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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA RELATÓRIO DO ESTÁGIO BÁSICO I: Atuação do psicólogo no ambiente hospitalar, direcionada a UTI neonatal Danielly Silva dos Santos Wesley Vitor Moura Silva Vitória da Conquista 2018 Danielly Silva dos Santos Wesley Vitor Moura Silva RELATÓRIO DO ESTÁGIO BÁSICO I: Atuação do psicólogo no ambiente hospitalar, direcionada a UTI neonatal Relatório solicitado pela professora orientada Ms. Lígia Maria Portela da Silva como avaliação parcial no componente curricular Estágio Básico I, do curso de Bacharelado em Psicologia no campus da UESB em Vitória da Conquista. Vitória da Conquista 2018 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1 2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................. 2 3. ASPECTOS METODOLÓGICOS ........................................................................................ 3 3.1 Método ............................................................................................................................. 3 3.2 Material ............................................................................................................................ 3 4. DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 4 5. APÊNDICE ........................................................................................................................... 5 5.1 DIÁRIO DE CAMPO .......................................................................................................... 7 5.1.1 Wesley Vitor ................................................................................................................. 7 5.1.2 Danielly Silva............................................................... Erro! Indicador não definido. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 11 7. REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 15 1 1. INTRODUÇÃO Em conformidade com o plano de aula do componente curricular Estágio Básico I do curso de Psicologia, foram realizadas visitas aos setores de saúde para o conhecimento do trabalho desempenhado pelos psicólogos nos diversos âmbitos Nesse projeto de Relatório, os alunos: Danielly Silva dos Santos e Wesley Vitor Moura Silva, ambos foram visitar a unidade de saúde, o Hospital Municipal Esaú Matos, no dia 03 de abril de 2018 às 13:00pm da terça feira, localizado na avenida Macaúbas, bairro Kadija nº 100, Vitória da Conquista. Focando na área da UTI Neonatal a qual é de caráter pública. A psicóloga responsável, Luciana, nos recebeu no Hospital os estudantes da turma V, do I semestre, os quais ao longo de 2 meses, foram orientados pela professora Ligia Maria Portela Silva. 2 2. REFERENCIAL TEÓRICO Em discursão sobre o papel que a formação do aluno poderia exercer em sua atuação profissional futura, Carvalho (1982) sugere o “contato com condições concretas em que os psicólogos estão atuando, principalmente aquela que de alguma forma fujam às atuações convencionais e representem uma expansão nas modalidades de atuação” (p.17). É neste sentido que se entende o papel das entrevistas como parte das atividades do curso. Uma imagem comum aos cursos de graduação atualmente é que muitos alunos chegam carregados de preconceitos acerca das áreas de atuação e, em específico, sobre o campo profissional que este desejava exercer. Uma dessas imagens possíveis pode relacionar-se, inclusive, à questão da profissão liberal autônoma, apontada por Mello (1975). Tradicionalmente, nas imagens que o aluno traz para seu curso, não só a psicologia é vista como uma profissão liberal autônoma, mas ela se concretiza através da atuação do psicólogo no consultório particular. Afunilando-se no ambiente das práticas psicológica hospitalares, trata-se de um importante campo de atuação para psicólogos (Romano 1999) que mesmo já sendo reconhecido com uma especialidade em Psicologia no Brasil (CFP, 2000), carece de evidências que sustentem e legitimem a identidade da érea (Yamamoto 8t Cunha, ' 1998: Yamamoto, Trindade 8L Oliveira. 2002). 