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Eduardo Ganymedes Costa Especialista em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho pela Universidade São Judas Tadeu. Cursando especialização em Docên- cia no Ensino Superior pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). Graduado em Direito pelo Centro Universitário das Faculdades Metro- politanas Unidas. Professor emérito da Unicid. Diretor do curso de Direito da Unicid. Professor especialista do Centro Universitário das Faculda- des Metropolitanas Unidas e advogado. Noçoes_gerais_direito.indb 3 12/11/2012 17:27:39 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 11 Introdução ao estudo do Direito Objetivo Introduzir o estudante na ciência do Direito, para sua compreensão e inserção no mundo social, não somente sob o aspecto da lei em si, mas como instrumento da realização da Justiça e da pacificação dos indivíduos em sociedade, quer nas relações individuais, quer na relação com o Estado Democrático de Direito. Definição O Direito é inerente à existência da sociedade organizada, com regras de convivência pacífica entre os componentes dessa união, submissos aos po- deres constituídos para a garantia de sua existência. Para bem entender a ciência do Direito, é necessário atentar-se para os vários sentidos da palavra direito. Muitas são as definições de direito, mas aqui lança-se mão da elaborada pelo ilustre Miguel Reale, em Curso de Filosofia do Direito (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 28): “Direito é a vinculação bilateral atributiva da conduta para a realização ordenada dos valores de convivência”. Ordenamento jurídico Deve serPode ser Império da leiImpério da vontade Vontade das partes Vontade da lei liberdade de escolha norma indisponível = razão cogente Civil Trabalhista Comercial Rel. Consumo Constitucional Tributário Administrativo Penal Noçoes_gerais_direito.indb 11 12/11/2012 17:27:46 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 12 A norma de conduta pode ser positiva ou negativa, sob o aspecto dos direitos fundamentais do ser social, expressos no artigo 5.º da Constituição Federal (CF de 1988), que se pode resumir em direitos individuais, de pro- priedade e de atividade. Para facilitar o entendimento, vale observar que essa indicação de ação positiva ou negativa encontra vértice no artigo 5.º, II, da CF: Art. 5.º [...] II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; [...] Impõe-se anotar que o império da lei deve se colocar a serviço da socie- dade, regrando ações e omissões de conduta, visando ao bem comum e à convivência pacífica dos indivíduos do grupamento social. Em exercício de reflexão sobre o tema, considere-se a seguinte situação: “Observando seu direito fundamental de ir e vir, um indivíduo utilizando um veículo automotor, ao longo de seu trajeto, encontra um sinal (farol ou semá- foro) vermelho e, em um outro ponto, um verde. Em qual das situações ele está diante de norma de conduta social negativa? E positiva? O desrespeito da norma posta, em ambos os casos, irá lhe causar a sanção de multa pela autoridade competente?” Comentário: a conduta em ambos os casos é cogente (obrigatória), baixo a sanção de multa. No caso do farol vermelho, é negativa ao direito de ir e vir; no caso do farol verde, é positiva ao direito de ir e vir. O regramento ora abordado sofre constantes alterações com base na evolução da própria sociedade, principalmente da efervescente interação do ser humano no seio social, com a aquisição de conhecimento do mundo que o rodeia e oriundo da evolução tecnológica, que altera comportamentos e facilita a inserção do homem na vida social. Quem de nós, há 30 anos, poderia imaginar que fatos ocorridos em terras longínquas seriam quase que instantaneamente conhecidos pela quase to- talidade dos indivíduos do planeta? Essa efervescência, por outro lado, tem interferido nos limites dos direi- tos fundamentais dos indivíduos, impondo condicionamentos e restrições a esses direitos. As restrições limitam os direitos fundamentais, sendo certo, porém, que as condições postas não inibem o exercício desses direitos, mas o normatizam, em benefício do coletivo, sob o poder estatal de polícia admi- nistrativa, em regra. Noçoes_gerais_direito.indb 12 12/11/2012 17:27:46 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 13 Para a consolidação do quanto posto, vale refletir sobre as seguintes si- tuações sob o crivo dos direitos fundamentais, para perfeita identificação da condição e da restrição. Exercício de fixação 1: um indivíduo, que possui o direito de transitar em todo o território nacional, por diferentes modos (a pé, de bicicleta, de automóvel), toma a direção de seu veículo e vai a uma cidade distante 80 quilômetros de onde se encontra. Na utilização desse direito, o indivíduo deve possuir Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e, embora seu veículo tenha a capaci- dade de desenvolver 250 quilômetros por hora, em uma estrada estadual ele tem que observar a velocidade máxima de 120 quilômetros por hora. Comentário: a condição ao direito de ir e vir dirigindo um veículo auto- motor é a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação e a restrição é a limi- tação da velocidade, o regramento de estacionar etc. Exercício de fixação 2: ao quitar o preço correspondente à aquisição de um ter- reno, localizado em um grande centro urbano, com 10 metros de testada e 50 de fundos, o indivíduo “A”, observado seus direitos fundamentais de pro- priedade e de construir, resolve erigir uma casa plana, com uma área de 500 metros quadrados (utilizando todo o terreno). Entretanto, é alertado pelo engenheiro da inviabilidade da construção, diante das leis de posturas mu- nicipais e de zoneamento. Referido profissional – em resposta ao questiona- mento da inviabilidade de utilização da propriedade em sua totalidade –, in- forma a necessidade de haver um recuo mínimo de 5 metros na frente, como reserva para eventual desapropriação, bem como de 1,5 metro de cada lado e, ainda, de uma área nos fundos do terreno, para insolação e aeração natu- ral; dessa forma, é possível realizar-se uma construção assobradada de área de 200 metros quadrados, com início mediante autorização da autoridade competente (alvará de construção) e apresentação de uma série de docu- mentos (planta baixa, perfil e fachada, rede elétrica e hidráulica, escritura ou documento de posse, cédula de identidade etc.). Comentário: a condição é a obtenção do alvará de construção, com a apresentação de uma série de documentos, plantas e todo o mais exigido pela legislação; a restrição está nos limites do construir, tudo a depender da Lei de Postura Municipal e Código de Obras. Repita-se a lição de Rudolf von Lhering: o Direito “é um conjunto de normas, co- ativamente garantidas pelo poder público” (apud SIQUEIRA JÚNIOR, 2003, p. 11). Noçoes_gerais_direito.indb 13 12/11/2012 17:27:46 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 14 Assim, o Direito visa à realização da justiça por meio de princípios de con- duta social, com obrigação coercitiva. Quando esses princípios são sustentados em afirmações teóricas, temos a Ciência Jurídica, em cuja cúpula encontra-se a Filosofia do Direito. Quando esses princípios são concretizados em normas jurídicas, temos o Direito Positivo, expresso na legislação. A sistematização dos princípios em normas legais constitui a Ordem Jurí- dica, ou seja, o sistema legal adotado para assegurar a existência doEstado e a coexistência pacífica dos indivíduos na comunidade. Daí a existência de duas ordens jurídicas: a interna e a internacional. Direito objetivo, subjetivo, elementos e relação de Direito Direito objetivo: “Direito norma” O Direito, objetivamente considerado, é o conjunto de normas de conduta social coativamente imposta pelo Estado. Segundo Roberto