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Cap´ıtulo 26 Te´cnicas de Integrac¸a˜o Voceˆ ja´ deve ter percebido que resolver integrais ou achar primitivas de uma func¸a˜o qualquer na˜o e´ muito simples, por isso e´ necessa´rio desenvolver algumas te´cnicas ou me´todos gerais que facilitem esta tarefa. Mesmo programas de computador como o Maple na˜o fazem milagres! Veja, por exemplo, o que acontece quando tentamos usar o Maple para resolver a integral ? (1 + ln(x)) ? 1 + (x ln(x))2 dx. > int((1+log(x))*sqrt(1+(x*log(x))^2),x); ? (1 + ln(x)) ? 1 + x2 ln(x)2 dx O Maple na˜o encontrou a primitiva!! No entanto, esta integral pode ser resolvida se usarmos o me´todo de subs- tituic¸a˜o de varia´veis que aprendemos em cap´ıtulos anteriores. De fato, a substituic¸a˜o u = x ln(x) transforma esta integral em ? √ 1 + u2 du, cuja primitiva aprenderemos a calcular, neste cap´ıtulo, usando uma te´cnica geral chamada substituic¸a˜o trigonome´trica. Portanto, mesmo tendo a nossa disposic¸a˜o um computador com um fabuloso programa computacional alge´brico, ainda assim precisamos estudar e aprender matema´tica porque, felizmente, so´ os homens (e mulheres) conseguem pensar e criar. As pro´ximas sec¸o˜es se destinam ao estudo de me´todos gerais que se apliquem a` resoluc¸a˜o de tipos especiais de integrais. 26.1 Integrac¸a˜o por partes O me´todo de substituic¸a˜o de varia´veis se aplica a` resoluc¸a˜o de uma integral cujo integrando envolve, essencialmente, a derivada de uma composic¸a˜o de func¸o˜es. Essa te´cnica de integrac¸a˜o estabelece, de uma certa maneira, uma regra da cadeia para integrais. Outra importante te´cnica de integrac¸a˜o e´ conhecida como integrac¸a˜o por partes. Esta te´cnica e´ aplicada na resoluc¸a˜o de uma integral que envolve o produto de duas func¸o˜es e e´ uma consequ¨eˆncia simples da regra do produto para derivadas. O exemplo a seguir ilustra o emprego e a necessidade desta te´cnica. Sabemos que d dx (x sen(x) + cos(x)) = x cos(x). Consequ¨entemente, ? x cos(x) dx = x sen(x) + cos(x) + C . Assim, trabalhando de tra´s para a frente resolvemos facilmente um problema de integrac¸a˜o que envolve o produto de duas func¸o˜es. No entanto, com as te´cnicas que temos dispon´ıveis ate´ agora para resolver integrais na˜o conseguir´ıamos uma resposta para este problema se o tive´ssemos proposto na ordem direta. Para resolver integrais deste tipo preci- samos de uma espe´cie de regra do produto para integrais. Motivados pelo exemplo acima, vamos tentar estabelecer esta regra trabalhando de tra´s para a frente. A regra para a derivada do produto estabelece que (u v)? = u? v + u v?, onde u = u(x) e v = v(x) sa˜o func¸o˜es deriva´veis. A fo´rmula acima equivale a u v? = (u v)? − u? v. 359 360 Cap. 26 Te´cnicas de Integrac¸a˜o Integrando esta igualdade, obtemos ? u v? dx = uv − ? v u? dx. Como u = u(x)⇒ du = u?(x)dx e v = v(x)⇒ dv = v?(x)dx, a igualdade acima pode ser escrita como ? u dv = uv − ? v du. Esta e´ a fo´rmula para a integrac¸a˜o por partes. Para aplicar esta fo´rmula na resoluc¸a˜o de uma determinada integral, devemos fatorar o integrando em duas partes u e dv (da´ı o nome do me´todo), levando em considerac¸a˜o dois princ´ıpios: 1. A primitiva v = ? dv deve ser fa´cil de determinar. 2. A nova integral ? vdu deve ser mais fa´cil de calcular que a integral original. Observe que no caso de integral definida a fo´rmula acima e´ equivalente a ? b a u dv = u(b) v(b)− u(a) v(a)− ? b a v du. Exemplo 1 Calcule ? x ex dx. Fac¸a u = x e dv = ex dx . Assim, du = dx e v = ? ex dx = ex. Substituindo estes resultados na fo´rmula de integrac¸a˜o por partes, obtemos ? x ex dx = x ex − ? ex dx = xex − ex + C. Observe que se tive´ssemos escolhido u = ex e dv = x dx , ter´ıamos du = ex dx e v = x22 . Neste caso, aplicando a fo´rmula de integrac¸a˜o por partes transformar´ıamos a integral original em outra mais dif´ıcil de ser calculada, como se segue ? x ex dx = x 2 ex 2 − ? x2 ex 2 dx. Portanto, esta segunda escolha e´ inadequada para resolver a integral proposta. Exemplo 2 Calcule ? x2 ex dx. Fac¸a u = x2 e dv = ex dx. Enta˜o, du = 2x dx e v = ex. Substituindo estes resultados na fo´rmula de integrac¸a˜o por partes, obtemos ? x2 ex dx = x2 ex − 2 ? x ex dx = x2 ex − 2 ex (x− 1) + C = ex (x2 − 2 x+ 2) + C. Exemplo 3 Calcule ? ln(x) dx. Para esta integral, fac¸a u = ln(x) e dv = dx . Assim, du = dxx e v = x. Substituindo estes resultados na fo´rmula de integrac¸a˜o por partes, obtemos: ? ln(x) dx = x ln(x)− ? x x dx = x ln(x)− x+ C = x (ln(x)− 1) + C. Exemplo 4 Calcule ? x sen(x) dx. Fac¸a u = x e dv = sen(x) dx. Enta˜o, du = dx e v = −cos(x). Assim, ? x sen(x) dx = −xcos(x)− ? −cos(x) dx = −xcos(x) + sen(x) + C. W.Bianchini, A.R.Santos 361 Exemplo 5 Calcule ? arctg(x) dx. Fac¸a u = arctg(x ) e dv = dx. Enta˜o, du = 11 + x2 dx e v = x. Logo,? arctg(x) dx = x arctg(x)− ? x 1 + x2 dx . Esta u´ltima integral pode ser resolvida por substituic¸a˜o de varia´veis, fazendo-se t = 1+x2, o que implica que dt = 2x dx . Assim ? x 1 + x2 dx = 1 2 ? 