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Resumo - Lesões em neurônios e células da Glia, Alzheimer, Demência fronto temporal, Demência multi-infarto, Doença de Creutzfeldt-Jakob, Esclerose Múltipla, Feedback Resultados da Web Neuromielite Óp

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Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
1 
 
PATOLOGIA – UC 16 
 
 
 
 
 
 
 
O córtex cerebral, formado por substância cinzenta, 
quando observado em aumento pequeno exibe uma 
grande quantidade de núcleos, de neurônios e de 
células da glia. 
 
A substância branca tem menor quantidade de núcleos 
(sâo de células da glia) e exibe claramente um aspecto 
fibrilar, devido à grande quantidade de axônios que se 
dispõem organizadamente na substância branca. 
 
A substância branca não contém corpos celulares de 
neurônios, somente células gliais (astrócitos, 
oligodendrócitos e micróglia), axônios e baínhas de 
mielina. Apenas os núcleos das células gliais são 
reconhecíveis em HE: os núcleos dos astrócitos e 
oligodendrócitos são redondos, sendo os primeiros 
maiores e mais frouxos. Os núcleos da micróglia são 
alongados em forma de vírgula e densos. É comum 
observar-se em torno de núcleos de oligodendrócitos 
um halo claro, resultante da entrada de água na célula 
por anóxia (como durante o processo agônico). O 
fenômeno, conhecido como tumefação aguda da 
oligodendróglia, é apenas um artefato, mas tem 
utilidade em facilitar a identificação deste tipo de célula 
em cortes de parafina. 
 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
2 
 
 
REAÇÕES E LESÕES BÁSICAS DOS 
NEURÔNIOS E CÉLULAS GLIAIS 
 
O tecido nervoso, altamente especializado e suscetível 
de sofrer diversas formas de agressão, apresenta 
reações e lesões celulares que dependem do tipo, da 
intensidade e da duração do agente agressor, das 
características morfológicas e funcionais de seus 
componentes celulares e da integridade da 
comunicação intercelular. 
 
Quase todas as afecções do sistema nervoso (SN) 
podem provocar atrofia, degeneração, necrose, 
apoptose, hipertrofia ou proliferação de suas células. 
Em muitas eventualidades, essas alterações são 
semelhantes e independentes dos diversos agentes 
causais, sendo portanto inespecíficas. 
 
ALTERARÕES NEURONAIS 
Localizam-se no corpo da célula (pericário), nos 
prolongamentos dendríticos e axonais, nas 
terminações nervosas ou em um ou mais desses 
componentes. 
 
 
 
 
a) LESÕES DO CORPO CELULAR 
 
o Cromatólise 
o Tumefação 
o Degeneração Espongiforme 
o Atrofia Neuronal Simples 
o Atrofia Pigmentar (Lipofucsina) 
o Neurônio Isquêmico ou “Vermelho” 
o Acúmulo de substrato no 
citoplasma dos neurônios (Lafora) 
o Inclusões proteicas 
intracitoplasmáticas 
o Corpúsculos de inclusões nucleares 
ou citoplasmáticas 
 
Quando agredida, a célula nervosa pode reagir com 
alterações mínimas ou graves, agudas ou crônicas, 
evolutivas ou não, de forma específica ou inespecífica. 
 
A dispersão dos corpúsculos de Nissl e sua 
dissolução em torno do núcleo são denominadas 
CROMATÓLISE. Trata-se de reação precoce, 
reversível e que corresponde, à microscopia eletrônica, 
ao desarranjo do retículo endoplasmático rugoso, o 
qual fica constituído somente por numerosos 
polirribossomos livres, sem as lamelas paralelas do 
retículo endoplasmático. Cromatólise ocorre 
especialmente após interrupção da continuidade dos 
axônios que formam os nervos periféricos, e é um 
processo associado a aumento do RNA ribossômico e 
da síntese proteica para a regeneração axonal, sendo 
por isso mesmo denominada reação axonal ou 
retrógrada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
A interrupção da continuidade axonal desencadeia um 
complexo mecanismo que envolve a ativação de 
moléculas relacionadas com a sinalização celular 
(cinases), síntese local de proteínas transportadoras (p. 
ex., importina e vimentina) que se ligam a moléculas 
sinalizadoras diversas e à proteína transportadora 
dineína, e regulação para mais ou ativação de fatores 
de transcrição, resultando em alteração da expressão 
gênica de proteínas associadas ao crescimento axonal, 
tais como GAP-43, CAP-23, Sprrla, actina, tubulina, 
neuropeptídios e fatores de crescimento. 
 
A tumefação celular decorre de modificações na 
permeabilidade da membrana citoplasmática, na qual o 
contorno do neurônio torna-se abaulado e a célula 
perde a nitidez, enquanto diminui a basofilia do 
citoplasma. 
 
 
 
Em grau mais avançado, a tumefação assume aspecto 
vacuolar e estende-se para o neurópilo, como nas 
doenças por príons, sendo denominada nesses casos 
degeneração espongiforme. 
 
 
Neurópilo  É uma área formada por dendritos 
compactados, células da glia e ramos de axônios. 
 
 
 
 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
4 
 
 
Em alguns processos crônicos, no envelhecimento e na 
atrofia transináptica, pode ocorrer retração do corpo 
neuronal com basofilia citoplasmática e 
hipercromasia nuclear. A esse aspecto denomina-se 
atrofia neuronal simples. 
 
