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Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 1 ENDOMETRIOSE É uma patologia dependente de estrógeno que se caracteriza por apresentar focos de endométrio fora da cavidade uterina. Pode conter glândulas e/ou estroma endometrial situados no peritônio pélvico, superfície e parênquima do ovário, fundo de saco de Douglas, órgãos extragenitais como o trato urinário, retossigmoide, apêndice cecal e região ileocecal. Sua causa é DESCONHECIDA. Acomete 10% das mulheres em idade reprodutiva e até 50% daquelas com infertilidade e/ou dor pélvica. Por ser hormônio-dependente, é mais comum em mulheres jovens. TEORIAS RECENTES 1. MATRIZ METALOPROTEASE (MMPs): enzimas capazes de degradar a matriz extracelular 2. APOPTOSE: morte celular programada frente a estímulos específicos (mais comum em casos de implantações mais distantes) 3. FATORES AMBIENTAIS (Dioxinas): substâncias com atividade entrogênica (copo plástico submetido à temperaturas bruscas libera toxinas – precisa do fator genético prévio) 4. ANGIOGÊNESE ETIOPATOGENIA A teoria mais antiga propõe a ocorrência de menstruação retrógrada por meio das tubas uterinas com subsequente disseminação do tecido endometrial no interior da cavidade peritoneal. Esses tecidos endometriais fora da cavidade uterina, a depender do ESTADO IMUNOLÓGICO e ASPECTOS GENÉTICOS da mulher, seriam normalmente eliminados por células imunes (macrófagos, células NK e linfócitos). Caso haja uma uma alteração nesses aspectos, isto torna-se um mecanismo importante na gênese da endometriose (na endometriose foram identificadas alterações em fator de crescimento, citocinas, imunidade celular e imunidade humoral nos tecidos endometrióticos e disfunção dos macrófagos). A metaplasia pode explicar a endometriose ovariana pois o peritônio parietal é um tecido pluripotente e possui grande capacidade de sofrer transformação metaplásica. O ESTRÓGENO TEM PAPEL IMPORTANTE COMO CAUSADOR DA ENDOMETRIOSE. CLASSIFICAÇÃO a) Doença estromal b) Doença mista c) Doença bem diferenciada d) Doença indiferenciada a) Superficial Peritônio e cápsula do ovário b) Ovariana c) Profunda infiltrativa Lesões que penetram mais de 5 mm no tecido peritoneal, podendo atingir o compartimento central da pelve. Caracterizada pelos endometriomas ovarianos. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 2 PRINCIPAIS SÍTIOS DE ACOMETIMENTO • Peritônio pélvico • Fundo de saco posterior + ligamento úterossacro • Superficie dos ovários • Parênquima ovariano (endometrioma) • Retossigmóide • Bexiga Incidência de 20% no acometimento do sistema urinário e a maioria é assintomática. Incidência de 12 a 37% de acometimento intestinal, sendo mais comum no reto (65,3%), cólon sigmoide (18,1%), apêndice (6,3%), ceco (4,7%) e intestino delgado (3,9%). QUADRO CLÍNICO 6 queixas principais: 1. Dismenorréia progressiva 2. Dor pelvica crônica/ dor acíclica 3. Dispareunia 4. Infertilidade 5. Alterações intestinais cíclicos (puxo, dor, tenesmo, enterorragia) 6. Alterações urinárias cíclicas (disúria, hesitação, hematúria) OBS: um dos sintomas mais importantes e frequentes é a dor que se caracteriza por ser de diferentes tipos, entre as quais as mais comuns são DISMENORREIA (cólica menstrual), DISPAREUNIA (dor durante o ato sexual) e DOR LOMBAR BAIXA. A dor é o principal motivo que leva a mulher a procurar atendimento. FATORES MAIS FREQUENTES ASSOCIADOS À DISPAREUNIA PROGRESSIVA Endometriose Miomatose uterina Doença inflamatória pélvica Varizes pélvicas DIAGNÓSTICO O diagnóstico pode atrasar em média até 7 anos e é dificultado pelos sintomas inespecíficos, além dos casos assintomáticos. MARCADOR CA-125 Geralmente apresenta-se elevado. Principal marcador de endometriose avançada. Colher entre o 10 e 30 dia da menstruação. Possui limitações. Sensibilidade 99% (corte 50 u/ml) mas não possui alta especificidade pois, por exemplo, o câncer de ovário também pode aumentar esse valor, bem como outras neoplasias e situações. US ENDOVAGINAL Cistos anexiais com ecos de baixa amplitude (hipoecoicos) Controle em 2 ciclos consecutivos Diagnóstico diferencial: cistos hemorrágicos e corpo lúteo • Limite: endometriose extra-ovariana • Sensibilidade: 82,4% • Especificidade: 97,7% • Exige um preparo intestinal prévio para evitar a sobreposição do gás das alças • Acurácia >98% • Limitações: operador-dependente EXAME MAIS IMPORTANTE PARA ENDOMETRIOSE US ENDOVAGINAL CLÍNICA + MARCADORES + IMAGEM DIAGNÓSTICO CONDUTA Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 3 TRATAMENTO Preconiza-se o tratamento de acordo com os sintomas do paciente que se relacionam à infertilidade e à dor pélvica. A cirurgia é o tratamento de escolha, porém a taxa de recorrência é alta e atinge os 50% após 5 anos. O tratamento clínico é prolongado, da mesma forma que em toda doença inflamatória crônica, e tem o objetivo de SUPRESSÃO E CONTROLE DAS LESÕES ENDOMETRIAIS. O anágalo do GnRH induz à menopausa farmacológica, com redução na produção das gonadotrofinas, e suprime a ovulação, diminuindo a formação de hormônios esteroides (estrógeno e progesterona) pelos ovários. (possui indicações limitadas pois esse hipoestrogenismo acentuado pode levar à diminuição da densidade mineral óssea, alterações de humor e insônia e outras queixas associadas). O uso de progestagênios inibe o eixo hipotálamo-hipófise- ovário, com consequente anovulação, diminuição nos níveis de estrogênio, atrofia do endométrio eutópico e das lesões endometriais, redução dos marcadores inflamatórios peritoneais, além da modulação da resposta imune. CLÍNICO Progestógenos 2a. fase (Metroxprogesterona) Progestógenos contínuos Desogestrel (cerazette ou nactali) Dienogeste (allurene, pietra ed) ACO ciclíco ou contínuo SIU (levonogestrel) IMPLANTE SC CIRÚRGICO Cauterização de focos superficiais Exérese de focos profundos
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