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Kama Sutra Alicia Gallotti

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 Alicia Gallotti
 Kama Sutra XXX
 as pr�ticas sexuais mais inconfess�veis
 tradu��o
 M�rcia Fraz�o
 temas de hoje
 
 Copyright � Alicia Gallotti, 2006
 T�tulo original: Kama-sutra XXX � Goza con las pr�cticas sexuales m�s inconfesables Prepara��o: Ronaldo Periassu 
 Revis�o: Jos� Muniz Jr. 
 Diagrama��o: Renata Milan 
 Capa: Gustavo Abumrad
 Dados Internacionais de Cataloga��o na Publica��o (CIP) (C�mara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 
 Gallotti, Alicia
 Kama sutra XXX : as pr�ticas sexuais mais inconfess�veis / 
 Alicia Gallotti ; tradu��o M�rcia Fraz�o. � S�o Paulo : Editora Planeta do Brasil, 2007. 
 T�tulo original: Kama sutra XXX : goza con las pr�cticas sexuales m�s inconfesables 
 ISBN 978-85-7665-316-5
 1. Amor 2. Arte er�tica � �ndia 3. Intercurso sexual 4. 
 Literatura er�tica � India 5. Sexo I. T�tulo. 
 07-5857 CDD-613.96
 
 �ndices para cat�logo sistem�tico: 
 1. Kama Sutra : T�cnicas sexuais 613.96
 2007
 Todos os direitos desta edi��o reservados �
 Editora Planeta do Brasil Ltda. 
 Avenida Francisco Matarazzo, 1500 � 3� andar � conj. 32B
 Edif�cio New York
 05001-100 � S�o Paulo-SP
 vendas@editoraplaneta.com.br
 
 
 Contracapa:
 Original e atrevido, provocativo e direto, Kama Sutra XXX desvenda o lado oculto do sexo e da mente. Voc� descobrir� jogos e condutas que o levar�o a se excitar s� de olhar, a unir dor e prazer, a submeter-se e dominar, a se disfar�ar para desejar e a querer mais de dois ���na cama... Essas s�o algumas das variantes sexuais at� agora inconfess�veis, e que este livro revela com detalhes, hist�rias reais e ilustra��es expl�citas. 
 http://groups.google.com.br/group/digitalsource
 
 �ndice
 INTRODU��O
 PSICOLOGIA DO SEXO
 Os filhos da repress�o
 Sempre h� um lado positivo
 A descoberta nasce da comunica��o
 DESFRUTAR, OLHANDO
 O despertar sexual entra pelos olhos
 Olhar e ser olhado, eis a quest�o
 O erotismo, mais fantasia que beleza
 O tes�o de olhar tamb�m se provoca
 Os espelhos devolvem o olhar
 MAIS DE DOIS
 Menu � la carte para o sexo m�ltiplo
 A intimidade prazerosa com desconhecidos
 Dois mais um � sempre igual a tr�s
 O excitante encanto da troca
 Jogos de adultos sem culpas e sem preconceitos
 DOCE PRIS�O
 Da crueldade oriental � sofistica��o er�tica
 Amarraduras para gozar de maneira suave ou intensa
 O jogo � estar atado e bem atado
 O limite do prazer � a seguran�a
 GOZAR, MOSTRANDO-SE
 Sobre ritos, oferendas e outros jogos mais espont�neos Primeiro se gostar, depois se mostrar
 Com roupa ou sem roupa, a quest�o � exibir-se
 Os cen�rios para mostrar-se s�o insond�veis
 DOR E PRAZER
 A adrenalina e as t�cnicas orientais
 Sade, o precursor das palmadas
 Diferentes a�oites e mordidas
 
 JOGO DE PAP�IS
 O est�mulo se acha na pele do personagem
 Os amantes preferem disfarces com alma er�tica
 Diga-me como te vestes e te direi o que desejas
 Fantasias, esses filmes da imagina��o
 Um caminho de sensa��es encontradas
 Os desejos ocultados se transformam em argumentos
 SEXO �S CEGAS
 O temor � a semente do prazer
 Fronteiras e liberdades para gozar nas sombras
 Sensa��es que transportam para o desconhecido
 Os segredos sensuais da penumbra
 QUEM MANDA � O PRAZER
 Ordens e subjuga��o com lim����ites
 Para os que mandam, para os que obedecem
 Amantes de dom�nio p�blico
 OBJETOS DO DESEJO
 Uma longa via at� o desejo
 Os aparatos que fazem gozar
 Peitos, bundas e outras fixa��es
 O discreto encanto dos p�s
 SEXO ANAL
 Contra os medos, delicadeza e informa��o
 A chave: limpo por fora e limpo por dentro
 A delicada quest�o da penetra��o
 
 Introdu��o
 sexo reprodutivo, monog�mico e controlado, onde o homem � aquele que procura e a mulher a que recebe, � um modelo imposto Opor uma cultura ran�osa e conservadora cuja influ�ncia nos persegue. 
 Todas as pr�ticas que se afastam do coito s�o estigmatizadas. S�o pervers�es pecaminosas malvistas pelo contexto. A mensagem � clara: s� vale o que � aceito socialmente. Os outros jogos sexuais ocultam-se atr�s da cortina sombria do inconfess�vel: n�o s� existe o temor de realiz�-los como tamb�m de falar a respeito. 
 S�o esses os resultados de uma sexualidade amorda�ada pelos tabus sociais, onde n�o est� prevista a busca do prazer pelo prazer; onde ningu�m pode se perguntar o que realmente deseja e por que n�o pode faz�-lo; onde o medo de ser julgado pelos outros funciona como uma inibi��o paralisante. Em suma, uma ideologia sexual castradora em que prevalece a id�ia de culpa como freio do desejo. 
 O sexo se nutre da busca de sensa��es prazerosas em liberdade. Assim, todas as pr�ticas apresentadas neste livro se realizam por meio de uma rela��o harm�nica, respeitosa e sem obsess�es, e n�o s�o mais que formas l�dicas para desfrutar a sexualidade. Existe aquele que gosta de olhar e o que gosta de se mostrar; h� os que se encantam em fazer o jogo de submeter o outro e os que gozam quando s�o reduzidos � submiss�o; muitos fazem do �nus o centro do prazer e outros sentem crescer a paix�o adorando um objeto; h� ainda os que sublimam o gozo no sexo grupal e os que intensificam o desejo interpretando pap�is distintos de sua personalidade. S�o f�rmulas para buscar a excita��o que d� ensejo ao gozo. 
 Seja como for, essas pr�ticas sexuais n�o s�o novas nem foram descobertas recentemente: o Kama Sutra original j� fazia men��o a elas, e muitas pessoas que colaboraram descrevendo suas prefer�ncias sexuais relataram muitas das pr�ticas compendiadas neste livro. Trata-se, ent�o, de resgat�-las do mundo opaco do inconfess�vel, trazendo-lhes � luz e dando-lhes legitimidade; acreditar com firmeza que se trata de uma rica variedade de op��es para desfrutar que n�o merecem ficar nos rinc�es da imagina��o. 
 N�o por acaso, nessas p�ginas n�o se fala de pervers�es nem de desvios, ou de pr�ticas qualificadas como voyeurismo, exibicionismo ou com outros r�tulos que indicam conflitos de conduta e possuem uma carga negativa. Por isso, com uma piscadela de cumplicidade ao leitor, preferimos cham�-las de pr�ticas inconfess�veis. Afinal, a inten��o � que todos possam continuar incorporando os seus pap�is sexuais apenas como um jogo para estimular a libido sem limites. 
 Quero agradecer afetuosamente a colabora��o do psic�logo Rafael Ruiz, pois sua orienta��o e suas reflex�es precisas torn����aram este livro poss�vel. 
 
