Buscar

Teorias da Culpabilidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Teorias da Culpabilidade
TEORIAS DA CULPABILIDADE
Carina Fabiana Mottin
1.    INTRODUÇÃO
	Concepção clássica ou causalista
	Fato típico, ilícito e culpável
	
Concepção finalista
	Fato típico e ilícito (conceito bipartido)
	
	Fato típico, ilícito e culpável (conceito tripartido)
2.    CONCEITO
“É o juízo de censura ou reprovabilidade que incide sobre a formação e exteriorização da vontade do responsável por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de imposição de pena” (Cleber Masson)
Para Cleber Masson, portanto, a culpabilidade é um pressuposto para aplicação da pena, filiando-se a corrente bipartida finalista, chamando a atenção para o fato de que a culpabilidade pode ser entendida como elemento do conceito analítico de crime, caso seja adotada a corrente tripartida.
3.    CULPABILIDADE PELO FATO
No Estado Democrático de Direito deve imperar um direito penal do fato, jamais direito penal do autor. O Direito penal deve se preocupar com a punição de autores de fatos típicos e ilícitos e não em rotular pessoas.
O juízo de culpabilidade recai sobre o autor para analisar se ele deve ou não suportar uma pena em razão do fato cometido.
4.    FUNDAMENTO DA CULPABILIDADE
A análise da presença ou não da culpabilidade leva em conta o perfil subjetivo do agente e não a figura do chamado homem médio.
5.    EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CULPABILIDADE
5.1.        TEORIA PSICOLÓGICA
Idealizada por Franz Von Liszt e Ernest Beling, está relacionada à teoria clássica da conduta, sendo que a culpabilidade tem como pressuposto a imputabilidade, compreendida como a capacidade do ser humano de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Para essa teoria, a culpabilidade é entendida como o vínculo psicológico entre o sujeito e o fato típico e ilícito por ele praticado, o qual pode ser representando pelo dolo ou pela culpa.
Assim, dolo e culpa são espécies da culpabilidade, ou seja, como formas concretas de manifestação. O dolo, por sua vez, é normativo a medida que guarda em seu interior a consciência da ilicitude.
Principais críticas:
- impossibilidade de resolver situações práticas como as que envolvem a coação moral irresistível e a obediência hierárquica à ordem manifestamente ilegal. Nestes casos o agente age com dolo, mas o crime não pode ser a ele imputado, pois somente é punido o autor da coação ou da ordem.
- não se consegue explicar a culpa inconsciente (sem previsão), pois inexiste o vinculo psicológico entre o autor e o fato por ele praticado, que sequer foi previsto.
Tabela explicativa de seus elementos:
	Fato típico
	Ilicitude
	Culpabilidade
	1.    Conduta
2.    Resultado naturalístico
3.    Relação de causalidade
4.    Tipicidade
	
	1.    Imputabilidade (pressuposto)
2.    Dolo (normativo) ou culpa
5.2.        TEORIA NORMATIVA OU PSICOLÓGICA-NORMATIVA
Surge em 1907, proposta por Reinhart Frank com a inclusão do elemento normativo “exigibilidade de conduta diversa”.
A Culpabilidade deixa de ser fenômeno puramente natural, de cunho psicológico, pois a ela se atribui novo elemento, estritamente normativo, inicialmente chamado de “normalidade das circunstâncias concomitantes”, posteriormente de “motivação normal”, e atualmente como “exigibilidade de conduta diversa”.
O seu conceito assume perfil complexo, constituindo-se de elementos naturalísticos(vínculo psicológico, representado pelo dolo ou culpa) e normativos (normalidade das circunstâncias concomitantes ou motivação normal).
A imputabilidade deixa de ser pressuposto e passa a ser caracterizada comoelemento do conceito.
Pode ser conceituado como “o juízo de reprovabilidade que recai sobre o autor de um fato típico e ilícito que poderia ter sido evitado”.
Com esta teoria, não foi eliminado o vínculo psicológico (dolo ou culpa) e o dolo permanece normativo, pois que aloja em seu bojo a consciência da ilicitude (conhecimento do caráter ilícito do fato).
É uma teoria ligada ainda ao sistema causalista.
Principais críticas:
- manteve dolo e culpa como elementos da culpabilidade
- o dolo permanece normativo
Tabela explicativa de seus elementos:
	Fato típico
	Ilicitude
	Culpabilidade
	1.    Conduta
2.    Resultado naturalístico
3.    Relação de causalidade
4.    Tipicidade
	
