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Resumo - Delirium e Síndromes Orgânicas

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Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
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DELIRIUM E SÍNDROMES ORGÂNICAS 
 
Possui etiologia orgânica demonstrável, ou lesão 
cerebral ou qualquer afecção que leve a uma disfunção 
cerebral. A doença pode ser primária, quando afeta o 
cérebro direta ou preferencialmente; ou secundária, 
como em doenças sistêmicas que afetam o cérebro 
como um dos múltiplos órgãos envolvidos. Estão 
divididas em 2 grandes grupos: 
a) afecção das funções cognitivas (memória, 
inteligência e aprendizagem) ou da consciência e 
atenção 
b) afecções localizadas da percepção, do 
pensamento e consciência da realidade, do humor, 
e do padrão global de personalidade e 
comportamento 
 
OBS: sintomático = transtorno mental orgânico nos 
quais o envolvimento cerebral é secundário a uma 
doença extra-cerebral. 
 
 
DELIRIUM 
 
CONCEITO 
O Delirium é um comprometimento da consciência 
passando a considera-lo como seu aspecto principal. 
Neste sentido, o Delirium não está associado 
exclusivamente aos transtornos psiquiátricos, mas 
também, a outras condições orgânicas crônicas (como, 
por exemplo, as síndromes demenciais, infecção, 
encefalopatia hepática, intoxicação por drogas e evento 
cirúrgico de grande porte). 
Disfunção cerebral aguda caracterizada por alterações 
do estado de consciência transitórias e flutuantes, 
acompanhadas de compromisso cognitivo, 
apresentando rebaixamento do nível de consciência e, 
consequentemente, de atenção com confusão mental, 
pensamento ilógico e desorganização do discurso, 
agitação psicomotora, porém, existem casos que 
podem ocorrer também retração, hipersonolência e 
lentificação motora; além das alterações sono-vigília, 
como insônia no período noturno e sonolência no 
período diurno. 
 
 
FISIOPATOLOGIA 
O mecanismo fisiopatológico exato causador de 
delirium permanece indefinido. Trata-se, 
provavelmente, da via final de diferentes 
mecanismos patogênicos, culminando na 
redução global do metabolismo oxidativo 
cerebral e falência da transmissão colinérgica. 
A principal hipótese para o desenvolvimento de 
delirium permanece focada no papel dos 
neurotransmissores, inflamação e estresse 
crônico. Atividade dopaminérgica em excesso 
também é apontada como fator contribuinte, talvez 
por seu papel regulador na liberação de 
acetilcolina. Citocinas também podem contribuir 
por meio do aumento da permeabilidade da 
barreira hematoencefálica e alteração da 
neurotransmissão. Estresse crônico gerado por 
doença ou trauma ativa o sistema nervoso 
simpático e o eixo adrenocortical, levando ao 
hipercortisolismo crônico, podendo contribuir 
para o desenvolvimento de delirium, e aumento 
nos níveis de citocinas. 
 
QUADRO CLÍNICO 
As principais características do delirium são: o 
início agudo e a atenção prejudicada. O estado 
mental tipicamente se modifica em horas a dias, 
diferentemente da demência onde ocorre 
mudança em semanas a meses. Outro aspecto 
característico do delirium é o curso flutuante, com 
tendência a períodos de melhora e exacerbações 
dos sintomas durante o dia, não é incomum a 
ocorrência de intervalos de lucidez. 
 
 
 
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CLASSIFICAÇOES 
a) Delirium por condição médica 
b) Delirium devido a intoxicação por substâncias 
c) Delirium devido à abstinência de substâncias 
d) Delirium devido a múltiplas etiologias 
e) Delirium sem outras especificações 
 
a) Hiperativo (15%) 
- aumento na atividade psicomotora 
- distraibilidade (hiperalerta) 
- hiperreatividade 
- pseudo-alucinações, idéias deliróides 
- fala rápida em tom alto 
- irritabilidade, impaciência, inquietação 
- pesadelos 
- melhor resposta ao tratamento 
 
b) Hipoativo – estado confusional agudo (19%) 
- diminuição da atividade 
- sonolência 
- letargia 
- apatia 
- olhar vago 
- fala lentificada, lacônica 
- mais grave, mais próximo do coma 
 
c) Misto (52%) 
 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico de delirium é eminentemente clí- 
nico, realizado à beira do leito, por meio de 
avaliação cuidadosa e história clínica colhida na 
maioria das vezes com informante confiável, 
geralmente o familiar ou cuidador. 
 
 
 
EPIDEMIOLOGIA 
A prevalência aumenta com a idade: 0,4% > 18 anos; 
1,1% > 55 anos; 13,6% > 85 anos. Muito frequente em 
Hospitais Gerais: ocorre em 14 – 56 % dos pacientes 
durante uma internação. Maiores taxas em idosos em 
CTI e enfermarias pós-cirúrgicas (principalmente 
cirurgias cardíacas e ortopédicas. Ocorre em 88% dos 
pacientes terminais próximo à morte (últimas 24-48h de 
vida). 
 
