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18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 1 Polimerização por adição de radicais livres Ciência de Polímeros I 1º semestre 2007/2008 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 2 Cinética da Polimerização radicalar A polimerização por adição é uma reacção em cadeia que consiste numa sequência de 3 passos: iniciação, propagação e terminação Iniciação: Considera-se que envolve duas reacções: 1) a produção de radicais livres e 2) a adição desses radicais livres ao monómero. 1) No caso de dissociação homolítica do iniciador: (em que kd é a constante de velocidade de dissociação do iniciador) 2) Adição do radical de iniciador à primeira molécula de monómero: (em que ki é a constante de velocidade para o passo de iniciação) •⎯→⎯ RI dk 2 •⎯→⎯+• 11 MMR ik 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 3 Cinética da Polimerização radicalar • A propagação continua, adicionando unidades de monómero; a identidade do radical formado é a mesma, apenas é mais longo por 1 monómero, em cada passo de adição. A equação que traduz a propagação é: • O crescimento da cadeia é extremamente rápido. A certo ponto a propagação do radical na extremidade da cadeia pára e o crescimento termina, por combinação ou dismutação: •⎯→⎯+• +1nkn MMM p mn k mn MMM tc +⎯→⎯•+• mn k mn MMMM td +⎯→⎯•+• 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 4 Cinética da Polimerização radicalar Para definir as equações cinéticas para estas reacções, é necessário fazer algumas aproximações. A primeira é que a velocidade de iniciação, Ri, é igual à velocidade de decomposição do iniciador, Rd Em que f é o factor de eficiência do iniciador (fracção molar de radicais de iniciador que adicionam ao monómero para iniciar a polimerização). Frequentemente este factor é englobado em kd. A velocidade de terminação, Rt, é dada por: [ ] [ ][ ]MIkIfkRR iddi •=== 2 em que kt = ktc + ktd [ ]22 •= MkR tt 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 5 Cinética da Polimerização radicalar • Outra aproximação que se assume válida é a hipótese do estado estacionário: considera-se que é rapidamente atingido um estado estacionário em que a velocidade de formação de espécies activas é igual à sua velocidade de terminação [ ] [ ]222 •= MkIfk td Ou seja, a concentração de radicais livres em estado estacionário é dada por: ti RR = [ ] [ ] 2 1 ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛=• t d k IfkM 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 6 Cinética da Polimerização radicalar A velocidade de propagação, considerando o princípio de igual reactividade (ou seja, kp e kt são independentes do comprimento da espécie em crescimento) é dada por: Na realidade esta aproximação não é sempre válida, pois no final da reacção a viscosidade pode ser muito elevada, e a velocidade da reacção será então controlada por difusão A velocidade de consumo do monómero é dada por: [ ] [ ] [ ] [ ][ ]MMkMIk dt Md pi •+•=− No entanto, como se consome muito pouco monómero no passo de iniciação, pode-se considerar que o consumo de monómero é essencialmente devido ao passo de propagação: [ ] [ ][ ]MMk dt Md p •=− [ ][ ]MMkR pp •= 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 7 Cinética da Polimerização radicalar A Velocidade de Polimerização é então dada por: [ ] [ ] [ ]MI k kfk dt Md t d p 2 1 2 1 ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡=− A velocidade de polimerização diminui à medida que se consome o iniciador e o monómero, e é nula quando um deles for totalmente consumido 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 8 Cinética da Polimerização radicalar •Massa Molecular das Cadeias de Polímero Comprimento cinético médio das cadeias: número médio de moléculas de monómero adicionadas a cada centro activo num determinado instante activaespécieporsadicionadomonómerosden formadasactivasespéciesden sadicionadomonómerosden º º º ==ν . . . . termdevelocidade propdevelocidade inicdevelocidade propdevelocidade ==ν [ ] [ ]( ) 214 Ikfk Mk dt p=ν 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 9 Cinética da Polimerização radicalar Grau médio de Polimerização: O grau médio de polimerização do polímero formado num dado instante é igual a ν ou 2ν, conforme a terminação se der por dismutação ou por combinação. A massa molecular será ν M0 ou 2ν M0 em que M0 é a massa molecular do monómero. t p n R R x = 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 10 Cinética das reacções de transferência • Efeito das Reacções Secundárias de Transferência •+⎯→⎯+• APXXAP trk Com a velocidade de reacção: [ ] [ ]XAPkR trtr •= • Reacções de transferência: reacções em que se observa a transferência do centro activo da molécula de polímero em crescimento para outra molécula. • Este processo termina