de Ruggiero (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 28): O Direito objetivo pode definir-se como o complexo das regras impostas aos indivíduos nas suas relações externas, com caráter de universalidade, emanadas dos órgãos competentes segundo a constituição e tornadas obrigatórias mediante a coação. Direito subjetivo: “Direito faculdade” O Direito subjetivo, segundo Lhering é “o interesse juridicamente protegido” (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 28). Clóvis Bevilácqua, em seu livro Teoria Geral do Direito, ensina que “o Direito subjetivamente considerado é o poder de ação assegurado pela ordem jurídica” (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 28). A diferença entre Direito objetivo e Direito subjetivo pode ser facilmente compreendida quando observamos as palavras do inesquecível José Cretella Júnior (1987), que define o Direito objetivo como “o conjunto de regras obri- gatórias, em vigor no país, numa dada época”, e o Direito subjetivo como “a Noçoes_gerais_direito.indb 14 12/11/2012 17:27:46 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 15 faculdade ou possibilidade que tem uma pessoa de fazer prevalecer em juízo a sua vontade, consubstanciada num interesse”. Assim podemos tomar como exemplo a locação de imóvel urbano para fins residenciais: há norma dispondo sobre a matéria (a Lei do Inquilinato que, como lei, compõe o Direito objetivo). No momento em que duas pessoas – locador e locatário – firmam o contrato de locação, esse pacto está sob a luz de norma jurídica expressa; se uma das partes deixa de cumprir com o contratado, a outra pode ingressar em juízo e, invocando os preceitos normativos que a amparam, exigir do outro a satisfa- ção de sua obrigação e/ou a imposição de uma sanção (Direito subjetivo). Elementos e relação de Direito Em linhas gerais, o Direito compreende um sujeito, um objeto e uma rela- ção (que assim é o “elemento de ligação” entre os outros). Os sujeitos do Direito são as pessoas naturais e jurídicas; logo, o sujeito do Direito é a pessoa em sua posição ativa. O objeto do Direito é o bem ou vantagem sobre o qual o sujeito exerce o poder conferido pela ordem jurídica, como (PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 19): os modos de ser da própria pessoa na vida social (v.g. a existência, a liberdade, a honra etc.); as ações humanas; as coisas corpóreas e incorpóreas. Assim, objeto é o bem tangível ou intangível sobre o qual recai a manifes- tação da vontade. A relação de Direito é o elo de ligação entre o objeto e o sujeito. Para tra- tarmos dela, observando sua constituição e seus efeitos, adequado se faz conceituarmos esse tipo de relação. Dessa forma, mister se faz colacionar- mos o que preleciona Edvaldo Brito (1999, p. 105), como segue: Na sua vida social, os homens travam certas relações ou sofrem as consequências de certos fatos ocorridos na sociedade, que precisam ser ordenados, regulados, disciplinados, para que se torne possível a coexistência social. Essa regulamentação de tais relações se faz através de normas jurídicas. [...] A relação jurídica é, portanto, uma relação de caráter social que adquire substância jurídica, exatamente porque é regulada pela ordem jurídica. Noçoes_gerais_direito.indb 15 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 16 Vários doutrinadores ensinam que a relação de Direito somente se dá entre as pessoas; outros fazem distinção entre a atuação sobre objetos natu- rais e a ligação de pessoas entre si, a qual denominam de direitos de domi- nação, que impõem deveres diretos a outras pessoas. Por seu turno, Nelson Palaia (2005, p. 18) ensina: Relação jurídica é a vinculação direta ou indireta de duas ou mais pessoas à circunstância de fato, ou a um bem da vida, disciplinada pela norma jurídica positiva. As pessoas se relacionam em função das atividades sociais, profissionais e pessoais, em razão de seus mútuos interesses e visando certas finalidades. Tais relações, enquanto de cunho meramente pessoal, envolvendo fatos não controvertidos e sem envolver pretensões ou interesses atuais ou futuros, podem ser consideradas meras relações sociais. Se, contudo, tais relações sociais envolverem interesses pessoais ou reais, vantagens, prerrogativas, faculdades, deveres ou obrigações, disciplinados pela norma jurídica, estaremos diante de uma relação jurídica. Assim, um simples “olá” ao dono da mercearia é um ato de relação social; porém, se há a aquisição de mercadoria, contra o pagamento de determi- nado preço, aperfeiçoa-se uma operação de compra e venda, uma relação jurídica, um contrato de compra e venda, que tem previsão e regulação em norma jurídica. Exercício de fixação 1: refletir e indicar o Direito objetivo, o subjetivo e os sujeitos “A”, mediante pagamento em parcela única, liquidada por meio de cheque nomi- nal, adquire da Casa Comercial “X” um aparelho de som da marca “Z”, com tradição imediata. Ao chegar em sua residência, efetua atenta leitura do manual de insta- lação e uso para, após, ligá-lo corretamente. Verifica, então, que o aparelho está com defeito. Imediatamente volta à Casa Comercial, visando à troca. Para tanto, leva a nota fiscal, na qual estava consignada a garantia de substituição, em caso de defeito, no prazo de 7 (sete) dias da compra. Entretanto, a troca lhe foi negada pelo gerente da loja, que se limitou a dizer que o aparelho deveria ser levado a uma oficina de assistência técnica autorizada pelo fabricante para conserto, sem custo de mão de obra e peças. Não concordando com a postura da Casa Comer- cial, “A” propõe uma reclamação perante o Procon exigindo a troca do bem ou a devolução do preço pago com juros e correção monetária. Base legal: Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990) Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por Noçoes_gerais_direito.indb 16 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 17 aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. §1.º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. §2.º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. [...] Comentário: o Direito objetivo é a própria previsão legal de troca do bem e o direito subjetivo é a faculdade de exigir aquilo que está posto no or- denamento jurídico. Noteque, no caso, “A” poderia, por qualquer razão, ter preferido levar e custear o conserto em uma oficina especializada ou ir à assistência técnica. Não é uma obrigação, mas uma faculdade que deve ser exercida em um determinado tempo, sob pena de incidência da prescrição ou decadência. Exercício de fixação 2: refletir e indicar o direito objetivo, o subjetivo e os sujeitos “B”, viúvo, por meio de Escritura Pública, constitui usufruto vitalício de um de seus bens consistente no apartamento n.