3 3. ASPECTOS METODOLÓGICOS 3.1 Método A situação empírica tomada para exame constituía-se num contexto multideterminado de interações no desenrolar da disciplina Estagio Básico I, envolvendo pelo menos três categorias de atores sociais: alunos, professor e psicólogos entrevistados pelos alunos. Para a compreensão da natureza desse contexto, é necessário explicitar suas principais características: — Fundamentalmente, os objetivos da disciplina estabeleciam que os alunos: 1) entrassem em contato direto com profissionais de diversas áreas de atuação; e, 2) refletissem sobre diversos aspectos relacionados à atuação do psicólogo, avaliando-a criticamente, especialmente no que diz respeito às relações dela com a sociedade. — na direção desses objetivos, foram planejadas as seguintes atividades dos alunos: a) responder a questionários sobre a profissão e sobre sua escolha profissional, nos primeiro e último dia de aula da disciplina; b) ter contato direto com, no mínimo, três psicólogos(as) de uma mesma área de atuação, através de entrevistas em grupo (as áreas de atuação eram: clínicas, organizacional, educacional, institucional/comunitária, hospitalar e pesquisa); c) apresentar trabalho, por escrito, e oralmente para a classe, sobre observações e reflexões a partir da entrevista, quanto à atuação profissional do psicólogo daquela área. 3.2 Material Diário de campo: Os alunos ao sair das entrevistas, lhes foi recomendado que fizesse um diário com anotações, colocando neles suas perspectivas das experiencias e visão particular, a qual este diário aliado a todo mesmo material serviria de apoio e suporte na escrita desse relatório. Transcrições de entrevistas áudio-gravadas: foram examinadas as entrevistas escolhidas, para cada uma das áreas de atuação abrangidas pelo trabalho dos alunos: Psicologia Hospitalar e Organizacional, perfazendo um total de 2 transcrições. Essas entrevistas, elaboradas pelos alunos com a supervisão do professor, eram baseadas em 4 um roteiro comum feitos pelos próprios alunos, abrangendo os principais aspectos relacionados ao exercício da profissão de psicólogo. 4. DISCUSSÃO A Psicologia é a ciência cujo objeto de estudo inclui a análise, predição e a modificação dos fatores que afetam o comportamento. Visando a promoção e a manutenção da saúde física e emocional, a prevenção e o tratamento das doenças e a identificação de correlatos etiológicos e diagnósticos de saúde. Em um sentido mais amplo podendo promover algumas análise, formação e melhoria do sistema desaúde. A própria inserção do psicólogo na unidade hospitalar é uma delas. Portanto, um dos objetivos do psicólogo que atua na área hospitalar é tentar minimizar o sofrimento do paciente e de sua família. O trabalho é focal, centrando-se no sofrimento e nas repercussões que o paciente sofre com a doença e a hospitalização, associado a outros fatores como história de vida, a forma como ele assimila a doença e seu perfil de personalidade. E atualmente necessitam de profissionais competentes, o termo competência é também entendido como idoneidade ou amparo legal para realizar determinada tarefa, conforme indicado no termo habilitação. A atuação em psicologia hospitalar requer determinada qualificação para que o profissional seja capaz de se inserir neste contexto e desenvolver um trabalho que efetivamente contribua para a promoção da saúde. De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2003 são atribuições do psicólogo hospitalar. A carga horária dos psicólogos nesse ambiente varia de 20, 30 ou 40 horas semanais. E a psicóloga selecionada para nos recepcionar foi a Luciana, a qual trabalha na unidade hospitalar Esau Matos onde que nesse mesmo local havia mais de uma psicóloga envolvido com atendimento de pacientes, familiares e equipe. Luciana nos apresentou unicamente a área da UTI (Unidade de terapia intensiva) e seus derredores. A profissional prontamente narrou sua atuação em cada campo possível dentro daquele universo e desmistificou alguns temas o quais o acerca e nos contou sobre uma realidade existente ali que para nós até então era desconhecida. Ela nos contou que quando um bebê nasce com alguma malformação, além de ter que ir para uma UTI Neonatal, que é um ambiente cheio de