1 t dt = 1 2 ln(t) + C = 1 2 ln(1 + x 2) + C . Logo, ? arctg(x) dx = x arctg(x)− 12 ln(1 + x 2) + C . Exemplo 6 Ao aplicar o me´todo de integrac¸a˜o por partes, pode acontecer de retornarmos a` integral original. Vamos mostrar como solucionar este problema resolvendo a integral ? ex sen(x) dx. Fazendo u = ex e dv = sen(x) dx , temos que du = ex dx e v = −cos(x). Assim, a fo´rmula de integrac¸a˜o por partes fornece ? ex sen(x) dx = −ex cos(x) + ? ex cos(x) dx. Repetindo o mesmo processo para resolver a nova integral, fazemos agora u = ex e dv = cos(x) dx. Tem-se, enta˜o, que du = ex dx e v = sen(x), e a fo´rmula de integrac¸a˜o por partes, aplicada a` u´ltima integral da expressa˜o acima, resulta em ? ex sen(x) dx = −ex cos(x) + ? ex cos(x) dx = −ex cos(x) + ex sen(x)− ? ex sen(x) dx. Fazendo I = ? ex sen(x) dx, a igualdade acima nos diz que I = −ex cos(x) + ex sen(x)− I que e´ equivalente a 2 I = −ex cos(x) + ex sen(x) + C ou I = −e x cos(x) + ex sen(x) 2 + C , isto e´, ? ex sen(x) dx = −e x cos(x) + ex sen(x) 2 + C . 26.1.1 Substituic¸a˜o por partes usando o Maple O maple possui uma sub-rotina, intparts(Int(f(x),x),u) do pacote student, que permite a voceˆ praticar o me´todo de integrac¸a˜o por partes. Vamos ilustrar como isto e´ poss´ıvel com alguns exemplos. Exemplo 1 Vamos resolver as integrais ? x ex dx e ? 3 −2 x ex dx com a ajuda do comando intparts do Maple. (Na˜o esquec¸a que antes de usar este comando temos que avisar o Maple que ele faz parte do pacote student. Esta e´ a func¸a˜o da linha de comando with(student).) > with(student): Fazendo u = x, no comando intparts), temos > I1:=intparts(Int(x*exp(x),x),x); I1 := x ex − ? ex dx 362 Cap. 26 Te´cnicas de Integrac¸a˜o Neste ponto voceˆ deve decidir se a sua escolha da func¸a˜o u foi adequada. A resposta neste caso e´ sim, pois esta u´ltima integral tem uma primitiva imediata. Se quiser, voceˆ pode continuar a usar o Maple para acabar de calcular esta integral > I2:=value(I1); I2 := x ex − ex Usando agora o teorema fundamental do ca´lculo, podemos resolver a integral definida ? 3 −2 x ex dx calculando I2(b)− I2(a), onde I2 = x ex − ex e´ a primitiva de f(x) = x ex, encontrada acima. Assim, temos > subs(x=3,I2)-subs(x=-2,I2); 2 e3 + 3 e−2 Exemplo 2 Calcule ? x ln(x) dx A escolha u = x nos conduz a > J1:=intparts(Int(x*ln(x),x),x); J1 := x (x ln(x)− x)− ? x ln(x)− x dx Por outro lado, fazendo u = ln(x ), obtemos > J2:=intparts(Int(x*ln(x),x),ln(x)); J2 := 12 ln(x) x 2 − ? 1 2 x dx Observe que a segunda escolha e´ mais adequada para resolver a integral dada. Exemplo 3 Calcule ? x2 sen(x) dx Neste caso, ha´ va´rias escolhasposs´ıveis. Vamos tentar todas e observar os resultados. 1. Fazendo u = x2, obtemos > A1:=intparts(Int(x^2*sin(x),x),x^2); A1 := −cos(x) x2 − ? − 2 x cos(x) dx 2. Escolhendo, agora, u = x, temos > A2:=intparts(Int(x^2*sen(x),x),x); A2 := x (sen(x)− x cos(x))− ? sen(x)− x cos(x) dx 3. Ou, ainda, escolhendo u = sen(x ), temos > A3:=intparts(Int(x^2*sen(x),x),sen(x)); A3 := 13 sen(x) x 3 − ? 1 3 cos(x) x 3 dx Dos resultados obtidos, podemos concluir que a primeira escolha e´ a mais adequada para se calcular a integral acima 26.1.2 Exerc´ıcios 1. Calcule as integrais a seguir: W.Bianchini, A.R.Santos 363 (a) ? sen2 x dx (b) ? sen3 x dx (c) ? x cos(a x) dx (d) ? x2 ex dx (e) ? cos4 x dx (f) ? e(3 x) cos(2 x) dx (g) ? x3 e(x2) dx (h) ? x2 sen(x) dx (i) ? √x ln(x) dx (j) ? x √ 1 + x dx (k) ? x sec2 x dx 2. (a) Verifique a veracidade da fo´rmula ? lnn x dx = x lnx x−n ? ln(n−1) x dx . Fo´rmulas deste tipo sa˜o chamadas fo´rmulas de reduc¸a˜o. Aplicando esta fo´rmula n− 1 vezes, e´ poss´ıvel calcular a integral da esquerda. (b) Aplique a fo´rmula obtida no item anterior para calcular ? ln3 x dx. (c) Deduza uma fo´rmula de reduc¸a˜o para i. ? xn sen(x) dx ii. ? xn ex dx iii. ? xn lnn x dx 3. Calcule ? sen(ln(x)) dx. (Decida qual e´ o procedimento mais promissor e prossiga com fe´!) 26.2 Integrais trigonome´tricas especiais Nesta sec¸a˜o estudaremos certas integrais em que o integrando e´ poteˆncia de uma func¸a˜o trigonome´trica ou o produto de duas dessas poteˆncias, exemplificando cada um dos casos abordados. 