 
 
 
 
Quando o citoplasma fica ocupado por pigmento de 
lipofuscina, recebe o nome de atrofia pigmentar. 
 
 
 
 
 
Na isquemia cerebral, além de retração do corpo celular 
coexistem hipereosinofilia citoplasmática e retração 
do núcleo, o qual adquire forma triangular, seguido de 
cariopicnose ou cariólise, o que caracteriza a 
necrose celular do tipo isquêmico, denominada 
neurônio isquêmico ou "vermelho". 
 
 
 
 
 
 
Transformações nucleares e citoplasmáticas observadas nas células 
de baço que sofreram necrose por coagulação. Em A, observam-se 
as células normais que compõem o baço; em B, núcleo em picnose, 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
5 
 
com diminuição de volume e intensa basofilia (hipercromatismo); em 
C, cariorrexe, ou seja, distribuição irregular da cromatina, a qual se 
acumula na membrana nuclear; nessa fase, o núcleo pode se 
fragmentar (D); em E, dissolução da cromatina e desaparecimento da 
estrutura nuclear. Observa-se também granulação do citoplasma, o 
qual se torna também intensamente eosinofílico. 
 
 
 
Neurônios necróticos perdem a basofilia normal do 
citoplasma, que se torna eosinófilo. O citoplasma normal é 
basófilo (roxo) porque contém substância de Nissl, formada 
por ribossomos (síntese proteica). Com a necrose, o RNA 
citoplasmático se desintegra. O núcleo torna-se escuro e 
denso (picnótico) e pode sofrer cariolise (empalidece até 
desaparecer). As alterações começam a ficar evidentes na 
microscopia óptica (necrofanerose) cerca de 6 horas após a 
necrose. Os neurônios necróticos são fagocitados por células 
grânulo-adiposas e desaparecem em cerca de 4 dias. 
 
1) Picnose: o núcleo apresenta um volume reduzido e 
torna-se hipercorado, tendo sua cromatina 
condensada; característico na apoptose; 
2) Cariorrexe: a cromatina adquire uma distribuição 
irregular, podendo se acumular em grumos na 
membrana nuclear; há perda dos limites nucleares; 
3) Cariólise ou cromatólise: há dissolução da 
cromatina e perda da coloração do núcleo, o qual 
desaparece completamente. 
 
Doenças genéticas envolvendo deficiência de enzimas 
lisossômicas resultam em acúmulo do substrato no 
citoplasma de neurônios, tornando-o abaulado e 
espumoso, com o núcleo deslocado para a periferia, 
como ocorre nas neurolipidoses, 
mucopolissacaridoses, lipofuscinoses e glicogenoses. 
Exemplo bem característico de depósito de polímeros 
de glicose é o corpo de Lafora encontrado na doença 
de Lafora. 
 
A doença de Lafora (DL) é uma forma de epilepsia 
mioclônica progressiva, com transmissão genética 
autossômica recessiva. Caracteriza-se por mioclonias, 
crises generalizadas tônico-clônicas e demência 
progressiva. A doença manifesta-se dos 6 aos 20 anos 
e o óbito ocorre entre 2 e 10 anos da instalação da 
doença. O diagnóstico é estabelecido pela presençados corpos de Lafora na biópsia de pele axilar, do 
fígado ou de tecido nervoso. 
 
 
Degeneração gordurosa 
 
 
Proteínas 
 
 
Alteração hialina de Mallory 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
6 
 
 
Acúmulo de glicogênio 
 
 
 
 
 
Em diversas doenças neurodegenerativas surgem 
inclusões proteicas intracitoplasmáticas 
neuronais. 
o Na doença de Alzheimer, em idosos 
mentalmente sadios e em várias outras 
doenças, podem ser encontrados novelos de 
neurofibrilas em torno dos núcleos ou 
ocupando todo o pericário (emaranhados 
neurofibrilares de Alzheimer) resultantes 
principalmente do acúmulo da proteína tau 
hiperfosforilada 
 
Placas Neuríticas, Senis ou Amiloides: 
 Coleções focais e esféricas de processos 
neuríticos dilatados, tortuosos e corados pela 
prata (neuritos distróficos), muitas vezes em 
volta de um núcleo amiloide central 
 As placas neuríticas variam de 20-200 mm de 
diâmetro 
 As células microgliais e os astrócitos reativos 
estão presentes em sua periferia 
 As placas podem ser encontradas no 
hipocampo e na amídala, bem como no 
neocórtex 
 
 
 
o Neurônios do setor CAI do hipocampo e do 
subículo podem também conter no citoplasma 
vacúolos com grânulos centrais basófilos ou 
argirófilos (degeneração granulovacuolar), 
provavelmente originários de degradação 
parcial de proteínas do citoesqueleto nos 
lisossomos 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
7 
 
 
o Na doença de Pick, podem aparecer no 
citoplasma inclusões imunorreativas para a 
proteína tau, conhecidas como corpos de Pick 
A Doença de Pick (DP) é classificada como uma 
DFT relativamente rara. A Doença de Pick é 
caracterizada patologicamente por atrofia nos 
lobos frontal e temporal anterior com gliose densa 
na substância branca subjacente, diferente das 
alterações encontradas no cérebro de pacientes 
com Alzheimer. A forma histopatológica é 
caracterizada pela presença ou ausência de 
corpúsculos argirofílicos (corpos de Pick - 
compostos de fibras retas, diferentes dos 
filamentos helicoidais pareados presentes na 
Doença de Alzheimer) e/ou células baloniformes 
(células de Pick - inchaço do neurônio cortical) 
 