estímulos dolorosos, visuais e auditivos, tem também que se separar de sua família imediata. Wirth (2000) refere que mãe e bebê já foram separados abruptamente pelo trauma da hospitalização, sendo necessário restabelecer o vínculo entre ambos Em análogo a esse pensamento, Thomaz, Lima, Tavares e Oliveira (2005), quando o bebê corre risco de morte, os pais sentem medo de estabelecer ligação afetiva forte com o filho, porque ele pode não sobreviver. Assim, esse momento é marcado pela 5 coexistência de sentimentos ambíguos e a esperança de que ele viva é mesclada com desejos de morte. Questão importante diz respeito ao fato de que esses pais irão enfrentar a rotina de uma UTI Neonatal, onde o seu bebê precisará permanecer para sobreviver: "De repente, o primeiro colo desse bebê é a incubadora. Esse bebê que esperavam estar acariciando, mostrando aos familiares e amigos, está cheio de fios, picado por agulhas, sob luzes, aparelhos sofisticados e correndo risco de morrer" (Souza & Barros, 1999, p.132). O sentimento dos pais a respeito das "máquinas salvadoras" pode ser ambivalente; por uma parte, expectativa quase mágica em relação a elas, graças às quais sua criança sobrevive e os obriga a uma missão completa; por outra parte, coexiste um sentimento de repúdio devido à distância que essas máquinas interpõem entre eles e a criança e, consequentemente, sentem-se excluídos (Viziello, Zorzi & Bottos, 1992, citados em Thomaz et al., 2005). Nessa situação a mãe pode querer fugir ou proteger-se sob a depressão para não cuidar do bebê. Essas respostas não podem ser consideradas anormais e sim respostas previsíveis. O surpreendente é que os pais conseguem superar esses sentimentos, começam tudo novamente, criando um vínculo com o bebê. Para tanto, eles passam por "estágios" à medida que formam o apego ao bebê. Antes, porém, vem uma reação de luto, que é inevitável. Esta reação é pela perda do bebê perfeito que esperavam, como também pelos "defeitos" que produziram no bebê. Para superar esse sentimento de culpa é preciso tempo e um árduo trabalho pessoal. E é exatamente nesse momento que o psicólogo hospitalar age de maneira interventiva Scochi, Kokuday, Riul, Rossanez, Fonseca e Leite (2003) apontam que o fato da mãe não poder pegar o bebê no colo, aconchegá-lo e embalá-lo é bastante frustrante. Mesmo quando já é possível tocá-lo e acariciá-lo dentro da incubadora, muitas mães se amedrontam diante dessa situação. Esse medo se justifica pela autoestima afetada, pelo ambiente da UTI Neo e pela falta de autoconfiança na capacidade de criar o filho. Além disso, acrescentam que o choque pela hospitalização de um bebê pode ser compreendido quando observamos os pais serem confrontados com um ambiente estressante e confuso, impotentes para assumirem os cuidados com seu filho que apresenta risco de vida. Esses sentimentos podem ser atenuados ou reforçados de acordo com a oportunidade que essa mãe tem ou não de participar, de alguma forma, dos cuidados de seu filho. O estabelecimento do vínculo e apego pode ser prejudicado pela falta de oportunidades da mãe interagir com seu filho, gerando desordens no relacionamento futuro de ambos. Pesquisas mostram que o comportamento de apego se desenvolve desde a vida intrauterina e que é fundamental o contato entre mãe e filho nos momentos iniciais da vida pós-natal (Bowlby, 1984; Brazelton, 1988). No Esaú Matos existe um método canguru, a qual traz uma recuperação mais humanizada, o espaço ainda é muito hospitalar e desconfortável. É aconselhável que o acompanhante do bebe dê colo, calor humano e afeto para o recém-nascido o máximo que conseguir. 