º 105-A do Edifício “N” (que lhe tocou indivi- dualmente após o inventário dos bens de sua falecida mulher) para a sua proge- nitora, com encargo de mantença no estado recebido, pagamento de impostos, taxas, contribuições de melhoria e taxas condominiais (ordinárias e extraordi- nárias). Sobrevindo o falecimento de “B”, a nua propriedade do referido imóvel coube, observada a quota-parte, aos seus 4 (quatro) filhos. Passados 18 (dezoito) meses do término do inventário, os detentores da nua propriedade foram noti- ficados de débitos de IPTU pela prefeitura e, logo em seguida, foram citados de ação executiva de débitos condominiais. Com base em tais fatos, os detentores da nua propriedade propõem ação de desconstituição de usufruto pelo não cum- primento das obrigações pela usufrutuária, cuja omissão está a colocar o bem em perigo iminente. Noçoes_gerais_direito.indb 17 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 18 Base legal: Código Civil (Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002): Art. 1.403. Incumbem ao usufrutuário: I - as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu; II - as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimentos da coisa usufruída. Comentário: o Direito objetivo é a norma que impõe o pagamento das despesas pela usufrutuária, sendo que o Direito subjetivo é a faculdade de exigir o cumprimento da obrigação. No caso, um dos detentores da nua pro- priedade (ou todos em concurso) poderia ter decidido quitar as obrigações em aberto em respeito e solidariedade à ascendente usufrutuária. Direito e moral A moral é interna (unilateral) e impõe ao sujeito uma escolha entre ações que pode praticar, mas diz respeito ao próprio sujeito, não impondo regras imperativas nem sanção legal, e sim a da própria consciência (SIQUEIRA JÚNIOR, 2003, p. 5). O Direito é bilateral e impõe conduta (ação ou omissão) para a convivên- cia pacífica entre os indivíduos em sociedade, sendo imperativa e impondo sanção e repressão externa e objetiva (SIQUEIRA JÚNIOR, 2003, p. 5). Ramos do Direito O Direito é uno, mas com o passar do tempo e com base em princípios peculiares, sofreu ramificações, sem, entretanto perder de vista a sua unici- dade, sendo isso um fato de extrema relevância para podermos proceder ao seu estudo. Para a visualização dos ramos do Direito, remetemos o aluno para o quadro que segue: Noçoes_gerais_direito.indb 18 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 19 NATURAL (norma que antecede a lei, observando a natureza das coisas) NACIONAL ou INTERNO PRIVADO INTERNACIONAL (lei entre países) PÚBLICO (leis e tratados internacionais) PRIVADO (esfera contratual entre empresas e/ou instituições) POSITIVO (lei que regulamenta as relações entre as pessoas) COMERCIAL (estuda as relações entre as sociedades empresa- riais, pessoas jurídicas e físicas equiparadas) PENAL (estuda os crimes e as penas) PROCESSUAL PENAL (encerra o elenco de normas e rito aplicáveis no exercício da jurisdição relativa aos pro- cessos de natureza criminal) PROCESSUAL CIVIL (encerra as normas e rito aplicáveis no exercício da jurisdição relativa aos proces- sos de natureza civil) CONSTITUCIONAL (estuda a Constituição desde a sua formação e as relações do estado do povo) FINANCEIRO/TRIBUTÁRIO (estuda as finanças do Estado quan- to à sua arrecadação, gerenciamento e despesas) ADMINISTRATIVO (estuda o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado) TRABALHISTA (estuda a relação de emprego/capital X trabalho, com grande incidência de normas de ordem pública na proteção do hipossuficiente) CIVIL (estuda a relação entre as pessoas, notada- mente no concernente à sua capacidade e liberdade de agir, pro- ceder e contratar, sob a proteção de normas públicas que visam manter o equilíbrio entre elas) DIREITO PÚBLICO Noçoes_gerais_direito.indb 19 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 20 Fontes do Direito A palavra fonte significa o lugar de onde provém alguma coisa. Edgar Magalhães Noronha (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 39) escla- rece: é o lugar onde perenemente nasce água. Em sentido figurado é sinônimo de origem, princípio e causa. Por ser uma criação social, a origem do Direito está na própria sociedade, fato que enseja que a pesquisa das fontes do Direito se estriba no estudo da origem da norma jurídica. Assim, as fontes do direito, são: lei; costumes; doutrina; jurisprudência. Além dessas, temos as formas de integração da norma jurídica: analogia, equidade e princípios gerais de Direito. Lei Para São Tomás de Aquino, a lei “é uma ordenação ou prescrição da razão ao bem comum, promulgada por aquele que tem a seu cargo o cuida- do da comunidade.” Em Direito, a palavra lei tem dois sentidos: formal – é a disposição cogente emanada da autoridade competente (função legislativa); material – é toda disposição geral e abstrata pertinente a uma dispo- sição de Direito objetivo. Para a eficácia da lei, é necessária a existência de uma sanção (privação de liberdade, multa administrativa, embargo de atividade, interdição etc.). Noçoes_gerais_direito.indb 20 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 21 Costumes Grosso modo, podemos definir costume como a postura normalmente aceita e adotada pela sociedade, em grau de consciente coletivo, perante determinada situação; é a norma jurídica criada na e pela própria sociedade, de forma espontânea e apta a gerar uma prática geral. Os costumes podem ser: contra legem (quando há comum e reiterada desobediência a um co- mando legal, na crença da inefetividade da lei); praeter legem (com a adoção de conduta ou prática que não tem previsão nem proibição na lei); e secun- dum legem (quando constituem prática com previsão na lei, que remete ao costume a solução do caso). Outrora, sem lei positiva nesse sentido, pelo costume, em nossa socie- dade havia o hábito de o homem render homenagem à mulher, dando-lhe o direito de preferência para tomar assento em coletivos. Hoje, no sistema de transporte coletivo do município de São Paulo, por exemplo, o costume passou para o ordenamento jurídico, que determina, destacando-se com cor diferenciada, a reserva de assento para uso preferencial de mulheres em ges- tação, pessoas com crianças de colo, idosos etc. Jurisprudência Vale notar que a expressão jurisprudência vem de iurisprudentia, do latim, onde ius é direito, iuris é do direito, e prudentia (para nós, prudência) significa circunspecção. Então, quando determinada ação chega aos tribunais, a matéria nela encerrada é submetida a uma criteriosaapreciação, dando-se uma decisão que, na interpretação dos membros do tribunal, obedece à melhor exegese do texto legal aplicado aos fatos; um só julgado em certo sentido constitui precedente; na medida em que cresce o número de ações tratando da mesma matéria e os feitos vão sendo apreciados e decididos pela mesma forma, sempre no mesmo sentido, esse elenco de decisões forma uma orientação, denominada jurisprudência. É a reiteração de decisões proferidas em um mesmo sentido pelo Poder Judiciário, em processos diversos envolvendo a mesma matéria. Conforme se vê do Novo Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1995), jurisprudência é a “interpretação reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu julgamento.” Noçoes_gerais_direito.indb 21 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 22 Importante observar que, como dito, esse elenco de julgados compõe uma orientação, servindo para nortear a todos os operadores do Direito (juízes, advogados, promotores etc.). Mas, como o cerne da jurisprudência é a interpretação (ou seja: a forma pela qual se entende melhor aplicável a lei ao fato concreto), a jurisprudência não compõe regra obrigatória e inflexível. Ao longo do tempo, o sentido dos julgados varia, adequando o Direito às mudanças sociais. Doutrina Doutrina é o conjunto de princípios que servem de base para um sistema jurídico, compondo-se das obras escritas, dos preceitos, opiniões ou ensi- namentos dos diversos autores e estudiosos das Ciências jurídicas e sociais, na produção ou elaboração de conceitos, teses e explicações dos institutos jurídicos. É, portanto, o estudo reflexivo do sistema jurídico (normas e princípios) elaborado pelos juristas. Formas de integração do Direito Analogia Diz-se da existência de elementos de semelhança entre coisas diversas entre si. Juridicamente, é o processo lógico que autoriza o juiz a adaptar a um caso concreto, não previsto pelo legislador, uma norma que possua o mesmo fundamento. Pode-se dizer, ainda, que analogia é a operação pela qual se aplica a um caso não previsto, norma que diz respeito a uma situação prevista, havendo entre elas identidade de razões, de causas ou de fins. Sua finalidade é suprir lacunas da lei; daí porque não se refere à interpretação jurídica em si, mas à integração da lei (GUIMARÃES, 1995, p. 68). Equidade Conjunto de princípios imutáveis