1. Poteˆncias pares de seno e coseno Exemplo 1 Para calcular as integrais ? sen2 x dx e ? cos2 x dx podemos proceder de duas maneiras: (a) Usando integrac¸a˜o por partes. (b) Utilizando as identidades trigonome´tricas sen2 x = 12 (1− cos(2 x)) e cos2 x = 12 (1 + cos(2 x)). Vamos resolver a primeira integral utilizando integrac¸a˜o por partes: ? sen2 x dx = ? sen(x) sen(x) dx. Fazendo u = sen(x ) e dv = sen(x) dx , temos que du = cos(x) dx e v = −cos(x). Assim, ? sen2 x dx = ? sen(x) sen(x) dx = −sen(x) cos(x)− ? −cos(x) cos(x) dx = −sen(x) cos(x) + ? 1− sen2 x dx = −sen(x) cos(x) + x− ? sen2 x dx . Essa igualdade resulta em: ? sen2 x dx = 12(−sen(x) cos(x) + x) + C = x 2 − sen(2 x) 4 + C. Resolvendo a segunda integral utilizando a identidade trigonome´trica indicada, temos ? cos2 x dx = ? 1 + cos(2 x) 2 dx = x 2 + sen(2 x) 4 + C. Exemplo 2 Vamos calcular a integral ? sen4 x cos2 x dx. 364 Cap. 26 Te´cnicas de Integrac¸a˜o Para resolver esta integral, vamos utilizar a identidade sen2 x+ cos2 x = 1, para escrever o integrando so´ em termos de senos ou so´ em termos de cossenos. Assim, ? sen4 x cos2 x dx = ? sen4 x (1− sen2 x) dx = ? sen4 x− sen6 x dx. A integral de sen4 x pode ser calculada, como anteriormente, usando-se a identidade trigonome´trica sen2 x = 12 (1− cos(2 x)) e observando que sen4 x = (sen2 x)2; a integral ? sen6 x dx pode ser resolvida por partes, observando- se que sen6 x = sen5 x sen(x). 2. Poteˆncias ı´mpares de seno ou coseno Integrais do tipo ? sen5 x cos2 x dx sa˜o resolvidas por substituic¸a˜o. Para isto, basta observar que ? sen5 x cos2 x dx = ? sen4 x sen(x) cos2 x dx. Agora, fazendo u = cos(x), enta˜o du = −sen(x)dx. Assim, temos ? sen5 x cos2 x dx = ? sen4 x sen(x) cos2 x dx = − ? (1− u2)2 u2 du = − ? u2 − 2 u4 + u6 du = −(u 3 3 − 2 u5 5 + u7 7 ) + C = − cos3 x 3 + 2 cos5 x 5 − cos7 x 7 + C. 3. Poteˆncias inteiras de tangente Vamos calcular ? tg(x) dx. A substituic¸a˜o u = cos(x) e du = −sen(x)dx, resulta em ? tg(x) dx = ? sen(x) cos(x) dx = − ? 1 u du = −ln(|u |) + C = −ln(| cos(x) |) + C = ln(| sec(x) |) + C. Da mesma forma e´ poss´ıvel obter os seguintes resultados: (a) ? cotg(x) dx = ln(| sen(x) |) + C (b) ? tg2 x dx = ? sec2 x− 1 dx = tg(x)− x+ C (c) ? tg3 x dx = ? tg2 x tg(x) dx = ? (sec2 x− 1) tg(x) dx = ? sec2 x tg(x) dx− ? tg(x) dx A primeira integral pode ser resolvida fazendo-se u = tg(x)⇒ du = sec2 x dx , e assim, ? tg3 x dx = tg 2 x 2 − ln(| sec(x) |) + C. 4. Poteˆncias inteiras de secante Exemplo 1 Calcular ? sec(x) dx. Esta integral pode ser resolvida usando-se integrac¸a˜o por partes. Pore´m, um me´todo mais ra´pido e´ obtido multiplicando-se e dividindo-se o integrando por sec(x) + tg(x) e fazendo a substituic¸a˜o u = sec(x ) + tg(x ) ⇒ du = sec(x ) tg(x) + sec2 (x) dx. Assim, ? sec(x) dx = ? sec(x) (sec(x) + tg(x)) sec(x) + tg(x) dx = ? 1 u du = ln(|u |) + C = ln(| sec(x) + tg(x) |) + C. W.Bianchini, A.R.Santos 365 Exemplo 2 Calcular ? sec3 x dx. Como u = sec(x) ⇒ du = sec(x) tg(x), e dv = sec2 x dx ⇒ v = tg(x), a fo´rmula de integrac¸a˜o por partes resulta em ? sec3 x dx = ? sec2 x sec(x) dx = sec(x) tg(x)− ? tg2 x sec(x) dx = sec(x) tg(x)− ? (sec2 x− 1) sec(x) dx = sec(x)tg(x)− ? sec3 x dx+ ? sec(x) dx Assim, 2 ? sec3 x dx = sec(x) tg(x) + ? sec(x) dx , ou seja, ? sec3 x dx = 12(sec(x) tg(x) + ln(| sec(x) + tg(x) |) + C. 26.3 Substituic¸a˜o trigonome´trica O me´todo da substituic¸a˜o trigonome´trica pode ser empregado na resoluc¸a˜o de integrais cujos integrandos envolvem expresso˜es do tipo ? a2 − x2 , ? a2 + x2 e ? x2 − a2 . A tabela abaixo mostra as substituic¸o˜es trigonome´tricas indicadas em cada caso. Na primeira coluna indicamos o tipo de integrando, na segunda, a substituic¸a˜o a fazer; e, na terceira, a identidade trigonome´trica a ser usada. √ a2 − x2 ↔ x = a sen θ ↔ cos2 θ = 1− sen2 θ √ a2 + x2 ↔ x = a tg θ ↔ sec2 θ = 1 + tg2 θ √ x2 − a2 ↔ x = a secθ ↔ tg2 θ = sec2 θ − 1 A seguir, exemplificamos cada um dos casos indicados. Exemplo 1 Calcular ? ? 9− x2 dx. A substituic¸a˜o indicada e´ x = 3 sen θ, o que implica dx = 3 cos θ dθ e da´ı ? ? 9− x2 dx = 9 ? ? 1− sen2 θ cos(θ) dθ = 9 ? √ cos2 θ cos(θ) dθ = 9 ? |cos(θ)| cos(θ) dθ. Observe que θ = arcsen (x3 ), para θ no intervalo [−π2 , π2 ]. Como neste intervalo cos(θ) ≥ 0, temos ? ? 9− x2 dx = 9 ? cos2 θ dθ = 9 ? 1 + cos(2 θ) 2 dθ = 9 ?θ 2 + sen(2 θ) 4 ? + C = 9 ?arcsen(x3 ) 2 + 2 sen(θ) cos(θ) 4 ? + C = 92 ? arcsen(x3 ) + x √ 9− x2 9 + C ? = 92arcsen( x 3 ) + 1 2x ? 9− x2 + C. Exemplo 2 Calcular ? ? 