VULNERABILIDADE 
 idade avançada 
 sexo masculino 
 déficit visual 
 demência (graus) 
 depressão 
 dependência funcional 
 imobilidade 
 desidratação 
 alcoolismo 
 doença física 
 AVC 
 anormalidades metabólicas 
 
FATORES PRECIPITANTES 
 intoxicação ou abstinência de substâncias* 
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 doença aguda severa 
 infecção 
 hiponatremia e outras alterações bioquímicas 
ou metabólicas 
 hipoxemia; anemia 
 choque 
 dor 
 restrição física 
 pós-operatório (ortopédico, cardíaco etc) 
 CTI 
 procedimentos invasivos 
 
TRATAMENTO 
Obviamente, a identificação e tratamento da causa 
principal, quando possível, são fundamentais para a 
resolução do quadro de delirium. 
Não farmacológico: deve ser aplicada a todos os 
pacientes. Estratégias de reorientação e intervenção 
comportamental como permitir a presença de familiares 
acompanhantes. 
Farmacológico: Deve ser reservado aos pacientes 
com agitação mais importante, ou que estejam em risco 
em relação à própria segurança, de outros pacientes e 
da equipe médica. Deve-se estar ciente de que 
qualquer droga usada no tratamento do delirium 
causará efeitos psicoativos, podendo obnubilar ainda 
mais o estado mental do paciente. Por este motivo, 
deve-se usar a menor dose, pelo menor período 
possível. A classe dos neurolépticos é a preferida para 
o tratamento de delirium, sendo o HALOPERIDOL o 
agente mais utilizado e avaliado. Em relação ao 
haloperidol, dose inicial de 0,5 a 1mg, 
preferencialmente por via oral, deve ser usada, 
podendo se repetir a dose após 30 a 60 minutos, até se 
atingir sedação leve. O objetivo é a resolução ou 
melhora da agitação até nível aceitável e não a 
sedação do paciente. 
Benzodiazepínicos não são recomendados para o 
tratamento de delirium devido à tendência em causar 
sedação excessiva, depressão respiratória, além de 
poderem exacerbar o estado confusional. Entretanto 
permanecem como droga de escolha em casos de 
abstinência a álcool e outras drogas. Em idosos o 
lorazepam, 0,5 a 1mg inicialmente, é o agente mais 
seguro. 
 
 
DELIRIUM TREMENS 
Pessoas que bebem de forma excessiva, quando 
diminuem o consumo ou se abstêm completamente, 
podem apresentar um conjunto de sintomas e sinais, 
denominados Síndrome de Abstinência do Álcool 
(SAA). Os sinais e sintomas mais comuns da SAA são: 
agitação, ansiedade, alterações de humor 
(irritabilidade, disforia), tremores, náuseas, vômitos, 
taquicardia, hipertensão arterial, entre outros. Ocorrem 
complicações como: alucinações, o Delirium Tremens 
(DT) e convulsões. DT é um estado confusional 
breve, mas ocasionalmente com risco de vida, que se 
acompanha de perturbações somáticas. É 
usualmente consequência de uma abstinência absoluta 
ou relativa de álcool em usuários gravemente 
dependentes, com uma longa história de uso. O iníciousualmente ocorre após abstinência de álcool. Em 
alguns casos o transtorno aparece durante um episódio 
de consumo excessivo de bebidas alcoólicas, em cujo 
caso deve ser codificado aqui. Os sintomas 
prodrômicos tipicamente incluem: insônia, tremores 
e medo. O início pode também ser precedido de 
convulsões por abstinência. 
A clássica tríade de sintomas inclui: 
 Obnubilação de consciência 
 Confusão 
 Alucinações e ilusões vívidas 
Afetando qualquer modalidade sensorial e com 
tremores marcantes. Delírios, agitação, insônia ou 
inversão do ciclo do sono e hiperatividade 
autonômica estão também usualmente presentes. 
Exclui: Delirium não induzido por álcool. 
Instalação: 1 a 3 dias. 
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Duração: 1 semana a dois meses (maioria entre 10 e 
12 dias). 
Idosos: curso mais prolongado; maior risco de 
mortalidade; maior número de complicações; mais 
frequentemente a recuperação não é total. 
 
TRATAMENTO 
Dentre os psicofármacos utilizados, os 
benzodiazepínicos (BZD) são a medicação de 
primeira escolha para o controle dos sintomas da SAA. 
Diazepam: 20mg via oral (VO) por dia, com retirada 
gradual ao longo de uma semana. 
 
 
DELÍRIO 
 
O Delírio é uma alteração relacionada à FORMAÇÃO 
DOS JUÍZOS, sendo um erro do processo de ajuizar 
que tem origem na doença mental. É o 
desenvolvimento de um conjunto de juízos falsos em 
consequência de condições patológicas pré-existentes 
e que não se corrigem por meios racionais. É através 
do juízo que discernimos o que é real do que é fruto da 
nossa imaginação. 
 
