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1 INTRODUÇÃO A fitoterapia ou terapia pelas plantas é uma das mais antigas práticas terapêuticas da humanidade. Ela remonta há cerca de 8.500 a.c. e apresenta origens tanto no conhecimento popular como na experiência científica. As plantas contêm princípios ativos capazes de curar diversas doenças e entre elas estão às classes de Glicosídeos Cardiotônicos e a classe dos Taninos. Os glicosídeos cardiotônicos têm sido utilizados há séculos como agentes terapêuticos. Os compostos que contêm a porção molecular comum a estes agentes, um núcleo esteróide de aglicona na qual se acopla um anel de lactona insaturada, são encontrados em muitas plantas e em várias espécies de sapos. Os glicosídeos cardíacos, como a digoxina, têm como mecanismo de ação a inibição da bombaNa+/K+ ATPase, o que provoca o aumento de Na+ intracelular, a ativação do trocador Na+/Ca2+ e consequentemente uma elevação do Ca2+ intracelular (e, consequentemente, a ativação do complexo actina/miosina que leva a contração), por troca com o Na+. Dessa forma, seu uso terapêutico deve-se à sua capacidade de aumentar a força da contração sistólica provocando esvaziamento mais completo do ventrículo e o encurtamento do período de sístole. Assim, o coração tem mais tempo para repousar entre as contrações. No entanto, em concentrações tóxicas, os glicosídeos podem aumentar a automaticidade cardíaca e provocar taquiarritimia ectópica. Já os taninos são substâncias complexas presentes em inúmeros vegetais, os quais têm a propriedade de se combinar e precipitar proteínas de pele de animal, evitando sua putrefação e, consequentemente, transformando-a em couro. Podem ser encontrados também nas raízes, nas cascas, nas folhas, nos frutos, nas sementes e na seiva. Os taninos pertencem a um grupo de compostos fenólicos provenientes do metabolismo secundário das plantas e são definidos como polímeros fenólicos solúveis em água que precipitam proteínas. Apresentam alto peso molecular (500-3000 Da) e contém grupos hidroxilafenólicos em quantidade suficiente para permitir a formação de ligações cruzadas com proteínas. O conteúdo de taninos nas plantas pode variar de acordo com as condições climáticas e geográficas, podem apresentar uma composição química variada, sendo muitas vezes, pouco conhecida. São substâncias detectadas qualitativamente por testes químicos ou quantitativamente pela sua capacidade de se ligarem à pele. Essa definição exclui substâncias fenólicas simples, de baixo peso molecular, frequentemente presentes com os taninos, como os ácidos clorogênico, gálico e outros que, por também precipitarem gelatina, são conhecidos como pseudotaninos. Os taninos são classificados em hidrolisáveis e condensados. Os primeiros são constituídos por diversas moléculas de ácidos fenólicos, como o gálico e o elágico, que estão unidos a um resíduo de glucose central. São chamados de hidrolisáveis, uma vez que suas ligações ésteres são passíveis de sofrerem hidrólise por ácidos ou enzimas. Em solução desenvolvem coloração azul com cloreto férrico, assim como o ácido gálico. Já os taninos condensados incluem todos os outros taninos verdadeiros. Suas moléculas são mais resistentes à fragmentação e estão relacionadas com os pigmentos flavonóides, tendo uma estrutura “polimérica”. Sob tratamento com ácidos ou enzimas esses compostos tendem a se polimerizar em substâncias vermelhas insolúveis, chamadas de flobafenos. Essas substâncias são responsáveis pela coloração vermelha de diversas cascas de plantas (p. ex. quina vermelha). Em solução, desenvolvem coloração verde com cloreto férrico, assim como o catecol. Os taninos são adstringentes e hemostáticos e, portanto, suas aplicações terapêuticas estão relacionadas com essas propriedades. São empregados principalmente na indústria de curtume e têm também aplicação na indústria de tintas. São usados em laboratórios para detecção de proteínas e alcalóides e empregados como antídotos em casos de envenenamento por plantas alcaloídicas. As principais plantas que contêm taninos são: barbatimão (Stryphnodendron barbatiman); hamamelis (Hamamelis virginiana L), goiabeira (Psidium guajava) e Espinheira- santa (Maytenus sp., Celatraceae). Identificação Analítica: Glicosídeos Cardiotônicos 2 OBJETIVO Identificar de forma genérica os glicosídeos cardioativos em drogas vegetais (comprimidos de digoxina 0,25mg). 