de justiça, fundados na igualdade perante a lei, na boa razão e na ética, que conduzem o juiz a um critério de moderação ao proferir a sentença, para suprir a imperfeição da lei ou modi- ficar o seu rigor, tornando-a mais humana e amoldada à circunstância ocor- rente. É a aplicação ideal da norma no caso concreto, sem o excessivo apelo à letra da lei (GUIMARÃES, 1995, p. 297). Noçoes_gerais_direito.indb 22 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 23 Princípios gerais de Direito São critérios maiores, muitas vezes não escritos, que estão presentes em cada ramo do Direito (GUIMARÃES, 1995 p. 451). Por outro lado, “são ideias fundamentais do ordenamento jurídico”, e “segundo o jurisconsulto romano Ulpiano, são preceitos do Direito: viver honestamente, não lesar a outrem e dar a cada um o que lhe pertence” (PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 51). A lei e sua formação Lei é a norma geral e abstrata, emanada do poder competente e provida de força obrigatória. A força obrigatória da lei é condição de sua eficácia; a lei possui a proprie- dade de ser genérica, na medida em que obriga todos os membros do grupo social a que estende sua eficácia, e é abstrata na medida em que não visa a situações particulares ou concretas. A formação e a consumação da lei compreendem três fases distintas: iniciativa; aprovação; execução. Iniciativa É a faculdade de se propor um projeto de lei, sendo atribuída a uma pessoa ou a um órgão de forma geral ou especial. Como diz a CF de 1988 em seu artigo 61: Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Superior Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. Aprovação É a fase de estudo e de deliberação da norma jurídica, por meio de deba- tes, emendas e discussões dos representantes do povo, visando transformar o projeto em regra obrigatória. Noçoes_gerais_direito.indb 23 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 24 Execução É a fase de elaboração da lei complementar destinada à formalização da proposição, compreendendo a sanção ou veto, a promulgação e a publica- ção. Esses institutos são entendidos como segue: sanção é o ato de concordância do Poder Executivo com o projeto de lei; pode ser expressa ou tácita; veto é a oposição do Executivo, devendo ser expresso, retornando o projeto de lei ao Legislativo para sua aceitação ou rejeição; promulgação é a declaração do chefe do Executivo ou do presidente do Congresso da incorporação da lei ao Direito Positivo; publicação é o meio de se tornar a lei conhecida e vigente. Hierarquia das normas As leis possuem estratificação de importância conforme a natureza da matéria: a) leis constitucionais federais; b) leis ordinárias federais; c) leis constitucionais estaduais; d) leis ordinárias estaduais; e) leis municipais. A noção de hierarquia deve vir, no sistema federativo brasileiro, acompa- nhada do estudo das competências de cada ente administrativo, na medida em que nosso país possui a forma de República Federativa, com três níveis de governo (União, Estados e Municípios), com três Poderes distintos (Execu- tivo, Legislativo e Judiciário). Como se vê na CF de 1988: Art. 1.º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] Art. 2.º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Noçoes_gerais_direito.indb 24 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 25 Por outro lado, de modo genérico, a lei tem estratificação em graus ver- ticais, observada, no caso, a forma federativa, com três poderes, distintos e harmônicos entre si, em três níveis de governo (CF, art. 59): a) Constituição; b) emendas constitucionais; c) leis complementares; d) leis ordinárias; e) leis delegadas; f ) medidas provisórias; g) decretos legislativos; h) decretos; i) resoluções. Vigência da lei A eficácia de uma lei é sedimentada no seu vigor e abrangência no tempo e no espaço. Segundo disposições da Constituição Federal (CF) e do Código Civil (CC), a lei começa a vigorar 45 dias depois de oficialmente publicada, salvo se o legislador fixar outro prazo; a vacatio legis é o lapso temporal contado da data de publicação da lei até a data em que essa lei entra efetivamente em vigor. Nesse intervalo, a lei já existe, mas fica dormente, em estado de va- cância, não tendo aplicação enquanto não transcorrer o prazo nela própria previsto, indicado expressamente. É um prazo destinado a “facilitar” a vida do cidadão, que assim tem a oportunidade (“tempo suficiente”) para conhe- cer a lei (texto e objetivos),preparando-se para dar-lhe o adequado e devido cumprimento. Cessação da obrigatoriedade da lei A lei, em regra, tem duração indeterminada e só deixa de existir na ocor- rência de revogação expressa (lei nova estabelece a cessação) ou tácita (a lei nova é incompatível com as disposições da anterior). Noçoes_gerais_direito.indb 25 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 26 Irretroatividade da lei A lei é expedida para disciplinar fatos futuros, havendo exceções (v.g. apli- cação de lei penal superveniente, se mais benéfica). Ampliando seus conhecimentos Norma jurídica (LISBOA, 2003, p. 150) Vicente Ráo observa que toda norma jurídica deve conter as seguintes característi- cas: utilidade, clareza, possibilidade, brevidade, honestidade e justiça. A norma jurídica deve regular as relações sociais. Para tanto, deve ser justa, manten- do a igualdade entre os seus destinatários, observado o princípio da justiça distributiva. O abandono da igualdade meramente formal e do critério de justiça comutativa é por demais satisfatório para a sociedade, devendo-se pugnar para que a lei presti- gie o asseguramento da proteção da dignidade da pessoa humana e a solidariedade social. Desse modo, mesmo os pobres poderão ter o asseguramento de seus direitos, garantindo-se em favor deles o patrimônio mínimo de subsistência, e assim o Direito civil alcançará a sua real finalidade (proteger a pessoa, e não o patrimônio). A lei não deve conter qualquer elemento contrário à moral permanente, que é vis- lumbrada pelo elaborador da norma conforme a média social. A lei deve ser útil ao interesse da coletividade em geral (prevalência dos interesses sociais sobre os meramente individuais ou egoísticos). O assunto por ela regulado deve ser de factível cumprimento, sob pena de anomia ou desuso do dispositivo. O conteúdo da norma deve ser claro e preciso em seus termos. Além disso, a quantidade de leis em um ordenamento jurídico deve ser reduzida, a fim de que não gere insegurança social. A grande quantidade de normas jurídicas é perfeitamente explicável nos sistemas legais de origem romano-germânica, porém a normatização excessiva tem o óbice de gerar a intranquilidade pelo não conheci- mento real da lei. Em que pese a ignorância da existência de várias leis (ninguém as conhece em sua totalidade), prevalece o princípio da inescusabilidade da lei. Segundo ele, ninguém pode deixar de cumprir a lei, alegando que a desconhece. Noçoes_gerais_direito.indb 26 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 27 Atividades de aplicação 1. Verifique as seguintes situações e informe quando se tratar de condi- ção ou restrição aos direitos fundamentais do indivíduo. a) Para a obtenção da cédula de identidade, o cidadão deve apresen- tar à autoridade competente (Delegado de Identificação Civil e Cri- minal) diversos documentos (certidão de nascimento, formulário devidamente preenchido etc.). b) Para estacionar na denominada zona azul, por determinado perío- do (de uma hora ou duas horas), o cidadão deve expor o formulá- rio, devidamente preenchido. c) A placa de sinalização indicando a proibição de circulação de veícu- los por certa via pública, ainda que só em determinados dias e/ou horários. d) Sabe-se, por um lado, que, para desenvolver regularmente uma atividade comercial, é necessária a obtenção de alvará de fun- cionamento de atividade comercial, e, por outro lado, que o mu- nicípio disciplina o uso da ocupação do solo, e, através da lei de zoneamento, demarca áreas comerciais, de indústria, uso misto etc., em benefício do coletivo; nessa conformidade, normatizando e disciplinando construções e atividades, o município estabelece determinada(s) área(s) como de uso estritamente residencial. 