4 + x2 dx. 366 Cap. 26 Te´cnicas de Integrac¸a˜o A substituic¸a˜o indicada neste caso e´ x = 2 tg θ ⇒ dx = 2 sec2 θ dθ. Da´ı, obtemos ? ? 4 + x2 dx = ? ? 4 + 4 tg2 θ 2 sec2 θ dθ = 4 ? √ sec2 θ sec2 θ dθ = 4 ? | sec θ | sec2 θ dθ = 4 ? sec3 θ dθ = 2(sec θ tg θ + ln(| sec θ + tg θ |) + C. Observe que a identidade inversa θ = arctg(x2 ) so´ e´ va´lida quando o aˆngulo θ estiver no intervalo [−π2 , π2 ]. Neste intervalo, sec θ > 0. Por esta raza˜o, na penu´ltima igualdade acima vale a substituic¸a˜o | sec θ | = sec θ. Para terminar a resoluc¸a˜o da integral proposta, devemos retornar a` varia´vel x. Para isto usamos a identidade trigonome´trica tg2 θ = sec2 θ − 1. Assim, temos: ? ? 4 + x2 dx = 2 ?? 1 + (x2 ) 2 x 2 + ln ???? ? 1 + (x2 ) 2 + x2 ???? ? + C = 2 ? x 4 ? 4 + x2 + ln ????? √ 4 + x2 2 + x 2 ????? ? + C. Exemplo 3 Calcular ? 1 x √ x2 − 1 dx. A substituic¸a˜o x = sec θ implica que dx = sec θ tg θ dθ. Da´ı, temos ? 1 x √ x2 − 1 dx = ? sec θ tg θ sec θ √ sec2 θ − 1 dθ = ? tg θ |tg θ| dθ. Como a identidade θ = arcsec x so´ e´ va´lida para θ em [0, π2 )∪ (π2 , π], tg θ > 0 em (0, π2 ) e tg θ < 0 em (π2 , π), a u´ltima integral acima se transforma em ? tg θ | tg θ | dθ = ? dθ = θ + C , se θ ∈ (0, π2 ) − ? dθ = −θ + C , se θ ∈ (π2, π) . Logo, ? 1 x √ x2 − 1 dx = ? arcsec(x) + C , se x > 1 −arcsec(x) + C , se x < −1 Existem casos em que e´ necessa´ria alguma manipulac¸a˜o alge´brica antes de tentarmos aplicar um dos casos de substituic¸a˜o trigonome´trica. O exemplo abaixo ilustra esta situac¸a˜o. Exemplo 4 Calcular ? 1√ x2 + x− 2 dx. Completando o quadrado no radicando, temos ? 1√ x2 + x− 2 dx = ? 1? (x+ 12 )2 − ( 32 )2 dx. A substituic¸a˜o x+ 12 = 3 sec θ2 ⇒ dx = 32 sec θ tg θ dθ e conduz a ? 1√ x2 + x− 2 dx = ? 1? (x+ 12 )2 − ( 32 )2 dx = ? sec θ tg θ√ sec2 θ − 1 dθ = ± ? sec θ dθ = ln | sec θ + tg θ |+ C = ln ?????? 2 x+ 1 3 + 2 √ x2 + x− 2 3 ????? ? + C. W.Bianchini, A.R.Santos 367 26.4 Func¸o˜es racionais e frac¸o˜es parciais Recordemos que uma func¸a˜o racional e´ da forma P (x) = N (x)Q(x) , onde N (x) e Q(x) sa˜o polinoˆmios. Nesta sec¸a˜o vamos descrever um me´todo usado para integrar func¸o˜es racionais, que consiste em escrever estas func¸o˜es como a soma de func¸o˜es racionais mais simples, cujas integrais sejam calculadas facilmente. Para exemplificar, vamos examinar a func¸a˜o P (x) = x+5x2+x−2 . O problema e´ calcular a ? x+5 x2+x−2 dx. Repare que 2 x− 1 − 1 x+ 2 = 2 (x+ 2)− (x− 1) (x− 1) (x+ 2) = x+ 5 x2 + x− 2 . Esta identidade permite concluir que ? x+ 5 x2 + x+−2 dx = ? 2 x− 1 dx− ? 1 x+ 2 dx = 2 ln(|x− 1 |)− ln(|x+ 2 |) + C. Esta conclusa˜o na˜o seria ta˜o simples se na˜o soube´ssemos de antema˜o que 2 x− 1 − 1 x+ 2 = x+ 5 x2 + x− 2 . O problema de integrar a func¸a˜o x+5x2+x−2 se resume, enta˜o, ao problema de decompor esta frac¸a˜o em parcelas mais simples. Este me´todo e´ chamado de decomposic¸a˜o em frac¸o˜es parciais. As regras que permitem chegar a decomposic¸o˜es deste tipo sa˜o enumeradas a seguir. Considere a func¸a˜o P (x) = N (x)Q(x) . Se o grau de N (x) for maior ou igual do que o grau de Q(x), podemos efetuar a divisa˜o e escrever P (x) na forma P (x) = N (x)Q(x) = D(x) + R(x) Q(x) , onde D(x) e´ um polinoˆmio, o grau de R(x) e´ menor do que o grau de Q(x) e R(x) e Q(x) na˜o teˆm fatores comuns. Tendo em vista esta observac¸a˜o, o problema de calcular integrais de func¸o˜es racionais se reduz ao de examinar o caso das func¸o˜es onde o grau do numerador e´ estritamente menor do que o grau do denominador. Estas func¸o˜es sa˜o ditas func¸o˜es racionais pro´prias. Nossa tarefa, portanto, e´ decompor a frac¸a˜o R(x)Q(x) , onde o grau de R(x) e´ estritamente menor do que o grau de Q(x), numa soma de frac¸o˜es mais simples, isto e´, R(x) Q(x) = R1(x) Q1(x) + R2(x)Q2(x) + . . .+ Rn(x)Qn(x) esperando que cada uma dessas parcelas possa ser integrada sem muita dificuldade. Em cursos de a´lgebra, mostra-se que toda func¸a˜o racional pode ser decomposta na forma acima e que 1. Se Q(x) = (x− r1) (x− r2) ... (x− rn−1) (x− rn), enta˜o R(x) Q(x) = A1 x− r1 + A2x− r2 + . . .+ Anx− rn , onde A1, A2, ... An sa˜o constantes a serem determinadas. 2. Se Q(x ) = (x− r)m, enta˜o R(x) Q(x) = A1 x− r + A2 (x− r)2 + . . .+ Am (x− r)m , onde A1, A2, ... An sa˜o constantes a serem determinadas. 368 Cap. 26 Te´cnicas de Integrac¸a˜o 3. Se Q(x) = (a x2 + b x+ c)k, sendo a x2 + b x+ c irredut´ıvel, isto e´, sem ra´ızes reais, enta˜o Q(x) R(x) = A1 x+ B1 a x2 + b x+ c + A2 x+ B2 (a x2 + b x+ c)2 + . . .+ Ak x+ Bk (a x2 + b x+ c)k , onde Ai e Bi para i = 1...k sa˜o constantes a serem determinadas. 