 Psicologia do sexo
 r�s instintos b�sicos dirigem a conduta das pessoas: o de conserva��o, que ajuda a manter a vida; o social, que facilita o relacionamento com Toutros seres, e o sexual, que assegura a preserva��o da esp�cie. Os dois primeiros s�o aceitos com unanimidade por todos os Grupos sociais como necessidades vitais. Sobre o terceiro pairam d�vidas. E d�vidas que geram medo. E esses medos trazem repress�o. Em s�ntese, � esse ent�o o fio condutor da influ�ncia social sobre a vida sexual das pessoas. 
 S�o enormes as diferen�as de percep��o da sexualidade entre os muitos cl�s, tribos, sociedades e na��es que hoje constituem o planeta. Contudo, salvo poucos grupos que vivem quase totalmente isolados nas selvas amaz�nicas ou de Papua Nova Guin�, o comportamento sexual humano encontra-se sob os des�gnios dogm�ticos da moral religiosa ou sofre sua influ�ncia. Mais al�m do instinto natural transmitido geneticamente, a influ�ncia do contexto acaba modificando, desviando essas normas naturais a fim de reprimi-las. E � a moral que infunde regras sustentadas pelo medo, pelo conservadorismo
e pelos castigos; ela penetra na mente e desenvolve dezenas de barreiras, desde o in�cio da vida at� a maturidade. 
 Os filhos da repress�o
 Desde o nascimento os valores sexuais s�o inculcados com mensagens sutis na mente das crian�as. Em geral, esse tipo de informa��o � negativo: n�o toque a� em voc�; vire pra l� e n�o olhe, n�o diga isso... Nessa primeira fase de forma��o da personalidade, o sexo aparece como um tema opaco, como se fosse um buraco negro que exerce grande atra��o mas pode ser visto. Os adultos falam com sigilo e com meias palavras, achando que a crian�a n�o entende. E se a crian�a pergunta alguma coisa, os adultos s� fazem aumentar a f�bula do mist�rio: replicam com um balbucio incoerente, transferem a resposta para quando ela for maior ou repreendem com severidade "tamanho atrevimento", como se n�o fosse bom falar disso. Essa variedade de castra��es vai desde a mentira ou a evasiva at� o castigo. Nesse clima de obscurantismo, a sexualidade come�a a flertar com o proibido. E o proibido se transforma no desejado, ainda mais se � impulsionado por um instinto b�sico, um instinto natural que, na puberdade, come�a a se articular com respostas f�sicas not�rias. Pleno de energia sexual e sem saber o que fazer com ela, o adolescente termina enchendo a mente de contradi��es. Assim, o sexo proibido e misterioso se v� numa luta aberta com a for�a natural do desejo transbordante. O adolescente assume essa cachoeira de sensa��es com dissimula��o e culpa porque pensa que o seu apetite sexual � inadequado: a contundente educa��o repressiva e as mensagens que lhe s�o transmitidas pelo ambiente repetem seguidamente que ele n�o deve realizar aquilo que sente, e que, se o fizer, n�o deve falar. A repress�o tem, ent�o, a hipocrisia como �ltima aliada. Com esses valores constr�i-se uma sexualidade incompleta, e isso provoca uma satisfa��o irregular e escassa. Com uma vis�o t�o estreita da sexualidade, � preciso superar in�meros obst�culos e se desprender dos princ�pios das doutrinas repressoras para poder evoluir. E logo, vencer o medo da liberdade de escolha e permitir a si mesmo dar e receber prazer sem levar em conta as inibi��es. 
 "O proibido se transforma no desejado, ainda mais se � impulsionado por um instinto b�sico". 
 O lado negativo s�o as for�as repressivas do ambiente que contribuem para formar a personalidade. Mas a mente da crian�a e do jovem, que mais tarde ser� um adulto sexualmente maduro, tamb�m passa por experi�ncias e press�es que marcam sua vida ����sexual futura e lhe permitem descobrir as sensa��es gozosas, as diferentes intensidades do prazer. Assim, ele come�a a orientar seus gostos e suas prefer�ncias sexuais. Quanto maior � a liberdade de elei��o e de experimenta��o, maiores s�o as possibilidades de modelar uma sexualidade livre de preconceitos. Viver a sexualidade de maneira sadia a partir dessas premissas implica em se permitir trocar e variar de jogos er�ticos, sem que isso resulte sempre em uma prova traum�tica que obrigue a um processo interior para superar essa barreira de conten��o. � algo mais espont�neo e livre. Em algumas fases, o que mais estimula � olhar; em outras, o desejo � se deixar levar pelas sensa��es da submiss�o; em outras, ao contr�rio, o que mais apetece � mostrar o corpo desnudo, exibir-se sem pudor, ou ver filmes er�ticos para atingir o limite da excita��o. Tudo depende, ent�o, da situa��o e do estado de �nimo. 
 As pr�ticas explicadas neste livro s�o cotidianas e muito mais pr�ximas do que opress�o tenta fazer parecer. Mesmo na intimidade mais profunda, aquela que n�o se confessa e da qual �s vezes nem se tem consci�ncia, porque s� � sentida, todos j� experimentamos satisfa��o em situa��es que consideramos marginais: olhar um corpo nu atrav�s de uma janela indiscreta, mostrar o pr�prio corpo na praia e sentir-se desejada, querer ser a protagonista daquele filme em que a mulher, atada por p�s e m�os, desfruta do gelo que molha seus l�bios, ou desejar ter o controle da situa��o para que o amante fa�a tudo que se lhe pede. 
 Esses desejos reprimidos e bloqueados pelo sentimento de culpa s�o o melhor aval para compreender que se trata de rea��es naturais e estimulantes do sexo, como outras tantas. Essas vontades convivem diariamente conosco, embora nos encarreguemos de tap�-las, de pass�-las para o lado obscuro da mente, esse espa�o interior reservado ao inconfess�vel. 
 "Quanto maior � a liberdade de elei��o e de experimenta��o, maiores s�o as possibilidades de modelar uma sexualidade livre de preconceitos". 
 A descoberta nasce da comunica��o
 Para recuperar a boa sexualidade que a repress�o nos tirou, � preciso falar sobre esses temas: assumi-los como s�o, est�mulos irrefre�veis da vida cotidiana, e traz�-los � luz na intimidade do casal, compartilh�-los e arrancar sua etiqueta de censura. 
 J� se disse repetidamente em in�meras ocasi�es que a comunica��o entre os amantes � necess�ria para desenvolver um bom relacionamento e melhorar a sexualidade individual. No caso das pr�ticas sugeridas nestas p�ginas, tal premissa � indispens�vel. Conhecer os gostos e a rea��es, o que incomoda ou desagrada o outro, � o que faz com que os jogos avancem. Todas as pr�ticas descritas neste livro necessitam de uma comunica��o entre eles antes, durante e depois de que sejam levadas a cabo. Conversar sobre isso traz luz ao relacionamento: pode-se saber se ela ou ele est� de acordo em ser imobilizado ou vendado, ou se o jogo de pap�is ou o sexo em grupo est� sendo estimulante. 
 
 Em suma, deve-se aprofundar essas informa��es para ter consci�ncia de quais s�o as fantasias ou os medos, e at� onde se est� disposto a chegar. Essa tamb�m � a f�rmula mais v�lida na luta contra a rotina nas rela��es sexuais. 
 Assim se limpa o caminho para novas experi�ncias ou para alternativas que possam recriar as pr�ticas anteriores que o casal deseje renovar. A sexualidade contr�ria � conven��o ou � tradi��o se sustenta em negocia��es entre as duas partes at� que se chegue a um acordo, em que ambos se achem satisfeitos. Tal � a chave-mestra para que o inconfess�vel n�o seja uma trava psicol�gica no desenvolvimento de determinadas pr�ticas sexuais, e que seja sim����plesmente um est�mulo a mais para que a sexualidade compartilhada se torne prazerosa, como os amantes merecem. 
 "A comunica��o entre os amantes � indispens�vel para desenvolver um bom relacionamento e melhorar a sexualidade individual". 
 
 Desfrutar, olhando
 desejo tem efeitos m�gicos sobre os olhos. Quando entra neles, agiganta-os, fazendo-os fixar o olhar e dando-lhes um brilho Oinconfund�vel. A partir da� esses olhos n�o s�o mais os mesmos. 
 Perdem a inoc�ncia, destilam erotismo. � fascinante perceber que um olhar simples e despreocupado, que vaga sem destino fixo, se transforma imediatamente ao pousar sobre uma cena que estimula a sensualidade. Uma descarga instant�nea e profunda faz dessa pessoa um ser invadido pelo desejo sexual. Ela se excita com o que v�, seu cora��o se acelera, a imagina��o dispara, a pulsa��o aumenta. Seus olhos brilhantes se concentram e sentem uma atra��o irresist�vel apenas por aquela cena que, para a intui��o, � um caminho at� o prazer. 
 Em muitas ocasi�es, a descoberta dessas sensa��es torna-se um jogo cotidiano. �s vezes, elas s�o produto do acaso, de um cruzar de olhos ou de um gesto premeditado que busca o olhar. Ocorrem tanto em lugares p�blicos como privados, com consentimento ou sem ele. E se repetem durante a vida di�ria muito mais do que pensamos, embora poucas vezes sejam relatadas: s�o sensa��es de prazer t�o �ntimas e intransfer�veis que acabam sendo protegidas na gaveta das recorda��es inconfess�veis. Algumas pessoas acham que fazer contato visual significa ficar exposto aos outros. Outras pensam que olhar sem consentimento � uma sensa��o contradit�ria: a forma��o moral diz que isso � um "ato inadequado" ou "impuro", enquanto o corpo grita o contr�rio. Essas rea��es dependem em parte das experi�ncias passadas, pois
o desfrute dos est�mulos atrav�s do olhar cresce em cada pessoa desde os primeiros impulsos sexuais. 
 O despertar sexual entra pelos olhos
 A descoberta da sexualidade na inf�ncia marca a vida sexual adulta. 
 Muitas situa��es que remontam a essa etapa costumam ter uma for�a excitante e primitiva. Nesses momentos iniciais, o olhar cumpre um papel muito importante: os adultos s�o olhados �s escondidas; as crian�as l�em revistas para adultos ou v�em filmes proibidos para essa idade. Contudo, todos esses atos s�o feitos com o medo de ser descoberto, pois a educa��o social transmite � crian�a que tais atitudes s�o pecaminosas. Quando essa crian�a se torna adulta, aqueles reflexos � antes passam a influenciar sua conduta. Ao olhar e ser olhado, o adulto recupera em muitas ocasi�es as emo��es e sensa��es prazerosas daquela �poca, mas tamb�m as associa com algo que n�o vai bem. Por isso, muitas pessoas t�m dificuldades no momento de fazer o jogo de olhar ou de ser olhado ante uma proposta direta do amante, ou assentem com um pudor t�o grande que as impede de desfrutar. 
 "Muitas pessoas t�m dificuldades no momento de fazer o jogo de olhar ou de ser olhado ante uma proposta direta do amante". 
 Na adolesc�ncia, o olhar pode ser um dos primeiros passos para entrar em contato com a sexualidade. Tudo � observado com uma carga sensual inevit�vel: os adultos com sua aur�ola atrativa de sapi�ncia misteriosa; os corpos jovens que emitem ferom�nios na forma de ondas. Os olhos come�am a descobrir o que atrai. Os olhares se cruzam com os de alguma garota ou de algum garoto que os arrebata. Atrav�s desses olhares, o adolescente come�a a descobrir a pr�pria excita��o e a pr�pria sexualidade. Esses olhares permanecem indel�veis na mem�ria, e mesmo quando parecem ter se dilu�do com o t����empo, consciente ou inconscientemente acabam reaparecendo para servir de est�mulo nas rela��es sexuais. 
 "� com muita freq��ncia que os adolescentes se p�em a olhar furtivamente os genitais de outros adolescentes e adultos, ou espiam um casal durante a rela��o sexual. Isso n�o � apenas uma chamada dos horm�nios, mas tamb�m da curiosidade. � algo que eles desconhecem, mas que palpita em torno deles. Algo que ouvem nas conversas e comentam com seus companheiros de col�gio. Espiar os faz descobrir novas sensa��es, todas elas excitantes". 
 A adolesc�ncia tamb�m deixa a sua marca na vida adulta quando se trata de olhar sem ser visto. Essa sensa��o de semiclandestinidade abre uma ponte para a sexualidade adolescente e tamb�m adiciona �s situa��es excitantes um tes�o singular, um certo sabor especial e agrad�vel que se reconhece como um vest�gio prazeroso deixado pelo passado. At� mesmo quando essas hist�rias s�o recorda��es vividas, elas se revisam na mem�ria e "voltam a se ver", servem para reviver exatamente aquelas mesmas sensa��es. 
 "Ela se ensaboava com pausas, desfrutando o frescor da �gua que eri�ava seus mamilos". 
 Carlos acabara de sair da adolesc�ncia e seus est�mulos sexuais tinham maior intensidade quando ocorriam �s escondidas. Quando estava s�, ele se regozijava com olhares furtivos que buscavam as curvas e os decotes, as pernas abertas com descuido ou uma al�a ca�da que desnudava um ombro e amea�ava desproteger um seio. Seu corpo se retesava e vibrava secretamente com o segredo. A revolu��o dos horm�nios o havia invadido e seus olhos atentos a qualquer situa��o excitante estavam sempre � procura de uma cena sensual. 
 Naquela tarde quente na casa de sua tia, ele subiu a escada para se refrescar no terra�o. No caminho pelo corredor, ele viu calcinhas penduradas nos bra�os da cadeira. Sua respira��o se deteve e ele se p�s em alerta, como um predador que fareja a presa. Dois passos adiante, uma camiseta de al�a curta, abandonada no ch�o, assinalava o caminho at� o banheiro. Carlos ouviu ent�o o som da �gua da ducha. Sua prima, Leonor, dois anos mais velha que ele, estava a poucos metros, nua, com seus grandes cachos negros �midos caindo sobre os seios, desfrutando a �gua fresca que resvalava por sua pele c�lida, que molhava seus seios e ca�a em cascata do ombro at� o canal entre suas pernas. Carlos se regozijava com essa imagem que invadia sua mente; o ru�do da �gua era como uma melodia que o transportava. Despertou desse sonho e deu alguns passos com a esperan�a de espiar pela fechadura, e seu cora��o se agitou: a porta estava entreaberta e a cena era in�dita. Fazia tanto calor que sua prima deixou a cortina aberta e se apresentava aos seus olhos com o rosto ensaboado, os olhos fechados e todas as curvas e volumes do corpo a descoberto. Somente para ele. Aproximou-se com cuidado, empurrou um pouco mais a porta para ampliar a vis�o, conteve a respira��o e ficou paralisado em sil�ncio, como uma est�tua de m�rmore. Ela se ensaboava com pausas, desfrutando o frescor da �gua que eri�ava seus mamilos. Carlos n�o perdia um s� detalhe e seu olhar percorria por partes a nudez da pele de Leonor, sem evitar as min�cias. Vez por outra sua agita��o aumentava. Mas a quando ela desceu a m�o ensaboada at� o peito e logo encheu de espuma seu monte de V�nus, brincando com os cachos de azeviche que o cobriam. O p�nis de Carlos pulsava tanto quanto o cora��o. Ela parecia abandonada ao prazer da �gua e da espuma que crescia e crescia entre as pernas enquanto sua m�o se movia com suavidade. Leonor entreabriu a boca para tomar ar enq����uanto seu peito se agitava levemente e sua l�ngua sedenta salpicava o jato da ducha. Carlos n�o ag�entava mais a tens�o, meteu a m�o dentro da bermuda e, apoiado de perfil contra o batente da porta entreaberta, comprimiu o p�nis, imitando o ritmo da m�o coberta de espuma que se movia e se movia... 
 Olhar e ser olhado, eis a quest�o
 "O jogo da observa��o e o est�mulo sexual aparecem diariamente na vida cotidiana, de modo que ningu�m precisa se sentir culpado porque essas cenas ou vis�es sensuais despertam a libido, de maneira espont�nea e em lugares inesperados" . 
 Nem sempre o prazer de olhar est� ligado � espionagem clandestina, mas a sensa��es que podem surgir a qualquer momento como um exerc�cio �ntimo de excita��o, quando a observa��o � estimulante. Pedir ao amante que caminhe nu pela casa em penumbra costuma ser bastante excitante, e faz crescer o desejo. 
 Olhar com calma cada um dos movimentos do companheiro, solicitar que ele fa�a algum gesto ou que se toque � para olh�-lo com liberdade e excita��o �, pode ser um dos jogos que antecedem a rela��o sexual. O certo � que olhar e ser olhado n�o � um fato isolado, desvinculado; muito pelo contr�rio, pode se integrar a outras variantes da rela��o. Em alguns casos, homens e mulheres se v�em tentados a olhar ou a serem olhados, mas o temor de serem recha�ados ou julgados os faz reprimir esse ato, que pode contribuir para despertar o desejo ou aument�-lo. 
 