a cadeia em crescimento, mas também gera um radical novo • Este tipo de reacções acontece em quase todos os tipos de polimerizações radicalares, sendo responsável pela ampla distribuição de massas moleculares obtida 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 11 Cinética das reacções de transferência • Efeito das Reacções Secundárias de Transferência sobre a massa molecular ∑ •+= i iAtrt p n AMkR R x i, ∑+= i i i p t n M A C R R x 1 p Atr i k k C i,= Em que Ci é a constante de transferência para a espécie Ai: 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 12 Efeito das reacções de transferência Alguns exemplos de reacções de transferência: 1. Reacção entre um radical de uma cadeia em crescimento e outra cadeia de polímero: 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 13 Efeito das reacções de transferência 2. Reacção de transferência para o iniciador: 3. Reacção de transferência para o solvente: 4. Reacção de transferência para um agente de transferência: 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 14 Efeito das reacções de transferência 5. Reacção de transferência para o monómero: Exemplo do polipropileno Este é um caso em que o radical formado no monómero é estabilizado por ressonância o que impede a formação de PP com elevado peso molecular. Noutros casos é o radical formado na molécula em crescimento que é mais estável, não interferindo na massa molecular do polímero obtido. 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 15 Efeito da autoaceleração • Previsão da variação do grau de conversão do monómero ao longo do tempo, considerando ki, kp e kt constantes ao longo da polimerização: Integrando: Ou: [ ] [ ] [ ]MI k kfk dt Md t d p 2 1 2 1 ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡=− [ ] [ ] [ ] ⎥⎥⎦ ⎤ ⎢⎢⎣ ⎡ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛−=− tI k kfk M M t d p 2 1 2 1 0 exp [ ] ⎥⎥⎦ ⎤ ⎢⎢⎣ ⎡ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛−−= tI k kfk t d p 2 1 2 1 1 expα 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 0 2 4 6 8 10 12 tempo g r a u d e c o n v e r s ã o 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 16 Efeito da autoaceleração • Na maior parte dos casos tal não se verifica, o grau de conversão do monómero não diminui assimptoticamente com o tempo de reacção. O que se verifica é um aumento de grau de conversão – efeito de autoaceleração. • Este efeito deve-se ao aumento de viscosidade do meio: à medida que se dá a polimerização, a viscosidade do meio aumenta, o que diminui a velocidade das reacções de terminação. Como o monómero tem massa molecular pequena, a sua mobilidade será muito superior à das cadeias de polímero em crescimento. Por isso é mais provável adicionar uma nova unidade a uma molécula em crescimento do que terminá-la. Consequências: • Aumento da massa molecular do polímero formado • Aumento do grau de conversão relativamente ao previsto teoricamente 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 17 • Monómeros simétricos como o etileno ou o tetrafluoretileno apenas sepodem ligar de uma forma. No entanto, os monómeros mono-substituídos como o cloreto de vinilo ou o estireno, podem ligar-se entre si de duas formas estruturais, e ainda de forma aleatória, como se descreve no diagrama seguinte. • Representando a cadeia de carbonos sp3 de forma zig-zag, observa-se que os grupos substituíntes Z têm que se situar espacialmente para trás ou para a frente do plano definido pelos átomos de C da cadeia principal. Isómeros estereoquímicos C C CCC HH H H H H H HH H Z Z Z Z Z Z H HHHHH H H H H H H H H H H C C C C C C C C CC C 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 18 • Se os substituíntes Z se encontrarem todos para o mesmo lado relativamente ao plano dos C da cadeia principal, o polímero forma-se numa configuração isotáctica. • Se os substituíntes alternam de forma regular para um lado e para o outro do plano dos C da cadeia principal, o polímero forma-se numa configuração sindiotáctica. • O arranjo aleatório dos grupos Z leva à formação de polímero numa configuração atáctica. Isómeros estereoquímicos polipropileno atáctico CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3H HHHHH C C C C C C C C CC C H H H H H H H H H H polipropileno isotáctico H H H H H H H H H H C C C C C C C C CC C CH3 H CH3 H CH3 H CH3 H CH3 H CH3 H polipropileno sindiotáctico H H H H H H H H H H CH3 H CH3 H CH3 H CH3 H CH3 H CH3 H C C C C C C C C CC C 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 19 Técnicas de polimerização radicalar • Sistemas homogéneos Polimerização em massa (“bulk”) Polimerização em solução • Sistemas heterogéneos Polimerização em suspensão Polimerização em emulsão 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 20 Polimerização em massa Polimerização usando monómero