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Assistência de Enfermagem ao paciente com distúrbio na função gastrointestinal Prof. Liliane de Lourdes T. Silva 02/2016 PCE VI Anatomia • O trato digestório é um tubo oco que se estende da cavidade bucal ao ânus, sendo também chamado de canal alimentar ou trato gastrintestinal. As estruturas do trato digestório incluem: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus. Anatomia Anatomia Esôfago Principal função: conduzir o alimento da faringe ao estômago. Anatomia Estômago • Bolsa distensível com capacidade aproximada de 1.500 ml. • Dividido em: cárdia, fundo, corpo e piloro. Anatomia Intestino Delgado • Superfície de aproximadamente 7.000 cm para absorção e secreção; • Divide-se em: duodeno, jejuno e íleo; Anatomia Intestino Grosso • Armazenamento de material fecal e absorção de água e eletrólitos. Função do Sistema Digestivo • Clivar as partículas de alimento na forma molecular para digestão; • Absorver para dentro da corrente sanguínea as pequenas moléculas produzidas pela digestão; • Eliminar os alimentos não digeridos e não absorvidos e outros produtos residuais do corpo. Mastigação e deglutição • A digestão começa no ato de mastigar; • Saliva: rica em ptialina, muco e água; • Salivação reflexa; • Glândulas salivares Mastigação e Deglutição • O processo de deglutição é dinâmico; • Dependente de uma gama variada de fatores: integridade do SNC e das estruturas da boca, faringe e laringe, tônus muscular, mobilidade e precisão dos movimentos, sensibilidade geral e específica. Função Gástrica • Estômago secreta e mistura o alimento com as secreções; • Secreta HCL (ph próximo a 1), pepsina e fator intrínseco; • Recebe O2 por meio das artérias gástricas; Função gástrica • Armazenamento de grandes quantidades de alimento (porção oral) – relaxamento receptivo (reflexo vago-vagal), consegue armazenar cerca de 1,0 - 1,5 litros. • Mistura do alimento com as secreções gástricas até a formação do quimo (aspecto de um semilíquido ou de uma pasta). • A lenta passagem do alimento do estômago para o intestino delgado (velocidade adequada para a digestão e absorção). Função gástrica Esvaziamento do Estômago • Contrações peristálticas antrais • Controle do esfíncter pilórico: presença de constrição tônica Função gástrica Fatores que promovem o esvaziamento : • Volume de alimento levando ao estiramento da parede do estômago (fraca atuação); • Liberação de gastrina (secreção de suco gástrico altamente ácido, aumento da motilidade do estômago, estimula a atividade da bomba pilórica). Função do Intestino delgado • O processo digestivo continua no duodeno; • As secreções do duodeno originam-se nos órgãos digestivos acessórios; • Secreções apresentam PH alcalino; • Glândulas secretam muco, hormônios, eletrólitos e enzimas; • Vilosidades: produzem enzimas digestivas e absorvem os nutrientes. Função do Intestino delgado Função do Intestino delgado • Contrações por segmentação: ondas de mistura que movem o conteúdo intestinal para frente e para trás em movimento de trituração; • Peristalse intestinal: Impulsiona o conteúdo do I. delagado no sentido do cólon. Função do Intestino delgado • Absorção de Fe e Ca: duodeno; • Absorção de lipídios, proteínas, carboidratos, Na e Cl: jejuno; • Absorção de vitamina B 12 e sais biliares: íleo • Absorção de Mg, e K: em todo TGI Função colônica • Válvula íleo-cecal: Permanece fechada, abrindo-se juntamente com as ondas peristálticas; • O I. grosso possuem basctérias que auxiliam no término da clivagem do material residual; Função colônica • Secreta solução eletrolítica e muco; • Possui atividade peristálticas lenta e fraca; • Fortes ondas peristálticas são liberadas após ingesta alimentar. Distúrbios esôfágicos Disfasia • Dificuldade de deglutição; • Sensação desconfortável de bolo alimentar preso na parte superior do esôfago e/ou dor na deglutição. Distúrbios esôfágicos Disfasia / Etiologia Estrutural • Estenose (estreitamento mecânico do lumem) • Diverticulo Motora (funcional) • Paresia (fraqueza muscular) • Disfunção do esfincter esofágico • Doenças espasticas Distúrbios esôfágicos Disfagia Consequências/complicações • Aspiração de alimento ou liquido para o pulmão; • Pneumonia ou outras condições pulmonares graves; • Em crianças: nutrição inadequada e déficit de ganho de peso e altura. Distúrbios esôfágicos Acalasia • Peristalse ausente ou ineficaz da porção distal do esôfago, acompanhada pela falha de relaxamento do esfíncter esôfágico em resposta à degluticação Distúrbios esofágicos Acalasia Manifestações clínicas • Dificuldade de deglutição; • Alimento regurgitado; • Dor torácica e azia Distúrbios esofágicos Doença do refluxo gastroesofágico • Fluxo retrógrado de conteúdo gástrico ou duodenal para dentro do esôfago; Distúrbios esofágicos Doença do refluxo gastroesofágico Distúrbios esofágicos Doença do refluxo gastroesofágico • Alteração das contrações esofagicas; • Hernia de hiato; • Alteração de contração/relaxamento do esfincter esofagico inferior; • Alteração do esvaziamento do estomago; • Produção de grande quantidade de ácido; • Infiltração da parede esofágica por tumor. Distúrbios esofágicos Doença do refluxo gastroesofágico Sintomas • Pirose; • Dispepsia; • Regurgitação; • Disfagia ou odinofagia; • Hipersalivação e esofagite. Distúrbios esofágicos Doença do refluxo gastroesofágico Tratamento • Dieta; • Evitar ingerir ou beber durante 2 horas antes de dormir; • Manter peso corporal; • Elevar a cabeceira do leito de 15 a 20 cm. • Antiácidos; • Inibidores da bomba de prótons; • Agentes procinéticos. Ações de enfermagem • Ingerir lentamente e mastigar completamente todos os alimentos; • Manter o paciente em posição semi-fowler; • Permanecer ereto por 1 a 4 horas depois de cada refeição para evitar refluxo; • Cabeceira do leito elevada de 10 a 20 cm; • Evitar uso excessivo de antiácidos. Distúrbios gástricos e duodenais Gastrite • Inflamação da mucosa gástrica; Distúrbios gástricos e duodenais Gastrite Aguda • Alimento contaminado, irritante ou muito temperado; • Uso excessivo de aspirina, AINES; • Ingesta excessiva de alcool; • Refluxo de bile Distúrbios gástricos e duodenais Gastrite Crônica • Úlceras benignas ou malignas; • Helicobacter Pylori; • Fatores da dieta; • Refluxo do conteúdo gastrointestinal; Distúrbios gástricos e duodenais Gastrite Sintomas • Desconforto abdominal; • Cefaléia; • Desânimo; • Náuseas; • Anorexia; • Azia. Diagnósticos de Enfermagem • Ansiedade relacionada como tratamento; • Nutrição desequilibrada, menor que as necessidades corporais, relacionada com a ingesta inadequada de nutrientes; • Risco de volume hídrico desequilibrado relacionado com ingesta hídrica deficiente e perda hídrica excessiva subsequente ao vômito; • Dor aguda relacionada com a mucosa gásrtica irritada. Distúrbios gástricos e duodenais Ulceras Gástricas e duodenais • Lesões na mucosa gástricaou duodenal que expõe a submucosa a secreção ácida e autodigestão. • Ação corrosiva da pepsina e ácido clorídrico • Acomete 10% adultos • U. duodenal Homens > mulheres / 20-50 anos • U. gástrica Homens= mulheres / 50-70 anos Distúrbios gástricos e duodenais Distúrbios gástricos e duodenais Úlceras gástricas e duodenais • A erosão provocada pode estender-se profundamente, indo até as camadas musculares , ou através do músculo, até o peritôneo. Distúrbios gástricos e duodenais Úlceras gástricas e duodenais • Podem ser únicas ou múltiplas; • Ocorrem com freqüência máxima nas pessoas entre 40 e 60 anos de idade. Relativamente incomum em mulheres em idade reprodutiva. • Síndrome de Zollinger – Ellison – Ulceras pépticas graves , hiperacidez gástrica extrema e tumores pancreáticos secretores de gastrina. Distúrbios gástricos e duodenais Úlceras gástricas e duodenais/Sintomas • Podem durar dias, semanas ou meses; • Dor maciça e constritiva na porção média do epigástrio ou nas costas; • Pirose; • Vômitos (UP); • Constipação ou diarréia; • Sangramento. Diagnósticos de Enfermagem Úlceras gástricas e duodenais • Dor aguda relacionada com o efeito da secreção gástrica sobre o tecido lesionado; • Ansiedade relacionada com o enfrentamento de uma doença aguda; • Nutrição desequilibrada relacionada com as alterações da dieta; Distúrbios gástricos e duodenais Úlceras gástricas e duodenais/Cuidados de enfermagem • Alívio da dor; • Redução da ansiedade; • Manutenção do estado nutricional Distúrbios gástricos e duodenais Úlceras gástricas e duodenais/Complicações • Hemorragia; • Perfuração; • Penetração; • Obstrução pilórica. Distúrbios gástricos e duodenais Úlceras gástricas e duodenais/Cuidados de enfermagem Hemorragia • Inserir linha IV; • Monitorar hemoglobina e hematócrito; • Inserir SNG; • Inserir SVD; • Monitorar sinais vitais e saturação de O2; • Paciente deitado com pernas elevadas. Distúrbios gástricos e duodenais Úlceras gástricas e duodenais/Sinais de recidiva de sangramento • Taquicardia; • Taquipneia; • Hipotensão; • Confusão mental; • Sede; • Oligúria. Distúrbios gástricos e duodenais Úlceras gástricas e duodenais/Perfuração e penetração • Dor abdominal súbita e intensa; • Vômitos e colapso; • Abdome doloroso e rígido; • Hipotensão e taquicardia; Distúrbios gástricos e duodenais Úlceras gástricas e duodenais/Obstrução pilórica • Náuseas; • Constipação; • Plenitude gástrica; • Anorexia e perda de peso. Distúrbios Intestinais e Retais Diarréia • Frequência aumentada das eliminações intestinais (mais de 3x/dia) e consistência alterada; • Desconforto perianal e incontinência fecal; • Pode ser aguda ou crônica. Distúrbios Intestinais e Retais Diarréia • Secretora: Grande volume, causada pela produção e secreção aumentadas de água e eletrólitos pela mucosa intestinal na luz do intestino; • Osmótica: A água é puxada para dentro o intestino pela pressão osmótica das partículas não-absorvidas, lentificando a reabsorção da água; • Mista: Peristalse aumentada e por combinação de secreção aumentada e absorção diminuída no intestino. Distúrbios Intestinais e Retais Diarréia/Manifestações Clínicas • Aumento da frequência e conteúdo líquidos aumentados; • Cólicas abdominais; • Distensão; • Ruflar intestinal; • Anorexia; • Sede. Distúrbios Intestinais e Retais Diarréia Tratamento • Repouso no leito; • Ingesta de líquidos e alimentos pobres em resíduos; • Dieta branda com alimentos semi-sólidos; • Evitar cafeína, bebidas carbonatadas, alimentos muito frios ou muito quentes; • Restringir derivados do leite; • Cuidados cutâneos perianais. Distúrbios Intestinais e Retais Doença Diverticular • Crescimento sacular do revestimento do intestino que se estende através de um defeito na camada muscular; • A diverticulose existe quando multiplos divertículos estão presentes sem inflamação ou sintomas. • A diverticulite resulta quando o alimento e as bactérias retidas em um divertículo produzem infecção e inflamação. Distúrbios Intestinais e Retais Distúrbios Intestinais e Retais Doença Diverticular/Sintomas • Dor abdominal; • Flatulência; • Naúseas e vómitos; • Alteração dos hábitos intestinais; • Hemorragia; • Sintomas urinários. Distúrbios Intestinais e Retais Doença Diverticular/Complicações • Peritonite; • Formação de abscesso; • Sangramento Distúrbios Intestinais e Retais Doença Diverticular/Tratamento • Repouso; • Analgésicos; • Antiespamódicos; • Antibioticoterapia; • Dieta líquida seguida de dieta hipolipídica e rica em fibras; • Tratamento cirúrgico. Doença de Cronh • Enterite regional: ocorre em adolescentes e adultos jovens; • Mais comum em mulheres; • Áreas mais comuns: porção distal do íleo e cólon. • Etiologia indeterminada Doença de Cronh Doença de Cronh • Inflamação subaguda e crônica que se estende através de todas as camadas da parede intestinal; • O processo patológico inicia-se com edema e espessamento da mucosa. As úlceras começam a surgir na mucosa inflamada; • Fístulas, fissuras