TRÍADE DO DELÍRIO (primário) 
 Uma convicção extraordinária 
 Não são susceptíveis à influência 
 Possuem um conteúdo impossível 
 
Delírios ou ideias delirantes são juízos patologicamente 
falsos. 
a) Delírio Primário (ideia delirante) 
 Convicção falsa e irremovível e uma 
crença inabalável 
 Impenetrável e incompreensível para o 
indivíduo normal, bem como, 
impossível de sujeitar-se às influências 
de correções quaisquer 
 Impossibilidade de conteúdo plausível 
 
b) Delírio Secundário (ideia deliroide) 
Tem origem compreensível em estados 
psicologicamente alterados como nos 
transtornos do humor, alterações da 
sensopercepção e rebaixamento do nível de 
consciência. Equívocos passageiros 
provocados por percepções enganosas e de 
outras desse tipo. Exemplos: as ideias de 
ruínas e de culpa na depressão, ideias de 
perseguição no delirium tremens, as ideias de 
grandeza na mania. 
 
c) Ideia Sobrevalorada 
Ideia errônea por exagero afetivo em que a 
carga afetiva muito intensa afeta o julgamento 
da realidade e a ideia passa a preponderar 
sobre as demais, de forma pouco racional, 
afetando o comportamento do indivíduo. 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS 
MENTAIS 
 
TRANSTORNO DO ESPECTRO DA 
ESQUIZOFRENIA 
 Esquizofrenia 
 Transtorno Esquizoafetivo 
 Transtorno Esquizofreniforme 
 Transtorno Delirante e Transtorno Psicótico 
Compartilhado 
 Transtorno Psicótico Breve, outros Transtornos 
Psicóticos e Catatonia 
 
TRANSTORNOS DO HUMOR 
 Depressão maior e transtorno bipolar 
 Distimia e ciclotimia 
 
TRANSTORNOS DA ANSIEDADE 
 Transtorno do pânico 
 Agorafobia 
 Fobia específica 
 Fobia social 
 Transtorno de ansiedade generalizada 
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TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO 
 Transtorno obsessivo-compulsivo 
 Transtorno dismórfico corporal 
 Transtorno de acumulação 
 Tricotilomania 
 Transtorno de escoriação 
 
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 
 Síndrome de Rett 
 Transtorno desintegrativo da infância 
 Transtorno de Asperger 
 Transtorno pervasivo não identificado do 
desenvolvimento 
 
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE 
 Grupo A: esquizotípico, esquizoide e paranoide 
 Grupo B: Narcisista, boderline, antissocial e 
histriônico 
 Grupo C: Obessivo-compulsivo, dependente e 
evitativo 
 
TRANSTORNO ORGÂNICO DE 
PERSONALIDADE 
 
Alteração da personalidade e comportamento 
(acentuação ou mudança de características de 
personalidade) como um transtorno residual ou 
concomitante a doença, lesão ou disfunção cerebral. 
 
SÍNDROMES DO LOBO FRONTAL 
a) Síndrome orbitofrontal 
- desinibição 
- impulsividade 
- diminuição da empatia, inconveniência, jocosidade 
inadequada 
- incapacidade de planejamento 
- irritabilidade; labilidade afetiva 
- memória, linguagem e habilidades visuoespaciais 
intactas 
- causas: trauma craniano, tumor, AVC, esclerose 
múltipla, doença de Pick 
 
b) Síndrome medial frontal 
- do mutismo acinético à falta moderada de motivação, 
de iniciativa, acompanhada de apatia e gestos limitados 
- mutismo acinético: lesões bilaterais; mutismo, 
(semi)estupor, vigil, alerta 
- pacientes com lesão esquerda podem apresentar 
afasia motora 
- causas: AVC, trauma, hidrocefalia 
 
c) Síndrome da convexidade frontal 
- anormalidades no comportamento sequencial: 
perseveração, impersistência, déficits na mudança de 
contexto, distúrbios na programação de atos motores 
sequenciais 
- dificuldades no julgamento e avaliação 
- concretude 
- causas: traumas, tumores, AVC, doenças 
degenerativas 
 
d) Personalidade epiléptica (?) 
- suspicácia e ideação paranóide 
- preocupação excessiva com um tema única 
- hipossexualidade 
- prolixidade; 
- viscosidade afetiva 
(gliscroidia) 
- hiperreligiosidade 
- hipergrafia 
- causa: epilepsia do lobo temporal 
 