4. Se Q(x) = (x− r1) (x− r2) ... (x− rn) (x− r)m (a x2 + b x+ c)k, enta˜o R(x) Q(x) = A1 x− r1 + A2x− r2 + . . .+ Anx− rn + B1x− r + B2 (x− r)2 + . . .+ Bm (x− r)m + A1 x+ B1a x2 + b x+ c + A2 x+ B2 (a x2 + b x+ c)2 + . . .+ Ak x+ Bk (a x2 + b x+ c)k , onde Ai e Bi para i = 1...k sa˜o constantes a serem determinadas. Vejamos alguns exemplos para ilustar este me´todo. Exemplo 1 Calcule a integral ? 1 x2 − 1 dx. Como x2 − 1 = (x− 1) (x+ 1), temos 1(x− 1) (x+ 1) = A x− 1 + B x+ 1 = A (x+ 1) + B (x− 1) (x− 1) (x+ 1) . Assim, 1 = A (x+ 1)+B (x− 1) = (A+B)x+A−B. Como dois polinoˆmios sa˜o iguais quando os coeficientes dos termos de mesmo grau sa˜o iguais, temos que ? A+ B = 0 A− B = 1 . Resolvendo este sistema, obtemos A = 12 e B = − 12 . Portanto, ? 1 x2 − 1 dx = 1 2 ? 1 x− 1 dx− 1 2 ? 1 x+ 1 dx = 1 2ln |x− 1 | − 1 2 ln |x+ 1 |+ C = 1 2 ln( ???? x− 1 x+ 1 ????) + C. Exemplo 2 Calcule ? 1 x (x+ 3) dx. Como 1x (x+ 3) = A x + B x+ 3, operando algebricamente como no exemplo anterior, obtemos 1 = A(x+ 3) + Bx. Logo, ? A+ B = 1 3A = 1 . Resolvendo este sistema, conclu´ımos que A = 13 e B = − 13 . Portanto, ? 1 x (x+ 3) dx = 1 3 ? 1 x dx− 1 3 ? 1 x+ 3 dx = 1 3 (ln |x | − ln |x+ 3 |) + C = 1 3 ln ???? x x+ 3 ????+ C. Exemplo 3 Resolva a integral ? x2 + x+ 1 x2 − 1 dx. Neste caso, como o grau do numerador e´ igual ao do denominador, primeiro efetuamos a divisa˜o indicada. Faremos isto com o aux´ılio do Maple. Obtemos o quociente da divisa˜o com o comando > quo(x^2+x+1,x^2-1,x,’r’); 1 e o resto dessa maneira > r; W.Bianchini, A.R.Santos 369 x+ 2 Assim, x2 + x+ 1 x2 − 1 = 1 + x+ 2 x2 − 1 = 1 + x+ 2 (x− 1) (x+ 1) . Logo, ? x2 + x+ 1 x2 − 1 dx = x+ ? x+ 2 (x− 1) (x+ 1) dx. Por decomposic¸a˜o em frac¸o˜es parciais, podemos escrever que x+ 2 (x− 1) (x+ 1) = A x− 1 + B x+ 1 ⇒ x+ 2 = A(x+ 1) + B(x− 1) . Assim, ? A+ B = 1 A− B = 2 ⇒ A = 3 2 e B = − 12 . Logo, ? x2 + x+ 1 x2 − 1 dx = x+ ? x+ 2 (x− 1) (x+ 1) dx = x+ 3 2 ? 1 x− 1 dx− 1 2 ? 1 x+ 1 dx = x+ 32 ln |x− 1 | − 1 2 ln |x+ 1 |+ C. Exemplo 4 Calcule a integral ? x (x− 1) (x2 + 1) dx. Usando decomposic¸a˜o em frac¸o˜es parciais, obtemos x (x− 1) (x2 + 1) = A x− 1 + B x+ C x2 + 1 ⇒ x = A (x 2 + 1) + (B x+ C) (x− 1) . Comparando os dois polinoˆmios, podemos concluir que A+ B = 0 C − B = 1 A− C = 0 . Resolvendo este sistema, conclu´ımos que A = 12 , B = − 12 e C = 12 . Assim, ? x (x− 1) (x2 + 1) dx = 1 2 ? 1 x− 1 dx+ 1 2 ?? − xx2 + 1 dx+ ? 1 x2 + 1 dx ? = 12 ln |x− 1 | − 1 4 ln(x 2 + 1) + arctg(x) + C. Exemplo 5 Este exemplo ilustra um caso onde o me´todo de decomposic¸a˜o em frac¸o˜es parciais na˜o pode ser usado. Considere a integral ? x 2 x2 + 4 x+ 3 dx. O polinoˆmio Q(x) = 2 x2+4 x+3 e´ irredut´ıvel e o me´todo na˜o funciona porque na˜o leva a nenhuma decomposic¸a˜o da frac¸a˜o dada. (Experimente!) Neste caso, podemos completar o quadrado que aparece no denominador e tentar algum tipo de substituic¸a˜o, como e´ feito a seguir: Q(x) = 2 x2 + 4 x+ 3 = 2 (x2 + 2 x+ 32 ) = 2 (x2 + 2 x+ 1− 1 + 32 ) = 2 ((x+ 1)2 + 12 ) = ( √ 2 (x+ 1))2 + 1 . A substituic¸a˜o u = √ 2 (x+ 1), du = √ 2 dx permite, enta˜o, escrever ? x 2 x2 + 4 x+ 3 dx = 1√ 2 ? u√ 2 − 1 u2 + 1 du = 1 2 ? u u2 + 1 du− 1√ 2 ? 1 u2 + 1 du = 14 ln(u 2 + 1)− 1√ 2 arctg(u) + C = 14 ln(2 x 2 + 4 x+ 3)− 1√ 2 arctg( √ 2 (x+ 1)) + C. 370 Cap. 26 Te´cnicas de Integrac¸a˜o 26.4.1 Usando o Maple para decompor uma func¸a˜o racional em frac¸o˜es parciais O Maple tem uma sub-rotina para converter uma func¸a˜o racional pro´pria em frac¸o˜es parciais. Isto pode ser feito com o comando convert junto com a opc¸a˜o parfrac. O exemplo abaixo ilustra o procedimento a ser seguido. > p:=x->(x^2-2*x-3)/((x-1)*(x^2+2*x+2)); p := x→ x 2 − 2 x− 3 (x− 1) (x2 + 2 x+ 2) > f:=convert(p(x),parfrac,x); f := −45 1 x− 1 + 1 5 7 + 9 x x2 + 2 x+ 2 . Assim, ? x2 − 2 x− 3 (x− 1) (x2 + 2 x+ 2) dx = ? − 45 (x− 1) + (7 + 9 x) 5 (x2 + 2 x+ 2) dx . Resolvendo esta u´ltima integral, obtemos > Int(f,x):%=int(f,x)+c; ? − 45 1 x− 1+ 1 5 7 + 9 x x2 + 2 x+ 2 dx = − 4 5 ln| (x− 1) |+ 9 10 ln(x 2 + 2 x+ 2)− 25 arctg(1 + x) + C. Derivando a resposta obtida, podemos verificar a correc¸a˜o do resultado. > diff(-4/5*ln(x-1)+9/10*ln(x^2+2*x+2)-2/5*arctan(1+x)+c, > x); −45 1 x− 1 + 9 10 2 x+ 2 x2 + 2 x+ 2 − 2 5 1 1 + (1 + x)2 . Simplificando esta u´ltima expressa˜o, obtemos a func¸a˜o inicial. > normal(%); x2 − 2 x− 3 (x− 1) (x2 + 2 x+ 2) e assim, comprovamos que a func¸a˜o F (x) = −4 ln(x− 1)5 + 9 ln(x2 + 2 x+ 2) 10 − 2 arctg(1 + x) 5 + C e´, realmente, uma primitiva da func¸a˜o x 2 − 2 x− 3 (x− 1) (x2 + 2 x+ 2) . 