 
 
 
 
o Na doença de Parkinson, na demência por 
corpos de Lewy e em algumas outras doenças 
neurodegenerativas, os neurônios mostram, no 
citoplasma, corpúsculos exibindo 
imunorreatividade para a-sinucleína (proteína 
envolvida na homeostase da vesícula pré-
sináptica), constituindo o corpo de Lewy 
 
Em doenças virais, podem aparecer corpúsculos de 
inclusão nucleares ou citoplasmáticos resultantes 
da replicação viral, como os intranucleares em 
neurônios e células gliais na encefalite herpética, na 
panencefalite esclerosante subaguda, na encefalite 
pelo citomegalovírus e na encefalopatia multifocal 
progressiva. Na raiva, o característico corpúsculo de 
inclusão citoplasmático (corpúsculo de Negri) é 
diagnóstico da doença. 
 
LESÕES DOS DENDRITOS 
Embora possam sintetizar proteínas, os dendritos 
dependem também de várias proteínas sintetizadas 
no pericário e transportadas pelos microtúbulos até 
suas ramificações mais distais. Redução da 
ramificação dendrítica é encontrada no 
envelhecimento, na doença de Alzheimer e após 
axotomia. Alterações no padrão da ramificação 
dendrítica e na forma e no número de espinhos são 
encontradas em algumas doenças associadas a 
retardamento mental (p. ex., síndrome de Down) e na 
epilepsia do lobo temporal. 
 
a) Lesões do axônio 
Secção do axônio provoca degeneração e posterior 
fragmentação de seu segmento distal, acompanhada 
de desintegração da bainha de mieli na, constituindo a 
degeneração walleriana. Entretanto, enquanto nos 
nervos periféricos há regeneração axonal a partir do 
coto proximal, no SNC este processo não ocorre. Lesão 
axonal aguda é um achado comum nos traumatismos 
cranioencefálicos. No início da lesão axonal, não há 
ruptura (axotomia primária), mas interrupção 
segmentar do fluxo axonal, seguida de tumefação e 
fragmentação do segmento axonal afetado (axotomia 
secundária) 
 
Em doenças neurodegenerativas da infância (p. ex., na 
neurodegeneração associada à pantotenatocinase), no 
alcoolismo crônico e no envelhecimento, os axônios 
apresentam dilatações fusiformes semelhantes a um 
"torpedo", ou dilatações esféricas de distribuição 
segmentar. 
 
ALTERAÇÕES DAS CÉLULAS GLIAIS 
 
Astrócitos 
Apesar de possuírem múltiplas funções no tecido 
nervoso e de poderem reagir a várias agressões, são 
poucas as alterações morfológicas básicas dos 
astrócitos, que podem sofrer alterações regressivas 
como tumefação e necrose, ou hipertrofia e 
proliferação, sobretudo nos processos de reparação do 
tecido nervoso. Tumefação do astrócito, por acúmulo 
de sódio e água intracitoplasmáticos, ocorre na 
isquemia, em algumas intoxicações e nos traumatismos 
cranioencefálicos, constituindo uma das alterações 
mais importantes encontradas no edema cerebral do 
tipo celular ou citotóxico. Tumefação astrocitária parece 
depender do aumento da expressão de aquaporina-4, 
uma proteína presente em grande quantidade na 
membrana celular dos astrócitos, particularmente nos 
seus pés vasculares, envolvida na regulação do 
transporte de água através da barreira 
hematoencefálica. Na degeneração hepatolenticular 
(doença de Wilson), no shunt porto-sistêmico, na 
encefalopatia hepática e nos distúrbios genéticos do 
ciclo da ureia surgem astrócitos peculiares, chamados 
de Alzheimer do tipo II, caracterizados por núcleos 
aumentados de volume, com nucleoplasma claro, 
opticamente vazio, cromatina agregada junto à 
membrana nuclear e nucléolos evidentes, 
assemelhando-se aos dos neurônios. Diferentemente 
dos astrócitos normais, essas células não expressam 
GFAP (ver adiante). Os astrócitos contêm a enzima 
glutamina sintetase, responsável pela transformação 
do glutamato (um dos aminoácidos excitatórios) em 
glutamina a partir da amônia. Assim, essas células 
atuam, simultaneamente, na proteção dos neurônios 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
8 
 