SÍNDROME AMNÉSTICA ORGÂNICA 
- Prejuízo de memória se manifestando no déficit de 
memória recente (assimilação de novas informações) 
em grau suficiente para afetar o desempenho das 
atividades cotidianas 
- Diminuição da capacidade de rememorar experiências 
passadas 
- Sem prejuízo da memória imediata 
- Sem rebaixamento de consciência, sem hipoprosexia, 
sem déficit cognitivo global 
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- Início geralmente abrupto, curso crônico, com algum 
grau de melhora podendo ocorrer nos dois anos 
subsequentes ao início 
- Geralmente associadas a um conjunto restrito de 
lesões envolvendo estruturas límbicas da região medial 
dos hemisférios cerebrais (hipocampo, fórnix, corpos 
mamilares, núcleos talâmicos mediais) 
 
CAUSAS: 
 Traumatismo craniano 
 Tumores focais 
 Sequelas cirúrgicas 
 Encefalites por herpes simplex 
 Isquemia cerebral 
 Hipóxia 
 
SÍNDROME DE WERNICKE-KORSAKOFF 
- Deficiência de tiamina (vit.B1) 
- História de alcoolismo; desnutrição, vômitos 
prolongados, carcinoma gástrico 
Fase aguda: oftalmoplegia, ataxia, delirium 
Fase crônica: síndrome amnéstica, nistagmo, ataxia, 
neuropatia periférica 
 
A doença de Wernicke e a psicose de Korsakoff foram 
identificadas no final do século passado. A primeira é 
caracterizada por nistagmo, marcha atáxica, paralisia 
do olhar conjugado e confusão mental. Esses sintomas 
usualmente têm início abrupto, ocorrendo mais 
freqüentemente em combinação. A doença de 
Wernicke está associada com deficiência nutricional, 
ocorrendo especialmente em alcoolistas. A psicose de 
Korsakoff é uma desordem mental na qual a memória 
de retenção está seriamente comprometida em um 
paciente até então sadio. Esta desordem está também 
associada ao alcoolismo e à deficiência nutricional. 
O complexo de sintomas abrangendo o 
comprometimento do aprendizado e da memória, bem 
como as manifestações da doença de Wernicke é 
apropriadamente designado de síndrome de 
WernickeKorsakoff.TRATAMENTO 
O tratamento da síndrome de Wernicke-Korsakoff deve 
ser imediatamente iniciado com a administração de 
tiamina, uma vez que esta previne a progressão da 
doença e reverte as anormalidades cerebrais que não 
tenham provocado danos estruturais estabelecidos. A 
administração imediata de tiamina parenteral 
intravenosa ou intramuscular (500mg, 2 a 3 vezes por 
dia, durante 3 dias), seguida de uma suplementação 
oral diária – quando este iniciar a alimentação oral – 
pode permitir uma reversão gradual dos sinais da 
encefalopatia de Wernicke. Não é recomendada a 
administração de soro glicosado sem infusão de 
tiamina concomitante, já que pode precipitar um uma 
encefalopatia de Wernicke. 
TIAMINA 
A tiamina é de extrema importância para o perfeito 
funcionamento da rota metabólica. Age como coenzima 
da transcetolase e da piruvato-descarboxilase, enzimas 
intermediárias na degradação do piruvato em Acetil-Co-
A. A ausência de tiamina bloqueia a entrada do 
piruvato na fase aeróbica da rota metabólica 
gerando dois efeitos: desvio da via aeróbica para 
anaeróbica, onde o piruvato é transformado em 
lactato, e diminuição da produção de energia (ATP), 
que passa a ser produzida apenas pela via glicolítica. 
Resulta daí a acentuada produção de ácido lático no 
organismo e a deficiência da produção de ATP. Além 
disso, a transcetolase auxilia a síntese de ácidos 
graxos, componentes fundamentais da mielina. Não 
está devidamente esclarecido por que há predileção 
das lesões pelos corpos mamilares, paredes dos 
Nistagmo Ataxia
Distúrb. 
Mentais e 
da 
Consciência
Síndrome 
Wernicke
Nistagmo Ataxia
Distúrb. 
Mentais e da 
Consciência
Alterações 
da 
memória
Sd. 
Wernicke-
Korsakoff
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ventrículos e vermis cerebelar. A tiamina está presente 
na maioria dos alimentos, principalmente nos cereais. 
Quanto ao seu estoque, o hepatócito funciona como 
principal local de armazenamento. Uma vez cessada a 
ingesta de tiamina, as reservas orgânicas esgotam-se 
em 18 dias. Condições como doença hepática, 
ingesta excessiva de carboidratos ou infusão 
venosa de grandes quantidades de glicose, não 
associada à tiamina, podem acelerar essa depleção. 
Atenção especial deve ser dada ao uso de glicose 
hipertônica sem a devida reposição de tiamina, prática 
comum principalmente em alcoólatras ou pacientes em 
coma de etiologia não definida, pois pode vir a 
desencadear EW ou piorar um quadro já instalado. 
 