6 A psicóloga explicou a importância desse método e que se vê feliz ao poder visualizar as melhoras dos recém-nascidos, ela também explanou o funcionamento do projeto em que O método canguru ocorre basicamente em três etapas: Primeira etapa: Ocorre logo após o nascimento do bebê, principalmente se for prematuro, já que estes têm maior necessidade de cuidados especiais que os nascidos a partir da 37ª semana de gestação. Os pais são acolhidos na unidade neonatal e são encorajados a ter contato com o filho. Nessa etapa todos os estímulos ambientais prejudiciais, por exemplo, ruídos, iluminação e odores, são atenuados. Os pais dão início às atividades de carinho e atenção à criança. Segunda etapa: Nesta etapa o bebê permanece de maneira contínua com a mãe ou o pai e a posição de canguru deve ser mantido pelo maior tempo possível. Os pais participam ativamente de todo e qualquer tipo de cuidado com o bebê. Terceira etapa: Essa etapa é indicada especificamente para bebês que nasceram prematuros. É na terceira etapa que o recém-nascido é liberado pelos médicos para ir embora para casa juntamente com sua família. Certamente, é o momento mais feliz após o parto. Foi um susto para alguns alunos estarem diante da realidade de um hospital, visto que no contexto hospitalar nós nos deparamos com a realidade de saúde pública tão desconhecida ao universitário: “a pobreza, a miséria, as filas para esperar atendimento são situações que os chocam profundamente. Somado a isso, têm que se deparar com o sofrimento físico do doente, o contato com a dor, o sangue, a morte e os maus odores decorrentes da doença” (Chiattonne, 2000). 7 . APÊNDICE 5.1 DIÁRIO DE CAMPO 5.1.1 Diário de Campo, visita ao Esaú Matos – Vitor Moura. No dia 03 de abril de 2018 às 13:00pm da terça feira, realizamos uma visita ao Hospital Municipal Esaú Matos localizado na avenida Macaúbas, bairro Kadija nº 100, Vitória da Conquista. Hospital com primeira UTI Neonatal de caráter público na Bahia. O motivo da nossa visita foi justamente este, de conhecer a UTI Neonatal do hospital e a atuação dopsicólogo no espaço. A psicóloga responsável, Luciana, nos recebeu no Hospital, apresentou e falou a respeito do local de internamento que conta com 29 leitos, sendo 10 leitos intensivos e 19 semi intensivos. Primeiro nos apresentou o lugar de espera, onde os pais ou visitantes ficam e aos poucos nos explicando o motivo dos bebês estarem Iá e a diferença entre Internação intensiva e semi intensiva. os bebes ali são prematuros ou apresentam algum tipo de problema ao nascer, geralmente os que estão na semi intensiva são os prematuros o quais não necessariamente estão doentes, apenas crescendo e se tornando aptos a respirar sugar e deglutir autonomamente, no outro espaço, ficam na semi intensiva recém nascidos que necessitam de cuidados intensos mas que não necessitam de monitoramento permanente e por último na intensiva a prioridade é para bebes que nasceram com algum problema e que exigem cuidados intensos em que na sua maioria necessitam de terem seus sinais vitais monitorados continuamente. Antes de nos levar para conhecer o espaço físico de onde os bebes estavam internados, Luciana nos mostrou o quarto de isolamento do hospital, o qual não entramos pois haviam pacientes dentro, e nesse ambiente, ficam os bebes que não podem ter contato com ninguém além da mãe, médicos e enfermeiros. O hospital conta com apenas um quarto de isolamento o que particularmente nós do grupo achamos absurdo. Depois nos mostrou o berçário\lactário onde as mães acompanham e amamentam os bebes durante todo o dia, das 08:00pm as 00:00pm. Fomos apresentados também ao Cenel – sala de estabilização Neonatal, aonde ficam os bebes que estão aguardando vaga para serem internados na UTI, nesse espaço, eles não podem permanecer por muito tempo pois necessitam da internação e são levados para lá logo após o nascimento. Então finalmente fomos até o vidro onde foi possível ver os bebes que estavam internados. Luciana nos falou que os bebes que são internados ali, só podem ter no máximo 30 dias de nascidos, os que passarem desse tempo de vida, estariam ali por alguma complicação medica e não puderam receber alta. Visto que em geral, após o 8 internamento, são liberados a irem para casa depois de estarem com a saúde estável e alcançados os 2kg. A profissional nós explicou a importância do psicólogo dessa área saber algumas explicações básicas da UTI, para como por exemplo, explicar as mães a utilidade de sondas nasoenteral, oxímero e etc, aliviando a angustia daquela mãe ao vê a criança na situação de internamento com todos aqueles aparelhos, e para além do olhar medico, explicar a importância da