2. Como classificar de forma sintética os ramos do Direito? 3. “É a fase de estudo e deliberação da norma jurídica por meio dos de- bates, emendas e discussões dos representantes do povo, visando transformar o projeto de lei em regra obrigatória”. Tal assertiva define: a) a iniciativa da formação da lei. b) a execução. c) a aprovação. d) n.d.a. Noçoes_gerais_direito.indb 27 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução ao estudo do Direito 28 Gabarito 1. a) No caso, o dever de apresentação dos documentos é condição para o exer- cício do Direito (de auferir a cédula de identidade). b) O uso do “talão” da “zona azul” é condição ao exercício do direito de esta- cionar em via pública de alto interesse público, normalmente de grande movimento comercial, com pagamento de taxa pública. c) Relativamente a essa via pública, é restrição ao direito de trafegar (ir e vir livremente, mediante uso de seu veículo automotor). d) Se a legislação define a área como estritamente residencial, ela veda a ins- talação e funcionamento regular de atividades industriais e comerciais, ha- vendo, nesse caso (e relativamente a essa área), restrição ao direito funda- mental de atividade. 2. O Direito, apesar de ser uno, se divide em natural e positivo, sendo que este se subdivide em nacional e internacional, público e privado. No campo do Direito nacional ou interno, temos que o Direito privado se constitui dos ramos do Direito Empresarial, Civil e Trabalhista, sendo da orbe pública o Direito Penal, Processual Penal, Processual Civil, Constitucional, Financeiro, Tributário e Administrativo; vale lembrar que, no campo do Direito privado, o ordenamento jurídico se enovela na vontade do indivíduo, e, no campo do Direito público, na vontade da lei ou em normas indisponíveis. 3. C Noçoes_gerais_direito.indb 28 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Noçoes_gerais_direito.indb 29 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Noçoes_gerais_direito.indb 30 12/11/2012 17:27:47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 259 Referências BRITO, Edvaldo. Manual de Iniciação ao Direito. São Paulo: Pioneira, 1999. BULGARELLI, Waldirio. Contratos Mercantis. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1995. CASTRO, Aldemario Araújo. A organização administrativa, órgãos e entes (ou en- tidades). Centralização e descentralização. Organização administrativa da União. Administração direta e indireta. Autarquias. Fundações públicas. Empresas públi- cas e sociedade de economia mista. Disponível em: <www.direitoadministrativo. hpg.ig.com.br/texto3.htm>. Acesso em: 18 jul. 2007. COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2003. _____. Curso de Direito Comercial: Direito de Empresa 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 3. COELHO, Paulo Magalhães da Costa. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2004. CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de Direito Administrativo. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1987. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil: Teoria das Obrigações. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 3. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1998. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Por- tuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri (Org.). Dicionário Técnico Jurídico. São Paulo: Rideel, 1995. JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e ContratosAdminis- trativos. 8. ed. São Paulo: Dialética, 2001. _____. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005. LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil (vol. 1). 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. v. 3. _____. Manual de Direito Civil: Obrigações e Responsabilidade Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. v. 2. Noçoes_gerais_direito.indb 259 12/11/2012 17:28:01 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Referências 260 MARTINS, Ives Gandra da Silva. Manual de Iniciação ao Direito. São Paulo: Pioneira, 1999. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 29. ed. (atualizada por Eurico de Andrade Azevedo et al.). São Paulo: Malheiros Editores, 2004. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: Direito das Obrigações. São Paulo: Saraiva, 1967. v. 5. MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de Direito Constitucional. Rio de Ja- neiro: Elsevier, 2007. NOVO CÓDIGO CIVIL COMENTADO. Coordenação Ricardo Fiúza. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. PALAIA, Nelson. Noções Essenciais de Direito. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. PINHO, Ruy Rebello; NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Instituições de Direito Pú- blico e Privado: Introdução ao Estudo do Direito: Noções de Ética Profissional. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2004. REIS, Henrique Marcelo dos. Direito para Administradores. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. v. 2 e 3. SIQUEIRA JÚNIOR, Paulo Hamilton. Lições de Introdução ao Direito. 5. ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003. Noçoes_gerais_direito.indb 260 12/11/2012 17:28:01 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Eduardo Ganymedes Costa Especialista em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho pela Universidade São Judas Tadeu. Cursando especialização em Docên- cia no Ensino Superior pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). Graduado em Direito pelo Centro Universitário das Faculdades Metro- politanas Unidas. Professor emérito da Unicid. Diretor do curso de Direito da Unicid. Professor especialista do Centro Universitário das Faculda- des Metropolitanas Unidas e advogado. Noçoes_gerais_direito.indb 3 12/11/2012 17:27:39 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 31 Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens Objetivo Abordar o nascimento da personalidade civil e a proteção dessa persona- lidade na órbita do Direito Civil, alcançando a capacidade para operar direi- tos e obrigações; a figura do domicílio (residência) da pessoa natural (física) e da pessoa jurídica e, por fim, as diferentes classes de bens, fornecendo ins- trumental ao aluno nas relações pessoais, sociais e profissionais. Personalidade da pessoa natural Na acepção jurídica, pessoa é o ente natural suscetível de direitos e obrigações. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, sendo que sua per- sonalidade começa com o nascimento com vida, embora a lei coloque a salvo os direitos do nascituro, desde a concepção. Segundo o Código Civil (CC): Art. 1.º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Art. 2.