TRANSTORNOS DO HUMOR 
 
Grupo de transtornos mentais nos quais uma alteração 
patológica do humor*, associada com alterações 
vegetativas, psicomotoras e cognitivas relacionadas, 
dominam o quadro. Estados afetivos permanentes, que 
não refletem apenas contingências emocionais 
momentâneas. As alterações do humor são 
endoreativas, isto é, mesmo que possam ter sido 
desencadeadas por um fator precipitante externo, 
tendem a persistir de forma autônoma. Possui curso 
frequentemente cíclico, recorrente de forma episódica 
(5-6 para transt.depressivo; 8-9 p/transt.bipolar) – 
embora possa ser um episódio único, principalmente no 
transtorno depressivo (1/3 dos casos). 
 Transtorno Bipolar 
 Transtorno Depressivo (Recorrente – CID 10 / 
Maior – DSM V) 
 Trastorno Ciclotímico 
 Transtorno Distímico 
 
EPIDEMIOLOGIA 
- Prevalência bastante elevada: 15% entre os homens, 
podendo atingir 25% entre as mulheres 
- Transtorno depressivo (5,2 - 17,1%) tem maior 
prevalência do que transtorno bipolar (0,4 - 1,6%) 
- Transtorno depressivo é 50 a 70% mais 
diagnosticado em mulheres; no que concerne ao 
transtorno bipolar, a frequência é a mesma em ambos 
os sexos 
- Transtorno depressivo acomete de 10 a 25% das 
mulheres e de 5 a 12% dos homens durante os seus 
períodos de vida 
- O.M.S.: depressão aparece como a 4ª colocada em 
uma lista dos 10 principais problemas mais urgentes 
em saúde pública no mundo 
- Transtorno bipolar tem início mais precoce: na 
segunda ou terceira década de vida; o transtorno 
depressivo recorrente costuma ter início mais tardio: 
por volta dos quarenta anos 
- 15-20% dos pacientes portadores de um transtorno 
do humor apresentam um curso crônico 
- Suicídio ocorre em 15% dos pacientes com 
transtorno depressivo, principalmente homens 
- 50-70% dos suicídios ocorrem em portadores de 
transtornos do humor 
 
QUADRO CLÍNICO 
Episódio Depressivo e Episódio Maníaco 
 
a) Episódio Depressivo: 
- humor deprimido (hipotimia) 
- perda de interesse e prazer (anedonia) 
- energia reduzida levando a uma fatigabilidade 
aumentada 
- atividade diminuída, inércia, falta de motivação ou 
vontade, diminuição da libido 
- lentificação (ou agitação) psicomotora e do 
pensamento; estupor - irritabilidade (muito comum na 
infância e adolescência) 
- choro espontâneo 
- pessimismo e desesperança 
- diminuição da auto-estima 
- pensamentos recorrentes, ruminação sobre temas 
negativos 
- idéias (deliróides – 15%) de culpa, ruína, inutilidade, 
hipocondríacas 
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- ideação suicida; tentativas de suicídio 
- insônia terminal ou hipersonia 
- diminuição ou aumento do apetite, com perda ou 
ganho de peso 
- diminuição ou aumento do apetite, com perda ou 
ganho de peso 
- dificuldades para tomar decisões 
- alterações da vivência do tempo (lentificação, império 
do passado, inexistência do futuro) 
- dificuldades de concentração e memória (pseudo-
demência em idosos) 
- queixas somáticas (« depressão mascarada ») 
- ritmo circadiano 
- sazonalidade (outono/inverno) 
Os sintomas devem estar presentes por pelo menos 
duas semanas e devem representar uma mudança 
com relação ao funcionamento prévio do sujeito. 
 
CARACTERÍSTICAS MELANCÓLICAS 
 perda de prazer em todas ou quase todas as 
atividades 
 falta de reação a estímulos outrora 
prazeirosos 
 qualidade distinta de humor deprimido 
 piora matinal 
 insônia terminal 
 lentificação ou agitação psicomotora 
acentuados 
 anorexia ou perda de peso significativos 
 culpabilidade excessiva ou inapropriada 
 
CARACTERÍSTICAS ATÍPICAS 
 reatividade do humor 
 aumento do apetite e/ou ganho de peso 
 hipersonia 
 padrão permanente de hipersensibilidade à 
rejeição nas relações interpessoais 
 sensação de peso nas pernas e braços 
 piora vespertina 
 
 
 
Depressão Bipolar 
 história de mania ou hipomania 
 temperamento ciclotímico 
 igual prevalência em homens e mulheres 
 início na adolescência, terceira (20’s) ou 
quarta (30’s) década 
 episódios puerperais comuns 
 início súbito 
 múltiplos episódios 
 duração do episódio: 3-6m 
 retardo psicomotor 
 hipersonia 
 história familiar de transtorno bipolar e 
unipolar 
 
