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Exame físico do abdome Profa. Vanessa Cortes Introdução n A cavidade abdominal contém vários dos órgãos vitais do corpo, que são envolvidas pelo peritônio, que funciona como uma membrana protetora para muitas estruturas abdominais. As vísceras são todos os órgãos internos dentro da cavidade abdominal. • Fígado • Pâncreas • Supra-renais • Rins • Ovários • Útero • Estômago • Vesícula • Intestino delgado • Cólon • Bexiga Sólidas Ocas Trato alimentar n Tubo com aprox imadamente 8 m de comprimento, que corre da boca até o anus e inclui o esôfago, estomago, intestino delgado e intestino grosso. ü Esôfago: localiza-se posterior a traquéia, passa através do diafragma e entra no estomago. ü Estomago: situa-se transversalmente na parte superior da cavidade abdominal, logo abaixo do diafragma. ü Intestino delgado: Inicia no orifício pilórico, envolve a cavidade abdominal e se junta ao intestino grosso. ü Intestino grosso: inicia-se no ceco, cólon ascendente, transverso e descendente. Fígado n Situa-se no quadrante superior direito Ø O peso aproximado é cerca de 2 Kg no homem adulto e um pouco menos na mulher. Ø Na primeira infância é um órgão tão grande, que pode ser sentido abaixo da margem inferior das costelas, ao lado direito. Vesícula biliar n Situa-se em um recesso na superfície do fígado q É conectada ao fígado e ao duodeno através do trato biliar. q A vesícula biliar armazena bile que na presença de gordura e s t i m u l a a s e c r e ç ã o d e colecistoquinina (CCK). q A bile emulsifica gorduras e neutraliza ácidos do alimento parcialmente digeridos. Pâncreas n Situa-se posterior e inferior ao estômago, com sua cabeça apoiada na curva do duodeno e sua ponta estendendo-se através da cavidade abdominal até quase tocar o baço. q É uma glândula do sistema digestivo e endócrino de animais vertebrados. Aparência Região Função Círculos claros (ilhotas de Langerhans) Pâncreas endócrino Secreta hormônios que regulam os níveis de glicose sanguíneos Tecido escuro circundante ou ácino pancreático Pâncreas exócrino Produz enzimas que digerem o alimento Pâncreas Baço n Localiza-se no quadrante superior esquerdo, acima do rim esquerdo e abaixo do diafragma, ao nível da 9º costela. q É o maior dos órgãos linfáticos q Participa dos processos de: Ø hematopoiese (produção de células sanguíneas) Ø hemocaterese (destruição de células velhas, como hemácias senescentes - com mais de 120 dias). Baço n Tem importante função imunológica de produção de anticorpos e proliferação de linfócitos ativados, protegendo contra infecções. n A esplenectomia (cirurgia de retirada do baço) determina capacidade reduzida na defesa contra infecção. n É um órgão extremamente frágil, sendo muito suscetível à ruptura, em casos de trauma ou ao crescimento (esplenomegalia) em doenças do depósito e na hipertensão portal. Musculatura e tecidos conjuntivos n Músculos retos abdominais são anteriores. n Músculos oblíquos interno e externos são lateralizados. Vascularização n A a o r t a a b d o m i n a l descendente trafega desde o diafragma, localizando-se a esquerda da linha média, em torno do umbigo se ramifica nas duas artérias ilíacas comuns. O que investigar na avaliação do abdome? História Relacionada n Dor abdominal n Indigestão n Náusea n Vômito n Diarréia n Constipação n Incontinência fecal n Icterícia n Disúria n Incontinência Urinária n Hematúria n Quilúria (urina leitosa) História Patológica Pregressa (HPP) n Distúrbio gastrintestinal n Hepatite ou cirrose hepática n Cirurgia ou trauma no trato abdominal ou urinário n Infecção do trato urinário n Doença Importante: câncer, doença renal ou cardíaca n Transfusões de sangue n Vacina para hepatite História Familiar n Doença da vesícula biliar n Doença renal: litíase, doença policística, carcinoma renal ou de bexiga. n Síndrome da má absorção n Polipose adenomatosa familiar n Câncer cólon-retal História pessoal e social n Nutrição n Primeiro dia do último ciclo menstrual n Consumo de álcool n Eventos estressantes n Exposição a doenças infecciosas n Trauma n Uso de drogas n Tabagismo Preparo do cliente n Explicar sobre o procedimento n Solicitar ao paciente que esvazie