º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Há de se verificar que, ao lado do registro do nascimento da personalidade jurídica, a lei impõe a obrigação do registro civil da pessoa natural. Personalidade da pessoa jurídica de Direito Privado A pessoa jurídica pode ser de Direito Público ou de Direito Privado. Em tempo oportuno veremos a pessoa jurídica de Direito Público; aqui trataremos da pessoa jurídica de Direito Privado que, sendo uma invenção humana, tem a sua existência legal no exato momento do registro do seu ato constitutivo. Assim, quando duas ou mais pessoas naturais somente ajustam a criação de uma terceira pessoa por meio de um contrato social, estatuto etc., nada acontece no mundo jurídico. Noçoes_gerais_direito.indb 31 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 32 Imagine-se, assim, a formação de uma sociedade, em qualquer de suas formas, para a consecução do objeto de comercialização de gêneros alimen- tícios, a prestação de serviço de conservação de bens imóveis, a construção civil e outros tantos objetivos que congregam os chamados sócios, por meio de um contrato social, por exemplo. A partir do seu registro, de forma legal, a pessoa jurídica passa a existir de forma autônoma e distinta das pessoas natu- rais que a compõem, sendo passível de alteração, quer no capital social, quer na composição societária, no domicílio, na abertura de filiais etc. Diz o CC: Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Capacidade da pessoa natural A pessoa natural existe, com possibilidade de criar direitos e obrigações, a partir do seu nascimento. Isso posto, a questão passa a ser a identificação do momento em que ela pode criar esses direitos e obrigações de per si (por si mesma). Portanto, não estamos aqui a investigar a capacidade pessoal, mas sim a capacidade jurídica. Consultando o Novo Dicionário Aurélio, de Aurélio Buarque de Holanda (1995), temos especificamente sobre o âmbito jurídico: “7. Aptidão legal para adquirir e exercer direitos e contrair obrigações.” A capacidade, em nosso sistema jurídico, é medida por meio de uma escala etária, com absoluta presunção da inserção do indivíduo dentro do complexo social que o rodeia, com informações suficientes para o estabele- cimento de direitos e obrigações. Assim, na forma dos artigos 3.º, 4.º e 5.º do CC, temos a seguinte gradação: incapacidade – de 0 a 16 anos; capacidade relativa – de 16 a 18 anos; e capacidade – acima de 18 anos. Noçoes_gerais_direito.indb 32 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 33 Essa é a regra, mas, enquanto regra, tem exceções, dada a dinâmica pró- pria da vida de cada indivíduo, as repercussões de seu desenvolvimento e os caminhos trilhados. Para bem situar o discente, pela importância do tema, temos no texto do CC: Art. 3.º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Art. 4.º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. [...] Art. 5.º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseisanos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Note-se, com base nos dispositivos legais, a regra etária, hoje muito dis- cutida no campo penal, sem se perder de vista a interferência da inserção do indivíduo na sociedade que o rodeia, em determinada situação. Podemos tomar, por exemplo, a situação de um indivíduo, com 32 anos de idade, em perfeita higidez física e mental, em primeira viagem à capital do estado de São Paulo, com vista a participar de um workshop de produtos Noçoes_gerais_direito.indb 33 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 34 veterinários, representando a empresa na qual trabalha, no ramo de venda desses produtos, estabelecida no Norte do país. Chegando ao aeroporto da cidade de São Paulo, ele toma um táxi e, ao perguntar o valor da corrida, é-lhe cobrado um valor “x”. Naquele momento, o valor informado é conside- rado exorbitante diante dos padrões conhecidos. O passageiro então pede que o motorista explique o preço. Sendo informado que o preço da corrida corresponde ao dobro da importância consignada no taxímetro, em razão de recente aumento havido por ato da autoridade competente com tabela ainda a ser divulgada, e acréscimo pela bagagem de 20% (vinte por cento), solicitou o competente recibo discriminado, que lhe foi entregue. Em con- tato com o representante da empresa em São Paulo, toma conhecimento de haver sido lesado, uma vez que não existe a cobrança do dobro do valor consignado no taxímetro e tampouco o percentual de 20% para bagagem. Sendo assim, pergunta-se: será que o citado indivíduo possui capacida- de jurídica para o estabelecimento do contrato de transporte? Certamente que não; sua inserção social é completamente diferente da existente em São Paulo, com clara inexperiência. Aqui, independente da idade, pelo desco- nhecimento (ignorância) da situação, a vontade e capacidade estão prejudi- cadas e tornam passível de invalidação o negócio celebrado ou sua revisão. Isso nos remete para o que diz o artigo 157 do CC, a ensejar a invalidade do valor cobrado e consequente direito de reembolso do excedente. Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Vejamos outro exemplo, para melhor fixação do conceito de capacidade jurídica: imagine-se, com base nos conhecimentos postos acima, que um in- divíduo com 16 anos de idade migre de sua terra natal e se instale na região Sul do país, longe de seus familiares e, com a força de seu trabalho e com vínculo de emprego – posteriormente, como autônomo – na área de infor- mática, passe a ter vida própria com o produto de seu trabalho. Dessa forma, pergunta-se: será que com 16 anos de idade o referido in- divíduo, com subsistência derivada de seu trabalho, adquiriu capacidade? É certo que sim; a partir daí ele se inseriu no sistema social, alugando um quarto em uma pensão, posteriormente um pequeno apartamento, adqui- riu bens móveis, contratou a prestação de serviços como autônomo, estando capacitado a decidir na esfera dos negócios jurídicos. Nesse sentido é a orientação do CC: Noçoes_gerais_direito.indb 34 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 35 Art. 5.º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: [...] V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Domicílio Domicílio da pessoa natural O domicílio é o local onde a pessoa estabelece sua residência com ânimo definitivo. A conotação da palavra definitivo não deve ser tomada de forma abso- luta, mas relativa, tendo em vista o primado dos direitos fundamentais do indivíduo (CF, art. 5.º), divididos em direitos individuais, de propriedade e de atividade. Assim, a pessoa natural se estabelece em uma residência (domi- cílio), podendo alterá-lo de acordo com suas conveniências, não existindo para tanto a mensuração temporal (um dia, um mês, um ano, dez anos etc.). O domicílio também não é uno; pode ser que uma pessoa tenha mais de um endereço, quando então qualquer um deles será considerado seu domicílio. Veja-se o caso do indivíduo que possua residência em uma cidade litorânea, abrigando ali sua mulher e filhos e, em virtude de suas atividades profissionais, em um grande centro possua um apartamento para viver, em regra, quatro dias da semana. Assim, essa pessoa natural possui dois domicí- lios (um na cidade litorânea e outro no grande centro). Além disso, temos o domicílio profissional, onde a pessoa natural exerce as suas atividades. A seguir, encontram-se as disposições concernentes ao domicílio no CC: Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Noçoes_gerais_direito.indb 35 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 36 Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Domicílio da pessoa jurídica de Direito Privado O domicílio da pessoa jurídica de Direito Privado é o lugar onde funcio- nam as respectivas diretorias e administrações, ou o local de eleição (cons- tante no ato constitutivo ou estatuto). Sobre o assunto, diz o CC: Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: [...] IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. §1.º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. §2.º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. [...] Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. Diferentes classes de bens Abstraindo-se o sujeito do direito, tem-se o objeto do direito (a coisa, o bem, o direito) serviente economicamente ao indivíduo. Os bens são divididos em diferentes classes: são considerados em si mesmos, observa-se sua titularidade, sua função, sua destinação, sua fruição e sua penhorabilidade. Observada a amplitude desse trabalho, tomaremos a divisão utilizadapelo CC de 2002, descrita a seguir. Noçoes_gerais_direito.indb 36 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 37 Bens considerados em si mesmos Bens imóveis São imóveis o solo e tudo o que se lhe incorpora natural ou artificialmente, bem como os direitos reais sobre imóveis, as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta, sendo importante verificar-se a mantença do caráter de imóvel da edificação separada do solo para remoção para outro local e os materiais provisoriamente separados para reemprego. Segundo o CC: Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Bens móveis São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou destinação econômico-social, bem como as energias com valor econômico, os direitos reais sobre objetos móveis, as ações correspondentes e os direitos pessoais de caráter patrimo- nial e as respectivas ações, além dos materiais destinados à construção en- quanto não forem empregados, com reaquisição dessa qualidade quando provenientes de demolição. De acordo com o CC: Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Noçoes_gerais_direito.indb 37 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 38 Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demoli- ção de algum prédio. Bens fungíveis e consumíveis São fungíveis os bens móveis que podem substituir-se por outros da mes ma espécie, qualidade e quantidade; por exemplo, uma mesa ou uma caneta. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à aliena- ção; por exemplo, os alimentos (bens consumíveis de fato) e o dinheiro (bem consumível de direito). Diz o CC: Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. Bens divisíveis São os que se pode fracionar sem alteração da sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam; por exemplo, a divisão em duas porções de um saco de açúcar ou de farinha. Segundo o CC: Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. Bens singulares e coletivos São singulares os bens que, embora reunidos, consideram-se de per si, in- dependente dos demais. São singulares simples na formação de um todo ho- mogêneo por força da natureza ou da ação humana (materiais ou imateriais); por exemplo, um carneiro, uma folha de papel, crédito. São singulares com- postos quando coisas heterogêneas são ligadas pela ação humana, como os materiais utilizados em uma construção. Os bens tomam a característica de uma universalidade de fato quando formam um conjunto de bens singulares, corpóreos e homogêneos, liga- dos entre si pela vontade humana para a realização de um determinado fim, como uma coleção de discos ou uma biblioteca. Noçoes_gerais_direito.indb 38 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 39 Os bens coletivos são aqueles compostos de vários bens singulares que, enquanto juntos, passam a formar um todo homogêneo. Como uma manada de búfalos, uma esquadra de navios, uma frota de táxis ou ônibus, um reba- nho de ovelhas. Também são denominados universalidades. Eles, no conjun- to, são vistos como unidade e, assim, podem, por exemplo, ser adquiridos e vendidos (no seu todo). Uma esquadrilha é formada por vários aviões, mas eles não estão rigorosamente ligados. Assim, se forem vendidos ou desapa- recerem todos menos um, o remanescente continuará sendo aeronave, mas passará a ser tido e havido apenas um avião, como singelamente ele o é. De acordo com o CC: Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinen- tes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Bens reciprocamente considerados O bem pode ser principal e acessório. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente (CC, art. 92, primeira parte), como o solo. Acessório é o bem ou valor cuja existência supõe a do principal (CC, art. 92, segunda parte), como uma árvore frutífera plantada no jardim de uma casa ou um galpão construído nos fundos do terreno. Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. §1.º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. §2.º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. Noçoes_gerais_direito.indb 39 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 40 §3.º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Bens públicos São públicos os bens de domínio nacional pertencentes às pessoas jurídi- cas de Direito Público Interno. Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a quepertencerem. Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabele- cimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Ampliando seus conhecimentos Personificação da sociedade empresária (COELHO, 2003, p. 112-115) A pessoa jurídica não se confunde com as pessoas que a compõem. Esse princípio, de suma importância para o regime dos entes morais, também se aplica à sociedade empresária. Tem ela personalidade jurídica distinta da de seus sócios; são pessoas in- confundíveis, independentes entre si. Noçoes_gerais_direito.indb 40 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 41 Pessoa jurídica é um expediente do direito destinado a simplificar a disciplina de determinadas relações entre os homens em sociedade. Ela não tem existência fora do Direito, ou seja, fora dos conceitos tecnológicos partilhados pelos integrantes da comunidade jurídica. Tal expediente tem o sentido, bastante preciso, de autorizar de- terminados sujeitos de direito à prática de atos jurídicos em geral. Explique-se: sujeito de direito e pessoa não são conceitos sinônimos. Antes, sujeito de direito é gênero do qual pessoa é espécie. Todos os centros subjetivos de referên- cia de direito ou dever, vale dizer, tudo aquilo que a ordem jurídica reputa apto a ser titular de direito do devedor de prestação, é chamado de sujeito de direito. Ora, isso inclui determinadas entidades que não são consideradas pessoas, tais a massa falida, o condomínio horizontal, o nascituro, o espólio etc. Essas entidades, despersonifica- das, compõem juntamente com as pessoas o universo dos sujeitos de direito. O que distingue o sujeito de direito despersonalizado do personalizado é o regime jurídico a que ele está submetido, em termo de autorização genérica para a prática dos atos jurídicos. Enquanto as pessoas estão autorizadas a praticar todos os atos ju- rídicos a que não estejam expressamente proibidas, os sujeitos de direito desperso- nalizados só poderão praticar os atos a que estejam, explicitamente, autorizados pelo direito. Assim, a uma indagação do tipo “tal sujeito pode praticar tal ato jurídico?” deve-se responder partindo da definição da natureza personalizada ou despersonalizada do sujeito. No primeiro caso, a resposta será afirmativa se inexistindo proibição; no se- gundo caso, será afirmativa se existir uma permissão explícita. Por exemplo: qualquer pessoa capaz pode exercer empresa, desde que não esteja proibida; já o nascituro, o condomínio horizontal, a massa falida, os sujeitos de direito despersonalizados em geral não poderão exercer atividade empresarial (mesmo inexistente proibição que os alcance) por faltar, no ordenamento jurídico em vigor, norma permissiva expressa. Essas definições acerca do regime jurídico dos sujeitos de direito personalizados e despersonalizados convivem com três exceções: os atos jurídicos típicos da pessoa física, como o casamento ou a adoção, não podem ser praticados pela pessoa jurídica, mesmo se, eventualmente, o ordenamento jurídico deixar de prever vedação expres- sa neste sentido; os atos jurídicos da essência dos sujeitos de direito despersonaliza- dos podem ser praticados, mesmo se, eventualmente, o ordenamento deixar de au- torizá-los expressamente, como no caso da celebração de contrato de trabalho pelo condomínio horizontal; finalmente, o Estado, embora seja pessoa jurídica, depende de autorização expressa do direito para praticar, validamente, ato jurídico, em virtude do sentido específico que assume o princípio da legalidade no Direito público. De qualquer forma, a sociedade