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ENDOCRINOLOGIA J SOUZA MEDICINA 2015 1 BÓCIO NODULAR TÓXICO O termo bócio se refere a qualquer aumento de tamanho da tireoide. Ele pode se apresentar de formas diferentes, entre elas a difusa, unilobular ou multilobular. Além disso, podem ser classificados em tóxicos, quando associados à elevada produção, normal (ex: Graves e BMT) ou atóxicos. BNT: Doença em que células tiroidianas se tornam autônomas (independentes do controle hipotálamo- hipofisário) proliferando, sintetizando e liberando grandes quantidades de hormônio com manifestação clínica de tireotoxicose. DOENÇA DE PLUMMER Inicialmente descrita por Henry Plummer no início do século passado, quando observou que indivíduos com bócio multinodular tóxico apresentavam Hipertireoidismo sem oftalmopatia, geralmente em idade mais avançada e associada a complicações cardiovasculares. Prevalência sexo feminino (2-10 Mulheres para cada 1 Homem) Frequência – REGIONAL Maior incidência entre 5ª e 6ª décadas de vida. Nódulo Autônomo produção hormonal independe do estímulo do TSH e do mecanismo de feedback negativo tireóide-hipófise. No início da doença a secreção de TSH está normal mas vai diminuir gradualmente à medida que o nódulo cresce e aumenta a síntese de T3 e T4. MANUSEIO DO BÓCIO UNI E MULTINODULAR TÓXICO Aumento de T3 e T4 (Tireotoxicose) o bócio nodular (único ou múltiplo) passa a ser denominado bócio nodular tóxico. EPIDEMIOLOGIA Prevalência: Maior em áreas de carência de Iodo (pode corresponder a mais de 30% dos casos de Hipertireoidismo). Nas regiões suficientes em iodo, a Doença de Graves é bem mais prevalente. Nódulos autônomos solitários podem ocorrer em qualquer faixa etária (geralmente não são tóxicos antes dos 60 anos). Nódulos solitários autônomos 15M : 1H. Nódulo solitário tóxico 4 a 6M : 1H. Bócio multinodular torna-se tóxico quando conglomerados de células foliculares adquirem autonomia e começam a produzir hormônios tireoideanos em proporção maior do que o parênquima. Bócio unilobular a tireotoxicose é uma complicação quando os nódulos têm diâmetro > 2,5 ou 3 cm (principalmente em pessoas mais idosas). Quase todos os nódulos autônomos são benignos (raros casos de malignidade). ENDOCRINOLOGIA J SOUZA MEDICINA 2015 2 QUADRO CLÍNICO Nódulos Autônomos provocam aumento de volume na região cervical anterior. Palpação: 1 ou mais nódulos de consistência firme e móvel. Idosos: bócio mergulhante, difícil palpação (limites superiores do bócio). Raramente: A glândula pode não ser palpável, por exemplo, no bócio localizado no mediastino. Dependendo da localização e do volume o (s) nódulo(s) pode(m) causar disfagia, disfonia, dispneia. A frequência de complicações cardíacas como ICC, arritmias (principalmente FA) é maior do que na Donça de Graves. DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico ou ultra-sonográfico geralmente ocorre na fase pré-tóxica pois o desenvolvimento do hipertireoidismo só aparecerá após décadas de evolução da doença (tendência a aumento progressivo de tamanho do nódulo). Supressão do TSH com elevação do T4 livre e do T3. Em alguns casos o nódulo secreta primariamente mais T3 do que T4 (pode estar normal) T3-toxicose. Inicialmente a única anormalidade pode ser níveis baixos de TSH com T3 e T4 ainda normais HIPERTIREOIDISMO SUBCLÍNICO. Cintilografia com I131 nódulo hipercaptante (quente) = nódulo autônomo ou tóxico. Pré-Plummer ou Adenoma pré-tóxico nódulo quente + hipertireoidismo subclínico. No Bócio Multinodular cintilografia heterogênea, hipercaptação em 1 ou alguns nódulos e hipocaptação no restante da glândula. PAAF tireóide: insatisfatória ou padrão de neoplasia folicular com atipia nuclear e