frente aos aminoácidos excitatórios e aos efeitos 
tóxicos das elevadas concentrações de amônia, 
indicando que as células de Alzheimer tipo II 
representam uma reação astrocitária em situações de 
hiperamoniemia. A tumefação astrocitária nesses 
casos parece igualmente depender do aumento de 
expressão de aquaporina-4. Aumento dos níveis de 
amônia resulta em estresse oxidativo, ativação de 
cinases de proteínas ativadas por mitógenos e indução 
da transição na permeabilidade mitocondrial (abertura 
de um poro proteináceo na membrana mitocondrial 
interna), contribuindo todos esses eventos para o 
aumento de expressão da aquaporina-4. Na 
leucoencefalopatia multifocal progressiva, uma 
infecção viral causada pelo vírus JC, os astrócitos 
exibem grandes núcleos pleomórficos e 
hipercromáticos, bizarros, semelhantes aos 
encontrados em neoplasias. Nos processos reparativos 
e reacionais, como em torno de infartos, abscessos e 
tumores, em doenças desmielinizantes e após perda 
neuronal de qualquer natureza, ocorre gliose ou 
astrocitose fibrilar ou astrocitose reacional, na qual o 
corpo celular aumenta de volume, o núcleo torna-se 
irregular e excêntrico e o citoplasma é abundante, 
homogêneo e eosinófilo, com prolongamentos 
grosseiros que se ramificam simetricamente a partir do 
pericário. O pericário e os prolongamentos exibem 
aumento na expressão do filamento intermediário 
proteína ácida da fibra glial, conhecida como GFAP 
(glial fibrillary acidic protein). Esses astrócitos reativos, 
também conhecidos como gemistocíticos (Figura 24.4), 
são característicos da astrocitose fibrilar. Conforme o 
padrão (regular ou irregular) do arranjo dos astrócitos e 
das fibrasgliais, a 
gliose pode ser dividida em dois tipos: (1) gliose 
anisomorfa, presente ao redor de áreas de infarto, em 
que os astrócitos se dispõem irregularmente com fibras 
gliais orientadas em todas as direções; (2) gliose 
isomorfa, como nas lesões crônicas do cerebelo 
acompanhadas de perda das células de Purkinje, nas 
quais a proliferação astrocitária (glia de Bergmann) 
forma uma fileira de células no lugar ocupado pelo 
pericário das células de Purkinje, enquanto as fibras 
gliais se arranjam ordenadamente na camada 
molecular, perpendicularmente à pia-aracnoide. 
 
As fibras de Rosenthal são estruturas ovaladas ou 
alongadas, por vezes em forma de cenoura, de 
contorno discretamente irregular, intensamente 
eosinófilas, constituídas de GFAP, ubiquitina e a�-
cristalina, encontradas nos prolongamentos dos 
astrócitos (ver Figura 24.1 14). As fibras de Rosenthal 
são facilmente identificadas em áreas de gliose antiga 
e intensa e no astrocitoma pilocítico. Os corpos 
amiláceos são estruturas arredondadas, 
concentricamente laminadas, hialinas, basófilas e PAS-
positivas, constituídos de polímeros de glicose 
(poliglicosanos). São encontrados nos prolongamentos 
distais dos astrócitos, sendo, portanto, observados nas 
regiões subpiais, perivasculares e subependimárias, 
além de áreas de gliose relacionadas com perda 
neuronal seletiva. O número de corpos amiláceos 
aumenta com o envelhecimento. 
 
 
Os astrócitos têm como uma de suas funções 
principais a cicatrização do tecido nervoso após lesões 
diversas, papel semelhante ao dos fibroblastos em 
outros tecidos. Para isto os astrócitos, tanto 
protoplasmáticos quanto fibrosos, sofrem hipertrofia e 
hiperplasia. O citoplasma torna-se abundante, nítido, 
eosinófilo e homogêneo. O núcleo desloca-se para 
a periferia e, freqüentemente, observa-se binucleação. 
Estes astrócitos volumosos são 
denominados astrócitos gemistocíticos e são indicação 
segura de lesão do tecido nervoso. (O nome deriva da 
palavra alemã gemästete, que significa engordado.) 
Os astrócitos gemistocíticos sintetizam copiosas 
quantidades da proteína específica dos astrócitos, 
a GFAP, que forma fibrilas no citoplasma destes. Ao 
longo de alguns meses, o volume do citoplasma 
diminue e as fibrilas se condensam, assumindo aspecto 
refringente, eosinófilo, que caracteriza o astrócito 
fibroso patológico (não confundir com o astrócito 
fibroso normal). Assim, um astrócito gemistocítico 
gradualmente se transforma em astrócito fibroso, cujo 
volume é menor, mas cujas fibrilas permanecem 
visíveis em HE. Após meses ou anos, os astrócitos 
fibrosos podem diminuir em número e muitos 
desaparecem, mas as fibrilas gliais ficam 
permamentemente no tecido, agora em localização 
extracelular. 
ASTRÓCITOS GEMISTOCÍTICOS INDICAM 
LESÃO DO TECIDO NERVOSO, SEM DEFINIR A 
CAUSA. 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
9 
 
 
 
Astrócitos gemistocíticos são formas reativas a vários tipos 
de lesão do tecido nervoso. O citoplasma é abundante e róseo e o 
núcleo excêntrico. 
 
 
 
Astrócitos fibrosos resultam da evolução dos 
gemistocíticos, quando aqueles já produziram grande 
quantidade de fibras gliais. São formas cicatriciais. O 
conjunto de astrócitos fibrosos constitui a gliose. 
 
Denomina-se gliose o aumento no número e/ou 
volume dos astrócitos e deposição de fibrilas gliais no 
tecido nervoso central. Uma área de gliose recente 
contém muitos astrócitos gemistocíticos. Em uma área 
de gliose antiga o tecido tem aspecto ricamente fibrilar, 
sendo as fibrilas delicadas e eosinófilas. Contudo, há 
poucos núcleos, pois a maioria das células 
desapareceu. É o achado mais comum na vizinhança 
de infartos, hemorragias e abscessos, meses ou anos 
após a fase aguda da lesão. 
 
