício dos direitos de acionista å Artigo 122, V. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 24� d) Transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia å Artigo 122, VIII. e) Aprovação das demonstrações financeiras apresentadas pelos administradores da companhia å Artigo 132, I. A letra c (fixação da orientação geral dos negócios da companhia) é competência do Conselho de Administração (LSA, art. 142, I). Grave-se!!! Continuemos a discorrer sobre a Assembléia-Geral... O acionista pode ser representado na assembléia-geral por procurador constituídohá menos de 1 (um) ano, que seja acionista, administrador da companhia ou advogado; na companhia aberta, o procurador pode, ainda, ser instituição financeira, cabendo ao administrador de fundos de investimento representar os condôminos (LSA, art. 126, §1º). E adivinhem se isso já foi cobrado em prova? É claro que já. A FCC assim o fez: (FCC/OAB SP/2005) A representação do acionista em Assembléia Geral de uma sociedade por ações somente será possível por procurador constituído há menos de 01 (um) ano, que seja acionista, administrador da companhia ou advogado. O item está claramente incorreto, uma vez que pode ser também instituição financeira. Não erraremos isso, ein! A Assembléia Geral em regra é convocada pelo Conselho de Administração ou pela diretoria, se não houver CA, conforme preleciona o artigo 123 da LSA. Contudo, a própria lei estabelece outros legitimados para a convocação da Assembléia-Geral, senão vejamos: 1) Conselho Fiscal: se os administradores retardarem por mais de um mês a convocação da Assembléia Geral Ordinária, ou, também, nos casos graves e urgentes, a convocação da Assembléia Geral Extraordinária; 2) Qualquer acionista: Se os administradores retardarem, por mais de 60 dias, a convocação da Assembléia Geral nos casos previstos em lei ou no estatuto; 3) Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital social: quando os administradores não atenderem, em oito dias, a pedido de convocação que apresentarem, devidamente fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas; 4) Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital votante, ou 5%, no mínimo, dos acionistas sem direito a voto: Se os administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação de Assembléia para instalação do Conselho Fiscal. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 25� Em suma, devemos levar essencialmente o seguinte: a Assembléia Geral é, em regra, convocada pelo Conselho de Administração. Se não existir CA, far-se-á a convocação pela diretoria, sem prejuízo de outros legitimados para a convocação em hipóteses especiais previstas no art. 123, parágrafo único da LSA. Outra questão importante é o quórum para deliberação: Em regra, tomam-se as decisões por maioria simples de votos (entenda-se como a maioria do capital votante que se fizer presente à Assembléia), deixando de se computar os votos em branco (LSA, art. 129). Vejamos outro tópico do edital, o acordo de acionistas. 19. (ESAF/Advogado/IRB/2006) O acordo de acionistas, disciplinado no art. 118 da Lei n. 6.404/76 e alterações posteriores, como qualquer pacto parassocial pode ser considerado a) segundo seja de voto ou de preferência para a compra de ações, de negócio político e patrimonial, respectivamente. b) mecanismo para preservação do controle da companhia. c) meio de partilha do poder nos casos de acordos de voto. d) mecanismo de partilha da mais valia do controle se considerada a preferência para a compra de ações. e) forma de submissão de alguns acionistas aos ditames de quem detenha o poder para determinar a direção do voto. Comentários O artigo 118 da Lei das Sociedades por Ações permite aos acionistas que celebrem acordos, fora do âmbito institucional, que disponham sobre: a) compra e venda de suas ações; b) preferência na aquisição de ações; c) exercício do direito de voto; d) exercício do poder de controle da sociedade. Acordo de acionistas = acordo parassocial Sobre outros assuntos também podem versar os acordos de acionistas desde que não sejam contrários à lei, à ordem pública e aos bons costumes, nem prejudiquem os direitos essenciais dos demais acionistas. Os acordos de acionistas são de observância obrigatória na sociedade, segundo o artigo 118, caput, da Lei das SAs, desde que devidamente arquivado na sociedade. Também pode vir a ser para terceiros,desde que devidamente averbado em livro societário. Atenção para esta distinção! O presidente da assembléia ou do órgão colegiado de deliberação da companhia não computará o voto proferido com infração de acordo de acionistas devidamente arquivado (LSA, art. 118, §8º). Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 26� Essa questão já foi cobrada em certame pela FCC, como se vê na questão a seguir: (FCC/Procurador RR/2006) Alberto, Bartolomeu e César são acionistas da ABC S.A., detendo respectivamente 40%, 40% e 20% das ações, todas ordinárias. Alberto e Bartolomeu celebraram acordo de acionistas, pelo qual se comprometeram a eleger Alberto Diretor-Presidente da companhia, na próxima assembléia geral ordinária. O acordo foi arquivado na sede da companhia. Durante a assembléia, Bartolomeu mudou de idéia e resolveu apoiar César para o cargo, contra Alberto. A solução que atende aos imediatos interesses de Alberto, para ser eleito Diretor-Presidente na própria assembléia, é pedir à mesa da assembléia geral que desconsidere o voto de Bartolomeu, por estar em desconformidade com o acordo de acionistas. O item acima está correto. O que ocorreu no exemplo acima foi o denominado acordo para voto em bloco, certamente lícito entre os acionistas. Ocorre que, com o arquivamento (vejam a distinção), o arquivamento passa a ser vinculante para a companhia. No mesmo sentido, o diretor presidente não poderá computar o voto proferido com infração de acordo de acionistas devidamente arquivado. Existem outros tipos de acordos de acionistas. Se os acionistas da S.A X, senhores João, José e Jayme celebrarem avença cujo teor proíba a alienação de ações de qualquer desse três a terceiros sem que haja oferta inicialmente aos participantes do acordo, há o acordo de acionista denominado acordo de bloqueio. Também é perfeitamente válido! Para encerrar, os acionistas prejudicados pelo eventual descumprimento do acordo podem também promover a execução judicial específica das obrigações assumidas, nas condições previstas no próprio acordo (art. 118, § 3.º). Vamos a nossa questão... a) segundo seja de voto ou de preferência para a compra de ações, de negócio político e patrimonial, respectivamente. Análise: Não resta dúvidas de que um acordo de acionistas relacionado à matéria voto seja de cunho político (se, por exemplo, os acionistas A, B, C e D celebram acordo para votar a matéria X). Todavia, é delicado afirmar que o acordo de acionistas que vise à preferência na aquisição de ações tem caráter meramente patrimonial. Se se tratar de acordo sobre ação ordinária, que confere direito a voto, não se pode afirmar que o caráter do acordo será tão- somente patrimonial. Item incorreto. b) mecanismo para preservação do controle da companhia. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 27� Análise: Numa companhia existem sócios majoritários e minoritários. Falou-se, em algum momento, que os sócios minoritários restariam proibidos de celebrar acordo de acionistas? Não! Não obstante, eles não possuem o controle da companhia (como então poderiam preservá-lo?), não havendo que tomar o acordo de acionistas, em sua essência, como mecanismo para preservação do controle da companhia. c) meio de partilha do poder nos casos de acordos de voto. d) mecanismo de partilha da mais valia do controle se considerada a preferência para a compra de ações. Análise: Pelo que vimos, vocês apostariam que o acordo de acionistas tem a função de concentrar ou partilhar o poder na mão dos que o avençaram? Concentrar, amigos. Portanto, os dois itens estão incorretos. e) forma de submissão de alguns acionistas aos ditames de quem detenhao poder para determinar a direção do voto. Análise: Este é o gabarito da questão. Se, por exemplo, 80% dos acionistas celebram um acordo, os outros 20% ficarão ao alvedrio do que fora decidido pelos acionistas que pactuaram. É, portanto, o acordo de acionistas, uma forma de submissão de alguns acionistas aos ditames de quem detenha o poder para determinar a direção do voto. A assertiva está escorreita. 