mediação e etc, forma mais clara e amigável. Luciana nos apresentou o espaço onde ampara o projeto canguru, implantado aqui em 2008, contando com quatro leitos. Como fomos à visita já cientes de todas as recomendações quanto a vestimenta e cuidados, antes de entrar a psicóloga pediu para que deixássemos nossos matérias do lado de fora, tirássemos qualquer adereço como anéis e pulseiras, passássemos o álcool em gel que ela nos deu nas mãos e aí fomos autorizados a entrar; entramos separadamente, como o grupo foi composto por cinco, entrou primeiro Vitor e Sâmia, depois Danielly, Vitória e Verônica. O quarto do projeto possui quatro camas, um banheiro e uma salinha, tem como objetivo dar oportunidade aos pais de ajudar no desenvolvimento do filho por meio do contato físico, pele a pele, por a cabeça do bebe próxima ao coração, o que faz o bebe assimilar sua vida uterina e se sentir mais confortável a adaptação fora da barriga. O contato com a mãe nesta fase de recuperação é muito importante para os bebes, só que para isso a mãe precisa estar bem e segura emocionalmente, a psicóloga nos contou de como a saúde da mãe influencia em 100% da recuperação dos recém-nascidos, então o psicólogo tem um papel extremamente importante em acompanhar os pais nesta tarefa. Quando ocorre casos de a mãe não poder acompanhar o filho por problemas de saúde tanto físicos quanto psicológicos o pai ou parente mais próximo faz esse acompanhamento. Nós do grupo reparamos que a estrutura física do espaço não é muito adequada para o projeto uma vez que o intuito do método canguru é trazer uma recuperação mais humanizada, o espaço ainda é muito hospitalar e desconfortável. É aconselhável que o acompanhante do bebe dê colo, calor humano e afeto para o recém-nascido o máximo que conseguir, o que se torna muito difícil pois as cadeiras são muitos desconfortáveis, não tem sequer acolchoamento, as camas são camas de hospitais, a sala é bem pequena e possui apenas um sofá, banheiro também pequeno e sem muita estrutura e não possui nenhuma cozinha o que dificulta a permanência integral do acompanhante além de não ajudar nem um pouco na tranquilização da mãe já que entende- se que estar num espaço hospitalar não é nada fácil quando o objetivo seria afastar ao máximo deste momento a ideia de internação. A psicóloga mesmo nos falou que o interessante seria fazer o leito se parecer mais a uma casa para as mães se sentirem o mais confortável possível melhorando assim o seu bem estar o que ajudaria e muito tanto na recuperação dos 9 bebes quanto no papel do psicólogo neste projeto que é de trazer o acolhimento e segurança no local. Depois de conhecermos a maioria do espaço físico conversamos um pouco mais com a psicóloga sobre a sua atuação dela no local. Como já foi dito, ela faz principalmente o acompanhamento das mães com os filhos em situação de internamento e posteriormente com os pais e parentes mais próximos, o que é muito difícil pois o hospital conta apenas com uma psicóloga para UTI Neonatal quando observa-se que a demanda é bem grande e que não são só as mães que necessitam de acompanhamento psicológico, como também os parentes e a equipe que trabalha no hospital e não recebem esse serviço. Luciana atende de acordo com a situação em que se encontra o bebe, ressaltando que o atendimento dela não é feito diretamente com o paciente internado mas atendendo terceiros o seu objetivo principal é sempre a recuperação do recém-nascido, ela avalia a situação de cada internado e atende de acordo a gravidade do caso, quanto mais grave o bebe se encontra ali estará a sua prioridade na ordem do atendimento, o que não significa que aquelas são as mães que mais sofrem. A seleção é feita assim por ser necessária já que a demanda é muito grande, mas ela explica que independentes da situação em que a criança se encontra as reações das mães são as mais diversas; há casos em que o bebe se encontra em situação de grande risco e a mãe consegue lidar melhor com a situação do que mães em que os casos são mais tranquilos, isso varia de pessoa para pessoa porém ela nem sempre consegue fazer essa avaliação de imediato o que faz com que