26.5 Exerc´ıcios 1. Calcule as integrais abaixo: (a) ? cos3 5 x dx (b) ? x2 ? 4− x2 dx (c) ? 1 (a2 + x2)3 dx (d) ? 1 x2 √ 1 + x2 dx (e) ? √x2 − a2 x dx (f) ? sen3 x dx (g) ? cos4 x dx (h) ? e(3 x) cos(2 x) dx (i) ? 1 (x− 2) (x− 3) dx (j) ? 2 x− 3 (x− 1)(x− 7) dx (k) ? x+ 1 (x− 1)2 (x− 2) dx (l) ? x2 + x+ 2 x2 − 1 dx (m) ? x3 x2 + 5 x− 6 dx (n) ? x5 + x4 − 8 x3 − 4 x dx (o) ? x5 x3 − 1 dx (p) ? 1 x2 + 2 x+ 2 dx (q) ? x2 − 2 x− 3 (x− 1)(x2 + 2 x+ 2) dx (r) ? x (x− 1)(x2 + 1) dx W.Bianchini, A.R.Santos 371 26.6 Para voceˆ meditar: Como usar o Maple no ca´lculo de integrais O programa Maple e´ uma o´tima ferramenta para calcular integrais. Pore´m, como vimos no in´ıcio deste cap´ıtulo, nem o melhor programa de computador consegue calcular certas integrais. Esta e´ uma das razo˜es pela qual o aluno deve ter noc¸a˜o das te´cnicas de integrac¸a˜o para reconhecer determinados tipos de integrais e decidir o caminho a seguir, mesmo que as contas sejam dif´ıceis ou cansativas quando feitas “no brac¸o”. Este conhecimento permite que examinemos com esp´ırito cr´ıtico a plausibilidade das respostas obtidas, quer com a ajuda do Maple, quer com a ajuda de outro programa computacional alge´brico qualquer. Vamos ilustrar com alguns exemplos como podemos fazer um bom uso dos recursos do Maple no ca´lculo de integrais. Exemplo 1 Calcule ? sen(5 x) sen(7 x) dx. Sem a ajuda do Maple ter´ıamos que integrar por partes ou utilizar alguma fo´rmula trigonome´trica para simplificar o integrando. Voceˆ pode tentar fazer isto, se quiser, para ver a dificuldade. Utilizando o Maple, temos: > Int(sin(5*x)*sin(7*x),x):%=int(sin(5*x)*sin(7*x),x)+C;? sen(5 x) sen(7 x) dx = 14 sen(2 x)− 1 24 sen(12 x) + C. Como saber se a resposta obtida esta´ correta? A` primeira vista, parece dif´ıcil concluir que a derivada do resultado obtido e´ o integrando. No entanto, uma vez mais podemos usar o Maple para executar esta tarefa para no´s. Assim, > diff(rhs(%),x); 1 2 cos(2 x)− 1 2 cos(12 x). Esta func¸a˜o na˜o se parece com o integrando acima. Ainda utilizando o Maple, podemos verificar se existe alguma identidade trigonome´trica que converta o integrando na expressa˜o obtida acima. Para isso, usamos o programa para simplificar o integrando, levando em conta as identidades trigonome´tricas conhecidas. Isto e´ feito com o comando abaixo. > sin(5*x)*sin(7*x)=combine(sin(5*x)*sin(7*x),trig); sen(5 x) sen(7 x) = 12 cos(2 x)− 1 2 cos(12 x). Dessa maneira, mostramos que a integral em questa˜o foi calculada corretamente. Exemplo 2 Calcule ? x7 sen(5 x) dx. > Int(x^7*sin(5*x),x):%=value(%)+C; ? x7 sen(5 x) dx = −15 x 7 cos(5 x) + 725 x 6 sen(5 x) + 42125 x 5 cos(5 x)− 42125 x 4 sen(5 x) − 168625 x 3 cos(5 x) + 5043125 x 2 sen(5 x)− 100878125 sen(5 x) + 1008 15625 x cos(5 x) + C. Mais uma vez, podemos utilizar o Maple para verificar a resposta obtida. > diff(rhs(%),x); x7 sin(5 x) Exemplo 3 Calcule ? 1√ a2 − x2 dx. > Int(1/sqrt(a^2-x^2),x):%=value(%)+C; ? 1√ a2 − x2 dx = −I ln(I x+ ? a2 − x2) + C. O que ha´ de errado com esta resposta estranha? Frequ¨entemente, o Maple nos da´ respostas que a` primeira vista nos parecem estranhas, mas se analisarmos com cuidado descobriremos o “erro”. Na maior parte das vezes, o que para no´s parece o´bvio na˜o e´ corretamente especificado no comando que fornecemos ao programa, da´ı a resposta aparentemente sem sentido. No caso, na˜o especificamos quais valores a constante a poderia assumir. Antes de tentar utilizar o 372 Cap. 26 Te´cnicas de Integrac¸a˜o Maple para calcular esta integral, devemos informar ao programa que estamos considerando a > 0. Isto pode ser feito usando-se o comando assume. > assume(a>0); Agora, vamos tentar, outra vez, calcular esta integral: > Int(1/sqrt(a^2-x^2),x):%=value(%)+c; ? 1? a˜2 − x2 dx = arcsen( xa˜) + c. A func¸a˜o obtida dessa vez e´ realmente uma primitiva de 1√a2−x2 . (Com o til depois da constante a, o Maple nos informa que esta constante esta´ restrita a assumir determinados valores, no caso o resultado so´ e´ va´lido para valores positivos de a.) Exemplo 4 Vamos retornar ao exemplo com o qual iniciamos este cap´ıtulo, isto e´, vamos tentar encontrar uma primitiva para a func¸a˜o (1 + ln(x)) ? 1 + (x ln(x))2. Como vimos, na˜o chegamos a nenhum resultado pra´tico quando tentamos utilizar o Maple nesta tarefa, pois ele na˜o consegue encontrar uma primitiva para esta func¸a˜o. > int((1+ln(x))*sqrt(1+(x*ln(x))^2),x); ? (1 + ln(x)) ? 