 "O interesse e a atra��o que fazem com que se olhe o outro com desejo s�o t�o profundas que a publicidade se vale de corpos nus em poses e gestos er�ticos, como um recurso habitual para promover produtos na televis�o e nas revistas. Ali�s, outdoors em ruas e estradas, alguns deles monumentais e de conte�do altamente insinuante, t�m sido causa de in�meros acidentes de transito". 
 De todo modo, o jogo da observa��o e o est�mulo sexual aparecem diariamente na vida cotidiana, de modo que ningu�m precisa se sentir culpado porque essas cenas ou vis�es sensuais despertam a libido, de maneira espont�nea e em lugares inesperados. De repente, os olhos se deparam com um decote audacioso no �nibus ou com uma minissaia sobre m�sculos firmes, ou com um vestido justo que exibe ou insinua as formas bem delineadas das n�degas ou dos seios, e inevitavelmente a fantasia se desperta. Um homem na piscina ou estirado de barriga pra cima na jacuzzi atrai olhares sobre os genitais, que se destacam cobertos por uma sunga justa. S�o essas situa��es pontuais que muitas vezes disparam o desejo e monopolizam os olhares, aberta ou dissimuladamente, porque esse est�mulo visual
� um alimento para o prazer que a imagina��o come�a a moldar. At� mesmo cenas do dia-a-dia (ela depilando-se, acariciando as pernas e as virilhas, ou a leve massagem nas coxas enquanto espalha creme na pele) podem resultar num espet�culo excitante para o parceiro sexual, sejam elas espont�neas ou produzidas com a inten��o de excitar. 
 "O mamilo reage e David, tamb�m. Suspira profundamente, pressente que a cena est� come�ando e se disp�e a olhar com muito mais aten��o". 
 � ver�o e o dia faz jus a isso: o calor � intenso e cria um clima sufocante e quente. O sol aquece a areia da praia e se multiplica no mar. O cen�rio � sensualmente selvagem. Manuela est� estirada numa toalha e a poucos cent�metros, em outra, David est� deitado. Ela veste um biqu�ni min�sculo: o suti� deixa � mostra metade dos seios, acima dos mamilos. O lado da frente do biqu�ni cobre o tri�ngulo de V�nus, e por tr�s uma tira de largura igual � do r����ego das n�degas amea�a romper-se entre elas. Nesse clima sufocante e quente, David percorre a noiva com o olhar e sente que cada vez que ela diz algo cresce a excita��o. Ela molha os l�bios com a l�ngua sem se dar conta do efeito que isso produz em David. As respira��es se agitam porque faz um calor insuper�vel. As gotas de suor deslizam pelo pesco�o dela c descem peito abaixo. David se acomoda de perfil e o corpo de Manuela, � contraluz, come�a a ser uma miragem er�tica e obsessiva. Ela se mexe com lentid�o e tamb�m se p�e de perfil na rede, frente a ele, como se quisesse conversar. E haver� um di�logo, mas somente de gestos. Com os olhos semicerrados pelo efeito do sol, ele crava o olhar nos seios, agora repousados pela posi��o de Manuela. Ela mexe lentamente a m�o e um dos seus dedos come�a a brincar com as gotas de suor, acompanhando-as pela borda do suti� e guiando-as para que caiam sobre o mamilo. Logo o dedo acaricia o peito com vol�pia. O mamilo reage e David, tamb�m. Suspira profundamente, pressente que a cena est� come�ando e se disp�e a olhar com muito mais aten��o. Essa situa��o p�blica dissimulada e direta o excita como poucas coisas. Ela o olha, entra no jogo e segue a fun��o. 
 Belisca o mamilo at� que o p�e ereto, expondo-o atrav�s do tecido. Molha o dedo com a l�ngua e refresca o abd�men com giros em torno do umbigo. Sua m�o continua descendo e termina apertada entre as coxas suadas. Depois, ela as acaricia com suavidade. Dissimuladamente, cada vez que a m�o se mexe por entre as coxas, ela estira o polegar para ro�ar a vulva sobre o teci do. 
 Extasiado e concentrado, David contempla o espet�culo. Ao redor, centenas de pessoas tomam sol com letargia, duas crian�as se entret�m fazendo castelos de areia e a voz de um vendedor de sorvete rompe a monotonia. Mas para ele nada disso existe: seus olhos s�o um perisc�pio cravado entre as pernas de sua noiva e naquele polegar que ele j� sente como um irm�o g�meo do seu p�nis... 
 * * *
 � manh� de s�bado e Em�lio aproveita o tempo que n�o tem durante a semana para cuidar do corpo. Seus bra�os e seus b�ceps reluzem com o �leo arom�tico que cuida de sua pele. Algumas gotas de perfume permanecem na penugem do peito enquanto ele amarra a toalha debaixo da cintura frente ao espelho. Estira a m�o at� a prateleira mais pr�xima para pegar a espuma e a navalha de barbear. Sua amante o espia da porta sem ser vista e descobre uma 
 
