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10/03/2015 1 CONTRATO PRELIMINAR Teoria Geral dos Contratos Wesley Monteiro Muitas vezes, malgrado o consenso alcançado, não se mostra conveniente aos contraentes contratar de forma definitiva, seja porque o pagamento será feito de modo parcelado e em elevado número de prestações, seja pela necessidade de se aguardar a liberação de um financiamento, seja ainda por algum outro motivo de natureza particular ou mesmo de mera conveniência. Neste caso, podem os interessados celebrar um contrato provisório, preparatório, no qual prometem complementar o ajuste, celebrando o definitivo. É também conhecido como “pactum de contrahendo” ou ”contrato promessa”. O contrato preliminar tem caráter provisório, interino e apenas é celebrado quando as partes se comprometem a convencionar, posteriormente, um contrato definitivo. Seu objetivo exclusivo é o de garantir a realização do contrato definitivo. Tal contrato é normalmente utilizado nos casos em que as partes têm interesse recíproco no negócio jurídico, porém, por algum inconveniente momentâneo, a contratação definitiva é efetivada em circunstância oportuna subseqüente. O exemplo mais comum é o compromisso de venda, o qual, como se sabe, pode inclusive gerar direito real. O exemplo mais comum desse tipo de promessa é a de compra e venda (promessa de compra e venda) a qual, quando devidamente registrada no Cartório de Imóveis, produz eficácia real, facultando ao promitente-comprador, se for necessária, recorrer à ação de adjudicação compulsória para a concretização do seu direito. Vale distinguir o contrato preliminar, onde as partes sujeitam- se a concluir um contrato ulterior, ou seja, ficam vinculados a continuidade do negócio, das NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES que antecede o contrato preliminar, mas não gera qualquer obrigação ou direito para as partes, já que essa fase é utilizada para discutir interesses, negociar e estudar o objeto de um possível contrato. Via de regra o contrato preliminar é celebrado com cláusulas e termos indispensáveis para a realização do contrato definitivo, visando garantir a efetivação da obrigação contraída preliminarmente. Não há óbice quanto a alteração dos termos precedentes quando da confecção do contrato definitivo, desde que o objeto e a essência do negócio não sejam alterados. 10/03/2015 2 Para ser válido, o contrato preliminar deve obedecer aos requisitos previstos pelo artigo 104 do código civil, quais sejam: Art. 104. A validade do NEGÓCIO JURÍDICO requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. Sob tais aspectos, é certo que os contraentes devem ter capacidade para alienar e, se casados, necessitarão da outorga do cônjuge para celebrar o contrato preliminar. Da mesma maneira, o objeto do contrato deve ser lícito, possível, determinado ou determinável, uma vez que o contrato principal não pode desrespeitar os bons costumes, a ordem pública, disposições legais ou ser impossível. No mesmo sentido é a redação do artigo 462 do CÓDIGO CIVIL, a saber: Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Quanto a forma, o contrato preliminar não precisa, necessariamente, submeter-se a todos os requisitos de validade que deve ser submetido o contrato definitivo. Como o contrato preliminar é realizado sob a promessa de um contrato definitivo posterior, pode ser lavrado somente em instrumento particular, se assim desejarem os contraentes, com o escopo de asseverar que o contrato definitivo será celebrado com base no que foi acordado pelas partes no contrato preliminar. Assim que o negócio previsto no contrato preliminar for efetivamente concluído entre os contraentes, a parte interessada pode exigir da outra que o contrato definitivo seja celebrado, impondo-lhe data limite para tanto, desde que o pré contrato não tenha previsto cláusula de arrependimento. É o disposto na redação do artigo 463 do CÓDIGO CIVIL: Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. “A despeito de instrumentalização mediante um simples recibo, as partes celebraram um contrato preliminar, cuja execução se consumou com a entrega do imóvel ao compromissário- comprador e com o pagamento do preço por este ultimo, na forma convencionada. Improcedência da alegação segundo a qual as negociações não passaram de simples tratativas preliminares” (STJ, Resp 145.204-BA, 4ª T., rel. Min. Barros Monteiro, DJU, 14.12.1998). Caso não seja o contrato preliminar convertido em contrato definitivo no prazo estabelecido, o interessado poderá requerer em juízo que o pré contrato tenha caráter definitivo, o que será possível, desde que a natureza da obrigação não tenha sido alterada. A sentença que der caráter definitivo ao contrato preliminar valerá como um contrato e poderá ser registrada. Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. � 10/03/2015 3 Alternativamente a ação judicial, se o contrato preliminar não for executado, o interessado poderá propor ação de perdas e danos, considerando desfeito o acordado entre as partes. Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. O contrato preliminar será considerado unilateral se produzir obrigação apenas para um dos contraentes. Nesse caso a conclusão do negócio será opcional, de modo que o credor deverá manifestar seu interesse quanto a oferta no prazo previsto em contrato ou, na ausência desse, em prazo estipulado pelo devedor. É o que determina o artigo 466 do código civil: Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
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