ela tenha esta ordem de seleção mas sempre fazendo o possível para atender todas da melhor forma. Luciana falou também da sua relação pessoal com a área no hospital e contou de como é difícil acompanhar o sofrimento das mães naquela situação já que mesmo em pouco tempo são criados laços afetivos nas relações profissionais dela com os pacientes. Disse nos que os momentos mais difíceis lá dentro são os de perda, quando bebe ou mãe morrem, explicou que a notícia da morte dos recém nascidos é sempre dada as mães pelos médicos já que eles quem podem explicar tudo o que aconteceu com a criança e o que as levou a óbito, porém como o psicólogo está envolvido de toda forma com aquela história, muitas das responsabilidades de amparo e conforto após a dolorosa noticia ficara para os profissionais que se relacionaram de forma mais próximas comos parentes principalmente o psicólogo o que torna a profissão hospitalar bem difícil. Na mesma sala em que conversamos com a psicóloga estava um dos nossos veteranos do 9º semestre que acabou falando um pouquinho de como está sendo a sua experiência no estágio, disse que está amando, que apesar de um pouco difícil está cada dia mais apaixonado pela área e nos incentivou a conhecer melhor este campo de atuação do psicólogo. Encerramos dessa forma a nossa conversa com a psicóloga e agradecemos imensamente pela visita e disponibilidade em nos receber e apresentar o seu trabalho uma vez que compreendemos ser ele muito corrido, nos despedimos e ela se pôs a 10 disposição para qualquer coisa que precisássemos, o mesmo fizemos nos colocando a disposição para qualquer ajuda também. Agradecemos mais uma vez, nos despedimos, e assim se encerrou a visita. 11 5.1.2 Diário de campo, visita ao Esaú Matos – Danielly Silva Dos Santos. Assim que eu e meu grupo composto por Vitória, Verônica, Vitor e Sâmia recebemos o email da professora Lígia a respeito da nossa visita a maternidade do hospital Esaú Matos, nos organizamos para irmos juntos. Primeiro fizemos um grupo no whatssap para combinarmos a ida e posteriormente trocar informações dos diários de campo feitos.A visita foi marcada para o dia 03 de abril de 2018, terça-feira, ás 13:00 horas. Na terça-feira tivemos aula pela manhã até as 11:00 horas, o que foi muito bom pois o espaço onde o hospital está localizado situa-se bem longe da UESB. Saímos da aula e fomos logo almoçar no RU (Restaurante universitário), apenas Sâmia foi para casa antes da visita, depois do almoço fomos eu, Vitória e Verônica para o ponto de ônibus e Vitor foi para o estacionamento pegar a moto que foi o meio de transporte que ele utilizou para chegar ao Esaú. Pegamos um ônibus que parou na porta do hospital; apesar de ser uma viagem longa no transporte publico, chegamos bem. Quando chegamos encontramos com Vitor e Sâmia que já estavam lá junto a psicóloga Luciana que poderia nos atender até as 15:00 horas e nos recebeu muito bem. Assim que chegamos assinamos numa ficha nosso nome completo, telefone e horário de chegada; Luciana nos explicou que todos que adentram a maternidade do hospital são solicitados a assinar a ficha para manter o controle de quem entra lá. A psicóloga pediu que tirássemos a mochila para que ela guardasse, pegamos o material para fazer as anotações já que a gravação da entrevista não foi autorizada. Luciana começou mostrando a sala de espera da UTI, e partiu daí nos explicando o que era a UTI Neonatal e a diferença entre intensiva e semi intensiva. Ficam na UTI bebes que nascem em situação de risco, na maioria dos casos por serem prematuros, na UTI intensiva ficam os de caso mais grave e na semi intensiva as de casos menos graves. Tentou nos mostrar o quarto de isolamento que o hospital possui apenas um, mas ele estava ocupado e não podemos conhecer o espaço físico. Ela nos disse que no quarto de isolamento ficam os bebes que não podem ter contato com mais ninguém além da mãe, dos médicos e enfermeiros. Depois nos mostrou o berçário/ lactário onde as mães acompanham os bebes durante todo o dia, das 08:00 horas as 00:00 horas. Nos mostrou também o CENEL - Sala de estabilização Neonatal que é aonde ficam os bebes que