a bexiga n Exposição completa do abdome n Paciente confortável n Posicionar o paciente em posição supina, com os braços ao lado do corpo. n O abdome deve ser dividido em 4 quadrantes ou em 9 regiões. Divisão do abdome por quadrante Apêndice Xifóide Sínfise Púbica Divisão do abdome por região É mais preciso para determinar um achado no exame físico Plano subcostal ou trasnpilórico Plano transtubercular Plano médioclavicular direito e esquerdo Inspeção n Cor: icterícia ou cianose n Superfície brilhosa sugere ascite n Examinar a existência de áreas hiperemiadas n Avaliar presença de cicatrizes e confronta-las com a HPP. n Contorno: Plano, arredondado, escafóide. Divisão em quatro regiões Contorno Arredondado Escafóide Protuberante Achatado Inspeção n Com uma lanterna iluminando o abdome perpendicularmente, inspecione de ambos os lados. n Observe assimetrias, abaulamentos, massas visíveis. Simetria Inspeção ü Localiza-se na linha média e é invertido ü Evertido na ascite ü Deprimido na obesidade ü Aumentado ou evertido na hérnia umbelical ü Evertido ou destacado na gravidez Cicatriz umbelical Inspeção Inspeção Divisão em quatro regiões ü A superfície é lisa e uniforme, com coloração homogênea. ü Estrias: branco acinzentadas (fibras rompidas), róseas ou azuis são estrias recentes, roxo azulada (Síndrome de Cushing). ü Na ascite fica brilhosa (distensão) ü Observe cicatrizes cirúrgicas Pele Divisão em quatro regiões ü Movimentos Respiratórios ü Pulsações ü Movimentos peristálticos visíveis Pulsação ou movimento Inspeção ü Distribuição de pêlos - alterações sugerem anormalidades endócrinas - Aumentado: síndrome de Cushing – aumento de cortisol pela glândula putuitária. ü Postura: - Inquieta - dor em cólica - Quietude - dor da peritonite Inspeção Divisão em quatro regiões Cisto de Ovário Aneurisma da Aorta Esplenomegalia Abaulamentos Inspeção Grande acúmulo de fezes Hepatomegalia Abaulamentos Grávido Inspeção AUSCULTA Divisão em quatro regiões ü A ordem é invertida pois a percussão e palpação podem aumentar a peristalse e dar uma falsa interpretação dos ruídos intestinais ü Use o diafragma do estetoscópio (sons agudos 5 a 10 segundos) Ausculta n Antes devemos aquecer as mãos e o diafragma do estetoscópio pois o frio pode levar a uma contração dos músculos abdominais. n Ruídos Intestinais como Burburinhos : gases e líquido passando por dobras intestinais ü Frequência ü Características ü Varia de 2-11 / minuto Ausculta Ruídos Intestinais Ruídos Intestinais gastroenterite peritonite Íleo paralítico • A ausência de ruídos intestinais é estabelecida somente após 5 minutos de ausculta contínua Ausculta n Para constatar sopros nas artérias aorta, renal, ilíaca e femoral,deve-se proceder a ausculta nas regiões abaixo indicadas: Percussão n É utilizada para avaliar o tamanho e a densidade do órgão no abdome n Também importante para detectar a presença de líquido (ascite), de ar (distenção gástrica) e massas preenchidas com líquido ou sólidos. Percussão F SOM MACIÇO: é obtido quando se percutem regiões sólidas, desprovidas de ar, como baço, fígado, rins e músculos - onde é tocado é duro, pode indicar hemorragia interna F SOM SUBMACIÇO: decorre da percussão de regiões relativamente densas, com quantidade restrita de ar, como a região de transição entre o parênquima pulmonar e um órgão sólido. F TIMPÂNICO: é o som “oco” produzido pela percussão de cavidades fechadas que contém ar, como o estômago, pulmão, intestino. Percussão n A percussão deve seguir a seguinte rota, devendo iniciar na linha hemiclavicular direita, quadrante superior. PERCUSSÃO POR PIPAROTE ü Aspecto globoso ü Cicatriz umbilical = plana ou protusa ASCITE Percussão Ascite – sinal de Piparoti n Sinal de onda líquida indicativo de ascite . n Para realizar o procedimento pede-se para o paciente (ou outra pessoa) colocar a mão na linha mediana do abdômen (apoiar com certa firmeza - não apoiando a palma, mas sim a lateral da mão esticada na linha mediana) e então realiza-se a percussão em um dos lados do abdômen. n Observa-se se há transmissão de onda de líquido para o lado oposto do abdômen. n Caso haja prosseguimento da onda para o lado oposto do abdômen o sinal é considerado