empresária, como uma pessoa jurídica, é sujeito de direito personalizado, e poderá por isso, praticar todo e qualquer ato ou negócio jurídico em relação ao qual inexista proibição expressa. Noçoes_gerais_direito.indb 41 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 42 A personalização das sociedades empresárias gera três consequências bastante precisas, a saber: a) Titularidade negocial – quando a sociedade empresarial realiza ne- gócios jurídicos (compra matéria-prima, celebra contrato de trabalho, aceita uma duplicata etc.), embora ela o faça necessariamente pelas mãos de seu representante legal (Pontes de Miranda diria “presentan- te legal”, por não ser a sociedade incapaz), é ela, pessoa jurídica, como sujeito de direito autônomo, personalizado, que assume um dos polos da relação negocial. O eventual sócio que a representou não é parte do negócio jurídico, mas sim a sociedade. b) Titularidade processual – a pessoa jurídica pode demandar e ser demandada em juízo; tem capacidade para ser parte processual. A ação referente a negócio da sociedade deve ser endereçada contra a pessoa jurídica e não os seus sócios ou seu representante legal. Quem outorga mandato judicial, recebe citação, recorre, é ela como sujeito de direito autônomo. c) Responsabilidade patrimonial – em consequência, ainda, de sua per- sonalização, a sociedade terá patrimônio próprio, seu, inconfundível e incomunicável com o patrimônio individual de cada um de seus sócios. Sujeito de direito personalizado autônomo, a pessoa jurídica responderá com o seu patrimônio pelas obrigações que assumir. Os sócios, em regra, não responderão pelas obrigações da sociedade. So- mente em hipóteses excepcionais, que serão examinadas a seu tempo, poderá ser responsabilizado o sócio pelas obrigações da sociedade. Como se pode perceber, essas consequências da personalização da sociedade em- presária constituem verdadeiros princípios do Direito Societário, cuja presença se fará notar por toda a exposição dessa parte do Direito Comercial. O fim da personalização da sociedade empresária resulta de todo um processo de extinção, também conhecido por dissolução em sentido largo (dissolução-procedi- mento), o qual compreende as seguintes fases: a) dissolução, em sentido estrito (ou dissolução-ato), que é o ato de desfazimento da constituição da sociedade; b) liquida- ção, que visa à realização do ativo e pagamento do passivo da sociedade; c) partilha, pela qual os sócios participam do acervo da sociedade. Há quem pretenda a extinção de uma quarta fase de extinção, consistente no decurso do prazo de prescrição de todas as obrigações sociais (Fran Martins). Por outro lado, há diversos modos de se extinguir a personalidade jurídica da sociedade, além da dissolução; por exemplo: a incorporação, a fusão, a cisão total e a falência. De qualquer forma, relegando o trata- Noçoes_gerais_direito.indb 42 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., maisinformações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 43 mento mais demorado deste tema para o momento oportuno, registre-se, aqui, que a personalidade jurídica da sociedade empresária não se extingue em virtude de um ato ou fato singular, mas somente após a conclusão de todo um processo, judicial ou extrajudicial. Atividades de aplicação 1. “D”, menor, com mais de 16 e menos de 18 anos de idade, adquire um apartamento de “B” pelo preço certo e ajustado de R$40.000,00 (quaren- ta mil reais), com sinal de R$10.000,00 (dez mil reais) e o compromisso de liquidar o restante em 60 (sessenta) parcelas mensais e sucessivas de R$500,00 (quinhentos reais), sob juros mensais de 1% (um por cento) e atualização monetária, com base em índice oficial. A posse precária ocorre no momento do pagamento do sinal, e o pacto – Compromisso de Compra e Venda de Bem imóvel – é celebrado com cláusula de per- dimento do montante pago no caso de inadimplemento contratual. Os pais de “D” tomam conhecimento do compromisso assumido, e, diante da impossibilidade de seu cumprimento, observado que o menor vive às expensas do mesmos, pleiteiam o desfazimento do negócio com a devolução do valor pago, oriundo de caderneta de poupança aberta por eles em nome do menor com vistas ao custeio dos primeiros anos de nível superior. Por sentença, o negócio é desfeito em razão de enten- der, o juiz, ausente um dos requisitos de validade do negócio jurídico. Está correta a sentença proferida? Por quê? a) Não; houve a aquisição mediante a vontade de “D”, em face de um objeto lícito e possível e na forma não vedada em lei (compromisso de compra e venda). b) Não; a existência de um negócio jurídico válido e eficaz exige vontade isenta de mácula, objeto lícito e possível, agente capaz e forma prescrita e não vedada em lei, todas as presentes no caso em concreto. c) Sim; apesar da vontade expressa (isenta de mácula), objeto lícito e possível (o bem), a forma não vedada em lei (compromisso de compra e venda de bem imóvel), no caso em concreto, a capacidade Noçoes_gerais_direito.indb 43 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 44 jurídica para a celebração do negócio jurídico não está presente, na medida em que “D”, menor, é relativamente incapaz. d) n.d.a. 2. Em que momento a pessoa natural adquire plena capacidade jurídica? a) No nascimento. b) No registro de nascimento. c) No nascimento com vida. d) Quando completa 18 anos. 3. Embora com 49 anos de idade, solteiro e sem filhos, o indivíduo “A”, em acidente de trânsito, tem a sua capacidade mental aniquilada, passando a sobreviver com a ajuda de aparelhos. Para o custeio do tratamento médico, seu pai propõe em juízo a curatela, com pedido de venda de imóvel de “A”, e, no curso do processo, ficou demonstra- do por laudos médicos seu estado físico e mental; constatou-se, por perícia judicial determinada, a drástica redução de sua capacidade de discernimento. Em sentença, é acolhido o pedido de curatela, com ordem de venda do bem na forma da legislação em vigor. Está correta a sentença proferida? a) Não, na medida em que, em sendo maior, a capacidade jurídica deve ser exercida pessoalmente pela pessoa natural, devendo-se aguardar o seu restabelecimento, para a verificação de incapacida- de total ou parcial e, somente após, dar-se ou negar-se a curatela ou tutela, dependendo do estado a autorização ou não da venda de um bem, para efeito de assim resguardar-se o patrimônio de “A”. b) Não, pelo simples fato de que a capacidade jurídica, no caso, ainda persiste. c) Sim, observado que “A” encontra-se inabilitado para produzir direi- tos e obrigações, em virtude de seu estado vegetativo, devendo aí estabelecer-se a curatela e, sendo necessário, viabilizar-se a obten- ção de recursos para a sua recuperação. d) n.d.a. Noçoes_gerais_direito.indb 44 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Da personalidade e capacidade jurídica, do domicílio e bens 45 Gabarito 1. C 2. D 3. C Noçoes_gerais_direito.indb 45 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Noçoes_gerais_direito.indb 46 12/11/2012 17:27:48 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 259 Referências BRITO, Edvaldo. Manual de Iniciação ao Direito. São Paulo: Pioneira, 1999. BULGARELLI, Waldirio. Contratos Mercantis. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1995. CASTRO, Aldemario Araújo. A organização administrativa, órgãos e entes (ou en- tidades). Centralização e descentralização. Organização administrativa da União. Administração direta e indireta. Autarquias. Fundações públicas. Empresas públi- cas e sociedade de economia mista. Disponível em: <www.direitoadministrativo. hpg.ig.com.br/texto3.htm>. Acesso em: 18 jul. 2007. COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2003. _____. Curso de Direito Comercial: Direito de Empresa 7. ed. 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