1 + x2 ln(x)2 dx. No entanto, se soubermos indicar ao programa o que deve ser feito, podemos “ensina´-lo” a calcular esta integral. Vamos, portanto, orienta´-lo a fazer a substituic¸a˜o u = x ln(x), como se segue: > with(student); > changevar(x*log(x)=u, > Int((1+ln(x))*sqrt(1+(x*ln(x))^2),x), u); ? √ 1 + u2 du Esta integral pode agora ser resolvida por substituic¸a˜o trigonome´trica, ou seja, ? ? 1 + u2 dx = u √ 1 + u2 2 + ln( √ 1 + u2 + u) 2 + C (confira!). Podemos tambe´m usar o comando int para resolver esta u´ltima integral: > int(sqrt(1+u^2),u); 1 2 u √ 1 + u2 + 12 arcsenh(u). Usando o comando convert(express~ao,ln) para obter uma outra expressa˜o para a func¸a˜o arcsenh(u) em termos de func¸o˜es logar´ıtmicas, podemos provar que os dois resultados acima sa˜o equivalentes! > convert(arcsinh(u),ln); ln( √ 1 + u2 + u). Usando o comando subs, para voltar a` varia´vel x, obtemos > resposta:=subs({u=x*log(x),u^2=(x*log(x))^2 > },u/2*sqrt(1+u^2)+ln(sqrt(1+u^2)+u)/2+C); resposta := 12 x ln(x) ? 1 + x2 ln(x)2 + 12 ln( ? 1 + x2 ln(x)2 + x ln(x)) + C. Finalmente, derivando esta resposta para conferir o resultado, vem que > diff(resposta,x); 1 2 ln(x) ? 1 + x2 ln(x)2 + 12 ? 1 + x2 ln(x)2 + 14 x ln(x) (2 x ln(x)2 + 2 x ln(x))? 1 + x2 ln(x)2 + 12 1 2 2 x ln(x)2 + 2 x ln(x)? 1 + x2 ln(x)2 + ln(x) + 1 ? 1 + x2 ln(x)2 + x ln(x) W.Bianchini, A.R.Santos 373 > simplify(%); x2 ln(x)3 + x2 ln(x)2 + ln(x) + 1? 1 + x2 ln(x)2 . Fatorando o numerador desta expressa˜o, temos finalmente > primitiva:=factor(x^2*(log(x))^3+x^2*(log(x))^2+log(x)+1)/sqrt(1+(x*l > og(x))^2); primitiva := (ln(x) + 1) ? 1 + x2 ln(x)2. Desse modo, conclu´ımos que ? (1 + ln(x)) ? 1 + (x ln(x))2 dx = x ln(x) ? (1 + x2 ln(x)2) 2 +ln( ? (1 + x2 ln(x)2)) + x ln(x) 2 + C e, dessa maneira, “ensinamos” o Maple a calcular esta integral! 26.7 Projetos 26.7.1 Integrac¸a˜o nume´rica: Regras do trape´zio e Simpson O in´ıcio do desenvolvimento do que hoje chamamos de Ca´lculo Diferencial e Integral se deu quando os trabalhos de Newton e Leibniz levaram a` demonstrac¸a˜o do teorema fundamental do ca´lculo, que estabeleceu a relac¸a˜o existente entre derivadas e integrais. A partir de enta˜o o problema de calcular uma integral, por exemplo ? b a f(x) dx, foi reduzido ao de determinar uma antiderivada ou primitiva da func¸a˜o f . Ale´m disso, sabemos tambe´m que se f for cont´ınua em [a, b], esta primitiva existe e e´ cont´ınua. No entanto, como vimos neste cap´ıtulo, calcular primitivas em termos defunc¸o˜es elementares (combinac¸o˜es de somas, diferenc¸as, produtos, quocientes, ra´ızes e composic¸o˜es de polinoˆmios, func¸o˜es trigonome´tricas, exponenciais ou logaritmos) na˜o e´ uma tarefa fa´cil, pelo contra´rio, existem func¸o˜es razoavelmente simples com primitivas que na˜o sa˜o func¸o˜es elementares! Por exemplo, sabe-se que a func¸a˜o ex2na˜o tem primitiva elementar. Veja como o Maple determina a primitiva desta func¸a˜o. > int(exp(x^2),x); −12 I √π erf(I x). A func¸a˜o erf(x ), definida simplesmente como erf(x) = ( 2√π ) ? x 0 e(−t 2) dt, e´ muito usada em estat´ıstica, na teoria de probabilidade. Existem muitas outras func¸o˜es que na˜o teˆm primitiva em termos de func¸o˜es elementares, mas todos que usam ca´lculo como uma ferramenta aplicada a` cieˆncia ou a` engenharia se defrontam, ocasionalmente, com o problema de avaliar integrais deste tipo. O objetivo deste projeto e´ descrever dois me´todos para calcular o valor nume´rico de uma integral do tipo ? b a f(x) dx, com o grau de precisa˜o que for necessa´rio. Estes me´todos sa˜o baseados em procedimentos simples que podem ser aplicados independentemente de podermos encontrar ou na˜o uma primitiva de f . As fo´rmulas aplicadas em cada caso usam somente aritme´tica e o ca´lculo de valores da func¸a˜o f num nu´mero finito de pontos do intervalo [a, b]. Estas fo´rmulas sa˜o mais eficientes do que as somas de Riemann, utilizadas na definic¸a˜o de integral, no sentido de que da˜o resultados mais precisos com menos trabalho computacional. A regra do trape´zio Considere uma partic¸a˜o regular do intervalo [a, b] definida pelos pontos a = x0 < x1<... < xn = b. A ide´ia e´ aproximar a a´rea entre f(x) e o eixo x, para xk−1 ≤ x ≤ xk, pelo trape´zio cuja aresta superior e´ o segmento que une os pontos (xk−1, f(xk−1)) e (xk, f(xk)), como mostra a figura: 374 Cap. 26 Te´cnicas de Integrac¸a˜o x[k]x[k–1] A a´rea deste trape´zio e´ dada por (f(xk−1) + f(xk)) (xk − xk−1)2 . Como a partic¸a˜o e´ regular, temos que (xk − xk−1) = b− a n = ∆ x. Somando-se as a´reas dos n trape´zios considerados na aproximac¸a˜o, teremos que a integral ? b a f(x) dx e´ aproxima- damente igual a (f(x0)2 + f(x1) + f(x2) + . . .