e abcessos são formados à medida que a inflamação se estende para o peritôneo. Doença de Cronh Doença de Cronh Manifestações Clínicas • Início insidioso com dor abdominal proeminente no quadrante inferior direito e diarréia não aliviada pela defecação; • Perda de peso pela diminuição da ingesta nutricional Doença de Cronh Doença de Cronh Histórico e achados diagnósticos • Proctossigmoidoscopia; • Exame de fezes; • Exame baritado no trato GI superior que mostra o clássico ͞sinal de corrente ,͟ indicando constrição de um segmento do intestino; • Endoscopia e biópsia intestinal; • Enema baritado; • Hemograma Completo; • Contagem de leucócitos. Doença de Cronh Complicações • Obstrução Intestinal; • Formação de estenose; • Doença perianal; • Desequilíbrios hidroeletrolíticos; • Desnutrição; • Formação de fístula e abcesso. Doença de Cronh Doença de Cronh Doença de Cronh Colite Ulcerativa • Doença inflamatória e ulcerativa recorrente das camadas mucosa e submucosa do cólon e reto; Colite Ulcerativa • Genetica:12-15% (resposta imune); • Ambiental; • Agentes infecciosos, dieta, antígenos luminais (doença autoimune ) Colite Ulcerativa Colite Ulcerativa • Diarréia; • Dor abdominal no quadrante inferior esquerdo; • Tenesmo intermitente; • Sangramento retal; • Anorexia; • Febre; • Vômitos; • Desidratação; • 10 a 20 evacuações líquidas por dia Colite Ulcerativa • Avaliar quanto a taquicardia, hipotensão taquipnéia, febre e palidez; • Avaliar nível de hidratação e estado nutricional; • Fezes positivas para o sangue; • Hemograma; • Contagem de leucócitos; • Colonoscopia; • Enema baritado. Doença de Crohn Colonoscopia Inspeção visual direta do cólon até o ceco; Doença de Crohn Enema baritado Colite Ulcerativa Complicações • Megacólon Tóxico; • Perfuração e sangramento da ulceração; • Ingurgitamento vascular; Colite Ulcerativa Colite Ulcerativa/Crohn Tratamento • Liquidos orais, dieta hipercalórica e hiperproteicas; • Terapia vitamínica suplementar ereposição de ferro; • Evitar alimentos frios; • Evitar ingesta de leite e tabagismo. Colite Ulcerativa/Crohn Tratamento • Sedativos; • Medicamentos antidiarréicos e antiperistálticos; • Sulfassalazina; • Aminossacilatos; • Antibióticos; • Corticosteróides; • Imunomoduladores. Colite Ulcerativa/Crohn Cuidados de enfermagem • Manter padrões normais de eliminação; • Aliviar a dor; • Manter a ingesta hidríca; • Manter a nutrição; • Promover o repouso; • Evitar a ruptura cutânea; • Monitorar e tratar complicações potenciais. Colite Ulcerativa/Crohn Tratamento Cirúrgico • Doença clinicamente intratável; • Complicações decorrentes as doença ou terapia clínica; • Procedimento indicado Cronh: colectomia e ileostomia • Procedimento indicado RCU: Proctolectomia e ileostomia. Ileostomia • Abertura para dentro do íleo ou intestino delgado; • Permite a drenagem de material fecal a partir do íleo para fora do corpo; Ileostomia Continente • Remoção do cólon e criação de do reservatório ileal continente; Anastomose Ileoanal • Conecta uma parte do íleo ao ânus, defecação voluntária mantida e a continência anal preservada. Diagnósticos de Enfermagem • Diarréia relacionada com o processo inflamatório; • Dor aguda relacionada com a peristalse aumentada e inflamação GI • Defict de volume hídrico relacionado com a anorexia, náuseas e diarréia; • Nutrição desequilibrada, menor que os requisitos corporais, relacionada com as restrições nutricionais, náuseas e má absorção. Diagnósticos de Enfermagem • Ansiedade relacionada com a cirurgia iminente; • Enfrentamento ineficaz relacionado com os episódios repetidos de diarréia; • Risco de integridade da pele prejudicada relacionado com a desnutrição e diarréia; Cuidados com a ostomia • Observar estoma quanto à coloração e tamanho; • A drenagem fecal deve iniciar-se até 72 horas após a cirurgia Referências • Tratado de enfermagem médico-cirúrgica – Brunner e Suddarth.
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