 
 nova esp�cie de sensa��es e est�mulos. E um mundo novo para ela. Sente um prazer que se transforma em c�cega interior enquanto observa cada movimento de Em�lio. Alheio � excita��o que desperta, ele age com liberdade sem se dar conta de que cada um de seus movimentos aumenta a excita��o dela. 
 Olha os dois lados do rosto, levanta ligeiramente o queixo para inspecionar a barba e se acaricia com o dorso da m�o para sentir a aspereza. Ela, por sua vez, observa seus ombros largos e percorre a pele de suas costas como se fosse a primeira vez que a v�, como se ele fosse um desconhecido. Um homem seminu em seu banheiro, com essa insinuante toalha que repousa sobre os m�sculos duros de sua bunda... E esses bra�os fortes que se movimentam com seguran�a... E depois a deliciosa delicadeza com que desliza o fio da navalha no rosto para retirar aquela suave e perfumada espuma... Nunca, at� este s�bado, havia se detido em olhar a carga sensual do seu amante barbeando-se. 
 E n�o est� disposta a perder a oportunidade... 
 O erotismo, mais fantasia que beleza
 Ondulantes e sugestivas bailarinas em espet�culos p�blicos ou privados t�m sido o centro da aten��o de milhares de homens h� s�culos, particularmente na Gr�cia cl�ssica, no imp�rio romano e no mundo mu�ulmano. Corpos vibrantes e seminus que se movimentavam com ritmo e liberavam as fantasias dos observadores tornaram-se um antecedente do erotismo que entra pelos olhos. 
 No in�cio de nossa era, em Roma, as puellae gaditanae (bailarinas formadas no sul andaluz) montavam companhias, acompanhadas por m�sicos, e se apresentavam em festas contratadas por homens ricos ou em espet�culos p�blicos. Esses grupos de m�sicos e bailarinas provocativas cultivaram na capital do imp�rio um tipo de canto e uma dan�a incitante, que em alguns casos serviam de aperitivo �s orgias. Era algo similar � dan�a �rabe do ventre, embora esta �ltima apresentasse uma carga de erotismo mais sofisticado, onde os v�us transparentes exerciam um papel especial. 
 "Nem sempre um corpo bonito atrai o olhar. Existem coisas que menos freq�entemente despertam o tes�o de olhar: cicatrizes, sinais, tatuagens com escoria��es, um homem bastante peludo, uma barriguinha proeminente, uma calv�cie, m�sculos com estrias, m�os muito grandes, pessoas obesas, piercings em diferentes lugares do corpo. . Como os gostos, os est�mulos s�o incont�veis". 
 Mais pr�ximo no tempo, nos prost�bulos franceses do final do s�culo XIX, existia o "servi�o" de olhar abertamente os clientes. Alguns homens levavam as esposas aos bord�is para ver espet�culos er�tico-pornogr�ficos, com a inten��o de desinibi-las e estimular a sensualidade. Depois, eles convenciam as esposas a se deitar com outros clientes enquanto as observavam atentamente. 
 Se n�o tinham uma parceira, pagavam uma prostituta e a ofereciam gratuitamente a outro homem, com a condi��o de poder olhar enquanto eles mantinham rela��es sexuais. 
 "O erotismo depende do desejo de cada pessoa, de suas fantasias, do tes�o mantido no inconsciente e que emerge frente a est�mulos inesperados". 
 Quando se fala dessas cenas e espet�culos, onde se contemplam atitudes er�ticas ou corpos que despertam desejos sexuais, geralmente se faz refer�ncia a homens e mulheres com belos f�sicos e boas propor��es � em suma, o que se denomina como bonito(a) segundo os crit�rios de beleza que regem as conven��es sociais e a moda. Contudo, as coisas n�o s�o bem assim. O erotismo n�o depende da beleza, e sim do desejo de cada pessoa, de suas fantasias, do tes�o mantido no inconsciente e que emerge frente a est�mulos inesperados. 
 Muitas vezes a mensagem er�tica � enviada por uma parte do corpo: pernas torneadas, coxas roli�as, o jeito de andar, um antebra�o peludo ou um simples gesto que para os outros n�o tem um significado, mas que acaba ati�ando uma pessoa em particular de maneira irreprim�vel. Nos jogos sexuais, o parceiro de cama pede � amante que mostre essa parte do corpo para que possa contempl�-
 la, deixar-se levar pelas sensa��es que o deixam aceso e fazem crescer sua excita��o enquanto olha, seja para masturbar-se ou como preparativo para a rela��o que vir�. 
 "Enquanto esperava, a imagem do homem do sonho lhe vinha � mente como um flash e lhe provocava um ligeiro estremecimento de prazer". 
 A manh� j� se adiantava e ela ainda n�o tinha tirado da cabe�a os inquietantes sonhos que a fizeram despertar agitada durante a mad����rugada. Um homem de tra�os fortes a tinha em seus bra�os peludos e logo ela era tomada pela sensa��o de que aqueles dedos compridos e potentes lhe acariciavam os bra�os, os ombros,
os seios, a bunda e as pernas com uma intermin�vel massagem, enquanto estremecia com cada ro�ada, sem nunca deixar de olhar aqueles bra�os. Uma semana sem sexo foi a desculpa que Irene deu a si mesma. 
 Sem ter se recuperado disso, ela chegou excitada � consulta do dentista. A assistente lhe disse que em poucos minutos seria atendida. Enquanto esperava, a imagem do homem do sonho lhe vinha � mente como um flash e lhe provocava um ligeiro estremecimento de prazer. 
 Estava distra�da quando o dentista abriu a porta e chamou-a para a consulta. Sentou-se na cadeira e, depois de trocar algumas palavras formais, relaxou. Estirada na cadeira, de boca aberta, ela se via em uma posi��o pouco er�tica, e nesse momento os pensamentos excitantes se dissiparam. Jo�o, o dentista, come�ou a examinar sua boca. Ele vestia um jaleco de manga curta que deixava � mostra os antebra�os. Eram a fraqueza de Irene e, ao v�-los, ela come�ou a se excitar sem se dar conta. Cada vez que ele passava o bra�o diante de seus olhos para pegar algum instrumento ou para trabalhar em sua boca, ela cravava os olhos naqueles m�sculos e n�o perdia qualquer detalhe cada vez que se retesavam. Estava fascinada com a pele e a penugem abundante que se adivinhava suave ao toque. Ela se imaginava acariciando e beijando aquele antebra�o, que lhe provocava uma voluptuosidade sem limites. Jo�o j� havia percebido em outras ocasi�es que a respira��o de sua paciente acelerava t�o logo ela se sentava na cadeira, mas n�o sabia qual era o motivo: medo ou desejo. Enquanto se distra�a com esse pensamento, ouviu Irene perguntar se alguma vez haviam dito que ele tinha antebra�os fascinantes. Ele se p�s em sil�ncio e ambos riram. Ele aproveitou aquele momento �ntimo para sugerir que a pr�xima consulta fosse no �ltimo hor�rio, pois assim seus bra�os poderiam dedicar-se, sem pressa, somente a ela. 
 "A tela do computador � uma grande janela por onde se pode desfrutar, olhando. H� chats er�ticos onde se pode observar uma pessoa com quem se mant�m uma conversa quente, ou abrir links com webcams amadoras situadas em quartos e banheiros. Tamb�m � poss�vel "baixar" 
 filmes er�ticos e pornogr�ficos, profissionais ou dom�sticos, pagando uma tarifa ou enviando uma mensagem SMS". 
 O tes�o de olhar tamb�m se provoca
 "Muitas vezes o jogo de olhar e ser olhado � consentido tacitamente". 
 � poss�vel atingir o prazer enquanto se olha uma situa��o excitante n�o apenas de forma clandestina ou por sorte do acaso. Esses momentos podem ser premeditados. S�o muitos os casais que d�o uma reviravolta no relacionamento propondo ao parceiro rela��es sexuais com outra pessoa presente, observando. 
 Ali�s, em alguns casos esse cen�rio se prepara sem que a terceira pessoa tenha conhecimento disso. Esse jogo �ntimo se produz em lugares p�blicos onde, por exemplo, uma mulher provoca algu�m com toques ou olhares at� que essa pessoa aceite o convite. Enquanto isso, seu companheiro observa e se excita. �s vezes, esse tipo de situa��o ultrapassa o permitido porque a terceira pessoa desconhece os limites do jogo. No entanto, o tes�o que desperta costuma desencadear uma energia sexual t�o profunda que melhora as rela��es posteriores entre os amantes. Outras vezes o jogo � aberto e a terceira pessoa aceita participar, e, embora at� se possa estabelece����r previamente o seu papel � 
 passivo ou ativo �, com certas fronteiras que n�o podem ser transpostas, muitas vezes a paix�o transborda qualquer acordo pr�vio. 
 Uma dan�a sensual ou um jeito er�tico de tirar a roupa para se masturbar diante do amante s�o cenas espont�neas, ou combinadas de antem�o, que t�m um efeito excitante. 
 Muitas vezes o jogo de olhar e ser olhado � consentido tacitamente. Um homem pode descobrir que um certo gesto habitual, como esfregar a m�o nos l�bios, concentra a aten��o da mulher. Cresce ent�o uma cumplicidade entre ambos, um olhar de desejo que � ao mesmo tempo oferta e aceita��o. Se estabelece apenas o visual, como se os dois dissimulassem o que ocorre, embora cada gesto, cada movimento seja uma provoca��o � uma linguagem excitante que s� eles conseguem entender. 
 "N�o sabe se ela quer ser olhada, mas ele quer olhar". 
 Todo dia, �s oito da noite, Francisco vai ao quintal para molhar suas plantas. Um regador quase vazio � o �libi. Enquanto molha um pouco os ger�nios, ele levanta a vista at� a janela no segundo andar: � ampla, a luz est� acesa e a falta de cortina deixa ver a despensa da cozinha. Logo depois aparece Maria. Ela passeia insinuante e distra�da frente � vidra�a, como se fosse um cen�rio. Vai come�ar a preparar a cena, como faz toda noite, com o pequeno avental sob o qual flutuam seus seios desnudos. Quando gira e se p�e na ponta dos p�s para pegar um frasco na prateleira dos temperos, ela mostra as costas e as pernas nuas. Sob o avental n�o h� nada mais que uma calcinha m�nima que deixa livre sua bunda durinha. Francisco abaixa e levanta a cabe�a para olhar. N�o sabe se ela quer ser olhada, mas ele quer olhar. E a d�vida o excita quase tanto quanto o que v�. Ainda que esse jogo se repita quase todos os dias, ele n�o consegue deixar de pensar na vizinha quase como um sonho er�tico. 
 Ela desaparece da vidra�a por um instante, como se soubesse que sua aus�ncia provoca ansiedade no seu admirador. Come�a a soar uma suave can��o cubana e Maria reaparece com uma colher de madeira na m�o: dan�ando com voluptuosidade, abre as pernas e deixa os olhos semicerrados. Ela se movimenta devagar enquanto prepara a comida. Francisco olha de soslaio as outras varandas, como se temesse ser descoberto, mas ningu�m est� olhando, s� ele, e parece que tem consentimento para olhar. Ent�o, sente-se seguro e desfruta. Depois de provar a comida que prepara, Maria passa a ponta da l�ngua nos l�bios e chupa a colher de madeira lenta e profundamente. Cai uma gota no seu peito, ela sente a quentura e se delicia: deita a cabe�a para tr�s, um dedo se perde no decote e demora mais que o necess�rio na busca de uma gota furtiva. Depois, ela chupa o dedo enquanto imagina outra situa��o. E 
 dan�a, movimenta-se com gestos sensuais, mostra-se. Agitado e concentrado, Francisco desfruta essa imagem explosiva mais ou menos proibida e quente, que toda noite lhe d� prazer atrav�s de uma janela. 
 Os espelhos devolvem o olhar
 "Um estudo realizado pelo neurologista Knut Kampe, da Universidade Col ege de Londres, assegura que as pessoas que lan�am olhares furtivos para apreciar os atrativos de algu�m ativam as �reas do c�rebro relacionadas com a satisfa��o e o prazer. Essa regi�o do c�rebro � 
 o n�cleo estriado � � a mesma que se ativa, segundo estudos anteriores, quando se recebem pr�mios, recompensas ou reconhecimentos". 
 N�o � por acaso que nos mot�is, onde os casais s� se encontram para fazer sexo, existem tantos quartos cheios de espelhos: nas paredes, nos tetos, sim�tricos � cama ou inclinados para captar imagens. � o jogo da paix�o compartilhada e m�ltipla, para que se possa olhar a si mesmo ou o corpo do parceiro atrav�s dos diferentes olhares que o espelho devolve. Os corpos podem ser vistos, o pr�prio e o do outro, de diferentes e novos �ngulos que despertam uma voluptuosidade particular. Mesmo sem desviar a vista do espelho, as car�cias s�o sentidas de forma diferente. 
 Para muitos, o espelho funciona como um olho que observa � dist�ncia e, ao mesmo tempo, deixa ver todos os detalhes. Enquanto se masturba, ela pode contemplar sua pr�pria express�o de prazer, ao mesmo tempo em que v� sua vulva refletida. Quando se inicia essa pr�tica de autocontempla��o er�tica, muitas vezes os preconceitos atuam contra o tes�o, mas o h�bito e a maturidade sexual de se deixar testemunhar o pr�prio prazer acabam agregando novas possibilidades de gozo. Esses jogos despertam a imagina��o, que busca novas variantes: o reflexo curioso e alheio nos azulejos brilhantes da cozinha, a intimidade acolhedora do espelho no closet ou o espelho do banheiro em meio � bruma do vapor de uma
ducha quente. Alguns espelhos especiais, como os dos carros, permitem o interc�mbio de olhadas insinuantes e er�ticas. Em muitos casos, quando os espelhos t�m o foco corrigido, eles se transformam em verdadeiras c�meras que transmitem situa��es er�ticas para o espectador a que se destina. Algo similar ocorre com os espelhos das cabines das lojas de roupas, que eventualmente devolvem a imagem de um corpo nu e insinuante, um gesto provocativo ou um convite sexual direto quando a cortina est� entreaberta. 
 Num canto da ampla habita��o, abr se o biombo de duas folhas espelhado para receber a imagem de In�s na penumbra. Quatro velas que a ilumina pelas costas ressaltam o contorno de sua silhueta contra a luz, deixando entrever detalhes do seu corpo coberto pelos bot�es da blusa entreaberta. As m�os acariciam o tecido que ressalta seus mamilos erguidos. 
 Seu rosto � o rosto do desejo. Os dedos percorrem a pele do colo e seguem com car�cias pelo tecido peito abaixo. Xavier a contempla no espelho por tr�s. Sua excita��o aumenta a cada novo movimento. Ela tamb�m o olha atrav�s dos espelhos e v� a rea��o nos seus gestos carregados de lux�ria: ele lambe um dos dedos enquanto a outra m�o aperta por dentro das coxas, aproximando-se cada vez mais dos genitais. O desejo mora no espelho. E a quinta dimens�o er�tica, onde eles realizam suas fantasias e vivem suas paix�es. Xavier se aproxima e ap�ia as m�os nos ombros de In�s para come�ar o ritual do contato: tira a blusa com suavidade e a deixa deslizar at� o ch�o. O reflexo de In�s se mostra completamente nu e palpitante. O peito dele se esfrega nas costas dela. O p�bis de Xavier encosta na bunda de In�s e sua pele acaricia a pele de sua amante. 
 N�o se olham diretamente, mas ela sente esse corpo que a procura e o v� no espelho. Tudo ocorre nessa tela dupla que devolve o olhar e acende o frenesi. 
 Quando a respira��o dela come�a a se afogar em gemidos e as pernas a 
 