GLIOSE: AUMENTO NO NÚMERO E/OU VOLUME 
DOS ASTRÓCITOS E DEPOSIÇÃO DE FIBRILAS 
GLIAIS 
... 
 Oligodendrócitos 
As doenças por lesões primárias da bainha de mielina 
são tema de um capítulo especial intitulado. 
 
Doenças Desmielinizantes. Nas áreas de destruição 
ativa da bainha de mielina, há redução do número de 
oligodendrócitos, evidenciando-se ainda picnose e 
cariorrexe nas células remanescentes. As lesões da 
bainha de mielina podem ser estudadas desde os 
estágios iniciais até a desmielinização completa por 
técnicas especiais que evidenciam lipídeos. Nas fases 
iniciais, a mielina torna-se tumefeita, vacuoliza-se e se 
fragmenta, sendo fagocitada por macrófagos, que 
acumulam produtos sudanófilos de degradação da 
mielina (gorduras neutras). Embora não haja evidência 
de reposição de oligodendrócitos em condições 
normais, desmielinização pode ser seguida de 
remielinização feita por novos oligodendrócitos 
originados a partir da proliferação, migração e 
diferenciação de células precursoras. Na 
leucoencefalopatia multifocal progressiva, há inclusões 
virais características nos núcleos dos oligodendrócitos. 
 
A oligodendróglia sofre por anóxia a tumefação 
aguda, que é a formação de um amplo vacúolo em 
volta do núcleo por entrada de água na célula. O 
aspecto é classicamente comparado ao de um ovo 
frito. A tumefação aguda é frequente em material de 
autópsia e, neste caso, é interpretada como artefato 
decorrente de alterações metabólicas agônicas. 
 
 
 
 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
10 
 
Epêndima 
Lesões crônicas que causam descontinuidade do 
epitélio ependimário associam-se com proliferação 
focal de astrócitos subependimários e intensa 
deposição de fibras gliais, formando granulações 
diminutas na superfície ventricular, denominadas 
nódulos gliais subventriculares ou granulações 
subependimárias. Na infecção pelo citomegalovírus 
encontram-se, com frequência, inclusões virais nas 
células ependimárias. 
 
Outra célula constituinte do tecido nervoso é a célula 
ependimária, que forma um epitélio cilíndrico simples, 
o epêndima, que reveste todo o sistema ventricular do 
encéfalo e o canal central da medula espinal. No feto, 
as células ependimárias são ciliadas, perdendo os 
cílios progressivamente na vida pós-natal. Uma vez 
lesadas, p.ex., por agentes inflamatórios, não se 
regeneram, ficando o ventrículo naquele ponto 
revestido somente por astrócitos fibrosos, um aspecto 
conhecido como ependimite granulosa. As células 
ependimárias podem ainda originar tumores 
(ependimomas). 
 
 
Micróglia 
Em condições normais, a micróglia apresenta 
imunofenótipo com baixo nível de expressão e estado 
funcional quiescente. Entretanto, em vários tipos de 
lesão do tecido nervoso, a micróglia responde 
rapidamente por meio de proliferação, expressão de 
moléculas de adesão e MHC II (funcionando como 
célula apresentadora de antígeno), produção de 
citocinas e mudança na morfologia, caracterizando a 
micróglia ativada. Exemplos de micróglia ativada são 
encontrados nas seguintes situações: (1) proliferação e 
atividade fagocitária, pelas quais essas células e, 
principalmente, monócitos provenientes do sangue se 
tomam globosos e carregados de restos celulares e 
lipídeos, formando os macrófagos espumosos ou 
xantomizados ou células granulogordurosas, presentes 
em grande número nos infartos cerebrais e em doenças 
desmielinizantes (p. ex., na esclerose múltipla); (2) proli 
feração difusa ou nodular ao redor de neurônios 
lesados, constituindo no último caso os nódulos 
microgliais e as figuras de neuroniofagia, encontrados 
frequentemente nas encefalites virais; (3) 
transformação em células alongadas, assumindo a 
forma de bastão (células em bastão ou em charuto), 
presentes em processos inflamatórios crônicos, como 
na neurossífilis parenquimatosa (paralisia geral do 
insano); (4) transformação em células gigantes 
multinucleadas, como na encefalite pelo HIV e na 
doença de Krabbe ou leucodistrofia de células 
globoides(doença lisossômica). 
 
A micróglia, derivada do mesoderma, é a representante 
do sistema mononuclear fagocitário (ou sistema 
retículo-endotelial) no SNC. 
Sua transformação patológica mais freqüente é a célula 
grânulo-adiposa, que tem as características de um 
macrófago com citoplasma vacuolado. É a forma 
fagocitária ativa da micróglia, encontrada no tecido 
nervoso após vários tipos de lesão como infartos e 
hemorragias. A micróglia, que normalmente é uma 
célula alongada, sofre retração de seus 
prolongamentos, o citoplasma distribui-se ao redor do 
núcleo, tomando forma arredondada e fagocitando 
restos celulares e baínhas de mielina degeneradas. 
Como o tecido nervoso é muito rico em lípides, os 
vacúolos coram-se em vermelho pelo escarlate R 
(corante para lípides). Após exercer sua função, as 
células grânulo-adiposas migram para os espaços 
perivasculares e ganham a luz de vênulas, sendo 
eliminadas por via sanguínea. A maioria das células 
grânulo-adiposas provêm de monócitos do sangue e 
não de células microgliais pré-existentes. 
 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
11 
 