3 MATERIAIS E MÉTODOS - Ácido sulfúrico concentrado - Algodão - Anidrido acético - Água destilada - Banho Maria - Bastão de vidro - Béquer - Bico de Búnsen - Bureta - Centrifuga - Comprimidos de digoxina 0,25mg - Clorofórmio - Etanol 50% - Funil de separação - Funil de vidro - Graal de porcelana com pistilo - Papel filtro - Pera de sucção - Pipeta graduada - Proveta graduada - Solução saturada de acetato básico de chumbo - Suporte para tubos de ensaio - Tubo de ensaio. 1) Extração - Foi triturado 4 comprimidos de digoxina 0,25mg em graal de porcelana. Após transferiu-se o pó para um béquer de 250ml, depois adicionou 20ml de etanol 50% e levou para fervura em banho maria por mais ou menos 1 minuto; - Deixou decantar e após filtrou-se o liquido sobrenadante, através do algodão, para outro béquer; - Repetiu-se a extração por mais 2 vezes, utilizando em cada uma 10ml de etanol 50%, filtrando os extratos (o pó do comprimido) por algodão, reunindo-os num mesmo béquer; - Em seguida, adicionou-se 10ml de solução saturada de acetato básico de chumbo, agitou-se cuidadosamente e deixou em repouso até a sedimentação do precipitado formado. Levou-se a centrifuga; - Filtrou-se o liquido sobrenadante, através do papel filtro para o funil de separação, em seguida adicionou 20ml de água destilada e extraiu a solução hidroalcoólica com 2 porções de 15ml, cada, de clorofórmio; - Reuniu os extratos obtidos. 1) Reação de identificação do núcleo esteroidal: Reação de Liebermann- Buchardat - Foi feita a evaporação de cerca de 3ml do extrato clorofórmio. Retomou-se o resíduo com cerca de 0,5ml de anidrido acético. Transferiu-se cuidadosamente pelas paredes, para um tubo de ensaio contendo aproximadamente 1ml de ácido sulfúrico concentrado. Desta forma, observou-se o aparecimento de um anel de coloração castanho-avermelhado na zona de contato. 2) Reação de Liebermann-Buchardat - Resultados: Foi adicionado o acetato de chumbo à solução extrativa e em seguida iniciou-se o repouso até a sedimentação do precipitado formado (impurezas). Neste caso o líquido sobrenadante contém o princípio ativo (genina ligada a um radical glicídico). Os próximos passos foram para terminar de extrair o composto químico, utilizando água destilada e solução hidroalcóolica, iniciando a identificação do núcleo esteroidal. Para reação de Libermann utilizou-se o ácido sulfúrico concentrado dentro do tubo de ensaio, seguido do escoamento do líquido extraído contendo os Glicosídeos Cardioativos, pela parede deste tubo, notou-se o aparecimento de um anel na zona de contato das fases, este com coloração castanho-avermelhada, sugerindo a presença dos Glicosídeos Cardioativos, conforme descrito na literatura. - Discussões: A reação de Libermann é a mais indicada para confirmar a presença ou ausência de cardioativos de núcleo esteroide, no comprimido de Digoxina 0,25mg (amostra). A afinidade da classe pelos solventes orgânicos facilitou a separação e a identificação, sendo assim, trata-se de uma reação positiva para os glicosídeos cardioativos. Identificação Analítica: Taninos 2 OBJETIVO Identificar de forma genérica os taninos presentes nas drogas vegetais (casca de barbatimão). 3 MATERIAIS E MÉTODOS - Algodão - Água destilada - Bastão de vidro - Béquer - Bico de Búnsen - Funil de vidro - Papel filtro - Pera de sucção - Pipeta graduada - Pipeta pasteur - Proveta graduada - Solução de cloreto férrico a 2% - Solução aquosa a 10% de acetato de chumbo - Suporte para tubos de ensaio - Tubo de ensaio. - Ferveu durante 5 minutos, 1g da casca de barbatimão grosseiramente rasuradacom 50ml de água. Quando se fez necessário acrescentou-se mais agua para manter o volume. Deixou esfriar e filtrou; - Verificou-se e anotou as características organolépticas da solução; - Do extrato aquoso retirou-se 1ml para a realização de cada uma das reações (reação com sais de ferro e reação com acetato de chumbo) e em seguida foi anotado a intensidade e tonalidade da coloração adquirida pela solução ou precipitado, quando adicionado o reagente de cada análise. Reações: 1) Reação com sais de ferro - Acrescentou junto ao extrato aquoso cerca de 5ml de água e algumas gotas de solução de cloreto férrico a 2% e observou-se a formação e coloração do precipitado. 2) Reação com acetato de chumbo - Adicionou algumas gotas de solução aquosa a 10% de acetato de chumbo ao extrato e em seguida anotou-se a cor do precipitado formado. 