 
 fraquejar pelo desejo, ele a sustem com os bra�os e lhe acaricia o corpo de cima a baixo, do ventre at� as pernas, dos bra�os at� os seios. N�o tem pressa, se deleita ao olh�-la de todos os �ngulos quando ela treme de prazer. O sexo refletido j� � incontrol�vel. 
 * * *
 "Alguns minutos depois, ao olhar pela janela para ver por onde est� indo, ela observa no espelho retrovisor os olhos do taxista cravados em suas pernas. Ela se sente excitada com a situa��o. Tira o batom da bolsa e o faz girar lentamente para que saia aos poucos". 
 Tereza desce a escada aos saltos; ela s� p�de lavar o rosto e vestir-se correndo. Chegar� atrasada na reuni�o de trabalho. O maldito despertador engui�ou mais uma vez e ela s� tem tempo para vestir uma blusa branca transparente, a saia preta justa e a jaqueta cinza. Logo mais vai se pentear e se retocar no t�xi. Tem sorte: logo que pisa na cal�ada, v� se aproximar um t�xi livre. Quando se acomoda no assento traseiro, a saia justa sobe acima da metade de suas coxas. Agitada, ela indica a dire��o ao taxista. Sem perder tempo, pega o espelho e come�a a maquiar-se. Alguns minutos depois, ao olhar pela janela para ver por onde est� indo, ela observa no espelho retrovisor os olhos do taxista cravados em suas pernas. Ao ser descoberto, ele rapidamente desvia o olhar para a frente. � estranho, mas nessa manh� agitada, um epis�dio como esse muda os pensamentos de Tereza e ela se v� excitada. Como se nada houvesse acontecido, desenha o contorno dos olhos e, embora sem olhar para o taxista, intui que ele a est� espiando. O taxista parece se exaltar com os movimentos das m�os e das pernas de Tereza. Ela se sente excitada com a situa��o. Tira o batom da bolsa e o faz girar lentamente para que saia aos poucos. Mentaliza o movimento mais lascivo e o p�e em pr�tica. Ele continua olhando pelo retrovisor, deslumbrado. Tereza esfrega o tubo purp�reo nos seus l�bios carnudos e logo os aperta. Levanta os olhos e o v� outra vez no espelho, mas agora sustenta o olhar por um instante. "Sei que est� me olhando, e que gosta de mim", � como se lhe dissesse. Com certo descaramento, e para n�o perder detalhe algum, ele ajeita melhor o retrovisor sem prestar muita aten��o no tr�fego. Ela parece permanecer indiferente, abre as pernas e levanta uma delas como se para esticar a meia, ao mesmo tempo em que oferece um panorama �ntimo ao motorista. A excita��o aumenta at� o descontrole e, por isso, ele resolve dirigir devagar pela direita. Para Tereza j� n�o parece importar o atraso � reuni�o de marketing. Esse jogo a deixa ocupada. E segue em frente. Desabotoa sem pudor os bot�es da blusa e enfia as m�os para ajeitar melhor o suti�, ainda que se acaricie al�m da conta. Embora sem olh�-lo, ela sabe que os olhos arregalados do taxista n�o deixam de atender cada gesto de sua voluptuosa provoca��o... 
 
 Mais de dois
 exo sem compromisso e sem intimidade: s�o as duas chaves para desinibir completamente. Alcan�ar esse est�gio em que se mant�m Srela��es simult�neas com um grupo de pessoas, conhecidas ou desconhecidas, � um ponto de mudan�a na vida sexual a partir do qual ser� poss�vel dissipar com rapidez a press�o dos preconceitos e se liberar para eleger e decidir, sem travas, a rela��o que mais apetece. 
 O sexo grupal, contudo, se observa socialmente por tr�s do v�u de pr�ticas inconfess�veis, de modo que a decis�o de experiment�-lo implica em se liberar, em romper os fortes escr�pulos que fecham as portas ao prazer diferente. 
 A mem�ria fraca sempre nos faz ter um desempenho fraco enquanto esp�cie. Desde as origens, o sexo grupal foi adotado por diferentes tribos e cl�s como f�rmula efetiva para a sobreviv�ncia do grupo, nos momentos em que a fertilidade era requerida aos deuses. Mais tarde, os pr�prios deuses se����rviram de exemplo. Dizem que Baco, o deus grego do vinho, organizava festas com multid�es onde n�o havia limites para o vinho nem para a comida e o sexo. As orgias derivam dessas pr�ticas, e os festins romanos talvez sejam os mais lembrados. 
 Mas as cortes medievais dos reis b�rbaros e cat�licos tamb�m organizavam suas orgias, incluindo o clero, e isso era um dos fatores de poder da �poca. Nos s�culos posteriores, a pr�tica do sexo grupal foi se ocultando, tornou-se um tabu inconfess�vel; por um lado, pela influ�ncia cultural, e, por outro, pela hipocrisia daqueles que detinham o poder: nobres, militares e sacerdotes. Em suas festas privadas, eles praticavam com freq��ncia o sexo grupal, pois isso liberava e era prazeroso, mas essas pr�ticas n�o eram permitidas ao povo porque n�o se adequavam aos dois sentimentos necess�rios para infundir a domina��o: medo e repress�o. Atualmente, o sexo grupal parece levantar v�o. Segundo a opini�o de muitos, as sensa��es mais primitivas, como o desejo sexual e a excita��o, aumentam nos ambientes em que se pode ouvir, ver, tocar e acompanhar outras pessoas durante o sexo. 
 
 
 Menu � la carte para o sexo m�ltiplo
 "Destr�i mitos, derruba tabus e joga por terra sentimentos t�o prejudiciais � felicidade quanto os de ci�me e de infidelidade". 
 Destr�i mitos, derruba tabus e joga por terra sentimentos t�o prejudiciais � felicidade quanto os de ci�me e de infidelidade. Quando um casal resolve ampliar o jogo das rela��es e desfrutar a sexualidade, abre-se para uma s�rie de possibilidades com a naturalidade outorgada pela livre elei��o da busca do prazer. Fazer sexo em trios ou em grupos maiores talvez seja uma atividade que aglutina simultaneamente diversas pr�ticas inconfess�veis: � poss�vel desfrutar enquanto se exibe, olhar como os outros est�o fazendo, assistir �s pr�ticas de domina��o-submiss�o ou montar jogos de pap�is. Contudo, algumas pessoas contentam-se em poder participar e gozar com naturalidade das sensa��es que as liberam dos mitos e tabus. 
 Atualmente, o sexo grupal tem se tornado mais conhecido porque os meios de comunica��o j� mostram alguns lugares onde ocorrem interc�mbio de casais (swinger) e festas organizadas de sexo grupal, al�m dos numerosos sites de
contato via Internet. Mas � evidente que todo esse movimento n�o passa de uma rea��o � necessidade, ao desejo e tamb�m a uma vis�o comum das fantasias sexuais e sonhos er�ticos de homens e mulheres, nos quais as cenas de sexo grupal ou de trios ocupam um lugar privilegiado. 
 "As Jacob's party s�o festas realizadas em resid�ncias particulares onde um grupo de pessoas conhecidas faz sexo grupal com um limite: proibi-se a penetra��o. Essas reuni�es, de origem inglesa, permitem o sexo oral e a masturba��o. Seu objetivo � potencializar uma atitude aberta em que n�o se pode escolher com quem fazer sexo". 
 Na realidade, essa abertura fez surgir muitas possibilidades: � uma esp�cie de menu � la carte, onde se pode optar por fazer sexo grupal com desconhecidos, incluir o casal, faz�-lo apenas com amigos ou em trios, incorporar uma terceira pessoa ao casal ou ser a terceira pessoa para outro casal. 
 Tamb�m existe, � claro, a possibilidade de o casal contribuir para esses lugares de interc�mbio. 
 Faz um m�s que se sente agoniada no trabalho, mas a �ltima semana foi asfixiante. Muita tens�o acumulada. "Preciso compensar todo esse estresse com momentos de prazer sereno", ela diz para si mesma, como se buscando uma balsa para salv�-la do pesadelo. Laura est� ciente disso, mas nダ��o encontra onde nem com quem. Est� em meio � organiza��o de um projeto para uma ONG quando toca o celular: alguns conhecidos da viagem ao Egito convidando-a para jantar nessa mesma noite. E uma oportunidade para se distrair. Ela nem precisa pensar e aceita. Nem pergunta se haver� mais gente ou quem ir�. As sete horas, sai do trabalho e vai pra casa. S� quer esquecer da en�sima discuss�o de trabalho e sonha com uma ducha reconfortante que a deixe preparada para uma noite diferente. Ela se maquila, veste uma camiseta verde lim�o de alcinhas e uma saia. Quando chega, � recebida com toda a gentileza; levam-na para uma sala decorada com cores e adornos bem sensuais, almofadas e cortinas orientais e um persistente aroma de s�ndalo que flutua pelo ar. A lista de convidados � pequena: s� ela. Depois de beber um aperitivo �rabe � base de anis, ela � conduzida � sala de jantar. As iguarias e o champanhe franc�s s�o t�o agrad�veis e sensuais como o ambiente. Os anfitri�es s�o encantadores e t�m uma pitada de mist�rio que ela n�o consegue decifrar, mas que a deixa com uma agrad�vel inquietude. J� nem se lembra de seus problemas no trabalho. O humor mudou tudo. Ela se d� conta de um certo jogo de olhares c�mplices entre o casal. As borbulhas de outra garrafa agu�am ainda mais as deliciosas percep��es. Eles v�o tomar caf� na outra sala. Poucos minutos depois, ele traz uma nova garrafa de champanhe para brindar aos deuses eg�pcios que reuniram os tr�s. Laura est� sentada num sof� com coxins de plumas grandes e macias. Ele diminui a luz e senta-se junto dela, e a mulher tamb�m. Faz-se sil�ncio na penumbra. Laura parece voar em meio �s borbulhas e � atmosfera quando sente uma delicada m�o de mulher subindo por sua coxa, acariciando suavemente cada peda�o de sua pele. Ela se abandona ao prazer, fecha os olhos e, alguns segundos depois, uma barba rala ro�a sua face e l�bios suaves buscam os seus... 
 