 
Células grânulo-adiposas surgem na área de infarto 
em cerca de 24 horas. São macrófagos com citoplasma 
espumoso, que fagocitam restos necróticos. Sua origem é 
cerca de um terço na micróglia (pré-existente), e o restante 
em monócitos do sangue. Estão presentes tanto no córtex 
como na substância branca. 
Outra forma reacional da micróglia é a célula em 
bastonete, encontrada nas encefalites crônicas. A 
micróglia mantém sua forma, mas torna-se maior, com 
prolongamentos mais longos e retilíneos. Na HE, o que 
chama a atenção é o aumento do comprimento do 
núcleo, que assume forma em bastão, daí o nome da 
célula. Os prolongamentos são reconhecíveis só em 
impregnação pela prata. As células em bastonete são 
melhor observadas no córtex cerebral e no hipocampo, 
p.ex., na paralisia geral sifilítica. 
Em certas encefalites, as células microgliais ativadas 
podem formar pequenos aglomerados, os nódulos 
gliais, que, embora inespecíficos (ocorrem em 
encefalites por vírus, por protozoários como o 
Toxoplasma ou por fungos como a Candida), 
testemunham a natureza inflamatória do processo. 
Também, quando um neurônio morre acometido por um 
vírus (como na poliomielite), as células microgliais 
fagocitam ativamente os restos necróticos, formando 
um pequeno nódulo glial: o fenômeno é 
denominado neuronofagia. 
 
 
 
 
Quando há lesão do tecido nervoso, as células microgliais 
perdem os prolongamentos e assumem forma arredondada, 
constituindo macrófagos com capacidade fagocitária, 
chamados células grânulo-adiposas. Em HE, têm citoplasma 
finamente espumoso, por fagocitarem lípides derivados do 
tecido nervoso degenerado. Coram-se por corantes para 
gorduras neutras, como o sudão vermelho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DOENÇA DE ALZHEIMER 
 
 
 
 
 
 
 
 
A doença de Alzheimer é uma forma de demência de 
causa desconhecida, cuja incidência aumenta 
sensivelmente após os 65 anos, atingindo quase a 
metade dos indivíduos acima de 85 anos. Cerca de 5 a 
10% dos casos são familiais, o restante esporádicos. 
Quadro clínico. Há perda insidiosa das funções 
mentais superiores, alterações progressivas no humor 
e comportamento, perda de memória, desorientação e 
dificuldade para falar. A evolução dura de 5 a 10 anos, 
levando a uma profunda demência. 
Alterações neuropatológicas. Há deposição no tecido 
nervoso central de material amilóide em três 
localizações diferentes: no citoplasma de neurônios, 
constituindo as alterações neurofibrilares; no tecido 
entre os corpos celulares dos neurônios (neurópilo) 
formando as placas senis; e em vasos da leptomeninge 
ou do parênquima cerebral (angiopatia amilóide). 
Patogênese. Ocorre perda gradual e irreversível dos 
neurônios, levando a atrofia cerebral difusa. A 
diminuição numérica dos neurônios e a formação de 
placas senis no neurópilo levam à redução das 
conexões interneuronais (perda de sinapses), 
resultando em demência progressiva e irreversível. 
Natureza do amilóide. O amilóide das placas senis é 
constituido da proteína beta ou A4. Esta é um 
fragmento de uma proteína precursora muito 
maior, APP, que atravessa a membrana celular, e é 
codificada no cromossomo 21. A função desta proteína 
é discutida, mas poderia ser um receptor de 
superfície. É de grande interesse que pacientes 
portadores de síndrome de Down, ou trissomia do 
cromossomo 21, apresentam alterações 
neuropatológicas semelhantes às da doença de 
Alzheimer se ultrapassam os 45 anos. Isto sugere que 
uma maior produção da proteína precursora por 
dosagem excessiva do gene possa causar as lesões. 
Já o amilóide das alterações neurofibrilares é de outra 
origem, derivado da proteína tau, uma proteína 
reguladora da polimerização dos microtúbulos. 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
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.. 
Doença de Alzheimer. Alterações neurofibrilares. 
Há deposição de amilóide no interior dos neurônios na 
forma de filamentos, que gradualmente substituem 
todas as organelas levando à morte celular. O processo 
envolve um número cada vez maior de neurônios. 
 
 
As placas senis são lesões no neurópilo (o tecido entre 
os corpos celulares dos neurônios). Há depósito de 
substância amilóide, que pode ser visível já na HE 
(como nesta foto de córtex cerebral). Há também 
espessamento e tortuosidades dos dendritos e axônios 
nas proximidades do depósito, que podem ser 
demonstrados com impregnação pela prata. 
 
 
 
 
 
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Doença de Alzheimer. A, As placas (seta) contêm um núcleo central de 
amiloide e uma região circundante de neuritos distróficos (coloração 
de Bielschowsky). B, Coloração imuno-histoquímica para Ab. O 
peptídeo está presente no núcleo das placas e também na região 
circundante. C, Neurônios contendo emaranhados corados com um 
anticorpo positivo para tau. 
 
