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Olá! Nesta videoaula iremos tratar de um tema importantíssimo para compreender melhor o que historicamente ajudou a definir a forma como as organizações são pensadas e gerenciadas. Trataremos as concepções que definem as Organizações orientadas por funções. Organizações orientadas por funções Em 1776, Adam Smith, em A Riqueza das Nações, afirma que o trabalho é fragmentado nas tarefas relativas que o compõem. Hoje, afirmar isso, seria algo muito óbvio, pois é uma idéia simples, mas na época foi uma proposta muito inovadora - revolucionária. A proposta de trabalhadores executarem tarefas simplificadas permitiu o aumento da produção, pois deu condições de produzir mais do que trabalhadores que executavam o trabalho completo relacionado a um produto; artesãos demoravam para terminar um produto, a separação em atividades permitiu ganhar em produtividade. A especialização, execução de tarefas simples, juntamente com a invenção de máquinas facilitou e permitiu que o trabalho fosse executado mais rapidamente e que um número menor de trabalhadores pudesse produzir mais do que costumavam produzir anteriormente. A concepção de Adam Smith foi incorporada mais intensamente nas organizações e teve um impacto grande com Taylor. Taylor escreveu o livro Princípios da Administração Científica em 1911 e mostrou a importância da fragmentação do trabalho em componentes. Para Taylor, os administradores deveriam pensar o que tinha que ser feito e os trabalhadores deveriam executar as tarefas. Estas idéias foram aplicadas intensamente pelas fábricas da Ford. Ford aplicou o princípio da fragmentação do trabalho na indústria automobilística através da criação de linhas de montagem para fabricar carros. A produção em série mostra como é possível aumentar a produtividade com a separação do processo de fabricação em atividades específicas. A administração científica e seus desdobramentos reduziram a complexidade do trabalho, pela sua fragmentação. Título: Texto Organizações Funcionais Professor: Jorge Sündermann Estas concepções, embora consideradas ultrapassadas por muitos gestores, pesquisadores e estudiosos de organizações, continuam muito presentes, principalmente quando se observa que muitas organizações são estruturadas verticalmente e possuem um número exagerado de gerentes de nível intermediário na escala hierárquica. Com muitos níveis hierárquicos, as organizações costumam ser lentas para perceber a necessidade e implementar mudanças demandadas pelo mercado dinâmico de nossos tempos. Muitas vezes o funcionário percebe um problema, mas deixa que ele chegue ao chefe para decidir o que deve ser feito. Quais são os principais pressupostos das organizações tradicionais, funcionais? 1) Considera-se que o ambiente externo requer constância e regularidade permitindo que se considerem isolados do ambiente ou mesmo como um sistema fechado. 2) Outro princípio adotado é a especialização, considerada elemento para obter eficiência. A idéia é produzir tarefas afins para aumentar a produção. 3) Considera que o trabalhador tem conhecimento e capacidade limitados. É preciso definir tarefas específicas e simplificadas para facilitar o treinamento do trabalhador para executar cada tarefa. Estes princípios criaram organizações engessadas, isoladas do ambiente, com diversos níveis hierárquicos e departamentos ou áreas funcionais, que executam um rol de atividades que se assemelham, porém não envolvem um processo completo para atender demandas de clientes. Na divisão da organização em áreas funcionais, o foco costuma ser na hierarquia e na chefia que ocupa um nível hierárquico e não o cliente e suas demandas. Um dos grandes problemas desta forma de organização do trabalho é que ela aliena o trabalhador. Quando se observa a estrutura de uma organização no modelo tradicional ou vertical, percebe-se que ela se organiza por funções. Atividades relacionadas, de uma mesma área, que exigem técnica e/ou conhecimento similar são agrupadas e dão origem à área funcional. Na figura apresentada, a seguir, pode-se observar um exemplo de organização no modelo funcional, tradicional. Figura: Organização Tradicional - Funcional Alta Gerência Desenvolvimento Produção Marketing Finanças Fonte: adaptado de COSTA, L. S. S., CAULLIRAUX, H. M. Manufatura integrada por computador: sistemas integrados de produção: estratégia, organização, tecnologia e recursos humanos. Rio de Janeiro: Campus: SENAI: COPPE/UFRJ, 1995 A estrutura da organização tradicional – definida pelas áreas funcionais – se define por organograma vertical que especifica as funções e departamentos, porém não considera as interações e os fluxos com o meio ambiente. Se a estrutura é funcional, a tendência é que os administradores deste tipo de organização também as tratem de maneira vertical e funcional. Nesta situação, assuntos transversais, problemas que perpassam áreas têm sua solução dificultada. Quais as Vantagens das organizações por funções? 1) A especialização permite desenvolver e utilizar, ao máximo, as habilidades especializadas. O trabalhador se aprofunda na área de atuação, podendo focar em gostos e inclinações pessoais. 2) Facilidade de dividir o do trabalho considerando custos. O gerente pode remanejar com facilidade seus trabalhadores para lugares onde é mais necessário em determinado momento. 3) Permite obter economia de escala em instalações e equipamentos, pois com a centralização de funções é possível concentrar instalações e equipamentos para atender a um conjunto de funções. 4) Permite a definição de controle e coordenação centralizados. Para os gestores é mais fácil controlar e coordenar atividades para atingir os objetivos na medida em que as demandas são semelhantes e os trabalhadores estão alocados para a área. 5) Permite definir bem a carreira de especialistas funcionais. Os cargos e a evolução dos mesmos são facilmente organizados para que o trabalhador possa desenvolver sua carreira. Trabalhando na área funcional é mais fácil continuar o desenvolvimento profissional, inclusive pela prática diária e pelas relações com profissionais da área. Quais as maiores Desvantagens da organização por funções? Como as organizações por funções não focam o cliente, nem os produtos a eles oferecidos, gera-se um problema de compreensão do fluxo de trabalho, bem como um desencontro de metas e medidas, que são próprias de cada área funcional. 1. Falhas no trabalho gerado por causa de erros de comunicação entre diferentes departamentos; 2. Sempre que acontecem erros em atividades anteriores é necessária a volta ao departamento que executou a tarefa para executar o retrabalho; 3. Comunicação muito lenta: a hierarquia das empresas organizadas de forma funcional bloqueia a comunicação ao longo do fluxo de valor. 4. Falta de autonomia para decidir o que fazer nas situações anormais. Na organização hierárquica funcional, com vários níveis, os empregados de nível mais baixo na estrutura organizacional, não decidem, e os de nível mais alto não gostam de correr riscos. Antes de decidir, discutem as possibilidades com o chefe imediato, e este com o chefe dele, etc.; 5. Perda de tempo com retrabalho. A qualidade é, na maioria das vezes, verificada no final da produção e, se houver defeito, gasta-se tempo e dinheiro para consertar o problema; 6. Perda significativa de sinergia, pois cada um se preocupa apenas com sua parte, não contribuindo com o processo de produção como um todo. Com a mudança nas demandas dos clientes, que passaram a ser mais exigentes, e as alterações significativas naconcorrência, as empresas precisam repensar a forma de gerenciar seus recursos para atender as expectativas da sociedade. Ao observar que as organizações por funções possuem mais desvantagens do que vantagens, outra forma de estruturação, representada pelas Organizações por Processos, é definida. Mas esta será vista em outro momento. Espero que o conteúdo dessa videoaula tenha ajudado a compreender as concepções que definem grande parte das estruturas das organizações atuais. Caso considere necessário, estou à disposição para esclarecer possíveis dúvidas. Obrigado e bons estudos!
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