 
 A intimidade prazerosa com desconhecidos
 "Nas rela��es grupais das quais o casal participa, � conveniente estabelecer c�digos secretos de signos ou de gestos. Assim, ambos podem comunicar entre si as situa��es ou pessoas que s�o agrad�veis ou que n�o s�o, de modo que ningu�m venha a se sentir recha�ado ou se provoquem situa��es indesej�veis". 
 Ao contr�rio de outras pr�ticas, o sexo grupal n�o pode ser levado a cabo de maneira espont�nea, sem planejamento. Assim, essa fase de prepara��o acaba sendo tamb�m muito excitante para os organizadores: escolher onde se vai fazer a reuni�o, optar pelo melhor espa�o para o grupo ficar (por exemplo, se conv�m incluir ou n�o os quartos); estirar almofadas, p�r velas, decidir qual vai ser o fundo musical, a ilumina��o do ambiente... At� mesmo para os que n�o est�o nesses preparativos, j� que s�o convidados, existe esse per�odo estimulante, quando aumenta a adrenalina face ao desconhecido que se aproxima; quando se podem imaginar mil cen�rios poss�veis. E nesse jogo de adivinha��es, o passado tamb�m tem seu papel: as experi�ncias de situa��es er�ticas, as emo��es vividas e as diferentes intensidades dos encontros anteriores geram um desejo ainda maior. Muitas vezes todas essas sensa��es, pelo menos no in�cio, s�o vividas mais intensamente com desconhecidos. Isto porque o sexo se torna mais relaxado do que com amigos, com os quais muitas pessoas ficam particularmente inibidas. Mas � evidente que isso depende da personalidade e das circunst�ncias. Os mais retra�dos preferem faz�-lo num contexto protegido. 
 Eles se sentem mais seguros, por exemplo, quando compartilham a intimidade com duas pessoas conhecidas e na ����sua pr�pria casa, pois mais de dois num lugar desconhecido lhes deixam muito ansiosos. Outros, no entanto, precisam de outro tipo de emo��es: preferem espa�os que n�o conhecem e, al�m disso, quanto mais desconhecidos participem, mais forte ser� o est�mulo. H� tamb�m aqueles que, de acordo com o �nimo em que se encontram, preferem momentos mais intimamente controlados ou rela��es pouco planejadas, que fa�am aumentar a adrenalina. 
 "Houve uma coincid�ncia: a fantasia favorita daquele desconhecido tamb�m era o sexo grupal". 
 Fazia muito tempo que a id�ia rondava sua cabe�a. Quando era adolescente, se masturbava fechando os olhos e imaginando seis m�os sem rosto e sem sexo que tocavam suas pernas, seus peitos, sua bunda. As sensa��es transbordavam, o prazer superava as barreiras que ela mesma imaginava. A fantasia era recorrente e �ntima. Nunca havia confessado isso a ningu�m. No entanto, na semana anterior, protegida pelo anonimato da Internet, ela confidenciou para um homem, com certo desgosto. A sorte estava do seu lado. 
 Houve uma coincid�ncia: a fantasia favorita daquele desconhecido tamb�m era o sexo grupal. Durante as noites seguintes, as conversas se tornaram mais t�rridas. Ambos deram asas � imagina��o, estimulando-se mutuamente com di�logos que recriavam cenas de reuni�es de sexo grupal em que eles estavam inclusos. Foram noites de longas horas, que sempre terminavam com uma voluptuosa masturba��o. Por fim, decidiram p�r em pr�tica aquela fantasia compartilhada. E essa aventura � pra hoje. Ambos se encontram viajando de carro at� um vilarejo na costa do sul da Fran�a � pr�ximo da fronteira com a Espanha -, um para�so do sexo natural. Um grande n�mero de discotecas e de lugares de encontro abre as portas para pessoas que anseiam compartilhar sexo em trio, em grupos ou em troca de parceiros. Na chegada, numa das ruas do vilarejo, uma mulher com um grande casaco se aproxima caminhando de um modo bem sensual. Eles a seguem at� uma discoteca da rua central. L� dentro, um amplo sal�o com bar e pista de dan�a � o palco de homens e mulheres que se relacionam uns com os outros numa festa cheia de sensualidade. A mulher est� dan�ando com um homem. N�o se tocam com as m�os, mas seus corpos se ro�am de frente, com movimentos provocativos e lentos. As coxas se acariciam entre si. O desconhecido que dan�a com aquela mulher come�a a passar a l�ngua em seu pesco�o e desce at� seu grande decote, enquanto ambos se entreolham e n�o param de se esfregar. O homem levanta a saia da mulher e p�e a m�o na vulva para estimular o clit�ris, enquanto sua boca se aproxima da virilha. A situa��o n�o pode ser mais estimulante. Ela decide acompanhar o homem: lentamente, come�a a se abaixar enquanto beija o peito do seu parceiro. Depois, acaricia as coxas. Quando chega perto do p�bis, baixa o z�per e faz aparecer um falo duro e vibrante; ela agarra e come�a a chupar bem devagar, enquanto olha o outro casal. 
 Dois mais um � sempre igual a tr�s
 Alguns trios se formam com um casal e uma terceira pessoa a quem excita extraordinariamente ouvir os outros dois fazendo sexo,
com todos os sons naturais que surgem na rela��o. Esse tipo de contato costuma se dar em meubl�s, em campings ou em reuni�es de sexo grupal. 
 A decis�o de ser mais de dois n�o exige uma escalada crescente e paulatina. Ou seja, n�o � preciso primeiro formar um trio sexual para depois fazer sexo grupal, como se fosse um grau a mais. Mas o trio costuma estar presente em quase todas as fantasias. A maioria das mulheres imagina compartilhar a c����ama com um homem e uma mulher, ao passo que muitos homens t�m como fantasia principal fazer sexo com duas mulheres. 
 
 Quando um casal realiza esses desejos com a introdu��o de uma terceira pessoa, o que se busca � enriquecer a sexualidade do pr�prio casal e sair da monotonia atrav�s de novos est�mulos. Houve uma �poca em que isso era chamado de m�nage � trois, por conta da grande influ�ncia exercida pela cultura francesa do s�culo XIX em mat�ria sexual. Hoje em dia, a palavra que evoca e estimula a rela��o sexual m�ltipla � trio. Trata-se de uma rela��o com muitas possibilidades: dois fazem sexo enquanto outro olha; tr�s sustentam uma rela��o simult�nea e encadeada, com sexo oral, penetra��o vaginal e/ou anal, masturba��o, troca de beijos e car�cias. Em muitas ocasi�es, a paix�o desse encontro a tr�s � produto da prepara��o, da incita��o de dois sobre um terceiro ou das insinua��es que permeiam o ambiente previamente preparado para tornar inevit�vel um encontro m�ltiplo, uma vez que o desejo ven�a a inibi��o. 
 "S�rgio tenta se concentrar no filme, mas sua excita��o grita como um alarme". 
 Marcos e Elza resolvem passar um fim de semana em Andorra. Eles est�o estressados com o trabalho, se v�em pouco em casa e o sexo se apagou. Marcos fala pra ela, de passagem, que convidou S�rgio, um amigo comum. Elza aceita como algo natural. N�o dizem nada, mas alguma coisa acontece no inconsciente de ambos. Quando chegam ao principado, percorrem as ruas de Andorra-a-Velha em busca de um hotel. Todos est�o ocupados. Por fim, encontram um com um quarto desocupado. Fazem a reserva e depois v�o passear pelas ruas, pelas montanhas e por alguns caminhos no bosque. 
 Regressam cansados no final da tarde. No quarto h� uma cama de casal e, ao lado, uma de solteiro. Os tr�s precisam de um banho antes do jantar. Marcos e Elza resolvem tomar banho juntos, para ganhar tempo. S�rgio se deita na cama e fica vendo tev� enquanto os amigos se deleitam, na ampla banheira, com jogos aqu�ticos que deixam escapar alguns gemidos e suspiros pela porta entreaberta. S�rgio tenta se concentrar no filme, mas sua excita��o grita como um alarme. Um pouco mais tarde, Marcos e Elza saem do banho de roup�o. 
 S�rgio toma uma ducha r�pida e eles saem para jantar num restaurante franc�s. Bebem duas garrafas de um bordeaux de boa safra e depois arrematam com uma ta�a de armagnac. Regressam ao hotel entre risos e alguns gracejos 
 
 
 mais quentes. Os tr�s vestem o pijama no banheiro, deitam-se e apagam a luz. 
 Mas ningu�m dorme. Aquele dia de relaxamento e o amigo pr�ximo disparam o desejo do casal, que come�a a fazer jogos er�ticos clandestinos sob os len��is. 
 Est�o agarrados, sentindo o calor dos corpos; seus l�bios n�o se beijam, deslizam pela pele do outro sem ru�dos. Mas a intensidade cresce e seus movimentos j� n�o s�o controlados: eles se mexem na cama, arrastam os len��is e uma respira��o entrecortada invade o quarto. Marcos sussurra alguma coisa para Elza e ela se exalta. S�rgio n�o perde detalhe algum. Quieto em sua cama, ele se d� conta de que tamb�m est� se excitando com o que escuta. O ardor aumenta dentro dele. Sua m�o obedece ao desejo: pega o p�nis e come�a a se masturbar bem devagar. Alguns minutos depois, ele ouve a voz do amigo chamando-o da outra cama. Quando se vira e tira o cobertor, v� na penumbra do quarto os amigo����s, que levantam os len��is e o convidam para junto deles... 
 