 
 
 
DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL 
 
 
 
 
 
 
Neurônios Balonizados 
 
 
Emaranhado Neurofibrilar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DEMÊNCIA MULTI-INFARTO 
 
 
 
 
A lâmina mostra a maior parte de um giro cerebral. O 
córtex está delimitado pela linha verde. Grande parte 
dele está necrótico e esta é a região para observar os 
neurônios em degeneração. Ainda existem áreas 
normais onde se podem ver neurônios viáveis para 
comparar. O infarto atinge também quase toda 
a substância branca. Em certas regiões esta mostra 
edema, que aparece com tonalidade mais clara. Esta 
é o melhor lugar para ver células grânulo-adiposas. 
Notar que o edema não corresponde exatamente à 
necrose (esta é mais extensa). 
 
O córtex infartado mostra maior 
celularidade (concentração de núcleos por 
unidade de área) que o normal. Isto se deve à 
tumefação e proliferação das células endoteliais, 
que é uma resposta do tecido à anóxia. Detalhes 
abaixo. 
 
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INFARTO CEREBRAL ANTIGO: 
 
 
 
 
 
 
 
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ANGIOPATIA AMILOIDE CEREBRAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DOENÇA DE CREUTZFELDT-JACOB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Doença priônica. A, Os aspectos histológicos da doença de Creutzfeldt-
Jakob (CJD) incluem alteraçãoespongiforme no córtex cerebral. 
Destaque, Grande ampliação do neurônio com vacúolos. B, A variante 
da CJD (vCJD) é caracterizada por placas amiloides (ver destaque) que 
se situam nas regiões de maior alteração espongiforme. 
 
 
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Encefalopatia espongiforme. Córtex cerebral 
com aspecto esponjoso, multivacuolado 
 
 
Em aumento maior, a encefalopatia 
espongiforme apresenta-se como múltiplos 
vacúolos vazios no neurópilo (entre os 
neurônios). 
 
 
Podem também ser encontrados no 
neurópilo acúmulos de material róseo, 
constituido por amilóide. 
 
 
Em casos com mais tempo de evolução há 
desaparecimento dos neurônios e 
proliferação de astrócitos gemistocíticos 
(gliose). 
 
 
Encefalopatia espongiforme na camada 
molecular do córtex cerebelar. Notar, nesta 
e nas outras fotos, a completa ausência de 
reação inflamatória. 
 
 
Angiopatia amilóide. Pequenos vasos do 
parênquima e das meninges podem 
apresentar deposição de amilóide, aqui 
visto corado por vermelho do Congo, em luz 
comum e luz polarizada (à D.). 
 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
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A doença de Creutzfeldt-Jakob é uma forma 
muito rara de demência rapidamente progressiva, que 
se aprofunda em questão de semanas ou poucos 
meses. É associada a sinais piramidais, extrapiramidais 
ou cerebelares, variáveis conforme o caso, mioclonias 
e alterações características no EEG. Progride 
inexoravelmente a coma profundo e óbito. 
 A doença é transmissível a animais e seres 
humanos por inoculação intracerebral, sendo o tempo 
de incubação longo e muito variável (meses a vários 
anos). O agente causal parece tratar-se de uma 
partícula proteica, o prion, desprovida de ácido nucleico 
(DNA ou RNA). É altamente resistente aos métodos de 
assepsia habituais, inclusive formol e autoclavagem, 
mas é inativado por hipoclorito de sódio. Não provoca 
resposta imune. Sob certas condições, a proteína do 
prion se condensa formando amilóide. 
 
ENCEFALITES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HERPÉTICA 
A encefalite herpética é das mais agressivas, 
causando efetivamente necrose do encéfalo, por vezes 
extensa e fatal. A localização preferencial é no lobo 
temporal, uni ou bilateral. O lobo afetado torna-se 
edemaciado e hiperemiado, podendo a lesão simular 
um infarto ou abscesso (fig à E). Se o paciente 
sobrevive à fase aguda, podem restar seqüelas 
graves. A necrose é reabsorvida, resultando cavidades 
císticas e gliose. Na fig. à D. o cérebro está reduzido 
de volume (comparar com o cerebelo) e de aspecto 
translúcido. As alterações predominam no lobo 
temporal. 
HSV-1 
• Mais comum em crianças e em adultos jovens; 
• Alterações no humor, memória e 
comportamento são alguns dos sintomas mais 
observados; 
• Em alguns indivíduos, a encefalite por HSV-1 
segue um curso subagudo com manifestações 
clínicas (fraqueza, letargia, ataxia, crises 
convulsivas) que evoluem durante um período 
mais prolongado (4 a 6 semanas). 
HSV-2 
 Pode causar meningite em adultos; 
 Até 50% dos neonatos nascidos por parto 
vaginal de mulheres com infecção genital 
primária ativa por HSV adquirem a infecção 
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21 
 
durante a passagem pelo canal de parto e 
desenvolvem grave encefalite; 
 Em casos de infecção ativa por HIV, o HSV-2 
pode causar uma encefalite necrosante, aguda, 
hemorrágica; 
 
Evidencia-se o processo inflamatório necrosante, 
que é característico na encefalite herpética aguda. 
 