+ f(xn−1) + f(xn) 2 )∆ x. Repare que cada um dos valores f(xi), exceto o primeiro e o u´ltimo, aparece na soma duas vezes, e isso explica a diferenc¸a entre os seus coeficientes que aparecem na fo´rmula. A regra do trape´zio pode enta˜o ser enunciada da seguinte maneira: Se f e´ cont´ınua em [a, b] e se existe uma partic¸a˜o regular de [a, b] determinada pelos pontos a = x0 < x1<... xn = b, enta˜o ? b a f(x) dx e´ aproximadamente igual a (b− a) (f(x0) + 2 f(x1) + 2 f(x2) + . . .+ 2 f(xn−1) + f(xn)) 2n . Podemos chegar a esta mesma fo´rmula se considerarmos a me´dia aritme´tica entre as somas de Riemann, onde f e´ calculada no extremo esquerdo e no extremo direito, respectivamente, de cada subintervalo da partic¸a˜o. (Veja projeto Somas de Riemann e func¸o˜es mono´tonas.) Prova-se que o erro ma´ximo cometido ao usarmos a regra acima para aproximar a integral ? b a f(x) dx e´ dado por M (b−a)3 12n2 , onde M e´ um nu´mero real positivo tal que | f ??(x) | ≤ M para todo x em [a, b]. 1. Aproxime ? 1 0 √ 1− x3 dx pela regra do trape´zio, dividindo o intervalo [1, 2] em 4 partes iguais. Estime o erro ma´ximo cometido. 2. Calcule um valor aproximado para ln(2) com erro menor do que um cente´simo. Regra de Simpson A ide´ia ba´sica da regra de Simpson e´ aproximar cada pedac¸o do gra´fico de f por uma parte de para´bola que se “ajusta” a` curva, em lugar de aproximar estes pequenos pedac¸os por segmentos de reta, como foi feito na regra do trape´zio. Novamente, considere uma partic¸a˜o regular do intervalo [a, b] em n partes iguais, onde n e´ um nu´mero par. Considere os treˆs primeiros pontos da partic¸a˜o, a saber: a = x0, x1 e x2 e os correspondentes pontos sobre a curva y = f(x). Se estes treˆs pontos na˜o forem colineares, existira´ uma u´nica para´bola, da forma y = a x2 + b x+ c, passando por estes pontos. Veja o desenho. 0 2 4 6 8 10 12 1 2 3 4x W.Bianchini, A.R.Santos 375 Esta para´bola pode ser escrita na forma P (x) = a (x− x1)2 + b (x− x1) + c. Para que esta para´bola passe pelos treˆs pontos dados, treˆs condic¸o˜es sa˜o necessa´rias: (a) Em x = x0, tem-se a (x0 − x1)2 + b (x0 − x1) + c = f(x0). (b) Em x = x1, c = f(x1). (c) Em x = x2, a (x2 − x1)2 + b (x2 − x1) + c = f(x2). Como a partic¸a˜o e´ regular, x2 − x1 = x1 − x0 = ∆ x, e de (b) temos que c = f(x1). Assim, −b∆ x+ a (∆ x)2 = f(x0)− f(x1) b∆ x+ a (∆ x)2 = f(x2)− f(x1) . Da´ı vem que 2 a (∆ x)2 = f(x0)− 2 f(x1) + f(x2). Considerando que a para´bola cuja equac¸a˜o queremos achar e´ uma boa aproximac¸a˜o para a curva y = f(x), no intervalo [x0, x1], temos que a integral ? x1 x0 f(x) dx e´ aproximadamenteigual a ? x1 x0 [a (x− x1)2 + b (x− x1) + c]2 dx . Calculando esta integral e expressando o resultado em termos de ∆ x, obtemos 2 c∆ x+ 2 a (∆ x) 2 3 . Substituindo nesta expressa˜o os valores anteriormente achados para a e c, temos 2 y1∆ x+ (y0 − 2 y1 + y2)∆ x 3 = (y0 + 4 y1 + y2)∆ x 3 , onde yi = f(xi). O mesmo procedimento pode ser aplicado em cada um dos subintervalos da partic¸a˜o considerada. Somando todos os resultados parciais, chegamos a` fo´rmula 1 3(y0 + 4 y1 + 2 y2 + . . .+ 4 yn−1 + yn)∆ x para calcular o valor aproximado da integral ? b a f(x) dx. Esta fo´rmula e´ chamada regra de Simpson. Observe que na regra de Simpson y0 e yn teˆm coeficiente 1; os yi, para i par, teˆm coeficiente 2; e os yi, para i ı´mpar, teˆm coeficiente 4. Pode-se provar que o erro ma´ximo cometido ao aproximarmos uma integral pela regra de Simpson e´ dado por M (b− a) (∆ x)4 180 , onde M e´ o valor ma´ximo da derivada quarta de f em [a, b]. 1. O valor exato de ? π 0 ? sen(x) dx na˜o e´ conhecido. Ache um valor aproximado usando a regra de Simpson com n = 4. Estime o erro cometido. 2. O valor exato de ? 5 1 ex x dx na˜o e´ conhecido. Ache um valor aproximado usando a regra de Simpson com n = 4. Estime o erro cometido. 3. Ache um valor aproximado para ln(2) aplicando a regra de Simpson com n = 4. Estime o erro cometido. 4. Use a fo´rmula π4 = ? 1 0 1 1+x2 dx e a regra de Simpson com n = 4 para estimar um valor para π. Estime o erro cometido. 5. As tabelas abaixo indicam a relac¸a˜o entre duas varia´veis x e y. Admitindo que y = f(x) e que f seja cont´ınua, aproxime ? 4 2 f(x) dx por meio da (a) Regra do trape´zio (b) Regra de Simpson 376 Cap. 26 Te´cnicas de Integrac¸a˜o i. x 2 2,25 2,5 2,75 3 3,25 3,5 3,75 4y 4,21 3,76 3,21 3,58 3,94 4,15 4,69 5,44 7,52 ii. x 2 2,2 2,4 2,6 2,8 3 3,2 3,4 3,6 3,8 4y 12,1 11,4 9,7 8,4 6,3 6,2 5,8 5,4 5,1 5,9 5,6
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