 O excitante encanto da troca
 "O swinger � aquela pessoa casada, solteira ou divorciada que, com a mente aberta e sem complexos, est� disposta a experimentar o sexo em suas m�ltiplas possibilidades". 
 Algumas palavras entram na moda e adquirem um sentido espec�fico num determinado jarg�o. Swinger � hoje a palavra mais popular para denominar os lugares de troca de casais e de rela��es liberais. � uma palavra bem apropriada, uma vez que prov�m do verbo ingl�s to swing, que significa ritmo ou balan�o e remete � liberdade de movimentos. Por isso, no jarg�o sexual, o swinger � aquela pessoa casada, solteira ou divorciada que, com a mente aberta e sem complexos, est� disposta a experimentar o sexo em suas m�ltiplas possibilidades. Trata-se de um perfil bem determinado: � algu�m que vive a sexualidade de forma natural e com plena liberdade de decis�o; dedica-se a atividades bastante estimulantes como troca de parceiros, sexo grupal, trios ou outras op��es preferidas dispon�veis �queles que participam de sess�es nesse ambiente liberal. 
 Embora se acredite que o swinging seja praticado principalmente por casais est�veis, a verdade � que cada vez mais os solteiros e as solteiras incorporam ao seu estilo de vida essa estimulante pr�tica sexual. Quase sempre s�o pessoas que t�m uma rela��o equilibrada e boa consigo mesmas e tamb�m com seus parceiros, quando os t�m. Outra caracter�stica distintiva � a nega��o absoluta da monotonia e da rotina: frente a esse risco, elas preferem aventurar-se, liberar-se e buscar novos horizontes sexuais. 
 Os swingers provocam certa resist�ncia nos setores tradicionalistas e puritanos da sociedade, que os identificam como personagens ligados a bacanais e orgias romanas. No entanto, a vida sexual liberal e a troca de casais acabaram encontrando um espa�o aberto e sem restri��es, de modo que j� n�o s�o tidas como pr�ticas obscuras; em alguns casos, s�o consideradas at� leg�timas. Por isso � que, atualmente, os clubes de interc�mbio, tamb�m chamados de ambientes liberais, s�o estabelecimentos de lazer totalmente legalizados, nos quais se pode desfrutar o sexo com outros casais ou com homens e mulheres sozinhos. As instala��es s�o preparadas para atividades que proporcionam o prazer. Todos os espa�os contribuem para desenvolver e incrementar o desejo e as fantasias er�ticas. Sempre h� um bar onde cada um pode pensar, pelo tempo que for necess�rio, se quer entrar na zona privada, nas pistas de dan�a, nos quartos em penumbra, nas jacuzzis, nas camas gigantes, nas salas de v�deos pornogr�ficos ou de erotismo. Uma das vantagens desses lugares � a delicadeza e o respeito com que se comporta a maioria das pessoas. N�o � pelo fato de estar nesse local que algu�m vai se dar o direito de obrigar o outro a fazer o que n�o quer, � poss�vel, ent�o, participar das atividades sexuais ou apenas olhar e deixar para o outro dia. 
 "Uma grande quantidade de lugares de interc�mbio tem sua pr�pria web, onde os seus servi�os s�o oferecidos. Para quem deseja ter sua primeira experi�ncia, pode ser muito �til uma consulta na Internet". 
 Planejaram tudo no dia anterior: seria naquele local, a dois quarteir�es do trabalho. Camila resolveu vestir o conjunto de malha azul. No final do expediente, saem do escrit�rio e caminham pela avenida at� chegar naquela rua transversal. Est�o alegres e excitados. Entram naquele lugar de ambiente liberal e se aproximam do bar para tomar um drinque e dissipar o nervosismo. 
 Conversam um pouco com os���� donos para inteirar-se sobre os clientes que freq�entam o lugar, at� que resolvem passar para a zona privada. No closet, ela decide ficar de calcinha e com o suti� azul, enquanto ele s� p�e a toalha que pegara na prateleira. E a primeira vez que v�o se exibir diante de outras pessoas com a evidente inten��o de compartilhar o sexo. Entram num grande sal�o com a precau��o da incerteza, olhando para todos os lados. A direita, uma pista de dan�a; � esquerda, uma seq��ncia de sof�s. Uma t�nue luz �ntima e agrad�vel envolve o ambiente. Sentam-se e decidem observar o que se passa ao redor. Algumas
pessoas est�o de roupas �ntimas; outras, vestidas. Todos parecem � vontade com o pr�prio corpo e com a situa��o. A m�sica � suave e sensual. A atmosfera � um convite � paix�o serena, crescente. Eles se contagiam. Ficam excitados por ver na pista v�rios casais que se mexem com voluptuosidade enquanto se acariciam sob as roupas. Um dos casais atrai a aten��o deles. A paix�o deixa aquele casal absorto, enquanto um terceiro se move com ritmo, tocando a bunda da mulher por cima da saia. � um trio que se 
 
 
 movimenta no mesmo compasso. Quando eles olham para o outro lado, v�em um almofad�o com desenhos �rabes e, sobre ele, um casal com roupas �ntimas se acariciando; ao redor, tr�s homens esticam as m�os e se integram nessas car�cias sensuais. Camila busca as m�os quentes de Gon�alo, apalpando-as e levando-as at� a barriga para se sentir acariciada. Mas eles fazem isso lentamente. N�o querem precipitar-se. Controlam a ansiedade para que o prazer se eleve passo a passo. V�o at� as acomoda��es da jacuzzi, onde se deparam com outro casal que brinca sob as �guas mornas e borbulhantes. 
 "A atmosfera � um convite � paix�o serena, crescente. Eles se contagiam". 
 Eles se metem na piscina redonda e trocam olhares e sorrisos c�mplices. 
 Sob a �gua, se ro�am e se tocam. A garota faz com que Camila se incline para que um jato de �gua se choque contra sua vulva, enquanto acaricia seus seios para acompanhar o prazer. Aos poucos os dois homens se unem, e os dois casais terminam se acariciando e se beijando. Depois, a garota sai nua da piscina, estende-se sobre um dos bancos de madeira e come�a a se masturbar. 
 Gon�alo a segue e aproxima seu p�nis duro da boca da garota, que sem dizer nada come�a a chupar a cabe�a do p�nis com grandes lambidas. Enquanto isso, na piscina, Camila se entrela�a em beijos fortes com o homem, ao mesmo tempo em que agarra o p�nis debaixo da �gua e o masturba com a for�a de sua excita��o. 
 
 Jogos de adultos sem culpas e sem preconceitos
 "Nas sex shops e na Internet encontram-se � venda jogos de cartas com imagens er�ticas ou de cubos em cujas faces aparecem palavras como tocar, boca, gemido, seios, entre as pernas. Tamb�m existem jogos de roleta que, em vez de n�meros, apresentam instru��es para a realiza��o de pr�ticas sexuais". 
 No sexo grupal observa-se um ponto l�dico acima das outras manifesta��es e pr�ticas sexuais. Os jogos fazem parte do relacionamento entre os participantes e s�o uma boa maneira de quebrar o gelo e despertar o desejo. 
 Alguns desses jogos s�o preparados de antem�o, como um tabuleiro com dados e um trajeto que apresenta pequenos compartimentos, com instru��es sexuais espec�ficas para que����m chega ali com suas fichas. H� tamb�m baralhos de naipes adaptados com figuras que representam posi��es ou atividades sexuais a serem cumpridas durante o jogo. Esses carteados, tanto os espanh�is quanto os franceses, simbolizam a uni�o entre o acaso e o sexo, introduzindo adrenalina e tes�o em situa��es que muito provavelmente acabam de maneira apaixonada. 
 O strip poker � um cl�ssico, com m�ltiplas vari�veis. O habitual � que o perdedor de cada rodada tire uma pe�a de roupa. Mas pode-se incrementar o jogo se o ganhador de cada partida tiver o poder de decidir com quem ter� alguns minutos de rela��o sexual antes de seguir o jogo. Existem � disposi��o jogos sexuais bastante imaginativos, cujos pr�mios podem ter um m�ximo de atrativo: realizar a fantasia sexual do ganhador. Mais al�m dessa ardilosa inoc�ncia, os jogos podem estimular algu�m a participar de uma rela��o sexual m�ltipla, ou simplesmente agregar uma pitada de novas emo��es. Eis alguns exemplos: colocar num recipiente diversos papeizinhos com diferentes propostas, uma das quais pode ser a de fazer um convite er�tico a um dos integrantes do grupo advers�rio, ou ent�o sortear quem vai passar vinte minutos com algum integrante do grupo, sozinho, num quarto em penumbra. At� mesmo a adapta��o do jogo infantil de "fazer girar uma garrafa" pode ser um bom come�o de sexo grupal; as pessoas para quem a ponta da garrafa apontar podem iniciar o contato sexual. 
 
 Doce pris�o
 ua, com as m�os atadas nas costas e os p�s unidos por uma corda na altura dos tornozelos, ela est� sentada na vegeta��o abundante junto a Numa �rvore. Sozinha na selva, rodeada pela densa e alta folhagem. O 
 calor e a umidade a deixam agoniada. Est� suando, agitada. Logo, � sua direita, a ramagem se move. Ela se assusta. A sensa��o de medo sobe por suas costas e se mistura a um inquieto prazer. Quem �? Quem �? Agora as folhas se agitam � sua esquerda, mais perto. Ela est� indefesa e desprotegida. O suor molha seus l�bios, seus mamilos e percorre o rego de suas n�degas. Ela consegue controlar a situa��o e, no entanto, gosta disso. Espera com ansiedade o pr�ximo movimento. Agora a ramagem se agita �s suas costas, a poucos cent�metros de seu corpo. A sensa��o � de uma presen�a bem pr�xima. A excita��o transborda. 
 O ar quente de uma respira��o ansiosa sopra o seu ombro. Seus olhos pulam das �rbitas. A adrenalina dispara a toda. Ela se vira para olhar... e ent�o desperta. 
 Cativeiro e escravid�o s�o as defini��es mais apropriadas para bondage, essa palavra inglesa que a princ�pio denominou uma pr�tica sexual ligada ao sadomasoquismo, mas que posteriormente foi assumida como um jogo por si s�. 
 Apesar disso, trata-se mais de uma sensa��o que de uma pr�tica, e � respons�vel por muitos sonhos recorrentes � como o descrito no par�grafo anterior �, embora poucos descubram seu significado inconsciente. �s vezes, o que motiva essas sensa��es s�o desejos ocultos (sentir-se preso, sem controle, indefeso e � espera do desconhecido), unidos �s novas sensa��es de gozo que tais situa��es podem proporcionar. Em outras ocasi�es, s�o certas percep��es f�sicas associadas � press�o das amarraduras ou � impot�ncia para se desatar. 
 Assumida simplesmente como jogo sexual, a bondage consiste em atar o amante, parcial ou totalmente, n�o apenas para desfrutar a sua imobiliza��o, mas tamb�m para lev�-lo ao �xtase com car�cias, beijos e outras t�cnicas de estimula��o. 
 
