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Negociação e Marketing Empresarial W BA 00 63 _V 1. 0 2/144 Negociação e Marketing Empresarial Autor: Lincon Lopes Como citar este documento: CARNIER, Luiz Roberto. Negociação e Marketing Empresarial. Valinhos, 2015. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Negociação – Fundamentos e Definições 05 Assista a suas aulas 28 Unidade 2: Dinâmicas da Negociação 36 Assista a suas aulas 63 Unidade 3: Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional 71 Assista a suas aulas 94 Unidade 4: Objetivo 102 Assista a suas aulas 136 2/144 3/144 Apresentação da Disciplina Nesta disciplina, você será apresentado aos fundamentos básicos de uma negociação, as etapas e métodos no seu desenvolvimento, assim como conhecerá os principais conceitos de marketing como base de relacionamento entre empresas e os públicos intervenientes nesta relação. Neste escopo, na primeira aula você poderá acompanhar os fundamentos da negociação, em aspectos como: o que é negociação, quais os benefícios de saber negociar e a importância de uma negociação bem sucedida no âmbito profissional e pessoal, principalmente nas interações entre pessoas, empresas, governos e nações. Na segunda aula você terá a oportunidade de conhecer os diversos estilos de negociação e de perfis dos negociadores, e os aspectos periféricos de uma negociação, como a preparação, o controle das emoções e a busca do acordo final com seus interlocutores. Na terceira aula você terá contato com os princípios de marketing e as estratégias do composto mercadológico, como: produto, preço, ponto de venda e promoção. O último encontro será dedicado à descrição do marketing de produtos, segmentação de mercados, posicionamento e ao entendimento do que faz a diferença no relacionamento entre pessoas e empresas, ou seja, o Marketing de Relacionamento e de Serviços, combinando inúmeros conceitos, ideias e abordagens das outras aulas 4/144 deste curso, e que poderão te ajudar a compreender e agir como um profissional voltado ao relacionamento e à interação com pessoas e empresas, assim como apto para negociar e colaborar com os demais intervenientes. 5/144 Unidade 1 Negociação – Fundamentos e Definições Objetivos 1. Quando alguém faz um comentário sobre bons ou maus negociadores, entende-se em um primeiro momento que os bons negociadores são pessoas que tiveram êxito em sua empreitada, e que atingiram o resultado desejado. 2. Em um segundo momento, dada a cultura popular de “se levar vantagem em tudo”, logo imagina-se que o bom negociador é aquele que conseguiu levar vantagem sobre a outra parte, não é mesmo? 3. O objetivo desta aula é, primeiramente, desmistificar o conceito errôneo de que negociação diz respeito a “truques” sobre e como “levar vantagem em relação à outra parte”. A proposta é tratar, portanto, de entender como a negociação pode construir uma relação duradoura, quais são as condicionantes de uma boa negociação, assim como analisar os diversos perfis de negociadores e seus objetivos na negociação. Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições6/144 1. Introdução ... As pessoas negociam para obterem um resultado melhor do que obteriam se não negociassem” William Ury – Harvard University Negociar é uma atividade intrínseca ao cotidiano. Inconscientemente, negocia-se o tempo todo, seja com familiares, empregados, superiores, amigos, o que, na prática, implica dizer que negociar é um aspecto inerente ao processo de Relacionamento Interpessoal. O conceito de Negociação não está restrito ao senso de mediações de compra ou venda de bens físicos ou serviços, nem tão pouco negociar significa ajustar condições de preços ou de pagamentos. A abrangência do termo vai muito além Negociação diz respeito a um processo de alteração das condições tangíveis e intangíveis em busca de uma posição de melhoria em relação ao que se está vivenciando em uma determinada situação, ou seja, a negociação é um conjunto de ações necessárias a mudanças entre o estado atual e o desejado (JUNQUEIRA, 1988). Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições7/144 Por outro lado, surge uma questão fundamental: saber negociar é uma condição nata? Seria possível dizer que qualquer pessoa pode tornar-se um bom negociador independente de ter nascido com aptidões para tal. Claro que o talento para negociar é importante. Chama-se de talento certas características interpessoais como o controle emocional, o nível de inteligência, o poder de observação e outros fatores. A própria condição de saúde física e mental do negociador é fator importante neste processo. Este “talento”, entretanto, dependerá de outro fator fundamental, que é a prática. O talento para negociar não funcionará se não houver a prática para o alcance de um estado ideal, para que você possa se considerar um bom negociador. Portanto, para negociar você precisará ter uma combinação adequada de Talento e Prática. Se as pessoas negociam o tempo todo, pode-se dizer que se possui, naturalmente, talento e prática para negociar. Em tese sim, mas o grande medidor da qualidade entre o Talento e Prática será exatamente o Resultado que se alcança nas negociações cotidianas. Se você for bem sucedido em todas as negociações, pode se dizer que você conseguiu obter uma boa combinação Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições8/144 entre talento e prática; entretanto, se o que ocorre é exatamente o contrário, ou se você quiser melhorar o nível de seus resultados, será necessário melhorar a prática da negociação, e para tal você, obrigatoriamente, deverá desenvolver uma metodologia que lhe conduza aos resultados esperados. Nesta oportunidade, objetiva-se que você aprenda uma metodologia que viabilize a eficácia da negociação e, acima de tudo, que você consiga estabelecer um Relacionamento Competitivo através de Negociações Ganha - Ganha. Entende-se que para Ganhar não é necessário Derrotar, e que Negociar não diz respeito à Competição, mas sim a Melhorias para ambas as partes. 2. Negociação – Definições e Conceitos Básicos É possível afirmar que no primeiro minuto de sua vida você já começou a negociar. Não acredita? Pois bem, o primeiro choro significou a sua vontade de dizer “eu estou aqui, tratem bem de mim e me alimentem”. E o seu instrumento de poder, de persuasão, nesta negociação, foi o choro, sinalizando que: “ou vocês me alimentam, ou eu não paro de chorar”. Como já ressaltado neste texto, as pessoas negociam para obter um resultado melhor do que se não tivessem negociado, conforme afirmação do Professor Willian Ury, da Harvard University. Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições9/144 ambas as partes, ou então os interesses e objetivos das partes não são coincidentes, ou plenamente explicitados, ou ainda, talvez nem possuam a mesma relevância ou prioridade entre as partes, fazendo com que a negociação se torne uma relação de interação altamente complexa, e nunca uniforme. Outro fator importante que se deve considerar nesta primeira análise é o fator poder de influência, ou poder de persuasão, que uma das partes exerce sobre a outra, pois o poder de influência pode passar a ser fator fundamental e decisivo em uma negociação. Antes de se aprofundar em detalhes sobre a negociação, primeiramente veja uma análise de algumas das principais Em qualquer negociação há interesses e objetivos a serem satisfeitos. Neste sentido, as partes irão negociar para atingi-los. Cabe dizer que nem sempre estes interesses e objetivos são claros para Para saber mais William Ury, em 1980, ajudou o governo americano na negociação para evitar umapossível crise nuclear acidental com os soviéticos. Ury é professor de negociação na Universidade Harvard, USA. Seu livro Como Chegar ao Sim vendeu 5 milhões de cópias. Casado com uma paulista, vive nos Estados Unidos. Fonte: Revista Veja – edição 1971, 30 de agosto de 2006. Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições10/144 definições sobre o estrito senso do que deve ser uma negociação. Há vários autores com diversas visões e interpretações sobre negociação, e nesta etapa serão consideradas algumas destas definições, contidas na bibliografia adotada para este capítulo, como, por exemplo, à definição indicando que “Negociação é um campo de conhecimento e empenho que visa à conquista de pessoas de quem se deseja alguma coisa”, ou ainda, “Negociação é o uso da informação e do poder, com o fim de influenciar o comportamento dentro de uma rede de tensão” ambas do mesmo autor, Cohen (2005). Outra definição relevante contida na bibliografia indica que “Negociação é um processo de comunicação bilateral, com o objetivo de se chegar a uma decisão conjunta” (FISCHER, 2005). 3. Arenas de Negociação A convivência junto aos mais diversos meios sociais é constituída por uma permanente atividade de negociações. A própria interação entre as pessoas ilustra muito bem o papel das negociações no dia a dia, pois, conforme acima indicado, “Negociação é um processo de comunicação bilateral”, em que as pessoas buscam obter um resultado (desta comunicação) de uma forma melhor do que se não tivessem se comunicado, ou melhor dizendo, um resultado melhor do que se não tivessem negociado, como afirma o professor Willian Ury, da Harvard. Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições11/144 Neste sentido, é possível entender que há negociações em todos os meios sociais do relacionamento interpessoal, seja em família, na rua, com os amigos, entre empresas, governos, países, ou seja: em todas as dimensões das interações sociais. Dentre os principais exemplos de negociação em função dos diversos tipos de ambiente sociais, pode-se destacar os seguintes: 3.1 – Negociações no Ambiente Corporativo Negociações junto ao público interno, ou seja, intra-áreas, em temas como: prioridades e ênfases na execução de tarefas e projetos, estabelecimentos de políticas de gestão e controles, contratação ou demissão de pessoas, dentre outras interações. Partes intervenientes: executivos, diretores e colaboradores, de uma forma geral. Instrumentos de Poder: essencialmente, os níveis hierárquicos e a cultura corporativa. 3.2 – Negociação no Ambiente Político Negociação de verbas públicas em benefícios dos eleitores e distritos, diretrizes sociais e políticas, programas de interesse partidário, e aprovação ou rejeição de decisões do poder executivo. Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições12/144 Partes intervenientes: eleitores, políticos, governantes, lobistas e outros públicos, como imprensa, ONGs, e sindicatos. Instrumentos de Poder: voto dos eleitores, imunidade do cargo, a publicidade da imprensa, o veto de uma instância superior, o judiciário, o corporativismo político, o voto secreto. 3.3 – Negociação no Ambiente Trabalhista Negociam questões relativas ao ambiente de trabalho, horários, remuneração, benefícios, contrato de trabalho, plano de carreira e garantias, por exemplo. Partes intervenientes: empregadores, sindicatos, empregados, representantes da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), dentre outros. Instrumentos de Poder: empregados: greve; patrões: demissão. 3.4 – Negociação no Ambiente Diplomático Negociam questões relativas a aspectos comerciais e econômicos entre países, questões de disputa de territórios, ou ainda, assuntos e temas de interesse militar, dentre outros. Partes intervenientes: países, blocos econômicos, organismos internacionais, embaixadores e outros níveis da diplomacia. Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições13/144 Instrumentos de Poder: retaliações comerciais, sanções econômicas, barreiras técnicas e comerciais. 3.5 – Negociação no Ambiente Comercial Negociação de produtos e serviços, mediante negociação na tomada de preços entre diversos ofertantes e poucos compradores, ou diversos ofertantes e um único comprador, ou vários compradores para um único vendedor, por exemplo. Partes intervenientes: diversos ofertantes para diversos compradores, ou diversos ofertantes e um único comprador, ou vários compradores para um único vendedor, por exemplo. Instrumento de Poder: preço, volume de oferta, volume de demanda, segmento da economia. 4. As Cinco Estratégias Genéri- cas da Negociação É possível depreender que uma negociação “é um campo de conhecimento e empenho que visa à conquista de pessoas de quem se deseja alguma coisa”, e em outra definição do mesmo autor, entende-se que “Negociação é o uso da informação e do poder, com o fim de influenciar o comportamento dentro de uma rede de tensão” (COHEN, 2005). Por este caminho fica entendida a necessidade de “conquistar as pessoas Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições14/144 de quem se deseja alguma coisa”, e que “informação e poder” representam o meio para se atingir este objetivo. Entretanto se o intento de negociar deve considerar a recorrência sistêmica de novas negociações, será necessário acrescentar outra variável nesta equação, pois, partindo-se igualmente do princípio de que uma negociação é uma atividade de relacionamento, passa então a ser de fundamental relevância a consideração do maior ou menor interesse na continuidade desta relação. A questão do maior ou menor interesse na continuidade do relacionamento e a influência deste fator no resultado final foi muito bem explorada pelos autores Roy J. Lewicki, e outros, no livro Think Before You Speak: A Complete Guide to Strategic Negotiation da Editora Wiley – 1996, ainda sem tradução em português. Os autores criaram o que se denomina de Matriz Lewicki, Hiam, Olander composta por dois vetores: o fator Interesse no Relacionamento (cooperação) e, no eixo horizontal, o fator Relevância do Resultado (assertividade). Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições15/144 Fonte: Adaptado de Think Before You Speak: A Complete Guide to Strategic Negotiation de Roy Lewicki, Editora Wiley. O conceito desta matriz é expresso nas cinco estratégias distintas, sempre em função do maior ou menor interesse no relacionamento futuro das partes negociadoras e combinando-se este interesse no relacionamento com os resultados esperados da negociação. Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições16/144 Desta forma há as seguintes possíveis combinações: 4.1 – Posição I: Evitar – Perde x Perde Baixa importância ao Relacio- namento – Baixa importância aos Resultados A situação “perde x perde” ocorre quando nenhuma das partes consegue atingir os resultados esperados na negociação, e tão pouco fica estabelecido um consenso de relacionamento mais consistente entre as partes. Aqui a leitura e interpretação do senso “perde x perde” fica bem clara no sentido de que esta hipótese representa a conclusão de um esforço de negociação que resultou em fracasso por falta de entendimento entre as partes. Pode-se até supor que uma das partes tenha sido irredutível em seus propósitos, embora a outra parte tivesse até tentado mudar a situação, mas sem sucesso. Outra hipótese para este resultado de situações é que as partes não demonstram grande interesse em um relacionamento futuro e culminam por não ceder nenhum centímetro em seus intentos, fazendo comque esta irredutibilidade resulte na condição de perda mútua. A expressão “evitar“, aqui indicada, tem o sentido de que as partes ”evitaram” o confronto, ou ainda, ”evitaram” uma ação Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições17/144 proativa na negociação, resultando na condição perde-perde. Alguns exemplos desta situação se traduzem na forma de casos de negociação mal sucedidas entre policiais e meliantes com a existência de reféns, por exemplo, como ocorreu no sequestro do ônibus 174, linha Central - Gávea, no Rio de Janeiro, quando, sob a mira de um revólver, uma jovem ficou refém por cinco horas de Sandro Barbosa do Nascimento, um dos sobreviventes da famosa Chacina da Candelária. Obviamente não havia grande interesse em nenhuma das partes no relacionamento futuro, existindo apenas a preopcupação no resultado que, pelo lado da policia, objetivava a libertação da refém e a prisão do sequestrador, e pelo lado do meliante, o resultado esperado era a fuga, totalmente inviável. Por inabilidade de um policial ou por acidente, houve o asassinato da refém e a morte do meliante em situação não bem explicada até hoje, ou seja, uma condição de perde x perde pelos fatores narrados. 4.2 – Posição II: Competitiva (ganhar a todo custo) Ganha x Perde Baixa importância ao Relacio- namento – Alta importância aos Resultados Aqui é dada mais importância ao Resultado do que ao Relacionamento. Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições18/144 Esta é uma situação típica das negociações entre um poderoso sobre um mais fraco, em que o mais forte não está muito preocupado com a continuidade do relacionamento, por razões como a dependência perene do mais fraco em relação à outra parte, como ocorre em casos de monopólio (um único fornecedor) ou cartel de fornecedores (grupo reduzido de ofertantes), ou nos casos de monopsônio, em que há um único cliente para muitos fornecedores. Nestas circunstâncias há igualmente uma anomalia de negociação devido ao desequilíbrio de forças, pois se por uma instância uma das partes conseguiu atingir o seu objetivo, a outra não, ou então se a outra parte conseguiu igualmente o seu objetivo, foi à custa da perda de considerações de relacionamento futuro, como fica explícito pelo gráfico da matriz apresentada. 4.3 Posição III: Acomodação – Perde x Ganha Alta importância ao Relaciona- mento – Baixa importância aos Resultados Nesta situação há um grande interesse na continuidade do relacionamento brindo- se mão de resultados que poderiam ser prejudiciais à outra parte em favor do relacionamento. Neste caso o foco central está no fortalecimento do relacionamento e nos Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições19/144 eventuais desgastes na obtenção de resultados, supostamente, a qualquer custo, que obviamente deverão ser evitados. O negociador, nestas circunstâncias, preserva-se para as próximas ocasiões. Esta situação é muito comum atualmente, quando todos se concentram em seu negócio essencial e buscam parcerias duradouras. Os negociadores nesta hipótese tem a visão de que é preferível abrir mão de preços mais altos para possibilitar o relacionamento com um novo cliente. Na presente hipótese, o estabelecimento de um relacionamento a longo prazo será mais importante do que forçar um único negócio, que talvez nem aconteça caso as imposições de uma das partes inviabilizem a transação. Com esta visão, a parte interessada espera criar vínculo e obter resultados com mais sustentabilidade do que a lucratividade de uma negociação episódica. Outra situação ilustrativa desta hipótese seria a posição desfavorável de um empregador que prefere relevar algum erro ou deslize de um colaborador, ou mesmo conceder um aumento maior do que o programado a um profissional de sua equipe, abrindo mão, portanto, de seus objetivos em uma suposta negociação, pois se não agir desta forma o colaborador em questão poderá deixar a empresa e trabalhar na concorrência. Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições20/144 Veja que nestes relatos fica claro que o interesse no relacionamento é mais importante do que o ganho na negociação. 4.4 – Posição IV: Colaborativa Ganha x Ganha Alta importância ao Relaciona- mento – Alta importância aos Resultados Aqui há a otimização dos dois vetores de decisão Relacionamento x Resultados, de forma que as necessidades e objetivos das partes sejam plenamente alcançados. A preocupação é tanto com continuidade do relacionamento como com a obtenção mútua de resultados satisfatórios do “ganha-ganha”. O caminho critico para o alcance deste estágio passa pelos seguintes pontos de atenção: 4.4.1 – Buscar uma visão mais abrangente de objetivos e de resultados em uma negociação Se o relacionamento é tão importante quanto os resultados, será necessário perceber quais os benefícios adicionais que a outra parte poderá proporcionar, a partir da premissa de um relacionamento mais consistente e duradouro. Em uma negociação de compra e venda, por exemplo, não se pode apenas fixar a atenção no preço que se está estabelecendo, mas sim procurar Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições21/144 entender que, pelo desenvolvimento do relacionamento haverá condições de explorar outras vantagens, como o ganho de escala com a continuidade do relacionamento, melhorias tecnológicas que serão sugeridas pelo então novo cliente, o qual, pelo convívio, passará a ter mais confiança no relacionamento mútuo, e assim por diante. 4.4.2 – Entender a diferença entre Objetivos e Interesses Um dos fundamentos mais importantes para a realização de uma negociação “ganha-ganha“ é entender qual é o pano de fundo da negociação, ou seja, o que realmente se espera alcançar com a transação . Há uma diferença expressiva entre os objetivos, ou posições e o que de fato está por trás, ou seja, quais os interesses representados pelas posições manifestadas. A boa negociação deve sim, identificar a posição (objetivos) de cada parte, mas o caminho do sucesso de uma negociação está em conseguir identificar os interesses de cada parte e buscar concilia-los (FISCHER, 2005). 4.5 – Posição V: Compromisso “Nem tanto ao céu, nem tanto a terra“. Negociação é relacionamento, e como indicado no início desta explanação, este relacioanamento se dá entre pessoas, Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições22/144 estejam elas negociando em seu próprio interesse ou representando a terceiros, seja empresas,entidades, governos ou países. Objetivos e interesses são altamente cambiantes. Desta forma, a posição no quadrante V “compromisso“ (veja o gráfico) funciona sempre como um “coringa“, fazendo com que haja uma conciliação entre estes objetivos e intereses de forma a possibilitar a realização da negociação. Como indicado no início desta aula, “as pessoas negociam para obterem um resultado melhor do que se não tivesem negociado”. Portanto, a posição V “Compromisso” diz respeito ao fato de que, no processo de negociação, é necessário ser flexível e procurar conhecer os reais objetivos da outra parte. A expressão em inglês trade-off, que é usada em temas relacionados à estratégia, tem como significado literal em português: “abrir mão de alguma coisa para conseguir o que se busca”. No caso de uma negociação, o conceito de trade-off segue o mesmo sentido, ou seja: é preciso ser flexível e “abrir mão“ de algum benefício em prol do resultado final e, principalmente, quando a continuidade do relacionamento é fundamental para as aspirações, por exemplo. Questão reflexão ? para 23/144 Como visto, a negociaçãoé um evento de interação social. Você deve ter participado de diversas interações sociais envolvendo formas de negociação, diretas ou indiretas. Por exemplo: a divisão de tarefas de um trabalho em grupo, cujo critério de seleção dos membros que comporiam o grupo não era do seu agrado, mas você acabou aceitando, para não criar polêmica nem desconforto com os demais membros. Por outro lado, você deve ter presenciado casos de discordâncias de pontos de vistas entre pessoas na tomada de decisões, obrigando a sua intervenção para ajudar na resolução. Questão reflexão ? para 24/144 Estes casos refletem bem a situação indicada no texto referente as Cinco Estratégias Genéricas de Competição. No exemplo anterior, em que você foi obrigado a intervir, está representada a Posição V “Compromisso”, que funciona como um “coringa”, fazendo com que haja uma conciliação entre objetivos e interesses das partes, possibilitando a realização da negociação. Desenvolva uma resenha usando um caso real em que você foi obrigado a intervir em uma situação de impasse, ou então uma situação em que você era um dos participantes de uma negociação conflituosa entre objetivos e interesses no relacionamento. Questão reflexão ? para 25/144 Indique quais eram os objetivos das partes, quais eram os pontos de conflito e como foi resolvido o impasse para que todos ficassem satisfeitos, mantendo-se o relacionamento entre as partes. 26/144 Considerações Finais Negociação é buscar resultados tendo em vista os objetivos das partes negociadoras. Para isso há vários caminhos e alternativas. Quanto mais alternativas forem buscadas, maiores serão as chances de se alcançar os objetivos em uma negociação. Negociação não é uma guerra. Veja que há duas vertentes a considerar em uma negociação: Resultados e Interesses no Realcionamento. Lembre-se: para vencer, você não precisa derrotar. Procure desenvolver uma negociação ganha-ganha. Unidade 1 • Negociação – Fundamentos e Definições27/144 Referências COHEN, H. Você pode negociar tudo. São Paulo, Editora Campus, 2005. FISHER, R.; URY, W. Como chegar ao sim: a negociação de acordos sem concessões. Rio de Janeiro, Editora Imago, 1985. FISHER, R.; BROWN, S. Como chegar a um acordo: a construção de um relacionamento que leva ao sim. Rio de Janeiro, Editora Imago, 1997. LEWICKI, Roy Think Before You Speak: A Complete Guide to Strategic Negotiation. Editora Wiley. Bibliografia Complementar JUNQUEIRA, L. Negociação: tecnologia e comportamento. 26ª ed., Rio de Janeiro, COP Editora, 1998. MOINE, D. HERD, J. H. Modernas técnicas de persuasão: a vantagem oculta. 4ª ed., São Paulo, Editora Summus, 1988. STONE, D. Conversas difíceis. Rio de Janeiro, Editora Campus, 2004. URY, W. L. Supere o não: negociando com pessoas difíceis. São Paulo, Editora Best Seller, 2001. URY, W. L. Chegando à paz: resolvendo conflitos em casa, no trabalho e no dia-a-dia. Rio de Janeiro, Editora Campus, 2000. 28/144 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Definição e Conceitos Centrais - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ ef0e2ce8b350abbf80a30ebe96fea1df>. Aula 1 - Tema: Arenas da Negociação - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e7901a9741f7c9a91ea7c93beb1aaf4f>. 29/144 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Estratégias Genéricas da Negociação - Parte I - Bloco III Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ f5dd491511edfe00223681508c2f3396>. Aula 1 - Tema: Estratégias Genéricas da Negociação - Parte II - Bloco IV Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ df517a3e6e0bf816e5bc3b376c893e62>. 30/144 1. O mais importante em uma negociação é: a) Saber quais os interesses da outra parte e procurar satisfazê-los. b) Entender o que a outra parte pretende e debater as opções. c) Explicar quais as alternativas em que não há interesse. d) Ter claro quais são os objetivos. e) Que os resultados pretendidos pelas partes representem o foco central da negociação. Questão 1 31/144 2. Negociar é: a) Saber encontrar uma solução inovadora. b) Saber indicar caminhos para a resolução do impasse. c) Saber o que se quer. d) Saber conciliar interesses. e) Saber dialogar. Questão 2 32/144 3. Em uma negociação: a) As partes devem definir as regras do jogo. b) É preciso saber o que está em jogo. c) Há um jogo de perde e ganha. d) Há um jogo que requer muita atenção. e) Há um jogo sem regras definidas. Questão 3 33/144 4. Dentre as definições de negociação indicadas no texto, pode-se dizer que: a) Negociação visa à conquista de pessoas de quem se deseja alguma coisa. b) Negociação é saber levar vantagem em prol dos próprios interesses. c) Negociação é ter argumentos convincentes para conquistar e influenciar pessoas a seu favor. d) Negociação é saber entender o que se pode ceder para ganhar. e) Para negociar deve-se conhecer as pessoas e seus interesses. Questão 4 34/144 5. Dentre as Cinco Estratégias Genéricas de Competição, qual a que me- lhor tipifica as negociações entre um poderoso sobre um mais fraco? a) Posição I: Evitar – Perde x Perde. b) Posição II: Competitiva – Ganha x Perde. c) Posição III: Acomodação – Perde x Ganha. d) Posição IV: Colaborativa – Ganha x Ganha. e) Posição V: Compromisso. Questão 5 35/144 Gabarito 1. Resposta: E. 2. Resposta: D. 3. Resposta: B. 4. Resposta: A. 5. Resposta: B. 36/144 Unidade 2 Dinâmicas da Negociação Objetivos 1. Neste segundo encontro, você terá a oportunidade de conhecer as diversas etapas de uma negociação, os estilos de negociação e de perfis dos negociadores, bem como os aspectos periféricos de uma negociação, como, por exemplo, a preparação, a identificação dos interesses de cada parte, a busca de sintonia entre esses interesses e a negociação propriamente dita. 2. Se você já participou de uma negociação estruturada, poderá, nesta oportunidade, avaliar o seu desempenho em comparação com o modelo que será apresentado, o qual é baseado nas técnicas de negociação concebidas pelos especialistas Roger Fisher e Willian Ury e apresentadas na obra: Como chegar ao SIM – A Negociação de Acordos sem Concessões, que consta na bibliografia. 