	1.    Imputabilidade (elemento)
2.    Dolo (normativo) ou culpa
3.    Exigibilidade de conduta diversa
5.3.        TEORIA NORMATIVA PURA, EXTREMA OU ESTRITA
Surge com o finalismo de Hans Welzel, sendo deste inseparável.
É chamada de normativa pura porque os elementos psicológicos (dolo ou culpa) que existiam nas anteriores, são transferidos para o fato típico, integrando o elemento conduta.
O conceito de culpabilidade se resume a um simples juízo de censura que recai sobre o autor de um fato típico e ilícito.
O dolo passa a ser natural, ou seja, desprovido da consciência de ilicitude, que permanece na culpabilidade com a característica de ser potencial (e não mais atual), bastando ao agente ter, na situação real, a possibilidade de conhecer o caráter ilícito do fato praticado, com base em um juízo comum.
Os elementos do conceito de culpabilidade estão ordenados hierarquicamente, sendo que devem obedecer a ordem (imputabilidade; potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa).
Tabela explicativa de seus elementos:
	Fato típico
	Ilicitude
	Culpabilidade
	1.      Conduta (dolo ou culpa)
2.      Resultado naturalístico
3.      Relação de causalidade
4.      Tipicidade
	
	1.    Imputabilidade
2.    Potencial consciência da ilicitude
3.    Exigibilidade de conduta diversa
5.4.        TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE
Nela a culpabilidade possui os mesmos elementos da anterior, contudo a distinção entre ambas repousa no tratamento dado às descriminantes putativas.
Nas descriminantes putativas o agente, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a sua ação legítima.
De acordo com a teoria normativa pura, as descriminantes putativas sempre caracterizariam erro de proibição. Para a teoria limitada, as descriminantes putativas são divididas em 2 blocos:
a)    de fato – tratadas como erro de tipo
b)    de direito – tratadas como erro de proibição.
TEORIA ADOTADA PELO CP BRASILEIRO
Em que pese as controvérsias doutrinárias, é possível afirmar que o CP adotou a Teoria Limitada da Culpabilidade em razão do que se extrai dos arts. 20 e 21 CP, e do item 19 da exposição de motivos da Nova parte geral do CP que diz:
“Repete o projeto as normas do CP de 1940, pertinentes às denominadas ‘descriminantes putativas’. Ajusta-se, assim, o Projeto à teoria limitada da culpabilidade, que distingue o erro incidente sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação do que incide sobre a norma permissiva”.
Na doutrina: cf. Francisco de Assis Toledo. Princípios básicos de Direito Penal. 5ª Ed. 13. Tiragem. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 230.
Tabela Resumo das Teorias:
	