não diluído. A viscosidade aumenta dramaticamente durante a conversão, tornando difícil a remoção do calor libertado. Vantagens Desvantagens * produtos muito puros * controle de temperatura * equipamento simples * método perigoso * ausência de solventes * grande dispersão de orgânicos massas moleculares Aplicações polímeros de polimerisação passo a passo (nylon 6), placas de PMMA 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 21 Polimerização em solução Monómero diluído em solvente. O polímero formado continua em solução. Para concentrações pouco elevadas de monómero a viscosidade da solução não aumenta consideravelmente. Vantagens Desvantagens * Alguns produtos * Contaminação com podem ser usados solvente directamente * Reacções de transferência * Libertação controlada para o solvente de calor * O solvente deve ser reciclado Aplicações recobrimentos acrílicos, produção de fibras, produção de filme 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 22 Polimerização em suspensão O monómero é insolúvel em água, tem que ser disperso em água. O iniciador está dissolvido no monómero. As gotas de monómero/partículas de polímero que se formam são estabilizadas com emulsionantes que não formam micelas, tais como polivinilalcool ou Na- carboximetilcelulose. A reacção dá-se de forma equivalente à polimerização em massa, mas em pequenas gotas dispersas em água. O produto é fácil de separar, formando-se partículas de 0.01-1mm. A viscosidade varia consideravelmente. Ex.: poliestireno expandido 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 23 Polimerização em suspensão Vantagens Desvantagens * Fácil controle de temperatura * Contaminação com agente * O produto pode ser usado de estabilização directamente * Possível coagulação * Fácil manuseamento Aplicações Resinas permutadoras de iões, espuma de poliestireno, PVC 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 24 Polimerização em emulsão Reacção complexa cujo mecanismo continua em estudo. Descrevendo de forma simples, observa-se que as moléculas de agente tensioactivo envolvem algumas moléculas de monómero para formar partículas muito pequenas, as micelas. Como a reacção se efectua em excesso de monómero, observa-se também a presença de gotas de monómero e, dependendo da solubilidade, algum monómero dissolvido. O iniciador forma espécies activas na solução aquosa, onde pode encontrar alguns monómeros para iniciar a reacção. No entanto, o principal mecanismo de crescimento dá-se quando uma molécula de iniciador entra numa micela despoletando a reacção em cadeia. 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 25 Polimerização em emulsão Enquanto não entrar mais iniciador, apenas uma cadeia se encontra em crescimento dentro da micela. Por este motivo, o polímero assim obtido apresenta normalmente maior massa molecular, sem diminuição do grau de conversão. Nas gotas grandes de monómero não se observa polimerização significativa, provavelmente porque a probabilidade de entrada de moléculas de iniciador é muito pequena relativamente à probabilidade de entrada numa micela (as micelas têm uma área superficial muito superior às gotas). 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 26 Características da polimerização por emulsão: • Utilização de um emulsionante que produza micelas. • O iniciador é solúvel em água. • As partículas formadas são de muito menor dimensão que no caso de suspenção (0.05-2 µm). • A cinética é muito diferente das outras técnicas. • O polímero forma-se dentro das micelas e não nas gotas de monómero Polimerização em emulsão 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 27 Polimerização em emulsão Vantagens Desvantagens * Baixa viscosidade mesmo * Contaminação dos produtos com grande conteúdo em sólido com aditivos * Controle independente * Mais complicado no caso da velocidade e da massa de monómeros solúveis molecular em água Polimerização por adição de radicais livres Cinética da Polimerização radicalar Cinética da Polimerização radicalar Cinética da Polimerização radicalar Cinética da Polimerização radicalar Cinética da Polimerização radicalar Cinética da Polimerização radicalar Cinética da Polimerização radicalar Cinética da Polimerização radicalar Cinética das reacções de transferência Cinética das reacções de transferência Efeito das reacções de transferência Efeito das reacções de transferência Efeito das reacções de transferência Efeito da autoaceleração Efeito da autoaceleração Isómeros estereoquímicos Isómeros estereoquímicos Técnicas de polimerização radicalar Polimerização em massa Polimerização em solução Polimerização em suspensão Polimerização em suspensão Polimerização em emulsão Polimerização em emulsão Polimerização em emulsão Polimerização em emulsão
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