37/144 Unidade 2 Dinâmicas da Negociação 3. Portanto, você terá a oportunidade de aprender a estruturar uma negociação através de uma das mais consagradas metodologias adotadas pelas melhores escolas de negócios do mundo, e pela própria Harvard University, aonde os autores lecionam. 4. O objetivo desta segunda parte é discorrer sobre a dinâmica de uma negociação, aproveitando todas as considerações e conceitos tratados até aqui. 5. Você verá que o processo de uma negociação é bastante simples quando se adota um método específico e bem estruturado. 6. O modelo sugerido por Fischer (2005) parte do princípio de que, em toda negociação, primeiramente é necessário identificar quais são os interesses de cada parte, entendendo que esses interesses nem sempre são verbalizados pelas partes, chegando ao ponto de nem mesmo encontram-se no nível de consciência dos negociadores. 38/144 Unidade 2 Dinâmicas da Negociação 7. Em processos de negociação comercial, por exemplo, costuma-se dizer que “aquilo que o cliente compra raramente é o que a empresa imagina estar lhe vendendo”, pois, de fato, as pessoas compram valores, compram benefícios, e não produtos ou serviços. 8. Preços, condiçõesde pagamento, prazos de entrega, não são o que se chama de interesses. Classificam-se estes fatores como sendo indicadores de posicionamento em negociação, ou seja, fatores que serão tratados como posições. 9. Há, portanto, em negociação, uma diferença entre posições e interesses e nesta oportunidade serão discutidas as diferenças entre estes dois conceitos. Uma vez identificados os interesses, é preciso analisar e definir quais aqueles que são comuns às partes negociadoras. 10. Em casos de divergência de interesses, ou mesmo na inexistência de interesses comuns, será necessário buscar terceiros referenciais para dar credibilidade e sustentação aos argumentos de negociação. 39/144 Unidade 2 Dinâmicas da Negociação 11. Outro objetivo importante desta aula é indicar quais seriam as estratégias possíveis, caso a negociação resulte em uma solução que não seja atrativa aos interesses das partes. Aliás, esta situação é mais comum do que se pode supor, mesmo havendo planejamento na negociação. 12. Nestas situações será necessário desenvolver um padrão de alternativas através de um modelo denominado como Melhor Alternativa à Negociação de um Acordo (MAANA - BATNA, Best Alternative To a Negotiated Agreement. FISCHER, 2005), em outras palavras: como criar uma saída honrosa e que não destrua o relacionamento entre as partes. Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação40/144 1. Introdução Conheça a si mesmo, e ao seu inimigo, e você vencerá todas as batalhas” Sun Tzu, A Arte da Guerra. A frase atribuída a Sun Tzu diz respeito a um dos principais fundamentos de uma negociação, ou seja, antes de conhecer o que se negocia, e muito antes de se conhecer com quem você está negociando, é primordial fazer um exercício de autoconhecimento e, depois, conhecer as demais condicionantes. Sun Tzu foi um general, estrategista e filósofo chinês, tido por alguns historiadores como uma figura mítica e que na verdade nunca existiu. Outros, porém, reputam a ele a autoria da obra A Arte da Guerra, composta por 13 capítulos sobre estratégias militares. De qualquer, o que é importante deixar claro nesta introdução é o fato de que, tenha Sun Tzu existido ou não, a referida obra deixou um legado importante sobre estratégia, e que se aplica perfeitamente na concepção de modelos de negociação. Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação41/144 Antes de participar de uma negociação, é necessário perguntar a si mesmo: estou preparado para negociar? Tenho todas as informações necessárias? Tenho uma estratégia pronta e testada? E se não der certo, o que faço? Após este questionamento você deve se preocupar com os interlocutores da outra parte, procurando conhecer com quem você irá negociar. Neste processo outras perguntas deverão ser respondidas, como: quem são meus interlocutores? Quais são os interesses da outra parte neste processo de negociação? O que está em jogo nesta negociação? O que realmente se está negociando? E assim por diante. Outro ponto importante diz repeito ao entendimento de que o processo de negociação não é uma batalha, não é uma guerra, mas sim uma interação social, na qual as partes envolvidas tem interesse em relacionar-se através de uma negociação, para obterem um resultado melhor do que se não tivessem negociado, conforme conceito atribuído ao celebrado professor Willian Ury, da Harvard University. Como visto na primeira parte desta apresentação, a Matriz Lewicki, Hiam, Olander é composta por dois vetores: Interesse no Relacionamento (cooperação) e Relevância do Resultado (assertividade) (LEWICKI, 2005). Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação42/144 De acordo com a referida matriz, a melhor posição em uma negociação é a que diz respeito à relação Ganha /Ganha, pois, como é conhecido, em uma guerra ninguém ganha e todos perdem. 2. Perfil dos Negociadores Antes de entrar na análise da dinâmica de uma negociação, julga-se importante conversar um pouco sobre o perfil dos negociadores que se pode encontrar na missão de negociar. Saber “quem é quem”. Saber quem é o interlocutor, ou interlocutores, seu perfil de comportamento, é um importante ponto de partida neste planejamento da negociação, e até para não restringir esta apresentação a uma única fonte, é interessante trazer a visão de outros autores sobre o tema, cujas opiniões caracterizam-se por fatores de convergência no que diz respeito ao conceito do que é a negociação e sobre sua dinâmica de condução. Junqueira (1998), por exemplo, define que negociação é um processo contínuo que começa com a preparação (antes do encontro das partes), desenvolve-se (encontro das partes) e continua com o controle e a avaliação (após o encontro das partes), até a próxima negociação (se houver). Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação43/144 A primeira fase em uma negociação diz respeito ao planejamento da mesma, ocasião em que se aplica o questionamento já tratado na introdução deste capítulo. É, portanto, o momento de coleta de todas as informações e do maior número possível de dados. Em uma operação com o propósito de gerar uma relação ganha x ganha, é necessário inclusive estar preparados para auxiliar a outra parte no entendimento dos propósitos da negociação, o que implica em dizer que quanto mais informações for possível coletar nesta fase, mais eficazes serão os resultados alcançados, como se verá na sequência. Considerando-se o binômio Relacionamento / Relevância do Resultado da matriz Lewicki, Hiam, Olander, a fase de preparação serve também para criar um clima favorável para negociação. A fase intermediária diz respeito ao momento da relação de interação entre as partes, exposição de motivos e argumentos, apresentação das proposições, debates de objeções e contra- argumentos, esclarecimento de dúvidas e pontos questionáveis, até a conclusão da negociação. A terceira fase, o chamado “Day-after”, trata do relacionamento pós-negociação, com atividades de acompanhamento do que foi negociado e, obviamente, o cumprimento do que foi tratado, Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação44/144 principalmente com vistas a novas oportunidades para a continuidade do relacionamento, e novas negociações. A negociação é o processo de buscar a aceitação de ideias, propósitos ou interesses, visando ao melhor resultado possível, de tal modo que as partes envolvidas terminem a negociação conscientes de que foram ouvidas, e que tiveram oportunidades de apresentar toda a argumentação e que o produto final seja maior do que a soma das contribuições individuais. Os negociadores, segundo Junqueira (1988), podem ser representados por quatro perfis de negociadores com características muito peculiares, e que definem claramente cada estilo. São eles: o catalisador, o apoiador, o controlador e o analítico. 2.1 – Perfil Catalisador: muito criativo, gerador de soluções inovado- ras e grandes empreendimentos. É um tipo um pouco sonhador, pois idealiza grandes projetos em suas negociações. Pelo seu perfil um tanto quanto narcisista, “necessita de plateia e holofotes“. Gosta de ser reconhecido pelo seu modo de ser. Este é o perfil dos negociadores que apresentam expressivo dinamismo, alto grau de persuasão, são convincentes, rápidos, e, às vezes, parecem um tanto quanto inconstantes e impulsivos. Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação45/144 2.2 – Perfil Apoiador: voltado às pessoas, muito mais do que a resulta- dos. Trabalha bem em equipe e gosta de fazer amigos. Não é um negociador de decisões rápidas, uma vez que se preocupa em demasia com possíveis desconfortos que poderá causar a outras pessoas com as suas decisões. Segundo Junqueira (1988), o apoiador é um tipo transparente, cooperador, amável e prestativo,um bom ouvinte, e altamente proativo, “joga para o time” e tem facilidade para fazer amigos. 