Teorias sobre a culpabilidade
	
Psicológica
	Imputabilidade
	
	
	Dolo (normativo) ou culpa
	
	
Normativa ou psicológico-normativa
	Imputabilidade
	
	
	Dolo (normativo) ou culpa
	
	
	Exigibilidade de conduta diversa
	
	
Normativa pura, extrema ou estrita
	Imputabilidade
	
	
	Potencial consciência da ilicitude
	
	
	Exigibilidade de conduta diversa
	
	
Limitada (adotada pelo CPB)
	Possui os mesmos elementos da anterior, contudo em relação às descriminantes putativas diferencia-se por entender que serão erro de tipo caso o erro incida sobre pressuposto fático de uma causa de justificação.
TEORIA FUNCIONAL DA CULPABILIDADE
Sustentada por Günter Jakobs que substitui a culpabilidade fundada em um juízo de reprovabilidade por necessidades reais ou supostas de prevenção.
 Ao invés de se questionar se o autor do fato podia atuar de outro modo, indaga-se, em face das finalidades da pena, se é necessárioou não torná-lo responsável pela violação do ordenamento jurídico.
Esta teoria retira o elevado valor atribuído ao livre arbítrio do ser humano e busca vincular o conceito de culpabilidade ao fim de prevenção geral da pena e aos fins da Política Criminal do Estado.
A culpabilidade representa a falta de fidelidade do sujeito no tocante ao ordenamento jurídico, que deve ser a qualquer custo respeitado. Sua autoridade somente se atinge com a reiterada aplicação da norma penal, necessária para alcançar a finalidade de prevenção geral do Direito Penal.  
TIPO POSITIVO E TIPO NEGATIVO DE CULPABILIDADE
Terminologias acrescidas à dogmática penal por Günter Jakobs com o fim de justificar um tipo total de culpabilidade em sintonia com sua teoria funcionalista.
Para ele, a culpabilidade pressupõe o injusto (fato típico + ilicitude), e seu autor só é responsável pelo “déficit de motivação jurídica” se ao tempo do fato era imputável (tipo positivo de culpabilidade).
O tipo negativo de culpabilidade refere-se à inexigibilidade de comportamento, em outras palavras, ao fato típico e ilícito praticado apenas será atribuída a culpabilidade ao agente quando não tiver atuado com ânimo exculpante ou então em um contexto exculpante.
Para Günter Jakobs, a obediência à norma é inexigível quando a motivação ilícita do autor imputável, e que não respeita o fundamento de validade da norma, se pode explicar por uma situação que para o autor constitui-se em uma desgraça e que também em geral se pode definir como desgraça, ou então se pode imputá-la a terceira pessoa.
CO-CULPABILIDADE
Para Zaffaroni e Pierangeli define-se a co-culpabilidade como uma carga de valores sociais negativos que deve ser considerada como elemento excludente ou atenuante da culpabilidade.
Esta teoria aponta responsabilidade social do Estado pela não-inserção social e, portanto, devendo também este suportar o ônus do comportamento desviante do padrão normativo por parte dos atores sociais sem cidadania plena que possuem uma menor autodeterminação diante das concausas socioeconômicas da criminalidade urbana e rural. 
Em suas palavras:
       Todo sujeito age numa circunstancia determinada e com um âmbito de autodeterminação também determinado. Em sua própria personalidade há uma contribuição para esse âmbito de autodeterminação, posto que a sociedade – por melhor organizada que seja – nunca tem a possibilidade de brindar a todos os homens com as mesmas oportunidades.
       Em conseqüência, há sujeitos que têm o menor âmbito de autodeterminação, condicionado desta maneira pó causas sociais. Não será possível atribuir estas causas sociais ao sujeito e sobrecarregá-lo com elas no momento de reprovação de culpabilidade. Costuma-se dizer que há aqui, uma co-culpabilidade, com a qual a própria sociedade deve arcar.
Parcela significativa da doutrina brasileira aponta a possibilidade de aceitar a tese da co-culpabilidade com circunstância atenuante inominada prevista no art. 66 CP.
CULPABILIDADE FORMAL E CULPABILIDADE MATERIAL
A culpabilidade formal é a definida em abstrato, ou seja, é o juízo de reprovabilidade realizado em relação ao provável autor de um fato típico e ilícito, se presentes os elementos da culpabilidade, no momento em que o legislador incrimina uma conduta. Serve, pois, para o legislador cominar os limites (mínimo e máximo) da pena atribuída a determinada infração penal.   
Por sua vez, a culpabilidade material é estabelecida em concreto, pois é dirigida para o agente culpável que cometeu um fato típico e ilícito, sendo, então, destinada ao magistrado por ocasião do procedimento de dosimetria da pena.
GRAUS DE CULPABILIDADE
Constitui circunstância judicial (art. 59, caput CP) a maior ou menor culpabilidade do autor da infração penal e é destinada a fixação da chamada pena-base na primeira fase de dosimetria da pena privativa de liberdade. Influi, portanto, na quantidade de pena a ser concretamente aplicada.
DIRIMENTES
	
Excludentes dos elementos da 
	
Imputabilidade
	Doença mental
Desenvolvimento mental retardado
Desenvolvimento mental incompleto
Embriaguez acidental completa
	culpabilidade
	
	
	
	
	
	
	Potencial consciência da ilicitude
	Erro de proibição inevitável (ou escusável)
	
	
Exigibilidade de conduta diversa
	Coação moral irresistível
Obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal
As chamadas dirimentes são as causas de exclusão da culpabilidade.

Outros materiais