20. (FGV/Juiz de Direito/TJ MG/2008) Nos termos da Lei 6.404/76, se um signatário de acordo de acionistas, devidamente arquivado na Companhia, votar contrariamente ao acordo firmado seu voto não será computado pelo presidente da assembléia ou do órgão colegiado de deliberação. Comentários O presidente da assembléia ou do órgão colegiado de deliberação da companhia não computará o voto proferido com infração de acordo de acionistas devidamente arquivado (LSA, art. 118, §8º). Vamos falar agora sobre outro tópico constante do edital, intitulado operações societárias. 21. (Cespe/OAB PE/2006) Com relação às operações societárias, segundo a Lei n.º 6.404/1976, assinale a opção correta. a) Na transformação da sociedade ABC Ltda. em ABC S.A., os credores poderão haver desta apenas as obrigações veiculadas no protocolo da operação, e desde que contra isso tenham se oposto oportunamente. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 28� b) A operação em que ABC Ltda. se une a ABC S.A. e, ao final do procedimento, subsiste a sociedade ABC S.A. é uma incorporação. c) A transformação de sociedades somente é possível de S.A. para Ltda. e vice-versa. d) A fusão de sociedades somente pode ocorrer entre pessoas jurídicas organizadas sob a mesma forma societária. Comentários O concurseiro deve saber discernir os tipos existentes de operações societárias, são eles: transformação, incorporação, fusão e cisão. A letra a tratou da transformação. Discorreremos um pouco sobre este tipo de reorganização societária. A transformação está prevista no artigo 220 da Lei 6.404/76, cujo teor é o seguinte: Transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de liquidação ou dissolução de um tipo para outro. É o caso, por exemplo, de uma sociedade em comandita simples ou em nome coletivo que transmuda para uma sociedade anônima. Pronto! Você já sabe quase tudo sobre transformação. A LSA exige que a transformação se dê por consentimento unânime dos sócios ou acionistas, salvo se prevista em estatuto ou no contrato social, caso em que o sócio dissidente terá o direito de retirar-se da sociedade (LSA, art. 221). Entretanto, a própria lei prescreve que os sócios podem renunciar, no contrato social, ao direito de retirada no caso de transformação da companhia. Portanto, temos: Transformação å Regra: Consentimento unânime. Exceção: Sócio dissidente tem direito de retirada. Tudo tranquilo até agora, analisemos a nossa questão: a) Na transformação da sociedade ABC Ltda. em ABC S.A., os credores poderão haver desta apenas as obrigações veiculadas no protocolo da operação, e desde que contra isso tenham se oposto oportunamente. A lei das sociedades por ações dispõe que “a transformação não prejudicará, em casos algum, os direitos dos credores, que continuarão, até o pagamento integral de seus créditos, com as mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia”. Portanto, a ABC S.A. continuará responsável pelos débitos existentes no tipo societário anterior. Não há liquidação do tipo societário anterior, motivo pelo qual os direitos dos credores não são atingidos. Item incorreto. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 29� Esse é o tópico campeão de cobranças quando o assunto é transformação, senão vejamos: (FCC/Procurador do BACEN/2006) Após a transformação da sociedade de um tipo societário em outro os credores da sociedade transformada perdem as garantias próprias do tipo societário anterior. Repita-se: a transformação não prejudicará, em casos algum, os direitos dos credores, que continuarão, até o pagamento integral de seus créditos, com as mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia. Item incorreto. Analisemos a assertiva b. b) A operação em que ABC Ltda. se une a ABC S.A. e, ao final do procedimento, subsiste a sociedade ABC S.A. é uma incorporação. Segundo o artigo 227 da LSA, incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Trata-se exatamente do que propôs o nosso enunciado. Existem duas sociedades que se incorporam uma a outra, subsitindo, ao final, apenas a incoporadora, sendo a incorporada substituída em todos os seus direitos e obrigações. Aprovada pela Assembléia Geral da incorporadora o laudo de avaliação e a incoporação, extingue-se a incorporada, competindo à primeira promover o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação. Item correto. c) A transformação de sociedades somente é possível de S.A. para Ltda. e vice-versa. A transformação é plenamente possível para os outros tipos societários, embora a operação entre SAs e LTDAs seja, disparadamente, a mais utilizada na prática. Item incorreto. d) A fusão de sociedades somente pode ocorrer entre pessoas jurídicas organizadas sob a mesma forma societária. Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigação (LSA, art. 228). Não há necessidade que a fusão se dê entre pessoas jurídicas sob a mesma forma societária, uma vez que outro tipo resultará da operação. Item incorreto. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 30� A prova para Procurador do DF, realizada pela ESAF, em 20007, trouxe à luz estes conceitos, com os seguintes enunciados: 22. (ESAF/Procurador do DF/2007) Transformação consiste na situação pela qual uma sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro, como, por exemplo, quando deixa de ser por quotas de responsabilidade limitada para se transformar em sociedade por ações. 23. (ESAF/Procurador do DF/2007) Incorporação caracteriza-se quando uma ou mais empresas são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. 24. (ESAF/Procurador do DF/2007) Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma entidade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Os três itens estão escorreitos, tal como propusemos nas explanações realizadas na questão anterior. 25. (FCC/Procurador/BACEN/2006) As operações de incorporação, fusão e cisão somente podem ser operadas entre sociedades de tipos iguais e devem ser aprovadas pelas respectivas diretorias. Comentários Essas operações societárias serão propostas pelos órgão da Administração (Conselho de Administração, ou diretoria, se não houver CA), aprovadas pela Assembléia Geral, ouvindo-se a opinião do Conselho Fiscal sobre as propostas, antes de sua submissão à AG, para a aprovação. Art. 163. Compete ao conselho fiscal: III - opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a serem submetidas à assembléia-geral, relativas a modificação do capital social, emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de investimento ou orçamentos de capital, distribuição de dividendos, transformação, incorporação, fusão ou cisão; Art. 122. Compete privativamente à assembléia-geral: VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, suadissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e O item está incorreto! A aprovação deve ser feita pela Assembléia-Geral. 26. (ESAF/AFRF/2002) A deliberação sobre a transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, compete privativamente a) à Assembléia Geral. Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 31� b) ao conselho Fiscal. c) à presidência da sociedade. d) ao conselho de Administração. e) à diretoria da empresa. Comentários O gabarito da questão é letra a. Art. 122. Compete privativamente à assembléia-geral: VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas 27. (FCC/Procurador/BACEN/2006) A incorporação, fusão ou cisão de companhia emissora de debêntures em circulação dependerá da prévia aprovação da assembléia de debenturistas ou, alternativamente, da conferência aos debenturistas da opção de resgate de suas debêntures. Comentários A incorporação, fusão ou cisão da companhia emissora de debêntures em circulação dependerá da prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em assembléia especialmente convocada para esse fim (LSA, art. 231). Será dispensada a aprovação pela assembléia se for assegurado aos debenturistas que o desejarem, durante o prazo mínimo de 6 meses a contar da data da publicação das atas das assembléias relativas à operações, o resgate das debêntures de que forem titulares (LSA, art. 231, §1º). Neste caso, as sociedades cindidas e as que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelo resgate das debêntures. O item está correto. A ESAF já abordou o assunto da seguinte forma: 28. (ESAF/AFTN/1998) Uma companhia emissora de debêntures em circulação ficará sempre obrigada à prévia autorização dos debenturistas sob pena de nulidade da incorporação, fusão ou cisão O item está incorreto, haja vista estar dispensada a aprovação dos debenturistas se lhes for assegurado o direito de resgate de suas debêntures durante o prazo mínimo de seis meses, a contar da publicação das atas das assembléias relativas à operação. 