Depressão Unipolar 
 sem história de mania ou hipomania 
 temperamento distímico 
 mais comum em mulheres 
 início na quarta (30’s), quinta (40’s) ou sexta 
(50’s) década 
 episódios puerperais menos comuns 
 início insidioso 
 poucos episódios 
 duração do episódio: 3-12m 
 agitação psicomotora 
 insônia 
 história familiar de transtorno unipolar e 
alcoolismo 
OBS: 
CICLOTIMIA: padrão de personalidade, caracterizado 
por períodos de excitação, euforia ou hiperatividade, 
que alternam com outros de depressão, tristeza ou 
inatividade, e que, normalmente, não configura traços 
psicóticos 
DISTIMIA: A distimia é um tipo crônico de depressão 
no qual a pessoa fica triste regularmente. 
 
b) Episódio Maníaco 
 hipertimia: euforia, exaltação, irritabilidade, 
jocosidade 
 labilidade afetiva 
 aumento de energia, hiperatividade 
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9 aceleração do curso do pensamento, fuga de 
ideias, logorreia 
 diminuição da necessidade de sono 
 desinibição, agitação, aumento da libido, 
impulsividade 
 distraibilidade 
 auto-estima arrogante 
 superotimismo, grandiosidade, idéias 
deliróides de grandeza 
 prodigalidade 
 alterações quantitativas e qualitativas da 
sensopercepção 
 os sintomas devem estar presentes por pelo 
menos uma semana e devem representar uma 
mudança com relação ao funcionamento prévio 
do sujeito 
CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS DO 
HUMOR 
 TRANSTORNO DEPRESSIVO 
 TRANSTORNO BIPOLAR: 
- Bipolar I: pelo menos uma fase de mania ou 
episódio misto 
- Bipolar II: fases de hipomania e transtorno 
ciclotímico 
 
TRANSTORNOS PERSISTENTES DO 
HUMOR 
Síndrome parcial do humor, mantida de forma contínua 
ou intermitente por pelo menos dois anos. Tem início 
geralmente na adolescência 
- ciclotimia (pode preceder ou suceder episódios de 
transtorno bipolar ou depressivo) 
- distimia (precede episódio depressivo em 1/3 dos 
casos): mais sintomas do que sinais 
 
COMORBIDADES 
 Ansiedade 
 Fobias 
 Pânico 
 Sintomas Obsessivos-compulsivos 
 Abuso de Substâncias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL 
 
O exame do estado mental é a pesquisa sistemática 
de sinais e sintomas de alteraões do funcionamento 
mental, durante a entrevista psiquiátrica. As 
informações são obtidas através da observação direta 
da aparência do paciente, da anamnese, bem como 
do relato de familiares e outros informantes como 
atendentes, amigos, colegas ou até mesmo 
autoridades policiais. O exame do estado mental 
não deve ser realizado apenas pelos psiquiatras, 
mas deve fazer parte do exame clínico do paciente, 
independente da sua morbidade. É essencial não só 
para o diagnóstico de possíveis transtornos 
psiquiátricos, como pode também oferecer indícios 
importantes de transtornos neurológicos, metabólicos, 
intoxicações ou de efeitos de drogas. 
 
Divide-se o funcionamento mental em funções na 
seguinte ordem: Consciência, Atenção, 
Sensopercepção, Orientação, Memória, Inteligência, 
Afetividade, Pensamento, Juízo Crítico, Conduta e 
Linguagem (CASOMI APeJuCoL). 
 
Consciência 
Atenção 
Sensopercepção 
Orientação 
Memória 
Inteligência 
Afetividade 
Pensamento 
Juízo crítico 
Conduta 
Linguagem 
 
O primeiro grupo, CASOMI, destaca as Síndromes 
Cerebrais Orgânicas, por exemplo, nos estados de 
delirium estão alteradas as primeiras quatro funções: 
Consciência, Atenção, Sensopercepção e Orientação; 
e nos casos de Demência, a Memória e a Inteligência. 
O segundo grupo (APeJuCoL), por sua vez, altera se 
nas Síndromes Psicóticas e nos Transtornos do Humor. 
 
 
ASPECTOS DO PACIENTE NA 
ENTREVISTA INICIAL 
 
1. Aparência 
2. Atividade psicomotora e de comportamento 
3. Atitude frente ao examinador 
4. Comunicação com o examinador 
5. Sentimentos despertados 
 
 
 
 
FUNÇÕES MENTAIS 
 
a) Consciência 
- É o estado de lucidez ou de alerta em que a pessoa 
se encontra, variando da vigília até o coma. É o 
reconhecimento da realidade externa ou de si mesmo 
em determinado momento, e a capacidade de 
responder aos seus estímulos. 
- Avaliação: Observar as reações do paciente frente 
aos estímulos, se sua reação é rápida ou lenta; se se 
mostra sonolento ou não. No caso de lucidez, percebe-
se através da própria conversa com o paciente, porém, 
se houver alguma alteração devem-se utilizar estímulos 
verbais e/ou táteis. Na clínica geral usa-se também a 
escala de Glasgow. 
- Alterações: obnubilação/sonolência, confusão, 
estupor, coma e hiperalerta 
 