1- Reação com sais de ferro - Resultados: Ao acrescentar 5ml de água e 5 gotas de cloreto férrico na solução extrativa (1ml), observou se apenas uma mudança de cor para uma tonalidade amarelada e não houve o precipitação. Orientados pela professora em um segundo momento, em um tubo de ensaio foi colocado 1ml da solução extrativa e 10 gotas de cloreto férrico somente. Observou se a mudança de cor mais uma vez para uma tonalidade amarelada, sem a formação de precipitação. Em um terceiro momento, foi colocado em um tubo de ensaio, 1ml de solução extrativa e 18 gotas de cloreto férrico. Observando se entãoa mudança de cor novamente com uma tonalidade amarelada, porém desta vez formando um precipitado no fundo do tubo. - Discussões: Trata se de uma reação positiva, pois os taninos ao reagirem com os sais de ferro, neste caso, o cloreto férrico, formam reações de cor e precipitado. 2- Reação com Acetato de chumbo Após adicionar o acetato de chumbo à solução extrativa e aguardar 10minutos, pode se observar a formação de um precipitado no fundo do tubo de ensaio e um sobrenadante transparente, devido as demais substâncias nelas contidas. - Discussões: Este precipitado apresentou um aspecto esbranquiçado e um sobrenadante com aspecto límpido e leitoso. Isto se deve a reação que ocorreu entre os taninos presentes no Barbatimão e o acetato de chumbo, que é um metal pesado. Trata se de uma reação de complexação. 4 QUESTÕES 1- Sobre a Planta trabalhada na aula prática, como esta se classifica de acordo com a divisão química dos Taninos? = TANINOS CONDENSADOS ou NÃO HIDROLISÁVEIS: Também chamados de Taninos Catéquicos. 2- O que são Taninos Flobafenos? = Compostos insolúveis, em geral de cor Castanho Escura, que na presença de Soluções Ácidas ou pela ação de Agentes Oxidantes tendem a se polimerizar. 3- Qual a reação química empregada para diferenciar os Taninos Hidrolisáveis dos Condensados? = A natureza química complexa destas substâncias dificulta a sua identificação, razão pela qual usa-se para este fim um conjunto de reações, sendo que o resultado de nenhuma delas isoladamente serve para caracterizar o grupo. A variação do aspecto e coloração dos precipitados formados durante as mesmas vai depender da natureza e complexidade dos compostos tânicos presentes na solução. De uma maneira geral os taninos são divididos em 02 grandes grupos: os Gálicos ou Hidrolisáveis e os Catéquicos ou Condensados. - Reações de Identificação (Precipitados): Reagente a base de Gelatina e Reagente a base de Alcalóides - Reagente a base de Sais de Ferro: Azul escuro: Taninos Hidrolisáveis e Verde escuro: Taninos Condensados 4- Comentar de maneira resumida a solubilidade dos Glicosídeos Cardioativos, no procedimento da extração destes. = Para a extração dos heterosídeos primários são utilizadas plantas frescas ou submetidas à estabilização; exemplo congelamento. A técnica para extração consiste na extração a quente com misturas hidroalcóolicas, precipitação de macromoléculas interferentes com acetato de chumbo e participação com solventes de média polaridade, como clorofórmio. Já nas soluções com clorofórmio são realizadas as reações de caracterização e análise cromatográfica. As reações constituem-se de técnicas colorimétricas e são direcionadas a cada componente da molécula de acordo com sua natureza como ciclo lactônico, cadeia osídica e núcleo esteroidal; mas existem heterosídeos que podem ser obtidos diretamente da solução hidroalcóolica, mas dependendo do seu grau de hidroxilação. A caracterização dos açucares: as reações 2.6-didesóxi-hexose são reações que apresentam interesse, o resíduo clorofórmico obtido na extração é levado a secura e dissolvido em ácido acético concentrado e a essa solução é adicionado o reativo de xantidrol. Há também as caracterizações de geninas que carecem de especificidade e por isso todas as reações do núcleo esteroidal são válidas. 5- A Reação de Liebermann Buchardat é específica para o Grupo dos Glicosídeos Cardioativos? Sim ou Não. Justifique a sua resposta. = Não, pois está reação só irá mostrar a presença de núcleo esteróide, as reações específicas seriam Reação de Keller Killiani, Reação de Xantidrol, Reação de Legal e Reação de Baljet. 5 REFERÊNCIAS BATTESTIN, V., et al. Fontes e aplicações de taninos e tanases em alimentos. Revista Alim. Nutr., Araraquara, v.15, n.1, p.63-72, 2004. CASTEJON, F. V. Taninos e saponinas. Seminários Aplicados do Programa de Pósgraduação em Ciência Animal da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2011. Disponível em: <http://portais.ufg.br/up/67/o/semi2011_Fernanda_Castejon_1c.pdf>. Acesso em: 18 Out 2018. HELBER, I. et al. Digitálicos: os resultados do DIG no século XXI. Revista Bras. Cardiol. vol.95 no.4 São Paulo Out. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2010001400028>. Acesso em: 18 Out 2018. KELLY, R. A.; W. T. Tratamento Farmacológico da insuficiência cardíaca. In: GILMAN, A. 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