estão esperando vaga para serem internados na UTI. Daí então nos levou até os vidros da UTI já que não podíamos entrar, porém vimos os bebes de longe onde eles ficam intubados. A UTI Neonatal do Esaú conta com 29 leitos, os bebes que podem ser internados lá tem que ter no máximo 30 dias de vida, os que passam de 30 dias de nascidos é porque foram recebidos antes desse período e o hospital só pode liberar a criança depois dela ter 2kg e estar com a saúde 100% bem. Por ultimo Luciana nos mostrou o espaço onde ampara o projeto canguru, nesse local fomos autorizados a entrar porém sem nenhum adereço como anéis, brincos, pulseiras, os sapatos tinham que ser fechados e o cabelo estar preso. Todas essas recomendações já haviam 12 sido passadas por email pela professora anteriormente, já ciente disso fomos todos preparado, apenas eu e sâmia tiramos alguns anéis e relógios e guardamos no bolso da roupa. Entramos divididamente, primeiro Sâmia e Vitor, depois eu, Verônica e Vitória, antes de entrar passamos álcool em gel nas mãos, aí sim depois disso fomos autorizados a entrar. O quarto do projeto canguru conta com 4 camas, 1 banheiro para as mães ( ou quem estiver acompanhando o bebê no projeto) e 1 sala de espera. Neste dia havia apenas 1 bebe e 1 mãe no quarto. Ao entrar Luciana nos falou da estrutura que abriga o projeto e de como o projeto funciona. O projeto canguru foi criado para acolher as mães e trazê-las para um contato mais próximo ao bebe nesta fase de recuperação, ela conta que a melhora das crianças depende muito das mães e que o estado emocional delas afeta 100% na recuperação dos filhos. Mostrou a estrutura do hospital hoje em dia para receber este projeto e nos falou de como ele poderia ser mais eficaz já que a ideia seria a de fazer as mães se sentirem bens e confortáveis ao lado dos filhos, o que aceleraria o processo de recuperação que é o que não acontece. O quarto ainda tem a mesma “cara” de hospital e até as camas são hospitalares o que faz muitas vezes as mães se sentirem doentes e afetadas com a situação do filho. Os pais também podem fazer este acompanhamento ou até parentes mais próximos em caso de impossibilidade da mãe, mas como foi dito, o hospital não tem uma estrutura tão adequada o que causa muitas falhas no processo de desenvolvimento do projeto canguru que é interessantíssimo. Depois disso, Luciana nos levou até a sala onde estavam guardadas nossas mochilas, sentamos, e ela começou a falar de fato da atuação do psicólogo na área hospitalar. Ela como psicóloga no local atende todas as mães ou acompanhantes dos bebes internados, como a escassez de psicólogos para a área é grande e no hospital em questão só há apenas ela para esta demanda (o que é muito pouco) é preciso avaliar a gravidade da situação dos bebes para realizar o atendimento com as mães, a ordem do atendimento varia dos mais graves primeiro até chegar nos mais tranquilos. A psicóloga explica que esta ordem de seleção é feita por ser necessária, mas ela diz que isso nada tem a ver com o estado da mãe, pois as reações são as mais diferentes possíveis. Ela conta que há casos de mães que encontram-se com seus filhos em casos de grandes riscos e que lidam melhor com a situação do que mães que tem casos mais tranquilos e que reagem de forma mais desesperada e lidam com mais dificuldade com o problema. É obvio que todas as mães se assustam com seus filhos em estado internátorio, por isso é importante para o psicólogo hospitalar conhecer algumas coisas utilizadas na UTI e no bebe como por exemplo, explicar as mães a utilidade de sondas nasoenteral, oxímero e etc, pois o seu papel é ser o mediador entre as mães e os médicos da forma mais próxima, simples e amiga possível. As mães que passam por essa situação sempre acabam criando um laço afetivo, mesmo que rápido com os psicólogos hospitalares, o que não é diferente com os psicólogos, afinal, independente da profissão são humanos. Luciana conta que os momentos mais difíceis e dos quais ela nunca irá se acostumar são os da perca, que é quando se recebe noticia de óbito de algum bebe. A responsabilidade desta noticia nunca é do psicólogo e sim do medico, pois