 
b) Atenção 
- A atenção é uma dimensão da consciência que 
designa a capacidade para manter o foco em uma 
atividade. Designa, ainda, o esforço voluntário para 
selecionar certos aspectos de um fato, experiência do 
mundo interno (p.e. memórias), ou externo, fazendo 
com que a atividade mental se volte para eles em 
detrimento dos demais. 
- Avaliação: vigilância, tenacidade e concentração. 
- Alterações: desatenção e distração 
 
c) Sensopercepção 
- Designa a capacidade de perceber e interpretar os 
estímulos que se apresentam aos órgãos dos sentidos. 
Os estímulos podem ser: auditivos, visuais, olfativos, 
táteis e gustativos. 
- Avaliação: a sensopercepção é investigada através da 
entrevista com o paciente. 
- Alterações: ilusões e alucinações 
 
 
d) Orientação 
Capacidade do indivíduo de situar-se no tempo, espaço 
ou situação e reconhecer sua própria pessoa. 
Avaliação: Tempo  pode-se perguntar ao paciente 
qual é a hora aproximada, dia da semana, do mês, mês, 
ano, estação e há quanto tempo ele está no hospital. 
Espaço  o paciente deve ser capaz de descrever o 
local onde se encontra (consultório, nome do hospital), 
o endereço aproximado, a cidade, o estado, o país, 
sabendo também quem são as pessoas à sua volta. A 
própria pessoa  deve-se perguntar dados sobre o 
paciente, como nome, data de nascimento, profissão e 
o que faz no hospital. Estas informações devem ser 
conferidas através de uma fonte confiável, como um 
familiar hígido. Demais pessoas  deve ser capaz de 
identificar seus familiares, amigos próximos e pessoal 
que o atende (médicos, enfermeiras, auxiliares, etc.). 
Alterações: desorientação 
 
 
 
Síndromes 
Cerebrais 
Orgânicas 
Delirium 
Demência 
Síndromes 
Psicóticas e 
Transtornos de 
Humor 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
11 
 
e) Memória 
É a capacidade de registrar, fixar ou reter, evocar e 
reconhecer objetos, pessoas e experiências passadas 
ou estímulos sensoriais. São fixados na memória fatos 
ou situações que quando ocorreram provocaram 
emoções associadas: prazer, medo, etc, ou que foram 
significativas para a pessoa. 
Avaliação: memória imediata, memória recente e 
memória remota. 
Alterações: amnésia, amnésia anterógrada, amnésia 
retrógrada, amnésia lacunar e amnésia retrógrada. 
 
f) Inteligência 
Capacidade de uma pessoa de assimilar 
conhecimentos factuais, compreender as relações 
entre eles e integrá-los aos conhecimentos já 
adquiridos anteriormente; de raciocinar logicamente e 
de forma abstrata manipulando conceitos, números ou 
palavras. Capacidade de resolver situações novas com 
rapidez e com êxito mediante a realização de tarefas 
que envolvam a apreensão de relações abstratas entre 
fatos, eventos, antecedentes e consequências, etc. 
Avaliação: É importante coletar informações sobre o 
desenvolvimento e rendimento escolar do paciente: 
idade de ingresso na escola, se repetiu algum ano, 
dificuldades em matérias específicas, dificuldade de 
leitura e escrita, quando parou os estudos, por que 
motivo (se por dificuldade em acompanhar). Para 
avaliar ("grosseiramente") o rendimento intelectual, 
pode-se questionar a capacidade do paciente de 
adaptar-se ao meio e a novas situações, aprender com 
a experiência, desenvolver atividades coerentes com 
um objetivo, utilizar pensamento abstrato (incluindo 
conceitos abstratos, como liberdade, amor) e resolver 
problemas do cotidiano. A inteligência pode ser inferida 
através do desempenho intelectual durante o exame e 
através de perguntas como: o troco em dinheiro para 
6,37 quando se deu 10,00; multiplicar 2 X12; 
2X24;2X48; 2X96... 
Alteração: deficiência mental, demência e abstração. 
 
g) Afetividade 
É a experiência imediata e subjetiva das emoções 
sentidas pelo paciente em relação ao que o cerca, 
abrangendo desde sentimentos em relação a pessoas 
e ambientes até lembranças de fatos, situações, ou 
pessoas do passado, bemcomo expectativas sobre o 
futuro. 
Avaliação: a avaliação da afetividade e do humor é feita 
ao longo da entrevista, observando-se a expressão 
facial do paciente, sua postura, o conteúdo afetivo 
predominante no seu relato (tristeza, euforia, 
irritabilidade, etc), o tipo de afeto que transmite e que 
desperta no entrevistador. 
Alterações: ansiedade, medo e tensão, irritabilidade, 
ódio, raiva, hostilidade, labilidade afetiva, incontinência 
emocional, indiferença afetiva, afeto inapropriado ou 
icongruente, afeto hipomaníaco e maníaco, euforia e 
êxtase, tristeza, desesperança, baixo auto-estima e 
sentimento de culpa, apatia... 
 