29. (FEPESE/Procurador/TCE-SC/2005) Considere os seguintes conceitos: operação pela qual uma ou várias sociedades são Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 32� absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações; operação que determina a extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações. Correlacione tais conceitos, por ordem, com os institutos de direito comercial ou empresarial, de acordo com o Código Civil, indicados nas alternativas abaixo. Assinale a alternativa correta. a) Absorção e dissolução. b) Cisão e fusão. c) Cisão e incorporação. d) Fusão e cisão. e) Incorporação e fusão. Comentários Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigação (LSA, art. 228). Um exemplo recente sobre o assunto, ainda em pauta nos noticiários, é a fusão realizada entre Unibanco e Itaú, empreendimentos distintos que se uniram para formar nova sociedade e fazer frente à crise mundial. Cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas de seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou divindo-se o seu capital, se parcial a versão. Um exemplo de cisão é a Autolatina S/A, que era forma pela fusão das empresas Volkswagen e Ford, para a fabricação de motores dos veículos escort e santana. Com o desenvolvimento de fábricas próprias de motores, cindiram a sociedade, cada uma buscando, portanto, sua fatia de mercado. Ok? Nossa questão se referiu a este instituto, ainda que o conceito de cisão proposto no enunciado esteja incompleto, não há outra resposta a ser assinalada. Gabarito å d. Apenas mais uma sobre o assunto... 30. (OAB/DF/2005) Na sociedade anônima podemos afirmar que: a) Ocorrerá a transformação quando por deliberação unânime de todos os sócios e acionistas se alterar o tipo societário; b) Através da incorporação uma sociedade absorve outra para dar origem a uma nova sociedade; Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 33� c) A fusão é a operação que permite a uma sociedade, sem alterar sua própria constituição, absorver outra que deixa de existir; d) Ocorrerá a cisão quando uma sociedade transferir a totalidade de suas ações para uma única sociedade comercial. Comentários O conceito de transformação na letra a está ok! Vimos também que a LSA exige que a transformação se dê por consentimento unânime dos sócios ou acionistas, salvo se prevista em estatuto ou no contrato social, caso em que o sócio dissidente terá o direito de retirar-se da sociedade (LSA, art. 221). Entretanto, a própria lei prescreve que os sócios podem renunciar, no contrato social, ao direito de retirada no caso de transformação da companhia. Item correto. Incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Erra a assertiva b ao dizer que será dada origem à nova sociedade. Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigação (LSA, art. 228). A letra c está incorreta também. A letra d está incorreta. Se uma única sociedade transfere todo seu patrimônio a outra, trata-se, neste caso, de operação de incoporação e não de cisão. Ok? Vamos ao próximo assunto? Falaremos sobre o poder de controle nas SAs. 31. (Vunesp/OAB/PE/2004) O acionista controlador a) deve ser uma pessoa jurídica. b) poderá efetivamente usar ou não seu poder de controle para dirigir as atividades sociais. c) poderá ser um grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto. d) será necessariamente o acionista com o maior número de ações da companhia. Comentários Grande parte de nossa doutrina no direito empresarial classifica os acionistas em dois grandes grupos: 1) Empreendedores å Têm interesse na gestão da sociedade (possuem, geralmente, ações com direito a voto, isto é, ordinárias). 2) Investidores å Têm interesse apenas em retorno financeiro de suas ações na sociedade (possuem ações preferenciais sem direito a voto, em regra). Direito Empresarial em Exercícios para o ISS RJ Professor Gabriel Rabelo � www.pontodosconcursos.com.br 34� Entre os investidores dá-se uma disputa por aquilo que chamamos de poder de controle. A LSA traz o conceito da seguinte forma: Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações na assembléia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. São, portanto, esses dois os requisitos necessários para a aquisição do controle de uma companhia. O primeiro (letra a) é de natureza objetiva; o segundo, de natureza subjetiva. Portanto, depreendemos da leitura acima que: 1) O acionista controlador pode ser pessoa física, jurídica ou ou o grupo de pessoas
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