• Apresentam aglomerados de células 
microgliais, linfócitos, macrófagos e células 
gigantes multinucleadas (contêm o vírus no 
citoplasma) que podem apresentar vários 
núcleos localizados entre o centro e a periferia 
ou um número menor de núcleos dispostos ao 
acaso; 
• É caracterizada como uma reação inflamatória 
crônica com infiltrados distribuídos de nódulos 
microgliais, que podem estar associados a 
focos de necrose tecidual e gliose reativa; 
• Essas alterações ocorrem principalmente na 
substância branca subcortical, no diencéfalo e 
no tronco encefálico, onde podem ser 
visualizadas áreas multifocais ou difusas de 
palidez da mielina, de edema axonal e de 
gliose; 
• A disposição do infiltrado celular é 
predominantemente perivascular; 
• O HIV pode ser detectado em macrófagos 
mono e multinucleados cd4+ e na micróglia por 
imunoperoxidase e por métodos moleculares. 
 
Em aumento fraco, chama a atenção células volumosas 
multinucleadas com citoplasma róseo abundante 
esparsas entre os feixes de axônios da substância 
branca. 
 
As Células Gigantes eram caracteristicamente 
multinucleadas, com até 10 núcleos no plano de corte, 
citoplasma róseo amplo, de contornos nítidos e 
arredondados, e entremeavam-se aos feixes axonais e 
Células Glias de substância branca. 
 
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Inclusões virais são colônias de virus ou coleções 
de proteínas virais situadas geralmente no núcleo de 
células infectadas. Sua ausência não afasta encefalite 
viral. Essas inclusões intranucleares fortemente 
eosinófilas com um halo claro em torno que desloca a 
cromatina para a periferia são conhecidas 
como inclusões de Cowdry tipo A. Diversas 
neuroviroses podem dar inclusões semelhantes. Só a 
raiva dá inclusões virais exclusivamente 
citoplasmáticas (corpúsculos de Negri, embaixo e à 
direita, em uma célula de Purkinje do cerebelo). 
 
Necrose de neurônio, fase inicial (picnose 
nuclear, eosinofilia do citoplasma). Comparar com os 
neurônios não afetados próximos 
 
Necrose de neurônio, fase avançada 
(cariolise ou desaparecimento do núcleo). 
 
Células Gigantes Perivasculares - em alguns pontos, as 
células Gigantes tinham nítida relação com vasos, 
sugerindo que pudessem entrar ou sair do tecido por 
esta via 
 
Células Gigantes com citoplasma microvacuolado - 
eram prevalentes em certas áreas, como na periferia da 
lesão necrótica no cerebelo 
 
DOENÇAS DESMIELINIZANTES 
• Condições adquiridas com dano preferencial à 
mielina com relativa preservação dos axônios; 
• Limitam a capacidade do SNC de regenerar a 
mielina normal e causa danos progressivos aos 
axônios com o avançar da doença; 
• A mielina pode ser danificada por reações 
imunológicas, infecções ou por doenças 
hereditárias 
 
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ESCLEROSE MÚLTIPLA 
 
 
 
 
 
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Corte com coloração para mielina mostrando os limites 
abruptos de uma placa desmielinizante e manguitos 
linfocíticos perivasculares. 
A mesma lesão com coloração para axônios mostra sua 
relativa preservação. 
 
 
 transição entre o córtex normal e a 
substância branca desmielinizada era 
relativamente abrupta, e marcada pelo 
aparecimento de astrócitos gemistocíticos, 
à medida que o tecido nervoso sofria 
rarefação. 
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Infiltrado inflamatório perivascular. Era 
escasso, e notado só em torno a alguns vasos, 
presumivelmente vênulas. As células constituintes 
eram basicamente linfócitos, com alguns macrófagos. 
O infiltrado era desproporcional à extensão 
e gravidade da lesão desmielinizante. 
 
Astrócitos gemistocíticos 
xantomatosos. Os astrócitos gemistocíticos 
tinham o aspecto habitual, com citoplasma róseo 
abundante e núcleo excêntrico. Em aumento forte, em 
especial com objetiva de imersão, a maioriaapresentava gotículas, presumivelmente de lípides, 
que davam aspecto xantomatoso ao citoplasma. A 
alteração era geralmente focal. Poderia representar 
lípides englobados pela célula, ou formados no próprio 
citoplasma através de alterações metabólicas. 
 
 
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NEUROMIELITE ÓPTICA 
• Desencadeada por uma reação autoimune; 
• Resulta em desmielinização do nervo, 
impedindo que a informação seja transmitida 
de maneira eficaz; 
• No interior das áreas lesadas da substância 
branca, tipicamente se encontra necrose e 
infiltrado inflamatório com a presença de 
neutrófilos e deposição vascular de 
imunoglobulinas e de complemento; 
• Muitos indivíduos afetados mostram a 
presença de anticorpos contra aquaporina que 
é uma proteína em parte responsável pela 
manutenção dos prolongamentos astrocitários 
e em consequência pela integridade da barreira 
hematoencefálica. 
 
ENCEFALOMIELITE AGUDA DISSEMINADA 
• Desmielinização monofásica difusa; 
• Sintomas: Cefaleia, letargia e coma; 
• Morfologicamente: se observa perda da mielina 
com relativa preservação dos axônios 
disseminados na substância branca. 
ENCEFALOMIELITE AGUDA NECROSANTE 
HEMORRÁGICA 
• Síndrome fulminante de desmielinização; 
• Precedida por infecção das vias aéreas 
superiores; 
• Alterações histológicas semelhante à ADEM; 
• Lesões são mais graves e incluem: 
- Destruição de pequenos vasos sanguíneos 
- Necrose disseminada da substância branca e 
cinzenta com hemorragia aguda 
- Depósito de fibrina 
- Abundantes neutrófilos

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