 
 Da crueldade oriental � sofistica��o er�tica
 "Durante uma sess�o de bondag����e pode acontecer um interc�mbio de pap�is: o atado passa a ser aquele que ata e vice-versa. Assim, os amantes agregam um complemento ao jogo de cumplicidades e doces vingan�as que se faz quando cada um deles assume o controle da situa��o". 
 As amarraduras t�m diversos antecedentes, dos quais se tomaram exemplos ou se copiaram situa��es para representa��es sexuais: desde os inocentes jogos infantis de �ndios e caub�is at� as algemas que imobilizam os detentos. As origens da bondage, no entanto, remontam a muitos s�culos atr�s. 
 Localizam-se na sempre misteriosa cultura japonesa, e a� n�o s�o precisamente agrad�veis e l�dicas. No Jap�o violento e feudal do s�culo XVI, imperava um c�digo penal que impunha aos criminosos a tortura e a execu��o mediante ataduras com cordas em quatro graus crescentes. No primeiro, utilizava-se a corda para a�oitar os delinq�entes; no segundo, eles eram golpeados com cordas que tinham uma pedra atada na extremidade; no terceiro, eles tinham a circula��o do sangue paralisada com o aperto das amarraduras; no quarto grau, por fim, eram pendurados com cordas durante v�rios dias. 
 "As primeiras, amarraduras er�ticas documentadas datam de meados do s�culo XIX, quando o Jap�o come�a a abrir-se para o mundo ocidental e sua cultura seduz uma parte das elites europ�ia e norte-americana". 
 Entre os s�culos XVII e XIX, quando a dinastia Tokugawa manteve o pa�s semi-isolado do resto do mundo, as velhas tradi��es foram recuperadas. A amarradura de cordas deu lugar ao desenvolvimento de uma arte marcial, o hobaku-jutsu. O objetivo era capturar e submeter os ladr�es com o uso de cordas. Mas n�o se tratava nem de armadilhas nem de simples la�os, e sim de um complexo c�digo no qual as formas das ataduras � e cada
n� � tinham um significado simb�lico que se aplicava de acordo com a idade, a profiss�o e a classe social do delinq�ente ou com o crime que ele havia cometido. Quando era pendurado ou amarrado na pra�a do vilarejo, podia-se saber tudo o que ele havia feito "lendo os n�s e o tipo de corda que o subjugava". 
 
 As primeiras amarraduras er�ticas documentadas datam de meados do s�culo XIX, quando o Jap�o come�a a abrir-se para o mundo ocidental e sua cultura seduz uma parte das elites europ�ia e norte-americana. A bondage, ent�o, abandona seu passado violento e se converte numa sugestiva variante er�tica, numa doce tortura, deixando de lado o peso das crueldades que lhe davam sentido no passado. Hoje em dia � uma pr�tica consentida entre os amantes, com t�cnicas e limites claros, que abre um outro caminho para aumentar a intensidade da rela��o sexual. 
 L�via chega de carro ao meubl� da estrada. Sai do estacionamento revelando suas pernas sob a saia justa. Como em todas as sextas, ela � pontual. 
 Carrega a bolsa de pele e uma bolsa de papel na m�o. Ali esconde a surpresa. 
 Passou a semana toda imaginando o cen�rio e excitando-se quando a fantasia crescia dentro dela. M�rio a espera no corredor. Sobem ao apartamento. 
 Intrigado, ele olha a bolsa; ao entrar no quarto sua curiosidade tornar-se maior que a discri��o e ele pergunta sobre o conte�do. Ela sorri e lhe pede para que relaxe, que a deixe fazer, que ele vai gostar. Depois, lhe pede que se desnude e deite na grande cama. A intriga j� come�a a surtir efeito. M�rio sente que o ardor cresce dentro de si. Ela faz uma cara de doce perversa e tira alguns len�os de seda da bolsa misteriosa. Senta-se junto dele e se esfrega suavemente pelo peito, pelos bra�os e desce���� at� a barriga, entretendo-se com uma dan�a sensual sobre o umbigo. Desce um pouco mais, rodeia o p�nis quase em ere��o com um len�o e o gira em torno dele. A fric��o sobre a pele sens�vel provoca calafrios e gemidos de prazer em M�rio, que se abandona ao jogo. 
 L�via segue o roteiro pr�-estabelecido de sua prazerosa tortura: volta a passar o len�o entre os dedos das m�os e logo entre os dedos dos p�s de M�rio. O 
 prazer aumenta. Os suspiros s�o profundos. Seu p�nis lateja lentamente. Com a mesma lentid�o, L�via acaricia os bra�os de M�rio at� que os estira para at�-
 los com o len�o na cabeceira da cama. Primeiro, um pulso, depois o outro; um tornozelo, o outro em seguida. Ent�o, com toda a carga de sensualidade de que � capaz, L�via lhe sussurra que agora o tem � sua merc�, que o vai acariciar e o excitar tanto quanto ela quiser. Ele est� totalmente subjugado. L�via se afasta da cama para iniciar um fino e sensual strip-tease. M�rio est� mudo, as palavras n�o cabem; ele desfruta o que v�. Depois que termina de se despir, L�via desliza as m�os em seu corpo e se acaricia com prazer e deleite. Enfia um 
 
 
 dedo na boca e o chupa at� ench�-lo de saliva; em seguido, o leva aos seus mamilos, que se eri�am. M�rio est� � beira do �xtase e desfruta contemplando-a de sua imobilidade. Ela p�e mais lenha no fogo; seu dedo segue viagem para baixo e abre passagem entre os l�bios da vulva. Os dois desfrutam... Ele n�o pode se mover nem toc�-la; est� t�o perto, mas t�o inacess�vel quanto se estivesse longe. Quando a tens�o er�tica se torna insuport�vel, ela se aproxima e come�a a lamber os dedos dos p�s dele, sobe pela panturrilha, segue por dentro das coxas e rodeia as virilhas com a ponta da l�ngua, at� que seus l�bios se fundem com a cabe�a do p�nis, j� a ponto de estalar. 
 Amarraduras para gozar de maneira suave ou intensa
 "Alguns acess�rios servem para agregar uma pitada diferente de tes�o na amarradura. Existem pulseiras duplas que se adquirem nas sex shops e prendem os pulsos nos tornozelos. Uma outra sugest�o bem interessante � combinar as amarraduras com a sensa��o de ter os olhos e a boca tapados; a adrenalina dispara". 
 O gozo � m�tuo. Com as amarraduras, desfrutam tanto quem est� amarrado como aquele que controla e submete. Para quem se encontra atado, n�o se trata apenas de um exerc�cio indiferente de abandono � vontade do outro; isso se interpreta tamb�m como um ato de entrega ao amante, com uma grande carga de voluptuosidade. Para o parceiro sexual, o est�mulo � ter o controle da situa��o e, al�m disso, testemunhar o gozo do seu amante. Mas, sem d�vida, o protagonista do jogo � o que est� atado. Sua atitude passiva de deixar-se amarrar e ficar imobilizado � merc� do outro j� o p�e excitado. 
 Essa pr�tica tamb�m pode ser combinada com outras formas l�dicas sexuais: exibir-se, desfrutar enquanto olha, fazer o jogo dos pap�is ou a cl�ssica domina��o-submiss�o, a forma que � tradicionalmente associada com a bondage. Talvez por esta �ltima vincula��o as amarraduras tenham se relacionado ao sexo mais rude, orientado no sentido de uma submiss�o tortuosa. 
 Acontece que n�o tem de ser necessariamente assim; � poss�vel uni-lo a uma id�ia de sexo afetivo, c�lido e delicadamente sensual, onde desempenham um papel importante o ambiente e o uso de materiais � como a seda � para as ataduras. A escolha desses materiais tamb�m pode resultar n����uma cena de fetichismo, pois em algumas ocasi�es os amantes t�m um est�mulo adicional: a excita��o provocada pelo odor de uma corda, pela textura de um len�o ou pelo significado oculto das algemas. 
 Muitas vezes os casais se valem das amarraduras como uma f�rmula 
 "pouco convencional" de est�mulo para fugir da rotina r�gida, fazer renascer o desejo com maior intensidade e vencer as antigas inibi��es de maneira moderada e controlada. No entanto, a repeti��o do jogo, das ataduras, dos materiais utilizados, das posi��es e dos n�s feitos pode transformar essas pr�ticas em outra rotina, t�o logo seja superada a novidade. Por isso mesmo, a troca constante das formas e dos comportamentos, um produto do inconformismo equilibrado, ser� um ant�doto contra as rela��es repetidas, mec�nicas e tediosas. 
 Os jogos sexuais eram pessoais. Fizeram com que a penetra��o deixasse de ser parte fundamental e �nica no relacionamento deles, que n�o representasse tudo. Disso resultou um prazer transformador e m�ltiplo. Por isso, esta noite eles passam muito tempo se acariciando e se beijando por todo o corpo, mudando de posi��es e aumentando gradualmente a excita��o. 
 Experimentaram a bondage muitas vezes, mas hoje ser� diferente. Dolores se levanta subitamente da cama e, frente ao gesto de surpresa de Joaquim, pede que ele espere por uns segundos, porque logo entender�. Pouco depois, ela regressa ao quarto com uma longa corda de c�nhamo. Sorrindo e sem dizer uma palavra, come�a a prender os pulsos de Joaquim e depois sobe pelos bra�os, rodeando os cotovelos e passando a corda em torno do peito. Em cada 
 
 
 giro, esfrega o corpo de Joaquim com a ponta dos dedos numa car�cia impercept�vel, mas poderosamente sensual. Abaixa a corda at� o p�bis. A fric��o do c�nhamo, a surpresa pela presen�a das amarraduras e os outros jogos preparat�rios deixam Joaquim alerta, � beira de uma explos�o sexual. 
 Dolores continua enrolando as pernas do amante com a corda, unindo-as dos quadris at� os tornozelos. Ela sussurra com sensualidade no ouvido dele, pedindo-lhe que se deixe levar, que confie, pois logo ele ter� o m�ximo de prazer. Em cada volta da corda, ela esfrega a ponta da l�ngua no peda�o de pele que ficou livre. Pouco a pouco o sorriso de gozo que se delineava nos l�bios de Joaquim se transforma; sua boca se contrai at� que ele solta um grito profundo que sai de suas entranhas ao mesmo tempo em que ejacula. 
 
 O jogo � estar atado e bem atado
 "N�o existem regras fixas para as amarraduras. Elas devem atender a necessidade sensual de cada casal de amantes. N�o se trata de impedir que o amante se solte, mas de transmitir a sensa��o de que isso n�o � poss�vel". 
 H� tantos materiais a serem utilizados para atar quanto a capacidade inventiva dos pr�prios amantes. Cordas de c�nhamo,

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