positivo. Palpação n Utilizada para detectar espasmo muscular, massas, líquido e áreas de dor à palpação. n Avalia os órgãos quanto ao tamanho, a forma, mobilidade, consistência e tensão. n Pode ser: Superficial ou Profunda Palpação superficial n É realizada com a superfície palmar de seus dedos, deprimindo não mais que 1 cm. Palpação superficial n Possibilita: ü Identificar resistência muscular ü Áreas de sensibilidade ü Massa grande ou estrutura distendida Palpação superficial n Avaliação de hipersensibilidade n O paciente perceberá dor ou uma sensação exagerada a esta manobra. Palpação profunda n É importante para delinear os órgãos abdominais e detectar massas menos óbvias à palpação superfiacial. n Deve-se usar a superfície palmar dos dedos distendidos, pressionando profundamente a parede abdominal Palpação do fígado: mãos em garra Palpação do fígado: bimanual combinada Divisão em quatro regiões O BAÇO 10ª costela Linha axilar média Palpação do baço: bimanual combinada • Não é identificada pela palpação • Colilitíase e colicistite crônica (vesícula não é palpável) – f requentemente o pac iente queixa-se de dor quando exerce uma compressão sob a borda costal direita durante a inspiração profunda (SINAL DE MURPHY) Presença de vesícula biliar palpável em pacientes ictéricos – sugestivo de neoplasia maligna. Palpação da Vesícula Biliar Palpação da aorta abdominal n Com o paciente em posição supina, palpe profundamente e ligeiramente a esquerda da linha média e sinta a pulsação da aorta. n Uma pulsação lateral sugere um aneurisma de aorta. Algumas causas de dor percebida nas regiões anatômicas QSD Ulcera duodenal Hepatite Hepatomegalia pneumonia QID Apendicite Cisto ovariano Gravidez ectópica rota Cálculo renal ou ureteral Hérnia estrangulada QSE Baço rompido Ulcera gástrica Aneurisma de aorta Cólon perfurado Pneumonia QIE Diverticulite do sigmóide Cisto ovariano Gravidez ectópica rota Calculo renal ou ureteral Hérnia estrangulada Cólon perfurado Periumbilical Pancreatite aguda Apendicite inicial Trombose mesentérica Aneurisma de aorta Diverticulite Alterações Semiológicas em algumas doenças Síndrome Irritação Peritonial n Inspeção Geral : fácies de dor ou apreensão, marcha com flexão de tronco, respiração torácica e rápida, comprometimento sistêmico nos graves n Inspeção Abdominal : imóvel com poucos movimentos respiratórios n Palpação Superficial : aumento da tensão superficial, contratura muscular (hiperestesia) n Palpação Profunda : compressão e descompressão dolorosas n Percussão : dor com impedimento do ato n Ausculta : diminuição dos movimentos Síndrome Obstrutiva n Inspeção Geral : vômitos ou resíduo gástrico; por vezes sinais de desidratação; ausência de eliminação de fezes n Inspeção Abdominal: abaulamento localizado ou global; n Palpação Superficial: tensão pode estar aumentada n Palpação Profunda: nenhuma evidência do aumento de vísceras; restante sem característica n Percussão: hipertimpanismo em alguns casos n Ausculta: peristaltismo de luta com posterior diminuição dos movimentos Apendicite n Inicia-se com dor periumbilical em cólica, mais tarde localiza-se no QID. n Achados: Ø Defesa Ø Dor à palpação Ø Hiperestesia na pele do QID Ø Anorexia Ø Náusea Ø Vomito Ø Febre baixa Hérnia n Hérnia é a protrusão (saliência) de uma porção do intestno que se exterioriza através de um ponto fraco natural ou adquirido. n O conteúdo das hérnias que atravessa a musculatura da parede abdominal é constituído, habitualmente, por alças intestinais, especialmente de intestino delgado que é muito mais móvel do que o intestino grosso. 1. JARVIS, C. Exame físico e avaliação de saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 2. POTTER, P.A.; PERRY, A.G. Fundamentos de enfermagem: conceitos, processo e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 2V. 3. SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. - BRUNER & SUDDARTH - Tratado de enfermagem médico - cirúrgica. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2002. 2 V. 4. De BARROS, ALBL et al. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de enfermagem no adulto. Porto Alegre: Artmed, 2002 Bibliografia
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