 
h) Pensamento 
É o conjunto de funções integrativas capazes de 
associar conhecimentos novos e antigos, integrar 
estímulos externos e internos, analisar, abstrair, julgar, 
concluir, sintetizar e criar. O pensamento é avaliado em 
três aspectos: produção (ou forma), curso e conteúdo. 
Avaliação: em uma amostra do discurso do paciente, 
ou seja, durante a entrevista, observa-se a produção, o 
curso e o conteúdo do seu pensamento. Na avaliação 
da produção (ou forma) do pensamento observa-se se 
o paciente tem um discurso coerente, se segue as leis 
da sintaxe, se a inferência de conclusões é lógica, e se 
as associações entre as ideias fazem sentido. 
Alteração: produção ilógica ou mágica; curso lento, 
acelerado, com fuga de ideias, perda de associações, 
tangencialidade, circunstancialidade, bloqueio do 
pensamento, perseveração, pobreza do pensamento, 
associação por rimas; conteúdo: delírio, ideias 
supervalorizadas, obsessões etc. 
 
i) Juízo crítico 
É a capacidade para perceber e avaliar 
adequadamente a realidade externa e separá-la dos 
aspectos do mundo interno ou subjetivo. Implica 
separar sentimentos, impulsos e fantasias próprios, de 
sentimentos e impulsos de outras pessoas. Refere-se, 
ainda, à possibilidade de autoavaliar-se 
adequadamente e ter uma visão realista de si mesmo, 
suas dificuldades e suas qualidades. Insight é uma 
forma mais complexa de juízo. Envolve um grau de 
compreensão do paciente sobre si mesmo, seu estado 
emocional, sua doença e as consequências desta 
sobre si, pessoas que o cercam e sua vida em geral. O 
insight é reconhecido como um importante mecanismo 
de mudança psíquica nas psicoterapias em geral e em 
especial nas psicoterapias de orientação analítica. 
Avaliação: a partir da entrevista geralmente tem-se uma 
boa idéia a respeito da capacidade de julgamento e 
insight. 
Alterações: falar coisas inapropriadas; ser 
inconveniente; gastar mais do que pode; não medir 
consequências; não se dar conta da gravidade da 
doença; não reconhecer limitações. 
 
j) Conduta 
São os comportamentos observáveis do indivíduo: 
comportamento motor, atitudes, atos, gestos, tiques, 
impulsos, verbalizações, etc. 
Avaliação: a partir da observação do paciente durante 
a entrevista, de perguntas objetivas ou de entrevistas 
com os familiares, pesquisa-se dados sobre os hábitos 
do paciente, como o que costuma fazer todos os dias e 
em situações especiais (maneira como se diverte, 
trabalha, convive socialmente); procura-se observar a 
movimentação do paciente (lento ou agitado), a forma 
como se expressa através da anamnese. 
Alterações: inquietação, agitação, lentificação do 
comportamento psicomotor etc. 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 
 
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k) Linguagem 
 
É a maneira como a pessoa se comunica, verbal ou não 
verbalmente, envolvendo gestos, olhar, expressão 
facial ou por escrito. 
Avaliação: costuma-se dar mais ênfase à fala, 
avaliando-se a quantidade (loquaz, prolixo, taciturno, 
não-espontâneo ou normal), velocidade ou fluxo 
(verbalização rápida, lenta, hesitante, monótona) e 
qualidade (gagueira, ecolalia). 
Alteração: disartria (dificuldade na articulação da 
palavra), gagueira, bradilalia (falar muito devagar), 
taquilalia (falar muito rápido), ecolalia (repetir as últimas 
palavras do interlocutor), afasia (não conseguir falar), 
logorréia (não parar de falar), mutismo (ficar 
completamente quieto), vulgaridade (usar vocabulário 
de baixo calão), coprolalia (uso de palavras obcenas); 
disgrafia (escrever palavras incorretamente); 
alterações da mímica facial (ausência, exagero, tiques). 
Neologismos (invenção de palavras com significados 
particulares para o paciente), salada de palavras e 
associação por rimas refletem um processo de 
pensamento desgregado. 
 
3 - FUNÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS 
 
3.1-SONO: Insônia inicial, terminal, ou no meio da 
noite; hipersonia; sonambulismo; terror noturno; apnéia 
do sono; alterações do ciclo sono-vigília (SCO, 
Demência), diminuição da necessidade de sono 
(Mania).1,DSM,CID 
 
3.2-APETITE: Aumento ou diminuição, com ou sem 
alteração no peso (considerar variações maiores que 
5% do peso usual). 1,DSM,CID 
 
3.3-SEXUALIDADE: diminuição ou aumento do desejo 
ou da excitação (depressão e mania); incapacidade de 
atingir o orgasmo; parafilias; ejaculação precoce, 
retardada, vaginismo.

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