2.3 – Perfil Controlador: toma decisões rápidas e procura otimizar o seu tempo e dos outros. Está sempre preocupado com a redução de custos e desperdícios, sendo uma pessoa sem muitos “rodeios“, preferindo ir sempre direto ao ponto principal do que esteja sendo tratado. Extremamente voltado a resultados, tem necessidade de realização pessoal e financeira. Demonstra mais coerência e menos receptividade. Valoriza o cumprimento de metas. Não ouve muito os outros e demonstra uma certa falta de humildade. Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação46/144 Geralmente atua sozinho. É o chamado: “lobo solitário”, pensando mais em si mesmo e não se importando com as outras pessoas. Segundo Junqueira (1988), o negociador controlador é muito franco, organizado, decidido, eficiente, objetivo. Às vezes, mostra-se egoísta, e impaciente. 2.4 – Perfil Analítico: é marcado pelo comportamento “inquisidor” e detalhista. Caracterizado por fazer muitas perguntas na obtenção do maior número de informações e dados possíveis e só decidir após intensa analise dos fatos; geralmente não compartilha as informações relevantes que obteve, pois crê ser este um capital valioso que conseguiu angariar. Segundo Junqueira (1988), este perfil de negociador é tipicamente formado por pessoas com forte orientação a rotinas, regulamentos e a detalhes. São muito conservadores e evitam os riscos. Metódicos e muito organizados. Podem ser classificados como perfeccionistas e indecisos por excelência. 3 – Os Cinco Passos da Nego- ciação Uma boa estratégia de negociação deve necessariamente fundamentar-se em algum método estruturado, estabelecendo procedimentos para a execução de uma Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação47/144 preparação consistente, e que reúna informações necessárias a uma negociação eficaz, com um desfecho a contento. Você, neste momento, deve estar perguntando: “e se não der certo? o que fazer?“. Fisher (2005) propõe um método eficaz de negociação que possa contemplar um bom planejamento, uma execução ainda melhor e um desfecho com os resultados esperados, e que possa inclusive prever um “plano B”, caso não seja possível atingir os objetivos. Este plano é composto por cinco passos. 3.1 – Interesse: com o que é impor- tante para você, com o que é impor- tante para a outra parte. Como já foi dito, negocia-se o tempo todo. É comum perceber que em uma negociação muitos interlocutores “fincam o pé” em uma tese, ou em um determinado ponto de vista, recusando-se a mudar de posição. É preciso lembrar que uma negociação não é uma batalha, não é uma guerra, portanto, é necessário identificar primeiramente quais são os seus interesses, e os da outra parte, que estão atrás das chamadas “posições”. Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação48/144 Pode-se definir posições como sendo aquilo que se verbaliza como objetivos da negociação, ou seja, os aspectos tangíveis, concretos, como valores monetários, prazos de execução, bens físicos, objeto da negociação, como a compra ou venda de uma casa, um carro, uma bicicleta, um quadro. Já os interesses dizem respeito aos fatores motivadores intangíveis, constituídos pelos benefícios que serão obtidos se forem atingidos os objetivos expressos na forma de posições, assim como os objetivos e posições “postos na mesa de negociação“ pela outra parte. Uma forma de identificação desses interesses pode ser feita através de indagações como o que importa para mim? O que é importante para a outra parte? Quais os interesses contidos em cada posição? Portanto, deve-se considerar que o propósito da negociação é satisfazer os seus interesses e os da outra parte. Desta forma, se conhecer os seus interesses e os da outra parte, você poderá gerar alternativas que satisfaçam ambos os lados. 3.2 – Opções: quais as alternativas em que há acordos possíveis. Uma opção é uma possível alternativa de acordo ou parte de um acordo viável. As opções devem ser exploradas antes de uma Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação49/144 decisão, e poderão ser incluídas em uma negociação formal. Como exposto anteriormente, você deve se preparar adequadamente para uma negociação. Faz parte deste planejamento a busca de eventuais opções que possam ser coincidentes com as opções da outra parte. A sugestão é que você crie sua própria lista antes de se encontrar com a outra parte, pois ao criar antecipadamente uma lista de opções, você evitará a crítica ou contra- argumentação da outra parte sobre suas ideias, ou pelo menos estará preparado para rebatê-las. Fisher aponta que (p. 91) há três aspectos acerca dos interesses comuns. Primeiro, os interesses comuns estão latentes em toda negociação, mas podem não ser imediatamente evidentes. Pergunte a si mesmo: será que há um interesse comum em preservar o relacionamento? Quais são as oportunidades de cooperação e benefício mútuo mais adiante? Qual seria o ônus se as negociações fossem interrompidas? Haverá princípios comuns como preço justo, que ambos possam respeitar? Lembre-se que quanto mais opções houver, mais aumentará o poder dos negociadores, portanto crie o maior número de opções possíveis para ambas as partes e você verá que a posição melhora conforme mais opções existirem. Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação50/144 3.3 – Padrões de Referência: como é possível estabelecer referen- ciais que sejam reconhecidos como válidos pela outra parte. Os padrões de referência devem ser usados quando surgir uma situação de impasse ou conflito, ou seja, quando os interesses entre as partes não são comuns e, desta forma, será necessário lançar mão de terceiros referenciais que possam dar credibilidade aos argumentos e posições. Os Padrões de Referência são importantes, pois em uma negociação nenhuma das partes gosta de ceder quando não existem argumentos que possam mover as pessoas de suas convicções. Portanto, para resolver conflitos de interesses, deve-se usar padrões independentes, como por exemplo: valores de mercado, precedentes históricos, práticas usuais do segmento, prática em outros segmentos. Cabe indicar que estes padrões devem ser relevantes e largamente aceitos para poder gerar credibilidade junto a outra parte. Ao utilizar padrões independentes você verá que as posições darão lugar aos interesses, pois os padrões ajudarão a medir as diferenças entre as partes e a persuadir eventuais terceiros que não estejam presentes na reunião de negociação. Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação51/144 3.4 – Separe as Pessoas dos problemas: como conduzir o rela- cionamento interpessoal com nego- ciadores duros ou mais flexíveis. Muitas vezes, em uma negociação, o foco deveria estar nos interesses, nas opções e nos padrões, mas as pessoas “atrapalham”, pois elas querem ser simpáticas ou duras demais, por exemplo. É preciso conseguir um critério padrão para deixar que as questões pessoais não interfiram no que se está negociando, pois é natural que as pessoas tendam ao conceito do certo x errado. Muitas vezes as pessoas encaram a negociação como uma batalha e adotam posições radicais. Por essa razão é muito importante que se possa entender o que está por trás dessas posições. Uma forma de identificar estas situações é saber escutar, pois metade da negociação está na escuta, portanto, escute ativamente para poder entender o comprometimento das pessoas (FISHER, 2005). Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação52/144 ESTILO DE NEGOCIAÇÃO DAS PESSOAS AFÁVEL ÁSPERO As partes têm uma relação amigável As partes são adversáriasO objetivo é um acordo satisfatório Objetivo é a vitória Concessões para cultivar o relacionamento Exige concessões como condição para o relacionamento É flexível com as pessoas e com os problemas É duro com as pessoas e com os problemas Acredita nos outros Não acredita nos outros Está disposto a mudar de posição Não muda de posição nunca Formula alternativas Formula ameaças Evita pressionar Pressiona o tempo todo Adaptado de Fischer (2005, p. 17). Em situações antagônicas como as descritas acima é necessário desenvolver uma estratégia que permita separar o Fator Problema do Fator Pessoas. O fato é que não se deve ceder na essência do problema, mesmo que isto afete o relacionamento, pois se for demonstrada seriedade, explicando a posição de diferenciação entre Problema x Pessoas, a outra parte seguramente entenderá o ponto de vista. Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação53/144 Neste sentido é fundamental que se possa reconhecer as próprias emoções e as emoções da outra parte sem culpar um lado ou outro, e fazer com que cada um compreenda como o outro vê o problema. Escute atentamente o outro lado. Ponha-se no lugar do outro e perceba como vê a e interpreta o problema. O quadro a seguir indica como praticar esta relação. AFÁVEL ÁSPERO SOLUÇÃO As partes são amigas As partes são adversárias As partes são solucionadoras de problemas O objetivo é um acordo satisfatório Objetivo é a vitória O objetivo é um ganho sinérgico alcançado com eficiência e amigavelmente (não por amizade). Concessões para cultivar o relacionamento Exige concessões como condição para o relacionamento Separe as pessoas dos problemas Está disposto a mudar de posição Não muda de posição nunca Focalize em INTERESSES, nunca em posições Formula ofertas Formula ameaças Explore os INTERESSES das partes Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação54/144 AFÁVEL ÁSPERO SOLUÇÃO Tenta evitar uma guerra de intenções Tenta vencer uma guerra de intenções Tenta chegar a um acordo com base em PADRÕES INDEPENDENTES Evita pressionar Pressiona o tempo todo Voltado a análise de OPÇÕES referenciadas em PADRÕES legítimos Adaptado de Fischer (2005, p. 30). 