ele que poderá dizer o que levou aquela 13 morte, mas como o psicólogo está envolvida de toda forma com aquelahistória, muitas das responsabilidades de amparo e conforto imediato caem para si naquele momento. Disse que cuida dos acompanhantes mas o seu foco principal é a saúde e melhora dos bebes, então esse acompanhamento é importante pois a saúde emocional dos pais e parentes influenciam fortemente na recuperação das crianças internadas. No fim de todo esclarecimento sobre a área e de como ela funcionava, uma das nossas ultimas duvidas foi a de qual o problema que mais causa morte nos recém-nascidos, e ela nos respondeu que a causa seriam as bactérias hospitalares adquiridas entre prematuros. Outra pergunta foi se o psicólogo realizava plantão, e a resposta foi não já que na maioria dos casos os acompanhantes só permanecem no hospital durante o dia. Depois disso encerramos nossa conversa já que a psicóloga nos proporcionou uma visita muito esclarecedora; nesta mesma sala em que conversamos estava um dos nossos veteranos do 9º semestre estagiando no local, disse nos que estava cada dia mais apaixonado pela área e nos incentivou. Eu particularmente adorei a visita, sanei todas as minhas duvidas que inclusive me fizeram perder um pouco da paixão pela psicologia hospitalar já que agora ainda no 1º semestre estou começando a me identificar mais com a área social. No fim da visita agradecemos imensamente a psicóloga Luciana, nos despedimos e ela se pôs a disposição para qualquer coisa que precisássemos, nos colocamos á disposição também; agradecemos mais uma vez,nos despedimos e assim chegamos ao fim da visita. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluímos que teoria aliada ao conhecer as práticas de atuação por meio de entrevistas dos profissionais da área, age como forma de transferência de conhecimento e faz-se necessária para insertar o estudante em uma visão completa de um ou várias determinada atuação, possibilitando-o compreender e integrar participativamente do sistema institucional da graduação e na extensão do contato teórico para a prática, onde o aluno passa a vivenciar mais intrinsecamente sua construção cognitiva e técnica para uma formação profissional estruturada na ética e na versatilidade do comprometimento daquela área. Desstarte aliamos também ao campo hospitalar na pratica psicológicas, notando que ela vai muito além da imaginação que estabelecemos a respeito do ambiente a partir de uma ótica vista pelo senso comum, onde o profissional desta área tem fundamental importância neste espaço tão doloroso e que causa tantos sintomas de adoecimento emocional que ali são obrigados a conviver, somando a um tempo indeterminado de hospedagem. Visto isso, existe uma necessidade da presença de profissionais competentes e qualificados para desenvolver um bom trabalho no espaço hospitalar uma vez que é de extrema importância a promoção da saúde psíquica no hospital. 14 além de estarem aptos a sustentar a legitimidade da área de atuação, e por esses motivos somos gratos a Professora Mestre Ligia Portela da Silva a qual nos conduziu na disciplina Estagio Básico I majestosamente e nos deu a honrosa oportunidade de conhecer esse campo especifico e diversos outros campos de atuação. 15 7. REFERÊNCIAS Wirth, A. F. (2000). Aplicação do método de observação de bebês em uma UTI Neonatal. In N. Caron (Org.), A relação pais/bebê: Da observação à clínica (pp. 207- 231). São Paulo: Casa do Psicólogo. Thomaz, A. C. P., Lima, M. R. T., Tavares, C. H. F., & Oliveira, C. G. (2005). Relações afetivas entre mães e recém-nascidos a termo e pré-termo: Variáveis sociais e perinatais. Estudos Psicologia (Natal), 10 (1), 139-146. BASTOS A.V.B.- Área de Atuação: em questão o nosso modelo profissional. In: Conselho Federal de Psicologia. Quem é o Psicólogo Brasileiro. São Paulo: Edicon, 1988, cap. 10, p. 163-193. Kennell, J.H. & Klaus, M.H. (1993). Atendimento para os pais de bebês prematuros ou doentes. Em: M.H. Klaus & J.K. Kennell. Pais/Bebês - a formação do apego (pp. 245- 275) (D. Batista, Trad.). Porto Alegre: Artes Médicas.
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