hipercelularidade. A PAAF só deve ser solicitada nos casos de nódulos hipofuncionantes + suspeita de malignidade na USG. HISTÓRIA NATURAL DO BÓCIO NODULAR TÓXICO Nódulos autônomos podem permanecer do mesmo tamanho, crescer, sofrer degeneração ou tornar-se gradualmente tóxico. A maioria tende a permanecer sem alterações durante muito tempo. A frequência de progressão para hipertireoidismo nos casos não tratados é entre 1% e 5,7% ao ano. Maior probabilidade de um nódulo quente tornar-se tóxico: o Nódulos com + de 3 cm. o Idade > 60 anos. Estudos mostram que 20% dos nódulos quentes eutireóideos > 3 cm evoluirão com hipertireoidismo (esta evolução é rara em nódulos com < 2,5 cm). ENDOCRINOLOGIA J SOUZA MEDICINA 2015 3 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Doença de GRAVES o Oftalmopatia o Mixedema o Bócio difuso o AATPO, AATG, TRAb + Doença de PLUMMER o Sem oftalmopatia o Sem mixedema o Bócio nodular o Anticorpos negativos CAUSAS DE HIPERTIREOIDISMO Doença de GRAVES o Doença autoimune o Exoftalmo o Jovem o Instalação rápida o Bócio difuso Doença de PLUMMER o Tumor o Sem exoftalmo o Mais idade o Instalação lenta o Bócio nodular TRATAMENTO Nódulo solitário autônomo sem hipertireoidismo observação clínica (a cada 4 a 6 meses verificar função tireoideana e USG anualmente). Tratamento definitivo deve ser pensado em pacientes com Hipertireoidismo subclínico e naqueles com nódulo com mais de 3 cm para evitar complicações cardíacas principalmente em idosos. Nódulo solitário tóxico (< 2% de chance de cura clínica) optar por tratamento definitivo (CIRURGIA, IODO RADIOATIVO OU INJEÇÃO PERCUTÂNEA DE ETANOL). Drogas antitireoidianas + -bloqueador podem ser usados para melhorar o quadro clínico antes do tratamento definitivo. CIRURGIA Lobectomia ou nodulectomia nos casos de nódulo único. Tireoidectomia subtotal bilateral com retirada de todos os nódulos visíveis Bócio multinodular tóxico. Vantagens: o Eliminação completa do nódulo; o Obtenção mais rápida do eutireoidismo; o Retirada de áreas com malignidade associada. Melhor indicada em pacientes com bócios tóxicos volumosos com compressão de traqueia e esôfago (principalmente nos mais jovens). Desvantagens: Alto custo e risco anestésico. ENDOCRINOLOGIA J SOUZA MEDICINA 2015 4 Quando são retirados todos os nódulos a chance de recidiva do Hipertireoidismo é mínima (mas aumenta a chance de hipotireoidismo a longo prazo). ABLAÇÃO COM IODO RADIOATIVO As células hiperfuncionantes captarão o iodo radioativo e serão destruídas a longo prazo enquanto as células perinodulares com captação diminuída serão poupadas ou sofrerão pequenos danos. O risco de hipotireoidismo é bem < do que na Doença de Graves. Dose de I¹³¹ é mais elevada do que na Doença de Graves (25-30 mCi x 10-15 mCi na Doença de Graves). Cálculo da dose depende do tamanho do nódulo e da captação do radioiodo no exame cintilográfico prévio. Pacientes em uso de drogas antitireoidianas, suspender alguns dias antes da dose do I¹³¹ (dar preferência ao metimazol já que o efeito radioprotetor do propiltiluracil parece ser bem mais prolongado). Vantagens: o Não é um procedimento invasivo; o Baixo custo; o Boa resposta terapêutica (até mesmo bócios volumosos que causam disfagia, disfonia ou dispnéia podem ter seu tamanho suficientemente reduzido após a dose). Desvantagens: o Demora em obter o eutireoidismo; o Alta incidência de hipotireoidismo. INJEÇÃO PERCUTÂNEA COM ETANOL Muito usado na Itália (aplicada também em tumores hepáticos e de paratireóide). O uso desta técnica está sendo ampliada aqui no Brasil. Injeção percutânea de etanol estéril após assepsia adequada guiada por USG com doppler.
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