3.5 – MAANA Melhor Alternativa à Negociação de um Acordo Aqui está o seu plano B, que poderá funcionar como uma alternativa de “escape” em caso de impasse, ou que poderá ajudá-lo a recuperar a negociação, caso nenhuma das alternativas anteriores funcione para seu fechamento. A experiência mostra que as grandes concessões são feitas nos últimos momentos de uma negociação, principalmente quando a outra parte não tem nenhuma saída, a não ser conceder o que se está pleiteando, ou pelo menos, se moverem para uma posição mais favorável aos Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação55/144 interesses opostos, mas lembre-se de que a recíproca é verdadeira. Portanto, é necessário estar preparado para criar a Melhor Alternativa à Negociação de um Acordo (MAANA – BATNA, Best Alternative To a Negotiated Agreement), em outras palavras, como criar uma saída honrosa e que não destrua o relacionamento entre as partes (FISCHER, 2005). Sabe-se que em toda negociação há dilemas, e para que você possa criar a sua Melhor Alternativa à Negociação de um Acordo (MAANA) de forma consistente, observe os seguintes questionamentos: • Devo manter firme a proposta, mesmo que não chegue a um acordo? • Devo aceitar um acordo que não seja exatamente o que eu quero? • Terei chance em uma outra oportunidade de recuperar o que estou deixando de ganhar agora? • Se não conseguir o que quero nesta negociação, conseguirei obter o que pretendo em uma outra negociação com um outro interlocutor? • Ou será que esta é minha última oportunidade? Respostas: Portanto, antes de iniciar uma negociação você deverá estar preparado para saber o que fazer se sua estratégia não der certo. Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação56/144 O processo de construção da sua Melhor Alternativa à Negociação de um Acordo (MAANA) é bem simples e parte do conceito de que para cada opção (item 3.3 desta apresentação) você deverá criar uma alternativa MAANA, ou seja, uma alternativa que esteja baseada nas perguntas acima como forma de escape para fechar negócios em outra parte, ou que ajude a conclusão desta negociação. A sua Melhor Alternativa à Negociação de um Acordo (MAANA) definirá claramente o que você deve fazer em caso de recuo nas negociações, ajudará a selecionar a melhor alternativa de um acordo negociável, e avaliará as consequências de um eventual fracasso para você e para a outra parte. Adicionalmente, você poderá otimizar ainda mais a produtividade de sua negociação, caso estude e simule a versão de MAANA da outra parte, pois se você conhecer muito bem a sua MAANA e a dos seus interlocutores a negociação terá mais chance de sucesso. Para saber mais Conhecer a MAANA da outra parte é conhecer as objeções antecipadamente, habilitando o planejamento de contra-argumentos e de caminhos futuros, implicações e resultados em cada uma das alternativas. Lembre-se do ditado de Mahatma Ghandi “O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente”. , Portanto, crie você o ponto futuro de suas negociações. Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação57/144 A MAANA não é um limite de negociação, e sim uma série de alternativas úteis se algo não der certo, que te ajudará na prevenção contra o desespero de ceder tudo no último momento – só para não perder o negócio (FISHER, 2005). Muitos negociadores se desesperam e se entregam, concedendo tudo o que não abriram mão durante toda a negociação. Se mesmo assim as partes não chegarem a um acordo, volte à Etapa 2 – Opções, e comecem a desenvolver juntos as alternativas e a estudarem novas opções para a sua MAANA e da outra parte. Conclusivamente, é importante relembrar o que foi indicado no primeiro momento desta apresentação: as pessoas negociam para obter um resultado melhor do que se não tivessem negociado, portanto não desista, por maior que seja o obstáculo. Os caminhos e alternativas estão aí. Basta você identificá-los, e usá-los com método, consistência e eficácia. O que foi proposto é apenas um método, que já foi testado e aprovado por inúmeros negociadores. Questão reflexão ? para 58/144 Pelo texto pode-se entender que uma negociação é bastante simples quando se adota um método específico e bem estruturado. O modelo sugerido parte do principio de que, em toda negociação, primeiramente é necessário identificar quais são os interesses, depois deve-se buscar os interesses comuns, as referências que possam dar legitimidade aos argumentos e objetivos, até chegar à formulação da MAANA. Simulando uma negociação, desenvolva uma situação na qual você precisa urgentemente vender uma casa por R$ 400 mil, sendo que o valor desta casa é bem superior ao montante que você estabeleceu para a venda. Questão reflexão ? para 59/144 Você tem um comprador altamente interessado, pois ele precisa mudar para a sua cidade imediatamente, e não há outras alternativas na região, sendo a sua propriedade exatamente a casa que ele precisa. O interessado tem várias propriedades na praia, e em regiões serranas de turismo, mas dispõe de somente R$ 300 mil em dinheiro, e disse que não quer pagar mais um centavo pela sua casa. Desenvolva seu plano seguindo o roteiro apresentado neste texto, desde o item 1 – interesses até o desenvolvimento da sua MAANA e a do seu potencial comprador. Você verá como ficará mais fácil desenvolver esta negociação de venda. Questão reflexão ? para 60/144 Você tem um comprador altamenteinteressado, pois ele precisa mudar para a sua cidade imediatamente, e não há outras alternativas na região, sendo a sua propriedade exatamente a casa que ele precisa. O interessado tem várias propriedades na praia, e em regiões serranas de turismo, mas dispõe de somente R$ 300 mil em dinheiro, e disse que não quer pagar mais um centavo pela sua casa. Desenvolva seu plano seguindo o roteiro apresentado neste texto, desde o item 1 – interesses até o desenvolvimento da sua MAANA e a do seu potencial comprador. Você verá como ficará mais fácil desenvolver esta negociação de venda. 61/144 Considerações Finais Em uma negociação é preciso entender o que realmente está em jogo. Há uma diferença fundamental entre Posições e Interesses em uma negociação. Nunca fixe nas posições, busque descobrir quais os interesses da outra parte, e os seus também. Faça sempre para você mesmo a seguinte pergunta: o que é importante para mim nesta negociação? Do que estou disposto a abrir mão para conseguir o que quero? Nunca deixe se envolver pelas emoções e vaidades em uma negociação. Saiba separar as pessoas do problema. Você verá a negociação e as alternativas possíveis de forma bem mais clara. Unidade 2 • Dinâmicas da Negociação62/144 Referências COHEN, H. Você pode negociar tudo. São Paulo, Editora Campus, 2005. FISHER, R.; URY, W. Como chegar ao sim: a negociação de acordos sem concessões. Rio de Janeiro, Editora Imago, 1985. FISHER, R.; BROWN, S. Como chegar a um acordo: a construção de um relacionamento que leva ao sim. Rio de Janeiro, Editora Imago, 1997. FISHER, R.; URY, W.; PATTON, B. Como chegar ao Sim: a negociação de acordos sem concessões. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2005. LEWICKI, Roy. Think Before You Speak: A Complete Guide to Strategic Negotiation. Editora Wiley. Bibliografia Complementar JUNQUEIRA, L. Negociação: tecnologia e comportamento. 26ª ed., Rio de Janeiro, COP Editora, 1998. MOINE, D.; HERD, J. H. Modernas técnicas de persuasão: a vantagem oculta. 4ª ed., São Paulo, Editora Summus, 1988. URY, W. L. Supere o não: negociando com pessoas difíceis. São Paulo, Editora Best Seller, 2001. 63/144 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Perfil dos Negociadores - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e0d59a90c6bb1b0c9e960354a8d155d2>. Aula 2 - Tema: Os Cinco Passos da Negociação: Preparação e Abertura - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ bfcc9a2ab73627a067cc020b75e91d90>. 64/144 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Os Cinco Passos da Negociação: Desenvolvimento - Bloco III Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ ea89d6e1721400a7704082471376ddca>. Aula 2 - Tema: Os Cinco Passos da Negociação: Conclusão - Bloco IV Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d91fa3d0c040029fe69a270907a7b0c4>. 65/144 1. Em uma negociação é preciso considerar que: a) Os vetores Interesse no Relacionamento e Relevância do Resultado sempre serão encontrados. b) Nunca há sintonia entre os vetores Interesse no Relacionamento e Relevância do Resultado. c) As pessoas bem intencionadas sabem negociar. d) O Interesse no Relacionamento futuro será sempre fundamental e deve ser prioritário em relação à Relevância de Resultados. e) Nem sempre, em uma negociação, os fatores Interesse no Relacionamento e Relevância do Resultado devem ser considerados. Questão 1 66/144 2. Em uma negociação os padrões de referência servem para: a) Dirimir dúvidas sobre dados estatísticos. b) São usados quando surgir uma situação de impasse ou conflito. c) Mostrar que nem sempre há uma solução para um impasse. d) Ajudar a desenvolver a sua MAANA. e) Poder separar as pessoas dos problemas. Questão 2 67/144 3. Em uma negociação é preciso: a) Sempre buscar o entendimento mútuo. b) Identificar as raízes do problema. c) Saber o que realmente está em jogo. d) “Dar corda” para a outra parte abrir o jogo. e) Entender que perder faz parte do jogo. Questão 3 68/144 4. Nas negociações deve-se separar as pessoas dos problemas, pois: a) As emoções e sentimentos não são importantes. b) As emoções e sentimentos podem influenciar nas decisões. c) As emoções e sentimentos nem sempre são verdadeiros. d) As emoções e sentimentos são atitudes infantis. e) Não há espaço para emoções e sentimentos nas negociações. Questão 4 69/144 5. A MAANA – Melhor Alternativa à Negociação de um Acordo: a) É um recurso do qual se deve lançar mão quando surgir um impasse. b) É um recurso para identificar problemas entre os interesses das partes. c) É um recurso utilizado para separar as pessoas dos problemas. d) É um recurso alternativo, usado em alguns casos. e) É um recurso que se deve usar sempre. Questão 5 70/144 Gabarito 1. Resposta: A. 2. Resposta: B. 3. Resposta: C. 4. Resposta: B. 5. Resposta: E. 71/144 Unidade 3 Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional Objetivos 1. Nesta terceira aula, você terá a oportunidade de conhecer os fundamentos de Marketing, uma atividade comumente confundida como sinônimo de propaganda, ou ainda como uma atividade auxiliar de apoio a vendas, dentre outras percepções equivocadas. 2. O propósito desta apresentação é debater e discorrer sobre o real significado do termo Marketing, sua validade e importância como função estratégica no relacionamento entre as empresas e mercados. Marketing é importante demais para estar subordinado ao Departamento de Marketing...” David Packard – Fundador da HP 72/144 Unidade 3 Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional 3. Nesta apresentação você poderá igualmente avaliar a interação da empresa com o mercado, o qual é constituído por clientes, fornecedores, canais de vendas e demais variáveis do macroambiente, formado por fatores como: Governo, Cultura e Demografia. 4. Esta apresentação será completada com a aula 4, ocasião em que você poderá avaliar a operacionalização desta relação empresa x clientes, desenvolvida através da gestão dos 4 Ps de Marketing: Produto – bens físicos e serviços; Preço dos produtos; Promoção dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas; e o quarto P (Place), referindo-se aos Pontos de Vendas ou à Distribuição dos produtos e serviços. 5. Como complemento, você terá a oportunidade de conhecer, na aula 4, os conceitos de segmentação e posicionamento de produtos e serviços, assim como o marketing de relacionamento, temas estes que complementarão a proposta. Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional73/144 Introdução Marketing tem como função estratégica a tarefa de criar, promover e fornecer bens e serviços a clientes, sejam estes pessoas físicas ou jurídicas. “Na verdade, os profissionais de marketing envolvem-se no marketing de bens, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias” (KOTLER, 2000). Há várias proposições conceituais sobre marketing, existindo, entretanto, uma grande superficialidade quanto ao entendimento do que venha a ser marketing. Por esta razão é oportuno trazer até você esta apresentação, para que se possa primeiramente desmistificar o que venha a ser marketing, e igualmente debater as ações e estratégias que dizem respeito ao relacionamento da empresa com os seus clientes, concorrentes, canais venda e de distribuição e os canais de suprimentos,dentre outros públicos intervenientes. Falar de marketing é falar de relacionamento. É falar da “diferença que faz a diferença” entre uma empresa competitiva e as demais. Atualmente, a competitividade das empresas está muito mais ligada ao pleno conhecimento das necessidades e desejos do mercado. Entender o comportamento do mercado passou a ser mais importante do que fatores como produção, recursos disponíveis, por exemplo. Este perfeito conhecimento do mercado, Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional74/144 combinado aos avanços tecnológicos, proporcionaram o surgimento de diversas inovações, fazendo com que tanto o mercado produtor como o segmento consumidor passassem a ser mais exigentes, sempre atentos às novas tendências de consumo das pessoas e empresas. Neste cenário, a função marketing deixa de ser vista como uma atividade de apoio às vendas para ser considerada uma orientação estratégica para as corporações. Empresas orientadas ao mercado conseguem agir e reagir com maior proatividade e eficácia de resultados do que as empresas orientadas a vendas, finanças ou à produção, por exemplo. Pro outro lado, pode-se constatar que a orientação ao mercado é muito mais abrangente do que orientação ao cliente. Empresas orientadas ao mercado estão com sua atenção voltada não somente aos clientes, mas também aos demais intervenientes desta relação. 3.1 – Princípios de Marketing Como se pode avaliar, há uma intensa e complexa rede de temas relacionados a marketing, e que serão tratados nesta apresentação. Dentre as diversas definições sobre marketing algumas se destacam, como a que define “Marketing como sendo uma atividade humana dirigida à satisfação das necessidades e Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional75/144 desejos através de um processo de troca“ (KOTLER, 2000). A “troca” refere-se à transação e ao relacionamento permanente, pois cliente é aquele que volta para comprar novamente. Segundo Kotler, a efetivação ou não da troca depende da concordância de que a transação deixará ambas as partes em uma situação melhor (ou, pelo menos, não em uma situação pior) do que antes. A troca é um processo de criação de valor, porque normalmente deixa ambas as partes em melhor situação (KOTLER, 2000, p. 34). Para saber mais Philip Kotler, Mestrado na Universidade de Chicago. PhD pelo MIT, em economia. Pós-doutorado em matemática e ciências comportamentais. Indicado em 2005 como o quarto maior guru de negócios pelo Financial Times (atrás de Jack Welch, Bill Gates e Peter Drucker). Em 2008, o Wall Street Journal o listou como a sexta pessoa mais influente no mundo dos negócios. A troca ou transação ocorre quando forem satisfeitas cinco condições básicas (adaptado de KOTLER, 2000): Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional76/144 3.1.1- Que existam pelo menos duas partes É necessário que haja alguém disposto a consumir o que está sendo oferecido e que, ao mesmo tempo, haja oferta adequada à necessidade dos consumidores, sejam pessoas ou empresas. 3.1.2- Que as partes tenham algo que represente valor para a outra parte Aqui se pode perceber a essência da troca e da negociação que foi tratada nos capítulos anteriores. A transação só acontece se o que se tem a oferecer representar valor para a outra parte. 3.1.3- Que exista comunicação entre as partes De nada adiantará oferecer um produto ou serviço se não se souber comunicar ao mercado o que se está oferecendo. Por outro lado, se os consumidores não procurarem pelo produto ou serviço, não haverá relacionamento, e tão pouco a transação. Neste terceiro fator é que se consideram todos os meios de comunicação, como propaganda, publicidade, mala direta, site na internet, e-mail, feiras, pesquisa de mercado, dentre outros meios e formas de comunicação e promoção. Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional77/144 3.1.4- Que as partes estejam li- vres para optar pela oferta que quiserem Se não houver escolha de alternativas de oferta, se o consumo for compulsório, não terá o menor sentido qualquer esforço de marketing. 3.1.5- Que as partes acreditem ser vantajoso participar da ne- gociação e fazer negócios com a outra parte É preciso criar valor para que haja interesse na negociação. A empresa ofertante necessita apresentar um diferencial que justifique a escolha e preferência dos clientes pelos produtos ou serviços oferecidos. A crescente oferta de bens e serviços faz com que o mercado consumidor se torne cada vez mais exigente e igualmente receptivo às inovações ou produtos alternativos. Some-se a esta tendência o gradativo aumento de poder aquisitivo das pessoas e a facilidade crescente de acesso pelas empresas a estes consumidores, tornando- se cada vez mais acirrada a competição na conquista do maior número possível de mercados e clientes. Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional78/144 3.2 Diferentes Tipos de Demanda Mesmo as empresas produtoras de bens de primeira necessidade, que teoricamente encontrariam um público quantitativamente suficiente para consumir toda a sua produção, começam a detectar que algo diferenciado está acontecendo junto aos seus mercados e clientes, algo muito mais importante do que a simples concorrência de produtos similares de outras origens. Outros fatores que não a concorrência de preços de produtos semelhantes estão efetivamente tirando boa parte da participação de mercado das empresas. A questão que se coloca neste momento é: qual seria a razão para este fenômeno? Qual a origem de toda esta transformação? Inúmeras variáveis contribuem ao mesmo tempo para esta transformação, como por exemplo: evolução tecnológica dos produtos, a globalização de hábitos de compra e uso, a velocidade das mudanças de hábitos das pessoas, por exemplo, alteram radicalmente os padrões de comportamento dos consumidores, obrigando as empresas e executivos a voltarem suas atenções para o entendimento dos princípios e regras de marketing. Segundo Kotler, “as empresas desenvolvem estratégias para estimular a demanda pelos produtos de uma empresa, procurando influenciar o nível, a velocidade Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional79/144 e a composição da demanda para alcançar os objetivos da organização.” (KOTLER, 2000, p. 27). Entretanto estes estímulos, muitas vezes, não produzem o resultado esperado, tornando-se importante perceber que o conceito de demanda mercadológica mudou. Não há mais o senso neutro ou puro de mercado doméstico, pois o que existe hoje são mercados domésticos globalizados. Por estas e outra razões, a função marketing deixou de ser uma atividade de apoio a vendas para constituir-se no principal fator estratégico das empresas. Esta nova conceituação tem sua origem na mudança radical de comportamento ao longo das últimas décadas, com a abertura das economias mundiais, somada ao forte impacto causado pela tecnologia da informação nas diversas áreas da atividade humana, como nos meios de comunicação e de transporte, que diminuem as distâncias físicas e socioculturais. A sociedade tem visto, por exemplo, a crescente inclusão da população de baixa renda no consumo de produtos e serviços, gerando novas opções de consumo, assim como condições de mercado para novos produtos e serviços, novas marcas, soluções inovadoras, o uso de novos tipos de matéria-prima, dentre outros fatores que culminam por gerar uma nova dinâmica nas forças vetoriais da relação “produçãoe consumo“. Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional80/144 Por todas estas causas, e considerando-se os cinco fatores decisivos para a prática do marketing analisados anteriormente nesta apresentação, pode-se afirmar que: para o melhor entendimento do comportamento da demanda, os profissionais de marketing deverão procurar influenciar o nível, a velocidade e a composição da demanda para alcançar os objetivos da organização, considerando oito níveis de demanda (KOTLER, 2000, p. 27). Neste contexto, existem as seguintes condições de demanda pelo mercado: 3.2.1 - Demanda Negativa Há produtos e serviços que são rejeitados, pois o mercado não reconhece a necessidade ou utilidade dos mesmos. ”A tarefa do marketing é analisar por que o mercado não gosta do produto e avaliar se um programa de marketing que envolva redesenho do produto, preços mais baixos e promoção positiva pode mudar crenças e atitudes” (KOTLER, 2000, p. 28). Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional81/144 3.2.2 - Demanda Inexistente Diferentemente do primeiro caso, aqui há produtos e serviços totalmente desconhecidos pelo mercado. “A tarefa do marketing é encontrar meios de ligar os benefícios do produto às necessidades e aos interesses naturais das pessoas” (KOTLER, 2000, p. 28). 3.2.3 - Demanda Latente Aqui há uma situação em que existe potencial a ser explorado. “A tarefa do marketing consiste em men- surar o tamanho do mercado potencial e desenvolver produtos e serviços que satis- façam a demanda” (KOTLER, 2000, p. 28). 3.2.4 - Demanda em Declínio Produtos e serviços cuja utilidade e valor sejam percebidos pelo mercado como ultrapassados ou passíveis de serem preteridos em função de alternativas mais rentáveis, mais modernas, serem trocados por soluções inovadoras, por exemplo. Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional82/144 O profissional de marketing deve analisar as causas do declínio e determinar se a demanda poderá ser reestimulada com novos mercados- alvo, com mudanças na característica do produto ou com comunicações mais eficazes. A tarefa do marketing é reverter o declínio da demanda por meio do marketing criativo (KOTLER, 2000, p.28). 3.2.5- Demanda Irregular Produtos e serviços de demandas sazonais, produtos de época, produtos de moda. “A tarefa de marketing denominada sincromarketing consiste em encontrar meios de mudar o padrão de demanda com a determinação de preços flexíveis, promoções e outros incentivos” (KOTLER, 2000, p. 28). Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional83/144 3.2.6 - Demanda Plena Há um equilíbrio entre produção, entrega e consumo de produtos e serviços. É a situação deseja por todas as empresas. A tarefa do marketing consiste em manter o nível de demanda, apesar das preferências mutáveis dos consumidores e da crescente concorrência. A empresa deve manter ou melhorar sua qualidade e medir a satisfação do consumidor regularmente. (KOTLER, 2000, p. 28). 3.2.7 - Demanda Excessiva Aqui é o “doce engano” de se imaginar que a demanda em demasia seja o desejo de qualquer ofertante. Demandas em excesso significa desabastecimento no mercado, sobrecarga de máquinas para produzir, compras de matéria em regime de urgência e a preços aviltantes, dada a procura Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional84/144 excessiva. Uma situação de desequilíbrio de toda a cadeia de suprimentos e de descontrole das regras de demanda. O chamado ”demarketing” (ou o marketing ao contrário) procura desestimular a demanda total e, para isso, toma atitudes como aumentar preços e reduzir promoções e serviços. O demarketing seletivo consiste em tentar reduzir a demanda advinda e parcelas do mercado menos lucrativas e que necessitam menos do produto (KOTLER, 2000, p. 28). 3.2.8 - Demanda Indesejada Há produtos e serviços que acabam refletindo na demanda de outros produtos. Por exemplo, o maior consumo de açúcar pode gerar o desabastecimento no mercado de etanol, ou vice-versa, aumentando o preço da gasolina. “A tarefa do marketing é fazer com que as pessoas que apreciam determinado produto deixem de consumi-lo, por meio de ferramentas como mensagens amedrontadoras, preços elevados e disponibilidade reduzida.” (KOTLER, 2000, p. 28). Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional85/144 3.3. A Empresa e o Relaciona- mento com o Mercado Quando se analisa o ambiente mercadológico, pode-se notar a existência cada vez mais crescente de intervenientes da relação entre oferta e consumo de produtos e serviços. Segundo Kotler (2000), o relacionamento da empresa com o seu mercado considera igualmente seis macroambientes: ambiente demográfico; ambiente econômico; ambiente natural; ambiente tecnológico; ambiente político-legal; ambiente sociocultural. 3.3.1 - Ambiente Demográfico Nesta dimensão encontram-se fatores como o perfil de consumidores, sejam pessoas ou empresas, incluindo-se variáveis como localização geográfica das pessoas em empresas, questões de diferenças climáticas e da natureza entre regiões, densidade populacional de pessoas e empresas, atividades econômicas de cada região, como, por exemplo: setor têxtil da região de Blumenau, SC; setor calçadista de São Leopoldo, RS; setor automobilístico no ABC, SP. 3.3.2 - Ambiente Econômico Neste capítulo enquadram-se todas as nuances da política econômica que Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional86/144 impactam sobre o aquecimento ou retração da economia e do consumo; níveis de inflação que passam a ser uma determinante fundamental na formação de custos e preços; expansão ou retração da disponibilidade de crédito para financiamento da produção e consumo de produtos e serviços; política cambial e de juros internacionais com impacto direto sobre preços de produtos e insumos importados e no fomento à exportação. 3.3.3 - Ambiente Natural Refere-se ao meio ambiente e todas as questões da preservação da natureza; aspectos inerentes à disponibilidade e preservação de recursos hídricos; microclima; sustentabilidade do solo para o plantio e produção de alimentos. 3.2.4 - Ambiente Tecnológico Fomento a pesquisa científica e inovações nos mais diversos campos da ciência; desenvolvimento de novas matérias- primas e componentes; telecomunicação, informática; química fina, dentre outras questões inerentes aos avanços da ciência seus impactos em produtos e serviços oferecidos. 3.2.5 - Ambiente Político-legal Voltado à relação das empresas e consumidores com o governo nas instâncias municipal, estadual e federal; o governo como consumidor e fornecedor Unidade 3 • Princípios de Marketing e Estratégias do Composto Promocional87/144 de produtos e serviços oferecidos pela sociedade; questões de responsabilidade tributária e fiscal das empresas; questões cíveis e criminais; código de defesa do consumidor, dentre outros. 3.2.6 - Ambiente Sociocultural Diz respeito aos usos e costumes de determinados mercados e segmentos específicos, tratando-se de aspectos como: hábitos de compra e uso; questões de ética e conduta; meios e estilos de comunicação e promoção de produtos e serviços; prática de relacionamento e condução de negócios; características de relacionamento interpessoal e de negociação, dentre outros fatores. 3. 4 - A Empresa e o Mix de Marketing A interação entre os fatores acima mencionados e os agentes que se interpõem entre empresas e seus clientes, são denominados Mix de Marketing, conforme figura a seguir apresentada:
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